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BRASIL:

DESAFIOS PARA UMA


HISTÓRIA AMBIENTAL PÁGS.: 26-35

Paulo Henrique Martinez*

Este artículo busca identificar sentidos para el estudio del medio ambiente en una perspectiva temporal por parte de
los historiadores; de qué manera los cambios sociales en el pasaje del siglo XX hacia el XXI tocaran a los objetos, métodos
de investigación y a la enseñanza de Historia en distintas partes de mundo y en Brasil; los retos teóricos, las necesidades
y las posibilidades de diálogo intelectual abiertos en las últimas décadas.
Palabras clave: Brasil, educación, historia, historia ambiental, medio ambiente, teoría.

Neste artigo busca identificar sentidos para o estudo do meio ambiente em perspectiva temporal pelos historiadores;
como as mudanças sociais na passagem do século XX para o XXI tocaram os objetos e métodos da investigação e do
ensino de História em diversas partes do mundo e no Brasil; os desafios teóricos, as necessidades e possibilidades de
diálogo intelectual abertos nas últimas décadas.
Palavras-chave: Brasil, educação, história, história ambiental, meio ambiente, teoria.

This article aims to identify meanings related to the study of the environment under the time perspective by History
researchers; as an illustration, since the social changes have happened through the passage of the XX to the XXI century,
there were changed the objects and the methods of investigation, as well as the teaching of History in different parts of the
world and areas in Brazil; in short, the article shows the theoretical challenges, the necessity and possibility of an scholar
dialogue which was opened in the last decades.
Key words: Brazil, education, history, environmental history, environment, theory.

ORIGINAL RECIBIDO: 17-XI-2004 – ACEPTADO: 31-I-2005

* Doctor en Historia Social. Profesor Departamento de Historia, Facultad de Ciencias y


Letras, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Assis, São Paulo, Brasil. E-mail:
komoseclio@uol.com.br

26 NÓMADAS MARTINEZ, P.H.: BRASIL: DESAFIOS PARA UMA HISTÓRIA AMBIENTAL


A questão ambiental, em es- Santos, nessa busca da mais-valia no ensino formal, em uma perspec-
cala mundial, é historicamente no- global, os processos produtivos ad- tiva transversal, e não como disci-
va. Entendida, aqui, como uma quiriram um cunho extraterritorial plina específica, gerando também
série de obstáculos culturais e ma- que os autonomiza em relação aos novas necessidades no campo do
teriais e de riscos concretos que se controles locais e os faz indiferen- ensino e da aprendizagem. O meio
erguem diante da qualidade da vida tes, não apenas às realidades locais, ambiente ingressou nas agendas
humana e como um processo de mas, também, às realidades am- econômica, política, educacional e,
extinção de espécies da fauna e da bientais (Santos, 2002: 253). agora mais intensamente, universitá-
flora que contém inúmeras impli- ria. Estas mudanças sociais e as me-
cações de ordem sócio-econômica, No Brasil, em decorrência des- didas governamentais lançaram os
a questão ambiental adquiriu uma se cenário mais amplo, na segunda historiadores frente a um problema
grande importância nas últimas dé- metade da década de 1990 as ques- epistemológico que, se não lhes é to-
cadas. Os últimos cinqüenta anos tões ambientais também ganharam talmente novo, requer novo empe-
foram marcados por profundas al- maior visibilidade e materialidade. nho analítico: a história do meio
terações nas relações sociais e, logo, É o que podemos observar no caso ambiente ou, em expressão mais
nas relações da soci- sintética, a História
edade humana com Ambiental. Este é um
o mundo natural. desafio que os estudi-
Fenômenos como a osos do passado terão
contaminação do ar, que enfrentar daqui
das águas e dos solos, para frente. Contudo,
catástrofes naturais, não é o primeiro, e
doenças desconheci- também não é o mai-
das até pouco tempo, or, como espero dei-
alterações no clima e xar claro aqui.
nas paisagens, amea-
ças à biodiversidade, Esta legitimação
tornaram-se crescen- externa, que brota de
tes e desencadearam demandas sociais
efeitos sobre a vida concretas, embora
humana, para os necessária e bem vin-
quais são buscadas da, não é suficiente
alternativas nos dias Nevado Santa Isabel, Parque Nacional Natural de los Nevados. Colombia para conferir sentido
que correm. As pre- secreta, Villegas Editores. Foto: Andrés Hurtado e validade ao traba-
ocupações para com lho do historiador.
o meio ambiente têm despertado do ensino, fundamental e médio, Esta deve nascer da dinâmica inter-
atenções em diferentes partes do com a elaboração dos Parâmetros na à própria disciplina História, do
planeta e grupos sociais, configu- Curriculares Nacionais, desencade- instrumental teórico e metodo-
rando o que um geógrafo denomi- ando a necessidade de preparação lógico que esta dispõe ou tem que
nou como uma “ordem ambiental profissional dos professores para a forjar para empreender análises ri-
internacional” (Ribeiro, 2001). abordagem das problemáticas gorosas e interpretações consisten-
ambientais já nos cursos de gradu- tes. A busca desse sentido e de sua
A acumulação de capital to- ação e licenciatura de disciplinas validade constitui o objeto da re-
mou um forte impulso em escala escolares, entre elas a História (Bra- flexão que se desdobra nos itens se-
mundial com o desenvolvimento sil, 2000). Outra manifestação, nes- guintes, onde são abordadas as
técnico, científico, dos meios de co- se sentido, foi a valorização da relações entre passado e presente e
municação e de transporte obser- Educação Ambiental pela Política sociedade e natureza, os historiado-
vado a partir da década de 1970. Nacional de Educação Ambiental res e o meio ambiente e algumas
Na avaliação do geógrafo Milton (Lei 9.795, de 27 de abril de 1999) perspectivas da história ambiental

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no Brasil, bem como sua perti- sos históricos, alheios ao capitalis- sejados. Existe uma demanda na so-
nência na atualidade. mo, respondem em larga medida ciedade, e não apenas no Brasil, pela
pelo aumento do interesse pelo co- compreensão e esclarecimento do
nhecimento histórico observado tempo presente. E os historiadores
Tempo e natureza nas duas últimas décadas, dentro e têm demonstrado vitalidade para
fora do Brasil (Hobsbawm, 2000; esta labuta (Chaveau & Tétart,
Neste início de século, observa- 2002). 1999). Na militância dos ambien-
se uma grande demanda social pelo talistas, assim como na daqueles que
conhecimento histórico e, dentro Esta nova dinâmica da relação trabalham com a preservação e re-
deste, pela História Ambiental. As passado e presente, na qual os mei- cuperação do patrimônio histórico,
fontes desse interesse crescente os de comunicação eletrônica têm por exemplo, essa sensação de que
pelo passado brotam, por um lado, um importante papel, provoca uma o tempo presente aprisiona a tudo e
de uma intensa e acelerada mudan- sensação, bastante generalizada, de a todos é muito forte e recorrente.
ça social, que emana sobretudo de que estamos imersos e imobilizados Tanto quanto a perseverança admi-
países industrializados do hemisfé- no tempo presente. O que Remo rável de muitos que não se deixam
rio norte, com os Estados Unidos à Bodei denominou como um “esma- abater por esses obstáculos. O des-
frente, nos quais a tecnologia ocu- gamento sob o presente” (Bodei: prezo pelo passado e a indiferença
pa novos espaços na esfera produ- 77). Aqueles que militam em quanto ao futuro, que a sociedade
tiva e nas relações sociais (Santos, movimentos sociais, como os brasileira, em particular, parece nu-
2000; Ianni, 1996; 1998). As ambientalistas, por exemplo, fre- trir secularmente, aproxima o co-
comunicações em tempo real qüentemente se deparam com difi- nhecimento histórico e o debate de
impactam diretamente sobre a re- culdades de mobilização decorrentes questões ambientais neste início de
lação entre passado e presente, pro- desta sensação de impotência e século. Como entender essa situa-
duzindo a “história” ao vivo pela desestímulo que impera na socieda- ção que, para muitos de nós, des-
televisão e redes virtuais proporci- de. Surgem, então, inquietações ponta constantemente e de maneira
onadas pela informatização do co- sobre o que e como fazer para a po- angustiante?
tidiano. A separação e a distância pulação perceber a gravidade das
do passado são cada vez menores. questões sociais em geral, e das am- Um dos desafios para ultrapas-
O passado parece-nos cada vez mais bientais em particular. Como envol- sar essa situação, sem dúvida
distante, ainda quando está muito ver a sociedade para a resolução de alguma, está na superação dessa in-
próximo, em termos de tempo seus próprios problemas? cômoda sensação, a de que estamos
decorrido. Por outro lado, o gigan- inertes no tempo, na atualidade,
tesco valor econômico que a Acredito que inibições como a compreendendo melhor o tempo
biodiversidade foi adquirindo nos indiferença, desorganização e, até em que vivemos. Em essência, essa
últimos anos, ampliado pelas ame- mesmo, hostilidade pela partici- sensação de aprisionamento e
aças reais de extinção de muitas pação social, sobretudo no Brasil, paralisia no tempo presente é pro-
formas de vida, inúmeras delas ain- sempre foram, e persistem, muito duto de um intenso ritmo de recri-
da desconhecidas e pouco estuda- amplas, enormes. As dificuldades ação, fragmentada e descontínua,
das, desperta atenções para o meio que indivíduos, grupos sociais e da memória coletiva. Os processos
ambiente e para o relacionamento sociedades inteiras enfrentam na produtivos que emergiram com a
dos seres humanos com a natureza compreensão do mundo atual con- revolução técnica e informacional,
em diferentes épocas e sociedades. tribuem imensamente para esse qua- no fim do século XX, induzem a um
dro predominante de imobilismo e desabamento sistemáticos dos
As alterações na relação passa- apatia. Também reforçam a impres- referenciais do passado, um dos ele-
do e presente, contraindo a distân- são de um mundo caótico e mentos mais densos e poderosos na
cia temporal que os separa, e a desordenado, extremamente frag- atribuição de sentido à vida social
progressiva destruição dos ecossis- mentado, no qual ações individuais e de identidade aos indivíduos, e
temas e das formas de organização e coletivas têm poucas chances de que altera igualmente as paisagens
social originárias de outros proces- alcançar os efeitos esperados e de- e a organização do espaço. Esta de-

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formação da memória coletiva sus- Deste conjunto de instrumen- mente o historiador para orientar
cita a indagação quanto à própria tos de trabalho, dois eixos de ques- o seu trabalho” (Fontana, 1998: 9).
natureza dessa memória e dos artí- tões são ordenadores da prática Em seguida, destacaram-se algumas
fices da sua elaboração, destruição historiográfica, o da fundamentação das potencialidades que a história
e recriação sistemática. Esta é uma teórica e o das problemáticas na ambiental no Brasil comporta para
reflexão na qual os historiadores pesquisa. Estes dois eixos foram ar- a realização de pesquisas. Por fim,
têm algo a contribuir, pois a histó- ticulados aqui, largamente, sob o um breve comentário procurou
ria é uma das principais formas de estímulo das idéias contidas no conferir validade a essa abordagem
construção e reprodução do passado nos dias atu-
da memória coletiva. ais, sobretudo no caso
brasileiro.
A história ambiental
pode desempenhar um
importante papel nesse Os historiadores
esforço de decifração do e o meio
mundo, ao mesmo tempo ambiente no
em que abre aos histo- Brasil
riadores mais uma oportu-
nidade de explorar um A História Ambiental
campo de trabalho em no Brasil encerra grandes
expansão. Daí a impor- possibilidades que, desde
tância de sensibilizar pes- logo, afugentam os riscos
quisadores, professores e de uma “historiografia de
estudantes para esse tema imitação” ou de mime-
tão presente no cotidiano tismo acadêmico das mo-
das pessoas e dos profissi- das intelectuais européias
onais de História. e norte-americanas, pois
contém inúmeras pers-
A elaboração de um pectivas de trabalho que
programa de trabalho de desafiam a imaginação
História Ambiental re- inventiva e a criatividade
quer a definição de alguns dos historiadores.
eixos da abordagem dos
historiadores. Devem ser Dada a sua formação
levadas em conta as ne- social e econômica e as
cessidades intelectuais e características físicas de
materiais no estudo da La Laguna de la Isla recibe aguas de deshielo de los Picos sin Nombre. seu território, no Brasil, a
Sierra Nevada del Cocuy. Colombia secreta, Villegas Editores.
história, como a delimita- Foto: Andrés Hurtado natureza foi objeto e pre-
ção de seu objeto teórico, sença incontornável na
as problemáticas a serem pesquisa- “Epílogo à edição brasileira”, do li- historiografia. Uma peculiar visão
das, as questões interpretativas que vro História: análise do passado e social da natureza, inerente aos es-
se abrem, as fontes e a documenta- projeto social, do historiador paços e tempos que marcaram a
ção, a historiografia existente sobre catalão Josep Fontana. Desta forma, história do país, ainda que a refe-
as temáticas ambientais. Segundo buscou-se identificar uma funda- rência européia tenha perdurado
Peter Burke, em momentos assim, mentação teórica para a História como contraponto principal, foi
as dificuldades afloram em decor- Ambiental no Brasil, em consonân- elaborada e sedimentada ao longo
rência de os historiadores estarem cia com aquele autor, para quem a desses quinhentos e tantos anos de
“avançando em território não fami- teoria da história constitui o “pen- registros da terra e da gente dessa
liar” (Burke, 1992: 21). samento de que se serve efetiva- porção do globo (Belluzzo e Mo-

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raes, 2000). Logo, a abordagem das formas de uso e exploração da na- contra os seres humanos. No caso
questões ambientais pela historio- tureza ao longo do tempo e no brasileiro, as fontes e documenta-
grafia pode partir destas caracterís- espaço. Nesta perspectiva, a explo- ção para uma História Ambiental
ticas culturais, em busca daquilo ração da natureza foi realizada pari podem ser, inicialmente, aquelas já
que singulariza a sociedade brasilei- passu com a exploração do traba- utilizadas e conhecidas pela historio-
ra e as relações que estabeleceu e lho de indígenas, africanos, libertos grafia, examinadas, agora, sob no-
estabelece com o mundo natural. e mestiços, brancos pobres livres. vas lentes do historiador. Este pode
José Augusto Drummond, já havia ser um caminho seguro para iden-
Na historiografia remota e re- proposto uma revisão dos “ciclos tificar os problemas fundamentais
cente encontramos autores que econômicos da história colonial e e rejeitar as facilidades de um dis-
atentaram para essas especifici- independente do Brasil, em clave curso vulgarizador, este longínquo
dades. Sérgio Buarque de Holanda, ambiental” para identificar os tipos apelo do historiador francês Emma-
por exemplo, observou que as re- de sociedade que se formaram com nuel Le Roy Ladurie, já em 1974.
lações com a natureza no Brasil es- a exploração de diferentes produ-
tiveram marcadas por uma conduta tos naturais e suas conseqüências Um exemplo da idéia de que a
de geração de “riqueza que custa (Drummond, 1991: 195). A violên- violência contra a natureza é prece-
ousadia, não riqueza que custa tra- cia contra a natureza esteve acom- dida pela violência social, pode ser
balho”, caracterizada pela ausência panhada, e de perto, pela violência encontrado no estudo do geógrafo
de “vontade criadora” do coloniza-
dor. Caio Prado Júnior foi enfático
em sublinhar como traço perma-
nente nas atividades econômicas,
da colonização ao século XX, o ca-
ráter predatório e perdulário do
aproveitamento das riquezas da ter-
ra, o desbaratamento de um capi-
tal. O historiador norte-americano
Warren Dean, por sua vez, notou
que as queimadas e o nomadismo
da agricultura praticada por pro-
prietários de terras, grandes e pe-
quenos, no Brasil do século XIX,
responderam por uma concepção
dos produtos naturais como “recur-
sos transitórios”, sem se preocu-
parem com a preservação ou a
reposição das condições de disponi-
bilidade desses recursos. Incluía-se
neste elenco não apenas os produ-
tos extraídos das matas, como a ma-
deira, a lenha, os cipós e o carvão,
mas indistintamente a cal, o ferro, a
água, a fauna e a flora (Holanda,
1981; Prado jr, 1971; Dean, 1996). Patio Bolas,
Sierra Nevada
del Cocuy. Pan
Na trilha desses autores, a His- de Azúcar y cerros
tória Ambiental pode passar em de La Plaza.
revista a própria história do capi-
talismo no Brasil, atentando para as

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José Ferrari Leite, sobre o Pontal Um grande potencial de pes- tempos de colônia e do Império,
do Paranapanema, no extremo quisa também pode ser encontra- fortemente marcados seja pelo
oeste do estado de São Paulo. O do na reflexão a partir da memória fantasioso ou pelo utilitarismo eco-
livro destacou um episódio de de- coletiva, sobretudo rural e ambien- nômico (Holanda, 1977; Prestes,
vastação em escala industrial. Em tal, bastante forte no Brasil, ainda 2000; Munteal, 2000). Nesta pers-
agosto de 1973, herbicidas conten- hoje, e profundamente enraizada no pectiva, ao longo do século XIX,
do “agente laranja” foram utilizados tempo e na vida social. Refiro-me ainda que difusas e esparsas, não fal-
para extirpar as matas remanescen- a uma certa idealização da nature- taram manifestações de assombro e
tes na margem direita daquele rio. za. A que apresentou a natureza no de alertas para a mudança de
O efeito resultou no desfolhamento Brasil como portadora de riquezas comportamentos no aproveita-
das árvores em questão de horas, e infinitas e inesgotáveis, dada a exu- mento dos recursos naturais no Bra-
provocou o morticínio de animais berância da vegetação, abundância sil (Pádua, 2002; Marquese, 1999).
domésticos e silvestres, além da des- da água, diversidade da fauna e da
truição de plantações no entorno flora, fertilidade dos solos, entre ou- Esta memória alimenta uma in-
da área. A força dos ventos multi- tros aspectos. Em larga medida, esta dagação recorrente, sobre como um
plicou os estragos afetando planta- impressão deriva de um acúmulo de país que dispõe de produtos natu-
ções até no Mato Grosso (Leite, esforços empreendidos pelas ciên- rais abundantes possui e reproduz in-
1998: 174-175). cias naturais, e que remontam aos cessantemente um quadro social
historicamente maculado pela de-
sigualdade social e a espoliação eco-
nômica, entre outras manifestações
aparentemente contraditórias.

Neste ponto, a História Am-


biental no Brasil pode lançar luz
sobre a racionalização das desigual-
dades sociais e dos interesses eco-
nômicos, contida na mistificação
do “progresso”, dos benefícios ou
malefícios do emprego da ciência e
da tecnologia na “conquista” da ter-
ra e da natureza e outros mitos cri-
ados, cotidianamente, pela mídia,
governos, empresas, movimentos
ambientalistas, cientistas e acadê-
micos em geral. Em suma, todas as
racionalizações produzidas como
fonte de legitimação, aceitação e re-
jeição do tempo presente. Não ca-
beria, por exemplo, empreender
aquilo que Milton Santos apontou
como o desmonte da ideologia da
globalização? Desse conjunto de
idéias que sustenta o sistema social
que rege o mundo contemporâneo,
na conceituação e na política? En-
fim, das idéias e valores da compe-
Colombia secreta,
Villegas Editores. titividade, do autoritarismo, do
Foto: Andrés Hurtado raciocínio fundado na economia e

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não na sociedade, da normatização que é uma das questões mais caras cruzilhada que não pode ser acei-
da vida pela técnica, do abafamen- ao trabalho dos historiadores ta como limite ou como opção for-
to do debate intelectual e da análi- (Bloch, 2001). çada, sob qualquer impulso, de um
se crítica (Santos, 2000b: 18-35). dos caminhos. Soluções demasia-
Na perspectiva de análise aber- damente simples para um mundo
O livro de Victor Leonardi, Os ta por Victor Leonardi, não há ex- tão complexo como o atual. Por
historiadores e os rios, é bastante planação de regras ou modelos um lado, as vias abertas pela in-
estimulante e ilustrativo das poten- gerais, absolutos, mas minuciosa e terpretação de Victor Leonardi so-
cialidades que a História Ambiental arguta percepção no questiona- bre a ação humana no ambiente
encontra no Brasil. Ao realizar e pro- mento dos acontecimentos e dados amazônico, ao longo de séculos,
por como estratégia de análise uma obtidos em uma diversificada perseguem o tempo fragmentado,
história das áreas ecológico-econô- pesquisa empírica. A História descontínuo, e ganham realce fren-
micas da Amazônia, atentando para Ambiental seria expressão de sin- te a práticas historiográficas con-
as respostas humanas às limitações gularidades sociais derivadas das temporâneas que tenham, em
e potencialidades dos vários ecossis- particularidades regionais amazôni- alguma medida, o relativismo cul-
temas, fez emergir uma visão do pas- cas. Esta diversidade ecológica se- tural como fundamento da escrita
sado que apreende as especificidades ria inseparável das diversidades e dos objetos de estudo dos histori-
locais e regionais. Esta pode cons- cultural e social. Por esta razão, o adores. Por outro, atomizam as aná-
tituir-se em uma contribuição es- autor propõe a História Regional lises, tornando a interpretação do
pecífica da historiografia brasileira como ponto de partida para a His- passado restrita ao universo das lo-
ao trabalho do historiador, em par- tória Ambiental. Uma história de calidades e atada às suas próprias
ticular, e ao conhecimento históri- seus rios e vales, pois se trata de um peculiaridades. Estariam, então,
co em geral. espaço no qual as comunicações inviabilizadas visões mais abran-
sempre foram, e ainda são, prepon- gentes e de conjunto, as sínteses
Estudando o vale do rio Jaú, derantemente fluviais. interpretativas e, logo, reduzidas as
afluente do rio Negro, o autor valo- possibilidades comparativas.
riza um enfoque na descontin- A questão é saber se podemos
uidade, na interrupção e no refluxo nos valer desses procedimentos Esta é uma falsa dicotomia e não
a um quadro social anterior, carac- metodológicos para outras localida- deve servir para alimentar antago-
terizado por seguidas construções e des do Brasil. Outras regiões do país, nismos de qualquer tipo. Na avali-
desconstruções no tempo e no es- não aquáticas e florestais, estariam ação de Peter Burke, “fatores
paço. Não se trata apenas das so- proscritas dessa possibilidade analí- materiais, do ambiente físico e de
brevivências, mas da recriação, tica? E aquelas com diversidade eco- seus recursos, de longo prazo” guar-
desaparição e reaparição do po- lógica menos expressiva? Deveria dam importância para os historia-
voado do velho Airão, até seu des- variar, assim, o comparecimento dos dores, uma vez que são a esses
povoamento e desaparecimento componentes naturais no estudo das mesmos fatores que indivíduos, gru-
completo, tragado pela mata. regiões? Convém lembrar que a His- pos e as construções culturais pro-
Transcende, assim, simultaneamen- tória Ambiental é, antes de tudo, curam adaptar-se ou responder
te, o binômio das mudanças e per- História. E o risco de “naturalização” (Burke, 1992: 35). A História
manências, a continuidade nas dos processos sociais deve ser afas- Ambiental pode, então, ser desen-
dimensões temporais da longa du- tado, requerendo cuidado e atenção volvida a partir do estudo de dife-
ração, da conjuntura e do aconte- por parte dos historiadores. O desa- rentes concepções de natureza, o
cimento, o fluir linear do tempo, em fio é, também, continuar a ser his- que significa refletir na chave do
seus diferentes ritmos. Ressaltam as toriador, sem descaracterizar o relativismo cultural e do multi-
possibilidades do descontínuo, do trabalho empreendido por esta culturalismo. Esta abordagem está,
retorno, da transferência e da imer- disciplina. por exemplo, contemplada em pro-
são em um tempo não ocidental e gramas educacionais estabelecidos,
quase analógico. Enfim, de outras O problema teórico aqui não no Brasil, pelo Ministério da Edu-
dimensões da temporalidade, esta é menor, pois conduz a uma en- cação (Brasil, 2001).

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Compor um mosaico de inves- e os debates entre historiadores e osidade pela natureza, os grupos e
tigações empíricas de âmbito local seus interlocutores nas demais áreas as comunidades que mantêm outras
e regional é, sem dúvida, instigante, do conhecimento (Skinner, 1992: formas de interação com o mundo
mas acredito, seria também insufi- 187-188; Novais, 2002: 122-123). natural. O artesanato da palha, da
ciente. Estas ganham novos signifi- madeira, da cerâmica, a culinária, a
cados quando colaboraram tanto Caberia indagar, então, movi- medicina natural de ervas e chás, o
para a dilatação dos estudos his- do por uma recomendação de convívio doméstico com plantas e
tóricos, com o aporte de novos Remo Bodei, o que podemos soli- animais, são alguns traços de vida
conhecimentos, quanto para o de- citar à História Ambiental (Bodei, social, juntamente com o universo
senvolvimento da própria historio- 2001: 80)? O que esta abordagem de valores e crenças que a sustenta,
grafia, com novos questionamentos pode oferecer para a compreensão que perecem, sistematicamente, sob
e indagações. Estas contribuições são da sociedade brasileira? E ao traba- o impacto das sociedades industri-
também formas de assegurar e pro- lho dos historiadores brasileiros no ais e de alta tecnologia, marcadas
mover o padrão de trabalho intelec- esforço de reconstituição e interpre- pela acumulação de capital. As for-
tual dos historiadores, uma vez que tação do percurso dessa sociedade mas de organização econômica e so-
permitem vincular a prática da pes- no tempo? O que a História Am- cial, ditas “tradicionais”, não podem
quisa com a reflexão, o “pensar his- biental, no Brasil, pode fazer para ser pensadas sem o contraste com o
toricamente”, diria Pierre Vilar. impulsionar o estudo da história capitalismo neste início de século,
Ainda que aceitemos a avaliação de entre nós? Para inspirar novas pes- pois é este quem lhes confere dife-
que os historiadores pouco se ocu- quisas? O estudo da apropriação e rentes graus de “tradicionalismo”. É
pam da reflexão, no amplo espec- dos usos dos produtos naturais, dos nesse momento que o historiador,
tro das Humanidades, estes não segmentos sociais que foram bene- então, pode perceber o mosaico de
podem deixar de estabelecer uma ficiados e prejudicados, no Brasil, incontáveis especificidades locais,
conexão lógica dos acontecimentos pode contribuir para o esclare- regionais, nacionais e mundiais Va-
reconstituídos e explicados em uma cimento das relações entre o de- leria reler, aqui, as críticas de Caio
narrativa. Em maior ou menor grau, senvolvimento econômico e as Prado Júnior à compreensão de W.
mais ou menos consciente e volun- injustiças sociais no país. No esta- W. Rostow sobre as sociedades tra-
tária, há sempre uma dimensão filo- do do Acre, por exemplo, foram dicionais na década de 1960 (Pra-
sófica nos estudos de História. A precursores os debates sobre justi- do jr, 1989).
articulação entre as histórias locais, ça social e meio ambiente (Silva,
regionais, nacional e mundial, dos 1999: 189-205; D´incao & Silvei- Tal como a história rural fran-
“tecidos conectivos” existentes, er- ra, 1994). A História Ambiental no cesa descortinou o mundo do cam-
gue-se, aqui, como parte das ativi- Brasil pode auxiliar na compreen- ponês, os estudos da História
dades, a da crítica e a totalizadora, são de “algumas das inumeráveis Ambiental, no Brasil, podem pro-
do ofício do historiador (Bodei, facetas da história de todos” (Bo- porcionar maior e melhor conheci-
2001: 69). Abre-se, então, um es- dei, 2001: 81). mento de um passado tecnológico,
paço de intersecção de métodos e desenvolvido secularmente pelas
técnicas de pesquisa, teorias e sociedades não-capitalistas, e ade-
conceitualizações provenientes de Considerações finais quado, por exemplo, à agricultura
distintos cantos da História e das nos trópicos, das indústrias domés-
demais ciências sociais, contribuin- O estudo do meio ambiente e ticas e do artesanato familiar. Fazer
do para uma elucidação recíproca de sociedades denominadas “tradi- emergir universos culturais de ca-
das instâncias da vida e da inves- cionais” tem sido valorizado nos úl- boclos, ribeirinhos, quilombolas,
tigação social. O exercício de ex- timos tempos (Cunha & Almeida, pescadores e indígenas, entre ou-
plicitação de marcos e questões 2002; Begossi, 2004). A crescente tros. As mudanças e permanências
teóricas, hipóteses, fontes, pode es- perda do contato e do relaciona- impulsionadas pelos contatos e in-
timular a cooperação profissional mento mais próximo e direto com tercâmbios derivados de cinco
nas práticas de pesquisa, a promo- os produtos naturais, na vida coti- séculos de sociabilidades crescen-
ção do fecundo diálogo intelectual diana, estimula o interesse e a curi- temente marcadas pela mercan-

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tilização das relações sociais, a in- na constituição de um terreno para expansión de Europa, Trad. R. Elier,
México, Fondo de Cultura Económi-
dustrialização e as incessantes ino- a reflexão crítica sobre o trabalho ca, 2001.
vações tecnológicas. Pode-se, do historiador e, claro, sobre a para-
BEGOSSI, Alpina (org.), Ecologia de pesca-
assim, perceber as relações entre o lisia enganadora dos tempos atuais. dores da Mata Atlântica e da Amazônia,
centro e as periferias do capitalis- Enfim, um esforço de compreensão São Paulo, Hucitec, 2004.
mo a partir de novas indagações, deste início de século, a partir das BELLUZZO, Ana Maria, “A propósito d´O
abrindo espaço para novas formu- experiências sociais do passado bra- Brasil dos viajantes”, em: Revista USP,
lações interpretativas. sileiro. Os historiadores podem, a São Paulo, 30: 9-19, 1996.
partir daí, retomar os grandes pro- BLOCH, Marc, Apologia da história ou o ofício
Estes são temas, o meio ambi- blemas intrínsecos à formação da do historiador, Trad. A. Telles, Rio de
Janeiro, Zahar, 2001,
ente e as populações tradicionais, sociedade e do Estado no Brasil. O
BODEI, Remo, A História tem um sentido?,
estabelecidos pelos Parâmetros uso e ocupação da terra, as práticas Trad. R. Di Piero, Bauru, EDUSC, 2001.
Curriculares Nacionais, e que, en- agrícolas, os grandes projetos ener-
BRASIL, Ministério da Educação, Programa
tre outros, o governo federal esco- géticos e de infraestrutura, políti- parâmetros em ação, meio ambiente na
lheu para compor a formação do cas públicas para o meio ambiente, escola: guia do formador, Secretaria de
cidadão brasileiro no século XXI. Se movimentos sociais em defesa da Educação Fundamental, Brasília, MEC/
SEF, 2001.
o conhecimento de culturas que natureza, premissas e possibilidades
pouco contato tiveram com o para o desenvolvimento susten- BRASIL, Ministério da Educação / Secretaria
de Educação Fundamental, Parâmetros
cientificismo moderno contribui tável, os efeitos da industrialização curriculares nacionais: História e Geografia,
para uma história menos linear, e da urbanização nas bacias hidro- 2ª ed., Rio de Janeiro, DP&A, 2000.
evolutiva e européia, gera, por ou- gráficas, programas de desenvolvi- , Parâmetros curriculares nacionais:
tro lado, novos desafios para a com- mento local e regional, eliminação Meio Ambiente e Saúde, 2ª ed., Rio de
preensão do mundo atual pelos das desigualdades sociais são alguns Janeiro, DP&A, 2000.
historiadores. A historiografia bra- deles. Há uma sólida tradição inte- BURKE, Peter (org.), A escrita da história:
sileira sempre foi pródiga em acolher lectual no país que pode ser mobi- novas perspectivas, Trad. M. Lopes, 4ª
reimp., São Paulo, UNESP, 1992.
e assimilar distintas contribuições, de lizada para novas interrogações
CARDOSO, Ciro Flamarion & VAINFAS,
várias correntes historiográficas in- sobre o passado e o presente. Em Ronaldo (orgs.), Domínios da História:
ternacionais, e poderia, no âmbito recente “ensaio temático”, José ensaios e teoria e metodologia, Rio de
da História Ambiental, oferecer Augusto Drummond oferece inú- Janeiro, Campus, 1997.
mais do que receber. Seja pela di- meros pontos de partida para o es- CARVALHO, Marcos Bernardino de, Uma
mensão que as questões ambientais tudo da História Ambiental no geografia do discurso sobre a natureza, São
Paulo.
tem adquirido na sociedade neste Brasil (Drummond, 2002).
novo século, seja pelo lugar que o FFLCH/USP, (Dissertação de Mestrado -
Geografia Humana, mimeo), 1991.
mundo natural ocupou, e ainda Por fim, acredito que as dificul-
ocupa, na sociedade brasileira. So- dades e as potencialidades, aponta- CASANOVA, Julián, La historia social y los
historiadores, Nueva edición atualizada,
bretudo, dado o vigor e as potencia- das anteriormente, sejam partilhadas Barcelona, Crítica, 2003.
lidades de trabalho investigativo e por um número maior de profissio-
CASTRO Herrera, Guillermo, “História
analítico que a comunidade de his- nais, e não só os das ciências sociais, Ambiental (feita) na América Latina”,
toriadores brasileiros revelou nos dentro e fora da universidade. Pro- em: Varia História, Belo Horizonte,
vavelmente também não estão con- UFMG, 26: 33-45, 2002.
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