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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"


Departamento de Genética
Disciplina: LGN-320/321 – Ecologia Evolutiva Humana
Docente Responsável: Dra. Silvia Maria Guerra Molina
Colaboraram na elaboração dos slides:
Monitor PEEG: Felipe Carvalho Beltrão Cavalcanti
Monitor PAE: Marcos Vinicius Bohrer Monteiro Siqueira
Interfaces da Ecologia Humana
com outras Disciplinas e Áreas do
Conhecimento - I
A ecologia humana é um campo de estudos
interdisciplinar, ou uma disciplina que estabelece
interfaces com diversas outras áreas do
conhecimento.

Neste presente conjunto de slides abordamos as


interfaces já tradicionais na ecologia humana
(ecologia cultural, antropologia ecológica,
etnociências) e novas interfaces que vêm se
estabelecendo mais recentemente (ecologia da
paisagem, história ambiental, ecologia histórica,
economia ecológica, ecologia política,
bioeconomia economia solidária, ecologia
profunda)
Ecologia Cultural,
Antropologia Ecológica e
Abordagem Etno-Ecológica
(Morán, 1994)
Os avanços teóricos nos estudos humanos/hábitat,
desde a década de 50, serviram para aprimorar
significativamente a qualidade dos estudos ecológicos.

A abordagem ecológico-cultural proposta por Julian Steward forneceu uma estrutura


que delimitou de forma mais nítida o âmbito das pesquisas.

1902-1972

A ênfase no método comparativo e na primazia das


considerações comportamentais foram as marcas
registradas da abordagem ecológico-cultural.
Esse tipo de estudos atraiu
pesquisadores ao longo das décadas
de 50-60 e levou a importantes
revisões da nossa compreensão
sobre caçadores-coletores,
pastoralistas e agricultores.

O fundamento lógico para que as


sociedades evoluíssem da caça-
coleta para a agricultura tornou-se
menos evidente na medida em que
os estudos mostraram que os
caçadores-coletores não eram povos
que viviam no limite da subsistência,
mas que, na verdade, desfrutavam
de uma vida relativamente tranquila.
O reconhecimento da sofisticação das técnicas de cultivo deu origem a
importantes questões para pesquisas. Contudo não levaram em conta
alguns aspectos relevantes da EH: doenças, alterações fisiológicas, rituais,
política,...

Descontentes com esses lapsos e devido à influência intelectual dos


crescentes campos da ecologia biológica, os pesquisadores começaram a
adotar uma estrutura ecológica mais ampla: antropologia ecológica
ou ecologia de sistemas - adotando unidades de estudo da biologia
e, em certos casos, unidades de medida.

A população substitui a cultura ou a sociedade como unidade de estudo.


Vários estudos optaram por enfocar o fluxo de energia na sociedade
humana como uma forma de se compreender o uso do ambiente.
Uma outra razão para tal escolha é que ela levava em consideração
a comparabilidade dos dados.
dados O estudo do fluxo de energia é
relativamente recente.

A união de biólogos do comportamento humano e cientistas sociais,


sob a mesma estrutura ecológica, só pode significar avanço na
nossa compreensão sobre a adaptabilidade do homem ao
ambiente.

Ecologia Cultural - o estudo de como se deram as adaptações


humanas ao ambiente, por meio de mecanismos culturais.

Antropologia Ecológica - estudo multidisciplinar de como as


populações humanas enfrentam problemas (agentes estressores)
nos seus ambientes.
Enfoque da Antropologia Ecológica:
como a população enfrenta o
principal estressor.

(AMBIENTES ESPECÍFICOS, DIVERSIDADE CULTURAL E O


PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA)
Zonas Árticas
Grandes Altitudes
Terras Áridas
Campos
Trópicos Úmidos
As Cidades
A abordagem etno-ecológica - integrar ao
estudo ecológico o conhecimento de como as
populações percebem os recursos.

A busca por categorias nativas acrescentou uma


importante dimensão ao estudo ecológico,
particularmente nos estágios iniciais da pesquisa
de campo.
Ecologia da
Paisagem
Metzger (2001)
A ecologia de paisagem é uma nova área de conhecimento
dentro da ecologia e ainda está em busca de uma estrutura
teórica e de conceitos sólidos.

Aurélio: Paisagem - Espaço de terreno que se


abrange com um lance de vista.

É o olhar do observador que dá sentido ao “espaço”


referente à paisagem.

A paisagem nunca está em primeiro plano, sendo de certa


forma onde não estamos, um “pano de fundo”.
O geógrafo Alexander von Humboldt,
no início do séc. XIX definiu paisagem
como a característica total de uma
região terrestre.
1769-1859
O termo Ecologia da Paisagem por
sua vez surgiu em 1939, cunhado pelo
biogeógrafo alemão Carl Troll (quatro
anos após Tansley, em 1935, ter
cunhado o termo Ecossistema). 1899-1975
O ponto de partida da Ecologia da Paisagem é muito
parecido como da
Ecologia de Ecossistemas,
Ecossistemas qual seja a observação
das inter-relações da biota com o seu ambiente.

Mas a noção de paisagem envolve a espacialidade, a


heterogeneidade do espaço onde o ser humano habita
(relações horizontais)
horizontais enquanto na ecologia de
ecossistemas enfatiza-se as interações dentro da
comunidade e o meio abiótico (relações verticais).
verticais
As abordagens atuais de paisagem consideram
que esta seja uma entidade heterogênea, com
aspectos geomorfológicos e de recobrimento
naturais e culturais.

O conceito de paisagem proposto evidencia


ainda que a paisagem não é obrigatoriamente
um amplo espaço geográfico ou um novo nível
hierárquico de estudo em ecologia, acima de
ecossistemas, dado que a escala e o nível
biológico da análise dependem do observador e
do objeto de estudo.
Ou seja, as escalas de estudo dependem do tamanho e
da capacidade de deslocamento da(s) espécie(s)
considerada(s).

Nessa nova definição as unidades de paisagem não são


obrigatoriamente ecossistemas, mas unidades de
uso/ocupação e cobertura do território na abordagem
geográfica e habitats na abordagem ecológica. Nenhuma
dessas unidades têm propriedades de sistemas.
História Ambiental
(Leff, 2001)
A história ambiental vem sendo
definida como um campo de estudo
dos impactos de diferentes modos
de produção e formações sociais
sobre as transformações de sua
base natural,
natural incluindo a super-
exploração dos recursos naturais e a
degradação ambiental.
Seus estudos abordam a análise de padrões de uso
dos recursos e de formas de apropriação da
natureza, integrando as estruturas econômicas,
políticas e culturais que induzem certos padrões de
uso dos recursos.

Abordam as condições ecossistêmicas que


estabelecem as condições de sustentabilidade ou de
insustentabilidade de um determinado território.
A História Ambiental observa estas relações em

diferentes etapas da história.


história

Por meio do estudo de vários documentos pode obter dados sobre as formas de
intervenção no meio e a degradação do ambiente em diferentes momentos
históricos e espaços geográficos.

Ex: narrativas sobre a destruição ecológica e sobre o desaparecimento das


etnias – refletem o impacto do desenvolvimento sobre as culturas e sobre a
natureza.
Sua aplicação retrospectiva encontra seus limites na
obtenção de informação relevante.

Como, por exemplo, a revalorização da crise ambiental


da civilização maia e de novos métodos científicos que
permitam o resgate de suas histórias e culturas.
Há também o estudo das transformações do meio
geradas por :

- processos de colonização e de exploração


mercantil

- a introdução de modelos tecnológicos


associados ao progresso e à modernidade

- grandes empreendimentos (petroleiros,


pecuaristas)

- a expansão da fronteira agrícola.


TRÊS VERTENTES DA HISTÓRIA AMBIENTAL:

(1) História epistemológica da complexidade ambiental (estudo


dos fundamentos lógicos, valor e objetivo desse conceito)

(2) Hermenêutica (interpretação) das narrativas sobre as


relações sociedade-natureza

(3) A construção de identidades e as transformações sociais


induzidas pelo movimento ambientalista.
Ecologia
Histórica
(Bellée & Erickson, 2006)
A Ecologia Histórica é uma abordagem interdisciplinar.

Tem como seu foco central a história da paisagem.


paisagem

Assume que a história das ações humanas pode ser inferida a partir da observação
da paisagem.

A cultura está fisicamente imersa e inscrita na paisagem em um padrão não


casual,
casual frequentemente em palimpsetos de ocupações contínuas e descontínuas de
povos passados e presentes.
Na perspectiva da Ecologia Histórica - os
ambientes naturais, uma vez modificados por
humanos, podem nunca mais regenerar a si
mesmos tal com já foram.

W. Bellée
W. Bellée

Práticas são mantidas ou modificadas,


decisões são tomadas, ideias tomam
forma - a paisagem retém as evidências
físicas dessas atividades mentais.
Em outras palavras, os ambientes são, em um certo sentido,
adaptados aos sistemas políticos e socioculturais humanos que
com eles têm coexistido, algumas vezes por longos períodos
de tempos histórico.

Talvez uma melhor orientação filosófica seja considerar a


Ecologia Histórica como um programa de estudos.
estudos
A espécie humana é ela mesma um meio de mudança no mundo
natural, um meio qualitativamente tão significativo quanto a seleção
natural.

Cada um dos principais ambientes da Terra tem uma única e


frequentemente complexa história humana imersa na paisagem local e
regional.

COMPREENDER O PAPEL HUMANO NA CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO


DESSA UNICIDADE É O OBJETIVO CENTRAL DA ECOLOGIA
HISTÓRICA,
HISTÓRICA que se refere às paisagens como “ecossistemas culturais”.
A Ecologia Histórica revela os meios pelos quais mudanças
no ambiente, induzidas por humanos, condicionam gerações
subsequentes em termos de línguas, tecnologias e cultura.

Representa uma gama de estudos que permitem a


comparação entre diversas entidades sociopolíticas em
relação às paisagens locais, e mesmo com fenômenos
regionais ou com a biosfera em si.
Emprega uma perspectiva multi-escalar geográfica (da
paisagem local à regional) e temporal (de curto a longo
prazos) para a compreensão histórica das atividades
humanas no ambiente e de como o próprio ambiente pode
vir a ser.

Como consequência, pode fornecer estratégias práticas


para o gerenciamento de paisagens no presente e no futuro.
Economia Ecológica

Ecologia Política

Bioeconomia
(Leff,2001)

Economia Solidária
(Gaiger, 2003)
A crise ambiental colocou em questão os fundamentos da
racionalidade econômica hegemônica no sistema capitalista.

Entre as respostas da sociedade, surgiram a Economia Ecológica e


a Ecologia Política,
Política como novos campos teóricos e de ação política.
Essas propostas vão além do simples objetivo de internalizar as
externalidades ambientais por meio dos mecanismos de mercado.

A economia fundada nos princípios mecanicistas retirou a vida e a


natureza do campo da produção, minando as condições de
sustentabilidade ecológica do desenvolvimento.
Os conflitos socioambientais dela decorrentes estão
mobilizando a reconstrução do processo de produção em
novas bases. Coloca-se o desafio de transformar, a partir de
suas bases, o paradigma insustentável da economia.

Como forma de resistência a essa mudança paradigmática a


economia neoclássica vem procurando ajustar os ciclos
econômicos, atribuindo preços de mercado à natureza, com a
esperança de que as mercadorias poderão continuar
circulando de maneira contínua de acordo com a ordem
econômica vigente.
Partindo do reconhecimento de que toda atividade humana incide
no ecossistema quer pelo lado da extração de recursos, quer pelo
do lançamento de dejetos sob a forma de matéria ou energia
degradada, o processo econômico - que opera dentro de um
subsistema aberto envolvido pelo ecossistema global - tem que
respeitar limites.
Social

adequada equitativa
Sustentável
Ambiental víável Econômica

Na perspectiva da sustentabilidade, o tipo de processo


econômico que importa é aquele que produz bens e serviços
considerando simultaneamente todos os custos (ou danos) que
lhes são inevitavelmente associados. Esta é a tarefa para um
modelo de desenvolvimento novo, e também para uma ciência
da economia de fundamentos ecológicos.
A Economia Ecológica introduz uma mudança
fundamental na percepção dos problemas de alocação de
recursos e de como eles devem ser tratados, do mesmo
modo que uma revisão da dinâmica do crescimento
econômico é intrinsecamente estabelecida.

Objetivo: obter a unificação sobre bases biofísicas dos


sistemas ecológicos e econômicos como categorias
interdependentes e coevolutivas.
A Economia Ecológica está construindo um novo paradigma teórico,
abrindo as fronteiras interdisciplinares com diferentes campos
científicos para valorizar e incorporar as condições ecológicas do
desenvolvimento.

As propostas teóricas estendem-se também à ecologia humana,


buscando alternativas às suas abordagens mais reducionistas.

Também alguns enfoques da antropologia ecológica reduzem a


racionalidade da apropriação cultural da natureza a uma
contabilidade energético-social.
Não se trata de propor uma nova ciência, e sim uma
empreitada entre cientistas naturais e sociais, junto com os
atores envolvidos em ações concretas de promoção do
desenvolvimento para chegar-se a um novo entendimento da
realidade humana, tirando dele lições para fins de análise e
política.

Chega-se assim a uma verdadeira economia política da ecologia.


A partir de uma visão ecossistêmica da produção, a Economia Ecológica
busca considerar a economia dentro da ecologia, por ser esta última uma
teoria mais abrangente, a ciência das inter-relações por excelência. Ou
seja, o sistema econômico deve passar a respeitar critérios, condições e
normas ecológicas.

A economia ecológica faz, portanto, uma crítica à degradação ecológica e


energética resultante dos processos de produção e consumo.

Entretanto, no mundo contemporâneo, a produção continua sendo guiada e


dominada pela lógica de mercado. A proteção ao ambiente ainda é
considerada um “custo” dentro de economia mecanicista.
As grandes desavenças

Os economistas ecológicos negam a posição dos


“economistas ambientais”, dizendo que sua visão é
somente parcial e que por isso não conseguem ver as
diferentes inter-relações que se estabelecem na
sociedade como um todo.

O ataque está especialmente sobre as bases da


economia, sobre seu mainstream, e para isso se
apoiam na física.
O que dizem é que dado que a
economia esta baseada na física,
então ela deve seguir o caminho
proposto e seguido pela física,
não deixando de lado os novos
desenvolvimentos que essa
ciência tem experimentado,
especialmente na consideração da
2ª lei da termodinâmica.
A problemática ambiental converteu-se numa questão política.
As identidades culturais e os valores da natureza não podem ser
contabilizados e regulados pelo sistema econômico.

A pobreza, a degradação ambiental, a perda de valores e


práticas culturais, a regeneração ecológica, a degradação
entrópica de massa e energia – todas essas “externalidades” –
constituem processos incomensuráveis que não podem ser
reabsorvidos pela economia que, portanto, não pode lhes
conferir um padrão comum de medida por meio dos preços de
mercado.
Assim, o discurso e as políticas de sustentabilidade estão marcados
pelo conflito de interesses em torno da apropriação da natureza.

Muitos países reivindicam seu direito de consumir seus recursos


naturais para impulsionar seu crescimento econômico e atenuar a
brecha que os separa dos ricos, não contribuindo para uma solução
global dos problemas ambientais.
Apesar disso, há entre os países pobres aqueles em que novas
buscas em face do problema da sustentabilidade partem de uma
percepção mais crítica e consciente de suas condições
ecológicas, culturais, econômicas e políticas.

De alguns países tropicais emerge um novo paradigma de


produção, baseado no potencial ecológico de sua geografia e na
pluralidade de suas identidades étnicas, na descentralização da
economia e na diversificação dos tipos de desenvolvimento,
mobilizando a sociedade a se reapropriar de seu patrimônio de
recursos naturais e a autogerir seus processos de produção.
A globalização econômica junto com as mudanças ambientais globais
estão deslocando as práticas tradicionais de produção.

Camponeses, povos indígenas e a população urbana marginalizada estão se


organizando e lutando em resposta à extrema pobreza gerada pela
destruição de seus recursos naturais, à degradação de suas condições de
produção e à falta de infra-estrutura como o saneamento básico.

Os movimentos ambientais são lutas de resistência e protesto contra a


marginalização e a opressão, e reivindicações por seus direitos culturais,
pelo controle de seus recursos naturais, pela autogestão de seus processos
produtivos e a autodeterminação de suas condições de vida.
Essas lutas pela erradicação da pobreza vinculam a sustentabilidade
à democracia, entrelaçam-se com a reivindicação de suas identidades
culturais, com a reapropriação de conhecimentos e práticas tradicionais
e o direito das comunidades para desenvolver formas alternativas de
desenvolvimento.

A sustentabilidade aparece como uma necessidade de restabelecer o


lugar da natureza na teoria econômica e nas práticas de
desenvolvimento, internalizando condições ecológicas da produção que
assegurem a sobrevivência e um futuro para a humanidade.
Questiona-se os fundamentos da economia a partir da
percepção de seus limites ecológicos e entrópicos dado que a
condição e escassez, base da ciência econômica, passou do
processo de substituição contínua de recursos esgotados para
uma escassez global induzida pela expansão econômica. É a
racionalidade intrínseca do crescimento econômico que destrói
as condições ecológicas e culturais da sustentabilidade.
O socialismo pré-ecológico deixou de ser “a alternativa” ao
capitalismo antiecológico, abrindo caminho à construção de um
novo ecossocialismo.

Assim, a economia deve ser reconstruída. E isso levanta a


questão de fundamentar uma nova teoria da produção que
internalize condições ecológicas e sociais do desenvolvimento
sustentável - que leve em conta os complexos processos
ambientais gerados pelo potencial ecotecnológico de diferentes
regiões, mediado pelos valores culturais e pelos interesses
sociais das populações.
É preciso, entretanto, superar certos limites do modelo
produtivo e tecnológico atual. Por exemplo, o potencial da
energia solar concentrou-se em seu uso tecnológico e limitou-
se por causa dos custos atuais dos coletores solares e da
concorrência com outras fontes de energia.

O manejo produtivo dos ecossistemas, por meio de processos


de regeneração seletiva ou de sistemas de cultivos múltiplos
agroflorestais e agroecológicos, pode gerar uma colheita
permanente de recursos naturais e uma oferta sustentável
com altos níveis de produtividade ecotecnológica.
Ao valorizar a importância da fotossíntese como um processo neguentrópico, a
bioeconomia poderia construir uma teoria positiva da produção, capaz de
equilibrar a produção natural de biomassa com a degradação entrópica da
matéria e da energia que entram no processo econômico, seja no metabolismo
dos organismos vivos ou nos processos de transformação tecnológica.

Esta aproximação da ecologia produtiva a uma economia sustentável oferece


importantes perspectivas, de desenvolvimento às regiões tropicais, permite forjar
uma nova economia, fundindo a produtividade ecológica com os valores culturais
e como o potencial científico-tecnológico.
Enfim, a característica mais importante de todos esses
ecomovimentos é contribuir para a construção de outra
racionalidade produtiva, sobre as bases de
sustentabilidade ecológica, equidade social e
diversidade cultural.
A construção desse paradigma ecoprodutivo permitirá
estabelecer novos equilíbrios ecológicos e dar bases de
sustentabilidade ao processo econômico, equilibrando a
produção de recursos biológicos com a degradação entrópica
dos processos tecnológicos.

Além disso, permitirá aliviar a pobreza e melhorar a qualidade


de vida de uma população crescente por meio de um
processo de descentralização de produção, aberto a diversos
tipos de desenvolvimento, em harmonia com as condições
ecológicas e culturais de cada região.
http://www.ecoeco.org.br/

https://www.conftool.com/isee2010/
Obras existentes...

BÁSICO, GERAL DE ECOLOGIA...


Algo para se pensar...

A economia ecológica, ao tentar explicar o sistema


econômico a partir de leis físicas – as da termodinâmica –
tende a admitir que as possíveis soluções para a crise
ambiental são fundamentalmente técnicas. Com isso,
a presente abordagem exclui as relações sociais, todas
orientadas pelos mais distintos interesses de grupos.
Em outros termos, preservar os recursos naturais sem questionar a
forma social de produção capitalista permite a reprodução de
indivíduos apenas resignados a servir ao mercado.
Economia
Solidária
(Gaiger, 2003)
Economia solidária é uma
forma de produção, consumo
e distribuição de riqueza
centrada na valorização do ser
humano - e não do capital -
de base associativista e
cooperativista, voltada para a
produção, consumo e
comercialização de bens e
serviços, de modo autogerido,
tendo como finalidade a
reprodução ampliada da vida.
Assim, nesta economia, o
trabalho se transforma num
meio de libertação humana
dentro de um processo de
democratização econômica,
criando uma alternativa à
dimensão alienante e
assalariada das relações do
trabalho capitalista.
A economia solidária origina-se na Primeira Revolução
Industrial, como reação dos artesãos expulsos dos
mercados pelo advento da máquina a vapor. Na passagem
do séc. XVIII ao séc. XIX, surgem na Inglaterra as
primeiras Uniões de Ofícios e as primeiras cooperativas
A economia solidária é um modo específico de
organização de atividades econômicas. Ela se caracteriza
pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade
ou empreendimento e pela igualdade entre os seus
membros.
Em suma...

A economia solidária apresenta-se como uma


reconciliação do trabalhador com seus meios de produção
e fornece, de acordo com Gaiger (2003), uma experiência
profissional fundamentada na equidade e na dignidade, na
qual ocorre um enriquecimento do ponto de vista cognitivo
e humano.

fim
Ecologia
Profunda
A Ecologia Profunda surgiu em
1973, com Arne Naess, que pela
primeira vez distinguiu entre aquilo
que designou como Shallow e Deep
Ecology, portanto uma
Ecologia Superficial e uma
Ecologia Profunda.
De acordo com esse autor, a emergência dos ecólogos, de
sua obscuridade inicial marca um ponto de virada em
nossas comunidades científicas.

Mas suas mensagens são distorcidas e mal empregadas.


Um movimento superficial, mas bastante poderoso,
e um movimento profundo, mas menos influente,
competem por nossa atenção.
Enquanto a Ecologia seria um estudo das
interações entre os seres vivos e destes com o
ambiente

a Ecologia Profunda é uma forma de pensar


e agir, dentro da ecologia ou de qualquer
outra atividade.
A Ecologia Superficial envolveria
aquelas preocupações ambientais
que estão fundamentalmente
centradas em preservar os recursos
naturais para a utilização do
ser humano.

O que interessa é a preservação do


desenvolvimento humano e não a
natureza em si.
Os pressupostos básicos do movimento de Ecologia Profunda são os
seguintes:

1 - As formas de vida humana e não humana existentes sobre a Terra têm


um valor intrínseco. O valor das formas de vida não –humanas é
independente de sua utilidade para os objetivos humanos específicos.

2- A riqueza e a diversidade das formas de vida são valores em si mesmos


e contribuem para a manutenção da vida humana e não-humana sobre a
Terra.

3 - Os seres humanos não têm direito de reduzir essa riqueza e diversidade


exceto para satisfazer suas necessidades vitais.

4 - A interferência humana atual na vida não-humana do mundo é


excessiva, e a situação está se tornando problemática rapidamente.
5 - A manutenção da vida e das culturas humanas é compatível com um
decréscimo substancial da população humana. A manutenção da vida não-
humana requer tal decréscimo.

6 - Mudanças significativas nas condições de vida para melhor, requerem


mudanças políticas. Essas afetam as estruturas econômicas, tecnológicas e
ideológicas.

7 - A mudança ideológica refere-se principalmente à apreciação da qualidade da


vida antes que a aderir a um alto padrão de vida.

8 - Aqueles que subscrevem esses pontos (propostos por Arne Naess e George
Sessions no final dos anos de 1970), têm a obrigação de participar direta ou
indiretamente nas tentativas de implantação das mudanças necessárias.
A Ecologia Profunda aborda valores e emoções no pensamento e experiência
da realidade e como alcançar uma personalidade humana madura e integrada
capaz de agir a partir de uma visão holística; discute os limites entre ecologia,
ecofilosofia, ecosofia.

- É um movimento social

- Assume valores prioritários – segundo seus pontos de vista

- Lida com temas filosóficos


Bibliografia:
Barnhill, D. & Gottlieb, R. (2001). Deep Ecology and World Religion: New Essays on
Sacred Ground. Albany: New York University Press.

Balée, W; Erickson, C.L. Time and complexity in historical ecology - studies in the
neotropical lowlands. New York: Columbia University Press. 2006. 417p.
Drengson, A. (1995). The Deep Ecology Movement: An IntroductoryAnthology.
Berkeley: North Atlantic Books.
Gaiger, L.I. Os empreendimentos econômicos solidários diante do modo
de produção capitalista. Revista Caderno CRH. Salvador, UFBA, 2003. n.39,
p. 181-211.
Leff, E. Economia Ecológica e Ecologia Produtiva. In: Leff, E. Saber Ambiental –
sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes,
2001 (p. 42-55).
Leff, E. História Ambiental. In: Leff, E. Saber Ambiental – sustentabilidade,
racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 2001 (p. 385-402).
Metzger, J.P. O que é ecologia da paisagem? Biota Neotropica , Campinas, v. 1,
n°1/2, 2001.
Moran, E.F. Adaptabilidade Humana: uma introdução à Antropologia Ecológica.
EDUSP. São Paulo. 1994. 445p.
Naess, A. Ecology, community and lifestyle. Cambridge University Press, 1995 (1a
impressão: 1989), 223 p. fim

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