PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO GABRIEL

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
E.M.E.F. JOÃO MANUEL SALVADÉ

PROJETO PEDAGÓGICO DE VISITA AO MANTENEDOURO SÃO BRÁS — SANTA

MARIA, RS: O FUTURO QUE QUEREMOSA VIDA ANIMAL E A VIDA HUMANA EM
PERSPECTIVA

TEMA
A relação do ser humano com a natureza dentro do mundo contemporâneo;

OBJETIVOS
• Conhecer espécies animais nativas do Rio Grande do Sul e de outros lugares, atualmente
abrigadas dentro do Mantenedouro São Braz, em Santa Maria, RS;
• Refletir sobre os impactos da ação humana sobre a natureza e os animais no mundo moderno;
• Relacionar tais impactos à temas e conteúdos trabalhados em sala de aula;

JUSTIFICATIVA:
O presente projeto tem por objetivo uma proposta interdisciplinar de ensino com os alunos da
E.M.E.F. João Manoel Salvadé, a partir da visita ao Mantenedouro São Braz, em Santa Maria, RS.
Unindo ciências, geografia e história, a proposta conscientizaria a respeito das relações dos seres vivos
para com a natureza, da dinâmica do ser humano para com os demais seres vivos e as consequências da
atual forma pela qual a humanidade explora o planeta. Essa discussão acaba por ser base de inúmeras
iniciativas pedagógicas ao redor do mundo, inclusive dos Parâmetros Curriculares Nacionais:

Embora parte da humanidade esteja mais consciente das ameaças que pesam sobre o ambiente
natural e da utilização irracional dos recursos naturais, que conduz a uma degradação acelerada
do meio ambiente que atinge a todos, ainda não há meios eficientes para solucionar esses
problemas; além disso, a crença de que o crescimento econômico pudesse beneficiar a todos e
permitisse conciliar progresso material e equidade, o respeito da condição humana e o respeito à
natureza, nem sempre exercido (BRASIL, 1998, p. 16).

Desta forma, se torna necessário atividades pedagógicas que permitam uma reflexão crítica a
respeito dessa questão, percebendo as alterações no meio ambiente enquanto consequências de uma
determinada ação humana, e como resultado de uma determinada política econômica e social que
deteriora o meio ambiente em prol da produção em massa e do consumo.
 O Mantenedouro São Braz existe com o propósito de abrigar animais silvestres resgatados,
muitas delas em extinção devido à ação humana. Desta forma, um trabalho de conscientização e de
crítica ao atual modelo da sociedade e economia, que explora a natureza de maneira predatória de tal
forma que coloca em risco de extinção à própria humanidade enquanto espécie. Os animais em vias de
desaparecimento e mantidos fora de seu habitat acabam sendo metáforas para o futuro do ser humano,
que longe da natureza que lhe deu origem e é necessária para o seu bem-estar coloca em risco a própria
saúde e a sua própria existência enquanto espécie. É uma preocupação que, inclusive, consta como uma
proposta base dos parâmetros curriculares nacionais:

Embora os recursos naturais brasileiros sejam de grande importância para todo o planeta,
levando-se em conta a existência de ecossistemas fundamentais, como as florestas tropicais, o
pantanal, o cerrado, os mangues e restingas e até de uma grande parte da água doce disponível
para o consumo humano, é preocupante a forma como eles ainda são tratados. Produtores, em
geral, pouco conhecem e valorizam o ambiente em que atuam. A extração de determinados tipos
de bens traz lucros para um pequeno grupo de pessoas, que muitas vezes nem são habitantes da
região e levam a riqueza para longe e até para fora do país, deixando em seu lugar uma
devastação que custará caro à saúde da população e aos cofres públicos (BRASIL, 1998, p. 20).

Desta forma, se tornam necessárias propostas educativas que permitam a discussão em torno
desses temas, dentro de um ambiente democrático e de preparação para a cidadania, com os alunos em
diálogo com a sua comunidade e região.

MARCO TEÓRICO
Para formulação da atividade, partimos de três pontos: uma base epistemológica, uma formativa
do ponto da prática da educação e sua finalidade, e uma formativa visando um determinado tipo de
sujeito. As três se mesclam junto de outros aspectos tratados no presente texto, como metodologia
quanto temática.
Se trata aqui de uma atividade interdisciplinar, envolvendo as disciplinas de História, Geografia
e Ciências, todas elas versando, cada uma à sua maneira, sobre a relação que o ser humano estabelece
entre si e com o seu meio ambiente. A Geografia classifica e expõe essa relação; a História a coloca em
perspectiva temporal; e as Ciências acabam por ser o conhecimento e o instrumental próprio pelo qual a
relação ser humano e meio ambiente se dá no mundo contemporâneo, descrevendo os fenômenos
naturais e inferindo meios pelos quais esses fenômenos podem ser modificados e controlados. As
ciências definem o como das relações do meio ambiente e , e Geografia e História (elas próprias
Ciências, porém Humanas) definem o porquê dessa relação ter se constituído da maneira que foi
(DILTHEY, 1986).
 Essa base epistemológica é necessária para dar o devido espaço para cada uma das disciplinas,
mesmo que elas se confundam durante a prática ou mesmo durante o trabalho individual dos
professores. Pois é necessário construir nos alunos a percepção de que, para a compreensão do mundo
diferentes saberes devem ser articulados, na construção daquilo que foi descrito por E. Morin (2015)
como “construção do saber complexo”: não mais uma disciplina ou base única que constitui a
compreensão do mundo, mas a articulação de diferentes saberes em diferentes contextos.
E com que finalidade? Na construção de indivíduos críticos que não somente são somente
objetos, mas sujeitos da história. Conforme descrito por P. Freire, o objetivo de uma educação é a
formação de um sujeito crítico, ciente de seu próprio processo histórico e seus desdobramentos — que
ainda passam pela relação do ser humano para com seu meio ambiente, sua sociedade e seu espaço de
alcance dentro desse quado. Ou, como relembra Ailton Krenak em entrevista recente (2019), “pensar
globalmente para agir localmente

METODOLOGIA.
A atividade se propõe a ser uma atividade interdisciplinar englobando tanto as disciplinas de
História, Geografia e Ciências. Dessa forma, propomos uma metodologia que parte da realidade e das
concepções dos alunos, que por sua vez é refinada por meio do contato reflexivo com a realidade e por
meio da intervenção dos professores. Neste caso, tomaremos como base discussão em sala de aula, a
visitação e uma nova reflexão, percebendo as mudanças de perspectivas surgidas na sala de aula.
Em um primeiro momento, em horário definido entre os professores, será pedido aos alunos
para realizarem uma atividade com o seguinte tema: “o ser humano é uma espécie em extinção”. A
ideia é perceber como os alunos enxergam a relação entre o ser humano e sua relação com o planeta,
percebendo novas possibilidades de discussão, intervenções e o restante das atividades.
Em seguida, seria realizado, em horário combinado de antemão, a visita ao Mantenedouro São
Brás, tendo em vista a proposta temática e a visão dos alunos acerca dela. Por fim, seria pedido uma
terceira avaliação, um questionário relacionando as condições dos animais, nossa responsabilidade para
com eles e com o próprio planeta, avaliando o alcance da atividade e suas potencialidades
transformadoras.
É importante comentar que cada professor de cada disciplina pode fazer atividades próprias,
relacionadas à temática e a visitação, porém levando em consideração as peculiaridades próprias de
suas disciplinas. Porém, tais atividades devem levar em consideração;
a) Os questionamentos e opiniões expostos pelos alunos;
b) A visitação ao Mantenedouro;
 c) A prosposta temática da disciplina;

BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e
quarto ciclo do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais/ Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DILTHEY, W.., Introducion a las ciencias del espiritu: ensayo de una fundamentacion del estudio de
la sociedad y de la historia / Madrid: Alianza, 1986.
FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
KRENAK, A. Diálogos: desafios para a decolonialidade. Entrevista dada à UnBTV em 16 de julho
de 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qFZki_sr6ws&ab_channel=UnBTV>.
Acesso em: 25 mar. 2023.