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REGIMES AUTORITÁRIOS E DITADURA MILITAR NO BRASIL: HISTÓRIA E

HISTORIOGRAFIA.1

Elber Levy Teixeira Soares2


(Universidade Federal do Pará)
Resumo: Os Governos Militares (1964-1985) é considerado um dos períodos mais emblemáticos da
história do Brasil. Em 2014 é marcado pela efeméride dos 50 anos do regime e nesse ano várias
universidades e Grupos de Pesquisas promoveram eventos, publicações, apresentações de trabalhos
e principalmente a finalização dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) cumprindo o seu
papel em esclarecer os 21 anos de governo e os acontecimentos ligados ao período. O ensino de
História foi influenciado pelas novas narrativas e perspectivas, principalmente os Livros Didáticos (LD)
foram afetados com a questão da História Pública e disputas sociais pela narrativa do período. O
presente trabalho é referente ao Projeto de Pesquisa - “Para que não se esqueça, para que nunca mais
aconteça”: regimes autoritários e ditadura militar no Brasil, entre o conhecimento histórico e o
conhecimento histórico escolar". O presente trabalho possui o objetivo de debater a construção do
saber histórico em relação ao regime militar e o mesmo se desdobra em saber histórico escolar tendo
como base a formação da consciência histórica (CH) dos alunos, principalmente como é influenciado a
memória e a CH nos livros.

Palavras-chave: Ensino de História; LDH; memória; consciência histórica; CNV


Financiamento: PROPESP

INTRODUÇÃO/ JUSTIFICATIVA
A ditadura militar é marcada por momentos decisivos em nossa democracia
como também as perseguições de políticos, atrocidades contra os Direitos Humanos
e principalmente questões de continuidades e permanências das lembranças de
diversos grupos envolvidos nos acontecimentos. Sobre o período, Carlos Fico (2014)
menciona que a historiografia brasileira cresceu nos últimos 30 anos, especialmente
relacionado à respeito aos estudos sobre a história do Brasil republicano e
principalmente sobre a ditadura militar. Indica, o crescimento de produção

1
O texto é baseado no “relatório técnico-científico final” do projeto de pesquisa - “Para que não se
esqueça, para que nunca mais aconteça”: regimes autoritários e ditadura militar no Brasil, entre o
conhecimento histórico e o conhecimento histórico escolar”. Parte dos resultados foram apresentados
e publicados em anais do III Simpósio dos Ananins e Seminário de Iniciação Científica- UFPA.
2
Graduando em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus Ananindeua, bolsista
PRODOUTOR - Iniciação Científica. E-mail: Elber599@gmail.com. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6385071540053931.
historiografia relacionando com outros cursos interdisciplinares das Ciências
Humanas buscaram a estudar as instituições no regime, também o interesse dos
historiadores em analisar os desdobramentos dos fatos e analisar os momentos
político-social do período militar e principalmente desenvolver metodologias em sala
de aula para o ensino de história.
No ano de 2014, completou-se 50 anos do golpe de 1964, foi marcado por um
Boom de produções historiográficas sobre o período. E o “mercado editorial a partir
de 2014 contribuem sobremaneira para a conformação de determinados imaginários
sobre a ditadura brasileira e seus desdobramentos que possibilitam uma
compreensão mais multifacetada de suas características principais” (PERLATTO,
2017, p.725). Nesse mesmo ano, ocorria a Comissão Nacional da Verdade, no âmbito
Federal as investigações sobre o período militar, os pesquisadores estavam
interessados nas documentações “ultrassecretas” e oralidades de diversos grupos,
movimentos sociais e vítimas envolvidas para pesquisas como “finalidade de examinar
e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período [...], a fim
de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação
nacional” (BRASIL, 2011). Principalmente nesse momento, o mercado editorial
começou observar com mais atenção em novas construções historiográficas sobre o
período, relacionando um olhar mais voltado para a História Social, desconstruindo as
faces dos imaginários diante dos sujeitos heróicos que viveram no regime como sobre
o governo militar e ao mesmo tempo levantou debates no universo acadêmico sobre
a questão se ocorreu um Golpe Civil-Militar ou Ditadura Militar, nos anos 1964 a 1985.
No ensino de História como principal ênfase do texto, os debates da comissão
influenciaram o campo historiográfico como também acrescentou novas narrativas e
documentações para as abordagens no espaço escolar. Segundo a pesquisadora e
historiadora Marta Rovai

“A ideia de garantir o livre circuito das narrativas de pessoas agredidas


nos órgãos de repressão e de agentes do Estado, confrontados no regime
autoritário, é fundamental para se colocar em jogo memórias divergentes,
contribuindo para que um público cada vez maior possa conhecer, reconhecer
e se posicionar diante do passado” (ROVAI, 2019, p. 92).
A garantia das narrativas de vítimas é um caminho para atingir os objetivos em
sala de aula e principalmente incluir nos recursos didáticos de história como uma
ferramenta tanto do professor quanto do aluno, em especial aos alunos do Ensino
Fundamental 2 - 9° ano, como uma fonte, material de construção do conhecimento e
cooperador de compartimento das memórias construídas, para a democratização aos
relatos e conhecer as divergências de memórias dos grupos envolvidos, assim
reconhecer os sujeitos que podem modificar a narrativa e posicionar a uma mudança
ou permanências dos posicionamentos autoritários no Tempo Presente.
Ao longo do projeto, foi pensado os processos da CH nos materiais, alunos e
professores. O que foi posto, portanto, como os alunos experimentaram, avaliam e
relacionam os conceitos em relação aos temas que demandam sensibilidade e
empatia histórica, capacidade de raciocínio e a construção da consciência histórica,
quando refere-se ao período entre as questões ainda não estabelecidas e
esmiuçadas. Destaco a posição do aluno no espaço escolar, como Cerri (2011)
posiciona a questão da criança ou adolescente ao deparar no espaço escolar com as
consciências formadas em traços fundamentais, porém, o debate é fundamental
juntamente com a negociação é a abertura de maneiras de atribuições de sentido ao
tempo que os alunos trazem dentro da visão de mundo deles. O sujeito experimenta
experiências, avaliam o objeto de conhecimento com as experiências individuais ou
relacionando determinada notícia sobre as questões e acabam relacionando com
problemáticas estruturais e continuidades do cotidiano ao universo escolar. Quando o
sujeito se depara no universo da escola com a consciência histórica formada, através
dos debates/argumentações percebemos as influências e valores construídos nos
alunos(as) nas aulas. Entra a questão do diálogo e a troca de informações para atribuir
sentidos de entendimento sobre a ditadura relacionando com senso-comum
(memórias familiares e coletivas).
O último ponto que não poderia deixar de mencionar em rápidas colocações é
sobre as questões de Memória e Consciência Histórica. A memória é algo subjetivo e
construído pelo sujeito, ao mesmo tempo faz que o sujeito interfere nos fatos, Le Goff
(1989) menciona o processo de memória no homem, faz intervir não somente na
ordenação de vestígios, também a releitura desses vestígios. Significa que o sujeito
interfere no processo e organização das lembranças dos momentos como uma nova
interpretação dos fatos ocorridos, como exemplo Livro didático é um espaço de
disputas de memórias construídas por grupos editoriais e sociais envolvidos na
sociedade, como um “jogo de forma importante de luta das forças sociais pelo poder”
(LE GOFF, 1989, p. 426). E a Consciência Histórica Para Jorn Rüsen (1992) possui a
função de ajudar-nos a compreender a realidade passada para o entendimento no
tempo presente. Ela é comparada como uma bússola, direcionando ao passado para
buscar entender e levar um entendimento sobre o fato no tempo presente. Mediante
a orientação, o indivíduo busca refletir as condições de construir um pertencimento
[identidade] e principalmente uma aprendizagem para desenvolvimento intelectual e
fortalecimento desenvolvimentista. Então, significa de maneira objetiva para “Rüsen
uma categoria que se relaciona a toda forma de pensamento histórico, através do qual
os sujeitos possuem a experiência do passado e o interpretam como história”
(MARRERA; SOUZA, 2013, p. 1070).

OBJETIVOS
O objetivo geral do projeto foi seguido no decorrer da iniciação científica com a
questão da construção do saber histórico em relação à ditadura militar no Brasil e
como o mesmo se desdobra em saber histórico escolar tendo como base a formação
da consciência histórica dos alunos. E os específicos foram: Observar os professores
do 9° ano como se desenvolveu os debates sobre a ditadura militar, analisar os livros
didáticos aprovados pela PNLD 2020 (Plano Nacional do Livro Didático) e
posteriormente construir os resultados do levantamento, elaborar possíveis
mecanismos de construção de consciência histórica do professor ao aluno, e produzir
trabalhos ou artigos acadêmicos com os resultados do projeto, baseados nos dados
de análise e observação [no ano de 2019 a março de 2020

RESULTADOS

1. Balanço Historiográfico
Interessante afirmar, “a escassez de fontes documentais não existe mais: o
regime militar brasileiro preservou muitos acervos, vários deles abertos à consulta
pública desde o final dos anos 1980 – abundância que me sugeriu a expressão
“ditadura documentada” (FICO Apud FICO, 2017, p.8). O regime deixou inúmeros
documentos em acervos para os pesquisadores como forma de afirmação da memória
e o entendimento dos fatos e atitudes dos militares, consequentemente deixou
vestígios fundamentais para os historiadores investigarem, formulações de hipóteses
e interpretações. Com os acontecimentos ocorrido no ano de 2014, levou as pesquisas
para a realização do balanço de publicações sobre o período e o local de busca das
publicações foram -“Portal de Periódicos da Capes”, “Google Acadêmico/ Sholar” e
“Repositório da UnB”.

TABELA 1:

PUBLICAÇÕES SOBRE “DITADURA MILITAR”, PUBLICADAS EM 2014 -


SITE PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES,BUSCA SIMPLES. IDIOMAS:
INGLÊS, ESPANHOL E PORTUGUÊS.

RESULTADO DE BUSCA 336

REVISADO POR PARES 260

ARTIGOS 321

LIVROS 5

RECURSO TEXTUAL 5

RESENHA 2

TESES 2
Fonte: portal de periódicos da CAPES. Soares (2020)
TABELA 2:

PUBLICAÇÕES SOBRE“DITADURA MILITAR”, PUBLICADAS EM 2014 -


SITE PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES. BUSCA SIMPLES. TODOS
IDIOMAS.

RESULTADOS 345

REVISADO POR PARES 266

ARTIGOS 330

LIVROS 5

RECURSO TEXTUAL 5

RESENHA 2

TESES 2
Fonte: portal de periódicos da CAPES. Soares (2020)
Buscou analisar de forma organizada as publicações referentes à "ditadura
militar” publicadas até o ano de 2014, para compreender a questão dos crescimentos
de produções historiográficas e também voltado ao ensino de História. A tabela mostra
uma quantidade excelente de publicações armazenadas no portal de periódicos sobre
a ditadura e a quantidade publicada de artigos nesse período. E os dados coletados
e montados pelo projeto é a prova que houve um crescimento significativo ou
popularmente o Boom de produções.
Outro exemplo que prova o crescimento de produções é o Google Acadêmico,
site popular de armazenamento de livros e artigos científicos.

GRÁFICO 1:

Fonte: Google Acadêmico. Montado por Soares (2020)

Na plataforma do Google, foi realizada a pesquisa geral usando o termo “ditadura


militar”> qualquer idioma. No site mostrou uma quantidade significativa em 2014 de
pesquisas sobre o objeto de conhecimento com 15200 publicações sobre o tema,
entre livros, artigos e outros materiais. Em 2015 a 2018, houve um crescimento de
aproximadamente 3600 de produções, significando em 2014 uma cooperação,
estimulo a produções e construções dos novos saberes históricos, incluindo no ensino
e metodologias em sala de aula.
No decorrer da pesquisa, utilizamos o repositório online da Universidade de
Brasília (UnB) para comprovar o crescimento de produções. Entretanto, o crescimento
de produções sobre a ditadura ocorreu em 2014, na maioria dos portais e repositórios;
na UnB ocorreu o oposto, o auge de publicações ocorreu em 2010 -140 dissertações
e 61 teses e 2011-188 e 98 respectivamente.

Gráfico 2:

Fonte: Desenvolvido por Soares (2020)


A partir de 2012 começou a cair; no ano de 2014, o ano dos 50 anos do regime
seria o auge de publicações, na universidade tiveram 5 publicações de dissertações
e nenhuma tese publicada. Os motivos dos poucos trabalhos desenvolvidos nesse
ano, não podemos afirmar as causas que levaram a baixa quantidade, pois o objetivo
da análise era a verificação e a realização do balanço qualitativo da quantidade de
publicações. Fica a critério do leitor, as questões dos questionamentos das causas.
2. Análises no Livro Didático de História (LDH) - considerações e
construções.
Antes da pandemia, foram feitas observações de campo em sala de aula, com
duração aproximada de um mês e análises nos materiais didáticos da instituição
tendo em vista as questões da formação da consciência histórica dentro da fonte e
nos sujeitos envolvidos. Procurou-se investigar sobre as construções dos saberes
históricos e escolar sobre a ditadura militar brasileira, envolvendo a memória inserida
nos livros didáticos e verificando como os professores organizadores construíram as
narrativas. Assim, foram analisados três livros, conforme montado na tabela abaixo.
Tabela 1: Identificação das obras didáticas e capítulos sobre o tema

OBRAS DIDÁTICAS DE HISTÓRIA - 9° ANO

LIVRO 1 LIVRO 2 LIVRO 3

OBRA História. Doc História Sociedade & História Escola e


Cidadania Democracia

TÍTULO DO “A Ditadura Civil- “Ditaduras na América “A Ditadura Militar


LIVRO Militar no Brasil” Latina” (capítulo 13) no Brasil” (capítulo
(capítulo 11) 11)

Fonte: Elaborada por Soares (2020)


A análise dos dados permitiu múltiplas possibilidades de construções
interpretativas com base nas leituras e relacionado a intencionalidade dos autores
para chegar a lógica apresentada no livro. Cada obra e capítulo, contém a narrativa
dentro da consciência histórica do organizador ou grupos ligados e envolvidos no
período, contendo a representatividade narrativa. Assim, os dados deram
possibilidades de interpretações, usando como base a BNCC e correntes
historiográficas. O primeiro livro, menciona no capítulo 11 - “A ditadura civil-militar no
Brasil”. Reforça as ideias do Carlos Fico (2014) sobre os militares tomaram o poder
mediante um golpe contando com o apoio dos deputados e senadores conservadores,
religiosos influentes e entidades públicas conhecidas como a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), colaborando com
derrubada do presidente Goulart. Os autores do livro 1 utilizaram como base os
estudos do Carlos Fico e as memórias dos grupos e movimentos sociais que resistiram
no período para formalizar as interpretações.
Segunda e a terceira obra, o capítulos correspondem uma possibilidade de
utilização das ideias historiográficas do historiador Daniel Reis (2010) defende que
houve sim, uma ditadura no país com apoio de diversas camadas civis e políticas, no
entanto, ao efetuar o golpe de Estado no presidente Goulart, não foram os civis
juntamente com os militares que efetuaram o golpe e sim os Generais do Exército
Brasileiro; e decorrer dos anos tornou-se uma ditadura. Nessa possibilidade, os
autores do “História sociedade & democracia” e o “História escola e democracia”
utilizaram a teoria do Reis ao abordar sobre o conteúdo, utilizando o entendimento
sobre Ditadura Militar para explicar as narrativas sobre a tomada do poder,
favorecendo a ideia de uma história positivista e dos “grandes heróis" e principalmente
utilizando a memória erudita (acadêmica) e oficial (elaborada pelo Estado).
Percebemos que a fonte mencionada (livro didático) carrega narrativas diante
das demandas sociais, para o favorecimento de elites midiáticas, militâncias de
Esquerda e outros. Importante ressaltar que “os livros didáticos são portadores de um
discurso peculiar, a narrativa histórica escolar, que é uma síntese resultante das
apropriações realizadas pelos seus autores diante de demandas sociais” (ROCHA,
2017, p. 245). Assim, elaboramos quadros e fluxogramas com as possíveis maneiras
de construções de CH, baseados nas experiências em sala de aula e teoricamente.
Figura 1:

Fonte: Elaborada por Soares (2020)

Figura 2:
Fonte: Elaborada por Soares (2020)

O autor é o terminal do processo, significa o sujeito no início da formação da CH;


através do terminal gera a vivência é a preparação significando para Rüsen (1992) a
capacidade de aprender o olhar do passado e ter experiências temporais. Levando ao
processo do entendimento do autor em relação à ditadura, criando a competência de
“habilidade para reduzir as diferenças de tempo entre o passado, o presente e o futuro
através de uma concepção” (RÜSEN, 1992, p. 10). O estudo é o atraso trazendo uma
ideia de uma pausa do autor ao construir as ideias dos estudos historiográficos de um
período, principalmente relacionado à ditadura. A decisão é a ditadura militar,
mostrando o tema e direção determinada para os documentos a construção das
informações sobre o período e assim formando o processo pré-definido - geração das
narrativas coletadas e analisadas sobre o fato, levando a entrada manual da
construção que é a elaboração do LDH ligando e classificar a historiografia [hist.] e a
Narrativa Construída [N.C] do autor levando ao conector significando a inspeção do
Estado conduzido pelo MEC sobre a obra e fará o processo de definição do que será
selecionado e incluído no livro, obedecendo as normas técnicas do ministério e a
ideologia do Governo até chegar ao armazenamento interno indicando o LDH
elaborado pelo organizador do material, carregado de narrativas e memórias, levando
ao processo final de consciência histórica construída. Porém, no final do processo
surge o processo de limite de loop formando o início dos embates dos
saberes/narrativas e “atrapalhando” o desenvolvimento final da construção da CH,
formando uma constância conhecido popularmente como “círculo vicioso” entre o LDH
construído, do professor e do aluno. No segundo esquema é sem o embate (limite de
loop) de memória -narrativas não geradas entre o professor e o aluno em sala de aula.
Levantando a hipótese: o professor desenvolve uma consciência e não aplica os
debates em sala de aula com coerência sobre a ditadura e prática um ensino metódico
repassar o objeto de maneira conteudista, sem incentivar ao aluno uma reflexão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, trabalhar com a Ditadura Militar trouxe novas informações e
conhecimentos sobre o período voltado ao ensino de História aos alunos do ensino
básico. No ensino de História, houve avanços nos debates do período militar, como a
questão dos livros didáticos a qual desenvolvi nas pesquisas e dentro do plano de
trabalho, mostrou como a CH é construída pelos autores dentro das suas
experiências, práxis [teoria e prática] e a interpretação sobre o período, fazendo
comparações possíveis dos processos e ligações da consciência histórica para
construção das narrativas do objeto de conhecimento baseado no posicionamento do
autor, afetando positivamente ou negativamente os sujeitos ao utilizarem o LDH.
Aprendemos na Iniciação Científica, sobre a questão dos debates sobre as
crenças dos vestígios que são as documentações geradas por grupos dominantes
com pretensão de gerar uma narrativa histórica como uma “verdade absoluta” e torna-
se uma fonte que a leitura não passa por uma crítica e questionamentos sobre o
período, consequentemente, afeta no universo escolar. Destaco a citação de Carlos
Fico (2017, p. 19) “Há algum debate, especialmente relativo à crença sobre o acesso
ao real por meio dos vestígios, à construção da narrativa histórica com pretensão de
verdade porque fundamentada em documentos e assim por diante”.
Os resultados levaram em consideração a importância dos estudos de Rüsen,
voltados à importância dos conceitos de consciência histórica no universo escolar,
especificamente a sala de aula. Rüsen (1992) cita que a consciência histórica evoca
o passado como espelho da experiência na qual reflete na vida presente e revela.
Desse modo, a importância do debate sobre ditadura com os alunos, reforça a
importância do CH para a prática no tempo presente e trazer a lembrança do passado
para refletirmos sobre os acontecimentos do passado e para a desconstrução das
continuidades do passado e gerar mudanças graduais a longo prazo no cotidiano
escolar e social.
REFERÊNCIAS
BRASIL, LEI Nº 12.528, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. Cria a Comissão Nacional da Verdade no
âmbito da Casa Civil da Presidência da República. Brasília, DF. Novembro 2011. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12528.htm. Acesso em: 11 Mai. 2020.
CERRI, Luís Fernando. Ensino de história e consciência histórica. Rio de Janeiro: editora FGV,
2011.
FICO, Carlos. O golpe de 1964: momentos decisivos. Rio de Janeiro: FGV, 2014.
FICO, Carlos. Ditadura militar brasileira: aproximações teóricas e historiográficas. Revista Tempo e
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LE GOFF, Jacques. História e memória. 2ª ed. Campinas : Editora da Unicamp, 1989.
MARRERA, F. M; SOUZA, U. A de. A tipologia da consciência histórica em Rüsen. Revista Latino-
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MARTINS, Estevão de Rezende. Consciência Histórica. In: FERREIRA, Marieta de Morais; OLIVEIRA,
Margarida Maria Dias de (Org). Dicionário de ensino de História. Rio de Janeiro: FGV, 2017. p. 55-
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PERLATTO, Fernando. História, literatura e a ditadura brasileira: historiografia e ficções no contexto do
cinquentenário do golpe de 1964. Estudos Históricos. Rio de Janeiro. V. 30, n° 62. p. 721-740,
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REIS, Daniel Aarão. Ditadura, Anistia e reconciliação. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 23, n°
45, p. 171-186. Janeiro/junho, 2010. Disponível em:
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ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira. Ensino de história e a história pública: os testemunhos da Comissão
Nacional da Verdade em sala de aula. Revista História Hoje, São Paulo, v.8, n°15, p. 89-110, 2019.
RÜSEN, Jörn. El desarrollo de la competencia narrativa en el aprendizage histórico: una hipóteses
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tradução: Maria Auxiliadora Schmidt.
SOARES, E. L. T; MESQUITA, T. B de. Ditadura Militar e ensino de História: formação da memória e a
construção de uma consciência histórica nos livros didáticos da Escola de Aplicação-UFPA. In:
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dos Ananins: ensino, pesquisa, extensão. Layane de Souza Santos (org.); Athos Matheus da Silva
Guimarães (org.). Ananindeua (PA): Editora Cordovil E-books, 2020. p. 62-73.
SOARES, E. L. T. Regimes autoritários e Ditadura Militar no Brasil: História e historiografia, 2020
(Relatório de pesquisa).

FONTES

Repositório da Universidade de Brasília (Online) - Teses sobre “Ditadura Militar no Brasil”, entre 2010
a 2020; Dissertações sobre “Ditadura Militar no Brasil”, entre 2010 a 2020

Portal de Periódicos da CAPES -“Ditadura Militar”.Todas as línguas, ano 2014 to 2014.

Google Scholar (Google Acadêmico) - “Ditadura Militar”. Textos em Espanhol, Inglês e Português, entre
2014 a 2018; “Ditadura Militar”. Textos de todas as Línguas, entre 2014 a 2018

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