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Sendo assim, será um dos objetivos dessa pesquisa mostrar como a produção
discursiva ficcional e utópica originária com a revolução digital foi produzida por
pessoas comuns, que ao produzirem sua literatura causaram impacto considerável sob o
imaginário social: “Eram cruzados tecnológicos, convictos que estavam modificando o
mundo como acabaram mesmo fazendo” (CASTELLS p.104, 2017).
Assim, por meio da produção do conteúdo discursivo delimitado pela cultura digital
iniciou-se o processo de conexão de computadores no interior do sistema de defesa
estadunidense nas universidades de Santa Bárbara, Stanford, Los Angeles e Utah. A
criação dessa rede de canais de comunicação interpessoal nos mais variados níveis
possibilitou a emergência de um novo espaço de experiência (ciberespaço), e a
efetivação das chamadas comunidades virtuais e da chamada sociedade em rede, como é
possível notar na obra A Sociedade em Rede de Manuel Castells e Cibercultura de
Pierre Lévy.
“(...) Ted Nelson que, em seu panfleto de 1974, “Computer Lib”, convoca o
povo a usar o poder dos computadores em benefício próprio. Nelson imaginou um novo
sistema de organizar a informação batizou de “hipertexto”, fundamentado em remissões
horizontais” (CASTELLS p.106, 2017).
“- Autonomia, esse é o busílis com relação a sua IA. Minha aposta Case, é que
você está indo até lá cortar as algemas de hardware que impedem essa coisinha fofa de
ficar mais inteligente.” (GIBSON p.161/162, 1984). Imerso, em um imaginário coletivo
como o que orientou a criação da utopia filosófica de Ted Nelson, o pós segunda guerra
e a guerra fria, como já foi descrito anteriormente, influenciou a criação de um universo
totalmente distópico, militarizado e diferente de cibercultura que posteriormente vai
ganhar materialidade na sociedade no final dos anos mil novecentos e oitenta.
3. OBJETIVOS
Os objetivos devem estar especificados em “gerais” e “específicos”.
Gerais:
Específicos:
4. REFERENCIAIS TEÓRICOS
Partindo da perspectiva francesa da história das mentalidades, ramo teórico que vai
se sobrepor a história das ideias ou mesmo história intelectual, que englobam os campos
da história da filosofia, história da arte ou história da literatura, que também pode ser
definida como história social das ideias ou história sociocultural como é possível
perceber em Chartie (2002).
Segundo essa tradição historiográfica a comparação entre consciência e pensamento
se dá de uma nova maneira, mais próxima da tradição durkheimiana da sociologia,
deixando claro que esquemas e mesmo conteúdos de pensamentos, mesmos aqueles
expressados por determinados indivíduos, estão correlacionados, no inconsciente e estão
interiorizados em um determinado coletivo, sem que isso seja explicitado, esses
elementos em comum se traduzem por exemplo, por um sistema de representações e um
sistema de valores.
Um dos objetos maiores da história da psicologia coletiva é, com
efeito, constituído pelas ideias-forças e pelos conceitos essenciais que
habitam o “mental coletivo” (a expressão é de Dupront) dos homens
de uma época. As ideias, apreendidas através da circulação das
palavras que as designam, situadas em seus enraizamentos sociais,
pensadas em sua carga efetiva e emocional tanto quanto em seu
conteúdo intelectual, tornam-se assim exatamente mitos ou valores,
uma destas “forças coletivas através das quais os homens vivem seu
tempo”, portanto, um dos componentes da “psique coletiva” de uma
civilização. Aqui, há como que uma conclusão da tradição dos
Annales, tanto na caracterização fundamentalmente psicológica da
mentalidade coletiva quanto na redefinição do que deve ser a história
das ideias, ressituada em uma exploração global do mental coletivo
(CHARTIE p.36/37, 2002)
Chartie (2002) vai recorrer a Lucien Febvre para dizer que em relação a história das
mentalidades é essencial constituir uma articulação entre os pensamentos e o social,
para amparar tal análise, recorre ao conceito de “visão de mundo” retirado de Lukács,
permitindo assim compreender um conjunto de sentimentos, ideias e aspirações em
comum de um determinado grupo, geralmente da mesma classe social e contrapor a
outros grupos ou classes sociais, permitindo assim atribuir uma significação e posição
na sociedade de textos filosóficos e literários, mostrando assim, um todo coerente sob o
qual as obras singulares devem ser relacionadas.
Na verdade, o que se deve pensar é como todas as relações,
inclusive aquelas que designamos como relações econômicas ou
sociais, organizam-se segundo lógicas que colocam em jogo em ação,
os esquemas de percepção e de apreciação dos diferentes sujeitos
sociais, portanto, as representações constitutivas do que se pode
chamar de uma “cultural”, quer seja comum a toda uma sociedade,
quer seja própria a um grupo determinado (...). Pensar diferentemente
a cultura, e portanto, o próprio campo da história intelectual, exige
concebe-la como um conjunto de significações que se enunciam nos
discursos ou nas condutas aparentemente menos “culturais”, como faz
Clifford Geertz: (O conceito de cultura ao qual adiro (...) designa um
conjunto de significações historicamente transmitido e inscrito em
símbolo, um sistema de concepções herdadas expressas nestas formas
simbólicas por meio da quais os homens comunicam, perpetuam e
desenvolvem seu saber sobre a vida e suas atitudes diante dela)
(CHARTIE p.59/60, 2002)
De acordo com Keselleck (1979) o que causa impacto sobre homens são narrativas
que se constroem acerca dos fatos, seguindo essa ideia as palavras possuem um poder
peculiar, sem a qual, o sofrer e o fazer dos homens sequer seriam transmitidos, essa
concepção foi retirada o Epiteto e vai remeter a uma retorto a relação, entre as palavras
e as coisas, linguagem e mundo, espirito e vida, consciência e existência, assim parte-se
do princípio que sem conceitos em comum não pode haver uma sociedade.
Dessa forma o conceito é muito mais complexo do que a simples interpretação de
comunidades linguística organizadas sob conceitos-chave, ele deriva de sistemas
político-sociais que vão variar de acordo com a especificidade de cada sociedade, o quer
dizer que a história dos conceitos, aqui apresentada, não se prende somente ao
significado léxico dos termos, mas todo o contexto social, político e cultural que o
cercam:
Delimitaremos as reflexões seguintes entre dois pressupostos: não
se tratará aqui da história da língua, nem mesmo como parte da
história social, mas sim apenas da terminologia política social
considerada relevante para o campo da experiência da história social.
Além disso, consideraremos preferencialmente conceitos cuja
capacidade semântica se estenda para além daquela peculiar às
“meras” palavras utilizadas no campo político e social (KOSELLECK
P.98, 2006).
É relevante para tal análise que se entenda claramente, a partir de que momento os
conceitos passam a ser empregados de forma mais rigorosa, mostrando assim as
transformações sociais e políticas com profundidade histórica, que consequências estes
conceitos impactaram na sociedade, como por exemplo, os conceitos que já foram
citados anteriormente, como hipertexto e cibercultura, e para Koselleck (1979) a
definição de conceito é:
Sob a perspectiva da história das mentalidades, que segundo Chartie (2002) é mais
exercida do que teorizada, que vai compreender-se a mentalidade como elemento
comum entre homens, do qual até mesmo o indivíduo mais singular partilha desse
sistema de pensamento, é o método que vai embasar o cotejamento entre um discurso de
utopia filosófica representada aqui projeto Xanadu, projetado por Ted Nelson e que teve
sua gênese no final dos anos 1960 e uma distopia literária ficcional em forma de
romance denominada Neuromancer, cujo autor é William Gibson e ela foi lançada no
ano de 1984.
Para tal feito, levar-se-á em conta os conceito de hipertexto e hiperdocumento para
além da simples análise linguística, como, por exemplo, a história intelectual ou
filosófica, que pode ser apreendida, neste caso através do hipertextos apresentados no
site www.xanadu.com e da entrevista concedida por Ted Nelson no programa Roda
Viva no ano de 2007 e a maneira como esses conceitos reverberaram no imaginário
coletivo de acordo com a ideias apresentadas por Roger Chartie em sua obra: Á beira da
falésia: A história entre certezas e inquietude
Nessa mesma perspectiva apresentada na obra citada anteriormente, também
pode ser estabelecida em relação a obra Neuromancer, posto que trata-se de um discurso
literário que vai inaugurar novos conceitos como cibercultura e ciberespaço, e esses
conceitos como é possível apreender a partir da obra de Koselleck, vão surgir primeiro
enquanto discurso, aqui no caso literário antes de ganhar materialidade na sociedade
apenas posteriormente.
Nesse sentido, então a história dos conceitos é primordialmente um método
especializado de crítica das fontes que prima pelo uso dos termos que Koselleck (1979)
vai designar como relevantes e fundamentais, do ponto de vista político, social e
cultural, no caso deste projeto, para compreender a maneira como estes conceitos se
desenvolvem e “impregnar” na sociedade em rede.
6. BIBLIOGRAFIA
AMADEU, Sérgio S: Aaron Swartz e as Batalhas pela Liberdade do Conhecimento,
SUR. Revista Internacional de Direitos Humanos, v.1, n.1, p. 7-16, São Paulo, 2004.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, vol. 1, São Paulo: Paz e Terra, 2017.
DARNTON, Robert: A questão dos livros: passado presente futuro. São Paulo:
Companhia das letras, 2010.
HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 13 ed. São Paulo: Edições Loyola. 2004
7. CRONOGRAMA
Atividade Data
Levantamento Bibliográfico Até julho de 2020
Aprofundamento das fontes De julho até Janeiro de 2021
Participação de Congressos Em todo o período
Elaboração da dissertação Até setembro de 2021
Qualificação da Dissertação Data
Defesa de Dissertação Data