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HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

Simone

São Paulo
2023
A busca da compreensão dos acontecimentos históricos faz-se presente desde que o
mundo é mundo. A evolução dos fatos e da capacidade da compreensão humana quanto
a sua própria evolução, faz da História uma disciplina de atividade única, com
intercorrências inerentes aos acontecimentos relativos ao tempo, posicionamento
político, social e cultural, e, desta forma, relatar e apropriar- se de conhecimentos atuais
e remotos, faz com que a percepção da realidade vivida seja entendida, analisada e
aperfeiçoada em tempos futuros.
O estudo escolar neste disciplina é de suma importância para entendimento dos fatos, e
desta forma, a rede de ensino em todas as etapas da vida, vêm buscando a facilitação de
aplicação da disciplina como uma forma da História ser e estar presente no cotidiano
das pessoas e principalmente dos estudantes, para que despertem seu interesse de
análise, pesquisa e compreensão dos fatos.
Esse estudo busca apontar a evolução do ensino na disciplina relacionada, com ênfase
no Ensino Médio, onde jovens e adultos necessitam de estímulo e criatividade na
metodologia para que possam ter uma análise crítica e de interesse comum para
entendimento geral.
Palavras-chave: Ensino Médio, História, Metodologia.

The search for understanding historical events has been present since the world has been
a world. The evolution of facts and the capacity of human understanding regarding their
own evolution, makes History a discipline of unique activity, with intercurrences
inherent to events related to time, political, social and cultural positioning, and, in this
way, reporting and appropriating them. whether current or remote knowledge, it ensures
that the perception of lived reality is understood, analyzed and improved in future times.
School study in this subject is extremely important for understanding the facts, and in
this way, the education network at all stages of life has been seeking to facilitate the
application of the subject as a way for History to be and be present in people's daily
lives. and mainly of students, so that they awaken their interest in analysis, research and
understanding of the facts.
This study seeks to point out the evolution of teaching in the related discipline, with an
emphasis on high school, where young people and adults need stimulation and creativity
in the methodology so that they can have a critical analysis and common interest for
general understanding.
Keywords: High School, History, Methodology.
A inserção da História como Disciplina Escolar

Em meados do século XVIII se estabeleceu em bojo de um histórico processo de


culturas sociais, rupturas políticas e culturais, a necessidade de documentar e estruturar
os fatos históricos ocorridos no Brasil, pois tal ato significava, além de não se perder
nas lacunas do tempo e do esquecimento, determinar a própria história da nação
brasileira, a própria identidade de um povo e de como esta poderia ser contada e
relembrada.
Partindo da compreensão de que esta época é marcada ainda pela constância dos
portugueses, estes oriundos de uma transferência compulsória de país por motivos da
vinda de D. João VI ao Brasil, criou-se uma assembleia composta por 27 membros,
sendo eles a maioria de nacionalidade portuguesa, influenciados pelas ideias e ideais da
Revolução Francesa. Somente em meados dos anos de 1850 essa assembleia foi aos
poucos sendo compostas por nacionalidade brasileira.
Baseado no Institute Historique de Paris, visto a influência francesa, Januário da Cunha
Barbosa fundou o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), em 21 de outubro
de 1838, com sede no Rio de Janeiro, com fomento de ser centro de estudos e de
pesquisas para que o país pudesse ter documentados os fatos históricos, dado o interesse
do imperador D. Pedro II em manter registrados os eventos ocorridos. O IHGB deu
origem a duas diretrizes centrais, que visavam principalmente a coleta e a publicação de
documentos históricos e o incentivo à inserção dos estudos históricos nas escolas,
ficando como responsabilidade do Instituto, a didática que remonta o nascimento da
disciplina e o estudo de forma metodológica deste campo teórico que abrange o
conhecimento e o desenvolver da história brasileira, passando pelos mais distintos
períodos, desde o Período Pré-cabralino (nome que faz referência ao período antes do
descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral) até a fase do Brasil atual, com
dinâmicas de políticas e culturas, com variações sociais e individuais de um povo
composto de múltiplas descendências, vasta história e uma cultura diversificada e
muitos campos de estudo, implicando uma variação de pessoas com formação voltada
para este campo de conhecimento e envolvidas neste processo evolutivo.
Vale ressaltar ainda, os diversos patamares que as escolas atingiram ao longo do tempo,
como a Nova Escola Positivista, tendo forte interferência sobre o positivismo no Brasil,
mas, após a Primeira Grande Guerra, este sistema começou a ser questionado pelas suas
funções cívicas surgindo então, a partir destes questionamentos, novos caminhos e
novas visões de estudo, dando formação a uma nova identidade nacional civil brasileira.
Dá-se então início ao escolanovismo, movimento contundente que defende a
democracia, respeitando o individualismo e a capacidade de reflexão do ambiente em
que se vive, dos fatos remotos e de como cada circunstância da história leva a possível
modificação da realidade e a capacidade do indivíduo de inserir-se a ela enquanto
sociedade.
Segundo TEIXEIRA, 1999 “[...] a cada indivíduo um lugar na sociedade,
correspondendo as suas capacidades naturais, sem qualquer restrição de ordem social,
econômica ou de nascimento.”
Nasce então a educação escolarizada que possibilita o cidadão a um pensamento liberal,
integrado a democracia, pensante e atuante.
De acordo com Carlos Frederico de Martins, membro constituinte do IHGB, em 1844,
“...A História é mestra, não somente no futuro como também no presente. Ela pode
difundir entre os contemporâneos sentimentos e pensamentos... sobre o patriotismo".

A Evolução da História do Brasil no Ensino


Em meio a datas, eventos, nomes e locais, havia embutido em D. Pedro II o intuito de
implicar um sentido político em relação a monarquia brasileira, explícita nas narrativas
dos acontecimentos documentados e inseridos nas escolas, pois o IHGB tornou-se o
centro de pesquisas e estudos referência da época, inibindo qualquer outra fonte de
informação não documentada. Tal condição foi válida acerca dos anos 1930, quando no
governo getulista, a história passou a ser discutida e voltada para os campos
socioeconômicos do país, visto que o militarismo inseria uma base moldura de
memorização, tradicionalismo educacional e obediência, em contrapartida com a
democratização e liberdade de expressão, foi quando no ano de 1946, uma nova
constituição reintegrou a democracia e o autoritarismo do Estado Novo foi derrubado
devolvendo à população o direito ao voto popular.
Ante essa dinâmica de poderes e jogos políticos, o país foi cenário constante de
rebeliões populares, revoltas e lutas por participação democrática da população,
buscando direitos quanto à participação dos fatos e ocorrências viventes, sendo
enclausurados na maioria das vezes na obscuridade dos acontecimentos políticos e
sociais, tendo uma educação limitada quanto aos fatos.
Segundo CERRI, Luiz Fernando (2003), A resistência à criação dos cursos de Estudos
Sociais envolveu diversas entidades ligadas a área – Associação Nacional dos
Professores Universitários de História (ANPUH) – Associação de Geógrafos do Brasil
(AGB), Departamentos de História de várias universidades brasileiras e, a Associação
Nacional de pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) – que em suas
publicações e encontros registrara seu repúdio àquelas medidas, denunciando seu
caráter político-ideológico e a concepção de ensino de História a elas subjacentes.
Podemos perceber que mesmo com toda a compreensão do que se passou na História
nesse período, a realidade enquanto uma sociedade anônima dos defensores do
desenvolvimento social se mantiveram presentes, ganhando força e fazendo os
apontamentos dos indivíduos excluídos, buscando pelas melhorias e da interpretação
crítica, sem o consenso estatal e evolução educacional, influenciando em formas
didáticas de explicitar através dos ensinos de geografia e história na esfera coletiva, não
somente de acordo com o militarismo e desta forma, a História do Brasil foi
disseminada juntamente com as disciplinas de Moral e Cívica e Organização Social e
Política Brasileira (OSPB), fazendo com que as desigualdades sociais fossem
entendidas como fatores naturais da evolução histórica.
Conforme consta nas Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Lei nº 5692, de 11 de
agosto de 1971, ficou determinado:
Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a
formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de
auto realização, qualificação para trabalho e preparo para o exercício consciente da
cidadania.
E para que não houve interpretação e interferência dos professores ficou estabelecido:
Art. 4º Os currículos do ensino de 1º e 2º graus terão um núcleo comum obrigatório em
âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as necessidades e
possibilidades concretas, às peculiaridades locais aos planos dos estabelecimentos e às
diferenças individuais-dos-alunos.
§ 1º Observar-se-ão as seguintes prescrições na definição dos conteúdos-curriculares:
I - O Conselho Federal de Educação fixará para cada grau as matérias relativas ao
núcleo comum, definindo lhes os objetivos e a amplitude.
II - Os Conselhos de Educação relacionarão, para os respectivos sistemas de ensino, as
matérias dentre as quais poderá cada estabelecimento escolher as que devam constituir a
parte diversificada.
III - Com aprovação do competente Conselho de Educação, o estabelecimento poderá
incluir estudos não decorrentes de matérias relacionadas de acordo com inciso anterior.
§ 2º No ensino de 1º e 2º graus dar-se-á especial relevo ao estudo da língua nacional,
como instrumento de comunicação e como expressão da-cultura-brasileira.
Quando nos referimos à História do Ensino e da História no Brasil, percebemos que
ambas se difundem na própria história do pais. Muitos estudos e pesquisas relacionadas
desde a era do Descobrimento do Brasil até os dias atuais são encontrados, sempre com
variações voltadas ao poder político. Os programas curriculares assim como toda
interseção com a didática aplicada, travou grandes batalhas a fim de expor a história
como ela é e por essa razão, é tão importante este relato anterior para que possamos
compreender com plenitude os caminhos traçados pela disciplina aplicada na rede
educacional da atualidade.

As diferentes formas de aplicação de História


Pra entendermos como é aplicada a disciplina de história no Brasil na atualidade tendo
como parâmetro a introdução da disciplina no surgimento desta, foi realizada um
pesquisa de campo em escolas públicas e escolas particulares, com alunos, professores e
pais, dos dois âmbitos, abordando grades curriculares e aplicação do ensino.
Escolas Particulares:
a) Os alunos abordados informaram não serem muito adeptos a disciplina, no entanto
relataram que a escola propõe diversas formas de aplicação e interação estudantil,
utilizando-se de tecnologia como aplicativos e site que direciona o aluno podendo
ou não ser de interação. A maioria dos alunos conseguem cantar o Hino Nacional
completo. Dispõem de biblioteca física e virtual para pesquisas, no entanto a
maioria relata que nunca sequer entrou na biblioteca física. Os alunos contam
ainda com apostilas impressas onde acompanham por slides passados em sala de
aula pelos professores com explicação do mesmo. Os alunos grifam os tópicos de
maior importância a fim de realizarem exercícios já existentes nas próprias
apostilas. São realizados trabalhos com cunho explicativo por parte dos alunos e
eventualmente realizam fabricação de maquetes e trabalhos ilustrados para fixação
da matéria proposta. As provas são realizadas individualmente e as notas podem
ser acompanhadas por pais e alunos através do aplicativo ou ainda através do site.
A escola realiza reuniões esporádicas com pais e mestres para pontuar questões de
interesses de todos.
A maioria das escolas particulares visitadas, tem ênfase na História do Brasil,
fazendo apontamentos nas datas de importância para o país e datas comemorativas
culturais. Passam pela história de conhecimento geral para entendimento da
história atual brasileira e sobre os fatos importantes no mundo.

b) Os professores da rede privada, possuem um campo de formação mais amplo


sendo uma grande maioria com formação mais avançada, como mestrado e
doutorado. Apresentaram uma preocupação maior com o contexto da história na
formação pedagógica, mas atenuam que a disciplina é mais voltada ao preparatório
para vestibular e afins. Apontam uma necessidade de mais tempo na grade
curricular vigente, pois alegam não terem tempo hábil para ministrar toda a
matéria, o que torna a disciplina um tanto mecânica, tendo como permuta
constante entre professores e alunos o fator nota de boletim.
A grande maioria demonstra satisfação na execução de seu trabalho quanto á
remuneração financeira, mas apresentam-se igualmente desanimados quanto ao
desinteresse dos alunos na disciplina.

c) Os pais dos alunos da rede privada de ensino demonstraram preocupação com seus
filhos quanto a aprendizagem de sua história e a forma como serão inseridos na
sociedade com o conhecimento adquirido em seus anos de formação pedagógica.
Acham importante o vínculo pais-escola-professores a fim de acompanharem de
perto o desenvolvimento de seus filhos, visto que a maioria deles nesta fase estão
na pre adolescência ou já na adolescência. A maioria informou acompanhar de
perto os estudos de seus filhos com acesso ao aplicativos disponíveis pelas escolas,
sites e apostilas, assim como conferem o material de estudos de seus filhos
assiduamente. Enxergam a escola como centro valorizado de formação e o tempo
de permanência de seus filhos na escola como importante pilar para formação dos
mesmos, preparando-os para a fase adulta em pose dos conhecimentos adquiridos.

Escolas Públicas:
a) Os alunos abordados informaram não serem muito adeptos a disciplina, no
entanto, gostam dos momentos cívicos propostos pelas escolas (não são todas
escolas que se aderem ao civismo, tendo diferenças principalmente entre
estados). A maioria dos alunos não conseguem cantar o Hino Nacional
completo. Dispõe de biblioteca física para pesquisas com sala de tecnologia
conforme descrita pelos mesmos, onde mencionaram ter poucos computadores e
que nem sempre atendem as necessidades dos mesmos. Possuem Livro Didático
Público de História (LDP) impresso emprestado pela escola recebidos no
primeiro bimestre escolar e sendo devolvidos no fim do ano letivo. Não podem
ser riscados devido a reutilização por outros alunos no ano subsequente, por esta
razão os tópicos são transcritos para o caderno, com as anotações feitas pelo
professor copiadas do quadro por ele apontado. São aplicados trabalhos
principalmente sobre as datas de maior importância cívica com fundamentos em
pesquisas e entregues escritos para avaliação do professor e as provas são
aplicadas impressas, as notas divulgadas apontadas na própria folha. As reuniões
com os pais e mestres são realizadas geralmente em término de trimestre, onde
são apontadas necessidades de melhorias e assuntos pertinentes a escola.
A maioria das escolas trabalham com História Geral, desde a Pre História até os
dias atuais, passando pelo islamismo, história grega, judaica, romana, egípcia
dentre outras, ficando como apontamento da História do Brasil, os fatos mais
importantes vivenciados, sem muita ênfase ao debate e entendimento dos fatos.

b) Os professores em sua maioria informaram que o foco maior está em


desenvolver um trabalho voltado para a qualificação do aluno em ter êxito no
ENEM, portanto, percebe-se que a preocupação em desenvolver o aluno para um
ser pensante politicamente relacionado a compreensão com sua história e com
sua formação política, social e cultural, fica em segundo plano. Informam que de
acordo com as novas normas da introdução de História, regidas pela Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) com o intuito de regulamentar a educação
no ensino público e privado, a aplicação em sala tornou-se para os professores
um pouco menos cansativa e maçante, pois o manejo em sala de aula é mais fácil
gerando desta forma menos conflito aluno-professor em aula.
Importante salientar que a carga horária na disciplina foi reduzida com o Novo
Ensino Médio, passando de três aulas semanais para duas aulas semanais no
primeiro ano e, de duas aulas semanais para uma aula semanal no segundo e
terceiro ano. Isso ocorreu por causa da criação dois itinerários formativos, e
quase em sua totalidade, os professores concordam que este itinerário foi
severamente prejudicial ao ensino, pontuando que tais quantidades deveriam ser
aumentadas e não diminuídas, para que tivessem tempo hábil para aplicação da
disciplina, pois desta forma conseguiriam incentivar ao alunos a seres pensantes
quanto a sua colocação na história. Apresentam-se também insatisfeitos quanto
ao piso salarial e ao desinteresse dos estudantes quanto a participação na
disciplina.

c) Os pais dos alunos da rede pública, em sua maioria, não acompanham muito de
perto da compreensão da realidade vivida por seus filhos na fase estudantil.
Poucos acompanham a administração dos métodos aplicados pela escola, não
conhecem bem as normativas e tristemente apontam a preocupação somente de
seus filhos estarem presentes em uma escola enquanto os mesmos trabalham
fora, não encarando como formação como algo preocupante, tendo como maior
condição realística o fato de seus filhos não estarem “na rua ou sozinhos em
casa” enquanto os mesmos estiverem fora.
Comparecem ás escolas somente quando acionados por meio de reuniões entre
pais e mestres, que é quando realmente sabem das situações vivenciadas pelos
seus filhos enquanto formação escolar.
Em análise a discrepância da metodologia de ensino e dos acessos por eles permitidos,
contradizem TEIXEIRA, Anísio (1999) “[...] a cada indivíduo um lugar na sociedade,
correspondendo as suas capacidades naturais, sem qualquer restrição de ordem social,
econômica ou de nascimento”.
Com base nesta afirmação, concluímos que os pontos contradizem o veredicto.

A Problemática
A História do Brasil é dividida, consensualmente e para fins didáticos, em três períodos
principais: Período Colonial, Período Imperial e Período Republicano. Acerca dessa
ordem, os professores correm contra o tempo para inserirem os contextos de ordem
mundial e todos os acontecimentos que interferem diretamente na economia sistêmica
do país ou que, ainda, fizeram parte de um colonização e intervenção política, ações
estas que geraram a realidade brasileira dos dias atuais, ou seja, a História Geral,
professores trabalhando com o apertado cronograma e ainda preocupando-se com meios
e métodos para despertarem o interesse de interação dos estudantes.
Embora a disciplina seja a mesma, percebe-se tamanha distância entre o
desenvolvimento e aplicação da mesma na rede pública e na rede privada. Enquanto um
utiliza basicamente a linguagem GLS (Giz, Lousa e Saliva) o outro dispõe de avanços
tecnológicos como suporte, com interações entre os alunos e suporte pedagógico ao
professor, sem descartar, claro, a linguagem GLS.
Enquanto um lado se preocupa com a interação dos alunos quanto ao seu lugar na
sociedade, o outro se preocupa em atender as exigências de escola, como aplicação de
grade curricular e normativas. Mas o grande desafio mesmo é manter a classe
interessada imersos na aula, onde o professor, dos dois segmentos, travam ardente
batalha em busca de métodos criativos e imersivos para que se consiga prender a
atenção do aluno e traze-lo para a realidade das aulas aplicadas. Visto que a história é
basicamente uma disciplina que estuda fatos ocorridos, é explícita a falta de interesse
dos alunos e por essa razão, os professores enfrentam tantas dificuldades de prenderem
a atenção dos mesmos. Enquanto na rede particular os professores que vêm de uma
formação mais completa e mantendo um nivelamento de conhecimento atual para que se
consiga tentar um debate em sala, os professores da rede pública enfrentam o
desinteresse dos alunos quanto a participação e cooperação neste quesito.
Percebe-se que os alunos da rede privada possuem um maior respeito relacionado a
comportamentos que o aluno da rede pública, que frequentam a escola mais pela
presença física do que pela possibilidade de crescimento e conhecimento em si.
As escolas da rede privada atuam de um modo mais brando, com menos peso nos
relacionamentos escola-aluno-professor visto que em sua maioria, os alunos ali
presentes são originários de famílias que possuem o poder aquisitivo de quitação
financeira da mensalidade e demais gastos que estes possam vir a ter enquanto
estudantes, e, não diferente, os pais buscam ter em seus filhos os sonos realizados de
uma carreira promissora e de sucesso. Não obstante, de imediato buscam também um
relaxamento quanto ao boletim escolar de seus filhos, vistos que, no ato do fechamento
de contrato com a escola, é basicamente o que estas vendem, uma facilidade maior de
aprendizagem num campo educacional selecionado com professores de qualidade e boa
formação acadêmica melhor preparada.
As escolas de rede pública, estaduais e municipais, sendo esta última melhor
classificada em matéria de estruturação de ensino e a primeira como referência em
ensino de História, visto que é de contexto federativo, não se correlacionam da forma
como poderia ser e ante a dificuldade mais especificamente no âmbito social e cultural
dos alunos devido a pluralidade destas condições, onde há alunos oriundos de famílias
estruturadas e outros que tem maiores preocupações que a escola e o aprendizado,
portanto, o professor neste sentido carrega ainda a responsabilidade de saber distinguir
além da grade curricular aplicada o nível de aproveitamento dos alunos, o quanto a
realidade daquele aluno pode interferir ou não em seu desenvolvimento enquanto
estudante.
Neste contexto temos ainda que lidar com o preparo do professor atuante, visto que
existe um abismo de dedicação quanto as conhecimentos por estes ministrados, tendo
em vista que o profissional da área privada se adequa e de dedica na maioria das vezes
no seu aperfeiçoamento, conhecimento e atualização, mas por outro lado, muitos não
conhecem a proposta pedagógica da instituição na qual trabalham já que a diretoria as
guarda a sete chaves com receio de que seus métodos de ensino se espalhe entre seus
concorrentes, ficando desta forma, difícil do professor conhecer sobre o próprio trabalho
exercido, com quais rotinas trabalhar e quais os objetivos a serem aplicados para
conhecimento dos alunos fixando apenas nas propostas dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, mais conhecidos como PCN, que é uma convenção proposta pelo Programa
Nacional de Ensino, conhecido como PNE, responsável por organizar a grade curricular
de uma instituição educativa.
Existe no Brasil uma diversidade no ensino considerando os parâmetros curriculares e
sistemas estaduais, nacionais e municipais e um nível variável de avaliação de
aprendizagem e padronização dos livros didáticos.
Segundo FONSECA, Selva Guimarães, 2003, “é interessante observar que se
consolidou, entre nós, uma pluralidade de concepções teóricas, políticas, ideológicas e
metodológicas no ensino de história desenvolvido nas redes pública e privada.”
O ensino pode nos dias atuais contar com LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394/96), que formula novos modelos e diretrizes e os profissionais de
ensino podem contar com esta reestruturação para os processos de construção na
formação dos protagonistas, que orienta o educando no caminho para a cidadania, o
conhecimento de seus eventos e ocorrências, no ensejo de formação de cidadão críticos.
O desejo e o prazer de compreender, de explicar a realidade, de questionar para procurar
alternativas, de conhecer para agir conscientemente são sem dúvida fatores poderosos
na formação de indivíduos responsáveis e intervenientes. Não foi decerto por acaso que
os regimes totalitários declararam morte à cultura e reduziram drasticamente o tempo de
escolaridade e o acesso ao saber (Roldão apud Proença, 1999, p. 25-26).
Ainda de acordo com PROENÇA, Roldão (1999), o ensino de História pode contribuir
para o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo não apenas pelo conteúdo
formativo do saber histórico, mas também pela metodologia adotada. Práticas
educativas apoiadas em metodologias implicativas que apelem à participação ativa do
aluno como sujeito que aprende, tais como o ensino pela descoberta a partir da análise e
crítica de fontes, o trabalho de projeto centrado em problemas, o estudo independente e
outras práticas auto reguladoras de aprendizagem contribuem para o desenvolvimento
do raciocínio crítico e da autonomia pessoal do aluno, que são componentes essenciais
da educação cívica.

Conclusão
Ante os fatores estudados e analisados nesta pesquisa, concluímos que a educação e a
sistematização do ensino de História nas escolas tem senso comum, mas no entanto não
seguem uma padronização nas escolas, seja no âmbito público ou privado.
Percebemos que muitos alunos não se sentem interessados nem os professores
motivados ante estas dificuldades vividas na realidade estudantil, mas no entanto, a
diretoria das escolas não fazem muito mais para que estes ânimos sejam reconstituídos e
por esta razão, novas metodologias de ensino e inovações tecnológicas para que saiam
do círculo de classe são necessárias.
Percebemos a grandiosidade da história da humanidade em todos os momentos do nosso
cotidiano, seja ela pela própria história implícita nos museus, parques e tecnologias
como internet e televisores, tanto nas salas de aula. Esta realidade de endurecimento
estudantil pode ser modificada se utilizadas essas tecnologias a nosso favor, inserindo
aulas não convencionais de estrutura acadêmica com livros e afins como pilares, mas
aulas de estudo de pinturas, gravuras e história da arte expostas em museus e parques,
monumentos ao ar livre que retratam a grandiosidade dos momentos vividos e de tão
grande importância. Incentivar os estudantes a análise crítica, formadores de opinião e
protagonistas de nossa história. Fazê-los compreender a magnitude de nosso país e de
suas origens políticas, sociais e a formação da nossa cultura, de nossos antepassados e a
dimensão que todo este quadro retrata.
Ao sugerir novas técnicas de estudo, não podemos fantasiar uma mudança imediata do
posicionamento escolar, tanto para os alunos quanto aos profissionais que nele atuam,
mas saber que toda forma de mudança em gradualmente de acordo com os interesses
demonstrados por ele, e, sair da rotina sugere essa mudança, implantando novas
estratégias didático-pedagógicas que facilitem a relação aluno-professor-escola.
História é participação em algum ponto de ocorrência da mesma. É poder contar aos
vindouros como foi vivenciada uma experiência única para cada ser enquanto cidadão,
cada um no seu ângulo de visão.
Modificar as estruturas montadas e aplicadas não é uma tarefa simples, mas é o primeiro
degrau de uma longa escadaria rumo ao conhecimento aprofundado desde o nosso
surgimento até nossos dias atuais.

Referências
CERRI, Luis Fernando (Org.). O ensino de História e a ditadura militar. Curitiba: Aos
Quatro Ventos, 2003.
BRASIL. Arquivo do Estado de São Paulo. Disponível em BRASIL. Arquivo do Estado
de São Paulo. Disponível em
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao48/materia01/
BRASIL. Brasil Escola. Educador. Disponível em
https://brasilescola.uol.com.br/historiab
BRASIL. Brasil Escola. Educador. Disponível em
https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/pcnparametros-curriculares-
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BRASIL. Leis. Planalto do Governo. Disponível em
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm
BRASIL, Instituto Histórico e Geográfico. Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Hist%C3%B3rico_e_Geogr
%C3%A1fico_Brasileiro
BRASIL, Multirio. Governo do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em

https://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/historia-do-brasil/brasil-monarquico/
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Lei nº 5692, de 11 de agosto
de 1971. Pedagogia em foco. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis
FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da História Ensinada. Campinas:
Papirus,1995. (FONSECA, 2003 p.36)
PROENÇA, M. C. Ensino da História e formação para a cidadania. Curitiba: Aos
Quatro Ventos, 1999.
SOUZA, José Clécio Silva de. Ensino de História: uma reflexão sobre materiais e
métodos de ensino. Revista Educação Pública, v. 20, nº 37, 29 de setembro de 2020.
Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/37/joseph-ensino-de-
historia-uma-reflexao-sobre-materiais-e-metodos-de-ensino
TEIXEIRA, Anísio. A educação não é privilégio. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999

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