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UNIVESP

FUNDAMENTOS E PRÁTICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA – Turma 2018.2


SEMANA 1
VIDEOAULA 1. História: Concepções e Tendências
https://www.youtube.com/watch?v=OFlCOPBLFZE&feature=emb_logo

CONCEPÇÃO DE HISTÓRIA
“Conhecer e acompanhar as principais tendências da produção historiográfica não é apenas uma questão de caráter
teórico, mas trata se também de uma necessidade prática, porque é com base em uma concepção de história que
podemos assegurar um critério para uma aprendizagem efetiva e coerente.” BITTENCOURT, Circe.p.140

O QUE É HISTÓRIA?
É a história do homem, visto como um ser social, vivendo em sociedade. É a história das transformações humanas,
desde seu aparecimento na terra até os dias em que estamos vivendo. BORGES, Vavy Pacheco. O que é História?)

DEFINIÇÃO DE HISTÓRIA
“Conhecer o passado do homem é, por princípio, uma definição de história, e aos historiadores cabe recolher, por
intermédio de uma variedade de documentos, os fatos mais importantes, ordená-los cronologicamente e narrá-los.”
(BITTENCOURT, Circe. p. 140)

DUAS DIMENSÕES DE HISTÓRIA


ACONTECIMENTOS DA HISTÓRIA (História vivenciada)
Aquilo que nós estamos vivenciando, pode ter uma duração curta, média ou longa. Todos os fatos políticos,
sociais, econômicos, etc, que estamos vivendo, fazem parte da História – Acontecimento.

HISTÓRIA – CONHECIMENTO (História percebida, compreendida)


• Maneira pela qual esses acontecimentos são compreendidos.
De que forma os seres humanos, as sociedades, buscam explicar o que aconteceu nos
grupos.

• Estudos desses acontecimentos.

HISTÓRIA COMO CAMPO CIENTÍFICO (Historicismo)


• Desenvolvimento da ciência no século XIX.
• A História é elevada a estatuto de ciência seguindo o exemplo do conhecimento da natureza na busca da
verdade objetiva, imparcial e neutra sobre o passado.
1 – POSITIVISMO (A história como causa e consequência – baseada nos grandes fatos)
Para os historiadores positivistas, os fatos levantados se encadeiam como que mecânica e necessariamente,
numa relação determinista de causas e consequências(...) A história por eles escrita é uma sucessão de
acontecimentos, baseado em fatos isolados e grandes feitos.
(Seleção de alguns acontecimentos, com critérios definidos por esses pesquisadores, que eram pesquisadores
Europeus, como os acontecimentos que considerados importantes)
2 - CONCEPÇÃO DIALÉTICA DA HISTÓRIA (final do séc. 19 e início do séc. 20: Processo dialético. Os fatos
históricos estão ligados à base econômica da sociedade)
• Para Marx e Engels, a história é um processo dinâmico, dialético, no qual cada realidade social traz dentro
de si o princípio de sua própria contradição, o que gera a transformação constante na história.
• Nessa concepção, a História é a síntese de todas as outras ciências e o foco de suas investigações são as
relações sociais de produção. (Os fatos históricos estão ligados à base econômica da sociedade)

3 - ESCOLA DOS ANNALES (buscar no passado, as explicações para os problemas do presente)


• Foco na história – problema como resposta à demanda do tempo-presente.
• Crítica à história política centrada nas ações individuais e no poder bélico como motor da história. (não foca
nos grandes heróis e grandes acontecimentos, e sim nos problemas da sociedade)
• Produções em torno de uma história de mentalidade Coletiva na perspectiva de entender as ações
individuais. (partem para a preocupação da construção de uma mentalidade, que influenciaram ou podem
influenciar os acontecimentos presentes)

4 - HISTÓRIA CULTURAL (história das sociedades, considerando as anteriores à escrita)


• Propostas centradas na história dos homens comuns com críticas à história sequencial, factual, causal e
progressiva.
• Aproximação com a Antropologia permitiu a compreensão da própria noção de história, cujo início estava
relacionado à invenção da escrita. (passam a olhar e compreender como história, os acontecimentos e as
sociedades anteriores à invenção da escrita)

História Cultural:
“Os povos sem escrita, esquecidos ou anulados pela “história da civilização”, como é o caso das populações
africanas e indígenas, foram incorporadas à historiografia, o que obrigou os historiadores a recorrerem a novos
métodos de Investigação histórica, introduzindo novas fontes de importância fundamental em suas pesquisas,
como a memória oral, as Lendas, os mitos, os objetos materiais, as construções entre outras.”(Circe
Bittencourt,p.149)

Videoaula 2 - Reflexões sobre a consciência histórica


https://www.youtube.com/watch?v=qJnJi8lYNSw&feature=emb_logo

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO ESCOLAR (não funcionalista, não direciona o olhar do


aluno para um determinado acontecimento)
- Os debates atuais sobre o ensino de história têm sublinhado a importância de se considerar as relações com
o presente e suas demandas no conhecimento histórico escolar. (aproveitar a experiência e conhecimento do
aluno, para que ele compreenda os acontecimentos vividos)

A DIDÁTICA DA HISTÓRIA (busca compreender os acontecimentos vivenciados)


- Campo de estudos que tem por objetivo analisar o processo do aprendizado histórico.
- A Didática da História permite compreender as questões do ensino e aprendizagem da História considerando
o âmbito da cultura escolar e a mediação do professor.

Na Alemanha, a Didática da História constitui-se em uma disciplina, que associa o aprendizado da história aos
usos e funções da mesma, que estariam ligadas às necessidades da vida prática e à formação de identidades.
Dessa maneira, tal disciplina não tem como objeto somente a “História” ensinada na escola, mas também os
usos da história na imprensa, no cinema, nos museus, nas instituições públicas, na propaganda, no mercado
editorial, na política etc.

CONSOLIDAÇÃO DA DIDÁTICA DA HISTÓRIA: A partir da Década de 1980, a disciplina Didática da História


se consolidará e influenciará pesquisas em diversos países.
- Os estudos e a obra de Jörn Rüsen são referências no campo da Didática da História alemã.

CONSCIÊNCIA HISTÓRICA
Entendida como a forma de apreensão da historicidade pelos diversos grupos humanos, que a interpretam de
acordo com suas experiências coletivas e individuais. (como os grupos compreendem e explicam os fenômenos
e fatos que ocorrem em sua sociedade)

“A suma (resumo) das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução
temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática
no tempo”. (RUSEN, 2010, p.57) (como nós, no presente, interpretamos o passado)

CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA


- Realizada pela capacidade de olharmos para questões e problemas do tempo presente e percebermos as
relações com o tempo passado, em busca de respostas que nos contemplem ou nos levem a transformação
do futuro.
- A capacidade de exercitar esse olhar para o passado é um processo que tem como referência conhecimentos
históricos produzidos na academia ou fora dela, destacando-se os produzidos na vida escolar.
Relação entre passado, presente e futuro: A consciência histórica é a capacidade de compreender os
acontecimentos e saber articular o presente, passado e futuro.

O papel do Professor
• Os professores de História podem interferir na consciência histórica presente entre seus alunos.
• Para tanto, faz-se necessário perceber e dialogar com a consciência histórica presente entre os alunos e, a
partir das experiências destes, incentivar outras possibilidades de orientação para a vida a partir daquilo que já
foi vivenciado.

SEMANA 2
Videoaula 3 - O saber histórico e suas relações com o conhecimento histórico escolar nos anos
iniciais do Ensino Fundamental
https://www.youtube.com/watch?v=IIQvZV0ToWo&feature=emb_logo

Ensino de História no Brasil


Inserido nos programas escolares desde o século XIX se caracterizou:
- Pela articulação às tradições europeias, sobretudo à historiografia francesa com privilégio da História
Universal.
- O ensino de História do Brasil era visto em conjunto com a História Universal numa posição secundária.
- Concepção curricular eurocêntrica (história ensinada a partir de um centro –a história da Europa.)

Influência das concepções europeias


A História da Europa Ocidental foi apresentada como a verdadeira História da Civilização.
“A História pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando papel extremamente
secundário. Relegada aos anos finais dos ginásios, com número ínfimo de aulas, sem uma estrutura própria,
consistia em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e de batalhas” (Nadai, 1993, p. 146)

Reformas de 1931 e 1942


Francisco Campos (1931)
Gustavo Capanema (1942)
- Estabeleceram orientações metodológicas para o ensino de História, reafirmaram o estudo da História
Universal.
- A História do Brasil foi dividida em duas etapas:
Do descobrimento até a Independência;
Do 1º Reinado até aquele momento, o Estado Novo.

Reforma de 1931
“concepção de História como conhecimento produzido e como disciplina escolar. A História é concebida como
um produto acabado, positivo, que tem na escola uma função pragmática e utilitária, na medida em que ela
serve à educação política e à familiarização com os problemas que o desenvolvimento impõe ao Brasil. (Abud,
1993, p. 166) (ENSINO DE HISTÓRIA APENAS UTILITÁRIO)

Nos anos 1930, no interior do movimento de renovação educacional, o educador Anísio Teixeira publicou uma
proposta de ensino de Estudos Sociais inspirada no modelo americano.
A implantação de Estudos Sociais nos currículos passou a ser parte do debate educacional.
Há registros de experiências nas diversas épocas, com destaque para a introdução dos Programas de Estudos
Sociais nos currículos das escolas experimentais e dos colégios vocacionais nos anos 1960.
A influência norte-americana no ensino de história

Na década de 1960 – Inserção dos Estudos Sociais como disciplina obrigatória na escola primária e disciplina
optativa no ensino médio.
Após o Golpe Militar de 1964, cresceu a importância de Estudos Sociais relacionados à formação moral e cívica
dos cidadãos. (serve para formar os considerados bons cidadãos)

A proposta para o ensino de história após a Lei 5.692/71


- Implementação dos Estudos Sociais como matéria;
- Os conteúdos foram tratados como Atividades (1a a 4a séries sob o nome de Integração Social);
- Áreas de Estudo (5ª a 8ª séries, sob o nome de Estudos Sociais);
- Disciplina (somente no 2o Grau) com carga horária máxima de duas horas semanais, durante um ano deste
curso;
- Criação dos Cursos de Formação de Professores;
- Licenciatura Curta em Estudos Sociais, com o objetivo de formar professores para as disciplinas Estudos
Sociais, OSPB (Organização Social e Política do Brasil) e EMC (Educação Moral e Cívica).

OS ESTUDOS SOCIAIS
Acreditava-se que a adoção de Estudos Sociais deveria desenvolver nos alunos noções de espaço e tempo a
partir dos estudos da escola, do bairro, da casa, da rua, para ir se ampliando, chegando ao estudo da cidade,
do estado e assim por diante. (ensino a partir do que era mais próximo, para os mais distantes – círculos
concêntricos)
Ainda eram reforçadas pelo ensino de Estudos Sociais noções como: pátria, nação, igualdade, liberdade, bem
como a valorização dos heróis nacionais dentro de uma ótica que tentava legitimar, pelo controle do ensino, a
política do Estado e da classe dominante, anulando a liberdade de formação e de pensamento. (Urban, 2011).
(focada na pátria, nos heróis da nação, deixando de lado os povos da sociedade cotidiana)

CONSIDERAÇÕES
A imposição dos Estudos Sociais foi acompanhada de um grande movimento de resistência e luta pela volta do
ensino de História nas escolas brasileiras, configurando um novo momento na construção do código disciplinar
(no final da década de 1980, grande movimento reivindicando a volta do ensino de história, e criticando a forma
como era tratada nas escolas).

Videoaula 4 - Os currículos prescritos e as culturas escolares


https://www.youtube.com/watch?v=haSTaUXGz3A&feature=emb_logo

O CURRÍCULO DE HISTÓRIA
- É sempre processo e produto de concepções, visões, interpretações, escolhas de alguém ou de algum grupo
em determinados lugares, tempos e circunstâncias. (é sempre fruto de conflitos)

CURRÍCULO
- Os conteúdos, os temas e os problemas de ensino de História — sejam selecionados por formuladores das
políticas públicas, pesquisadores, autores de livros e materiais da indústria editorial, ou sejam construídos pelos
professores na experiência cotidiana da sala de aula — expressam opções, revelam tensões, conflitos, acordos,
consensos, aproximações e distanciamentos; enfim, relações de poder.

Os saberes históricos e a formação do cidadão


- O lugar e o papel ocupados pela História na educação básica brasileira, na atualidade, derivam de
transformações na política educacional e no ensino de História, conquistadas a partir de lutas pela democracia
nos anos 1980, da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da implantação da nova LDB.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN’S) (crítica à história positivista, factual e cronológica)


Implantados a partir de 1997, apontam uma organização curricular por eixos temáticos, desdobrados em
subtemas. Para os quatro anos iniciais do Ensino Fundamental, foi proposto o estudo de dois eixos temáticos:
História local e do cotidiano, subdividida em dois subitens: ‘localidade’ e ‘comunidades indígenas’;
História das organizações populacionais, subdividida em ‘deslocamentos populacionais’, ‘organizações
e lutas de grupos sociais e étnicos’, e ‘organização histórica e temporal’.

PCN’s 1997 - anos finais


• ‘História das relações sociais, da cultura e do trabalho’, subdividida em ‘as relações sociais, a natureza e a
terra’, e ‘as relações de trabalho’;
• ‘História das representações e das relações de poder’, desdobrada também em dois subitens: ‘nações, povos,
lutas, guerras e revoluções’; ‘cidadania e cultura no mundo contemporâneo’.
• Além disso, o documento curricular estabelece como temas transversais: Ética, Saúde, Meio Ambiente,
Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo, demanda sociais emergentes.
AS DEMANDAS DE GRUPOS SOCIAIS E ÉTNICOS
• Desde os anos 1970, intensificaram-se entre nós, de modo particular, a mobilização de mulheres, negros e
indígenas contra o racismo, os preconceitos, a marginalização e as diversas práticas e formas de dominação e
exclusão. (durante muito tempo, a história reproduzia apenas os fatos ligados aos homens, brancos, adultos,
classe dominante)

• Esses movimentos foram conquistando espaços por meio de lutas específicas no campo da cultura, da
educação e da cidadania. Alcançaram vitórias expressivas no processo constituinte na década de 1980 e, em
decorrência da Nova Constituição Federal de 1988, vários projetos de políticas públicas foram disseminados,
alguns específicos na área da cultura e da educação de afrodescendentes e indígenas.

Lei 10.639/2003 (ALTERA A LDB)


• Tonou obrigatória a inclusão da “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” nos conteúdos das disciplinas
Artes, História e Língua Portuguesa do ensino básico. Em 2004, foram aprovadas pelo Conselho Nacional de
Educação as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”

• O “26-A” trata da obrigatoriedade do ensino da História e Cultura da África e Afro-Brasileira, e define “o que
ensinar”, “o conteúdo programático”, “resgatando” a importância do estudo da luta dos africanos e afro --
brasileiros, da História e da cultura destes povos. O parágrafo 2º estabelece que os conteúdos devem ser objeto
de todas as disciplinas, e especial, das disciplinas Educação Artística, Literatura Brasileira e História Brasileira.
• O artigo 79-B inclui no calendário o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.

Lei 11.645/08 (ALTERA A LDB)


• Em 2008, a Lei Federal nº 11.645 alterou a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no
10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir, no
currículo oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
• Foram feitas alterações e modificações no artigo “26-A” e respectivos parágrafos, acrescentando a
obrigatoriedade dos estudos referentes à questão indígena.

Papel formativo do ensino de história


Ao ensino de História cabe um papel educativo, formativo, cultural e político e sua relação com a construção
da cidadania perpassa diferentes espaços de produção de saberes históricos, é essencial localizarmos no
campo da História questões / temas / problemas considerados relevantes para a formação da consciência
histórica dos alunos.
Isso requer um diálogo crítico com diferentes sujeitos, lugares, saberes e práticas; entre a multiplicidade de
culturas, etnias, sociedades.

SEMANA 3
Videoaula 5 - Politicas de Avaliação do Livro Didático (PNLD)
https://www.youtube.com/watch?v=oW7Zl7MnQMc&feature=emb_logo

LIVRO DIDÁTICO
- Objeto cultural de difícil definição, que se caracteriza pela interferência de vários sujeitos em sua produção,
circulação e consumo.
- Mercadoria ligada ao mundo editorial e à lógica da indústria cultural. (muitas das mudanças ocorridas têm
interferência da indústria cultural)

LIVRO DIDÁTICO COMO SUPORTE DE SABERES


- Explicita os conteúdos escolares.
- Suporte de métodos pedagógicos quando sugere atividades, sugestões de trabalho, avaliação.
- Veículo de um sistema de valores, de ideologias, de uma cultura de determinada época e sociedade.
• “Suporte de conhecimentos escolares propostos pelos currículos educacionais.
• Essa característica faz com que o Estado esteja sempre presente na existência do livro didático: interfere
indiretamente na elaboração dos conteúdos escolares veiculados por ele e posteriormente estabelece critério
para avaliá-lo, seguindo os pressupostos dos currículos escolares institucionais” (Bittencourt, 2008, p.301)
CRIAÇÃO E FINALIDADES DO PNLD
• Programa criado em 1985 pelo governo federal, que consiste na distribuição gratuita de livros didáticos para
os alunos das escolas públicas de ensino fundamental de todo o país.

• O PNLD é de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) e gerenciado pelo Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação (FNDE).
• Tem por princípios a participação das editoras privadas e da livre escolha por parte dos professores.

APROPRIAÇÃO
Como Professores e alunos utilizam os conteúdos, os instrumentos de aprendizagem, os valores contidos no
livro didático?
Para Chartier: ‘’Apropriação diz respeito à internalização de sentidos que o objeto cultural provoca nos leitores
permitindo que eles façam leituras e usos em suas práticas culturais. Trata-se de uma “história social dos usos
e das interpretações, relacionadas às suas determinações fundamentais e inscritos nas práticas específicas
que os produzem.” (CHARTIER, 2002).

Leitura como prática criativa


• Por um lado, a leitura é prática criadora, atividade produtora de sentidos singulares, de significações de modo
nenhum redutíveis às intenções dos autores de textos ou dos fazedores de livros: ela é uma “caça furtiva”, no
dizer de Michel de Certeau. Por outro lado, o leitor é, sempre, pensado pelo autor, pelo comentador e pelo
editor como devendo ficar sujeito a um sentido único, a uma compreensão correta, a uma leitura autorizada.
(CHARTIER, 1990)

Livro didático e a cultura escolar


• As análises sobre o uso do livro didático no ambiente escolar implicam em considerar os elementos que
constituem a cultura escolar e a cultura da escola.
• Para Forquin (1993), “a escola é um “mundo social” possuidora de uma cultura própria, com seus modos de
agir, de pensar, sua linguagem e seus regimes de regulação e controle e que produz também uma cultura
tipicamente escolar apontada como o conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos, que são nela
selecionados, organizados e transmitidos. “

A escolha do material didático


• É uma questão política.
• Ponto estratégico que envolve o comprometimento do professor e da comunidade escolar perante a formação
do aluno.

LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA


• A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, o PNLD passou a exigir, nos Editais de Livros
Didáticos para os anos iniciais, a inscrição, avaliação e aquisição de livros didáticos distintos para as duas
disciplinas: História e Geografia.
• Os PCN’s contribuíram para a construção de um novo perfil de livros didáticos de História e Geografia dirigidos
aos alunos de professores dos anos iniciais.

Videoaula 6 - Concepções, temas e fontes: nova proposta para o ensino de História


https://www.youtube.com/watch?v=CMvoJm0oDf4&feature=emb_logo

LIVRO DIDÁTICO DO ENSINO DE HISTÓRIA


Fazem parte dos materiais mais analisados em vários países do mundo, inclusive no Brasil.
“ (...) na área de pesquisa em ensino de História o livro didático ocupa lugar privilegiado nos debates, encontros,
seminários especializados e na produção nacional. (Bittencourt, 2008, p. 305)”

Mudanças nos livros didáticos do ensino de história


Justificativas:
• As concepções políticas, valores, ideologias são partes integrantes dos manuais didáticos de história, na
medida em que o ensino de História cumpre importante papel de formação política. (os conteúdos e fatos, ao
serem escolhidos para entrar no ensino da história, dependem de interesses)
TEMAS DAS PESQUISAS
1. Práticas de leituras e formas de apropriação dos livros didáticos; (como os professores e alunos se apropriam
dos conteúdos destes livros?)
2. Circulação e estratégias editoriais; (o livro é um produto, que obedece à uma lógica da indústria cultural)
3. História da disciplina e livros didáticos; (pesquisam sobre os materiais que costumam ser utilizados, e como)
4. Livros didáticos de história: conteúdos e tendências historiográficas (quais conteúdos podem interessar?
Quais aspectos se destacam?)

LIVRO DIDÁTICO NOS SÉCULOS XIX E XX (Escola transmissora de saberes, que deveriam ser memorizados)
- Deveria desempenhar o papel de homogeneizar o saber escolar, de reforçar os métodos de ensino baseados
na memorização, em uma escola concebida como transmissora dos conhecimentos das diferentes disciplinas.
O livro didático deveria ser utilizado como instrumento de memorização, ocasionando a prática do ‘saber de
cor... ’ (BITTENCOURT, 1996, p.18)

CRITÉRIOS AVALIAÇÃO PNLD 2018/2019


Para o componente curricular História:
• Observância de princípios éticos e democráticos necessários à construção da cidadania, ao respeito à
diversidade e ao convívio social republicano;

• A obra está livre de estereótipos ou preconceitos de condição socioeconômica, regional, étnico-racial, de


gênero, de orientação sexual, de idade, de linguagem, religioso, de condição de deficiência, assim como de
qualquer outra forma de discriminação ou violação de direitos humanos?

PESQUISAS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO


Sobre a população negra: (críticas aos resultados encontrados)
• A não representação de personagens negros na sociedade descrita nos livros; a representação do negro em
situação social inferior à do branco; o tratamento da personagem negra com postura de desprezo; a visão do
negro como alguém digno de piedade; o enfoque da raça branca como sendo a mais bela e a de mais poderosa
inteligência. (Negrão, 1988, p. 53)

Sobre a população indígena: (críticas aos resultados encontrados)


A ausência de estudos sobre a história indígena (...) as populações indígenas surgem nos livros didáticos nos
capítulos iniciais, quando da chegada dos europeus e para justificar a importação de mão de obra africana.
(BITTENCOURT, 2011, p. 305)

Videoaula 7 - Linguagens e imagens nos livros didáticos


https://www.youtube.com/watch?v=IyQRAGDZz1c&feature=emb_logo

AS IMAGENS COMO RECURSOS DIDÁTICOS


• Imagens como gravuras e mapas fazem parte dos livros didáticos de História e são usadas
enquanto recurso pedagógico.
• “As crianças têm necessidade de ver as cenas históricas para compreender a história.”
• No guia do livro didático do Programa Nacional do Livro Didático, consta, dentre os vários critérios de
avaliação, “observar se as ilustrações, importantes no auxílio à compreensão e potencialização do texto, são
adequadas às finalidades para as quais foram utilizadas, de forma que sejam fáceis para o aluno apreendê-las,
mas também que estimulem a curiosidade, o pensamento e as discussões entre os alunos”.

As imagens presentes nos livros didáticos


• Geralmente as imagens contidas nos livros não são de autoria de seus próprios escritores, geralmente outros
profissionais da área gráfica são designados a este serviço.

Para introduzir o aluno na leitura de imagens dos livros didáticos, é importante:


• Inicialmente, buscar separar a ilustração do texto; (o professor deve explicar as duas informações)
• Compreender o contexto em que foi reproduzida a imagem.
Como tratar as imagens? De acordo com Bittencourt (2008, p.88)
Análise inicial interna: observar “conteúdos, temas, personagens representados, espaço, postura, vestimentas,
que indicam o retrato de uma determinada época” (BITTENCOURT, 2008, p. 88). Os diálogos resultantes destas
primeiras análises, permitirão ser observadas as primeiras impressões que os alunos terão diante das imagens.

Análise externa: indicado que se faça uma leitura da imagem como documento compreendendo o contexto e
o sujeito que o produziu. Os alunos deverão ser orientados a questionar. Como e por quem foi produzido?
Quando foi realizada? Para que e para quem se fez esta reprodução?

- São necessárias comparações de ilustrações reproduzidas em momentos diferentes para que os alunos possam
estabelecer relações históricas entre as permanências e as mudanças e para relativizar o papel que
determinados personagens tendem a desempenhar na história.

O olhar sobre as imagens


... uma leitura do passado, por mais controlada que seja pela análise dos documentos, é sempre dirigida por
uma leitura do presente. Com efeito, tanto uma quanto a outra se organizam em função de problemáticas
impostas por uma situação (CERTEAU, 2008, p.34) (levar em consideração que nosso olhar, é um olhar do
presente, diferente do olhar que se tinha no passado)

LEITURA CRÍTICA DA OBRA DIDÁTICA


O Professor tem que ser um leitor crítico da obra didática, e saber refletir sobre o acervo didático dos livros que
seleciona.

SEMANA 4
Videoaula 8 - Concepções de recursos pedagógicos
https://www.youtube.com/watch?v=eduLFVooryU&feature=emb_logo

OS RECURSOS PEDAGÓGICOS
- Todo material utilizado por professores no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula;
- Tradicionais: o giz, a lousa, o livro didático, apostilas...
- Sofisticados e modernos: como os softwares educacionais, internet.

OS RECURSOS PEDAGÓGICOS: CONCEPÇÕES


• Mediadores do processo de aquisição dos conhecimentos;
• Facilitadores da apreensão de conceitos;
• Expressões de representações e "em cada um deles devemos adotar um procedimento específico para analisá-
los”.

SUPORTES INFORMATIVOS (conjunto destes materiais. São neutros, são mediadores servem para auxiliar o
professor)
Todo discurso produzido com a intenção de comunicar elementos do saber:
• Livros didáticos e paradidáticos;
• Atlas, dicionários, cadernos;
• Produções de vídeos (CDs, DVDs);
• Materiais de computador (CD-ROM, jogos).

DOCUMENTOS (podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, mas não foram produzidos


especificamente para esta finalidade)
Todo conjunto de signos, visuais ou textuais, que são produzidos em uma perspectiva diferente dos saberes das
disciplinas escolares e posteriormente passam a ser utilizados com finalidade didática. Dentre eles:
Contos, lendas, filmes de ficção, documentários, músicas, poemas, pinturas, artigos de jornais e revistas, cartas,
romances...
SUPORTES INFORMATIVOS E DOCUMENTOS
Os suportes informativos: são produzidos pela indústria cultural, especialmente para a escola, seguindo regras
de enunciação, técnicas e princípios pedagógicos. (livros didáticos, por exemplo)

Os documentos não pertencem ao setor da indústria cultural e nem são produzidos inicialmente com intenções
didáticas; eles podem ser selecionados de diferentes formas, de acordo com os interesses de trabalho do
professor ou do Projeto Pedagógico da escola.

LINGUAGENS ALTERNATIVAS
As chamadas linguagens alternativas para o ensino de história mobilizam conceitos e processam símbolos
culturais e sociais, mediante os quais apresentam certa imagem do mundo. Imagem esta que acarreta outras
instâncias de referências, como comportamentos, moda, vocabulário. Elas provocam uma atividade psíquica
intensa feita de seleções, de relações e com representações criadas e expressas por outras formas de
linguagem. (ABUD, 2005, p. 310-311).

Dentre essas linguagens, a música popular tem ocupado espaço, como instrumento pelo qual se revela registro
da vida cotidiana, na visão de autores que observam o contexto social no qual vivem. (ABUD, 2005, p. 310).

A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC’s) NO ENSINO DE HISTÓRIA


Os laboratórios de informática, as televisões, DVDs, rádios, aparelho multimídia e outros são exemplos das
atuais tecnologias presentes na escola.
Para o ensino de história contribui:
- Motivar pesquisas;
- Organizar informações;
- Conhecer outros locais;
- Classificar dados;
- Conhecer e analisar imagens, gráficos, entre outros.

SEMANA 5
Videoaula 9 - Concepções do tempo histórico e do tempo cronológico
https://www.youtube.com/watch?v=fSCn_-aj3R0&feature=emb_logo

(História: análise dos acontecimentos através do tempo)


CONCEPÇÃO DO TEMPO
• As noções de TEMPORALIDADE estão presentes nos diferentes grupos humanos, sendo que seu sentido se
difere de acordo coma sociedade e seu contexto.
• “...é uma dimensão central da experiência humana, estruturante de seu pensamento e de sua ação..” (Simam,
2005, p. 110)

TEMPO VIVIDO
• As noções do tempo vivido estão relacionadas ao tempo da experiência;
• Geralmente ligada ao tempo biológico que se manifesta nas etapas da vida: infância, adolescência, vida adulta
e velhice.

TEMPO CONCEBIDO
• É a maneira que os grupos compreendem e sistematizam o tempo vivido.
Tempo cronológico: medido por relógios ou calendários.
Tempo geológico: medido nos milhões e até bilhões de anos (eras, períodos, época).

TEMPORALIDADE HISTÓRICA
• O tempo histórico está relacionado às mudanças nas sociedades humanas; (o que é considerado importante)
• É produto das ações, reflexões e formas de pensar dos homens nos diferentes tempos cronológicos.
Pierre Lévy (1993) aborda as temporalidades mutantes do entorno técnico-social e apresenta três modalidades
temporais não lineares e sequenciais, mas coexistentes, concomitantes:
• Temporalidade cíclica
• Temporalidade linear
• Temporalidade pontual

Dimensões da temporalidade
TEMPORALIDADE CÍCLICA
Temporalidade cíclica das sociedades de transmissão oral, em que a palavra funciona como um gestor da
memória social, ritualizando a passagem do tempo como um constante recomeço.
É o tempo do eterno retorno, o tempo circular. Um tempo em que guardar todas as aprendizagens na memória
tem sentido, pois é uma garantia de preservação cultural. (índios, tribos africanas e outras, tempo marcado por
ciclos e gerações. Não há marcação com relógios e calendários formais)

TEMPORALIDADE LINEAR
O tempo linear das sociedades da escrita, imprime uma ordem sequencial nos calendários, datas, anais e
arquivos. (tempo das sociedades escritas. Registra os acontecimentos a partir de uma sequência de datas)
É a memória estocada, é o tempo da irreversibilidade. É o tempo em que os registros gráficos e, principalmente
a escrita, passam a modular as relações e constituem “estocadores” de memória.

TEMPORALIDADE PONTUAL
O tempo pontual das sociedades informatizadas se caracteriza pelo tempo da memória curta, que salta de um
ponto a outro, organizado como rede.
Tempos passados que se presentificam, coexistem. (o passado está presente, mas de forma pontual)

Concepção do tempo histórico


Pensar historicamente supõe a capacidade para:
- Identificar e explicar mudanças e rupturas entre o presente, passado e futuro; (entender o que mudou e o que
permaneceu através dos tempos)
- Relacionar os acontecimentos e seus estruturantes de longa e média duração em seus ritmos diferenciados
de mudança. (o que muda mais rápido?)
- Identificar simultaneidade de acontecimentos no tempo cronológico; (o que acontece em diversas sociedades,
ao mesmo tempo)
- Relacionar diferentes dimensões da vida social em contextos sociais diferentes. (Simam, p. 119) (saber
compreender que a vida social pode ser diferente em diferentes contextos, ao mesmo tempo)

Videoaula 10 - As dimensões do tempo e as propostas para o ensino de história


https://www.youtube.com/watch?v=xLLYu3sYc8M&feature=emb_logo

Desafios no ensino de história


- Como desenvolver nos alunos a capacidade para compreender o tempo histórico?
- Vovô, no seu tempo havia Dinossauros?
(As crianças, quando pequenas, ainda não desenvolveram as noções de TEMPO HISTÓRICO, nem de TEMPO
CRONOLÓGICO)

A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DO TEMPO


• As pesquisas de Abud (2004), Siman (2005), mostram que para as crianças pequenas o conceito de tempo é
complexo e desafiador, uma vez que desde muito cedo elas vivenciam o tempo, lidam com o tempo vivido, mas
não têm consciência da sua existência.

A ESCOLA E O TEMPO VIVIDO


• A escola está entre os ambientes mais propícios para a aprendizagem das crianças sobre o tempo.
• Marcado por rotinas: hora da entrada, de fazer a lição, do recreio, de encerramento da aula. O tempo escolar
passa a se constituir como referência para a vida das crianças dentro e fora da escola.
APRENDIZAGEM SOBRE A NOÇÃO DO TEMPO
• Ocorre de forma processual e não basta a vivência das rotinas escolares para que as crianças cheguem à
compreensão sobre o tempo histórico. (a criança começa a perceber o tempo cronológico e começar a construir
a noção de tempo histórico)

PROPOSTAS DIDÁTICAS: RELAÇÕES TEMPORAIS


• Envolve mais do que o domínio das medidas do tempo; envolve o sentido da historicidade: um sentimento de
existência no passado, um sentimento de estar na história;
• A aprendizagem deve dialogar com as experiências cotidianas das crianças. (não adianta falarmos de coisas
que não fazem parte do cotidiano da criança, de coisas que ela não compreende)

CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DO TEMPO


• Para a construção do tempo cronológico, do tempo social e do tempo histórico é importante a
intencionalidade didática.
• São as propostas de trabalho em que os alunos devem sequenciar os fatos históricos uns em relação aos
outros; (para que a criança passe a ter um entendimento de sucessão)
• Ideias de sucessão (anterioridade e posterioridade) e simultaneidade. (quem veio antes, e depois)

[...] Outra noção cara para a compreensão do tempo é a “sucessão”: as coisas que acontecem uma depois da
outra, o muito antes, o muito depois, os diferentes ritmos deste suceder, deste tempo sequencial...
compreender a “simultaneidade” temporal, que permite ao aluno perceber que existem coisas que acontecem
ao mesmo tempo e que, enquanto se está na escola, a mãe, o pai, os amigos estão fazendo outras coisas ou,
ainda, complexificando, que, enquanto acontecem os jogos da copa do mundo, em outro lugar, outros grupos
sociais podem estar envolvidos numa guerra. (BERGAMASCHI,2000. p. 12)

• Envolve também o trabalho constante com as ideias de mudanças e permanências.


• O aluno precisa compreender que as mudanças e permanências que acontecem num determinado tempo não
se explicam pelo que aconteceu num tempo cronológico imediatamente anterior; no entanto, não podemos
prescindir da cronologia para construir demarcações dos processos históricos. [...] (Siman, 2005. p. 111-115)

• “Para que a criança alcance um modo de pensar histórico e possa ver-se como sujeito ativo da história, é
preciso escolher os conteúdos do ensino a partir do tempo presente, estabelecer diálogos entre passado e
presente, identificando neles permanências e mudanças, simultaneidade e conexão temporal” (Malatian, cad.
formação Univesp. 2012. p.71)

SEMANA 6
Videoaula 11 - Cultura afro brasileira e indígena no ensino de história
https://www.youtube.com/watch?v=Y5-23t-txfE&feature=emb_logo

NOVOS TEMAS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA - LEI 10.639/2003


• O artigo “26-A” da LDB nº 9.394/96 trata da obrigatoriedade do ensino da História e Cultura da África
e Afro-brasileira, e define “o que ensinar”, “o conteúdo programático”, “resgatando” a importância do
estudo da luta dos africanos e afro-brasileiros, da História e da cultura desses povos.
• O parágrafo 2º estabelece que os conteúdos devem ser objeto de todas as disciplinas, em especial das
disciplinas Educação Artística, Literatura Brasileira e História Brasileira.
• Observa-se que não é objeto apenas da disciplina História, mas também das correlatas.
• O artigo “79-B” das “Disposições Gerais” da LDB inclui no calendário escolar o dia 20 de novembro como o Dia
da Consciência Negra.
20/11 - DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
• Referência à memória (dia da morte) de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes da luta dos
escravizados no Quilombo dos Palmares.
• Data considerada um contraponto à memória oficial que comemora o dia da libertação dos escravos como
uma dádiva da Princesa Isabel, consagrada na História como a Redentora dos Escravos.
Lei 11.645/08
• Modificou a Lei Federal nº 10.639, determinando a obrigatoriedade da inclusão do estudo da História e Cultura
Afro-Brasileira e Indígena nos ensinos fundamental e médio, públicos e privados. Foram feitas alterações e
modificações no artigo “26-A” e respectivos parágrafos que passaram a ter a seguinte redação:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se
obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

LUTAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS


• As reinvindicações por um currículo que respeitasse as diferentes culturas remontam à década de 1950, que
por ocasião do I Congresso Negro Brasileiro, organizado pelo Teatro Experimental do Negro, trazia como uma
de suas principais reivindicações a inclusão do ensino da História da África e dos Africanos nos currículos das
escolas de todo o país, e a importância da contribuição dos negros à formação da sociedade brasileira.

- Considera-se que a aprovação das Leis foi resultado da Luta dos movimentos sociais que reivindicaram os
espaços no campo da cultura e da Educação.
- A partir da década de 1970, cresceram as demandas dos movimentos sociais, em particular dos movimentos
negro e indígena, contra o racismo, os preconceitos, a marginalização e diversas práticas e formas de
exploração.
- Com a Constituição Federal de 1988, vários projetos de políticas foram implementados:
- a demarcação de terras indígenas;
- ações afirmativas para a população negra de afrodescendentes;
- implementação de cotas nos concursos públicos e nas instituições de Ensino Superior;
- projetos de inserção do negro no mercado de trabalho - ações específicas na área da cultura e da educação de
afrodescendentes e indígenas.

Conferência Mundial sobre o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as formas Correlatas de


Intolerância, ocorrida em Durban – África do Sul, no ano de 2001, representa a concretização da luta contra o
racismo e a discriminação na sociedade brasileira.

DIRETRIZES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA


2004 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais para o ensino de história
e cultura afro-brasileira e africana;
- Conjunto de ações voltadas à “divulgação e produção de conhecimentos, formação de atitudes, posturas e
valores que educassem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial – descendentes de africanos,
povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos.
(como os diferentes grupos étnicos podem conviver em harmonia)

Videoaula 12 - Práticas Pedag. voltadas à temática da educação das relações raciais: desafios e possibilidades
https://www.youtube.com/watch?v=y4fiOI2i4to&feature=emb_logo

Educação para as relações étnico-raciais


• O que se entende por Educar para as relações raciais? Quais seus princípios e fundamentos?
• Quais as possibilidades e perspectivas de sua implementação no cotidiano escolar?
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
“Colocando no centro do debate conceitos de raça, identidade negra, racismo, democracia racial,
cultura negra, cultura afro-brasileira, pluralidade cultural e cultura brasileira, a política educacional
proposta pelas “Diretrizes” exige o aprofundamento desses conceitos e sua contextualização no
processo histórico. (como se construiu tais conceitos)
Para além do evidente envolvimento de educadores, as “Diretrizes” convocam os profissionais de
história para uma ampla reflexão sobre a história da cultura afro-brasileira em suas dimensões de
pesquisa e ensino” (ABREU; MATOS, 2008. p.12)
PROPOSTAS DAS DIRETRIZES
• Professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de conhecimentos e, além disso,
sensíveis e capazes de direcionar positivamente as relações entre pessoas de diferentes
pertencimentos étnico-raciais, no sentido do respeito e da correção de posturas, atitudes, palavras
preconceituosas. (o professor deve conduzir o aluno para que seja capaz de compreender o outro,
despertar a sensibilidade e o respeito)
• Investimento na formação docente, em sua área específica de atuação, assim como em áreas que os
capacite a compreender a importância das questões relacionadas à diversidade étnico-racial e a lidar
positivamente com ela e, sobretudo criar estratégias pedagógicas que possam auxiliar a reeducá-la.

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI: DESAFIOS


De acordo com Nilma Gomes (2012) depende:
• de ações e políticas intersetoriais;
• Articulação com a comunidade e com movimentos sociais;
• Mudança de currículo das licenciaturas e da Pedagogia;
• Regulamentação e normatização no âmbito estadual e municipal, de formação inicial, continuada e
em serviço dos profissionais de Educação e gestores dos sistemas de ensino e das escolas.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA PERSPECTIVA DAS LEIS
• Dependem de condições físicas, materiais, intelectuais e afetivas favoráveis para o ensino e a
aprendizagem;
• Dizem respeito aos projetos empenhados na valorização da história e cultura dos afro-brasileiros e
dos africanos e indígenas;
• Questionam relações baseadas em preconceitos, estereótipos depreciativos, palavras e atitudes que
expressem sentimentos de superioridade.
• Valorizam, divulgam e respeitam os processos históricos de resistência dos povos escravizados no
Brasil e seus descendentes;
• Colocam em questão as formas de desqualificação: apelidos, brincadeiras, piadas...
• Realizam-se no cotidiano das escolas em diferentes níveis e modalidades;
• São redigidas por meio de um trabalho conjunto (escolas, movimentos sociais, Instituições públicas).
• Atuam no nível do conhecimento e no nível dos conteúdos escolares, pois se incluem no contexto
dos estudos e atividades escolares;
• Estão baseadas em fontes variadas, em material bibliográfico e outros materiais didáticos;
• Inserem-se nos PPP da escola.
POSSIBILIDADES
• Entende-se que as Leis nº 10.639/03 e 11.645/08 precisam ser introduzidas na escola não como
mais uma disciplina e/ou novos conteúdos, mas como uma mudança cultural e política no campo
curricular e epistemológico.
• “poderá romper com o silêncio e desvelar esse e outros rituais pedagógicos a favor da discriminação
racial.” (Gomes, 2012. p.105)

SEMANA 7
Videoaula 13 - História oral e Cotidiano no ensino de história: abordagens
https://www.youtube.com/watch?v=_0q696lkIro&feature=emb_logo

HISTÓRIA LOCAL
• Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a partir de proposições que tenham a ver com
os interesses dos alunos, suas aproximações cognitivas e afetivas, suas vivências culturais; com as
possibilidades de desenvolver atividades vinculadas diretamente com a vida cotidiana e a partir de
recortes selecionados e integrados. (SCHMIDT, p.3)
(forma de aproximarmos a criança da discussão da história, do tema, do conhecimento histórico. A
história local deve contemplar as curiosidades e interesses do aluno)

DESAFIOS PARA O TRABALHO COM A TEMÁTICA


• A fragmentação rígida dos espaços e tempos estudados não possibilita que os alunos estabeleçam
relações entre os vários níveis e dimensões históricas do tema.
• O bairro, a cidade, o Estado são vistos, muitas vezes, como unidades estanques, dissociados do
resto do País ou do mundo;
(a criança, nos anos inicias, tem dificuldade de compreender esta fragmentação. Trabalhar com temas locais
auxilia neste entendimento. Partindo da vivência próxima, ele faz a ligação com o restante do mundo )
• Naturalização e ideologização da vida social e política da localidade. O homem aparece como
elemento da população ou membro de uma comunidade abstrata. (possibilita que se identifique como
membro de uma comunidade real)
• O conceito de comunidade, por exemplo, é amplamente utilizado, de forma que pode servir para
mascarar a divisão social, a luta de classes e as relações de poder, dominação e resistências que
permeiam os grupos locais. (entender o que está por trás da história de cada comunidade)
• As fontes de estudo, os documentos disponíveis aos professores, em geral, são constituídos de
dados, textos, encartes, materiais produzidos pelas prefeituras, órgãos administrativos locais, com o
objetivo implícito ou explícito de difundira imagem de grupos detentores do poder político ou
econômico. (o professor precisa escolher as fontes, com cuidado, para ter vários olhares sobre os mesmos)
• Assim, professores e alunos, muitas vezes, têm como fontes de estudo, evidências que visam à
preservação da memória de grupos da elite local (Fonseca, 1992, 2003).

PEDAGOGIA DA MEMÓRIA
• Pedagogia da memória: uma pedagogia da pluralidade e da diferença de tempos e culturas que,
concomitantemente, promoverá uma nova relação do aluno com a duração e também uma nova
tolerância face ao outro, que tem andado muito afastada da historiografia escolar tradicional. (buscar
ouvir as histórias dos diversos grupos que estão inseridos nesta comunidade, e reconhecer qual sua
importância na história da formação desta comunidade)

HISTÓRIA LOCAL E FONTES ORAIS (necessária para sair da armadilha das locuções unilaterais)
[...] as entrevistas são formas capazes de fazer com que os estudos de história local escapem das
falhas dos documentos, um vez que a fonte oral é capaz de ampliar a compreensão do contexto, de
revelar os silêncios e as omissões da documentação escrita, de produzir outras evidências, captar,
registrar e preservar a memória viva. A incorporação das fontes orais possibilita despertar a
curiosidade do aluno e do professor, acrescentar perspectivas diferentes, trazer à tona o “pulso da
vida cotidiana, registrar os tremores mais raros dos eventos, acompanhar o ciclo das estações e
mapear as rotinas semanais”. (Samuel, 1989, p. 233) (muitos grupos não têm sua história contada)
É uma metodologia que precisa ser pensada. Precisa da orientação do professor, para auxiliar o aluno em sua
elaboração e execução. Quais perguntas são necessárias, para suprir as curiosidades? Como será executada?
Como será arquivada?

Videoaula 14 - História local e a relação com a memória e o patrimônio


https://www.youtube.com/watch?v=ps1X8KaG2MY&feature=emb_logo

PATRIMÔNIO E HISTÓRIA LOCAL


As cidades, as comunidades, os bairros possuem patrimônios que fazem parte da vida dos moradores.
(construções, casas, roupas, comidas típicas de um local)

PATRIMÔNIOS HISTÓRICO CULTURAIS


Constituem-se patrimônios culturais brasileiros os bens materiais e imateriais:
- Formas de expressão;
- Modos de criar, fazer e viver (culinária, dança, etc);
- Criações artísticas, científicas e tecnológicas;
- Obras, objetos, documentos, edificações;
- Conjunto urbanos e sítios de valor histórico, arqueológico...
(a partir da década de 1990, houve uma ampliação no entendimento de patrimônio)

HISTÓRIA LOCAL E MEMÓRIA


• Para evitar uma visão homogênea, busca-se observar que, no interior de uma sociedade, há formas de
registros variados, e que cada grupo produz suas memórias como elemento que impulsiona o estabelecimento
de identidades e o reconhecimento de pertencimento a um grupo social determinado. (BRASIL. Ministério da
Educação. Base Nacional Comum Curricular. Terceira versão. Brasília: MEC, 2017. p. 354-355.) (todos os grupos
produzem elementos próprio, que se tornam seu patrimônio. Devem ser arquivados e cuidados)
Propostas para o ensino de história aponta para:
• A compreensão do “Eu”, o “Outro” e os diferentes grupos sociais étnicos que compõem a cidade: os desafios
sociais, culturais e ambientais da cidade em que se vive.
• Os patrimônios históricos e culturais da cidade em que se vive.
• A produção dos marcos da memória: os lugares de memória (ruas, praças, escolas, monumentos, museus
etc.).
• A produção dos marcos da memória: formação cultural da população.

MEMÓRIA, IDENTIDADE E CIDADANIA


• A temática do patrimônio permite aproximar os alunos das reflexões sobre os bens culturais que fazem parte
de seu local;
• A memória dos habitantes faz com que eles percebam, na fisionomia da cidade a sua própria história de vida,
experiências sociais e lutas cotidianas.

LUGARES DA MEMÓRIA
• Entende-se por 'lugares de memória': museus, arquivos, cemitérios e coleções, festas, aniversários, tratados,
processos verbais, monumentos. (locais de preservação da memória histórica)
• Destruídos os lugares da memória da cidade, resta apenas o que o poder econômico dos setores dominantes
construiu e resolveu manter como símbolo de uma memória elitista e excludente.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
• Educação voltada as questões referentes ao patrimônio cultural;
• Entende-se a utilização dos lugares da memória no processo educativo, a fim de desenvolver a sensibilidade
e a consciência da importância desses bens. (o aluno passa a entender o valor de identidade)

Conhecer para preservar, preservar para conhecer


• Exemplo de projeto que busca levar os alunos a conhecerem os marcos históricos fundamentais da cidade,
sem que passassem a valorizar apenas áreas consagradas pela elite;
• Os alunos foram levados a conhecer outros espaços da Memória: a memória dos demais habitantes da cidade,
de outras condições sociais e de outras épocas.
(estudo do meio, para observar, relatar e compreender a importância de um determinado local e comunidade)

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