Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O ENSINO DE HISTÓRIA:
do saber a ser ensinado ao saber ensinado
RESUMO
ABSTRACT
Keywords: XXX,
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 21
O ensino de história: do saber a ser ensinado ao saber ensinado
22 REVISTA INTERAÇÃO | São Paulo • v. 1 • edição 15 • ano 2015 • páginas (20 - 31) ISSN (1981-2183)
José Mário de Oliveira Britto
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 23
O ensino de história: do saber a ser ensinado ao saber ensinado
6 “...
compreende a resposta mental e emocional, seja de um indivíduo ou de um grupo social, a
muitos acontecimentos inter-relacionados ou muitas repetições do mesmo tipo de acontecimento”.
(THOMPSON, 1981, p.16).
7 Neste período, a Inglaterra estava vivenciando um forte conflito entre a plebe e a gentry.
24 REVISTA INTERAÇÃO | São Paulo • v. 1 • edição 15 • ano 2015 • páginas (20 - 31) ISSN (1981-2183)
José Mário de Oliveira Britto
culturais como rituais e símbolos, que para ele tornam-se também importantes
elementos de análise.
Outra concepção que se apresenta nesse conjunto de renovações
historiográficas e abre uma importante perspectiva de discussão neste campo de
estudo, é a história do cotidiano oriundo das discussões do grupo denominado
Escola de Budapeste8, o qual tem como principal representante Agnes HELLER,
que apresenta em seu estudo sobre O Cotidiano e a História, a seguinte
compreensão de vida cotidiana: “A vida cotidiana é a vida do homem inteiro;
ou seja, o homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua
individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se “em funcionamento”
todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades
manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideias, ideologias”. (HELLER, 1970,
p.17)
Nesta perspectiva historiográfica, é dentro da cotidianidade que o
sujeito histórico atua como construtor de sua história na relação com as várias
atividades que constitui essa esfera ‒ a vida cotidiana ‒ e as diferentes estruturas
econômico-sociais.
Essas correntes da historiografia possibilitaram uma renovação do saber
histórico escolar, no sentido de oferecer novas perspectivas de redimensionamento
do sentido da história e dos objetivos e finalidades desta, como disciplina escolar.
É a possibilidade que se cria de um ensino mais plural, que permite a construção
de identidades para que as pessoas se reconheçam como sujeitos individuais e
coletivos. O ensino volta-se ao desenvolvimento do espírito crítico, ao trabalho
com as diferentes memórias e estabelece como objetivo fazer com que os
indivíduos assumam a sua condição de sujeitos históricos.
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 25
O ensino de história: do saber a ser ensinado ao saber ensinado
26 REVISTA INTERAÇÃO | São Paulo • v. 1 • edição 15 • ano 2015 • páginas (20 - 31) ISSN (1981-2183)
José Mário de Oliveira Britto
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 27
O ensino de história: do saber a ser ensinado ao saber ensinado
28 REVISTA INTERAÇÃO | São Paulo • v. 1 • edição 15 • ano 2015 • páginas (20 - 31) ISSN (1981-2183)
José Mário de Oliveira Britto
Para essa autora, a história, como ensinada nas escolas, não pode ser
uma memória para as crianças e jovens, pois ela “não lhes fala acerca dum
passado que lhes diga respeito”. (CITRON, 1990, p. 113).
Ao analisar o que denomina de crise do ensino de História, CITRON (1990)
indica que isso ocorre num processo de crise mais amplo, da cultura escolar, da
sociedade como um todo, situação que “contém em germe uma desestruturação
vertiginosa da humanidade”. (p.106). Uma das dimensões dessa crise, para a
autora, é a “ruptura da memória social, das tradições, dos saberes, das práticas
que, desde há séculos ou milênios marcavam as formas de comportamento do
grupo”. (CITRON, 1990, 106).
Desse ponto de vista, CITRON (1990) defende uma educação e ‒ por
consequência ‒ um ensino de História centrado no sujeito (p.116), rompendo a
visão de História como memória coletiva única que reprime as outras memórias
sociais. (p.22).
Assim, as finalidades do ensino de História, para CITRON (1990), estão
relacionadas à ideia de que não se pode “tecer uma história universal a partir de
um só foco, até mesmo de uma só instituição”. (p.114). Trata-se, diferentemente,
de entender que: “... a história é até o presente uma memória de homens, de
guerras e de dominações. Está por reencontrar uma memória da vida quotidiana,
memória de mulheres, da terra que dá o pão, da cozinha, da canção e da poesia
dos objetos. Memória, enfim, dos abandonados da história, camponeses,
pescadores, artesãos, operários, culturas desprezadas, cujos gestos e trabalhos
são estranhos à memória da escola”. (CITRON, 1990, p.114).
Propostas de ensino desta natureza levam em consideração os conteúdos
que partem da realidade e, nesta perspectiva, a vida cotidiana e os saberes
produzidos pelos seus sujeitos ganham grande importância.
Tais objetivos se diferenciam de outras perspectivas que propõem o
ensino de uma História Universal, no sentido de uma “memória coletiva única” ‒
expressão usada por CITRON (1990) ‒, e buscam trazer o sujeito para o centro
do ensino. Esse deslocamento requer, obviamente, que se repense também do
ponto de vista metodológico o trabalho escolar com os conteúdos da História.
Por fim, a questão que permanece a partir dessa discussão teórica é:
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 29
O ensino de história: do saber a ser ensinado ao saber ensinado
REFERÊNCIAS
30 REVISTA INTERAÇÃO | São Paulo • v. 1 • edição 15 • ano 2015 • páginas (20 - 31) ISSN (1981-2183)
José Mário de Oliveira Britto
ISSN (1981-2183) (20 - 31) páginas • ano 2015 • edição 15 • v. 1 • São Paulo | REVISTA INTERAÇÃO 31