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DOI: 10.12957/tamoios.2015.19919
Abstract The presentation of theme geography and imperialism under the marxist
approach and track record in the geographic thought in the second half of
the twentieth century, it consists target on general of Article. Identifying and
analyzing the influence of the Marxist theory of French geographers,
Americans and Brazilians, circumvents the specific objectives and rises, at
the same time, the notion of tradition.
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INTRODUÇÃO
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um sítio arqueológico para curiosos, mas a uma tradição dinâmica de incessante dialética
entre passado e presente e, portanto, inclusa e ligada ao contexto histórico-social. A
concepção de tradição está, portanto, longe da ortodoxia ou do tão mal afamado marxismo
vulgar. Desse modo, a interpretação do tema imperialismo na tradição da Geografia
marxista parte da concepção de que o imperialismo consiste em uma categoria de análise
da geografia histórica do capitalismo. Mas a categoria, como diz Lukács (2010) a partir de
Marx, consiste na forma do ser social, determinação de sua existência, portanto, gerada
pela práxis social dos homens.
Essas considerações iniciais visam ao esclarecimento da escala e dos limites de
análise do tema deste capítulo. Naturalmente, esse limite permite apenas tocar em aspectos
e problemáticas que são, sem dúvida, relevantes para o debate, mas não será possível tratá-
las todas aqui em suas expressões mais particulares. Isso serve, igualmente, para os autores
e as obras, dada a extensa lista de publicações dos últimos 40 anos.
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[...] o abismo entre o nível de prosperidade de vários países foi criado por um
processo econômico no qual o desenvolvimento de um setor do planeta – o norte
branco – redundou na estagnação ou no verdadeiro retrocesso de áreas dependentes
[...] O desenvolvimento capitalista gerou simultaneamente desenvolvimento e
subdesenvolvimento, não como processos separados, mas como facetas correlatas
de um único processo.
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geógrafo e militante e, também, aqueles relacionados aos estudos de outros geógrafos, cuja
finalidade consiste em denunciar os aspectos ideológicos e acríticos da geografia francesa,
como o trabalho de P. Gourou sobre o Extremo-Oriente, por exemplo (PAILHÉ, 1981, p.
20).
Na acepção de Claval (1977, p. 156), George cumpre papel relevante na construção
da geografia marxista francesa, mas não consegue dar o salto teórico qualitativo. Na
verdade, segundo Claval, há uma tentativa de conciliação entre o possibilismo e o
marxismo. Ele acredita “que le possibilisme soit conciliable avec une philosophie marxiste.
Il permet d´insister sur le rôle créateur de l´homme dans ses rapports avec la nature”. A
crítica de Claval visa apenas a apontar a impossibilidade de conciliação entre os conceitos
da geografia de tradição empirista e regional, em que George se situa, e as categorias
advindas do marxismo cujas proposições essenciais, segundo o autor, negligenciam a
dimensão espacial da sociedade. Porém, vale lembrar, como acentua Santos (1980, p. 82),
que P. George em “suas primeiras publicações sobre população (1951-1959), Geografia
Social (1946) e seu tratado sobre as cidades (1952) demonstram seu esforço em abarcar a
dinâmica dos sistemas sócio-econômicos com as estruturas da produção”.
No aparente isolamento e na contramão do revisionismo dos marxistas franceses,
em Géographie de la population et démographie (1950), George parte da clássica
passagem de Marx (Introduction à la critique de l´économie politique, de 1857): “la
population est une abstraction si on néglige par exemple les classes dont elle se compose”,
para abrir possibilidades à revisão crítica dos pressupostos teóricos e dos procedimentos
metodológicos da geografia clássica no estudo da população e sua distribuição em face da
divisão social do trabalho.
Com George (1951, p. 126), o espaço deixa de ser visto como objeto passível de
apreensão intuitiva ou um continente de atributos humanos e naturais, como diz o autor:
“l´espace n´est pas une catégorie a priori, mais bel et bien une forme de représentation de
la matière, et l´espace géographique le support des rapports sociaux, la dimension spatiale
de la société”.
A obra La Géographie Active (1964), que reúne contribuições de George,
Guglielmo, Kaiser e Lacoste em torno de temas relacionados ao Terceiro Mundo, aos
países industrializados e à questão regional, sintetiza, de certa forma, a concepção dos
geógrafos marxistas franceses e dá razão à crítica apresentada por Claval quanto à tentativa
de conciliação entre a tradição possibilista de cunho vidaliano e as categorias de análise
marxista.
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A análise apresentada por Vesentini (2003), está mais próxima da crítica sobre o
emprego do termo imperialismo para a interpretação do capitalismo contemporâneo e da
geopolítica global do que, propriamente, a re-atualização do conceito a partir das
metamorfoses do capital e do Estado na arena do mercado mundial e de seus
desdobramentos internos na escala das formações sociais.
Diante do que vimos até aqui, pode-se dizer que a trajetória percorrida pelo tema
imperialismo na teoria marxista da Geografia não constituiu, no sentido dialético do termo,
uma tradição que caracterize a consolidação de uma reflexão teórica de análise marxista da
categoria imperialismo. Isto é, o imperialismo como tema específico de estudo da corrente
marxista da Geografia, seja ela francesa, anglo-saxônica ou brasileira não apresenta uma
continuidade que permita estabelecer uma ligação entre a produção acadêmica dos anos de
1950-1970, com os esforços empreendidos atualmente por geógrafos como D. Harvey.
Embora a tradição não se reduza a noção de continuidade em relação a estudos
desenvolvidos em torno de uma temática específica e, tampouco, acerca da noção
esquizofrênica de paradigma, ela pode, no entanto, ser construída e interpretada a partir do
movimento histórico que articula dialeticamente as dimensões da prática e da teoria entre
passado e presente e vice-versa. Nesse sentido, o “retorno” da crítica ao imperialismo no
século XXI coloca-se, sem dúvida, como resultado de um processo de análise amplamente
assimétrico que envolve desde os textos seminais de P. George e Y. Lacoste sobre o
subdesenvolvimento com as concepções atualmente apresentadas por D. Harvey em New
Imperialism.
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REFERÊNCIAS
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Books, 1972.
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of Indonesia. Tijdschrift voor Economische em Sociale Geografie, v. 73, n. 2, 1989, p. 94-
108.
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LUKÁCS, G. Prolegômenos para uma ontologia do ser social. Tradução: Lya Luft e
Rodnei Nascimento. São Paulo: Boitempo, 2010.
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