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Teoria e Métodos

em Geografia –
O Pensamento
Geográfico
Material Teórico
A Renovação da Geografia

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Vivian Fiori

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
A Renovação da Geografia

·· As características da Geografia Crítica


·· A Lógica Dialética
·· Geografia Humanista e Geografia da Percepção

Nesta unidade, iremos analisar as características da chamada Geografia


Crítica e também abordaremos as características da Geografia Humanista.

Esta unidade trata de temáticas relativas às concepções geográficas denominadas Geografia


Crítica e Geografia Humanista.
Para melhor compreensão do tema, é fundamental compreender as características dessas
concepções geográficas, seus métodos e o contexto dessas linhas do pensamento geográfico.
É essencial compreender as situações em que surgiram essas formas de pensamento
geográfico, seus principais autores e obras.
Para que você tenha sucesso neste processo de aprendizagem, é fundamental a leitura do
texto teórico, observando as diferenças entre essas duas concepções geográficas, bem como
a realização das atividades propostas.

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Unidade: A Renovação da Geografia

Contextualização

Na Geografia do final do século XX e início do século XXI, coexistem várias concepções


teórico-metodológicas acerca do que é Geografia e de como se deve estudá-la.
Duas dessas concepções, que renovam o pensamento geográfico em relação à abordagem
tradicional, vêm comumente sendo designadas como Geografia Crítica e Geografia Humanista.
Havia um descontentamento de alguns geógrafos com os rumos da Geografia Tradicional e
também com a Nova Geografia nos anos de 1970.
De um lado, para alguns faltava à Geografia uma crítica social e política sobre o espaço geográfico,
que evidenciasse as classes sociais e as diferentes condições de poder no território, no espaço.
Esses autores, baseando-se principalmente, mas não exclusivamente, em teorias marxistas,
passaram a discutir as desigualdades espaciais existentes e as diferentes formas de apropriações
do espaço pelos diferentes agentes sociais.
Nesse sentido, o movimento da história ganha força nessa concepção geográfica. Para alguns
geógrafos críticos, a história de como o homem, por meio de sua vida em sociedade, produz o
espaço e, ao mesmo tempo, é reflexo das desigualdades espaciais existentes é o mote da Geografia.
Ou nas palavras de Milton Santos (2002; 2006), o homem é mais ou menos cidadão,
dependendo do território onde mora, das relações que estabelece e de como usa o território
diferentemente, conforme sua condição social. Nesse sentido, o espaço é permeado por relações
de poder políticas, econômicas e sociais.
De outro lado, havia também aqueles geógrafos que se aproximaram mais das abordagens
antropológicas, culturais, buscando evidenciar o homem e sua percepção do mundo vivido.
Essa linha de pensamento ficou conhecida como Geografia Humanista. Como diz o geógrafo
Yu-Fu Tuan (1982, p. 143): “A Geografia Humanista procura um entendimento do mundo
humano através do estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento
geográfico, bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do espaço e do lugar”.
Desse modo, leia atentamente essas duas concepções geográficas apresentadas no texto
teórico, observando as diferenças entre elas.

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As características da Geografia Crítica

A Geografia Crítica é uma concepção geográfica que une diferentes autores, que abordam o
conhecimento geográfico enfatizando as diferenças de usos do espaço ou do território pelos agentes
sociais, evidenciando principalmente as desigualdades sociais no espaço na dinâmica capitalista.
Há nessa abordagem diferentes autores, com influências variadas, mas o método mais comum
é o materialismo histórico dialético ou a lógica dialética, para compreender os fenômenos
geográficos analisados como processo histórico e com suas contradições.
Nesse sentido, criticam a ordem capitalista cada vez mais imposta ao mundo e também criticam
a chamada Geografia Tradicional e a Geografia Pragmática (Nova Geografia- Teórico-Quantitativa).
Sobre essa questão, o geógrafo Roberto Lobato Corrêa afirma:
A década de 1970 viu o surgimento da geografia crítica fundada no materialismo
histórico e na dialética. Trata-se de uma revolução que procura romper, de
um lado, com a geografia tradicional e, de outro, com a geografia teorético-
quantitativa. Intensos debates entre geógrafos marxistas e não-marxistas
ocorrem a partir daquela década (CORRÊA, 2006, p. 23).

A Geografia Crítica faz críticas à abordagem tradicional, sobretudo porque:


··a Geografia Tradicional é muito descritiva, apóia-se no método empírico e positivista;
··a abordagem tradicional torna o conhecimento geográfico muito enciclopédico, visão da
Geografia como ciência dos lugares, despolitizada;
··há a preocupação com a aparência dos fenômenos e não com sua essência;
··a explicação do mundo é baseada principalmente na perspectiva homem-meio e
não evidenciando as desigualdades existentes entre os homens e em suas formas de
apropriação do espaço.
··o homem, em alguns casos, é mais um elemento da paisagem, e não é considerado seu
papel social e político.
A abordagem crítica também propõe evidenciar a relação entre a Geografia Tradicional e
o imperialismo europeu e norte-americano, criticando o capitalismo e as formas de poder que
conduzem a exploração social e política nos diferentes lugares do mundo.
Considerando essa questão, Antonio Carlos Robert Moraes afirma:
A vanguarda desse processo crítico renovador vai ainda mais além, apontando
o conteúdo de classe da Geografia Tradicional. Seus autores mostram as
vinculações entre as teorias geográficas e o imperialismo. [...] Atingem assim
seu caráter ideológico, que via a organização do espaço como harmônica; via
a relação homem-natureza, numa ótica que acobertava as relações entre os
homens; via a população de um dado território, como um todo homogêneo,
sem atentar para sua divisão de classes. Enfim, os geógrafos críticos apontaram
a relação entre a Geografia e a superestrutura da dominação de classe, na
sociedade capitalista (MORAES, 2003, p.110).

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Unidade: A Renovação da Geografia

Em geral, essa concepção propõe que o estudo geográfico tenha cunho social, observando-
se as diferenças das classes sociais no espaço ou no território e as diferentes apropriações do
espaço pelos diferentes agentes ou atores sociais.
Como comenta Ruy Moreira:
A sociedade é o tema verdadeiro da Geografia. Ela estudá-la-á a partir daquilo
que é expressão material visível da sociedade: o espaço. A sociedade, porém,
não é uma sociedade de homens iguais: é uma sociedade de classes sociais.
Portanto, a essência da aparência estará ditada pelo caráter histórico que o
trabalho adquire em cada sociedade (MOREIRA, 1995, p. 68).

Já para Milton Santos (2001), por exemplo, a sociedade é desigual e há os atores hegemônicos
e hegemonizados. O primeiro grupo detém maior poder econômico e político, usa o território de
forma corporativa e como recurso. Quanto aos mais pobres, há o uso do território como abrigo,
como forma de moradia, por exemplo.

Para Pensar
O termo atores ou agentes sociais refere-se aos papéis sociais que cada grupo ou instituição tem. Por
exemplo, o Estado, em diferentes níveis de governo (municipal, estadual federal etc.), é um agente
social que atua no território e tem papel político e várias incumbências em relação à existência do
espaço. Já os donos de grandes empresas, grandes corporações, são outro tipo de agente social.
Desse modo, tratar da categoria homem é muito genérico. É importante contextualizar qual é seu
papel social e como atua enquanto grupo ou instituição em relação ao espaço geográfico. Evidenciar
as ações desses agentes, as contradições existentes entre os discursos existentes e as realidades vividas
concretamente é fundamental numa pesquisa de concepção crítica.

Alguns autores foram precursores nessa abordagem. Esse foi o caso de Yves Lacoste, geógrafo
nascido no Marrocos, de ascendência francesa. Seu livro A Geografia serve, antes de mais nada,
para fazer a guerra, de 1976, é considerado uma das obras pioneiras da Geografia Crítica.
Nela, o autor diz que o conhecimento geográfico existia segundo duas situações principais:
“A Geografia dos Estados Maiores” e a “Geografia dos Professores”. A primeira sempre ligada
ao poder, e a segunda era a Geografia Tradicional, um saber inútil segundo o autor. A Geografia
deveria, segundo ele, ter um conteúdo político, que possa reconhecer o espaço, suas formas de
poder, e não ficar apenas descrevendo paisagens.
Já Pierre George (1909-2006), geógrafo francês, autor de inúmeras obras, tais como: Geografia
Ativa; Os métodos da Geografia; A ação humana; etc. , introduziu alguns conceitos marxistas na
discussão geográfica, tentando conciliar a análise regional com o materialismo histórico.
Outro autor que passou a ser considerado geógrafo crítico é o inglês David Harvey,
principalmente com o livro A justiça social e a cidade, no início dos anos 1970. Depois dessa,
escreveu outras obras relacionando conceitos marxistas com o espaço, entre as quais se
destacam: Os limites do capital; A produção capitalista do espaço; Condição pós-moderna; O
novo imperialismo; O enigma do capital e as crises do capitalismo; entre outras.

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A partir dos anos 1970-1990, categorias como espaço e território retornam ao discurso
geográfico com mais força. O conceito de território que foi usado por Ratzel no século XIX retorna
na Geografia Crítica e passa a ser utilizado, considerando-se outras dimensões de estudos, além
do cunho político e da escala nacional apenas. Passamos a ter estudos de território também
evidenciando os usos econômicos e sociais em diversas escalas geográficas (local, regional,
nacional e global).
Esse foi o caso de Neil Smith, geógrafo escocês, radicado nos EUA, que tratou sobre a
questão do território numa concepção crítica. Diz o autor:
Expresso na forma de território, o espaço geográfico torna-se um apêndice do
desenvolvimento social. A ideia de que as coisas acontecem “no espaço” não
é somente um hábito do pensamento mas também um hábito da linguagem,
e apesar de seu apelo ao absoluto, o espaço natural é anacrônico, até mesmo
nostálgico e uma barreira a uma compreensão crítica no espaço. Por suas ações,
a sociedade não mais aceita o espaço como um receptáculo, mas sim o produz;
nós não vivemos, atuamos ou trabalhamos “no” espaço, mas sim produzimos
espaço vivendo, atuando e trabalhando (SMITH, 1988, p. 132).

Na concepção de Neil Smith, o espaço é uma mercadoria, um meio para a produção industrial,
por exemplo, que é produzida pela sociedade, ou seja, a sociedade, com suas diferentes classes
sociais, vive e produz o espaço.
No Brasil, em 1978, o Encontro Nacional de Geógrafos em Fortaleza é considerado por
alguns autores como momento importante da renovação da Geografia no Brasil, com a
chamada “Geografia Crítica”, devido aos debates acirrados em torno de novas perspectivas
de estudos de Geografia.
No Brasil, a questão teórica e epistemológica passa a ser discutida com maior ênfase em
artigos e livros publicados, principalmente sobre o objeto da Geografia e história do pensamento
geográfico, em obras, tais como: de Milton Santos (2004), Por uma Geografia Nova: da crítica da
Geografia a uma Geografia Crítica, originalmente publicada em 1978; de Antonio Carlos Robert
Moraes (1995), Geografia: pequena história crítica, com a primeira edição em 1983; e de Ruy
Moreira (1995), O que é Geografia, de 1985.
Milton Santos (2004; 2006; 2002) torna-se um autor conhecido como crítico e elabora
algumas teorias sobre espaço e categorias de análise para compreender o espaço geográfico, tais
como: configuração territorial, circuito espacial de produção, meios geográficos (meio natural,
meio técnico-científico, meio técnico-científico-informacional), entre outras.
O autor argumenta que é necessário discutir o espaço social, os diversos usos do território
como sinônimo de espaço geográfico, evidenciando as contradições existentes nele. Usos sociais
dos diferentes agentes existentes no espaço geográfico.
Estudá-lo considerando que o espaço muda ao longo do tempo e, portanto, cabe ao geógrafo
compreender o espaço, é uma instância social, político-jurídica, econômica etc., que precisa ser
analisada como um processo com lutas de classes e com inúmeras contradições, interesses e
intencionalidades dos diversos agentes sociais existentes.
Alguns autores considerados críticos buscam fazer a relação entre a sociedade e a natureza.
Contudo, em geral, a natureza é estudada a partir da apropriação social, ou seja, de como o

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Unidade: A Renovação da Geografia

homem, considerando seus diversos papéis sociais, apropria-se da natureza. Nesse sentido,
para alguns autores a natureza é compreendida como uma forma de apropriação do espaço.
Sobre essa questão, Antonio Carlos Robert Moraes afirma:
[...] recurso natural é um conceito do campo das ciências sociais, que nomeia
uma apreensão de objetos da natureza que qualificam-se por sua potencialidade
de utilização nos processos produtivos de uma sociedade. Trata-se, portanto, de
uma visão social dos fenômenos e elementos naturais, isto é, tomados enquanto
“natureza para o homem”. Não se trata de um “conceito-ponte” entre as ciências
naturais e sociais, mas está claramente assentado nesse último campo. Não há
recurso natural sem que a possibilidade de sua apropriação esteja dada, e esta
implica a existência de sujeitos dotados de meios para seu consumo. Enfim, o
recurso natural objetiva-se através de seu potencial de uso social (MORAES,
2005, p. 118).

Para essa perspectiva, não é o homem que se apropria e usa a natureza, mas sim o ser
humano, enquanto ser social e político. Desse modo, quando uma empresa explora petróleo,
por exemplo, é uma forma de apropriação da natureza, mas essa forma de apropriação é
econômica e ao mesmo tempo política.
Nesse caso, existem guerras entre Estados-Nações por conta do petróleo, disputando
territórios onde exista petróleo, então é importante perceber os usos do território feitos por
diferentes atores sociais. Não é a natureza em si que tem poder, e sim o uso dos atores sociais
dos territórios do petróleo.
Para alguns autores críticos, como Marcelo Lopes de Souza (2008), o espaço é poder. Por meio
do poder que alguns agentes têm, há maior acesso às benesses existentes no território. Nesse
sentido, o território é disputado em diferentes escalas. É o caso, por exemplo, do narcotráfico e
das milícias na cidade do Rio de Janeiro, que se apropriam do espaço, delimitando seu território.
Nessa concepção do autor, o território é o espaço apropriado por relações de poder. Nesse caso,
expresso pelo poder dos traficantes e de seus grupos, caso do Comando Vermelho, por exemplo.
Desse modo, a Geografia Crítica identifica-se por pesquisas nas quais as dimensões políticas,
econômicas e sociais são tornadas evidentes no espaço geográfico ou no território.
A seguir, vamos discutir um pouco mais sobre a lógica dialética, cujo método é o mais comum
na Geografia Crítica.

A Lógica Dialética

O materialismo histórico e dialético é um método que busca entender o mundo como processo
histórico, que vai sendo construído com inúmeras contradições.
A lógica dialética opõe-se à lógica formal, no sentido de não considerar que o processo histórico
do mundo efetiva-se apenas pela causa-efeito. Para a lógica dialética, existe um processo que é
sempre um ir e vir, uma luta de forças opostas de diferentes formas e níveis de poder.

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Alguns autores são considerados importantes por terem discutido esse método. São eles:
Friedrich Hegel, Karl Marx e Friedrich Engels, Henri Lefebvre e Jean Paul Sartre, ainda que com
algumas premissas diferentes.
Sobre isso, o geógrafo Eliseu Sposito comenta:
A dialética é resgatada por Georg Friedrich Hegel (1770-1831), que “retomou o
movimento natural do pensamento na pesquisa e na discussão”. Para Lefebvre
é utilizando-se da dialética que “os pesquisadores confrontam as opiniões, os
pontos de vista, os diferentes aspectos do problema, as oposições e contradições;
e tentam [...] elevar-se a um ponto de vista mais amplo, mais compreensivo”
(SPOSITO, 2004, p. 41).

É fundamental nesse método duvidar da verdade posta como única, bem como buscar a
compreensão da totalidade, evidenciando a relação do todo para explicar uma determinada
situação ou condição geográfica. Como explica Leandro Konder:
Qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo.
Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente,
com problemas interligados. Por isso, para encaminhar uma solução para os
problemas, o ser humano precisa ter uma visão de conjunto deles: é a partir da
visão do conjunto que a gente pode avaliar a dimensão de cada elemento do
quadro. Foi o que Hegel sublinhou quando escreveu: “A verdade é o todo”. Se
não enxergarmos o todo, podemos atribuir um valor exagerado a uma verdade
limitada (transformando-a em mentira), prejudicando a nossa compreensão de
uma verdade mais geral (KONDER, 2006, p. 36).

A totalidade se dá mediante uma totalização constante, ou seja, o mundo muda a cada


momento; então, cabe-nos compreendê-lo como um processo que vai sendo produzido em
cada tempo social, em diferentes contextos sociais, políticos e espaciais.
No método dialético, é fundamental entender o contexto nos quais as situações acontecem.
Contextualizar é palavra-chave! Se eu discuto, por exemplo, uma guerra, em qual contexto
ocorreu? Como era o período? Quais os atores envolvidos? Quais os papéis que cada um dos
atores envolvidos teve? Contextualizar do ponto de vista, social, econômico, político, ou seja,
considerando-se o espaço geográfico em suas diversas dimensões.
Como afirma Jean Paul Sartre sobre a dialética:
Nosso método é heurístico, ensina-nos algo novo porque é, como a do marxista,
encontrar o lugar do homem no seu contexto. Pedimos à história geral para
nos restituir as estruturas da sociedade contemporânea, seus conflitos, suas
contradições profundas, e o movimento de conjunto que estas determinam.
Assim, temos a partida do conhecimento totalizante do momento considerado,
mas, em relação ao objeto de nosso estudo, esse conhecimento permanece
abstrato (SARTRE, 2002, p. 103).

Nesse sentido, é fundamental evidenciar concretamente as situações e seus contextos. Para


diminuir a abstração exagerada, como diz Sartre. Por exemplo, quando usamos a expressão
“capitalismo” e definimos que o processo capitalista induz a ampliação das desigualdades sociais,
como isso ocorre concretamente? De que forma o capitalismo conduz a essa desigualdade? Em
quais situações? Como isso acontece concretamente nos diferentes lugares do mundo? Como
isso ocorre em seu país, em sua região, em sua cidade?

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Unidade: A Renovação da Geografia

Para o positivismo, típico método da Geografia Tradicional, havia a concepção de que o


mundo poderia ser previsto na medida em que existia uma ordem e lógica formal que reproduzia
o que vinha anteriormente. Para a lógica dialética, o que vivemos hoje não é uma simples
condição de reprodução anterior, já que o mundo não evolui linearmente e só progressivamente.
Precisamos considerar como é a sociedade de cada época, sua estrutura econômica e social,
as instituições existentes e suas diferentes condições de poder. Como diz Claude Raffestin e
Marcelo Lopes de Souza: espaço é poder!
Por isso, é essencial fazer mais questionamentos no lugar de dar respostas prontas, e buscar
fazer reflexões sobre a temática geográfica, seus conceitos e situações numa abordagem dialética.
Marx e Engels discutem a necessidade de tratar o homem em sua vida “real”, envolvido
em processos da existência “real”. Consequentemente, a busca desse homem concreto é
fundamental no entendimento desse discurso. Marx e Engels dizem ainda:
[...] partimos dos homens em sua atividade real, é a partir de seu processo
de vida real que representamos também o desenvolvimento dos reflexos e das
repercussões ideológicas desse processo vital (MARX; ENGELS, 2002, p. 19).

Entender as temáticas geográficas como processo histórico, já que os fenômenos não são
isolados, muito menos devem ser analisados como processos que têm um começo e um fim.
Não são produções acabadas, há sempre um devir, o mundo sempre muda e há sempre
transformações no espaço geográfico.
Nas palavras de Lefebvre sobre o método dialético:
Deixando de isolar os fatos e os fenômenos, o método dialético reintegra-os
em seu movimento interno, que provém deles mesmos, e movimento externo,
que os envolve no devir universal. Os dois movimentos são inseparáveis
(LEFEBVRE, 1995, p. 238).

Além da aparência, busca-se também conhecer a essência dos fenômenos. Lefebvre trata da
questão da “aparência” e “essência”, dizendo que não se trata de algo subjetivo, nem do conhecimento
do senso comum, que se satisfaz com as impressões sobre um determinado fenômeno.
Cabe, portanto, “[...] ir mais longe, na convicção de que, por detrás do imediato, há uma
outra coisa que, ao mesmo tempo, se dissimula e se expressa nesse imediato, que o imediato
é apenas a constatação [...] da existência da coisa; e que nós atingiremos “algo” mais real; o
próprio ser, sua essência” (LEFEBVRE, 1995, p. 216).
Portanto, interessa concretamente como os fenômenos se realizam e a essência deles,
questionando-os. Assim como diz Karel Kosik (2002):
A dialética trata da “coisa em si”. Mas a “coisa em si” não se manifesta
imediatamente ao homem. Para chegar a sua compreensão, é necessário fazer
não só um esforço, mas também um détour. Por este motivo o pensamento
dialético distingue entre representação e conceito da coisa, com isso não
pretendendo apenas distinguir duas formas e dois graus de conhecimento da
realidade, mas especialmente e sobretudo duas qualidades da práxis humana
(KOSIK, 2002, p. 13).

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Desse modo, teoria e prática são categorias indissociáveis, bem como a realidade não se manifesta
somente a nossos olhos, é importante desvendá-la, buscar o que está por trás da aparência.
Superação, segundo a lógica dialética, como diz Henri Lefebvre: “[...] a verdadeira superação
é obtida não através de uma amortização das diferenças (entre doutrinas e as idéias), mas, ao
contrário, aguçando essas diferenças” (LEFEBVRE, 1995, p. 229).
Nesse sentido, é fundamental questionar as respostas ditas como verdades absolutas, ir além
do que vemos com nossos olhos, ir além da aparência dos fenômenos.
Por isso, a lógica dialética difere do positivismo enquanto método e também do neopositivismo
(que se apropria da Matemática e da Estatística para explicar os fenômenos geográficos).

Pesquisa com método materialismo histórico dialético


Para se contrapor a essa tendência paradigmática, aquela que se baseia no
materialismo histórico tem características bastante diferentes. A abordagem empírica,
nessa tendência, para se elaborar a informação geográfica, é realizada pela utilização
de técnicas não quantitativas, embora as qualitativas sejam também utilizadas,
como as equações matemáticas que definem índices e dados absolutos. Por outro lado, a análise
de discursos e a incorporação dos dados contraditórios exprimem-se em diferentes técnicas de
investigação, como, por exemplo, a pesquisa-ação, a pesquisa participante, as entrevistas e, como
atitude básica da pesquisa, a observação.
Em termos teóricos, essa tendência caracteriza-se pela tentativa de desvendar conflitos de
interesses, pela fundamentação teórica através da eleição das categorias de análise e na sua
articulação com a realidade estudada, pelo questionamento da visão estática da realidade, por se
utilizar apontamentos para o caráter transformador dos fenômenos, relacionado à preocupação
com a transformação da realidade estudada e da proposta teórica, procurando sempre o resgate
da dimensão histórica dessa realidade, propondo-se as possibilidades de mudanças, baseada em
uma postura marcadamente crítica.
Epistemologicamente, a concepção de causalidade é concebida como inter-relação entre os
fenômenos, ou seja, inter-relação do todo com as partes e vice-versa, da tese com a antítese, dos
elementos da estrutura econômica com os da superestrutura social, política, jurídica, intelectual
etc. Ao mesmo tempo, a validação da verdade científica é fundamentada na lógica do movimento
em espiral e da transformação da matéria, e no método que explicita a dinâmica das contradições
internas dos fenômenos – relação sociedade-natureza, reflexo-ação, teoria-prática, público-privado
(razão transformadora). Nesse caso, a ciência é concebida como categoria histórica e como
mediação homem-natureza por causa da aceitação da origem empírica objetiva do conhecimento.
A ação e a crítica e autocrítica são aspectos fundamentais da prática intelectual.

Trecho literal extraído de SPOSITO, Eliseu Savério. A propósito dos paradigmas da Geografia. Presidente Prudente,
Departamento de Geografia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Disponível em: <http://
observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal8/Teoriaymetodo/Teoricos/01.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

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Unidade: A Renovação da Geografia

Geografia Humanista e Geografia da Percepção

No início da década de 1960, nos Estados Unidos, há um crescente domínio da Geografia


Quantitativa com suas metodologias e modelos matemáticos. Nesse mesmo período, alguns
autores da Geografia Cultural e da Geografia Histórica, nos Estados Unidos, começam a se
interessar por contribuições oriundas da Antropologia e Psicologia, sobretudo sobre a percepção
ambiental e o comportamento humano.
Um desses autores foi David Lowenthal, para o qual os estudos geográficos tinham relação
com a natureza do ambiente, bem como o que pensamos e sentimos sobre o meio ambiente e
como nos comportamos e alteramos esse ambiente (HOLZER, 2008).
Conforme nos diz o autor, em geral, a Geografia que era produzida, sobretudo de cunho
positivista, preocupava-se com o mundo real, o mundo das aparências, mas pouco se importava
com a percepção que os homens têm sobre o meio, a paisagem e o ambiente.
Para exemplificar: enquanto numa visão tradicional, ao ver um rio, utiliza-se a observação,
a descrição das formas do rio e uma posterior classificação dos tipos de padrões de drenagem
do rio (método positivista), para a perspectiva humanista interessa entender como o homem se
relaciona com o rio, qual seu sentimento em relação a esse corpo hídrico.
No mesmo período, outro geógrafo norte-americano, de origem chinesa, Yi-Fu Tuan, também
tratava da importância de entender as marcas que o homem imprime na natureza, como também
a percepção que o homem tem do meio, tanto nos ambientes mais naturais quanto nas grandes
cidades, termo que ele passou a chamar de topofilia.
Nesse sentido, esses geógrafos passaram a se preocupar com valores humanísticos da
percepção, de forma que a percepção que os diferentes grupos humanos e as diferentes culturas,
e mesmo o indivíduo, têm sobre o espaço passou a fazer parte da Geografia.
Para alguns, essa geografia de cunho humanístico tem no método da fenomenologia a sua
principal forma de concepção teórica. Para a fenomenologia, não importa a existência real do
mundo, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá, tem lugar e se realiza para
cada pessoa ou para grupo sociocultural.
Desse modo, a paisagem, por exemplo, diferentemente do que ocorre na Geografia
Tradicional, não é apenas aquela parte do espaço que se observa a partir da visão, mas sim
como percebemos e como sentimos a paisagem, mediante o olfato, a visão, o tato, ou seja, a
partir de todos os sentidos.
Outro autor importante para essa concepção foi Relph. Esse autor destacou do método
fenomenológico principalmente os conceitos de mundo vivido e “ser no mundo”, que na Geografia
têm relação com conceito de lugar, ou seja, como nos apropriamos do espaço, como nos sentimos,
qual a identidade que temos do lugar. Essas concepções são chamadas humanistas.
Outro autor importante é Yi-Fu Tuan, que publicou a obra “Espaço e Lugar”, em 1977. Nela,
o autor discute os conceitos de espaço e lugar a partir do sentimento, da subjetividade e das
ideias que um povo tem sobre esse espaço.

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Nessa visão humanista, o espaço é mais simbólico, mais subjetivo. Não importa, portanto, a
descrição, como fazia a Geografia Tradicional, dos elementos passíveis de serem observados na
paisagem ou no espaço, mas importa como percebemos o mundo.
Assim, para caracterização do conceito de lugar, Yi-Fu Tuan discute na perspectiva da experiência
que temos em relação ao lugar, por exemplo: a nossa casa, a vizinhança, a cidade, a região.
Para Tuan, o objetivo dessa Geografia Humanista era trazer para a Geografia um novo campo
de investigações para os temas geográficos, caso, por exemplo, do conhecimento geográfico
sobre território, lugar, modo de vida, religião, entre outros, de forma mais simbólica.
Ao longo dos anos 1970, esses núcleos de geógrafos culturais e humanistas passaram a
discutir também o papel das paisagens na reconstituição da memória e do passado, tentando
explorar a discussão da paisagem sob o viés humanista (HOLZER, 2008).
No Brasil, nos anos 1980-1990, igualmente como a proposta denominada de Geografia
Crítica, surgiu outra concepção geográfica, a que alguns autores denominam de Geografia
Humanista ou Geografia da Percepção.

A Geografia Humanista
O movimento humanista destaca o homem e o trata com seus significados, valores, objetivos,
dilemas e ações em oposição ao enfoque abstrato, mecanicista e determinista dos paradigmas
anteriores. A crítica à visão reducionista do homem, principalmente após 1970, favoreceu aos
geógrafos humanísticos a interpretação do sentimento e a compreensão das relações entre os
homens e seu mundo vivido. Essa perspectiva, ao defender a dimensão subjetiva e a experiência
vivida pelos indivíduos e grupos sociais, propõe uma compreensão do mundo humano através do
estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico, bem como dos
seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do lugar
As ideias acima citadas surgem como relevantes para esta tendência geográfica. No lugar o indivíduo
se encontra ambientado e mesmo integrado. Tal expressão conceitual compõe este mundo pleno
de sentimentos e afeições, um centro de significância ou um foco de ação emocional do homem.
O lugar não é toda e qualquer localidade, mas aquela que exprime afetividade e valores para o
indivíduo ou a sua coletividade.

Trecho literal extraído de FERNANDES, Márcio Luis. Um outro horizonte em busca da humanização da Geografia. Geograficidade,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, v .4, n. 1, verão 2014, p. 87.

Tal proposta, escola e/ou abordagem geográfica baseia-se principalmente na subjetividade,


ou seja, em como cada um de nós, enquanto indivíduo ou grupo sociocultural, percebe, sente
e vive no espaço, isso então é o espaço vivido.
Conforme explica Roberto Lobato Corrêa:
Contrariamente às geografias critica e a teorético-quantitativa, por outro lado,
a geografia humanista está assentada na subjetividade, nos sentimentos, na
experiência, no simbolismo e na contingência, privilegiando o singular e não o
particular ou o universal e, ao invés da explicação, tem na compreensão a base
de inteligibilidade do mundo real (CORRÊA, 2006, p. 30).

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Unidade: A Renovação da Geografia

Alguns autores humanistas partem do conceito de espaço vivido, na dimensão mais simbólica,
do tempo e espaço sendo medidos pela relação com a natureza e não do tempo capitalista.
Essa situação, embora cada vez menos comum num mundo tornado global, ainda ocorre em
algumas sociedades ou comunidades tradicionais.
Sobre essa questão, Roberto Lobato Corrêa comenta:
Nas sociedades tropicais primitivas, ao contrário, o espaço, como o tempo, são
concebidos descontinuamente, com bloqueios ou cortes brutais. O espaço vivido
é fragmentado em função do pertencimento ao mesmo povoado, linhagem,
tribo, grupo etno-linguístico, casta ou área cultural, que fornecem referenciais
básicos para o cotidiano em sua dimensão espacial (CORRÊA, 2006, p. 32).

Pela situação exposta nessa citação, identifica-se a visão da Geografia Humanista na relação
pela qual os grupos humanos ou as diferentes culturas, sobretudo aquelas mais tradicionais
(indígenas, caiçaras, tribos africanas etc.) se relacionam com o espaço e com o seu território.
Ao analisar o território nessa concepção, é fundamental compreender como um determinado
grupo sociocultural vive, relaciona-se com o seu território. Trata-se, assim, da questão das “raízes”
desse grupo e de como as suas referências espaciais têm relação com a natureza, com a identidade
que esse grupo tem com o território. Território e identidade são palavras-chave nessa visão.
A dimensão afetiva e de pertencimento em relação ao território é destacada na Geografia
Humanista. Ao longo do tempo, o ser humano, enquanto ser cultural, vai se identificando,
vivendo e mantendo laços de afetividade com o lugar ou o território onde vive.
Do mesmo modo, a visão de lugar como espaço no qual se identifica, relaciona-se com seus
vizinhos, nas relações sociais que se estabelecem é reconhecido no cotidiano, com sentido de
pertencimento a esse lugar.
Nessa concepção de lugar, portanto, o lugar não é um espaço qualquer, mas aquele em que
mantemos uma relação de reconhecimento cotidiano, de pertencimento, de avizinhamento, de
conhecimento, que nos faz identificar como se dá o dia a dia do lugar.
Mas o lugar não é só visto de forma positiva, no sentido de envolvimento emocional com um
determinado espaço, que nos é querido, afetivo. Podemos, nessa concepção, também ter aversão
a um determinado espaço, apesar de ele nos ser familiar, o que alguns autores denominam de
sentimento topofóbico.
Como afirma João Baptista Ferreira de Mello:
O lugar surge como conceito-chave na geografia humanística advindo da noção
fenomenológica de mundo vivido emocionalmente, modelado, introjetado e
revestido de eventos, pessoas, itinerários, lutas, ambiguidades, envolvimentos,
sonhos, desatinos, “canções que minha mãe me ensinou”, base territorial e toda
sorte de elementos que permite à pessoa se sentir em casa ou, por outro lado,
distanciada em meio a um estranhamento topofóbico (MELLO, 2005, p. 34).

Logo, a concepção humanista parte da compreensão espacial de forma mais subjetiva, mais
pessoal, do sentimento de pertencimento de um lugar ou território.

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Assim, como se verifica no quadro 1, há diferenças entre a concepção geográfica crítica e humanista.

Quadro 1: Perspectivas Geográficas


Perspectiva Perspectiva de Estudo Categorias Mais
Método Mais Comum
Geográfica Geográfico Comuns
Mais social, política
Materialismo
Crítica e econômica do Espaço e Território
Histórico e Dialético
espaço geográfico
Mais subjetiva e Lugar, Espaço Vivido,
Humanista Fenomenologia
simbólica. Território
Elaborado por Vivian Fiori, 2014.

Na Geografia Crítica, predominam estudos geográficos com preocupação da dinâmica social,


econômica e política do espaço geográfico ou do território. Nesse sentido, os diferentes papéis
sociais e relações de poder são identificados e discutidos nessa visão geográfica, tendo, em
geral, como método o materialismo histórico e dialético.
Já para a Geografia Humanista, a perspectiva é mais simbólica, da apropriação sociocultural,
de espaço vivido pelos diferentes grupos sociais e culturais.

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Unidade: A Renovação da Geografia

Material Complementar

Explore

Leituras:
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Anotações

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