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Pensar e ser em Geografia

Resenha

O geógrafo Ruy Moreira, é formado pela Universidade Federal Fluminense,


com mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor
pela Universidade de São Paula em 1994. Autor de livros como: O que é a Geografia
de 1981 e Geografia: Teoria e Critica ou saber posto em questão, de 1982. Ruy, assim
como outros autores fez parte da geração de Geógrafos responsáveis pelo olhar crítico
para a renovação do discurso geográfico no Brasil, no fim da década de 70 e meados
de 80.
O autor em sua obra “Pensar e ser em Geografia”, utiliza embasamentos por
meio de sua visão e a de outros geógrafos, em seu capítulo “Epistemologia”, o
explorar o olhar e o pensar sobre a geografia renovada em seu conceito social e
principalmente espacial.
O autor começa abordando uma inquietude onde descreve que geógrafos
precisavam sair do campo imaginário sobre a função geográfica e assim colocar os
“pés no chão”, em pensar a geografia como um espeço real e principalmente social.
Citando Lacoste (1977), que apontou isso com o termo “mascarar” para descrever que
a geografia foi vista no campo escolar e universitária de uma maneira diferente, ao
não buscar sua utilidade prática da análise do espaço e a organização do mesmo e do
estado.
Os acontecimentos históricos são denominados epistemologicamente também
como geografia, por sua vez levantado como ciência. Pois todo acontecimento
histórico além do seu olhar sobre os fatos a geografia vem com o olhar sob os
acontecimentos por traz, nas relações sociais, a estrutura do controle social.
A própria estrutura do espaço é determinante sobre seus significados e é o que
leva a ser ciência, tal como a formação do econômico-social. Levanta Santos (1978)
propondo uma caracterização dentro deste contexto, o espaço em sua formação
espacial propriamente dita e ou o sócio-espacial. A forma que o autor descreve sobre
o arranjo espacial e seus elementos, gerou desconforto nas formas usuais e
convencionais dos estudos em geografia, que não faziam pontes com outros lugares
da ciência. Demonstrando a necessidade da interpretação da teoria ao pensar nas
formas produtivas e sobre o poder no meio social.
Assim, Moreira aponta esses e outros diversos espectros dessa renovação da
interpretação e da crítica sobre o objeto geográfico, colocando em questão a carência
dos estudos em geografia da época. O sujeito, portanto, vem surgindo em sua obra
contemporânea, na qual conversava com as obras de outros autores contemporâneos
da época e de autores que serviam como referência à Ruy.
Foi considerado o espaço como um objeto da geografia, levando em
consideração que ele é interdisciplinar. Dialogando com a antropologia, economia,
história, política e entre outras áreas da ciência, para chegar em uma análise. O autor
deixa claro sua intenção de usar o espaço como dogma central da formação teórica
geográfica. Colocando o espaço como base, como chão, para a geografia.
Mesmo trazendo ideias novas, Moreira revela em seu texto que não há
intenção em fazer uma retrospectiva sobre os estudos do espaço em geografia, mas
revelar a falta do olhar ao longo do tempo sobre o espaço nessa ótica epistemológica,
e usado como ferramenta para o conhecimento social. Dentro dessa retrospectiva, o
autor encontrou propostas de periodização.
Considerando Marx, o autor ao falar sobre o espaço e o uso do mesmo, reforça
o meio social como peça fundamental sobre influência das mudanças do meio, onde
diz que “a formação espacial é a própria formação econômico-social”. A formação da
sociedade e a evolução do espaço, traz uma simultaneidade no desenvolvimento, e o
levantamento das questões de como é a reprodução das estruturas e como se é
interpretada em seu arranjo, e o níveis de relações, conseguindo descrever com
maestria os elementos e suas representações.
O espaço dentro do capitalismo será sempre desigual dentro da formação do
espaço. O geografo demonstra através do texto, que tratasse uma linguagem apenas
materialista, nessa formação. Onde o capitalismo que faz o suporte.
Sintetizando, os levantamentos do autor foram organizados e definidos, no
tratamento das dimensões e comportamentos dos modos espaciais e dos indivíduos.
Sua materialização, reprodução, teorias, no tempo e no espaço foram elaborados
através de fatos históricos e outras referências autorais para chegar nessas conclusões
e nessa caracterização feita por Ruy Moreira.
Após a abordagem das categorias e construção geográfica da sociedade, o
geógrafo aborda a epistemologia dos conceitos, categorias e princípios dentro do
ensino. Neste contexto, usa diversas referencias, autores de forte influência nos
estudos em geografia, como Paul Vidal de La Blache. Levantando outras questão e
colocando outras opiniões, a inquietude do autor é pode ser observada, onde ele é
audacioso em trazer também pontos de vista contraditórios.
Ao considerar o ensino da geografia sobre o principalmente formador de um
pensamento crítico sobre a geografia, é na educação escolar que os alunos formarão
suas ideias sobre os conceitos, os princípios e significados geográficos, um meio
sensível, considerado pelo autor.
Ao falar da formação de ideia, levando em contexto a epistemologia, faz parte
do processo de produção da síntese sob a realizado do mundo, a senso-percepção,
relatada pelo autor. Tudo isso, é pertinente pois o ensino ao chegar em um indivíduo
em fase formação de ideia é onde formará no mesmo a capacidade da interpretação
não só do real físico mas também do holístico e a correlação delas.
Retrata a representação pela imagem, onde há uma tríade de paisagem,
território e espaço, mas não é a representação da geografia de fato e o autor revela sua
crítica sobre.
O emprego do lógico-metodológico na educação em geografia é abandonado,
e o autor demonstra a necessidade desse resgate histórico. Moreira resume então em
4 classificações sua crítica, onde é capaz de resumir essa tríade.
Por último, mas não menos importante, vem o diálogo com os humanos e os
físicos. A visão mais crítica ao espaço e ensino passa a ser mais voltado à razão
cartesiana, levantando referencias como Armando Correa da Silva.
Sua crítica habita nessa parte do capítulo Epistemologia, na curiosidade de
ideias sobre como ver com outros olhos, ou seja, outras possibilidades de
interpretação do espaço holístico. Entretanto o autor traz outra inquietude, mas agora
na visão de um campo ainda pouco dominado, gerado por uma desconfiança.
Ele demonstra sua inquietude e crítica em algo que se diz provável, entretanto
se demonstra ser ainda apenas discutível, por supostos especialistas. Traz discussões
na tentativa de demonstrar que os debates podem ser na mesma vertente, pois levam
o mesmo conceito, até cita Kant ao relatar sobre isso. Mesmo assim, não deixa de
levantar críticas sobre esse “conceito”.
Observando o espaço como tempo, e o comportamento do mesmo o autor
começa a trazer leis e termos físicos e matemáticos para introduzir o assunto e ter
embasamentos sobre a crítica. A crítica vem sobre a limitação do espaço tempo, que
caminha apenas entre extensão e distancia, onde com clareza mostra o esquecimento
da ciência sobre a figura do homem na formação do espaço, o homem atópico.
Um olhar lógico e intrigante foi levantado por Moreira, onde ele diz que “não
há leis geográficas” dentro desse contexto, por uma indisposição da ciência e do
homem para não pensar em como o homem se encaixa na arquitetura do espaço.
Crítica bastante desdobrada. Onde o espaço está sendo considerado apenas um
alojamento desses encaixes arquitetônicos.
Quando o geógrafo levanta os estudos empíricos de Kant, no ponto em que a
superfície também passa a ser considerada espaço, com um olhar antropológico,
demonstra a relação com geografia moderna, ou até mesmo um amparo. O autor
revela que localiza então o momento que nasce a dificuldade na geografia em passar
o nível de espaço visto como abstrato e não paisagem.
As considerações dentro dessa ideia, vem pelo autor com o intuito de
demonstrar o interesse em que se tenha uma visão mais holística e fora do marasmo
que os estudos se encontravam, para que a compreensão epistemológica seja rompida
e se crie mais “consciências espaciais”. Vista mais sob a economia e a sociedade.
Contudo, a leitura nos leva para a compreensão da interdisciplinaridade, e as
multiversões do espaço, porem conscientes, fruto do processo histórico e da ciência.
O autor, portanto, resume de forma clara e aplaudível as mudanças nos estudos e o
que vem influenciar ainda hoje.

Referencias
MOREIRA, Ruy. História. In: Pensar e ser em geografia: ensaios de história,
epistemologia e ontologia do espaço geográfico. 1ed., 1ª reemprensão – São Paulo:
Editora Contexto, 2008.

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