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REGIÃO E GEOGRAFIA

Resenha: Capítulo 4

O livro Região e Geografia é escrito pela geógrafa brasileira Sandra Lencioni, que
atua no campo da pesquisa da Geografia Regional. A autora a partir de um referencial
histórico que traz uma reflexão e exposição da solidificação da Geografia de hoje. Sandra,
portanto, atua como docente no departamento de Geografia da USP, passando por
experiências acadêmicas também internacionalmente.
O capítulo 4, intitulado de “A incorporação da Fenomenologia e do Marxismo no
Estudo Regional”, traz a discussão do rompimento das fronteiras universais que
impulsionou o pensamento geográfico, sobretudo sob as tais influencias. Esse
pensamento geográfico foi, portanto, direcionado à Geografia humanista, advinda da
Geografia do comportamento e da percepção. A autora trabalho de maneira que fosse
vista a origem e a transformação da percepção que os estudos regionais foram sendo
conduzidos, podendo reconhecer o homem e seus valores culturais levando ao espaço
vivido. O meio social e físico em conexão.
Atrelado a inúmeras dúvidas e inquietude na década de 60, saindo do pensamento
pautado na política e explorando mais veemente o marxismo, surge uma geração que
refletia sobre o desenvolvimento sócio-econômico, que fez levantar uma série de críticas.
O saber, portanto, passou a ser posto em liberdade, e o pensamento geográfico foi se
desenvolvendo, por uma radicalização em seus estudos e pesquisas, incluindo suas fontes
de conhecimento, como foi com a utilização da fenomenologia e do marxismo. A
influência do marxismo e da fenomenologia influenciaram a Geografia para um olhar
social, trazendo uma nova Geografia regional.
A fenomenologia surgiu através de Edmund Hussel em meados de 1859, difundida
por filósofos que passaram a elevar as observações sobre a natureza dos objetos,
aprofundando o pensamento sobre elas, abolindo qualquer superficialidade ao interpretar
essa natureza. Fazendo com que haja uma construção da relação homem e mundo sob a
percepção mais profunda. Sendo o núcleo da fenomenologia a “intencionalidade da
consciência”, aplica-se como se comporta o objeto na consciente que leva o homem a
vivenciar uma experiência diferente do subjetivismo. Isso então leva a desvendar o mundo
dos objetos exteriores, pós experiência com os interiores de maneira mais intensa.
Por Julian Wolpert em 1964, a fenomenologia foi mais presenta na Geografia. O
que antes era interpretado como Geografia do comportamento, posteriormente
desdobrada em Geografia humanista. A Geografia então nesse período afirma que a
consciência em relação aos objetos científicos já é automaticamente uma consciência
engajada, negando as imparcialidades. A intuição passou a ser material. A influência da
fenomenologia então se encontra na perspectiva da representação do homem no mundo.
Os aspectos difundidos foram os quais que mesmo o espaço sendo vivido ele
também é percebido e diferentemente de indivíduo a indivíduo, e a análise geográfica
conseguia fazer de maneira decisiva. Acentuando a dicotomia, colocando o homem como
o centro e o espaço secundarizado. A Geografia passa a ressaltar a importância do
pensamento do homem em relação ao espaço que está inserido.
O conceito então da fenomenologia colabora com a perspectiva para uma
compreensão do indivíduo que vive no espaço em questão, colocando-o no centro da
análise, pois os valores psicológicos se relacional diretamente com o espaço material.
Sobre os aspectos do marxismo, era determinante em quais eram as influencias
geográficas que influenciava as desigualdades sociais. O autor Feuerbach, ressalta que
Marx elimina a preocupação com o espaço, caminhando apenas pelos estigmas políticas
do capitalismo e do socialismo, sendo um obstáculo para a análise regional. A análise
regional necessita, portanto, da gênese do problema no caminho do capitalismo, mas
também o comportamento do homem no espaço fenomenologicamente, abrangendo todas
as questões em favor da Geografia Regional.
A autora aponta as estruturas históricas do marxismo, ao iniciar suas análises. E a
Geografia passa a utilizar a história por traz do marxismo que a influenciou, afim de
desvendar a raiz dos problemas sociais. Isso levou os geógrafos a um olhar mais político,
envolvendo com propostas sociais, e a proporem mudanças. Entretanto mesmo em meio
aos interesses dos geógrafos sobre o marxismo, o reconhecimento acadêmico não foi
devidamente suficiente, ao dizerem que Marx não se preocupava o suficiente com o
espaço. O espaço, portanto, fez com que avançasse o empirismo e o fetichismo no
discurso geográfico. O marxismo na Geografia fez valorizar as análises urbanas, a
perversão das cidades e as segregações que são presentes nas cidades e grandes centros.
Fica evidente por meio da obra que a influência do marxismo na Geografia
ocasionou no comprometimento de geógrafos em ações sociais, política,
desenvolvimento e na organização do espaço. A Geografia cresceu, mesmo em meios
turbulentos em críticas por essas influencias, porém se concentrou e se mostrou somatória
para o marxismo e para a academia, trazendo olhares que ainda não se haviam sido postos
sobre o espaço e o homem.

Referências Bibliográficas:
LENCIONI, S. Região e Geografia. São Paulo: Edusp, 2003.
OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PESQUISA SOCIO-ESPACIAL

Resenha: Capítulo 6

A obra intitulada de “Os conceitos fundamentais da pesquisa socio-espacial” foi


escrita por Marcelo Lopes de Souza. Este é geógrafo e professor na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), cujo seu doutorado foi pela Universität Tübingen, na
Alemanha. A principal ideia do autor, portanto é apresentar uma metodologia, sobretudo
teórica a respeito das pesquisas sócio-espaciais no campo da Geografia. A metodologia
refere-se ao espaço social propriamente dito, composto pela sociedade e também sobre as
relações que nela flutuam.
Dentro dessa metodologia são levantados conceitos, dentre eles de diferentes
espaços, como o social, geográfico e suas derivações, para que haja qualificações e
análises pertinentes do espaço. Representados em onze capítulo, o autor por meio de todos
eles possui o intuito de representar o uso desses conceitos no campo da pesquisa sócio-
espaciais.
No 6º capítulo em questão, Souza revela sua crítica e considerações sobre “A
região, o bairro e o setor geográfico”, onde faz o destaque o debate sobre o teórico-
conceitual, usando o conceito da década de 80 sobre “região”, onde autores reforçam uma
crítica sobre esse conceito, onde debruçam sobre polêmicas e o modo que a região é vista
durante as críticas e discussões.
Além de tratar a região, Souza também discute sobre o “bairro”. O bairro é para o
autor um lugar de compartilhar-se mesmo as subjetividades. Essas subjetividades são
divididas por ele em 3 conceitos chaves, sendo eles: O composicional, o internacional e
o simbólico, utilizando materiais metodológicos como o objetivo, o indivíduo e o campo
do imaginário. A interação com a região é alocada em conceito de escala, podendo ser
empregadas de maneiras diversas, até mesmo na política. Para Souza existe a
possibilidade que haja uma apropriação ao estabelecer a região geograficamente, pois a
mesma é uma parcela do espaço geral, porém com seus elementos individuais.
Para o campo da Geografia é ampliado ao utilizar esses conceitos ao se tratar desse
espaço, que são únicos sobre cada bairro, cada lugar e cada carácter social, se tratando de
personalidades específicas e bem definidas. Utilizando outra escala quando se trata de
bairro, Souza traz um olhar urbanista ao conceito e organiza por conteúdo, como:
composição (conteúdo composicional); características objetivas quando as classes e como
são compostas; a morfologia do espaço quanto ao conteúdo internacional; relações
grupais e em sociedade;
Assim como nos 3 conceitos chaves em região, no bairro também em sua
organização, Souza faz relações entre elas, como a busca de definições entre o
“simbólico” e o central. O simbólico caminha no conceito da imagem, ou seja, a imagem
do que se vive nesse meio e do que se passa a ser vivido de fato.
Geograficamente, ao chegar no conceito de setor geográfico propriamente dito, o
autor o interpreta como um conjunto de bairros com essas tais peculiaridades individuais,
ou seja, demograficamente seria limitado, e exemplifica como no Rio de Janeiro certos
setores geográficos possuem em si outros inúmeros bairros, devido aos seus tamanhos e
peculiaridades, já que essa peculiaridade é um fator determinante na classificação.

Referências Bibliográficas:

SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-


espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

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