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GEOLOGIA GERAL

LUARA MARTINS DE OLIVA SANTOS

Montes Claros, 08 de fevereiro de 2022


PEDOLOGIA
PROCESSOS DE FATORES DE FORMAÇÃO HORIZONTES DO SOLO
FORMAÇÃO DO SOLO DOS SOLOS
✓ As rochas situadas junto à superfície estão sujeitas à ação de processos físicos,
químicos e biológicos (processos de intemperismo), produzindo os chamados mantos
de alteração. Num sentido mais amplo o conceito de solo, engloba os materiais do
manto de alteração, os quais podem estar in situ (solos residuais ou elúvios) ou já
podem ter sido transportados de uma área a montante por mecanismos diversos (solos
transportados ou depósitos de encosta ou fluvial).

✓ Solo: superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal.
É constituído de camadas que diferem pela natureza física, química, mineralógica e
biológica que se desenvolvem com o tempo sob a influência do clima e da atividade
biológica.
✓ Os solos são constituídos por milhões de partículas de diferentes composições
mineralógicas e diversos tamanhos, entre cascalhos, areias, siltes ou argilas, parte dos
quais podem estar como grãos simples ou agregados por matéria orgânica ou argila.

✓ Os espaços vazios entre as partículas são chamados de poros e podem estar parcial ou
totalmente preenchidos com água. No interior das partículas agregadas também
ocorrem poros bem pequenos.

✓ A razão entre o volume de vazios e o volume total do solo corresponde à porosidade


do solo e, geralmente, é expressa em percentual.
Figura 1: Variações da porosidade segundo a disposição espacial dos componentes
esféricos. A Porosidade máx. 47,6%. B - Porosidade mín. 25,9%.
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO

✓ Na formação dos solos ocorrem reações físicas, químicas e biológicas que


determinam os diferentes horizontes com suas características peculiares. Normalmente
se expressa o desenvolvimento do solo em termo de quatro processos: transformação,
remoção, translocação, adição (Figura 2).

Figura 2: Tipos de processos de formação do solo


CONSTITUIÇÃO DO SOLO

✓ O solo é constituído de matéria orgânica, matéria mineral sólida, água (soluções


dissolvidas) e ar (Figura 3). A fração mineral pode ser constituída de partículas de
tamanhos variáveis, desde argila até matacões de fragmentos de rocha, minerais
primários e minerais secundários (Figura 4).

Figura 3: Principais elementos que compõem os solos


Figura 4: Granulometria das partículas que constituem o solo.
Figura 5 : Sequência que expressa o processo de formação do solo (LEPSCH, 2011)
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

CLIMA FAUNA FLORA RELEVO

✓ 5 fatores formadores do solo podem ser destacados: Material parental, Clima,


Tempo, Organismos (plantas e animais) e o Relevo (topografia).

✓ Material parental (de origem): as rochas são, normalmente, consideradas como a


matéria bruta que origina a fração mineral do solo: quanto menos desenvolvido for o
solo, mais ele se parecerá com a rocha. Sob condições idênticas de clima, organismos,
topografia e tempo de formação, os solos diferem uns dos outros e essas diferenças
estão muito relacionadas com as rochas de origem.
Figura 6: Como os solos podem variar em cor e textura de acordo com o material de origem.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

✓ Estrutura dos minerais: A composição mineralógica do material parental vai


influenciar muito nas características do solo, principalmente na fertilidade. A
estabilidade das rochas depende da composição e da estrutura dos seus minerais.

• Composição Química e Mineralógica dos Materiais Parentais: A constituição


mineralógica, a composição química e arranjo estrutural dos minerais influenciam
diretamente nos processos de intemperismo.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Área de Superfície dos Materiais Parentais: A área de superfície das partículas


regula a maior ou menor interação com o "ambiente" (água). Variações na área de
superfície e na distribuição do tamanho das partículas interferem na VELOCIDADE de
formação do solo. A área de superfície específica é maior quanto menor for o tamanho
das partículas;

• Permeabilidade (K) dos Materiais Parentais: aumenta a velocidade do movimento


de umidade, acelera o movimento dos materiais em solução ou suspensão, influencia a
velocidade de formação do solo.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

✓ Clima: É um dos fatores mais importantes na formação dos solos. Influencia:


velocidade de formação e tipo de solo, distribuição da vegetação e dos organismos,
tipos de processos geomorfológicos. O Clima é um conceito composto, inclui:
temperatura, umidade, evapotranspiração, precipitação, duração da insolação, ventos,
etc. Por simplicidade definiremos o clima em função de valores médios da:
Temperatura e Precipitação (Umidade);

✓ Temperatura: Influencia a percentagem e distribuição dos organismos (fauna e flora)


no solo. Regiões intertropicais tem a proteção da cobertura vegetal que amortece os
extremos de temperatura. Influencia na velocidade de alteração dos minerais.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

✓ Umidade (Precipitação): Inclui todas as formas de água que entram no solo é


derivada principalmente da PRECIPITAÇÃO. Para a pedogênese o que importa é o
EXCESSO DE ÁGUA:
• lixiviação, eluviação: renova a água que circunda os minerais que estão sofrendo
hidrólise;

• A percolação da água no solo é função: porosidade, estrutura do solo, formas de


relevo, condições climáticas e permeabilidade. Regiões com disponibilidade de água
excedente - maior energia pedogenética.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Intensidade da precipitação: Em áreas sem vegetação as precipitações de intensidade


moderada são as mais efetivas: chuvas fracas sofrem rapidamente a EVAPORAÇÃO,
chuvas fortes maior valor da capacidade de infiltração (CI): aumento do escoamento
superficial e problemas erosivos.

• Cobertura Vegetal: A cobertura vegetal tem um papel importante na interceptação da


precipitação através das folhas. A quantidade de interceptação é relacionada com o tipo
e densidade da vegetação.

• Capacidade de infiltração: solos com textura grossa - maior entrada de água, solos
com textura mais fina - menor entrada de água.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Permeabilidade e inclinação da superfície: A movimentação da água no interior do


solo muito depende da permeabilidade. A presença de uma camada impermeável gera
saturação das camadas superiores resultando em movimentos laterais.

• Teor de umidade antecedente do solo: influência direta na entrada da precipitação,


solo saturado - nenhuma umidade entrará no solo, Ex.: base das encostas, depressões,
interferência do lençol freático maior escoamento superficial.

• Movimento da umidade: A diferença dos horizontes é fortemente determinada pelo


movimento da água no interior do solo. A taxa de movimentação da água no solo é
função: volume de água, tamanho dos poros e permeabilidade.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

✓ Organismos: Os organismos compreendem: microflora, macroflora, microfauna,


macrofauna e homem. Pelas suas manifestações de vida quer na superfície, quer dentro
do solo, atuam como agentes pedogenéticos.

• Cobertura vegetal: A presença de raízes condiciona uma menor erosão do solo,


favorecendo a atuação do intemperismo físico e químico. A cobertura vegetal tende a
reduzir a agressividade erosiva da chuva e a amplitude das variações térmicas e
hídricas, criando condições mais favoráveis às atividades biológicas.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Fauna: Vertebrados - principalmente mamíferos - ratos, topeiras, etc., os quais cavam


buracos profundos no solo, causam uma mistura considerável geralmente trazendo
material do subsolo para a superfície. O superpastoreio aumenta a compactação do
solo, diminui a permeabilidade e aumenta a escoamento superficial (erosão). A retirada
da vegetação para a implantação da atividade agrícola aumenta a erosão do solo (vento
e água) levando a perda dos horizontes superiores (O e A) e de micronutrientes.

• Microfauna - bactérias (predominantes) e fungo - atuam na decomposição da matéria


orgânica e favorecem a alteração de alguns minerais.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Mesofauna - são identificados a olho nu e ingerem a matéria orgânica. Ex.: minhocas,


aracnídeos, insetos, termitas. A distribuição está vinculada ao suprimento de alimentos,
assim concentram-se no topo do solo, 2 a 5 cm, com exceção dos termitas e das
minhocas que penetram abaixo de 10 - 20 cm. Estes organismos requerem solo bem
aerado (necessitam de oxigênio) e não vivem em solos saturados.

• Homem - a atividade do homem altera consideravelmente o desenvolvimento dos


solos. A principal atuação está ligada ao cultivo dos solos, geralmente utilizando
técnicas inadequadas, acarretando empobrecimento e erosão dos solos.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• A utilização de fertilizantes e pesticidas na agricultura modificam as características dos


solos, já a irrigação e a drenagem alteram as relações hidrológicas. Além dessas
atividades, a construção civil contribui consideravelmente para a modificação dos
solos.

✓ Relevo (Topografia): A forma de relevo influência diretamente na dinâmica de


movimentação da água: fluxo vertical (infiltração) e fluxo lateral (“run-off”),
indiretamente na temperatura do solo e na taxa de radiação. Orientação das encostas
afeta grandemente a quantidade de aquecimento solar, diferentes solos são formados
nas encostas viradas para o sol e nas sombreadas.
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

• Tempo: A formação do solo é um processo muito lento, requer milhares e mesmo


milhões de anos, durante este período ocorrem mudanças periódicas do clima e da
vegetação, consequentemente altera a formação do solo. As interpretações em relação
as mudanças climáticas baseiam-se em evidências geológicas, geomorfológicas e
palinológicas. A mais óbvia característica influenciada pelo tempo é a espessura, pois
os solos mais jovens são, normalmente, menos espessos que os mais velhos.

• Solos jovens: guardam muitas feições do material parental. Ex.: cambissolo.

• Solos maduros: estão em equilíbrio com o ambiente.


HORIZONTES DO SOLO

✓ Os solos possuem horizontes, ou camadas relativamente homogêneas paralelas à


superfície e são produzidos pelos processos formadores do solo. Os horizontes
dispostos verticalmente são, em si mesmos, ambientes distintos; o horizonte A, além
de ser mais influenciado pela atividade biológica, sofre maiores flutuações de
temperatura e de água; apesar de ser, em geral, mais rico em nutrientes, com
frequência não tem água para que esses nutrientes sejam absorvidos efetivamente.
Como os processos de formação de solo começam na superfície e se desenvolvem
para baixo, a camada superior do solo é mais alterada em relação ao material parental
que as camadas inferiores
HORIZONTES DO SOLO

✓ Os primeiros centímetros do horizonte A podem ser, em algumas circunstâncias, a


parte mais inóspita do solo para as plantas. Acima do horizonte A podem acumular-se
detritos orgânicos, com diferentes graus de decomposição, horizonte O para vários
autores. O horizonte O tem, geralmente, apenas alguns centímetros de espessura,
consiste em matéria orgânica. Os restos de materiais de plantas são claramente
reconhecíveis na parte superior do horizonte O, mas sua parte inferior é constituída de
húmus.
HORIZONTES DO SOLO

✓ O horizonte A, chamado de solo arável, contém mais matéria orgânica que os


horizontes B e C, e é também caracterizado pela intensa atividade biológica, porque as
raízes das plantas, bactérias, fungos, vermes, são abundantes. Em solos desenvolvidos
em um longo período, o horizonte A consiste principalmente em argilas e minerais
quimicamente estáveis, como o quartzo. A água que se infiltra através do horizonte A
dissolve os minerais solúveis e os leva embora ou carrega-os para os níveis inferiores
do solo por um processo chamado de lixiviação.
HORIZONTES DO SOLO

✓ O horizonte B contém menos organismos e menos matéria orgânica que o horizonte


A. Ele é conhecido como zona de acumulação em razão dos minerais solúveis
lixiviados do horizonte A se acumularem como massas irregulares. Se o horizonte A
sofrer erosão deixando o horizonte B exposto, as plantas não crescem tão bem, e se o
horizonte B for argiloso é mais duro ainda quando o solo é seco, e mais viscoso
quando é molhado, em comparação com os outros horizontes.
HORIZONTES DO SOLO

✓ O horizonte C, a camada mais profunda de solo consiste em material parental


parcialmente alterado, transformando-se em direção ao interior para material parental
inalterado. Nos horizontes A e B, a composição e a textura do material parental foram
tão completamente alteradas que esse material não é mais reconhecível. Em contraste,
os fragmentos de rochas e grãos de minerais retêm sua identidade no horizonte C. O
horizonte C contém pouca matéria orgânica.

✓ O horizonte R consiste na rocha mãe, ainda não intemperizada. Impermeável, tende a


segurar o lençol freático.
Figura 7: Horizontes de típico perfil de
solo
Figura 8: Fortaleza Krak des Chevaliers (Fortaleza dos Cavaleiros), na Síria, construída no século XII.
A alteração de muitos dos seus blocos de rocha permitiu a formação de solo e crescimento de
vegetação
RETROSPECTIVA

✓ O desenvolvimento de um solo é um processo contínuo e complexo. Os diferentes


processos pedogenéticos operam em todos os solos, mas em intensidade e tempos
diferentes, de forma que um processo dominante em um determinado corpo do solo
imprime as mesmas características distintivas.

✓ Esses processos envolvem adições de materiais orgânicos ou minerais na forma de


sólidos, líquidos ou gases; perdas de materiais de um determinado horizonte ou de
todo o solo; translocações de um local para outro do solo, por processos físicos ou
biológicos; transformações minerais e orgânicas dentro do solo.
RETROSPECTIVA

✓ O entendimento do material que origina o solo é importante, uma vez que esse
material condiciona muitas das propriedades do solo e que, de acordo com a sua
composição, os processos de gênese são facilitados ou não. Rochas básicas ricas em
minerais ferromagnesianos, por exemplo, são intemperizadas mais rapidamente do que
rochas ácidas, nas quais predomina o quartzo .

✓ À medida que uma sucessão de plantas ocupa um solo, elas podem imprimir-lhe
diferentes características.
REFERÊNCIAS

✓ WICANDER, R ; MONROE, J. S. Fundamentos de geologia, São Paulo: Cengage


Learning, 2009.

✓ LEPSCH, I. F. 19 lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.


OBRIGADA!

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