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ESTADO MODERNO E

CONTEMPORÂNEO
AULA 1

Prof. Carlos Alberto Simioni


CONVERSA INICIAL

Embora a ideia de nação ou império seja conhecida desde a Antiguidade,


o conceito de nação ou país (Estado-Nação), tal qual conhecemos hoje, tem sua
origem no início da Era Moderna, mais especificamente ao final da Idade Média
(final do século XV e século XVI, período conhecido como Renascimento,
quando ocorreram extraordinárias transformações sociais, econômicas,
artísticas, religiosas e políticas). A partir desse momento, um sistema político
denominado absolutismo (ou Antigo Regime) paulatinamente foi se fortalecendo
na Europa e perdurou por quase três séculos, dando início a um processo de
institucionalização do Estado. Assim, o chamado Estado nacional moderno
passou a se constituir como uma das mais sólidas instituições da modernidade,
a partir da sua aceitação (legitimidade) enquanto força militar específica e ator
por excelência do cenário internacional, e também a partir de sua estrutura
burocrática cada vez mais eficiente e poderosa.
Nesta aula, analisaremos a origem remota do chamado Estado nacional
moderno, procurando relacioná-la com o contexto social e político no qual surgiu;
vamos analisar alguns casos específicos de nações absolutistas, diferenciando-
as e elencando fatores comuns a todas elas.
Se, por um lado, essa instituição nasceu durante o período absolutista,
teve seu marco inicial com a Revolução Francesa (1789) e sua efetiva
instauração nos séculos XIX e XX, quando se alastrou pelo mundo como um
modelo cada vez mais padronizado de organização estatal, por outro, apesar de
conter uma série de elementos que caracterizariam o Estado moderno, o Estado
absolutista ainda possuía fortes vínculos com a lógica de dominação feudal. Isso
o tornou uma espécie de Estado híbrido. Neste sentido, é importante analisarmos
em que aspectos ele foi fundamental para superar a lógica feudal, e também em
que aspectos ele se aproximou do atual Estado moderno. Esse contraponto é
essencial para entendermos o quanto as ideias iluministas e liberais foram
importantes para forjar tal instituição, assim como para entendermos a lógica de
dominação moderna e os princípios gerais das relações internacionais baseados
no Estado-Nação.
Sou Carlos Alberto Simioni, sociólogo, mestre em Sociologia, doutor em
Meio Ambiente e Desenvolvimento. Acompanharei vocês na disciplina de Estado
Moderno e Contemporâneo. Espero que aprendamos muito nesta jornada.

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TEMA 1 – DO ESTADO ABSOLUTISTA AO ESTADO NACIONAL MODERNO

O absolutismo pode ser entendido como um sistema político que perdurou


na Europa entre o século XVI e o final do século XVIII. Foi um período de
transição entre o feudalismo e o capitalismo. Diferenciou-se do modelo feudal na
medida em que se organizou a partir de uma forte centralização administrativa e
política.
Ao longo do século XVI foi se estabelecendo na Europa a ideia de um
Estado forte, que se personifica na figura do monarca. Mas foi no século XVII
que este modelo se consolidou, de forma que se criou uma instituição com poder
absoluto, distanciando-se da interferência da nobreza e da igreja. A ideia de
nação ou nacionalidade passa a basear-se no território e na noção de povo
(todos os que habitam o território), e não tanto na etnia ou religião, como foi, por
exemplo, em boa parte do Império Romano e no feudalismo. A partir dessa nova
ideia de nação traçavam-se os objetivos do Estado absolutista, fossem
comerciais, fosse a proteção aos súditos. De fato, o comércio internacional
passou a crescer a partir da lógica do mercantilismo, ou seja, um comércio acima
de tudo estatal, ainda que existissem companhias privadas, bancos e
empreendedores individuais. Em relação à segurança, o Estado era agora o
grande protetor, com a criação dos exércitos nacionais compostos por cidadãos,
e não mais por mercenários ou indivíduos de outras nacionalidades.
Mas o que produziu tão profundas transformações? Quando se analisa
determinado período da história, é fundamental que compreender o contexto
social, político e econômico da época. Duas mudanças se iniciavam sem, no
entanto, se aprofundar – o fim da servidão, aquela forma medieval de relação
entre o senhor e o trabalhador, e o fortalecimento da classe burguesa. O Estado
absolutista assumia, ainda, uma função muito mais de proteção à nobreza do
que de fortalecimento da burguesia ou dos camponeses. De acordo com Perry
Anderson, o absolutismo não significou melhores condições de vida aos
camponeses. Antes disso, o temor de uma revolta geral desta classe, agora livre
da servidão, fez com que a nascente burguesia fosse cooptada juntamente à
nobreza pelas monarquias absolutas. Essa aliança teria sido fundamental para
pacificar a sociedade e garantir o apoio político daquelas classes sociais que, na
verdade, tinham interesses opostos (a burguesia e a nobreza). Assim, o Estado
absolutista, apesar de alguns traços modernos, foi, na verdade, um instrumento

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de domínio da classe social que dominava desde o feudalismo. De acordo com
o autor, “Essencialmente, o absolutismo era apenas isso. Um aparelho de
dominação feudal recolocado e reforçado, destinado a sujeitar as massas
camponesas [...]. Era a carapaça política de uma nobreza atemorizada”
(Anderson, 2004, p. 18).
Por outro lado, ocorreu naquele período um intenso processo de
urbanização, a partir de dois elementos. A expulsão dos camponeses, forçando-
os a migrar para as cidades, e o nascimento da indústria moderna, ainda em
seus primeiros passos, com novas formas de produção (o tear mecânico foi o
maior exemplo). Outros fatores também contribuíram, como o desenvolvimento
técnico, em especial no que diz respeito à navegação, permitindo o domínio dos
mares e, consequentemente, das novas terras então descobertas (América,
África e o Extremo Oriente). Em conjunto, tais fatores induziram uma nova
mentalidade, principalmente em relação ao comércio, que deixa de ser centrado
em pequenas localidades e passa a se concentrar em amplos mercados,
basicamente mercados europeus, mas com um sistema de produção já global
(as colônias espalhadas pelo mundo).
É neste contexto que a moderna ideia de Estado-Nação começa a ser
forjada, mas não sem variados conflitos. Inglaterra, França, Holanda, Áustria,
Suécia, Rússia, Portugal e Espanha estão se organizando como nações. Há
disputas por mercados e por colônias, além de disputas religiosas que acabaram
por contribuir para a formação desta nova instituição, como veremos a seguir.

TEMA 2 – ESTADO BUROCRÁTICO E ESTADO-NAÇÃO

Ao falar em Estado, temos duas abordagens distintas. Uma se refere à


organização interna de um país; outra, ao Estado como ator internacional. A
primeira se refere à Administração Pública, ao sistema político, às regras
constitucionais, aos direitos e deveres dos cidadãos. De acordo com Bresser
Pereira (2008), em termos administrativos, “o Estado é o sistema constitucional-
legal e a organização que o garante”. Já o Estado Nação “é a unidade político-
territorial soberana” e se caracteriza pelo papel exercido no cenário
internacional. O autor arremata: “Em cada Estado-Nação ou estado nacional
existe uma nação ou uma sociedade civil, um estado e um território (Bresser
Pereira, 2008). Vejamos a seguir alguns detalhes dessas duas formas de Estado
durante o período absolutista.
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2.1 O Estado burocrático

As amplas transformações sociais e econômicas ocorridas a partir do


século XVI tiveram forte impacto sobre a organização política das sociedades
europeias de então. Dessas transformações, algumas foram essenciais para que
a instituição estatal fosse aos poucos sendo fortalecida, em especial para
conduzir a economia mercantilista.
O mercantilismo foi o modelo econômico predominante durante o
absolutismo europeu. Consistia basicamente em uma política de acúmulo de
riquezas – metais preciosos provenientes da América. A nobreza e a burguesia
comercial, tanto como o Estado, assumiam esse papel de acúmulo, sendo o
Estado o grande indutor e protetor desse sistema. Mas o poder estatal tinha já
interesses próprios e, para isso, precisava de um estado forte, que protegesse a
produção, o território, os meios de transporte e os cidadãos. Internamente,
deveria gerar ordem social em uma sociedade que passava por mudanças
radicais. Na Europa, em vez do trabalho servil, prevalecia o cada vez mais
comum trabalho assalariado. Nas colônias, o predominante era o trabalho
escravo. O Estado torna-se, então, o agente de controle das massas
camponesas, dos trabalhadores urbanos, dos escravos e dos povos
conquistados.
Outra característica é a centralização: todas as decisões passavam pelo
monarca e seus conselheiros a partir de uma rígida estrutura hierárquica. Mas a
principal ferramenta da centralização foi a arrecadação de impostos. Em vez de
cada nobre cobrar impostos, como ocorria na Idade Média, no absolutismo o
Estado centraliza a arrecadação, de forma que isso o alimenta e o torna cada
vez mais forte. Neste contexto, os negócios de Estado se ampliam e surgem os
primeiros rudimentos da organização burocrática moderna, com os chamados
‘juristas’, os funcionários encarregados de redigir as leis. De acordo com
Anderson (2004, p. 28), esses eram indivíduos com formação em princípios do
direito romano, retomado desde a Renascença. No entanto, tais princípios
acabaram em um cenário muitas vezes contraditório, misturando modernos
instrumentos de administração e formas arcaicas, como o patrimonialismo, forma
de organização estatal – ou mesmo social – na qual o público e o privado se
confundem ou, antes, na qual o público está submetido ao privado.

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2.2 O Estado-Nação

Em termos do que hoje definimos como “relações internacionais”, o


cenário a partir do século XVI estava se ampliando com a formação de nações
e a colonização das terras recém-descobertas que, em muitos casos, gerava
conflitos por posse, pela busca de metais preciosos e pelo domínio de mercados.
Até então, os mediadores no cenário internacional eram a Igreja Católica e o
Sacro Império Romano1, que submetiam direta ou indiretamente as nações
europeias. É neste momento que um novo ator internacional começa a emergir,
o Estado-Nação, com seus interesses políticos e econômicos específicos e com
uma lógica própria de existência. Mas é um fator conjuntural que selará o
fortalecimento deste novo ator: as guerras religiosas.
O avanço do protestantismo acabou por gerar uma das mais sangrentas
guerras da história europeia: a Guerra dos 30 anos (1618-1648). Não cabe aqui
entrar em detalhes sobre esse conflito, mas importa saber que, nele, culminou o
Tratado de Westfalia (1648), conhecido como um ponto de virada (embora
simbólico naquele momento) nas relações internacionais. O tratado estabelecia
que nenhum Estado poderia interferir em outro e, mais que isso, todo Estado é
soberano, isto é, não está sujeito a nenhuma autoridade humana ou institucional
maior. A partir deste tratado, o Estado-Nação paulatinamente se tornou
independente na medida em que a igreja foi perdendo seu poder; primeiramente,
com o enfraquecimento do argumento do direito divino e, em segundo lugar, com
a Igreja deixando de ser um árbitro internacional, possibilitando um sistema laico
– não ligado à igreja – de relações internacionais, prevalecente até os dias
atuais.

TEMA 3 – O ESTADO ABSOLUTISTA E SUA IDEOLOGIA

Transformações tão amplas ou profundas em uma sociedade exigem


novas formas de interpretação e de justificativas para a sua efetiva aceitação e
legitimação. Nesse sentido, as ideologias são essenciais. Se na Idade Média
europeia a Igreja Católica era a principal criadora e disseminadora de
justificativas para explicar a realidade, nos períodos Renascentista e Absolutista

1 Não confundir com o Império Romano da Antiguidade. O Sacro Império Romano foi uma
tentativa medieval, a partir do século XI, de reviver aquele império, mas sem muito sucesso. No
entanto, não deixou de ser uma instituição a interferir nos assuntos internacionais e internos das
nações europeias. Foi extinto por Napoleão Bonaparte.
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outras explicações são necessárias. A religião católica ainda era dominante, mas
tinha concorrência, fosse do protestantismo ou das ideias cada vez mais
frequentes de que a política, assim como o Estado, tinha uma realidade própria.
O absolutismo, então, caracteriza-se em termos ideológicos como uma mescla
de valores religiosos tradicionais e valores modernos laicos.
A ideia moderna de Estado foi apresentada por Maquiavel no Livro O
Príncipe (1532), no qual ele analisa o Estado e o poder político como tendo
natureza própria e sendo ponto central da política moderna. Já Hobbes é um dos
principais defensores do absolutismo monárquico. Na obra Leviatã (1651), com
base em uma visão pessimista da natureza humana, ele defende um Estado o
mais forte possível para evitar que “o homem seja lobo do homem”, dando
segurança aos súditos; no plano externo, a ideia é impedir que um Estado invada
ou interfira em outro. Assim, o estado absoluto seria o garantidor da paz interna
e da segurança externa.
No absolutismo, a soberania se confunde com o poder pessoal do rei,
ideia celebrizada pela famosa frase do regente francês Luís XIV, “O Estado sou
eu”. Tal princípio é fundamentado pela ideia do Direito Divino, no qual o poder
seria uma concessão a determinados indivíduos, mas também pela proposta
laica do cardeal francês Richelieu (1585-1642), a expressão “Razão de Estado”.
Por outro lado, o surgimento do protestantismo no século XVI acabou por
gerar diversas mudanças no plano ideológico, seja como facilitador da aceitação
de diversos valores do nascente capitalismo (tese de Max Weber em A ética
protestante e o espírito do capitalismo), seja por fomentar conflitos entre as
nações daquele período. Diferentes ideologias prevaleceram durante o
absolutismo, o que trouxe implicações no modelo de Estado que certos países
adotaram. É o caso da recusa de Portugal e da Espanha em aceitar os novos
valores econômicos. Se em meados do século XVI eram nações de vanguarda,
a partir da adoção dos princípios da Contrarreforma recusaram inovações,
gerando um tipo de Estado que sufocou o nascente capitalismo. Enquanto a
Inquisição findava em outros países, Portugal e Espanha resgataram-na como
prática religiosa e de Estado. Assim, o Estado absolutista, nesses países, antes
de se modernizar, desperdiçou tempo e grande parte das riquezas obtidas na
América.

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TEMA 4 – MODELOS DE ESTADO ABSOLUTISTA

A França foi a nação com o mais perfeito modelo de Estado Absolutista,


principalmente sob reinado de Luís XIV (1638-1715), consolidando o
mercantilismo e criando uma forte centralização política e administrativa. O maior
teórico deste momento foi o Cardeal Richelieu, que criou a expressão
“Razão de Estado”, ou seja, o uso de ações ou leis ilegais, incluindo o
autoritarismo e a aplicação da violência nos planos interno e externo, para
supostos benefícios do Estado, mas também o uso da razão para conduzir as
questões desta instituição. A França controlou a influência dos nobres nas
questões políticas e administrativas, fortalecendo os funcionários e criando uma
forte burocracia controlada pelo rei.
Se a França foi um modelo clássico de Estado absolutista, outras
potências europeias seguiram caminhos um tanto diferentes. A Inglaterra é o
caso mais notório. Ainda no Século XIII, bem antes do absolutismo, os ingleses
estabeleceram certos controles ao poder dos monarcas. Em 1688, a Revolução
Gloriosa acarretou, entre outras coisas, uma monarquia com poderes limitados
pelo Parlamento, instituição que, naquela época, já se dividia em dois partidos e
governava o vencedor das eleições parlamentares, o qual tinha o poder,
inclusive, de nomear os ministros. A maior parte do sistema político britânico
atual tem sua origem neste período. A Revolução Inglesa foi uma revolução
burguesa, a primeira da história, e o Estado britânico incorporou uma série de
exigências desta classe social, o que em outras nações só ocorreria dois séculos
depois.
A Rússia do início do século XVIII começava a se transformar em um
império, mas com um tipo de Estado Absolutista mais aberto à modernização.
Era o chamado despotismo esclarecido, primeiramente com Pedro, o Grande
(1672-1715), e posteriormente com Catarina II (1725-1796). Valores absolutistas
conviveram com ideais de modernização, incluindo a ênfase à indústria, ao
aparelhamento da marinha e abertura de portos e à ciência, aceitando-se muitas
das ideias iluministas em vigor na Europa Ocidental neste período.
Portugal também seguiu o modelo político das demais potências
europeias, mas por vias diferentes. De um lado, assim como a Espanha, foi
profundamente influenciado pela Igreja Católica, enquanto as demais potências
paulatinamente se distanciavam. Os portugueses, ainda, fecharam-se para os

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valores capitalistas burgueses, aceitando tão somente o chamado capitalismo
de Estado. Isso acabou por influenciar um tipo de Estado cheio de contradições,
conforme constata R. Faoro (2001), para quem o Estado colonial português
transformou os altos funcionários públicos praticamente em elementos da
nobreza, sufocando a burguesia e privilegiando os funcionários de Estado. Em
meados do século XVIII, em Portugal, ainda prevalecia uma organização estatal
arcaica, cheia de superstições, fraca hierarquia e excesso de funcionários
(Faoro, 2001, p. 204). Neste período, nem mesmo o “déspota esclarecido”
Marquês de Pombal conseguiu efetivamente modernizar o país.

TEMA 5 – CRISE E DECADÊNCIA DO ESTADO ABSOLUTISTA

Ao final do século XVIII, apesar do despotismo esclarecido, uma tentativa


de coexistência com o novo cenário moderno e com os novos valores
propagados pelo Iluminismo, era notório que o Estado absolutista era uma forma
anacrônica de governo. A ascensão da burguesia era cada vez mais evidente,
demandando mais espaço político e econômico e menos controle do Estado. O
capitalismo superou de vez o mercantilismo e o Estado-Nação tornou-se a
principal instituição internacional – notadamente, a potência da época era a
Inglaterra. A ciência prosperava e a religião perdia o espaço que ocupava como
ator político. É neste cenário que as ideias iluministas encontram terreno fértil
para prosperar (cf. Aula 2). O pensamento de Locke, Smith, Rousseau,
Montesquieu, Kant circulou não apenas pela Europa, mas também pelas
colônias americanas. O ideal de liberdade individual ou nacional influenciaria
processos de luta por independência em vários lugares, principalmente na
América, culminando, poucas décadas depois, no surgimento de diversas
nações.
Neste ínterim, em 1789, explode aquela que é considerada o marco da
passagem do absolutismo para a modernidade: a Revolução Francesa. Mesmo
considerando que a França só se tornou efetivamente republicana e capitalista,
no sentido moderno do termo, quase 100 anos depois, aquela Revolução
mostrou ao mundo que mudanças estruturais estavam ocorrendo, inclusive
induzindo a que um novo tipo de Estado fosse pensado e organizado, pautado
em princípios distintos daqueles apregoados pelo absolutismo.
Entretanto, além da França, outro processo revolucionário ocorria do
outro lado do Atlântico, onde os ideais de modernização tinham mais liberdade
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para prosperar. Foi a independência dos Estados Unidos da América, a primeira
experiência mundial de um Estado formado a partir dos ideais iluministas. É o
que veremos na próxima aula, com o chamado Estado liberal.

NA PRÁTICA

Nem toda a Europa se transformou em Estado absolutista. A Holanda era


uma república2 dominada pela burguesia comercial. A Suíça era uma república
quase que isolada, com muitas instituições democráticas. Itália e Alemanha
ainda não estavam unificadas, divididas em vários estados com características
distintas. Em termos globais, existiam outras forças políticas, como o Império
Otomano e a China, cujos Estados eram muito parecidos com o feudal europeu.

FINALIZANDO

Vimos, nesta aula, o Estado absolutista e sua influência no surgimento e


consolidação dos modernos Estados nacionais. Foram cerca de três séculos
durante os quais o atual Estado-Nação germinou e o chamado Estado
burocrático moderno encontrou um solo fértil para se desenvolver, seja do ponto
de vista econômico e político, seja a partir de mudanças no plano ideológico.
Contudo, o Estado absolutista ainda era essencialmente feudal ao garantir o
domínio da nobreza, fato que só seria superado com o advento do Estado liberal.

2 A Holanda se transformou em Monarquia Constitucional em 1815.


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REFERÊNCIAS

ANDERSON, P. Linhagens do estado absolutista. São Paulo: Brasiliense,


2004.

BRESSER PEREIRA, L. C. Nação, Estado e Estado-Nação. Disponível em


<http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.21.Na%C3%A7%C3%A3o.E
stado.Estado-Na%C3%A7%C3%A3o-Mar%C3%A7o18.pdf>. Acesso: 16 jan.
2018.

FAORO, R. Os donos do poder. São Paulo: Globo, 2001.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1997. (Os Pensadores)

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Porto Alegre: L&PM Editores, 2011.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:


Companhia da Letras, 2004.

WEFFORT, F. Formação do pensamento político brasileiro. São Paulo: Ática,


2006.

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