Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dilma Rousseff
Ministro da Cultura
Juca Ferreira
Presidente
Francisco Bosco
Diretor Executivo
Reinaldo Veríssimo
CDD – 782.5
Índice
Autores
Apresentação
I - Entre mãos e corações
II - Contextos diversos, cantorias distintas
III - Um pouco de tudo
IV - Um gesto, múltiplos cantos
V - Muitas perguntas, muitos caminhos, muitas canções
VI - As múltiplas dimensões da prática coral
Autores
Eduardo Lakschevitz é Doutor em
Música pela Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e
Mestre em Regência Coral pela
Universidade de Missouri-Kansas City
(EUA). É professor da UNIRIO, onde
leciona a cadeira de História da
Música e coordena o Programa de
Mestrado Profissional em Ensino das
Práticas Musicais. É regente do Coro da TV Globo.
Pesquisador de aspectos comportamentais na produção
musical, realiza projetos em educação empresarial nos
quais aborda a música como ferramenta de
desenvolvimento cultural e humano.
1 No princípio era...
3 Que cantar?
Velas ao vento
Contexto
Repertório
Quantos de nós já não ouvimos um cantor reclamar de
alguma peça do repertório, tentar angariar apoio para sua
"causa" junto a outros cantores, ou até mesmo, numa
situação mais extrema, deixar de participar de um coro por
falta de afinidade com o repertório escolhido? Ou, por outro
lado, quantas vezes já não percebemos uma melhor
aproximação do coro com a sua comunidade, a chegada de
novos cantores, ou o recebimento de mais convites para
apresentações em função da identificação das pessoas
(cantores e público) com o repertório executado? São
situações que nos ensinam o quanto essa escolha pode
influenciar o trabalho de um coro. Não é difícil deduzir que
nós, regentes, dependemos diretamente da participação e
do engajamento dos cantores e, por isso mesmo,
deveríamos sempre selecionar peças que promovam essa
atitude. Como na grande maioria das vezes trabalhamos
com cantores voluntários, é nossa responsabilidade olhar
com atenção para os fatores que mais os motivam 2, dentre
os quais está a escolha do repertório cantado que, mesmo
sendo objeto de sugestões vindas das mais diversas
pessoas, é uma prerrogativa do regente. Esse processo é
anterior ao funcionamento dos trabalhos do coro
propriamente dito, mas tem influência direta neste. No caso
do Painel FUNARTE, o repertório tem que ser escolhido antes
mesmo de o coro existir.
Normalmente, o regente seleciona peças que, de acordo
com certos critérios,imagina que funcionarão bem. Mas que
critérios são esses? Quem os determina? A enorme
variedade de tipos de coros hoje em dia torna pouco
provável que existam parâmetros universais, que funcionem
da mesma forma para todos os coros. Portanto há
características específicas no coro que regerei (formado
pelos alunos do Painel) que devem ser observadas na
escolha do repertório.
Ao estabelecer referências para essa escolha, é
importante compreender particularidades do grupo, nos
âmbitos musical e comportamental. Mas que fique bem
claro: conhecer e compreender um grupo para encontrar um
repertório apropriado não quer dizer simplesmente optar
por peças banais e nem relaxar a exigência com a qualidade
do que será produzido. Grupos corais são diferentes uns dos
outros, e as peças que cantam devem valorizá-los,
provocando nas pessoas um sentido de realização. Deve
trazer-lhes orgulho por um trabalho bem feito. Por outro
lado, deve também instigá-los. Há sempre alguma
construção musical que os cantores ainda não
experimentaram, ou que ainda não conseguiram realizar
bem. Quando o regente leva em conta essas questões e
sabe identificar as potencialidades do grupo, atua de forma
a facilitar a expressão máxima de um coro, ao mesmo
tempo em que promove o crescimento dos cantores. Um
dileto professor meu, ao discutir esse assunto, dizia que "só
se pode lapidar um diamante a partir de uma pedra bruta".
Em outras palavras, um repertório deve estar dentro das
possibilidades de um coro, para, a partir daí, desafiá-lo.
O termo customização, comum no meio corporativo,
serve bem ao regente coral, quando da escolha de peças.
Repertório customizado é aquele feito de acordo com o
coro, escolhido (ou, melhor ainda, criado) especialmente
para aquele grupo de cantores. Pensando por esse viés, um
repertório deve ser adaptado ao coro (e não o contrário),
num processo cujos fatores que o constroem devem ser
pensados distintamente. Assim, questões importantes a ser
analisadas no repertório coral são a forma (a peça faz
sentido?), o tratamento harmônico (é tonal ? cromático?
instável? qual a posição dos acordes?), a condução de vozes
(graus conjuntos, tipos de saltos e contornos,
"cantabilidade") e os aspectos rítmicos (andamento,
padrões, regularidade de pulso, uso de redundância).
Algumas dessas questões, porém, serão mais prementes na
análise de repertório para o Coro do Painel, pelas
características anteriormente mencionadas: o texto, a
tessitura e a textura. É certo que a produção do som coral é
resultado de todas essas questões juntas, mas é importante
que o regente seja capaz de analisar esses fatores
isoladamente numa peça.
Texto
Tessitura
Textura
Ensaio
Organização
Conclusão
4 O repertório coral
6 (In)Expressividade musical
7 O ensaio coral
10 A plateia ideal