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1 No princípio era...
3 Que cantar?
Velas ao vento
Contexto
Repertório
Texto
Um cantor comunica idéias. O simples fato de o significado do texto
"sair da boca do cantor" o torna testemunha do que canta, como se fosse um
avalista das ideias sendo transmitidas. Isto é ainda mais forte em se tratando
de cantores voluntários, cuja participação num coro é motivada por
questões de ordem pessoal. Para estes, é praticamente impossível separar
suas ideias daquilo que seu corpo e sua voz expressam no coro. Por isso,
cantores sempre deixarão bem claro sua discordância com qualquer
conteúdo de um texto que lhes desagrada, seja ela por razões de faixa etária
– “meus alunos acharam esse texto muito infantil”, comentam
frequentemente alguns regentes – , religião, política ou qualquer outra.
Dessa forma, a identificação de um cantor com a mensagem contida no
texto de uma canção deve ser a base da escolha do repertório. Não se trata
de escolher repertório que o corista já conheça, mas sim de buscar textos
que promovam seu crescimento, seja pela qualidade literária, pelas idéias
que contém, ou pelo tratamento que recebeu do compositor. Samuel Kerr,
com quem colaboro nesse Projeto, diz que um coro deve ser a voz de sua
comunidade. Por isso, conversamos muitas vezes a respeito do Painel em
Maringá, pesquisamos canções que dizem respeito àquela cidade, suas
características marcantes, clima, vegetação, população etc. Antes de
escolher peças, conversamos sobre o que queríamos falar, sobre a
mensagem que gostaríamos de deixar com cantores e ouvintes, e sobre as
relações que gostaríamos de estabelecer entre nossa cantoria e a
comunidade local.
Mas texto não é só conteúdo, significado. Há outros fatores a ser
analisados: Qual a sua qualidade literária? Tem originalidade? Como está
associado às melodias? É cantável? Todas as vozes têm oportunidade de
cantar trechos da letra, ou há alguma voz dedicada apenas aos fonemas de
acompanhamento (“tum, tum, tum” ou “lá, lá, lá”, por exemplo), hoje tão
comuns em arranjos e composições corais? Todos devem ter a chance de
comunicar o texto, a poesia. Às vezes esse fato passa despercebido porque
nós, regentes, tendemos a analisar somente a visão geral, a sonoridade
resultante. Mas todo cantor gosta de melodia e de letra (alguns, mais
inexperientes, até confundem esses termos), e as peça que escolhemos
devem proporcionar esse equilíbrio.
E como é a prosódia desse texto? Somos capazes de compreendê-la,
bem como o sentido das frases musicais e poéticas? O sentido musical
acompanha o sentido do texto? O texto está adaptado à notação musical
com naturalidade? As acentuações do texto coincidem com as da música?
Há naturalidade na "entrega" de um texto para o ouvinte? A definição mais
precisa que já ouvi sobre a qualidade de um texto, e que uso até hoje, é a
seguinte: “Precisa ter qualidade literária, potencial educativo (pessoas
devem ter oportunidade de aprender com ele), e tem que “ser bom de
dizer”, o que significa ter prosódia equilibrada, articulação justa e
pronúncia fácil.
Tessitura
Textura
A interação entre as vozes é um dos aspectos mais interessantes da
música coral, e a característica de repertório mais intimamente ligada a ela é
a variação textural. Ao tratar de relações entre as diferentes vozes, como
fios numa peça de tapeçaria, a textura pode determinar o nível de
dificuldade de uma peça, o interesse dos cantores, a inteligibilidade, a
dinâmica etc.
Como as vozes de uma peça se organizam? De forma monofônica
(uníssono), polifônica, homofônica, ou como melodia acompanhada? Há
texturas que se misturam? Há variedade de texturas numa peça? Muitas
vezes nos esquecemos de algo muito simples: cantores gostam de cantar
melodias! (perdoem a insistência). Efeitos vocais, como mencionei
anteriormente, até são interessantes também, mas se usados como colorido,
como acompanhamento. Uma peça cuja textura privilegia somente uma das
vozes com a melodia (frequentemente o soprano), deixando as outras todas
com função de acompanhamento, perde boa parte do grande potencial
expressivo de uma música coral. A textura deve privilegiar a todos. Bem
disse Machado de Assis, ainda no Séc. XIX, ao se referir à importância da
melodia na sensibilidade musical da população: "o público carioca morre
por uma melodia assim como macaco morre por banana".3
Essa análise é importante, ao mostrar uma direção na escolha do
repertório para um coro. Mas, ainda assim, o prisma de observação
utilizado é o do regente. Uma aproximação com as possíveis sensações do
cantor só vem quando, como parte do nosso estudo, cantamos em voz alta
todas as vozes da peça estudada. A idéia pode soar redundante, mas
envolvimento físico e acústico dos participantes com a música está na
essência da atividade coral. Experimentar as linhas vocais é uma boa forma
de o regente se colocar no lugar de seus coristas, a fim de entendê-los
melhor.
Ensaio
Organização
Todas essas são competências não-musicais fundamentais para o
desenvolvimento do meu trabalho como regente coral que, observado com
distanciamento crítico, consiste simplesmente em liderar um grupo de
pessoas a atingir um objetivo comum. Mas a compreensão clara dessas
questões tem sido uma dificuldade dos regentes corais hoje em dia. Muitas
vezes, a preocupação com questões técnico-musicais do seu trabalho é tão
dominante que este parece ser o único aspecto levado em consideração
quando, na verdade, essas deveriam ser apenas as suas preocupações
iniciais, pois constituem a base para o desenvolvimento de um trabalho
coral. A construção de uma sólida e ampla base musical, nas áreas de
análise, harmonia, contraponto, estilo, regência e instrumento é de
inquestionável importância, e deve ser desenvolvida continuamente. São as
ferramentas do dia a dia do regente, fundamentais para a fluência de seu
trabalho; fazem parte de sua formação. Mas são meio, técnica, e não seu
objetivo final. É inspirador ouvir o Samuel Kerr dizer que "padrão com T
de técnica vira patrão, e convenção, também com T de técnica, vira
contenção".
O regente é o líder de um grupo de pessoas e, por isso, as questões
relativas a esses processos coletivos de criação artística são as que primeiro
me vêm à mente. Assim, somente após analisar o coro com quem
trabalharei (as pessoas!), escolher o repertório e imaginar potencialidades e
dificuldades do trabalho eu posso começar a pensar na parte musical, nos
melhores processos e nas questões mais importantes a serem abordadas nos
ensaios. Esse trabalho musical precisa ser organizado, coerente. Um dos
aspectos mais difíceis para o regente é levar o cantor a construir seu som de
forma artística; esse objetivo só poderá ser alcançado quando diferentes
áreas do trabalho coral forem tratadas isoladamente. Vou explicar.
Todo regente tem um som ideal em mente. Tenho a sorte de já ter
ouvido concertos de coros maravilhosos, de estilos e procedências as mais
variadas, de ter conversado com muitos regentes e professores e de ter
regido muitos coros diferentes (em situações as mais diversas, em locais
muito distintos). Tudo isso me ajuda a imaginar o som que considero ideal.
O gosto de um regente e seus ideais sonoros se constróem a partir das
referências adquiridas e das comparações estabelecidas ao longo da vida.
Sempre que me coloco à frente de um grupo coral, tenho esse som ideal
em mente, como um objetivo, uma referência. Mas regência é uma
atividade intensamente dependente de outras pessoas e de múltiplos fatores
que, muitas vezes, propõem caminhos e sonoridades alternativas. Assim, a
mágica maior do trabalho coral é o caminho da busca pelo som ideal, que é
forjado no equilíbrio entre as referências do regente e as situações que se
lhe vão colocando. E a função mais importante do regente é guiar os
cantores a experimentar esse caminho, sem cair na tentação de tentar trilhá-
lo por eles.
Prioridades
Conclusão
Chegar a uma nova cidade, com expectativas diversas por parte dos
participantes, com inscritos vindos de contextos completamente diferentes e
possuindo diferentes formações acadêmicas é sempre um enorme desafio.
Cada Painel é muito diferente do outro. Se, por parte da coordenação
pedagógico-estrutural, na FUNARTE, sua gestação acontece com meses de
antecedência (nove?), para nós, professores, é momento de também
iniciarmos um processo de elaboração mental; através dele, tentamos traçar
metas cujas bases possam alcançar o maior número de regentes-professores
no desenvolver de seu trabalho musical direcionado ao canto coletivo.
Hoje, somamos experiências advindas de grandes encontros dessa
natureza, pois atuamos como um dos professores convidados em Belém
(PA), São Luiz (MA), Palmas (TO), Crato (CE), Quixadá (CE), Mogi das
Cruzes (SP) e Maceió (AL). Estas cidades foram palco das mais diferentes e
intensas sensações, com momentos de congraçamento e de trabalho árduo,
locais onde desfrutamos do convívio com pessoas ímpares: ora integrantes
da banda local, ora alunos de Licenciaturas, ora cantores de coros e seus
familiares, ora integrantes de grupos vocais, ora professores das redes
estaduais e municipais ou mesmo particulares, ora regentes de coros
religiosos, ora curiosos tentando assimilar as metodologias e as atividades
para implementá-las em sua prática pedagógica. Com tanta diversidade de
interesses, com níveis diversos de compreensão dos fenômenos musicais,
inseridos em comunidades com experiências tão díspares, que fazer em uma
semana de vivências? Estabelece-se uma questão fundamental: como
alcançar o regente, ou o professor que atua em escolas, ou o cantor
interessado em aprimorar seus conhecimentos na área coral, ou o estudante
das diferentes Licenciaturas, ávido por novas metodologias, por novas
dinâmicas, oferecendo-lhes alternativas para refletir sobre técnicas e
procedimentos que poderão redirecionar suas ações? Se por vezes não
redirecionam, esses procedimentos apresentados nos Painéis servirão ao
menos para ratificar atitudes saudáveis, justificadas por uma bibliografia
consistente sobre as abordagens ali feitas?
Com estas preocupações, iniciamos nosso planejamento para os desafios
de cada Painel. E cada um dos quais já fizemos parte contribuíram para um
crescimento ímpar: tanto para os alunos participantes, por suas avaliações e
seus retornos verbais expressos, como também para nós, professores!
É sempre uma grande tarefa escolher o repertório a ser apresentado
como modelo de possibilidades de execução, selecionar atividades, reunir
bibliografia, separar textos, delimitar tópicos para discussão, e ainda
estruturar um repertório de canções a ser ensaiado como culminância do
processo que acontecerá durante a semana. Isto tudo com variáveis que
dependerão do perfil dos participantes, das possibilidades espaciais do local
de realização, da disponibilidade de material xerográfico por parte da
coordenação local do evento, do horário a serem desenvolvidas as
atividades.
Existe, como já afirmamos, um período necessário para a gestação de
um Painel; após a definição do trio responsável por sua concretização_ dois
professores e um pianista_ , o local de sua realização(a) , o contato com a
organização local (b)e a definição do público alvo(c) passam a nortear
muitas das decisões .
Com esses dados, ainda que com muitas alterações no decorrer do
processo, sua preparação, pelos professores, mescla fases de euforia, de
preocupação, de dúvida, de satisfação, de receio.
Em contextos em que o Painel FUNARTE pode apresentar-se como uma
das únicas oportunidades de aprimoramento de conhecimentos na área
coral, pela ausência de cursos específicos e sistemáticos em diferentes
regiões do país, a decisão por repertório adequado, a escolha da
metodologia, a definição de tópicos para reflexões conjuntas e a elaboração
de atividades práticas ganham outra dimensão. Serão estes os momentos
mais preciosos de experimentação, de vivência concreta, de reflexão sobre
os rumos de uma prática que já se consolidou como uma grande
oportunidade de convívio social, de canalização da emoção, de prazer
estético que outras atividades que não a coral são incapazes de provocar.1
Mas quais as competências necessárias ao professor para o sucesso
dessa iniciativa? Trocando em miúdos, que investimentos são necessários
para o sucesso de cada Painel por parte de nós, seus professores?
Não bastaria chegar ao local de sua realização e fazer ensaios das peças
sem planejamento, sem método, sem refletir sobre cada escolha realizada.
Esta já pode ser a rotina de ensaios de muitos grupos corais em locais que
ainda não subsidiaram um Painel FUNARTE. O Painel tem de vir para
provocar, para instigar, para propor outras alternativas, para mostrar
possibilidades de otimização de tempo de ensaio, para sugerir métodos
viáveis que possam ser aplicados pelos participantes para enriquecer suas
propostas cotidianas de ensaio coral. Sem esses propósitos, seria
improdutiva a realização de eventos dessa dimensão.
Em Belém (PA), o primeiro Painel desde que foi retomado o Projeto
pela FUNARTE, houve muita troca. Havia expectativas dos envolvidos em
relação a um projeto com crianças, pois montavam algumas peças para
serem executadas com uma orquestra jovem; um compositor local ainda
acabava de escrever as peças que seriam cantadas! Os participantes eram
bastante atentos, um grupo constituído por crianças acompanhadas de
alguns pais, além de professores e estudantes de música que regiam grupos
diversos. Houve necessidade de algumas adaptações para a realização das
peças anteriormente previstas por nós, professores.
São Luiz (MA) foi surpreendente pelos interessados que se fizeram
alunos do Painel. Um grupo de integrantes da Banda local assiduamente
estava a postos, nos horários programados, para receber as orientações e
questionar essencialmente aspectos de técnicas de regência; estavam ávidos
por resolver problemas de regência buscando soluções para aspectos
específicos da condução, por exemplo, do Hino Nacional Brasileiro. Mas
muitos aspectos de dinâmica de ensaio e de metodologias para ensino de
canções foram bastante explorados ali. Além desses alunos, a sala
programada para acontecer o Painel estava sempre lotada de interessados,
que vibravam com cada proposta lançada.
Em Palmas (TO), muitos integrantes de grupos vocais, além de regentes
de coros principalmente religiosos e vários professores compunham o
quadro de participantes do Painel. Foi desenvolvido um repertório variado
de canções, direcionado a grupos diversos, tanto infantis como adultos e
discutida muita metodologia de ensaio. As atividades do Painel tentaram
deixar uma amostragem de procedimentos que tinham por escopo otimizar
os ensaios vocais, propondo ações para que fossem analisados aspectos dos
ensaios que facilitassem a aprendizagem do repertório pelos cantores.
Crato (CE) teve características distintas em termos de participantes:
vários alunos do curso de Licenciatura em Música, envolvidos em
atividades corais, mesclavam-se com professores de música e outros
interessados, ansiosos por bibliografia específica para pesquisa nas áreas de
canto coral e de regência. Foram realizadas atividades bastante lúdicas e um
repertório que atendia às expectativas do grupo, pelo que pudemos verificar.
Quixadá (CE) também reuniu um bom número de interessados pelo
Painel. Professores de música, regentes de grupos vocais e instrumentais
tanto da cidade como de cidades próximas, professores de escolas públicas,
músicos que atendiam a Projetos com crianças e adolescentes, estudantes,
enfim, pessoas ávidas por conhecer metodologias para trabalho com
crianças , jovens e adultos e vivenciar processos de educação musical
através do canto coletivo.
Mogi das Cruzes (SP) mostrou-se ímpar em termos de organização e
motivação para o Painel. Seus participantes vibravam com todas as
atividades propostas! Questionavam, queriam experimentar a regência das
peças, buscavam bibliografia relativa ao canto coral, à regência, às
dinâmicas de ensaio, às metodologias desenvolvidas através das práticas
realizadas. Havia também integrantes de Bandas locais que se faziam
presentes diariamente para conhecer e refletir sobre metodologias de ensaio
desenvolvidas na semana de realização do Painel.
Nossa experiência mais recente foi em Maceió (AL), onde um grupo de
aproximadamente 180 inscritos aguardava ansiosamente as propostas do
Painel, deixando evidente um interesse grande por aspectos gestuais, por
dinâmicas de ensaio, por indicações bibliográficas na área vocal, por
exercícios vocais que pudessem ser aplicados em grupos iniciantes de
diferentes faixas etárias, por repertório específico para crianças. Muita
disposição, muita vontade de experimentar novos repertórios, muita
dedicação principalmente de pessoas da comunidade que demonstraram
garra na realização de tudo o que foi proposto. Para nós, professores, foram
momentos desafiadores, compensados pela alegria daqueles participantes
que tentaram conduzir as tarefas até o final do Painel, acreditando no que
chegamos a pensar ser impossível de realizar sob aquelas circunstâncias.
Praticamente em todas as cidades mencionadas, houve a oportunidade
de troca de experiências, de reflexão sobre procedimentos, de indicação de
bibliografia específica para consulta posterior pelos alunos, de
experimentação de um repertório variado de canções, de apresentação de
pedagogias que fossem adequadas a diferentes momentos do ensaio. Desta
forma, o Painel constituía-se como oportunidade de reciclagem pessoal, de
experimentação prática, de abertura para novas possibilidades
metodológicas de ensaio, fazendo com que seus participantes ampliassem
sua visão de como desenvolver um ensaio vocal coletivo. Carlos Alberto
Figueiredo, professor e regente carioca, no capítulo em que inicia o livro
“Ensaios: olhares sobre a música coral brasileira”( 2006, p.18) sugere que o
regente sempre volte sua atenção ao ensaio coral, estando atento às
possibilidades de exploração musical que o próprio repertório propõe, ao
afirmar:
Ensaiar é uma oportunidade para um processo permanente de musicalização. O regente
não pode desprezar qualquer oportunidade de transformar algum aspecto da obra que está
preparando num exercício para desenvolvimento da musicalidade de seu cantor, seja no
aspecto rítmico ou das alturas, melódica ou harmonicamente. (...) (FIGUEIREDO et al.,
2006, p. 18).
Concordamos com essa argumentação, tendo a absoluta certeza de que
podemos realizar uma verdadeira educação musical através do trabalho de
canto em grupo. Com esse objetivo em mente, temos de voltar nossa
atenção a todos os aspectos que possam advir das peças que elegemos e que
constituem nosso repertório para, daí, propiciarmos momentos de
exploração de parâmetros musicais, de criação, de execução, de apreciação
musical.
Assim que chegamos ao local de realização do Painel, esta nova e
desafiadora jornada se inicia! E nossas preocupações nos agitam:
conseguiremos realizar nosso intento? Quem serão os nossos alunos? Que
atividades atenderão melhor às ansiedades deles?Teremos de readaptar
nossos conteúdos de forma que todos possam acompanhar as reflexões?
Que peças trazidas realmente faremos?
São frequentes as questões levantadas pelos participantes em relação a
assuntos de ordens muito diversas. Que fazer com pessoas que não afinam?
Como resolver questões de disciplina?Como classificar vozes de diferentes
faixas etárias?Onde achar repertório fácil, e que funcione bem com grupos
iniciantes? Como desenvolver a habilidade de cantar a vozes?Com que tipo
de peças começar os ensaios se diante de pessoas sem experiência vocal
coletiva? Devemos cantar apenas em uníssono no início do trabalho coral?
Devemos realizar repertório escolhido pelos cantores, ou peças que ouvem
diariamente nas rádios?(...) São tantas as questões levantadas! Tantas
dúvidas!
Em nossa opinião, muitas dessas questões são de fundamental
importância para serem abordadas durante o Painel. Por elas, poderemos
traçar ações na busca de uma alteração do perfil dos participantes, fazendo
com que esses dados venham à tona durante as aulas e tenhamos a
oportunidade de refletir sobre cada tópico levantado.
É bastante comum a ausência de cursos básicos de regência no contexto
geral de nosso país, com pouca exceção além dos oferecidos dentro dos
cursos de Licenciatura; desta forma, em algum momento do Painel faz-se
necessária a abordagem de aspectos fundamentais de condução gestual.
Nesses momentos, nosso papel tem sido o de trazê-los à reflexão sobre a
funcionalidade dos movimentos, sobre sua eficiência na obtenção de
determinado resultado sonoro. Os movimentos corporais sempre trazem
uma mensagem que deverá ser compreendida pelos cantores; os intérpretes,
então, são a prova mais concreta de sua eficiência. Sob este olhar, todo
gesto deve ser pensado para não ser excessivo em termos de informação,
não gastar energia demasiada, não sugerir articulação diferente daquela
solicitada pela obra em estudo, não executar apenas o diagrama indicado
para determinado padrão sem que haja emoção e “verdade” em sua
realização, não confundir os executantes. O gesto tem a função de
encaminhar o intérprete para o som imaginado pelo regente e dar vida
musical à peça.
Sobre a questão dos exercícios vocais realizados por grande número de
regentes no início de seus ensaios (em geral), bem como aqueles que
antecedem as performances, vale observar que na maioria das vezes
mostram-se ineficientes e sem propósito. Grande parte dos regentes não tem
convicção sobre as diferentes funções das consoantes e das vogais, não
reconhecendo suas propriedades articulatórias ou sua função no processo de
emissão sonora. Algumas consoantes, por exemplo, constituem-se valiosos
elementos para desenvolver aspectos respiratórios ou musculares, ou para
explorar ressonância. Outras podem ajudar a projeção do som, ou colaborar
para que se evitem golpes de glote. São as consoantes que dão forma ao
texto, organizando as significações! Por outro lado, são as vogais que
conduzem a sonoridade. Assim sendo, como utilizar as diferentes vogais,
sem observar também sua forma de articulação, ou seu papel na condução
das linhas melódicas? Se toda sonoridade é construída pela alternância das
vogais presentes nos textos, como realizar um som homogêneo sem
despertar o grupo para uma realização similar, sem procurar uma mesma
forma de produção? Em relação a esse tópico, tem sido muito oportuno o
Painel, oferecendo a oportunidade de levantamento de questões a esse
respeito e trazendo os regentes à reflexão sobre sua responsabilidade na
liderança dos grupos corais.
Escolha de repertório também tem sido tema recorrente nas reflexões
que acontecem nos Painéis; observemos, porém, que cada grupo tem
características peculiares que lhe dão personalidade própria. Desta forma, o
que pode funcionar muito bem para um grupo pode ser catastrófico para
outro, gerando frustração tanto para os cantores como para o regente. Que
tipo de repertório fazer com o grupo que temos agora nas mãos? Como
saber se o grupo vai conseguir realizar uma obra que já elegemos como
nossa preferida dentre as demais que nos propusemos realizar, e que
acabamos de trazer do curso mais recente de que participamos?
Bem, caminhemos de pé no chão e por etapas. Reflitamos juntos sobre
estas questões. Quais são as características do coro que temos nas mãos?
Que funções ele vai desempenhar dentro da instituição da qual faz parte?
Quais são as expectativas dos seus integrantes, ou de seus idealizadores?
Quais são nossas expectativas em relação ao grupo? Que tipo de repertório
conseguimos realizar bem, hoje, e que poderá trazer contribuições de
diferentes ordens aos cantores? Seremos capazes de adequar a escolha do
repertório à capacidade atual dos cantores?Ou seremos capazes de criar ou
arranjar peças que sejam adequadas ao nível de interesse e de realização do
grupo, e que possam contribuir para compor sua história dentro do contexto
em que ele se insere? Perguntas como estas sempre darão um suporte para
que possamos iniciar nossa busca por material vocal a ser explorado em
nossos ensaios.
Cabe ainda, porém, uma observação a respeito da interdependência dos
fatores relacionados a essa escolha: independentemente do nível de
dificuldade do repertório escolhido, será sempre a forma de sua realização
que poderá fazer toda a diferença no momento do ensaio. Uma peça difícil
pode-se tornar fácil nas mãos de um regente habilidoso. Afinal, os cantores
não sabem, muitas vezes, das dificuldades que terão de enfrentar. É o líder
que está à frente do trabalho que terá a missão de transformá-la em algo
fácil e prazeroso. As diferentes pedagogias nos despertam para
possibilidades infinitas de realizações metodológicas para serem aplicadas
nos ensaios, para que estes se transformem em momentos mágicos. Basta
que debrucemos sobre elas e busquemos estudar as peças musicais,
descobrindo os caminhos que elas mesmas propõem para sua exploração.
Ora o encaminhamento rítmico, ora o melódico, ora o harmônico, ora o
texto; todos estes elementos sugerem, na maioria dos casos, formas de
abordagem que facilitarão sua execução até mesmo por pessoas
completamente leigas em música.
Eric Ericson, regente sueco e um dos expoentes da música coral
mundial, já afirmara em seu artigo sobre método de ensaio que em muitos
casos o regente, por não sabe realizar determinadas peças, tenta transferir
essa incapacidade aos cantores. São palavras do maestro:
The statement `My choir will never be able to sing that piece, though commonly said,
only reflects on the conductor himself.` (p. 103).(ERICSON, Eric. Rehearsing Methods. In:
ERICSON, Eric; OHLIN,Gösta; Lennart SPÄNGBERG. Choral Conducting. Fort
Lauderdale,USA: Walton Music Corporation, [19-- ] , p. 99-103 ) 2
Vale registrar que enfatizamos também, nos Painéis, como a utilização
de recursos áudio-visuais, eurrítmicos e cinestésicos podem alterar
significativamente o resultado do trabalho coral, especialmente com
crianças e jovens. Esses recursos, quando utilizados nos ensaios, dão
concretude`a imaginação, deixam as referências mais claras, possibilitam a
compreensão dos parâmetros musicais através das sensações oriundas dos
movimentos corporais, além de darem mais dinamicidade ao ensaio.
A utilização de recursos que os aproxima de um universo conhecido, a
saber, pião, bola, ioiô, bexiga, tubo de PVC, elástico, corda, mola colorida,
fantoche(e muitas outras coisas) permite um envolvimento dos participantes
em um nível mais lúdico e fascinante, trazendo mais motivação ao
momento do ensaio , simultaneamente ao fato de que esse arsenal facilita a
compreensão de muitas referências que, na ausência dele , implicaria a
necessidade de um tempo maior para sua assimilação.
Uma vez que no encerramento do Painel está prevista uma apresentação
final, como culminância do processo desenvolvido durante a semana de
atividades, vale a pena ressaltar a importância da metodologia para a
realização do repertório programado. Há uma real necessidade de um
planejamento cuidadoso em termos de otimização do tempo para que esse
repertório amplo de canções a 1, 2, 3 ou 4 vozes possa ser feito,
paralelamente aos momentos de discussão sobre condução gestual, sobre as
etapas do trabalho vocal a serem feitas no aquecimento, sobre preparação
do ensaio, sobre a metodologia do ensino de canções, sobre cuidados na
escolha do repertório.
Como realizar rapidamente a leitura de peças vocais, envolvendo ora
dificuldades rítmicas, ora melódicas, ora harmônicas, ora timbrísticas, ora
de difícil articulação textual, num tempo exíguo, sem cansar os cantores,
sem deixar que o ensaio seja enfadonho, sem que os cantores percebam o
excesso de solicitações de repetição do mesmo trecho pelo regente, ou sem
deixá-los por muito tempo sem cantar? Sem um planejamento cuidadoso do
ensaio o regente nunca conseguiria seu intento. É em situações como estas
que percebemos a diferença de estratégias metodológicas entre um regente
e outro.
As atividades do Painel têm demonstrado a necessidade de estarmos
atentos a todos esses fatores. Uma semana intensa de atividades que se
alternam sob a orientação de dois professores/regentes e um (a) pianista.
Estes estão nas cidades hospedeiras se empenhando para acolher os
participantes com idéias, exemplos de ações, sugestões de encaminhamento
metodológico, materiais didáticos, dinâmicas instigantes que os façam
refletir sobre suas práticas e construir formas de encaminhamento dos
trabalhos corais de forma mais consistente, com embasamento teórico que
lhes dê amparo para sempre aprimorar seus procedimentos.
Lembremos que as atividades desenvolvidas em todo ensaio coral têm
de servir para possibilitar aos cantores a construção de um conhecimento
musical através do canto em grupo. Nós, regentes/professores, somos
responsáveis pela exploração de todos os dados musicais que afloram do
repertório que elegemos, de forma que a experiência coral que propiciamos
aos nossos cantores seja rica em conteúdos, dê-lhes a sensação de
completude, por favorecer a aquisição de conhecimentos sólidos em
música, e lhes permita realizar performances com habilidade e
compreensão, conforme afirmou Doreen Rao, regente americana, em seu
livro “The art in choral music” (RAO,Doreen, 1990, volume III, p. 4) ao
comentar sobre a necessidade de desenvolver “artistry” dentro da atividade
coral. Tenhamos sempre em mente o fato de que a performance de nossos
grupos irá apresentar a medida de nosso conhecimento na área. Assim
sendo, pensemos na amplitude de nossas responsabilidades e façamos de
nossos ensaios momentos que conduzam a uma verdadeira experiência
estética; que haja um deslumbramento em sua realização, permitindo um
crescimento pessoal artístico-cultural-musical que estimule o cantor nos
primeiros passos de uma caminhada musical de qualidade.
Estas são apenas algumas das reflexões levantadas pelos Painéis
FUNARTE de Regência Coral, quando de nossas “andanças” pelas
diferentes regiões do país. Que todos os regentes que deles já participaram
(ou que ainda irão participar) sintam-se tão provocados quanto nós ao
enfrentarmos o desafio de reger grupos corais, para que a experiência do
canto coletivo possa ser multiplicadora, satisfaça condições psicológicas e
sociais nos cantores e seja profunda em sua tarefa de introduzir pessoas no
universo da música.
Sugerimos a leitura do artigo “Que es lo que hace com que las personas
canten juntas? Perspectivas sócio-psicológicas y transculturales sobre el
fenômeno coral, escrito por Collin Durrant e Evangelos Himonides,
publicado no International Choral Bulletin, abril,1999.
A afirmação “Meu coro nunca será capaz de cantar aquela peça”,
embora dita frequentemente, somente espelha o regente em si mesmo( sua
capacidade)”. (Tradução nossa).
Muitas perguntas, muitos caminhos, muitas
canções
Samuel Kerr
4 O repertório coral
Todo ensaio coral, para ser eficiente e produtivo, precisa ser planejado e
organizado. O planejamento do ensaio começa sempre com a escolha do
repertório a ser interpretado; uma tarefa complexa porque as obras
selecionadas devem estar em consonância com o nível técnico, musical e
vocal do grupo, assim como com o perfil econômico, social e cultural dos
participantes e da instituição à qual o coro está vinculado. As obras que
constituirão o repertório semestral ou anual do conjunto precisam ser
definidas antes do início da temporada de ensaios. Elas devem ser
acessíveis e, ao mesmo tempo, desafiadoras. Após selecionar o repertório, o
regente elaborará o cronograma dos ensaios, o calendário das
apresentações, assim como os recursos financeiros, materiais e humanos
necessários à consecução dos projetos e metas estabelecidos.
No Brasil, a edição e publicação de obras originais para coro ainda é
incipiente, fato que poderá dificultar as possibilidades de escolha do
repertório. Esta realidade tem levado muitos profissionais a optarem por um
repertório de qualidade duvidosa relegando, para um segundo plano, a vasta
literatura originalmente escrita para coro. Defendo que os regentes
selecionem os repertórios dos seus grupos pensando sempre numa
perspectiva artística e educacional, que promova o crescimento técnico e
expressivo dos cantores.
A internet é uma ferramenta de grande utilidade no trabalho de pesquisa
e de aquisição de repertório. Vários são os portais que têm divulgado,
gratuita e legalmente, a literatura originalmente escrita para coro a cappella
ou com acompanhamento instrumental. Entretanto, muitas partituras
apresentam problemas, merecendo um olhar mais atento do regente, uma
vez que podem ter sofrido grandes alterações editoriais. Recomendo uma
visita aos sites da Choral Domain Public Library e do IMSLP Petrucci
Music Library, por exemplo, que são bem conhecidos dos estudantes e
músicos profissionais e têm um acervo organizado e variado.
Outra possibilidade são os pacotes promocionais que as editoras norte-
americanas e europeias oferecem aos seus clientes. O interessado precisa
cadastrar-se e pagar taxas específicas para receber, pelo período de doze
meses, uma cópia de cada uma das obras publicadas pela editora
selecionada. Dentre as mais conhecidas, destacam-se: Oxford Music
Publishing, Santa Barbara Music Publishing, Alliance Music, Hinshaw
Music, EarthSongs, Hal Leonard e Boosey & Hawkes. Uma boa sugestão
para ampliar o conhecimento do repertório é ouvir a rádio online da
American Choral Directors Association, que apresenta obras corais
diversificadas.
Com relação à música coral brasileira, muitos projetos têm-se destacado
nessa área. O Musica Brasilis, criado em 2009 e coordenado por Rosana
Lanzelotte, se dedica à difusão do repertório nacional de diferentes épocas,
estilos e autores. Além das partituras, no portal é possível encontrar áudios,
vídeos e o recurso da escuta guiada. Neste processo de apreciação musical
dirigida são apresentadas informações importantes sobre as obras, tanto do
ponto de vista estrutural quanto do formal. Essa associação audiovisual
colabora no processo de compreensão das peças. A FUNARTE também tem
disponibilizado, por meio do site “Projeto Coral”, obras para vozes afins e
mistas, incluindo as coleções Música Nova do Brasil para Coro A Cappella
e Arranjos Corais de Música Folclórica Brasileira, ambas publicadas nas
décadas de setenta e oitenta. A produção mais recente da Instituição, na
qual se inserem as onze canções para Coro Juvenil (2009) e as oito canções
para Coro Infantil (2010), também podem ser obtidas no site.
O Museu da Música de Mariana, que se dedica à pesquisa do repertório
desde os tempos do Brasil Colônia, oferece, na seção Restauração e Difusão
de Partituras, relevante patrimônio da literatura coral brasileira, destacando-
se os seguintes projetos temáticos: Pentecostes, Missa e Sábado Santo
(2001); Conceição e Assunção de Nossa Senhora, Natal e Quinta-Feira
Santa (2002); Devocionário Popular dos Santos, Ladainha de Nossa
Senhora e Música Fúnebre (2003). Todas as obras editadas estão também
disponíveis em CDs, que foram gravados por ícones do canto coral no país,
dentre os quais Naomi Munakata e a Orquestra Engenho Barroco; Júlio
Moretzsohn e o Grupo Calíope; e Carlos Alberto Pinto Fonseca e o Ars
Nova Coral, da UFMG, com músicos convidados. O Projeto SESC
Partituras, iniciado em 2007, contém o trabalho de vários compositores,
abrangendo música de câmara, sinfônica, coral e para solistas.
As iniciativas do Musica Brasilis, da FUNARTE, do Museu da Música
de Mariana e do SESC Partituras preenchem uma lacuna importante no
nosso mercado editorial, contribuindo para a preservação e para a promoção
da música coral brasileira. A prática coral é um espaço privilegiado para a
educação musical, e o foco do regente deve ser dirigido para a
sistematização pedagógica dessa atividade. É preciso selecionar o repertório
criteriosamente, em função da sua importância no processo de aquisição e
de compreensão da linguagem musical.
6 (In)Expressividade musical
7 O ensaio coral
10 A plateia ideal
Todo músico sofre quando se depara com uma plateia despreparada, que
se comporta de forma barulhenta, irrequieta, inadequada. Creio que a
solução está na (re) educação do público, razão pela qual sugiro a nós,
regentes, a inclusão, nos nossos próximos programas, de um roteiro com
informações que conscientizem os ouvintes sobre a natureza do nosso
trabalho.
É muito importante que o concerto comece na hora prevista e que o
público chegue antecipadamente, com tempo para estacionar, comprar
ingresso e ler o programa. Aqueles que chegam atrasados devem entender
que o abrir/fechar das portas desconcentra os músicos e os outros ouvintes.
Por isso, eles só devem entrar na sala de concertos durante os aplausos. O
mesmo vale para aqueles que precisam sair antes do término da
apresentação. Melhor seria que estas pessoas ficassem, discretamente, na
última parte da sala, entrando/saindo sem serem notadas
Ao entrar no teatro, todos devem desligar o celular, evitando deixá-lo no
modo silencioso ou vibratório, o que poderá ser perigoso e embaraçoso,
sobretudo se a pessoa tiver que atendê-lo. As pessoas precisam entender
que, num concerto, o mais importante é a música, o som produzido pelos
artistas, que passaram horas se preparando para aquele momento. Todo e
qualquer outro som poderá comprometer a atuação dos intérpretes e a
audição dos demais presentes, e passará a ser classificado como ruído.
Frequentemente, os ruídos que mais incomodam são: o murmúrio
produzido pelas pessoas que tentam acompanhar a obra que está sendo
executada; o abrir e fechar das embalagens de bombons e similares; o
manusear dos programas de concertos; as conversas sussurradas; as tosses,
os espirros e os pigarros da plateia. Tudo isso pode ser controlado. Tudo
isso precisa ser evitado para não comprometer a compreensão do discurso
musical, não irritar as pessoas em derredor, não estragar a gravação
audiovisual do espetáculo. Outra coisa que atrapalha bastante é quando
alguém resolve filmar e/ou, em muitos casos, fotografar o espetáculo
usando lâmpadas e flashes que alteram a luz do ambiente, ofuscando a vista
dos músicos no palco. O pior é quando cinegrafistas e fotógrafos, mesmo
possuindo equipamentos modernos e potentes, se aproximam do palco para
capturar detalhes. Antes de fazer qualquer registro audiovisual, certifique-se
de que você tem autorização legal para tal finalidade.
O público também precisa aprender a aplaudir, respeitando as
especificidades de cada obra. Geralmente, as manifestações de apreço,
numa composição com vários movimentos, devem ser resguardadas para
depois do último movimento. Por isso é tão importante familiarizar-se com
o repertório e ler o programa antes do início do concerto. O processo de (re)
educação da plateia é longo, lento e fundamental para a fruição estética em
sua plenitude.