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Homenagem a

JOSÉ PEDRO BOÉSSIO


Seleção de Arranjos Corais
Apresentação

O3
Biografia

O5
Zé Pedro para Sempre!

O8
SUMÁRIO

Os Arranjos de
José Pedro Boéssio

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História em Imagens

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Arranjos de José Pedro Boéssio

24
Canção da América 25
Coração de Estudante 32
Desgarrados 37
Estrela, Estrela 45
Gaudêncio 7 Luas 48
Horizontes 52
Maria Maria 55
Natalício 58
SUMÁRIO
Ponta de Arei 63
Sete Povos das Missões 66
Veterano 70
Vira Virou 77
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
A PRESTO Produções e Promoções Artísticas e a Secretaria de
Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo apresentam
alguns dos arranjos do maestro José Pedro Boéssio ao longo de
sua trajetória no Canto Coral brasileiro.

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BIOGRAFIA
BIOGRAFIA
José Pedro Boessio nasceu em 16 de
fevereiro de 1949, em
Veranópolis/RS. Graduou-se em
medicina e em música pela
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, optando por seguir sua
caminhada na música como
arranjador e regente coral e,
posteriormente, como regente de
orquestra.

Além de estudar com maestros de renome internacional, como


Gustav Mayer, Kirk Trevor, Fred Mills, Kurt Mazur, cursou
mestrado em regência coral e doutorado em regência orquestral
pela Indiana University/Bloomington, nos Estados Unidos, onde
viveu com sua família por seis anos.

o longo de sua carreira, seus arranjos o tornaram conhecido no


Brasil e no mundo, sendo que também atuou em diversas
orquestras no Brasil e no Exterior, dividindo o palco com grandes
músicos nacionais e internacionais, eruditos e populares, como
Mark Menzis, Tadashi Maeda, Ney Rosauro, Duo Assad, Guinga,
Vitor Ramil, Geraldo Flach, entre outros.

AApaixonado por Villa Lobos, seu trabalho se destaca pelo diálogo


entre linguagens estéticas e, sobretudo, pela aproximação entre
o popular e o erudito.

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Desde o início da sua carreira como músico, sua base de atuação
foi o município de São Leopoldo, onde foi regente do Coral da
Sociedade Ginástica e, por muitos anos, do coral da Unisinos,
onde atuou também como diretor cultural.

Nesse período, fundou a Orquestra Unisinos, criou diversos


projetos e realizou ações de cunho social e de difusão cultural
como os programas “Sempre às Terças” e “SinosAcorda”.

Veio a falecer no auge da sua carreira, de forma trágica e


precoce, em um acidente de automóvel em 2001, mas ficará
marcado em nossa memória por seu importante trabalho no
campo musical no Rio Grande do Sul e no Brasil.

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ZÉ PEDRO
PARA SEMRE!
ZÉ PEDRO PARA SEMPRE!
A Arte é para sempre! A Música é para sempre!

José Pedro Boéssio deixou sua marca no trabalho que realizou


como regente, na sua visão humana de fazer música. Uma simples
melodia era transformada em suas mãos, que extraía de cada
cantor, cada instrumentista o seu melhor. Tudo era vivo,
emocionante, verdadeiro. Zé Pedro é para sempre!

Os arranjos que oferecemos hoje ao mundo do Canto Coral, nos 20


anos de seu falecimento, foram recolhidos nos manuscritos que
ficaram em meio a tantas lembranças, partituras, cartões, textos,
fotos, bilhetes, anotações, desenhos....

E as partituras nunca eram o que ele realmente fazia com o coro.


Um acorde ou uma linha melódica podiam passear na sua
musicalidade, tornando mais rica aquela harmonia, mais intenso
aquele som, que emoldurava o texto, sempre traduzindo o seu
próprio momento, o seu sentimento mais profundo.

Na busca pelos arranjos corais, pesquisamos nos manuscritos,


nas velhas fitas cassete e nos poucos registros em vídeo. Para
ele, o que interessava era o resultado que o coro apresentava, o
que cada cantor mostrava de si naquele momento e que ficou
guardado em cada um que passou pelas suas mãos.

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Tive a feliz oportunidade de dar suporte a essa construção
musical e humana através do trabalho vocal que juntos
construímos durante 23 anos - 22 na Unisinos e 1 na Sociedade
Ginástica de SL. Ele queria a leveza de um som que representasse
o canto coral brasileiro, que pudesse cantar ritmos das inúmeras
regiões do Brasil, além de outros estilos musicais, porém, com
uma sonoridade nossa, brasileira, simples. E assim, fomos
criando esse novo som, que foi conhecido e adotado por muitos
coros brasileiros.

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Os 12 arranjos que disponibilizamos foram carinhosamente
selecionados e revisados pelo Maestro João Paulo Sefrin, regente
do Madrigal Presto*, que conviveu com o Zé Pedro, foi seu
assistente e hoje segue comigo nesse belo trabalho, como
guardiões de sua memória, na realização de seus arranjos.

A revisão e edição das partituras foi feita pela Maestrina Clarice


Pereira, que acompanhou a execução dos arranjos, tanto como
cantora do Madrigal Presto, junto ao Maestro Sefrin, quanto
fazendo a pesquisa nos manuscritos, nas fitas e nos vídeos.

Cada arranjo tem uma história, foi feito para uma determinada
situação ou momento do Coral Unisinos, que Zé Pedro regeu
durante 22 anos, ou inspirado em uma ideia que trouxesse à tona
a plenitude da música, mesclando sua vida pessoal impregnada de
emoção.

Assim, apresentamos 12 arranjos feitos pelo Maestro José Pedro


Boéssio, para que sejam conhecidos e cantados por muitos e
muitos coros, com muito amor, muita transparência, muita
verdade!
Nossa homenagem e gratidão ao nosso caro Zé Pedro.

Lúcia Passos, São Leopoldo, novembro


2021

*Madrigal Presto é um coro, que desde


2008, realiza um repertório diferenciado
de música original para coro a capella,
arranjos de música popular, obras com
orquestra, onde participam alguns ex-
cantores do Coral Unisinos, regido pelo
Maestro João Paulo Sefrin e Técnica
Vocal de Lúcia Passos.

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OS ARRANJOS DE
JOSÉ PEDRO BOÉSSIO
OS ARRANJOS DE
JOSÉ PEDRO BOÉSSIO
José Pedro Boéssio foi uma figura singular. Dono de uma intensa
musicalidade, que lhe inundava o espírito e brotava por todos os
seu poros, contagiava e cativava a todos com um carisma
arrebatador.

Formado em medicina, foi na Música que encontrou o melhor


meio para lutar por seus ideais, perseguindo sua utopia de um
mundo mais humanitário, calcado em valores de solidariedade,
justiça, verdade.

Foi aluno, discípulo e amigo de muita proximidade do maestro


Arlindo Teixeira, certamente um dos grandes nomes da música
coral brasileira e o resultado musical desse encontro era
evidente.

Mas foi a partir do momento em conheceu a soprano Lúcia Passos


que todos os elementos se alinharam e a música coral conheceu
uma nova dimensão: Zé Pedro e Lúcia revolucionaram o Canto
Coral brasileiro.

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Nos anos finais da década de 1970 e ao longo de toda a década
seguinte, toda uma geração de ótimos regentes, preparadores
vocais e cantores apaixonados pela música coletiva promoveram
grande efervescência no meio musical.

O canto coral deixava de ser apenas uma atividade comunitária de


integração, de grande e fundamental importância, para se tornar,
cada vez mais, numa proposta estética, performática, artística.

Suas bases, no entanto, ainda estavam bastante ligadas a um


modo de realização que remontava ao coro sinfônico, coro de
ópera, às tradições musicais e vocais trazidas pelos imigrantes
de várias etnias, todas riquíssimas, mas que tinham outras cores,
além do verde e amarelo.

O trabalho transformador de Lúcia e Zé Pedro trouxe novos ares,


nova concepção e, sobretudo, novos sons. Sem exagero, é
possível afirmar que esta dupla, musicalmente simbiótica, criou o
que se poderia chamar de Escola Brasileira de canto coral.

Leveza, clareza, unidade, precisão e consciência, são, na minha


opinião, as características desse jeito de cantar que
possibilitaram interpretações e execuções memoráveis, com
afinação e articulação impecáveis.

Todo esse fervilhar cultural promoveu intensa atividade criadora.


Grandes compositores e arranjadores encontravam na música
coral a cappella um importante espaço para sua fruição artística.

Para Zé Pedro, não havia distinção entre música popular e


erudita. Valorizava por demais a música brasileira e a música
regional.

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Queria cantar a música feita pelos grandes mestres e igualmente
a música feita pelo artista local, de seu estado, sua cidade, com a
mesma atenção, a mesma qualidade, o mesmo envolvimento. É
aqui que surgem os arranjos do Zé Pedro.

A quantidade das peças arranjadas não é grande; além dos doze


arranjos aqui apresentados, há mais alguns ainda, com
finalidades específicas, pontuais.

Mas, a despeito da quantidade da produção, o mais


impressionante e relevante é que cada um dos arranjos tem (ou
melhor dizendo, são) uma história em si, que contam, descrevem
momentos, situações, passagens, sensações, como se fossem
uma catarse musical da vida de Zé Pedro.

Parecem fotografias musicais de sua alma. A escolha da música,


cada frase, cada acorde, cada nota, carregam lembranças,
crenças, muitas alegrias, algumas dores.

Tecnicamente, são arranjos muito bem pensados em quesitos


como tonalidade, tipo de articulação proposta, harmonia e grau
de dificuldade.

Muitas vezes a música era arranjada para um grupo de cantores


principiantes e teria que servir como estímulo e convite ao mundo
do canto coral; precisavam ser de simples compreensão e
execução, mas tinham que cativar, motivar, entusiasmar.

Em outras vezes, o arranjo era como que o despejar de


sentimentos e resultavam mais complexos, densos, imersos em
simbolismos e recorrências de vivências doces ou amargas.
Outras vezes ainda, as músicas arranjadas eram homenagens,
presentes dedicados a seus tantos queridos.

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Em todos eles, o cuidado e a valorização das articulações,
precisão rítmica, harmonias translúcidas e finais valorizados são
uma constante.

Outro fato que chama a atenção é que há oito músicas do Rio


Grande do Sul, dos compositores Kleiton & Kledir, Vitor Ramil,
Antônio e Ewerton Ferreira, Flávio Bicca, Marco Aurélio
Vasconcelos, Renato Teixeira, Mário Barbará e o leopoldense
Nando D’Ávila, atestando o valor que Zé Pedro conferia à música
regional ou urbana gaúcha.

Além destas, fora do âmbito gaúcho, há quatro peças de Milton


Nascimento, compositor por quem Zé Pedro tinha grande
admiração e identificação.

A revisão deste material exigiu grande trabalho de pesquisa,


escuta de antigas gravações de áudio e vídeo e várias revisões. O
ponto de partida foi sempre a versão manuscrita das peças.

Muitas vezes elas não eram conclusivas, visto que Zé Pedro


escrevia para coro, sim, mas era muito específico; escrevia para
seu coral. Assim, muitos ajustes, mudanças de notas, texto,
repetições ou articulações eram resolvidas no momento de
ensaio, anotados diretamente em sua partitura.

Por isso, recorremos a várias gravações antigas, em velhas fitas


cassete ou vídeo cassete, buscando aproximar ao máximo a
escrita das peças com a execução do querido mestre.

Também buscamos nas lembranças daqueles que cantaram essas


peças sob sua regência, sobretudo na memória, técnica e afetiva
da própria Lúcia.

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Depois de muitas conversas, recordações e discussões e de
muita pesquisa, o material foi digitalizado pela maestrina Clarice
Pereira, num excelente trabalho delicado, dedicado e persistente,
até chegarmos às versões finais.

Estes arranjos contam uma parte importante da história do Canto


Coral Brasileiro. Eles são a versão musical cantada do momento
em que esta arte se abrasileirou definitivamente, além de atingir
um notável nível técnico.

Zé Pedro nos deixou tão precoce quanto tragicamente e a falta


que ele faz é sentida em nossos ouvidos, olhos e corações. Mas
ele continua vivo, presente, marcante em cada compasso, em
cada nota destas músicas e seus ideais musicais e humanistas
nos inspiram e encorajam.

Todas as vezes que cantamos um de seus arranjos, relembramos


alguma história, algum fato, rimos e reverenciamos a memória de
tanta coisa boa que passou e ficou. Sobretudo, celebramos a
nossa própria história que acontece a cada encontro, a cada
ensaio ou concerto.

Cabe-me ainda agradecer pelo privilégio de poder tomar parte e


acompanhar um pouco desta história. Assim como tantos outros,
o que aprendi com Zé Pedro e com Lúcia não caberia em palavras.
Por isso escolho a Música como meio de expressar minha
gratidão.

João Paulo Sefrin


Regente do Madrigal Presto

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HISTÓRIA
EM IMAGENS
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21
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23
ARRANJOS DE
JOSÉ PEDRO BOÉSSIO

Edição
Clarice Pereira

Revisão
João Paulo Sefrin

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CANÇÃO DA AMÉRICA
Milton Nascimento e Fernando Brant
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27
28
29
30
31
CORAÇÃO DE ESTUDANTE
Milton Nascimento e Wagner Tiso
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34
35
36
DESGARRADOS
Mário Barbará e Sérgio Napp
38
29
40
41
42
43
44
ESTRELA, ESTRELA
Vitor Ramil
Arranjo: Samuel Kerr e José Pedro Boéssio
46
47
GAUDÊNCIO 7 LUAS
Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcelos
Adaptação: José Pedro Boéssio
49
50
51
HORIZONTES
Flávio Bicca
Arranjo: José Pedro Boéssio
53
54
MARIA, MARIA
Milton Nascimento e Fernando Brant
Arranjo: José Pedro Boéssio
56
57
NATALÍCIO
Renato Teixeira e Luiz Coronel
Arranjo: José Pedro Boéssio
59
60
61
62
PONTA DE AREIA
Milton Nascimento e Fernando Brant
Arranjo: Dora Torres
Adaptação: José Pedro Boéssio
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65
SETE POVOS DAS MISSÕES
Nando D´Ávila
Arranjo: José Pedro Boéssio e Arlindo Teixeira
67
68
69
VETERANO
Antônio A. Ferreira e Ewerton Ferreira
Arranjo: José Pedro Boéssio
71
72
73
74
75
76
VIRA VIROU
Kleiton Ramil
Arranjo: José Pedro Boéssio
78
79
REALIZAÇÃO

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