Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIO DE JANEIRO
2022
Flávio Augusto Borges de Oliveira
Rio de Janeiro
2022
A minha mãe, Terezinha de Jesus Oliveira (in memoriam), que me ensinou a acreditar;
Ao meu pai, Durval Borges de Oliveira, que me ensinou a resistir;
Aos meus irmãos, Eduardo Borges de Oliveira (in memoriam) e Cláudio Luiz Borges de
Oliveira, que me ensinaram a sorrir;
Aos meus filhos, Davi Braga de Oliveira e Thiago Braga de Oliveira,
que me ensinaram a amar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial à:
Midori Maeshiro, que acreditou nessa minha “viagem”; permitindo que essa jornada – que
poderia ter sido repleta de obstáculos e incertezas – se tornasse a mais prazerosa e serena
possível.
Aos “seres humanos” mais do que especiais que tive o privilégio de ter ao meu lado nos
momentos mais sublimes e importantes de minha vida:
David Motta, Viviane Bodaczny, Ricardo Santoro, Ricardo Amado, Marisa Lacorte, Bruno de
Souza Rodrigues, Marina Cyrino, Eduardo Henrique Soares Monteiro, Luciana Sayuri
Shimabuco, Paulo de Tarso Celano da Silva, Yuri Pingo, Marcos Aragoni, Ticiano
Biancolino, Amarita Mello, Luiz Antonio Paixão de Mello, Myrian Dauelsberg, Mariuccia
Iacovino (in memoriam), Gilberto Tinetti (in memoriam), Homero de Magalhães (in
memoriam), Nelson Freire (in memoriam), Dyrce Borges de Oliveira (in memoriam), Dalva
Resende (in memoriam), Eldah Drummond, Elvira Gomes de Carvalho Pinto, Eliane Maria
Pereira, Júnia Neiva Melo Franco Silva (in memoriam), Maria Luiza Corrêa Pires, Francisco
Almir Pires (in memoriam), Maria Lúcia Teixeira de Oliveira (in memoriam), Antonieta Silva
e Silvério, Ricardo Ballestero, Andréa Turato, Raquel Mantovani, Robert Suetholz, Jean Reis,
Ana Azevedo, Eduardo Monteiro das Neves, Afonso Oliveira, Aloysio Fagerlande, José
Francisco da Silva Gonçalves, Carol McDavit, Nadja Daltro, Claudio Bertini, Verushcka
Mainhardt, José Hue, Luciana Costa et Silva, Sonia Berriel, Jorge Bettencourt Soares, Maria
Júlia Soares Ruiz, Márcio Ruiz, Vanessa Nonis, André Luiz Rangel, Juliana Franco, Maria
Teresa Madeira, Katia Balloussier, Lucia Barrenechea, Giulio Draghi e Ney Fialkow.
Lucia Barrenechea, Ney Fialkow, Maurício Veloso, Marcos Vinício Nogueira, Paulo Sá e
Pauxy Gentil-Nunes.
OLIVEIRA, Flávio Augusto Borges de. Recursos camerísticos para o desenvolvimento dos
processos de formação do pianista. Tese (Doutorado em Música) – Escola de Música.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
OLIVEIRA, Flávio Augusto Borges de. Chamber Music resources for the development of
the pianist training processes. Thesis (PhD in Music) - School of Music. Federal University
of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
The goal of this research is to examine the features of Chamber Music on the
formation of a pianist – technique, strategy and their effects. It also seeks to investigate the
Chamber Music concepts of the pianist, which distinguish him from a soloist or accompanist
(co-répétiteur, collaborative pianist, coach, and so on) in order to fill the existing gap of
available study for the soloist or chamber pianist. We will analyze the expressive resources of
a chamber pianist through four channels of communication: gestural, visual, auditory and
interpersonal. The interpretation of these channels is multiple, each with its own techniques
and methods, in particular the manner in which the pianist, through experience, learns to
adjust to different instruments and/or voices. Comparative analysis of Chamber Music
practices between different instruments – such as awareness of melodic lines, conducting
phrases, articulations, cantabile, vocal imitation, rubatos, temperament and, finally, stage
presence – provides a broad vision for the acquisition of expertise for the pianist in the
performance of Chamber Music. Based on these questions, this research aims to analyze
Chamber Music strategies and identify gaps for the formation of ensemble music during
rehearsals and live performances. The procedure will be based on theoretical foundations,
considering efficiency, practicality and data analysis in order to validate methods that are
suitable for their respective purposes of Chamber Music skills.
Figura 1: Adler, K.: "Diagrama da Árvore 'Famíliar' do Pianista" - do livro "The Art
of Accompanying and Coaching", 1976, p. 4..........................................................35
Figura 2: Bach, C. P. E.: Capa da 1ª edição (1779) das 6 Sonatas para Conhecedores
e Amadores..............................................................................................................39
Figura 3: Kozeluch, M.: Capa da 1ª edição (ca. 1800) das Três Sonatas, Op. 41 (Trios).......40
Figura 4: Haydn, J.: Capa da 1ª edição (1795) do Piano-Trio em Sol Maior, Hob. XV:25....41
Figura 5: Mozart, W. A.: Capa da 1ª edição (1792) do Piano-Trio em Sol Maior, K. 496.....42
Figura 8: Mozart, W. A.: Capa das Sonatas para “Violino”, Vol. 1 (Ed. Peters, 2002)..........44
Figura 9: Mozart, W. A.: Capa das Sonatas para “Flauta”, Vol. 1 (Ed. Universal, 1981)......44
Figura 10: Beethoven, L. V.: Capa da 1ª edição (1799) das Sonatas para Piano e Violino,
Op. 12.....................................................................................................................45
Figura 11: Beethoven, L. V.: Capa da 1ª edição (1805) da Sonata para Piano e 'violino
obligato’, Op. 47 (“Kreutzer”).............................................................................46
Figura 12: Beethoven, L. V.: Capa da 1ª edição (s.d.) dos 3 Piano-Trios, Op. 1....................46
Figura 13: Beethoven, L. V.: Capa da 1ª edição (s.d.) dos 3 Piano-Quartetos, WoO 36........47
LISTA DE EXEMPLOS
Exemplo 1: Haydn, J.: 3º movimento do Piano-Trio em Sol Maior, Hob. XV:25 (Ed.
Peters, Vol. I, 1971, p. 12)..................................................................................49
Exemplo 4: Schumann, R.: Dichterliebe, Op. 48 - final (Ed. Peters, 1981, p. 140)…...…….53
Exemplo 5: Schubert F.: Lied ‘Erlkönig’ (Ed. International Music Co., 1980, p. 168)…......55
Exemplo 6: Schubert. F.: Introdução, Tema e Variações para Flauta e Piano, Op. 160 -
Variação II (Ed. Henle, 2000, p. 9)......................................................................56
Exemplo 8: Mozart, W. A.: Lied 'Sehnsucht nach dem Frühlinge', K.596 (Ed.
Breitkopf & Hartel, 1877, p. 77) .........................................................................57
Exemplo 13: Brahms, J.: 4º movimento do Piano-Trio nº 1, Op. 8 - 1ª versão (Ed. Dover,
1988, p. 44).........................................................................................................72
Exemplo 14: Franck, C.: 3º movimento da Sonata em Lá Maior para Piano e Violino
(Ed. Henle, 1975, p. 28).....................................................................................75
Exemplo 15: Guerra-Peixe, C.: 2º movimento do Trio 1960 (Manuscrito, 1960, p. 25).........76
Exemplo 16: Schubert, F.: Lied 'Gretchen am Spinnrade' (Ed. International Music Co.,
1981, p. 174)…………………………...………………………...……........…80
Exemplo 17: Schubert, F.: Lied 'Nacht und Träume' (Ed. International Music Co., 1981,
p. 238)………………………………………………………...………….……80
Exemplo 18: Schumann, R.: Romance nº 2 dos '3 Romances, Op. 94' (Ed. Kalmus,
1984, p. 5)..........................................................................................................83
Exemplo 21: Mozart, W. A.: 1º movimento da Sonata em Sol Maior para Piano e
Violino, K. 301 (Ed. Peters, 1964, p. 51)...........................................................87
Exemplo 22: Schumann, R.: Lied 'Freisinn' (nº 2 do Ciclo 'Myrten, Op. 25' (Ed.
Peters, 1982, p. 6)...............................................................................................89
Exemplo 24: Franck, C.: 2º movimento da Sonata em Lá Maior para Piano e Violino
(Ed. Henle, 1975, p. 11).....................................................................................93
Exemplo 27: Chopin, F.: 4º movimento do Piano-Trio em sol menor, Op. 8 (Ed. Peters,
1968, p. 34)........................................................................................................96
Exemplo 28: Chopin, F.: 4º movimento do Piano-Trio em sol menor, Op. 8 (Ed. Peters,
1968, p. 36)........................................................................................................97
Exemplo 29: Brahms, J.: 2º movimento da Sonata em fá menor para Clarineta (ou
Viola) e Piano, Op. 120 nº 1 (Ed. Wiener, 1973, p. 12)...................................102
Exemplo 30: Haydn, J.: “Il Maestro e lo Scolare”, Hob.XVIIa:1 (Neue rev. Ausg.
Offenbach-André, 1872, p. 2-3).......................................................................105
Exemplo 31: Löw, J.: “Praktischer Lehrgang des vierhändigen Clavierspiels” (Henry
Litolff’s Verlag, 1893, p. 6-7)..........................................................................106
Exemplo 32: Stravinsky, I.: "Española" das “Five Easy Pieces for Piano Duet – Right
Hand Easy” – (J.&W.Chester Ltd, London, 1917, p. 3-4)...............................107
Exemplo 33: Stravinsky, I.: "Waltz" das “Three Easy Pieces for Piano Duet – Left Hand
Easy” – (J.&W.Chester Ltd, London, 1917, p.4).............................................108
Exemplo 34: Godoy, A.: “Primeiros Passos” (Cópia do Autor, s.d., p. 15-16).....................109
Exemplo 35: Azevedo, A.: “Ritmos Brasileiros a Quatro Mãos” (Cópia da Autora, 2018,
p. 36-37)...........................................................................................................110
Exemplo 37: Schubert, F.: "Lied der Mignon", Op. 62 nº 4 (Ed. International Music Co.,
1980, p. 212).....................................................................................................116
Exemplo 38: Schubert, F.: "Lied der Mignon", Op. 62 nº 4 (Ed. International Music Co.,
1980, p. 212......................................................................................................117
Exemplo 39: Schubert, F.: "Lied der Mignon", Op. 62 nº 4 (Ed. International Music Co.,
1980, p. 213......................................................................................................117
Exemplo 40: Schubert, F.: "Lied der Mignon", Op. 62 nº 4 (Ed. International Music Co.,
1980, p. 213......................................................................................................118
Exemplo 41: Schubert, F.: Lied "Auf dem Wasser zu singen", Op. 72 (Ed. International
Music Co., 1980, p. 214).................................................................................119
Exemplo 42: Schubert, F.: Lied "Die Forelle", Op. 32, c. 1-8, Ed. International Music
Co. 1980, 195...................................................................................................119
Exemplo 43: Debussy, C.: "Chevaux de Bois" (nº 4 das “Ariettes Oubliées”) (Ed.
Dover, 1986, p. 20)...........................................................................................120
Exemplo 44: Debussy, C.: Lied "Mandoline" (Ed. Dover, 1986, p. 4)..................................121
Exemplo 45: Schumann, R.: Lied "Mondnacht" (Ed. Peters, 1982, p. 68.............................122
Exemplo 46: Strauss, R.: Lied "Morgen!", Op. 27 nº 4 (Ed. Breitkopff & Hartel, 1964,
p.143)...............................................................................................................123
Exemplo 47: Schumann, R.: "Blondels Lied", Op. 53 nº 1 (Ed. Peters, 1982, p. 169)..........124
Exemplo 48: Schumann, R.: Lied "Du Ring an meinem Finger", Op. 42 nº 4 (Ed. Peters,
1982, p. 92)......................................................................................................125
Exemplo 49: Poulenc, F.: Lied "C’est ainsi que tu es" (Ed. Durand, Salabert et Eschig
(Complete Songs Vol. 3), 2014, p. 92)............................................................126
Exemplo 50: Andrade, M.: Modinhas Imperiais: "Hei de Amar-te até Morrer!" (Ed.
Itatiaia, 1980, p. 45).........................................................................................127
Exemplo 51: Gomes, C.: “Addio” (Álbum “Partituras Brasileiras Online”, Vol. 2,
Funarte, 2017, p. 79-80)...................................................................................128
Exemplo 52: Braga, F.: “Baiser Rendu” (Ed. Breyer Hermanos, s.d., p. 1)..........................129
Exemplo 53: Liszt, F.: Estudo de Concerto nº 1 “Murmúrios da Floresta” (Ed. Salabert,
s.d., p. 1)...........................................................................................................131
Exemplo 54: Nepomuceno, A.: “Tu és o Sol!” (Dante Pignatari Ed.; EDUSP, 2014,
p. 112)..............................................................................................................132
Exemplo 55: Chopin, F.: Estudo Op. 10 nº 1 (Ed. Paderewski, 1987, p. 7)..........................133
Exemplo 56: Chopin, F.: Estudo, Op. 25 nº 12 (Ed. Paderewski, 1987, p. 118)...................133
Exemplo 57: Mignone, F.: “Festa na Bahia” (Ed. ABM, 2016, p. 6)....................................136
Exemplo 58: Haydn, J.: 1º movimento do Piano-Trio em Sol Maior, Hob. XV:25
(Ed. Peters - Vol. I, 1971, p, 3).........................................................................140
Exemplo 63: Chopin, F.: 3º movimento da Sonata em sol menor para piano e
violoncelo, Op. 65 (Ed. Paderewski, 1992, p. 111).........................................144
Exemplo 66: Prokofieff, S.: 3º movimento da Sonata em ré maior, Op. 94 para flauta e
piano (Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, p. 39).......................................................147
Exemplo 67: Prokofieff, S.: 4º movimento da Sonata em ré maior, Op. 94 para flauta e
piano (Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, p. 64).......................................................147
Exemplo 68: Prokofieff, S.: 4º movimento da Sonata em ré maior, Op. 94 para flauta e
piano (Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, p. 64).......................................................147
Exemplo 72: Poulenc, F.: 3º movimento da Sonata para violino e piano (Ed. Max
Eschig, 1967, p. 23).........................................................................................152
Exemplo 73: Poulenc, F.: 3º movimento da Sonata para violino e piano (Ed. Max
Eschig, 1967, p. 31).........................................................................................153
Exemplo 74: Poulenc, F.: 3º movimento do Trio para Piano, Oboé e Fagote (Ed.
Wilhelm Hansen, 1972, p. 23-24)....................................................................155
Exemplo 75: Mozart, W.A.: 1º movimento do Quinteto para Piano e Sopros, K. 452
(Ed. Dover, 1991, p. 227).................................................................................156
Exemplo 76: Poulenc, F.: 1º movimento do Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100
(Ed. Wilhelm Hansen, 1982, p. 1)....................................................................157
Exemplo 77: Poulenc, F.: 3º movimento do Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100
(Ed. Wilhelm Hansen, 1982, p. 47)..................................................................158
Exemplo 78: Glière, R.: 'Melodie' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910, p. 2).....161
Exemplo 79: Glière, R.: 'Andante' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910, p. 3).....161
Exemplo 80: Glière, R.: 'Romance' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910, p. 2)...162
Exemplo 81: Glière, R.: 'Valse Triste' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910,
p. 2)..................................................................................................................162
Exemplo 82: Glière, R.: 'Nocturne' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910, p. 12)..163
Exemplo 83: Glière, R.: 'Intermezzo' das “11 Peças, Op. 35” (Ed. P. Jugerson, 1910,
p. 47)................................................................................................................163
Exemplo 84: Schoenberg, A.: Peça nº 1 do Melodrama “Pierrot Lunaire, Op. 21” (Ed.
Dover, 1994, p. 63)..........................................................................................166
Exemplo 85: Messiaen, O.: Peça nº 1 do “Quarteto para o Fim dos Tempos” (Ed.
Durant, 1972, p. 1)...........................................................................................167
Exemplo 86: Bartók, B.: 1º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (Ed.
Boosey & Hawkes, 1942, p. 5)........................................................................169
Exemplo 87: Bartók, B.: 1º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (Ed.
Boosey & Hawkes, 1942, p. 50)......................................................................169
Exemplo 88: Bartók, B.: 2º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (Ed.
Boosey & Hawkes, 1942, p. 51)......................................................................170
Exemplo 89: Bartók, B.: 3º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (Ed.
Boosey & Hawkes, 1942, p. 65)......................................................................170
Exemplo 91: Stockhausen, K.: “Sexteto Dr. K.” (Ed. Universal, 1972, p. 2)........................171
Exemplo 92: Cicchelli, R.: “Harmonias” – Peça nº 3 dos“Seis estudos de allures” (Ed.
Funarte: Partituras Brasileiras Online, vol. 16, 2013, p. 87)............................175
LISTA DE EXEMPLOS (“QR CODES”):
Exemplo 4: Schumann, R.: Peça nº 16 do ciclo “Dichterliebe, Op. 48” (Hermann Prey,
barítono / Leonard Hokanson, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=zfsJ1ux-QF0...............................................53
Exemplo 5: Schubert, F.: Lied “Erlkönig” (Jessye Norman, mezzo-soprano / Irwin Gage,
piano – “pianista não mencionado no referido vídeo”) –
https://www.youtube.com/watch?v=uZ7dCCavl4A............................................55
Exemplo 6: Schubert, F.: Variação II da “Introdução, Tema e Variações, Op. 160” (János
Bálint, flauta / Zoltán Kocsis, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=DImvHh297DI...........................................56
Exemplo 7: Schumann, R.: Melodia nº 1 do “Álbum para a Juventude, Op. 68” (Maurizio
Baglini, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=J3HJyW4VmQg.............57
Exemplo 8: Mozart, W. A.: Lied “Sehnsucht nach dem Frühlinge”, K. 596 (Elly Ameling,
soprano / Dalton Baldwin, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=2xqDrQPemBM.........................................57
Exemplo 9: Bach, J. S.: “Siciliano” da Sonata para Flauta e Piano em Mi b Maior, BWV.
1031 (Emmanuel Pahud, flauta / Trevor Pinnock, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=7TC57rTGXOo..........................................58
Exemplo 10: Mendelssohn, F.: Lied “Altdeutsches Lied” Op. 57 nº 1 (Dietrich Fischer-
Dieskau, barítono / Gerald Moore, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=mO0oCn2abLc.........................................58
Exemplo 14: Franck, C.: 3º movimento da “Sonata em Lá Maior” para Piano e Violino
(Yehudi Menuhin, violino / Hepzibah Menuhin, piano – “pianista não
mencionada no referido vídeo”) –
https://www.youtube.com/watch?v=pnmkFSUDtJk.........................................75
Exemplo 15: Guerra-Peixe, C.: 2º movimento do “Trio 1960” (“Trio Aquarius”: Flávio
Augusto, piano / Ricardo Amado, violino / Ricardo Santoro, violoncelo –
Gravação realizada na Sala Cecília Meireles do Rio de Janeiro em 24 de
novembro de 2019) – https://www.youtube.com/watch?v=G3KRkTA3xcU....76
Exemplo 16: Schubert, F.: Lied “Gretchen am Spinnrade” (Christa Ludwig, mezzo-
soprano / Irwin Gage, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=2zYJ5Z2trfc.............................................80
Exemplo 17: Schubert, F.: Lied “Nacht und Träume” (Kathleen Battle, soprano /
Lawrence Skrobacs, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=_IzI0vn8egw............................................80
Exemplo 21: Mozart, W. A.: 1º movimento da “Sonata em Sol Maior, K. 301” (Henryk
Szeryng, violino / Ingrid Haebler, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=szu13HgqGZk..........................................87
Exemplo 22: Schumann, R.: Lied “Freisinn”, nº 2 do Ciclo “Myrten, Op. 25” (Iván Paley,
barítono / Stephan Matthias Lademann, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=hdVr6SfbuVY..........................................89
Exemplo 29: Brahms, J.: 2º movimento da “Sonata em fá menor para Clarineta (ou
Viola) e Piano, Op. 120 nº 1”
QR Code 1 (Harold Wright, clarineta / Peter Serkin, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=fT4aGtizvqQ
QR Code 2 (Amihai Grosz, viola / Sir Simon Rattle, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=eVrpb2blUlg..........................................102
Exemplo 30: Haydn, J.: “Il Maestro e lo Scolare”, Hob.XVIIa:1 (Marta Poggesi &
Emanuele Proletti, piano a 4 mãos) –
https://www.youtube.com/watch?v=DQb_OVh5QpM...................................105
Exemplo 31: Löw, J.: 3 peças do “Praktischer Lehrgang des vierhändigen Clavierspiels”
ns. 4, 5 e 6 (Midori Maeshiro & Flávio Augusto, piano a 4 mãos) –
https://www.youtube.com/watch?v=L2uc9Mhx81M......................................106
Exemplo 32: Stravinsky, I.: Peça nº 2 (“Española”) das “Five Easy Pieces for Piano
Duet – Right Hand Easy” (Katia & Marielle Labeque) –
https://www.youtube.com/shorts/NkoUcsLcFLo............................................107
Exemplo 33: Stravinsky, I.: Peça nº 2 (“Waltz”) das “Three Easy Pieces for Piano
Duet – Left Hand Easy” (Katia & Marielle Labeque) –
https://www.youtube.com/watch?v=lmvTZz7wAE8......................................108
Exemplo 36: Schubert, F.: Peça nº 2 dos ”4 Ländler, D. 814” (Min Kwon & Robert
Lehrbaumer, piano a 4 mãos) –
https://www.youtube.com/watch?v=hsrAEJzGcKY........................................111
Exemplos 37, 38, 39 e 40: Schubert, F.: Lied “Lied der Mignon”, Op. 62 nº 4
(Barbara Bonney, soprano / Geoffrey Parsons, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=0x6KCm0vvxc..................116
Exemplo 41: Schubert, F.: Lied “Auf dem Wasser zu singen”, Op. 72 (Hermann Prey,
barítono / Leonard Hokanson, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=MRUVfmmjvZU...................................119
Exemplo 42: Schubert, F.: Lied “Die Forelle”, Op. 32 (Fritz Wunderlich, tenor / Hubert
Giesen, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=BcgoTOLnWZU.........119
Exemplo 43: Debussy, C.: Canção “Chevaux de Bois” – nº 4 das “Ariettes Oubliées”
(Sabine Devieilhe, soprano / Alexandre Tharaud, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=I2lXzz4mDQY.......................................120
Exemplo 44: Debussy, C.: Canção “Mandoline” (Renée Fleming, soprano / Jean-Yves
Thibaudet, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=ZOn2ZSQCXx0.....121
Exemplo 46: Strauss, R.: Lied “Morgen!”, Op. 27 nº 4 (Dame Janet Baker, mezzo-
soprano / Gerald Moore, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=DYfn3jFtR5I..........................................123
Exemplo 47: Schumann, R.: Lied “Blondels Lied”, Op. 53 nº 1 (Nathalie Stutzmann,
contralto / Inger Södergren, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=9xO0Vt1SiT0.........................................124
Exemplo 48: Schumann, R.: Lied “Du Ring an meinem Finger” – nº 4 do ciclo
“Frauenliebe und Leben”, Op. 42 (Barbara Bonney, soprano / Vladimir
Ashkenazy, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=kODvg8PMP9c....125
Exemplo 49: Poulenc, F.: Canção “C’est ainsi que tu es” – nº 2 do ciclo "Métamorphoses"
(Elly Ameling, soprano / Rudolf Jansen, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=E0ORTttl6mk.........................................126
Exemplo 50: Andrade, Mario de: “Hei-de Amar-te Até Morrer” da coletânea “Modinhas
Imperiais” (Adélia Issa, soprano / Alexandre Pascoal, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=XEk-JJGkc_s.........................................127
Exemplo 51: Gomes, Antonio C.: Canção “Addio” (Armando Ariostini, barítono / Loris
Peverada, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=6QFv2A3X1NM.....128
Exemplo 52: Braga, F.: Canção “Baiser Rendu” (Mônica Pedrosa, soprano / Guida
Borghoff, piano) – https://www.youtube.com/watch?v=EPJrGx65Bx0.........129
Exemplo 57: Mignone, F.: Canção “Festa na Bahia” (Glória Queiroz, mezzo-soprano /
Francisco Mignone, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=rFw1hziKzq0.........................................136
Exemplo 58: Haydn, J.: 1º movimento do “Piano-Trio em Sol Maior, Hob. XV:25”
(“Trio Aquarius”: Flávio Augusto, piano / Ricardo Amado, violino /
Ricardo Santoro, violoncelo – Gravação realizada na Fundação Maria Luisa
e Oscar Amercano, São Paulo, em 25 de abril de 2021) –
https://www.youtube.com/watch?v=1bsqX6v4ZTs........................................ 140
Exemplo 63: Chopin, F.: 3º movimento da “Sonata em sol menor para piano e
violoncelo, Op. 65” (Robert Suetholz, violoncelo / Flávio Augusto, piano)
https://www.youtube.com/watch?v=iy0w-AEsme0........................................144
Exemplo 66: Prokofieff, S.: 3º movimento da “Sonata em ré maior para flauta (ou
violino) e piano, Op. 94” (Emmanuel Pahud, flauta / Stephen Kovacevich,
piano) – https://www.youtube.com/watch?v=ux4dQcJs-ko............................147
Exemplos 67 e 68: Prokofieff, S.: 4º movimento da “Sonata em ré maior para flauta (ou
violino) e piano, Op. 94” (Emmanuel Pahud, flauta / Stephen
Kovacevich, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=MKTUMrYZK9c..........................147
Exemplos 72 e 73: Poulenc, F.: 3º movimento da “Sonata para violino e piano” (Max
Zorin, violinista / Vincent Balse, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=quFVZ_kS8CA.............................153
Exemplo 74: Poulenc, F.: 3º movimento do “Trio para Piano, Oboé e Fagote” (James
Levine, piano / Hansjörg Schellenberger, oboé / Milan Turkovic, fagote) –
https://www.youtube.com/watch?v=eERJMj-eWTo.......................................155
Exemplo 75: Mozart, W. A.: 1º movimento do “Quinteto para Piano e Sopros, K. 452”
(Alfred Brendel, piano / Heinz Holliger, oboé / Eduard Brunner, clarineta /
Hermann Baumann, trompa / Klaus Thunemann, fagote) –
https://www.youtube.com/watch?v=F40X8bRxKI4.......................................156
Exemplo 76: Poulenc, F.: 1º movimento do “Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100”
(Jean-Efflam Bavouzet, piano / Tara Helen O’Connor, flauta / Stephen
Taylor, oboé / Romie de Guise-Langlois, clarineta / Peter Kolkay, fagote /
Radovan Vlatkovic, trompa) –
https://www.youtube.com/watch?v=M0CNpJpD1M8...................................157
Exemplo 77: Poulenc, F.: 3º movimento do “Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100”
(Olga Kopylova, piano / Cláudia Nascimento, flauta / Ricardo Barbosa,
oboé / Ovanir Buosi, clarineta / Alexandre Silvério, fagote / Luiz Garcia,
trompa) – https://www.youtube.com/watch?v=rGmIXOaQgLc.....................158
Exemplo 78: Glière, R.: “Melodie” – peça nº 1 das “11 Peças, Op. 35” (Inna Leoni,
flauta / Brian Gilmore, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=bsaayFLn4WQ.......................................161
Exemplo 79: Glière, R.: “Andante” – peça nº 4 das “11 Peças, Op. 35” (Ivan Paisov,
oboé / Natalia Shcherbakova, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=vXA52PHr6VE......................................161
Exemplo 80: Glière, R.: “Romance” – peça nº 6 das “11 Peças, Op. 35” (Alain Trudel,
trombone / Yannick Nézet-Séguin, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=OvAVxeUgolg.......................................162
Exemplo 81: Glière, R.: “Valsa Triste” – peça nº 7 das “11 Peças, Op. 35” (Marieke Vos,
clarineta / Camiel Boomsma, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=w-3UC9ypzQI........................................162
Exemplo 82: Glière, R.: “Nocturne” – peça nº 10 das “11 Peças, Op. 35” (Matt Berliner,
trompa / Ben Smith, piano – “pianista não mencionado no referido vídeo”)
https://www.youtube.com/watch?v=k-AR421ex9M.......................................163
Exemplo 83: Glière, R.: “Intermezzo” – peça nº 11 das “11 Peças, Op. 35” (Hervè
Joulain, trompa / Ariane Jacob, piano – “pianista não mencionada no
referido vídeo”) – https://www.youtube.com/watch?v=AQB53mnL9WE......163
Exemplo 84: Schoenberg, A.: Melodrama “Pierrot Lunaire, Op. 21” – peça nº 1
“Mondestrunken” (Christine Schäfer / Ensemble InterContemporain /
Pierre Boulez) – https://www.youtube.com/watch?v=vxyN0qJvZOg...........166
Exemplo 85: Messiaen, O.: Peça nº 1 do “Quarteto para o Fim dos Tempos” (Luben
Yordanoff, violino / Albert Tétard, violoncelo / Claude Desurmont,
clarineta / Daniel Barenboim, piano) –
https://www.youtube.com/watch?v=i6caajUI_p8............................................167
Exemplo 90: Stockhausen, K.: “Kreuzpiel” (“Ives Ensemble”: Esther Probst, oboé /
Hans Petra, clarineta-baixo / John Snijders, piano / Arnold Marinissen,
Wilbert Grootenboer e Fedor Teunisse, percussão / Richard Rejnvos,
regência) – https://www.youtube.com/watch?v=tImv2Oxls58......................171
Exemplo 91: Stockhausen, K.: “Sexteto Dr. K.” (The California EAR Unit) –
https://www.youtube.com/watch?v=MDaMdstkfgQ.......................................171
Exemplo 92: Cicchelli, Rodrigo: “Harmonias” – peça nº 3 dos “Seis estudos de allures”
(Eduardo Monteiro, flauta / Flávio Augusto, piano / Rodrigo Cicchelli,
eletrônica – Gravado no dia 28 de setembro de 2013, no Salão Leopoldo
Miguez da Escola de Música da UFRJ, para a XX Bienal de Música
Brasileira Contemporânea realizada pela FUNARTE) –
https://www.youtube.com/watch?v=yQqXxXcFLtY......................................175
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................23
6 CONCLUSÃO...........................................................................................................177
7 REFERÊNCIAS........................................................................................................182
1 INTRODUÇÃO
“A pesquisa artística busca não tanto explicitar o conhecimento que se diz que a arte
produz, mas fornecer uma articulação específica do conteúdo pré-reflexivo e não-
conceitual da arte. Assim, convida "pensamentos inacabados". Portanto, não é o
conhecimento formal o objeto da pesquisa artística, mas o pensamento em, através e
com a arte”. (Borgdorff, H., 2012, p. 143)1
1
Artistic research seeks not so much to make explicit the knowledge that art is said to produce, but rather to
provide a specific articulation of the pre-reflective, nonconceptual content of art. It thereby invites ‘unfinished
thinking’. Hence, it is not formal knowledge that is the subject matter of artistic research, but thinking in,
through, and with art.
2
Pianista inglês mundialmente conhecido por sua carreira como camerista, tendo atuado ao lado de muitos
músicos famosos, dentre eles: Dietrich Fischer-Dieskau, Elisabeth Schumann, Hans Hotter, Elisabeth
Schwarzkopf, Victoria de los Ángeles e Pablo Casals.
3
Pianista natural de Magdeburgo, na Alemanha. Realizou a maior parte da sua formação musical em Israel,
tendo sido o fundador do Beaux Arts Trio – um dos mais aclamados e influentes grupos de câmara do século
XX.
24
percebemos imediatamente é que existe o tempo todo um diálogo de igual para igual em suas
performances.
Poucos também são os professores e alunos de piano que têm plena consciência da
importância da música de câmara para a formação de um músico-pianista mais versátil.
Durante os meus quase 50 anos de profissão, o que sempre constatei é que o
“acompanhamento” (como muitos ainda preferem rotular a música de câmara) nada mais é do
que a opção secundária daquele jovem pianista que, com o passar dos anos, não conseguiu
conquistar o almejado espaço como solista. Porém, consequentemente, o que se vê, na maioria
das vezes, são pianistas competentes (enquanto solistas), mas que, infelizmente, durante toda
a sua trajetória acadêmica, não aprenderam e não adquiriram as ferramentas essenciais que
poderiam torná-los eficientes pianistas de câmara ou, mais genericamente, músicos-pianistas.
Durante toda a minha trajetória profissional, duas realidades antagônicas sempre
se fizeram presentes: a) o aprendizado camerístico se dava na simples metodologia do fazer
fazendo (ou do aprender fazendo) e poucos cursos e masterclasses falavam sobre as
especificidades do assunto em questão; porém, era uma unanimidade entre os diversos
profissionais (não pianistas) com os quais trabalhei de que a música de câmara era de suma
importância na formação de qualquer músico-instrumentista; b) por outro lado, quase sempre,
ouvia de meus professores de piano que o meu envolvimento com a música de câmara (e com
os conjuntos de câmara dos quais fazia parte) poderia prejudicar e interferir muito nos meus
estudos e na minha pretensa carreira como solista – afinal, segundo eles, ensaios e estudos do
repertório de câmara iriam consumir muito do meu tempo.
Mesmo assim (e ainda visando possibilidades profissionais como solista), optei
sempre por continuar com os meus trabalhos camerísticos; pois percebia com clareza que
todas as ferramentas que ia adquirindo com a música de câmara, na verdade, só serviam para
aumentar e enriquecer a minha concepção musical – fosse ela solista ou não.
Outras questões que estiveram sempre presentes em minhas reflexões: como
conseguiria um pianista executar obras tão difíceis e complexas (tecnicamente e musicalmente
falando) do repertório de câmara sem que todas essas dificuldades fossem devidamente
trabalhadas e sanadas durante o seu aprendizado do instrumento? Seria possível executar com
primazia obras como a Sonata de César Franck (1822-1890), a Sonata ‘Kreutzer’ de
Beethoven (1770-1827), os Quintetos de Brahms (1833-1897) e Schumann (1810-1856), o
Sexteto de Poulenc (1899-1963) – entre tantas outras obras importantes do repertório de
câmara – sem que o pianista tenha conseguido vencer as dificuldades contidas em obras
como, por exemplo, os Estudos Transcendentais de Liszt (1811-1886) ou os Estudos Op. 10 e
25
uma visão musical mais multifacetada e diferenciada – que inclui compreensão, apreciação,
avaliação e comunicação musical – quando o músico está tocando ao lado de outros
instrumentistas/cantores.
Ao fazer um levantamento dos trabalhos pedagógicos e acadêmicos sobre o
assunto em questão, percebemos que muito já se discutiu (e ainda se discute) sobre o trabalho
dos pianistas acompanhadores, correpetidores, colaboradores, preparadores, coaches, entre
outros; porém, sobre o pianista de câmara e o repertório de câmara com piano – e a sua
importância no contexto histórico, social, musical e performático – parece que ainda são
assuntos pouco discutidos no ambiente acadêmico de nosso país; salvo alguns livros e artigos
que abordam especificamente o repertório de câmara brasileiro escrito para canto e piano.
Diante desse quadro, surgem as questões que motivaram este trabalho de pesquisa:
1. Trabalhar exaustivamente um repertório solista poderá, igualmente,
qualificar um pianista como camerista? Estamos falando de um mesmo ato
de performance?
2. Se concordarmos que pianistas solistas e pianistas de câmara lidam com
repertórios e atividades performáticas muito divergentes, como e em que
momento da formação acadêmica este aprendizado camerístico poderá ser
realizado?
3. Música de câmara só pode ser aprendida e praticada de forma espontânea,
intuitiva e inconsciente? Será que não existem mesmo métodos eficientes
para que se possa atingir este objetivo? Em qual estágio da aprendizagem
incluiremos métodos para este fim na formação do pianista?
4. Como podemos perceber e aprender a lidar com a comunicação cinésico-
gestual e percepções visuais e auditivas sempre tão presentes no contexto
das atividades camerísticas?
5. A música de câmara pode mesmo contribuir para ampliar os recursos
expressivos, ou seja, aumentar as ferramentas (habilidades técnicas
musicais/sonoras) de um pianista?
Com base nesta discussão, realizamos então esta pesquisa sobre os recursos
expressivos da performance pianística em música de câmara; sob um olhar que tenta
identificar as especificidades de um pianista-camerista durante todo o seu aprendizado
musical e sua trajetória profissional. Partiremos da hipótese de que além da experiência solo,
a complementação da prática performática de conjunto contribui significativamente para boa
formação de um pianista; sendo então, a competência camerística, parte do conjunto da
28
não existir mais, as impressões contemporâneas desses contextos mantêm algum nível
imaginado de medir a autenticidade.
Murphy McCaleb (2022) investiga uma nova conceituação de “música de
câmara”, como atividade que a tornará mais relevante dentro das práticas culturais
contemporâneas ao tentar avaliar a música de câmara como uma forma de música interpessoal
no século XXI – através da discussão dos problemas envolvidos nas definições de “música de
câmara” fornecida na literatura. A partir da perspectiva de que a música de câmara se desviou
de suas origens históricas participativas, passa a propor um repensar fundamental da
relacionalidade que a prática engendra ao colocar os intérpretes (e sua relação com o público)
em contextos radicalmente igualitários. O termo chambering music que ele propõe coloca em
primeiro plano a intimidade das relações que a música de câmara estimula e o resultado é uma
nova prática que se baseia não apenas em fazer música em pequenos grupos, mas também em
fazer relações e experiências musicais e dialógicas com a participação de co-performers (e
plateias). Uma nova prática exige um novo termo: chambering music.
Essa prática musical participativa é descrita por David Camlin (2022), onde
explora as tensões e os desafios técnicos e musicais que os artistas profissionais
experimentam quando encontram práticas musicais participativas e socialmente engajadas.
Essas experiências ensinam o performer profissional como responder e se adaptar a ambientes
imprevisíveis e em constante evolução dinâmica; aprimorar suas habilidades de comunicação;
aumentar sua liberdade criativa e encontrar suas próprias vozes artísticas. Para alcançar este
objetivo, requer aquisição de expertise musical, tais como: fluência técnica e expressiva,
coordenação de tempo sutil e musicalidade que responde constantemente às necessidades do
momento, e, ao mesmo tempo, e fundamentalmente, realizar relações humanas; ou seja, uma
mentalidade mais pautada e dialógica do fazer musical ao assumir papeis profissionais em
atividades camerísticas.
Em qualquer área de atuação, nem sempre a quantidade de tempo investida em
uma determinada tarefa é proporcional à qualidade de seu resultado. Em seu artigo Expertise
in Interpreting (2000), K. Anders Ericsson tenta traçar um paralelo entre a aquisição de
conhecimentos para a interpretação e habilidades específicas. Desde então, começou-se a
difundir a ideia de que a conquista de expertise em música e práticas interpretativas também
poderia ser comparada aos processos descritos por Ericsson para a aquisição de outras
habilidades estudadas por ele. Segundo o autor, uma tarefa mais eficiente de curta duração é
melhor que qualquer quantidade de tempo gasto em um aprendizado sem foco; assim,
32
identificar áreas as quais precisamos melhorar e, em seguida, elaborar um plano assertivo para
corrigir todas as falhas e lacunas é o que Ericsson chamou de prática deliberada.
Para muitos instrumentistas e professores de música, os experimentos realizados
por K. Anders Ericsson seriam praticamente inviáveis em se tratando de expertise na
interpretação, afinal, não existe (em música) um conjunto pré-definido de tarefas
representativas de habilidades para interpretação que, se bem realizadas repetidamente,
servem para garantir que um intérprete terá desempenho superior. Mesmo os intérpretes
reconhecidos como experts admitem vivenciar oscilações em seus desempenhos, ou seja, a
ideia de uma performance superior não parece realista no mundo da interpretação
(SCHAITZA, 2017, p. 2). Porém, acreditamos que não se trata apenas de tentar explicitar o
conhecimento não-intencional, afinal, como consequência deste olhar epistemológico,
arriscaríamos perder o objeto da pesquisa ao longo do caminho (BORGDORFF, 2012, Cap. 7,
p. 169).
Não pretendemos vaticinar que, em música, apenas os talentosos conseguem
atingir seus objetivos profissionais e nem mesmo querer medir desempenhos interpretativos.
Pelo contrário, queremos demonstrar apenas que motivação e foco são tão relevantes quanto o
próprio talento em si. Cremos que mais raro do que o talento é a combinação de um plano de
ensino bem estruturado com um plano de ação que consiga ampliar os horizontes musicais e
tentar remover muitos dos obstáculos encontrados.
Gary E. Mcpherson e Susan Hallam (2016) se concentraram em uma breve
discussão sobre talento musical e investigaram o quanto o contexto social poderia facilitar a
aprendizagem, assim como fatores genéticos ou a interação entre ambos. O artigo constrói
uma base de referência sobre o tema a partir de uma leitura de vários autores que focaram
suas pesquisas na influência genética no aprendizado e em como fatores ambientais poderiam
facilitar ou impedir o desenvolvimento de potencialidades musicais—fatores que podem ser
pensados como um conjunto maleável em constante mudança.
O estudo do piano encontra-se muito distante do que poderíamos chamar de
sociável. Se pensarmos em qualquer outro instrumentista ou cantores veremos que todos
aprendem, desde o início de seus estudos, que o fazer musical só é possível através do que
podemos chamar de parcerias com outros músicos. A ideia de solista – para instrumentistas de
cordas, sopros ou canto – está intimamente ligada à presença de outros músicos,
principalmente, à presença de um pianista acompanhador. Ao menos até a nossa atualidade, a
formação de instrumentistas e cantores inclui a participação de pianistas cameristas e/ou
acompanhadores em salas de aulas. Até mesmo entre os violonistas – que também não
33
Figura 1: Adler, K. “Diagrama da Árvore ‘Familiar’ do Pianista” – The Art of Accompanying and Coaching
Ed. University of Minnesota, 1976, p. 4.
Acreditamos, porém, que Kurt Adler acabou criando, de forma não intencional,
uma série de conceitos (“rótulos”) equivocados quando fez o seu Diagrama da Árvore
‘Familiar’ do Pianista. Através dos conceitos apresentados por ele, temos a impressão de que
os pianistas, na verdade, precisam se encaixar em uma das estruturas pré-determinadas para
cada campo de atuação. Ou seja, pianistas que têm uma formação mais sólida e que são mais
bem preparados tecnicamente (e que não conseguiram uma carreira solo) podem optar pela
música de câmara; mas, caso não sejam assim tão bem preparados, podem optar pelo
acompanhamento, e assim por diante. É claro que estamos aqui falando grosso modo; mas, em
suma, não acreditamos que os pianistas não possam ter uma bagagem técnico-musical capaz
de fazê-los transitar entre os repertórios solo, de câmara e acompanhamento. Temos
conhecimento de alguns pianistas que exercem com maestria quaisquer trabalhos relacionados
à Música; podendo se apresentar como solistas, como cameristas, fazendo transposições,
lendo com excelência à primeira vista, elaborando reduções orquestrais, tocando em coros ou
em aulas de balé, entre outros. Ou seja, apresentando todas essas ferramentas específicas que
36
Candace (2000); Peter Keller (2001); Aaron Williamon (2002, 2004); Jane W. Davidson &
Elaine King (2004); Mine Dogantan-Dack (2006, 2012); Rosie Burt-Perkins & Janet Mills
(2008), Jane Ginsborg & Elaine King (2009), Mark R. Thompson & Geoff Luck (2011),
Justine Karmel Sasanfar (2012), Dorianne Cotter-Lockard (2012), Janet Bindel (2013), Laura
Bishop & Werner Goebl (2014, 2017, 2018, 2019), Laura Bishop (2018) – todos eles,
abordando a música de câmara através de seus aspectos cognitivos e pedagogia da
performance.
A combinação de todos estes elementos serve para formar uma consciência
musical que transcende o simples conhecimento das interações teóricas e rítmicas (SACKS,
2016, p. 28). Entender como cada uma das partes se interage, como cada frase é sentida e
conduzida pelos diferentes instrumentistas e/ou cantores, como o seu cantabile irá se mesclar
e se amalgamar com os demais membros do grupo e como cada rubato (sentido de forma
espontânea e pessoal) pode, na verdade, se transformar – de forma única – em uma ideia e
sentimento conjuntos. Trata-se, como afirma Patrik N. Juslin (2003, p.280-281), de também
tentar enxergar a expressão de uma performance através de uma abordagem psicológica; que
envolve “uma tentativa de ir além da performance e considerar a natureza de cada pessoa por
trás da performance”4. Apesar de alguns autores distinguirem os gestos como técnicos e
expressivos, diferenciar o conteúdo gestual “técnico” do “expressivo” parece não adequado
para essa pesquisa, visto que todas as competências gestuais relatadas no presente trabalho
apresentam fins expressivos.
Por isso, a cognição e a percepção musical também passaram a ocupar um lugar
de destaque na pesquisa psicológica nos últimos anos. A performance musical e, mais
precisamente, a performance de grupos de câmara, tornaram-se um campo frutífero de
pesquisa (DAVIDSON & GOOD, 2002; GINSBORG & KING, 2007; GOODMAN, 2002;
WILLIAMON & DAVIDSON, 2002). Da mesma forma, muitas dessas pesquisas revelam
que as habilidades de percepção e atenção dos músicos – que têm suas bases no campo da
neurofisiologia – afetam diretamente a sincronia, a coordenação e a interação entre os
músicos; tais como a comunicação visual não verbal e a linguagem corporal (WILLIAMON
& DAVIDSON, 2002; THOMPSON, 2005; ALTENMÜLLER, WIEDENDANGER &
KESSELRING, 2006; GRAYBILL, 2011; KING & GINSBORG, 2011; BISHOP & GOEBL,
2014, 2017, 2018, 2019).
4
…an attempt to go beyond the performance and to consider the nature of the person behind the performance.
38
Finalmente, não poderíamos deixar de citar aqui um autor que serviu de grande
estímulo e inspiração para a elaboração deste trabalho de pesquisa: o Prof. Dr. Henk
Borgdorff – que nos fez enxergar que todo artista interessado na pesquisa tenta a união do
artístico com o acadêmico – o que pode causar grandes impactos em ambos os domínios
(2012).
Segundo Mark Radice (2012), o termo câmara foi usado pela primeira vez em
uma obra do compositor italiano Marco Scacchi (Ca. 1600-1662). Para Scacchi, em meados
do século XVII, a música de câmara nada mais era do que parte de um dos três contextos em
que a música normalmente se encontrava: a “musica eclesiástica” (música de igreja), a
“musica theatralis” (música de teatro) e a “musica cubicularis” (música de câmara). Essas
modalidades nada tinham a ver com o número de instrumentistas, com a sequência e número
de movimentos ou com a escrita formal de cada um dos movimentos. Assim, a designação
‘música de câmara’, a princípio, indicava apenas que uma composição específica deveria ser
executada em uma residência particular, e não em uma igreja ou em um teatro. Muitas obras
importantes – como os Concertos de Brandenburgo de J. S. Bach (1685-1750) e a Quarta
Sinfonia de L. van Beethoven – foram inicialmente executadas em residências particulares;
porém, são obras que se encontram muito distantes do que julgamos e entendemos atualmente
como sendo música de câmara.
Já no final do século XVIII e início do século XIX, com o fim da aristocracia da
Europa Ocidental, os conjuntos das cortes foram sendo substituídos por reuniões domésticas,
geralmente com músicos amadores. Assim, música de câmara foi se tornando sinônimo de um
grupo musical – formado por amadores – e que, sem quaisquer pretensões profissionais,
reuniam-se com frequência em suas residências para realizar o que eles mesmos chamavam de
39
música entre amigos. Muitas composições traziam títulos indicando que as obras eram
adequadas especialmente para amadores que adoravam música (Radice, 2012, p. 26). Alguns
compositores, como Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), por exemplo, colocaram títulos
curiosos em suas composições, tais como: 6 Sonaten für Kenner und Liebhaber (6 Sonatas
para Conhecedores e Amadores – Fig. 1).
Grécia antiga para citar seus dois cultos musicais dominantes deste período: o culto de Apolo
e o culto de Dionísio – a música apolloniana usada para acompanhar poemas épicos e canto e
a música dionisíaca usada para acompanhar os refrões dos grandes dramas (SHADE, 2010).
Porém, faz-se necessário um recorte temporal para que o corpus desta pesquisa possa se
concentrar apenas no seu real propósito: o piano na música de câmara.
Bartolomeo Cristofori (1655–1731) já havia construído seus primeiros pianos na
primeira década do século XVIII. No entanto, a popularização do instrumento só aconteceu
mesmo em meados deste século (RADICE, 2012). Assim, as primeiras composições de
câmara com piano do final do século XVIII surgiram com títulos bastante atípicos – como as
Três Sonatas (Trios), Op. 3 do compositor tcheco Leopold Anton Kotzeluch (1752-1818):
Três Sonatas para Pianoforte ‘com acompanhamento’ de violono e violoncelo (Fig. 2).
Kotzeluch escreveu sessenta e três ‘Sonatas-Trios’ para esta formação; vinte trios a mais do
que o austríaco Joseph Haydn – que escreveu, entre 1766 e 1797, quarenta e três piano-trios
(mais dois trios inacabados), ou melhor, Sonatas para Piano – com acompanhamento de
violino e violoncelo; como são apresentadas em manuscritos e primeiras edições (Fig. 3).
Figura 3: Kozeluch, M. L. Três Sonatas, Op. 41 (Trios) – Capa da 1ª Edição (ca. 1800)
41
Figura 4: Haydn, J. Piano Trio em Sol Maior, Hob. XV:25 – Capa da 1ª Edição (Londres, 1795)
única tornou-se um assunto muito mais difícil de lidar do que muitos compositores
modernos, mesmo os grandes mestres, conseguiram imaginar completamente.5
Mas, apesar disso, acreditamos que todos os compositores deixaram muito claro
que estas obras de câmara foram pensadas, inicialmente, para piano. Portanto, colocá-lo em
um segundo plano vai totalmente de encontro a tudo o que o compositor havia imaginado a
princípio. Acreditamos igualmente no bom senso, na cultura sonora, na inteligência musical e
na sensibilidade dos pianistas que, certamente, não devem se esquecer dos principais
conceitos camerísticos: saber dialogar; perceber o momento exato para despontar; reconhecer
os momentos de recolhimento; enfim, que nada é mais importante do que saber encontrar uma
unidade.
Porém, a idolatria ao instrumento piano continuou prevalecendo nas décadas
seguintes. W. A. Mozart e Ludwig van Beethoven também tiveram muitas de suas obras de
câmara com piano intituladas da mesma forma (Figs. 4 a 6).
Figura 5: Mozart, W. A. Piano Trio em Sol Maior, K. 496 – Capa da 1ª Edição (Berlim, 1792)
5
Whereas the violin has stayed precisely as it was, the piano has become so powerful an instrument that its use
in conjunction with a single string has become a far more difficult matter to cope with than many modern
composers, even great master, have fully realized.
43
Figura 6: Mozart, W. A. Piano Quarteto em Mi bemol Maior, K. 493 – Capa da 1ª Edição (Paris, 1803)
acreditamos que erroneamente, tais peças trazem o título de Sonatas para Violino (Fig. 7) –
inclusive, seis delas (Kochel 10 a 15), tendo sido editadas também em uma versão para Flauta
e Piano (Fig. 8).
Figura 8: Mozart, W. A. Sonatas para “Violino”, Vol. 1 – Capa (Edição Peters, 2002)
Figura 9: Mozart, W. A. Sonatas para “Flauta e Piano”, Vol. 1 – Capa (Universal Edition, 1981)
interpretativas e seus efeitos. Se um compositor escreve em seu manuscrito (ou permite que
seja escrito pelos editores da época) que a sonata é para Piano “com acompanhamento de
violino”, como poderia, anos mais tarde, a mesma obra ser intitulada de Sonatas para Violino
(sem sequer ser mencionado o instrumento Piano)? Ou então, Sonatas para Flauta “com
acompanhamento de piano”? Mudamos o protagonista da história e, ainda assim, acreditamos
que a narrativa continuará sendo a mesma? Enquanto performers, temos realmente este
direito? Acreditamos que seja necessário ir além desse entendimento. Temos consciência de
que muitas das páginas de rosto confeccionadas pelos editores da época eram frequentemente
escritas com um olho na estética musical e outro no mercado comercial (RADICE, 2012, p.
25); mas, ainda assim, pensamos que excluir ou colocar em segundo plano o nome do
instrumento que instigou a criação de tais obras é mesmo inconcebível.
Foi somente a partir de 1778 que Mozart, com a sua Sonata em Lá Maior, K. 305
– considerada por muitos musicólogos como a primeira das 18 Grandes Sonatas – opta por
fazer uma mudança nos títulos das mesmas para Sonatas para Piano e Violino – mas, ainda
assim (e não por um mero acaso), deixando predominar o instrumento piano.
Com Beethoven, as coisas não foram diferentes. Todas as suas obras de câmara
com piano – em todas as diferentes fases do compositor – deixavam claro, em seus títulos, o
que havia sido idealizado por ele (Figs. 9 a 12).
Figura 10: Beethoven, L. V. Três Sonatas para Piano e Violino, Op. 12 – Capa da 1ª Edição (Viena, 1799)
46
Figura 11: Beethoven, L. V. Sonata para Piano e ‘violino obligato’, Op. 47 (“Kreutzer”) –
Capa da 1ª Edição (Bonn, 1805)
Figura 12: Beethoven, L. V. 3 Piano Trios, Op. 1 – Capa da 1ª Edição (Bonn, sd)
47
Figura 13: Beethoven, L. V. 3 Piano Quartetos, WoO 36 – Capa da 1ª Edição (Viena, sd)
6
The ultimate purpose of the chamber style is above all to delight and enliven the listener. He is thus brought to
splendor, to joy, and to laughter… From this can be determined the general character of chamber music. It must
above all be lively and penetrating.
48
Porém, a partir das obras escritas por Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart e
Ludwig van Beethoven – compositores e excelentes pianistas – a escrita pianística sobe a um
patamar de exigência técnica que um amador, dificilmente, conseguiria ascender.
As grandes obras de câmara deste período dão ênfase exacerbada ao instrumento
piano – tanto que, em alguns casos, muitas das obras podem ser executadas como se fossem
peças para piano solo, ou seja, sem as outras partes do conjunto. No caso do 3º movimento do
Trio Cigano (Gypsy Trio), em sol maior, de Haydn, Hob. XV:25 (Ex. 1) o piano apresenta
todo o material temático, restando aos outros instrumentos o papel de complemento rítmico-
harmônico, dobramento e respostas ao piano. Porém, apesar disso, sabemos que a textura da
referida obra quando apresentada como “trio” é completamente diferente da textura solo;
aliás, a postura do pianista e o seu nível técnico (sensório-motor) também em muito se difere
de uma performance solista. Não queremos vaticinar aqui que os outros
instrumentos/instrumentistas tinham pouca (ou nenhuma) importância nas obras de câmara
“com piano” escritas neste período; mas sim, que a ênfase dada ao instrumento piano era
mesmo acentuada – portanto, estilisticamente falando, seria um grande equívoco dizer que o
piano tem o papel de acompanhador diante de tais obras.
Citamos também o exemplo deste 3º movimento do Trio Cigano de Haydn para
salientar as diferenças de comportamento do pianista diante de uma performance solista e uma
performance camerística. Enquanto solista, as atenções e decisões do pianista encontram-se
centradas única e exclusivamente nas suas próprias escolhas técnico-musicais. A deliberação
acerca da qualidade sonora e pedalização também estarão centradas nas possibilidades
mecânico-sonoras do instrumento que o performer possui naquele momento. Da mesma
forma, andamentos, fraseados e precisão rítmica dependerão unicamente dessas escolhas
pessoais efetuadas pelo intérprete. Porém, executar esta mesma obra em uma formação de
câmara, fará com que o pianista perceba que muitas de suas decisões técnico-musicais não
podem ser sustentadas diante das diferentes escolhas estabelecidas pelo violinista e/ou
violoncelista. A preocupação maior do pianista não mais estará voltada para a qualidade
sonora do instrumento; mas sim, em como a sonoridade desse instrumento poderá se fundir
com as outras sonoridades presentes. Ajustes de andamentos, variações na forma de frasear,
negociações de rubatos e acelerandos, respirações, entre tantas outras deliberações
performáticas, fazem com que o pianista vivencie e apresente um comportamento
completamente diferente do que o de um solista.
49
Exemplo 1: Excerto do 3º movimento do “Piano Trio em Sol Maior, Hob. XV:25” (J. Haydn,
Ed. Peters, Vol. I, 1971, c. 1-18, p. 12)
7
Link disponível nas referências bibliográficas (Internationale Stiftung Mozarteum).
50
Exemplo 3: Excerto do 1º movimento da “Sonata para Piano e Violino em Si bemol Maior, K. 570”
(W. A. Mozart, Ed. Schirmers, 1980, c. 1-13, p. 222)
menor, K. 478; Sonatas para Piano e Violino K. 296 (dó maior), K. 302 (mi bemol maior), K.
304 (mi menor), K. 305 (lá maior), K. 376 (fá maior), K. 380 (mi bemol maior), K. 454 (si
bemol maior) e K. 526 (lá maior). Curiosamente, nas Sonatas para Piano e Violino, em apenas
duas delas a linha melódica principal é apresentada pelo violino; enquanto o piano realiza o
acompanhamento; são elas: a Sonata em sol maior, K. 301 e a Sonata em dó maior, K. 303.
No segundo movimento de seu último Piano-Trio (em sol maior, K. 564), Mozart apresenta
um Andante (Tema com seis variações) onde, na segunda variação, o solo fica a cargo do
violoncelista; algo que, naquela época – em se tratando de um Piano-Trio – foi uma grande
inovação. Grande inovação também foi o seu Piano-Trio, K. 498 em mi bemol maior – com
clarineta e viola. Algo que, certamente, inspirou outros compositores a pensar em outras
formações que não fossem apenas piano, violino e violoncelo; abrindo caminho para
composições importantes como o Piano-Trio Op. 11 de Beethoven – com clarineta e
violoncelo.
A partir daí, e em todas as obras camerísticas escritas posteriormente por
Mendelssohn, Schubert, Brahms, Schumann, entre outros, já não seria mais possível
pensarmos apenas no instrumento piano como o grande protagonista; e nem mesmo
imaginarmos que os outros instrumentistas seriam meros acompanhantes. Mas, ainda assim,
podemos perceber claramente que houve uma mudança extrema no tratamento do instrumento
e nos recursos pianísticos utilizados pelos compositores em todas as obras de câmara escritas
a partir de Joseph Haydn. A partir deste período, mesmo quando falamos de obras escritas
para canto e piano, vemos que a ideia de piano acompanhamento vai se dissipando pouco a
pouco; até que, com Franz Schubert, a canção de câmara se estabelece por completo. Duas de
suas obras-primas de câmara trazem, justamente, uma cantora como solista: Auf dem Strom
(No Rio), Op. 119 (D. 943) para soprano, trompa e piano e Der Hirt auf dem Felsen (O Pastor
no Rochedo), Op. 129 (D. 965) para soprano, clarineta e piano – ambas escritas em 1828.
Difícil também tentarmos cantarolar (mesmo que mentalmente) muitas das canções escritas
por Johaness Brahms e, principalmente, por Robert Schumann sem evocarmos as melodias e
intervenções apresentadas pelo piano. Em seus ciclos de canções Frauenliebe und-Leben, Op.
42 e Dichterliebe, Op. 48, Schumann, em diversas canções, delega grandes solos ao piano,
inclusive, encerra ambos os ciclos com codas, onde o piano, adquirindo o papel de persona,
tem a incumbência de fazer a retrospectiva e o desfecho de toda a história (Ex. 4).
53
Por tudo isso, uma coisa fica muito clara: em qualquer formação de câmara com
piano – seja ela em duos, trios, quartetos, etc. – a responsabilidade do pianista tornou-se
imensa diante de uma performance. Em qualquer obra de câmara, é o pianista quem tem a
grade (partitura guia que reúne os instrumentos de um determinado agrupamento musical) de
tudo aquilo que está sendo executado pelo(s) outro(s) instrumentista(s) e/ou cantor(es).
Importante também lembrarmos que em todo o repertório de câmara até o período romântico
os instrumentistas não contam com a presença de um maestro. Assim, muitas das funções, tais
como: apresentar o andamento correto no início de uma obra, assegurar uma pulsação clara,
dar entradas, manter o equilíbrio sonoro com os outros instrumentistas e/ou cantores, acabam
sendo funções que, quase sempre, são conferidas ao pianista. Vale lembrar também que, como
54
o pianista é aquele que conta com uma partitura-grade em sua frente, quaisquer deslizes que
aconteçam (como, por exemplo, a entrada equivocada de um dos instrumentistas e/ou
cantores), acaba se tornando também um momento de grande responsabilidade para o
pianista, afinal, será sua incumbência encontrar a melhor solução para que a execução da obra
não seja interrompida durante uma apresentação. Enfim, especificidades que os pianistas só
vão entender e habilidades que só serão desenvolvidas através do estudo do repertório e da
prática camerística.
Exemplo 5: Excerto do lied “Erlkönig” (F. Schubert, Ed. International Music Co., 1980, c. 1-13, p. 168)
Exemplo 6: Excerto da Variação II da “Introdução, Tema e Variações, Op. 160” (F. Schubert,
Ed. Henle, 2000, c. 1-5, p. 9)
possíveis na criação de timbres diferentes e intensidades sonoras diferentes para cada nota
executada na frase da sua mão direita.
Exemplo 7: Excerto de Melodie do “Álbum para a Juventude, Op. 68” (R. Schumann,
Ed. Breitkopf & Hartel, 1897, c. 1-4, p. 2.
Este mesmo tipo de trabalho pode ser encontrado em inúmeras obras de câmara.
Colocamos aqui dois exemplos de obras que ajudariam o pianista a entender e a realizar o que
chamamos de acompanhamento (Ex. 8, 9 e 10), e também, um movimento de um trio de W.
A. Mozart – para piano, violino e violoncelo (Ex. 11) – aonde o trabalho de câmara (solista e
acompanhador) acontece simultaneamente. Todas estas obras contêm o mesmo enfoque
técnico-musical da obra escrita por R. Schumann para piano solo (Ex. 7); porém, nas obras de
câmara, o aluno poderá perceber, com clareza, como a voz e/ou outros instrumentos podem
acompanhar, frasear, timbrar, respirar, etc. Enfim, percebendo através dos trabalhos
camerísticos, como tais ferramentas são importantes para diferenciar um pianista de um
Músico propriamente dito.
Exemplo 8: Excerto do lied “Sehnsucht nach dem Frühlinge”, K.596 (W. A. Mozart,
Ed. Breitkopf & Hartel, 1877, c. 1-5, p. 77)
58
Exemplo 10: Excerto do lied “Altdeutsches Lied” (F. Mendelssohn, Ed. Kalmus, 1970, c. 1-6, p. 46)
59
Exemplo11: Excerto do 3º movimento do “Trio em Mi Maior para Piano, Violino e Violoncelo, K. 542”
(W. A. Mozart, Ed. Dover, 1991, c. 1-18, p. 121.
Vários detalhes curiosos chamaram a nossa atenção ao ler a citação acima: o que o
autor quis dizer com “não é música de câmara quando há expectativa de apresentações em
salas de concerto públicas”? O conceito de música de câmara do referido autor continua sendo
o mesmo daquela musica cubicularis do século XVII? Uma obra de câmara ou uma
apresentação de câmara perde o seu real significado quando apresentada em salas de concerto
públicas? É o “espaço” que define o que é camerístico ou não? Ou então, se o pianista tiver
dois pianos em sua residência e optar por fazer apresentações em sua casa (‘house concerts’)
o repertório, automaticamente, poderá ser chamado de ‘camerístico’?
Deixamos claro que a nossa ideia sobre música de câmara envolve aspectos e
conceitos bem mais importantes do que apenas o espaço onde ela é apresentada. Por isso,
optamos por não excluir de nossa pesquisa o repertório a 4 mãos e 2 pianos – e examinarmos
as expertises deste contexto camerístico; afinal, trata-se de um repertório surpreendentemente
vasto e de notável diversidade e proficiência técnica – tanto no seu escopo quanto na sua
função. Podemos também afirmar que a prática camerística, utilizando o mesmo instrumento,
minimiza a necessidade de mudanças em comparação com outros instrumentos/vozes; assim
como os ajustes às necessidades técnicas e expressivas a serem acomodadas na realização da
performance de um grupo apresentam outros parâmetros – aspectos que trataremos no
capítulo seguinte. A música para 4 mãos, igualmente, pode servir como ferramenta
pedagógica de grande valor – ao oferecer treinamento musical, iniciação às práticas para se
tocar em conjunto, desenvolvimento da leitura à primeira vista e controle rítmico. O repertório
para 2 pianos é, sem dúvida, mais virtuosístico e elaborado; afinal, ambos os pianistas podem
8
In assessing the repertoire requiring two pianists, we must distinguish between “duo pianism” and “piano
duet.” The former term refers to music for two pianists, each at his own instrument. This repertoire is not
chamber music. When two pianos are required, the expectation is for performances in public concerts halls.
Music for piano duet, on the other hand, is true chamber music.
61
qualquer instrumento e/ou voz e baixo contínuo – tão comum na música do período barroco.
Vale ressaltar aqui que não estamos falando de ‘postura camerística’ – algo que, como
veremos mais à frente, deve sempre estar presente na conduta do performer
(independentemente do repertório a ser executado). Porém, tais obras só deixaram de ser
listadas no Anexo deste trabalho por não possuírem características de duo, mas sim, de ‘solo
com acompanhamento’. Optamos também por manter as obras que tiveram seus arranjos
elaborados pelos próprios compositores ou aqueles que foram avalizados por eles. Enfim,
tentamos expor uma boa parte do repertório que, muito frequentemente, é trabalhado por
pianistas-cameristas.
Não poderíamos deixar de citar também algumas obras de formações bastante
incomuns e que, certamente, ocupam um lugar de destaque no rol das mais importantes obras
de câmara. Em se tratando de canções de câmara, não poderíamos deixar de citar duas obras
muito relevantes; são elas: 18 Liebeslieder Walzes, Op. 52 e Neue Liebeslieder Walzes, Op.
65 de Johaness Brahms (para Soprano, Contralto, Tenor, Baixo e Piano a 4 mãos) e Arias &
Barcarolles (1988) de Leonard Bernstein (1918-1990) (para Mezzo-Soprano, Barítono e
Piano a 4 mãos).
Ainda abordando formações de câmara ‘incomuns’ como Trios, Quartetos,
Quintetos e Sextetos, citamos também outras obras relevantes – mas que não se enquadram
em nenhuma das formações mais tradicionais. São elas:
contemporâneos (brasileiros e estrangeiros); mas, como bem sabemos, uma investigação mais
profunda nesse sentido poderia acabar nos afastando do real propósito desta pesquisa.
Não poderíamos deixar de citar aqui o importante trabalho elaborado por Dirk
Meyer (1977) no seu livro Chamber Orchestra and Ensemble Repertoire (2018) – um
compêndio valioso sobre a música de câmara moderna – com uma listagem de quase 4.000
obras escritas durante os séculos XX e XXI, representadas por mais de 1.100 compositores.
Ainda assim, antes de passarmos para o capítulo seguinte, não poderíamos deixar
de comentar sobre mais uma obra que, na verdade, é um grande desafio para qualquer pianista
de câmara: o Concerto, Op. 21 – para Piano, Violino & Quarteto de Cordas – do compositor
francês Ernst Chausson (1855-1899). É a única obra intitulada de concerto no repertório de
música de câmara. Chausson poderia tê-lo intitulado de sexteto, mas sabia que, na verdade, a
obra estava mais próxima de um “concerto duplo”, onde os dois instrumentos solistas são
colocados contra um quarteto de cordas, porém, fazendo com que todos os instrumentistas
consigam dialogar “de igual para igual” – na mais pura essência do ideal camerístico.
Obras como o Concerto Tríplice, Op. 56 (para Piano, Violino, Violoncelo e
Orquestra) e a Fantasia-Coral, Op. 80 (para Piano, Coro/Solistas e Orquestra) de Beethoven
não são consideradas obras de câmara – pois, na verdade, foram pensadas e escritas para
solistas e orquestra; ou seja, aproximam-se mais do que poderíamos chamar de “músicas
concertantes”.
No capítulo 3 deste trabalho, discutiremos e avaliaremos mais profundamente as
diversas competências camerísticas com piano na tentativa de compreender melhor as
diferentes dimensões desta prática e expertises do pianista em performances de câmara – de
acordo com cada formação específica.
Faremos também uma investigação sobre gestos e sinais que revelam como o
movimento visual pode desempenhar um papel importante na comunicação entre os músicos
na performance pianística em música de câmara, ou seja, como na performance pianística o
modo visual pode servir para aumentar a comunicação do conteúdo auditivo. O movimento
corporal é de particular relevância, já que as capacidades expressivas do piano são
relativamente restritas e os movimentos necessários para tocá-la são visíveis. Assim, no
próximo capítulo, discutiremos como a congruência dos movimentos dos performers com o
som reforça a comunicação das informações musicais, em oposição à simples variedade de
movimentos. Acreditamos que uma performance musical visual e sonoramente expressiva e
congruente é o resultado de um pianista camerista que incorpora sua interpretação musical em
movimento funcional e expressivo. Para delimitar o campo e o conceito de gesto que nos
66
interessa ao presente trabalho, dialogaremos com a ideia de gesto tratado por autores, tais
como: Colwyn Trevarthen, Ginevra Castellano, Vincent Bergeron & Dominic McIver Lopes,
Jane Ginsborg & Elaine King, W. Luke Windsor, François Delalande, Marcos Nogueira &
Midori Maeshiro, Coenraad V. Bos, Patrik Juslin & Roland Persson, Alexander Jensenius,
Caroline Palmer, Peter Keller, Anthony Kemp, Mine Dogantan-Dack, Eliezer Rapoport e
Richard Yates.
67
“Quando você faz música de câmara da maneira mais séria, você aprende a olhar
para uma obra diferentemente; aprende como usar suas mãos e aprende o senso de
equilíbrio... Então, você [aprende a tocar] como um solista”. Menahem Pressler9
(Brown, W., 2018, p. 20)
À medida que os grupos aumentam de tamanho, uma proporção cada vez menor de
pessoas se torna central na organização, toma decisões e se comunica com o total de
membros. Concluímos que os membros consideram a participação mais satisfatória e
que os processos de grupo são mais eficazes em grupos menores do que em grupos
maiores. (CARTWRIGHT & ZANDER, 1968, p. 499).10
9
When you play chamber music in the most serious manner, you learn how to look at a work differently; you
learn how to use your hands and you learn the sense of balance… Then you play as a soloist.
10
As groups increase in size, a smaller and smaller proportion of persons become central to the organization,
make decisions for it, and communicate to the total membership. We conclude that members find participation
more satisfying and that group processes are more effective in smaller groups than in larger ones.
68
11
In Chamber ensembles it is virtually impossible for a player in a quartet to remain unseen; even in a larger
chamber group, each musician is depended on, and social interaction is required to develop the music. The
necessity of reciprocity in chamber music creates the interpersonal communication skills that many do not
naturally have. Chamber music fosters growth in communication and relationships between players, who then
can take those skills to the vast array of other communal situations they are part of.
69
13
Listening is a quantitative and qualitative issue: quantitative in that it aids in attaining proper dynamic
balance between other musicians and pianist, and qualitative in that it impacts the fusion of tone within the
collaboration.
71
Se a música expressa o que pensamos que ela faz, então suas propriedades
expressivas podem ser visuais e sonoras; e se as suas propriedades expressivas são
puramente sonoras, ela expressa menos do que pensamos. E se as propriedades
expressivas da música são visuais e sonoras, a música não é o que pensamos que é –
não é puramente sonora.15 (BERGERON & LOPES, 2009, p. 1)
o sentido dos gestos e os movimentos do tronco do pianista do que combinar com ele
qualquer tipo de contagem, ou mesmo, tentar entender racionalmente todos os rubatos que
irão acontecer no decorrer da obra.
Exemplo 13: Excerto do 4º movimento do “Piano-Trio nº 1, Op. 8” – 1ª Versão (1854) (J. Brahms,
Ed. Dover, 1988, c. 1-10, p. 44)
73
16
Segundo Nogueira e Maeshiro (2019), o termo memória de trabalho refere-se a um sistema cerebral que
fornece armazenamento temporário e manipulação das informações necessárias para tarefas cognitivas
complexas como a compreensão da linguagem, a aprendizagem e o raciocínio, que se dão no tempo “presente”.
Assim, a memória de trabalho é uma construção teórica que se refere ao conjunto de armazenamentos e
processos de controle que nos permitem manter a imagem dos perceptos "em mente", mesmo após a ocorrência
dos estímulos físicos que lhes deram origem. Uma característica fundamental da memória de trabalho é a
capacidade de manter várias imagens de itens simultaneamente. Essa capacidade é essencial para muitas das
funções atribuídas à memória de trabalho.
74
uma interpretação do que achamos que essa concepção poderia ser. 17 (WINDSOR,
2011, p. 48)
17
Clearly the gestures that ‘accompany’ music may not play quite the same role as the non-verbal
communicative movements that supplement other forms of communication nor may they be structured in the
same way. However, they are potentially a primary manner in which an audience has direct contact with the
performer: we cannot see what a performer thinks but we can hear and see them move, and this may provide us
with useful information about their conception of the music they are playing, or at least allow us to form an
interpretation of what we think this conception might be.
75
Exemplo 14: Excerto do 3º movimento da “Sonata em Lá Maior” para Piano e Violino (C. Franck,
Ed. Henle, 1975, c. 53-67, p. 28)
movimentos corporais expressivos são partes integrantes da música (THOMPSON & LUCK,
2011) e podem influenciar o interesse na performance, fornecer pistas para discernir intenções
emocionais específicas e, inclusive, influenciar na duração das notas executadas pelo músico
(DAHL & FRIBERG, 2007; SCHUTZ & LIPSCOMB, 2007; BROUGHTON & STEVENS,
2009).
Exemplo 15: Excerto do 2º movimento do “Trio 1960” (C. Guerra-Peixe, manuscrito, 1960,
c. 37-48, p. 25)
18
To play without expression.
19
If Liszt played behind a screen, a great deal of poetry would be lost.
78
Segundo King & Ginsborg (2011), Davidson (2005) também traça paralelos entre
gestos não-verbais usados na música e na fala, e os classificam nas seguintes categorias:
proposicionais (para indicar significado, como a altura de levantamento do dedo de um
pianista em relação à dinâmica de um ataque), icônicos (descrevendo uma ação, como a
maneira pela qual uma cantora pode colocar as mãos juntas como se estivesse pedindo perdão
a um amante), metafóricos (ilustrando a metáfora, tais como o uso do tremolo do dedo do
pianista, como se estivesse querendo realizar um vibrato), dêiticos (gestos indicativos ou
apontadores, como um sinal manual entre os co-intérpretes para indicar uma entrada) e
batidas (gestos motores repetitivos, como pulsar com a perna, o pé, a mão ou o braço na
tentativa de regular o andamento).
Segundo Bradley W. Vines et. al (2006), os gestos físicos também podem ser
descritos conforme as posturas e movimentos executados pelo instrumentista em relação à
partitura musical; baseados nas categorias de gestos delineados por Delalande (1988), sendo
eles: meditativo (recueilli), vibrante (vibrant), fluido (fluant), delicado (délicat) e vigoroso
(vigoureux) – gestos que podem ser considerados como tipos de ilustradores do caráter e das
intenções musicais.
Em geral, os gestos têm duas funções. A primeira função é permitir que o artista
produza som, realizando tecnicamente as notas contidas em uma partitura musical. Isso
geralmente combina com a segunda função, a de alcançar e transmitir um efeito expressivo.
Embora grande parte da literatura de pesquisa faça distinção entre os gestos dos artistas
descritos como técnicos (ou biomecânicos; ver DAVIDSON, 2005) e os descritos como
expressivos, o espectador pode ou não estar ciente dessa distinção ou até mesmo reconhecer
os gestos como tais. Além disso, a maneira como ele interpreta os gestos físicos feitos pelo
artista dependerá de uma série de fatores, incluindo o conhecimento musical, cultural e social,
crenças e humor do espectador no momento da apresentação, o ambiente em que ocorre e, de
fato, sua percepção auditiva - e também visual - da música. Assim, a função de cada gesto
diferirá para cada espectador e sujeita a alterações em diferentes performances. Para os
propósitos desta discussão, nos referiremos a gestos técnicos, expressivos e comunicativos na
descrição da função dos gestos dos artistas, quando apropriado (DELALANDE, 1988).
Porém, como afirma Ole Kühl (2011, p. 123), “o sentido musical é fluido; e a
mesma música pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes, e a mesma pessoa
pode experimentar uma mesma música de maneira diferente em contextos diferentes”. Ainda
segundo o autor, o gesto musical consegue simbolizar a expressividade humana. Trata-se de
um nível implícito de comunicação – tal qual “formas sonoras em movimento”.
79
Exemplo 16: Excerto do lied “Gretchen am Spinnrade” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1981, c. 1-11, p. 174)
Exemplo 17: Excerto do lied “Nacht und Träume” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1981, c. 1-8, p. 238.
81
Na canção Margarida na Roca (Ex. 16), o compositor deixa muito claro que a
função do piano é exercer o papel da roca de fiar durante toda a obra. Queremos mostrar a
importância da consciência do pianista quanto ao entendimento sobre os movimentos da roca
– segundo as intenções e a dramaticidade do texto cantado por Margarida. Aqui, uma vez
mais, a parte do piano apresenta função de conduzir o fluxo sonoro (guia musical) da obra;
pois não adiantaria o cantor caminhar, retardar, crescer e decrescer sem que o piano (roca)
movimentasse com a mesma intencionalidade. Portanto, um simples movimento do tronco do
pianista – da esquerda para a direita (antes mesmo de dar início ao primeiro compasso) – pode
aclarar o movimento inicial da roca – até chegar ao seu ponto culminante (nos compassos 66 a
68) – e, em seguida, voltar ao movimento do início.
Já na canção Noite e Sonhos (Ex. 17), fica clara a intenção do compositor em
querer tirar a música de um plano terreno – com um clima absolutamente etéreo e distante do
mundo material. A única dinâmica utilizada em toda a obra é um pianíssimo logo no primeiro
compasso da introdução no piano. Nenhuma outra marcação de dinâmica é apresentada nos
28 compassos seguintes. Enfim, acreditamos que, neste caso, qualquer gesto corporal do
pianista poderá interferir no resultado da performance. Aqui, o pianista deverá conduzir a
ambientação harmônica para o cantor e deixá-lo à vontade para descrever o seu sonho; ou
seja, uma situação muito distinta da canção citada anteriormente; porém, em ambos os casos,
tendo o gesto musical como uma interseção de ações observáveis de “imagens mentais”20
(DELALANDE, 1988).
Por isso, acreditamos que gestos e movimentos expressivos – que não estão
diretamente envolvidos na produção do som, mas sim, diretamente ligados à expressão e
interpretação musical – podem também incluir movimentos de cabeça e/ou expressões faciais
(CADOZ & WANDERLEY, 2000; JENSENIUS ET AL., 2010). William Forde Thompson
(2011) realizou diversas pesquisas sobre as relações entre os movimentos corporais dos
pianistas, suas intenções expressivas e elementos estruturais da música e concluiu que, na
música ocidental, as partituras trazem informações mais claras sobre altura e duração em
comparação aos sinais de dinâmica e condução fraseológica. Por esse motivo, segundo o
autor, a grande expertise de um performer encontra-se, justamente, em como ele irá
complementar tais performances com pistas não acústicas – que irão apoiar a comunicação –
incluindo gestos e expressões faciais. Para os músicos, expressões faciais são frequentemente
interpretadas como comunicação emocional, mas podem refletir muitas outras propriedades
20
Mental imagery.
82
21
…because they extend beyond the temporal window within which acoustic signals of emotion are available.
22
Segundo Nogueira e Maeshiro (2019), é o termo cunhado pelas ciências cognitivas contemporâneas para dizer
das ações guiadas por estruturas cognitivas (memorizadas) que emergem dos padrões sensório-motores
resultantes de experiências interativas recorrentes entre corpo e ambiente.
83
Exemplo 18: Excerto de “3 Romances, Op. 94, nº 2” (R. Schumann, Ed. Kalmus, 1984, c. 1-5, p. 5)
23
Do italiano: na batida; que, na música de concerto, significa na cabeça do tempo. Em inglês: downbeat (on-
beat)
24
Do italiano: na suspensão; que, na música de concerto, significa na levada. Em inglês: upbeat (off-beat)
84
menos e ouça mais’. Naquela época, não conseguia entender ao certo o que ele queria dizer
com isso; mas, com o passar dos anos, fui percebendo a profundidade e a essência desta frase
tão simples e verdadeira. Em música, a maneira como nos comunicamos com outras pessoas
diz muito sobre nós; e, se aprendemos a ouvir o outro, temos a crescer vivenciando outros
universos – mesmo que nenhuma palavra seja proferida.
Assim, em música de câmara, saber ouvir é a condição sine qua non. É através
dela que o pianista irá aprender a explorar diferentes texturas em toda a região do teclado;
escolhendo e selecionando vozes de acordes com uma ou mais notas simultâneas; aprendendo
sobre textura cordal – que descreve vozes esparsas, finas, grossas ou densas, dependendo do
número de notas; enfim, usando a textura de várias maneiras para sustentar e enriquecer um
trecho musical, ou então, para se ajustar às mudanças de caráter durante o desenrolar da obra.
Para ilustrar e corroborar essa ideia, apresentamos três exemplos extraídos da
coletânea de Sonatas de Mozart para Piano e Violino (Ex. 19, 20 e 21):
Exemplo 19: Excerto do 1º movimento da “Sonata em mi menor, K. 304” para Piano e Violino
(W. A. Mozart, Ed. Wiener, 1979, c. 1-12, p. 52)
86
Exemplo 20: Excerto do 1º movimento da “Sonata em Si b Maior, K. 378” para Piano e Violino
(W. A. Mozart, Ed. Schirmers, 1980, c. 1-16, p. 152)
87
Exemplo 21: Excerto do 1º movimento da “Sonata em Sol Maior, K. 301” para Piano e Violino
(W. A. Mozart, Ed. Peters, 1964, c.1-20, p. 51)
Todo pianista bem treinado está profundamente ciente do valor de ouvir. "Ouça a si
mesmo!" É uma injunção tão importante como 'conheça-te a ti mesmo'. Mas, com os
pianistas, o problema é mais complexo. Eles não apenas devem ouví-lo, tanto com a
mente quanto com os seus ouvidos internos, mas devem estar profundamente atentos
à qualidade tonal além da qualidade na performance do parceiro, seja este cantor ou
instrumentista. Sem tal capacidade altamente desenvolvida ... desempenhos
superlativos são impossíveis de serem realizados. 25 (BOS, 1949, p. 8)
O conselho dado por Bos (1949) é relevante e poderia facilmente ser traduzido da
seguinte forma: “pianistas: ouçam suas sonoridades e dinâmicas; mas não se esqueçam de
ouvir igualmente àqueles que estão ao seu lado”.
Outro fator ligado à percepção auditiva diz respeito ao ritmo e ao tempo. Ritmo,
segundo o Grove Music Online, é um dos “dois principais parâmetros da estrutura musical”.26
O ritmo "está relacionado à descrição e compreensão da duração de um tom e dos padrões de
duração... que podem ser mais ou menos regulares, dar ou não origem a uma sensação de
batida ou ritmo e podem ser mais ou menos contínuos, mas como toda música envolve
duração(ões), toda música necessariamente tem algum tipo de ritmo"27. A descrição é
objetiva, mas sugere a natureza universal do ritmo - todas as obras musicais a possuem.
Adler (1976, p. 126) descreve o ritmo da seguinte forma:
25
Every well-trained pianist is keenly aware of the value of listening. ‘Hear thyself!’ is as important an
injunction as ‘Know thyself!’ But with the pianists, the problem is more complex. Not only must he listen to
himself, with his mind as well as with his inner ear, but he must be keenly alive to the tonal quality in addition to
the quality in the performance of the partner, whether vocalist or instrumentalist. Without such [a] highly
developed capacity…superlative performances [are] impossible of realization.
26
Rhythm is one of the two primary parameters of musical structure (the other one is pitch).
27
The rhythm is concerned with the description and understanding of their duration and durational
patternings... that may be more or less regular, may or may not give rise to a sense of beat or tempo, and may be
more or less continuous, but as all music involves duration(s), all music necessarily has some manner of rhythm.
28
While there are seventeen possible definitions of tempo, there are more than fifty meanings for rhythm. The
definition with the widest appeal comes from Plato, who called rhythm an "order of movement”… Rhythm is
necessary to the esthetic enjoyment of music; without rhythm, any musical piece would be boring.
89
expressivos, bem como a expressão como timing variacional de efeitos musicais percebidos
como “dinâmica”, “palheta de timbres” e “padrões de articulação”; ou seja, ritmo é mudança
(movimento) – então, a mudança de uma nota para outra é ritmo; o contraste ente o efeito de
um acorde e outro também é ritmo. Por isso, ritmo e tempo estão sempre inter-relacionados.
Elucidaremos melhor sobre este assunto nos dois próximos exemplos: a canção Freisinn
(Liberdade), Op. 25 nº 2 de Robert Schumann (Ex. 22) e a seção vivace do 1º movimento da
Sonata para piano e violoncelo, Op. 102 nº 1 de Beethoven (Ex. 23).
Exemplo 22: Excerto do lied “Freisinn”, nº 2 do Ciclo “Myrten, Op. 25” (R. Schumann,
Ed. Peters, 1982, c. 1-10, p. 6)
90
Exemplo 23: Excerto do 1º movimento da “Sonata para Piano e Violoncelo, Op. 102 nº 1”
(L. V. Beethoven, Ed. Schirmers, 1978, c. 28-39, p. 110)
Pode parecer um detalhe simples, mas sabemos que este é um dos principais elementos da
performance camerística; onde o andamento um pouco mais lento ou um pouco mais rápido
pode arruinar todo o caráter da obra ou deixar cantores e instrumentistas em situações
bastante incômodas – como a falta de ar (para os cantores e instrumentistas de sopro) ou a
falta de arco (para os instrumentistas de corda) – para que todos possam conduzir suas linhas
melódicas e fraseados com maior controle e coordenação possíveis.
Da mesma forma, é também muito comum encontrarmos situações onde o pianista
acaba comprometendo a si mesmo – quando inicia uma obra num andamento muito rápido e,
de repente, percebe que as dificuldades técnicas são muito maiores para ele do que para o
outro instrumentista/cantor (ou para o restante do grupo). Um clássico exemplo disso é o 2º
movimento (Allegro) da Sonata em Lá Maior para piano e violino de César Franck (Ex. 24).
Nos treze primeiros compassos o piano tem a incumbência de apresentar o tema principal;
porém, em grupos de 12 semicolcheias por compasso – salientando notas tocadas com o
polegar e o indicador da mão direita (compassos 1 a 9) e, posteriormente, com os 5º e 4º
dedos também da mão direita (compassos 10 a 12). Enfim, um tema que surge no meio de
muitas outras notas e, algumas vezes, em posições bastante incômodas e pouco pianísticas.
Ao entrar no compasso 14, o violinista apresenta o mesmo tema exposto pelo piano; porém,
tocando apenas as notas do tema – sem quaisquer melismas ou notas de preenchimento. Ou
seja, para o violinista não haverá nenhum problema técnico se o pianista, por acaso, começar
o andamento em um tempo mais rápido do que o habitual. Porém, para o pianista, certamente,
será um trabalho hercúleo conseguir chegar ao final da obra – tendo ainda que passar por uma
coda – com indicações de animato e presto.
Sabemos que tais contratempos também podem ocorrer quando o pianista está
diante de uma performance solo; mas, sem outros músicos por perto, as tomadas de decisões
tornam-se muito mais fáceis e tranquilas; afinal, o pianista pode tentar se conter em um
determinado trecho da obra e/ou mudar abruptamente um andamento sem que isso interfira na
performance de outros músicos – e sem que isso comprometa demais o seu discurso musical.
Em trabalhos camerísticos, isto é algo bem mais complexo; e quanto maior o número de
integrantes no grupo, mais árduo será o esforço em tentar reaver decisões tomadas;
principalmente no que se refere a ‘andamentos’.
Mas a música de câmara também nos ensina algo muito importante: aprendemos a
reconhecer as dificuldades de cada instrumento (assim como as facilidades e dificuldades de
cada performer); especialmente por aqueles instrumentos os quais não tocamos. Da mesma
forma, temos a chance de falar (durante os ensaios) sobre o nosso instrumento, suas
93
Isso não quer dizer, absolutamente, que em um grupo de câmara (com piano) o
papel do pianista seja mais importante que os demais. Porém, segundo Martin Katz (2009), o
pianista acaba acumulando muitas funções distintas e, gradualmente, vai se tornando uma
espécie de designer da obra – quando, por exemplo, é o responsável por iniciar e finalizar um
ciclo de canções de Robert Schumann; ou então, exercendo o papel do regente – que
proporciona ao grupo os tempos confortáveis a todos os integrantes do conjunto para a
realização de uma performance de excelência.
Além disso, o pianista é o único elemento de um grupo de câmara que tem uma
partitura com todas as partes inclusas em sua frente; e, no caso de alguma surpresa inesperada
– como, por exemplo, a entrada antecipada ou atrasada de um dos elementos do grupo – será
de responsabilidade do pianista tomar a decisão de ajustar a execução de determinados trechos
musicais imediatamente para que grande parte do público não perceba o que aconteceu e para
que a performance não seja prejudicada. Enfim, decisões desafiadoras para qualquer músico-
instrumentista e que devem ser tomadas em frações de segundo; tornando a comunicação
interpessoal uma ferramenta imprescindível e facilitadora para a aquisição de uma
performance mais segura e preparada.
No próximo capítulo, discutiremos sobre a diversidade de manipulação do timing
a partir do qual emergem os efeitos expressivos obtidos pelos performers no intuito de tornar
inteligível aquilo que executam por meio de aspecto tímbrico e dinâmico, ou seja, como
pianistas de câmara modelam os elementos como timbre e a dinâmica musical de modo a
realçar sua força expressiva.
diferenciá-la de outras (PALMER, 1997; FRIBERG & BATTEL, 2002) – está o fato de que
ele (o pianista-camerista) passa a fazer suas escolhas interpretativas não mais por decisões
individuais, mas sim, por ‘codecisões interindividuais’ (KELLER, 2001).
O fato é que, a maior expertise de um pianista de câmara não se encontra apenas
nas questões de habilidades práticas e técnico-motoras; mas sim, na capacidade que ele
apresenta em gerar performances expressivamente diferentes – mesmo quando diante de uma
mesma obra musical; cada performance precisa corresponder com a natureza da comunicação
estrutural e emocional de cada performer que está ao seu lado. Enfim, diferenças complexas e
multidimensionais (JUSLIN, 2003; SLOBODA, 1986) – que tentam descrever o fenômeno
expressivo através de diversos termos como: interpretação, emoção, intenção, comunicação
emocional – e como todas essas concepções podem estar em consonância e igualmente
representadas nas performances musicais.
Mas afinal, o que seria comunicação emocional? Segundo Patrick N. Juslin &
Roland S. Persson (2002, p. 219) é o momento em que o intérprete pretende comunicar uma
emoção ao ouvinte; e essa comunicação ocorre precisamente enquanto o ouvinte percebe algo
na intenção expressiva do artista.
Porém, acreditamos que, em trabalhos camerísticos, a comunicação interpessoal
dos intérpretes vai muito além do que, simplesmente, querer comunicar alguma emoção ao
ouvinte. Cremos que se trata de algo que poderíamos chamar aqui de empatia musical; onde
um músico é capaz de se colocar no lugar do(s) outro(s), identificando-se musicalmente com
o(s) outro(s) e tendo a capacidade de compreensão emocional do(s) outro(s). Por isso, temos a
convicção de que a maior expertise de um pianista-camerista é justamente essa: perceber que
os músicos ao seu lado possam ficar mais à vontade para interpretar; pois, existe uma
comunicação emocional tão intensa que a sensação que temos (enquanto performers e/ou
ouvintes) é que todos estão caminhando para as mesmas intenções musicais.
Alguns pesquisadores afirmam que esta comunicação emocional é adquirida e
aprimorada através do tempo de convívio entre os membros de um grupo – que os tornam
cada vez mais experts e cúmplices no aspecto da preparação e ajustes no ato da performance.
Ou seja, que “a dinâmica social entre os intérpretes de um conjunto de câmara é tão
importante quanto à dinâmica musical; e cada performance ao vivo é, na verdade, uma
oportunidade para desenvolver e fortalecer ainda mais os laços sociais entre os intérpretes”
100
29
The social dynamics among the co-performers in an ensemble are as important as the musical dynamics for a
successful performance, and each live performance is in fact an opportunity to further develop and strengthen
the social bonds between the co-performers.
30
The harmony of friendship translates perfectly into the harmony of music, chamber music in particular… If
you don’t love the people you play with, playing chamber music stops being interesting. Jean-Pierre Rampal and
Deborah Wise, Music: My Life, My Love (New York: Random House, p. 86, 1989).
101
mesma obra, porém, com dois intérpretes diferentes – é a mesma sensação de estar diante de
uma obra nova.
Mas não são apenas os diferentes intérpretes que irão ocasionar tais mudanças na
preparação de obras semelhantes. No repertório de câmara existem também inúmeros
exemplos de obras escritas originalmente para um determinado instrumento e que o próprio
compositor – na mesma época da composição ou pouco tempo depois – acabou sugerindo
outras instrumentações. Exemplo disso são as duas Sonatas Op. 120 de J. Brahms (de 1894) –
originalmente escritas para clarineta e piano; porém, com indicação do próprio compositor
que poderiam ser executadas também na formação viola e piano.
Certamente, o pianista que tiver a oportunidade de executar uma das Sonatas Op.
120 de Brahms ao lado de um clarinetista e, posteriormente, ao lado de um violista, irá
perceber grandes diferenças na maneira de conduzir as frases, na realização de rubatos e nos
tempos escolhidos pelos instrumentistas para cada um dos movimentos. Cada versão difere
não apenas em relação à sonoridade e ao timbre, mas também às técnicas práticas como o
vibrato, o deslocamento dos saltos e o volume. No caso do segundo movimento da Sonata em
fá menor, Op. 120 nº 1 (Ex. 29), tais diferenças ficarão ainda mais evidentes; afinal, a
sonoridade do clarinete (sem qualquer vibrato) estará mais associada ao sentimento de vazio,
devaneio e reflexão, enquanto a versão da viola (com seu vibrato característico) poderá trazer
mais profundidade e dramaticidade; e, para o pianista, fica sempre a sensação de que são duas
conduções musicais bem distintas de uma mesma obra.
31
Different instrumental versions are like “to translating a poem from one language to another”.
102
Exemplo 29: Excerto do 2º movimento da “Sonata em fá menor para Clarineta (ou Viola) e Piano, Op. 120 nº
1” (J. Brahms, c. 1-20, Ed. Wiener, 1973, p. 12)
Uma vez mais, gostaríamos de enfatizar aqui a nossa concepção de que a música
de câmara, na verdade, nada mais é do que um aperfeiçoado e otimizado compartilhamento ou
comunhão de ideias musicais. Ou seja, algo que poderia (e deveria) estar presente desde os
primeiros passos no aprendizado de qualquer instrumento.
Acreditamos que, mais do que um evento musical-social despretensioso, tocar a
quatro mãos é uma das formas mais desafiadoras da música de câmara para se tocar bem e
com perfeita coordenação. Embora muitas pesquisas tenham sido feitas sobre o significado
social da música para piano a quatro mãos ao longo do século XIX (ADORNO, 1968;
CHRISTENSEN, 1999 e DAUAB, 2014), encontramos escasso material que consideram essa
prática como sendo algo realmente relevante e profissional (salvo os trabalhos de HADDON
& HUTCHINSON, 2015).
Em se tratando do ensino do piano, constatamos um número expressivo de obras
dedicadas a iniciação do instrumento escritas para piano a quatro mãos; obras onde o aluno
iniciante adquire seus primeiros conhecimentos sobre leitura e valores de notas executando
32
Chamber music provides humankind with a unique chance to rediscover beauty through renewed emphasis on
individual achievement and intimate relations.
104
obras escritas para ‘duos’, afirmando que tais obras não sejam ‘camerísticas’. Afinal,
acreditamos que o termo camerista está muito mais concernente a uma postura musical do
que, propriamente, ao número de instrumentistas que irá compôr um determinado grupo.
Digno de nota é constatarmos que a primeira obra para piano a quatro mãos –
concebida para que o professor pudesse exercitar os trabalhos camerísticos com os seus
alunos – surge por volta de 1778 com a obra “Il Maestro e lo Scolare” (Hob.XVIIa:1) de
Joseph Haydn; justamente, o compositor considerado ‘o pai’ da música de câmara. Contudo,
se analisarmos a obra com atenção, veremos que não se trata de uma peça pensada para um
aluno iniciante. Tecnicamente, ambas as partes apresentam dificuldades técnicas similares –
deixando clara a intenção do compositor de que, na verdade, o escopo do trabalho em si seria
fazer com que o aluno (‘Scolare’) escutasse muito bem o que o professor (‘Maestro’) estava
executando para, posteriormente, poder dialogar com ele. Ou seja, o princípio básico da
música de câmara o qual nos referimos (Ex. 30).
Exemplo 30: Excerto de “Il Maestro e lo Scolare”, Hob.XVIIa:1 (J. Haydn, Ed. Wiener Urtext,
1975, c. 1-30, p. 78-79)
106
Exemplo 31: 3 peças do “Praktischer Lehrgang des vierhändigen Clavierspiels” – ns. 4, 5 e 6 (J. Löw, Henry
Litolff’s Verlag, 1893, c. 1-32, p. 6-7)
Hand Easy” (“Cinco Peças Fáceis para Dueto de Piano – Mão Direita Fácil” – Ex. 32) e
“Three Easy Pieces for Piano Duet – Left Hand Easy” (“Três Peças Fáceis para Dueto de
Piano – Mão Esquerda Fácil” – Ex. 33).
Exemplo 32: Excerto de “Española” – Peça nº 2 das “Five Easy Pieces for Piano Duet – Right Hand Easy”
(I. Stravinsky, J. & W. Chester Ltd., London, 1917, c. 1-10, p. 3-4)
108
Exemplo 33: Excerto de “Waltz” – Peça nº 2 das “Three Easy Pieces for Piano Duet – Left Hand Easy”
(I. Stravinsky, J. & W. Chester Ltd., London, 1917, c. 1-14, p.4)
Exemplo 34: Peça de nº 6 do Álbum “Primeiros Passos” (A. Godoy, cópia do autor, s.d., c. 1-18, p.15-16)
110
Exemplo 35: Excerto de “Baião Enamorado” – Peça nº 8 do Álbum “Ritmos Brasileiros a 4 mãos” (Ana
Azevedo, cópia da autora, 2018, c. 1-18, p.36-37)
Em se tratando de obras escritas para piano a quatro mãos não poderíamos deixar
de citar o compositor Franz Schubert; afinal, nenhum outro grande compositor escreveu tantas
peças para tal formação: ao todo 54 obras (32 delas catalogadas com número de opus),
incluindo fantasias, danças, marchas, variações, rondós, sonatas, etc. Aliás, poucos foram os
111
compositores do chamado período romântico que escreveram uma quantidade tão vasta de
obras de câmara como Franz Schubert – incluindo a Sonata “Arpeggione”, a obra “Der Hirt
auf dem Felsen” (“O Pastor no Rochedo”) para piano, clarineta e soprano, os dois Trios de
Piano (Op. 99 e Op. 100), o Quarteto de Piano (Adagio e Rondo Concertante), o Quinteto de
Piano, Op. 114 (“A Truta”) e cerca de 600 Lieder. A propósito, o conceito de música de
câmara como sendo ‘música entre amigos’ encontra em Schubert um de seus maiores
representantes; afinal, esse foi o maior passatempo do compositor: reunir frequentemente seus
amigos para os famosos saraus conhecidos como “Schubertíades”.
Sabemos que suas obras para piano a quatro mãos não têm quaisquer fins
didáticos e, muito menos, são obras de fácil compreensão. Porém, ainda assim, é possível
encontrarmos algumas obras menos complexas e tecnicamente bastante acessíveis de serem
executadas por professores e alunos iniciantes, como é o caso dos “4 Ländler” 33, D. 814 (Ex.
36).
Exemplo 36: Excerto de”4 Ländler, D. 814” – Peça nº 2 (F. Schubert, Bärenreiter-Verlag, 1972, c. 1-16, p.177)
33
Dança folclórica austríaca em compasso ternário, precursora da valsa.
112
Contudo, gostaríamos aqui de lembrar uma outra frase muito emblemática dita
pelo saudoso mestre Homero de Magalhães: “Schubert não é para iniciantes, mas sim, para
iniciados”. Por isso, temos consciência de que, em se tratando de Franz Schubert, mesmo em
obras que contêm uma escrita pianística bastante simples, ainda assim, serão obras que
sempre irão exigir do performer uma grande maturidade emocional.
Ao falarmos Franz Schubert, importante também lembrarmos que foi ele o
compositor que mais se dedicou a escrever obras para piano a 4 mãos, canções (lieder) e
ciclos de canções para canto e piano; deixando clara a sua ideia primordial de que música
instrumental e música vocal jamais estão desvinculadas. Aliás, não é por acaso que duas de
suas obras-primas da literatura camerística, na verdade, trazem temas revisitados de seus
lieder: o Quinteto da “Truta” – devido à presença do lied “Die Forelle” no terceiro
movimento – e o Quarteto de Cordas “A Morte e a Donzela” – que traz o lied “Der Tod und
Das Mädchen” no seu segundo movimento. Assim, no próximo capítulo, falaremos da
importância (para os pianistas) da aquisição de habilidades e expertises a partir do trabalho
com o repertório para canto e piano.
Não sabemos ao certo quem foi o autor da frase “se você não consegue cantar,
não consegue tocar”, mas não temos dúvidas em afirmar que este pensamento não é de
autoria de Katz (2009, p.7); afinal, muitos foram (e ainda são) os músicos e professores que se
utilizaram desta frase no intuito de explicitar o conceito de que só é possível atingir uma
performance de excelência quando se consegue entender através do ato de cantar aquilo que
se toca. Aliás, uma frase que também é bastante usual entre os músicos de jazz; inclusive,
parodiada na canção “(If you can’t sing it) You’ll have to Swing it”, gravada por Ella
Fitzgerald no ano de 1936 – nove anos antes do nascimento de Martin Katz (1945).
Outra citação análoga pode ser encontrada no tratado “Essay on the True Art of
Playing Keyboard Instruments”, escrito em 1753 por Carl Philipp Emanuel Bach (1714-
1788):
chegar a uma compreensão de sua execução correta. Esta forma de aprender é muito
mais valiosa do que a leitura de volumes demasiados ou a audição de discursos
eruditos. (BACH, C.P.E., 1925, Capítulo 3, p. 151-152)34
Muitos são os autores que afirmam que a música é um meio de expressão
emocional (BUDD, 1985; S. DAVIES, 2001; GABRIELSSON & JUSLIN, 2003); mas não é
tarefa muito fácil explicar porque a música expressa emoções. Porém, uma possibilidade de
justificativa é de que, talvez, a música seja uma reminiscência da expressão ‘vocal’ das
emoções (JUSLIN & LAUKKA, 2003, p. 772).
Porém, independentemente de quem foi o autor da referida frase, o que queremos
aqui é atestar a veracidade deste pensamento; e também, afirmar que o trabalho de câmara
canto/piano é, sem dúvida, um dos mais importantes para o início da formação de um pianista
de câmara – juntamente, é claro, com os trabalhos que também podem ser realizados por
obras escritas para piano a 4 mãos. Falamos isso pensando, principalmente, na facilidade do
pianista em poder compreender o comportamento de seu próprio instrumento, e assim, se
familiarizar e realizar trabalhos camerísticos ainda que tenha dificuldades de arregimentar
muitos diferentes instrumentistas que possam trabalhar ao seu lado.
Importante também deixar claro que, quando falamos da importância do ‘saber
cantar’, não estamos fazendo qualquer menção em saber ‘impostar a voz’ ou ter conhecimento
de quaisquer outras técnicas vocais mais elaboradas. Nossa intenção é apenas a de fazer com
que os pianistas (que trabalham o tempo todo em um instrumento temperado) se
conscientizem (e entendam na própria respiração e na própria voz) como seria, por exemplo, a
condução e o fraseado corretos de uma linha melódica; exatamente o que Katz afirma serem
os elementos cruciais para um pianista – saber respirar e saber cantar.
Por isso, acreditamos que o repertório para canto e piano seja mesmo o mais
eficaz para o início dos trabalhos em música de câmara; afinal, estamos diante de obras
acompanhadas de textos, letras e poemas, facilitando assim o entendimento do caráter da
obra, dos possíveis rubatos, das dinâmicas, das articulações, das respirações, entre outros –
elementos que, posteriormente, irão servir para o melhor entendimento das obras de escrita
exclusivamente instrumental.
34
As a means of learning the essentials of good performance it is advisable to listen to accomplished musicians,
as stated in Paragraph 8. Above all, lose no opportunity to hear artistic singing. In so doing, the keyboardist will
learn to think in terms of song. Indeed, it is a good practice to sing instrumental melodies in order to reach an
understanding of their correct performance. This way of learning is of far greater value than the reading of
voluminous tomes or listening to learned discourses.
114
Textos, letras e poemas fazem parte do âmago dessa arte camerística; e a falta de
familiaridade do pianista com relação a isso ocasiona, na maioria das vezes, performances
bastante equivocadas e/ou uma completa dissociação das características expressivas da obra.
35
Song is a hybrid, and like any hybrid it owes its existence and its effectiveness to a successful amalgamation of
the various elements that enter into it. In this sense, any satisfactory experiencing of song must involve the whole
rather than a series of parts[...]. The functions of poetry and music in the song enterprise cannot in reality be
fragmented clearly and cleanly. Overlaps and interactions are constantly at work: melody is often closely
related to harmony and rhythm; musical meter and rhythm encroach upon one another and upon their poetic
counterparts; poetry in both its denotative and connotative aspects is frequently intertwined with musical
expression. Only on paper can they be segregated for purposes of discussion.
36
Nur wer die Sehnsucht kennt, Weiss, was ich leide! Allein und abgetrennt von aller Freude. Seh ich ans
Firmament, Nach jenner Seite. Ach! der mich liebt und kennt, Ist in der Weite. Es schwindelt mir, Es brennt mein
Eingeweide, Nur wer die Sehnsucht kennt, Weiss, was ich leide!
115
tristeza e desencanto (‘só quem conhece a saudade sabe o que estou sofrendo!’). Como bem
disse Ricardo Ballestero:
Exemplo 37: Excerto do lied “Lied der Mignon, Op. 62 nº 4” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 1-10, p. 212)
É natural que uma canção que se inicia com a frase “Só quem conhece a saudade
sabe o que estou sofrendo!” tenha um caráter introspectivo e melancólico. Portanto, mesmo
que o compositor não tivesse feito qualquer menção sobre andamento no início da obra
(Langsam – Lento), o pianista poderia facilmente fazer tal dedução. Da mesma forma, a
dinâmica pp legato também seria facilmente deduzida – se o pianista observasse com atenção
a frase e a dinâmica da linha do canto com início no compasso 7; e seria de suma importância
que o pianista tentasse cantar essa linha melódica antes mesmo de fazer a leitura da obra ao
piano; pois, assim, ele já intuiria como a melodia principal (apresentada inicialmente pelo
piano) deveria soar e ser conduzida.
Na seção seguinte, dos compassos 16 a 26 (Ex. 38), o compositor modifica a
escrita pianística para dar suporte ao texto “Eu olho para o Firmamento... Oh! Quem me ama
e me conhece está distante”. A figura das seis colcheias – presentes desde o início da obra – é
interrompida; dando lugar às notas longas na mão esquerda com acordes apoiados na mão
direita (sempre interrompidos por pequenas pausas) – deixando uma impressão de súplica e
invocação.
117
Exemplo 38: Excerto do lied “Lied der Mignon, Op. 62 nº 4” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 16-26, p. 212)
Na terceira seção (Ex. 39), onde a personagem revela toda sua dor e angústia
(“Estou tonta; e isso queima as minhas entranhas”), o compositor opta por colocar grupos de
sextinas e quiálteras de semicolcheias na mão direita – sempre com uma pausa de
semicolcheia entre os acordes – o que, naturalmente, deixa a seção mais transtornada e
agitada (compassos 27-33) sem que haja a necessidade de mudança de andamento. A seção é
interrompida por uma fermata no acorde da dominante (compasso 33) para uma vez mais,
voltar ao tema inicial (“Só quem conhece a saudade sabe o que estou sofrendo!”) e terminar
exatamente com o mesmo discurso musical apresentado pelo piano no início da obra (Ex. 40).
Exemplo 39: Excerto do lied “Lied der Mignon, Op. 62 nº 4” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 27-33, p. 212)
118
Exemplo 40: Excerto do lied “Lied der Mignon, Op. 62 nº 4” (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 33-46, p. 212)
37
Etmologia (origem da palavra acompanhador): acompanhar + dor. O que vai em companhia de outra pessoa
para proteger ou auxiliar; acompanhante. (Dicionário Aurélio, p. 35, Ed. Nova Fronteira, 1986).
119
destacar: “Auf dem Wasser zu singen” (“Para ser cantado na água”) (Ex. 41) – onde o
compositor faz com que o piano, durante toda a obra, crie o movimento e o fluxo da água.
Exemplo 41: Excerto do lied “Auf dem Wasser zu singen”, Op. 72 (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 1-10, p. 214)
No lied “Die Forelle” (“A Truta”) (Ex. 42), o compositor novamente se utiliza de
recursos pianísticos para criar ‘imagens’ dos movimentos do peixe no riacho.
Exemplo 42: Excerto do lied “Die Forelle”, Op. 32 (F. Schubert, Ed. International Music Co.,
1980, c. 1-8, p. 195)
120
Exemplo 43: Excerto da canção “Chevaux de Bois” – nº 4 das “Ariettes Oubliées” (C. Debussy, Ed. Dover,
1986, c. 1-12, p. 20.
121
Exemplo 44: Excerto da chanson “Mandoline” (C. Debussy, Ed. Dover, 1986, c. 1-8, p. 4)
Poderíamos ficar aqui ilustrando este assunto e este capítulo com outras centenas
de exemplos; porém, o que gostaríamos de comprovar com tudo isso é apenas que,
pianisticamente falando, este repertório da canção de câmara está muito distante do que
poderíamos de chamar de meros ‘acompanhamentos’.
Não poderíamos também deixar de mencionar outro tipo de característica
imagética que não é tão explícita e tão facilmente identificada; porém, responsável por
colocar a escrita pianística em um patamar transcendente. Acreditamos que não seja assim tão
complicado para um compositor recorrer aos recursos pianísticos no intuito de criar imagens
diversas, tais como: o fluxo das águas, o movimento de um peixe, de uma roca de fiar, de um
cavalo de brinquedo, ou mesmo, fazendo com que a sonoridade do instrumento piano possa se
tornar parecida com a de outros instrumentos. Porém, muitos compositores – como o alemão
Robert Schumann – transcenderam essa ideia da reprodução de ‘movimentos’; e
vislumbraram outro recurso imagético bem mais complexo. Em seus Lieder e ciclos de
canções, Schumann conseguiu fazer com que o piano reproduzisse com maestria cenas como
122
Exemplo 45: Excerto do lied “Mondnacht” – nº 5 do ciclo “Liederkreis”, Op. 39 (R. Schumann, Ed. Peters,
1982, c. 1-13, p. 68)
Exemplo 46: Excerto do lied “Morgen!”, Op. 27 nº 4 (R. Strauss, Ed. Breitkopff & Hartel, 1964,
c. 1-16, p. 143)
Exemplo 47: Excerto do lied “Blondels Lied”, Op. 53 nº 1 (R. Schumann, Ed. Peters, 1982, c. 1-14, p. 169)
Há também os lieder e canções onde a voz inicia a linha melódica principal – sem
haver qualquer introdução conduzida pelo piano – porém, onde o piano também executa uma
linha melódica ‘quase’ idêntica à linha do canto; alterando apenas algumas poucas figuras
rítmicas (Ex. 48). Nesses casos, o grande desafio para o pianista será o de encontrar a
sonoridade perfeita para que essas pequenas aletrações rítmicas encontradas em ambas as
linhas melódicas não criem uma espécie de ‘duelo’ e não provoquem no ouvinte a sensação de
desencontro. Ritmos precisos, porém, executados com discrição (quando diferentes da linha
do canto), articulações bem definidas e pedalizações cuidadosas podem levar ao equilíbrio
adequado entre pianista e cantor(a).
125
Exemplo 48: Excerto do lied “Du Ring an meinem Finger” – nº 4 do ciclo “Frauenliebe und Leben”, Op. 42
(R. Schumann, Ed. Peters, 1982, c. 1-8, p. 92)
Outros tipos de canções de câmara são aquelas onde o piano apresenta em sua
introdução uma linha melódica bastante similar a linha do canto que será exposta poucos
compassos depois (Ex. 49). Porém, mais do que tentar salientar a melodia principal, o pianista
terá a responsabilidade de criar a exata ambiência sonora, a perfeita elasticidade das frases, as
flutuações de tempo (rubatos); na tentativa de antecipar ao máximo tudo aquilo que será
realizado em seguida pelo(a) cantor(a). Não devemos nos esquecer de que também é uma
expertise do pianista saber preparar a entrada dos cantores por mecanismos diversos, tais
como: um leve ritardando, um ligeiro diminuendo, uma respiração ou cisão; enfim,
mecanismos que irão contribuir para performances mais intensas e, certamente, irão dar a
confiança necessária para os cantores durante toda a apresentação. Não temos dúvidas em
afirmar que essa sensação de segurança nos trabalhos camerísticos se deve, em grande parte, à
figura do pianista. Uma sensação de sustentação e confiabilidade que se inicia quando o
pianista – com grande competência, convicção e imersão no significado da obra – ataca o
preâmbulo de uma canção.
126
Exemplo 49: Excerto da chanson “C’est ainsi que tu es” – nº 2 do ciclo “Métamorphoses” (F. Poulenc,
Ed. Durand, Salabert et Eschig, 2014, c. 1-7, p. 92)
Vasco Mariz, a primeira manifestação da canção no Brasil se deu através das ‘modinhas’ –
que também, segundo afirma o musicólogo, deram início ao que poderíamos chamar de lied
nacional (MARIZ, 2002, p. 44) – canções sentimentais e líricas que continham elementos do
canto erudito europeu e dos folclores luso-brasileiro e africano. Tudo isso, é claro, com fortes
influências da ópera italiana, tão em voga no Brasil colonial (MARIZ, 2002, p. 45). Logo em
seguida, surgem então as primeiras canções de câmara brasileiras através de compositores
como Carlos Gomes (1836-1896) e Alberto Nepomuceno (1864-1896); que faziam uso
constante de línguas estrangeiras em suas canções, tais como: o italiano, o espanhol, o alemão
e o francês.
Ainda não entendemos ao certo o que alguns musicólogos (como o próprio Vasco
Mariz) compreendiam como sendo ‘canção de câmara’. Se olharmos com atenção a partitura
de uma ‘modinha’, veremos que existe um padrão composicional muito comum: alguns
compassos de introdução instrumental e, em seguida, um acompanhamento – que serve, única
e simplesmente, para produzir uma ‘cama harmônica’ para a melodia vocal; e isso, segundo o
nosso entendimento, ainda não se trata de música de câmara propriamente dita. Vejamos o
exemplo abaixo (Ex. 50):
Exemplo 50: Excerto da modinha “Hei-de Amar-te Até Morrer” das “Modinhas Imperiais” (Col.
Mario de Andrade, Ed. Itatiaia, 1980, c.1-16, p. 45)
128
Exemplo 51: Excerto da canção “Addio” (Carlos Gomes, Álbum “Partituras Brasileiras Online” Vol. 2
– Funarte, 2017, Rev.: Acchile Picchi, c. 1 a 19, p. 79-80)
mesma melodia da linha do canto. Porém, ainda não se trata de uma escrita instrumental que
poderíamos chamar de ‘autônoma’.
Observemos o exemplo seguinte, com uma canção escrita por Francisco Braga
(1868-1945) (Ex. 52):
Exemplo 52: Excerto da canção “Baiser Rendu” (F. Braga, Ed. Breyer Hermanos, s.d., c. 1-11, p. 1)
130
de Concerto nº 1 (Murmúrios da Floresta) de Franz Liszt (Ex. 53), poderemos perceber que
existe não apenas uma coincidência na tonalidade de ambas as peças, mas também, uma
grande semelhança na escrita pianística – onde a mão direita do piano trabalha com figurações
arpejadas enquanto o tema principal é apresentado pela mão esquerda. Enfim, ambas criam
ambiências e aspectos sonoros análogos.
Exemplo 53: Excerto do “Estudo de Concerto nº 1 – Murmúrios da Floresta” (F. Liszt, Ed. Salabert,
Rev.: Alfred Cortot, s.d., c. 1-6, p. 1)
Este mesmo tipo de escrita pianística – com arpejos na mão direita e notas
apoiadas e cantadas na mão esquerda – também pode ser facilmente encontrado nos lieder de
Franz Schubert e Felix Mendelssohn.
Dante Pignatari (2009) também apresentou – em sua pesquisa do Doutorado –
semelhanças bastante curiosas entre algumas das canções de câmara escritas por Alberto
Nepomuceno e outras obras compostas para piano solo de Mendelssohn e Chopin; inclusive,
em uma de suas primeiras canções escritas em português: Tu és o Sol! (Ex. 54).
132
Exemplo 54: Excerto da canção “Tu és o Sol!” (Alberto Nepomuceno, Álbum Canções para Voz e Piano:
Alberto Nepomuceno; Dante Pignatari (Ed.); EDUSP, 2014, c. 1-5, p. 112)
Exemplo 55: Excerto do “Estudo Op. 10 nº 1” (F. Chopin, Ed. Paderewski, 1987, c. 1-8, p. 7)
Exemplo 56: Excerto do “Estudo, Op. 25 nº 12” (F. Chopin – Ed. Paderewski, 1987, c. 1-8, p. 118)
134
Quanto à presença, não somente a voz, mas o corpo inteiro está lá, na performance.
O corpo, por sua própria materialidade, socializa a performance, de forma
fundamental [...] A performance é uma realização poética plena: as palavras nela são
tomadas num único conjunto gestual, sonoro, circunstancial tão coerente (em
princípio) que, mesmo se distinguem mal palavras e frases, esse conjunto como tal
tem sentido. (ZUMTHOR, 2005, p. 86-87)
135
Acreditamos, porém, que a influência do elemento negro tenha sido mais retórica
e vultosa na canção de câmara brasileira. Dentre as inúmeras obras escritas para canto e piano
– que expressam traços vigorosos da influência africana e, principalmente, das africanias
contidas no português brasileiro – podemos destacar as canções de Villa-Lobos (1887-1959):
Xangô, Estrela é Lua Nova e Cantilena (nº 3 das “Modinhas e Canções”); Francisco
Mignone (1897-1986): Festa na Bahia, Canto de Negros, Quizomba, D. Janaína, Uandala-iê,
Cânticos de Obaluayê, Canção das Mães Pretas e Dengues da Mulata Desinteressada;
Lorenzo Fernândez (1897-1948): Essa Nega Fulô; Jayme Ovalle (1894-1955): Três Pontos de
Santo (Estudos de ambiente de macumba); Ernani Braga (1888-1948): O’ Kinimbá, Capim di
Pranta e Nigue-Nigue-Ninhas; Hekel Tavares (1896-1969): Scenas Coloniaes 1870; José
Siqueira (1907-1985): Cantiga para Orixás (4 Ciclos para Canto e Piano) e Senzala (3
Canções sobre textos de Manuel Bandeira); e Waldemar Henrique (1905-1995): Abaluaiê,
Boi-Bumbá, Essa Negra Fulô, Mamãi Preta, Côco Peneruê, Hei de Seguir Teus Passos
(Maracatú), Lundú da Negrinha, No Jardim de Oeira (Ponto-ritual de Umbanda), Sem-Seu
(Candomblé de Ilhéus) e Tem Pena da Nêga.
Muitas dessas obras citadas, certamente, encontram-se na lista das composições
mais difíceis e complexas (tecnicamente e musicalmente falando) do repertório de câmara
nacional para voz e piano. Em especial, podemos destacar a obra Festa na Bahia de Francisco
Mignone (Ex. 57) que traz duas versões distintas: a primeira, composta em 1838 e a segunda,
concluída dez anos depois, em1848 (SILVA, 2007, p. 30). Vasco Mariz afirma que Festa na
Bahia (Ex. 57) representa o ponto culminante dos Lieder (Canções) de Mignone (CAMARA,
2017, p. 120).
Exemplo 57: Excerto da canção “Festa na Bahia” (F. Mignone, Ed. ABM, 2016, c. 39-52, p. 6)
Praticamente, todo o repertório vocal de câmara deste período tem uma escrita
pianística muito peculiar. Neste período, mais do que dar uma sustentação harmônica para os
cantores, o piano passa a exercer também o papel de um instrumento de ‘percussão’ –
responsável por toda a movimentação rítmica das obras que, em muitos casos, apresentam
alternâncias de apoios e acentos bastante abruptos, mudanças repentinas de fórmulas de
compassos, controle muito preciso da pedalização, etc.
A partir da geração seguinte, encabeçada por Mozart Camargo Guarnieri (1907-
1993), o que poderíamos chamar de “ciclos indígenas e africanos” na canção de câmara
137
começa a se diluir (MENDONÇA, 2012, p. 98). Ainda assim, o referido compositor paulista
foi o autor da curiosa canção Sai Aruê (sobre um poema de Mario de Andrade) – um canto de
macumba que mescla palavras retiradas da língua indígena (como o próprio “aruê” que, para
os índios Bororós significa “alma dos mortos”), da língua africana (como “acaça” que, em
iorubá, quer dizer “angu de arroz, fubá ou milho fermentado”) e de muitas variantes populares
de palavras usuais do português falado no Brasil (WOLFF, 2005, p. 485-486).
Acreditamos, porém, que esse ‘dissolvência’ (de inspirações indígenas e
africanas) nas canções de câmara brasileira – a partir desta geração pós-Camargo Guarnieri –
não aconteceu simplesmente pela possível relutância dos compositores em continuar
escrevendo sob a inspiração dos elementos rítmicos e musicais exaustivamente trabalhados
por nossos compositores no período pré e pós “Semana de 22”. Afinal, tratam-se de elementos
fundamentais do que poderíamos chamar de ‘protótipo’ da música brasileira. Assim, ainda
hoje, nos deparamos com grandes compositores contemporâneos que dedicam parte
importante de suas composições aos temas africanos, tais como Marlos Nobre (1939), que
compôs as relevantes canções de câmara Dengues da Mulata Desinteressada e o ciclo
Beiramar, Op. 21. Essa mudança na escrita composicional da canção de câmara brasileira a
que nos referimos é confirmada por Achille Picchi da seguinte forma:
Mas enfim, apesar dos pesares, felizmente, ainda podemos contar com um
grandioso acervo de obras nacionais dedicadas a canção de câmara brasileira. No apêndice
desta pesquisa, deixaremos uma lista relacionando vários compositores e algumas de suas
obras mais importantes; lembrando, uma vez mais, que não temos nenhuma pretensão de
confeccionar qualquer ‘catálogo de obras’.
Gostaríamos ainda de reiterar a importância da relação “pianista-cantor” (ou
“pianista-instrumentista”) em todos os seus trabalhos camerísticos. Talvez, o maior equívoco
de todos seja a crença de que, se cada instrumentista/cantor tiver suas partes devidamente
138
estudadas, a performance será satisfatória. Vale lembrar, uma vez mais, que música de câmara
é sinônimo de infinitas possibilidades interpretativas; de adequação sonora; de ajustes de
andamentos; de idiomatismos; de inflexões; da busca constante pelo fraseado ‘singular’; das
respirações simultâneas; enfim, de tudo aquilo que fará com que os ouvintes deixem de
perceber duas, três, quatro ou cinco músicos no palco e sintam apenas uma ‘unidade’. Tudo
isso é o resultado natural de um entendimento aperfeiçoado entre instrumentistas/cantores e
pianista. Por isso, ideal seria que, da primeira leitura à performance, tudo fosse desenvolvido
‘em conjunto’. Como bem disse o pianista Achille Picchi:
Através das análises como guia de uma interpretação, ambos deverão chegar a
acordos de integração de ideias, escolhas e decisões conjuntas e, por meio dessa
guia, encetar performances a cada vez diversas, mas estruturadas, centradas no
cabedal e no caminho autoral de ambos, favorecendo, assim, a interação que se
supõe única entre o pianismo e a vocalidade de uma canção de câmera. Pianista e
cantor não deverão, dentro dessa perspectiva, revelarem-se unitários em suas,
digamos, especialidades, mas únicas na unicidade do objeto a que se estão
dedicando, a canção de câmera. Assim, é imperativo ao pianista o conhecimento da
análise textual como é imperativo ao cantor o conhecimento do pianismo, por
exemplo. A integração cantor-pianista não deveria ser somente acontecimento de
estar junto quando da execução da canção de câmera, mas do estar-aí quando do
conhecimento da intencionalidade do texto da canção de câmera e suas vicissitudes,
de forma que estarão integrados, mais que ajuntados e formarão a totalidade
requerida. (PICCHI, 2019, p. 132)
particular. Por isso, ao executar uma obra como, por exemplo, Festa na Bahia de Francisco
Mignone – ao lado de um baixo-barítono ‘potente’ e, posteriormente, ao lado de um soprano
mais ‘leve’ – tenho a nítida sensação de que, na verdade, estou executando duas obras muito
distintas. E é justamente essa ‘acuidade perceptiva’ que irá diferenciar um pianista
acompanhador de um pianista de câmara.
distintas (região grave em 436hz, região média em 442hz e região aguda em 440hz, por
exemplo), com toda certeza, terá grande dificuldade em perceber se os instrumentistas ao seu
lado se encontram realmente afinados; e se a afinação se apresenta alta ou baixa. Por isso,
quase sempre, o pianista é aquele que tem a função de ‘tocar a nota lá’ (ou um acorde de lá)
para que os outros instrumentistas do grupo possam afinar; mas, praticamente, nunca
contribuem em nada com os seus colegas para dizer se aquela afinação está realmente precisa.
Em um trio de piano, violino e violoncelo, por exemplo, essa é uma decisão que, na maioria
das vezes, incumbirá ao violinista e violoncelista.
Uma boa estratégia dos trabalhos camerísticos para apurar o desenvolvimento
dessa ‘escuta’ do pianista é a prática do trabalho lento (e em conjunto) de algumas seções –
principalmente de obras do chamado período clássico – como, por exemplo, o primeiro
movimento (Andante) do Piano Trio em Sol Maior, Hob. XV:25 de Joseph Haydn (Ex. 58).
Exemplo 58: Excerto do 1º movimento do “Piano Trio em Sol Maior, Hob. XV:25”
(J. Haydn, Ed. Peters, Vol. I, 1971, c. 1-10, p. 3)
deixar de lembrar que, para isso acontecer, o piano precisa estar devidamente afinado; caso
contrário, violinista e violoncelista terão a incumbência de se ajustar com a afinação (ou
‘desafinação’) do piano.
Outro exemplo bastante conhecido do repertório de câmara – que ressalta a
importância da justa afinação entre todos os instrumentos – se encontra no Piano Quarteto em
sol menor, K. 478 de W. A. Mozart (Ex. 59); uma obra que se inicia com todos os
instrumentos tocando em uníssono, apresentados em dois momentos bastante dramáticos dos
seus oito primeiros compassos.
passagens podem ser bastante tranquilas de serem executadas, por exemplo, no violino. Por
isso, quando essas ‘negociações’ não acontecem, não é difícil encontrarmos grupos que, em
um mesmo movimento (de uma mesma obra), apresentam várias seções em andamentos
distintos. Podemos encontrar um exemplo típico disso, no “Scherzo: Leggiero e vivace” – 3º
movimento do Piano Trio nº 1 em ré menor, Op. 49 de Felix Mendelssohn. Inicialmente, o
piano apresenta o tema principal e, logo nos compassos 2 e 3, surgem grupos de
semicolcheias (na mão direita do pianista) bastante incômodos e de difícil execução; e isso se
repete nos compassos 11 e 12 (Ex. 59 e 60). A partir do compasso 7, a mesma linha melódica
e os mesmos grupos de semicolcheias são apresentados pelo violino (Ex. 61); porém,
podemos perceber que, para o violinista, os grupos de semicolcheias são bem mais fáceis de
serem executados no seu instrumento e não representam nenhuma grande dificuldade técnica.
Enfim, se essas questões não são conversadas e negociadas durante os ensaios, certamente, o
pianista se encontrará em apuros durante uma performance ao vivo; afinal, para o violinista e
o violoncelista, tal movimento não apresenta as mesmas dificuldades quando comparadas com
a escrita elaborada para o piano. Mas essa ‘cautela’ só irá existir quando cada performer tiver
plena consciência do que é fácil e do que é difícil de ser executado em cada instrumento.
Exemplo 63: Excerto do 3º movimento da “Sonata em sol menor para piano e violoncelo, Op. 65”
(F. Chopin, c. 1-7, Ed. Paderewski, 1992, c. 1-7, p. 111)
145
Exemplo 64: Excerto do 1º movimento da “Sonata nº 2 em fá maior para piano e violoncelo, Op. 99”
(J. Brahms, Ed. Breitkopf & Härtel, 1926-27, c. 57-66, p. 127)
146
Exemplo 65: Excerto do 1º movimento da “Sonata nº 2 em fá maior para piano e violoncelo, Op. 99”
(J. Brahms, Ed. Breitkopf & Härtel, 1926-27, c. 1-7, p. 124)
Exemplo 66: Excerto do 3º movimento da “Sonata em ré maior para flauta (ou violino) e piano, Op. 94”
(S. Prokofieff, Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, c. 23-35, p. 39)
Exemplo 67: Excerto do 4º movimento da “Sonata em ré maior para flauta (ou violino) e piano, Op. 94”
(S. Prokofieff, Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, c. 174, p. 64)
Exemplo 68: Excerto do 4º movimento da “Sonata em ré maior para flauta (ou violino) e piano, Op. 94”
(S. Prokofieff, Ed. G. Schirmer, Inc., 1965, c. 169-173, p. 64)
148
Schubert. Nos doze primeiros compassos, violino e violoncelo apresentam o tema principal
praticamente em uníssono; enquanto o piano, através de acordes, apenas sustenta uma ‘cama
harmônica’ (Ex. 69). Porém, a partir do compasso 26 (até o compasso 38), essa configuração
é invertida – e o piano toca exatamente a mesma linha melódica inicial, enquanto violino e
violoncelo preenchem as harmonias (Ex. 70).
Exemplo 69: Excerto do 1º movimento do “Piano Trio em si bemol maior, Op. 99” (F. Schubert,
Ed. Dover, 1973, c. 1-12, p. 77)
Exemplo 70: Excerto do 1º movimento do “Piano Trio em si bemol maior, Op. 99” (F. Schubert,
Ed. Dover, 1973, c. 26-36, p. 78)
150
Exemplo 71: Excerto do 2º movimento da “Sonata nº 2 para piano e violoncelo em fá maior, Op. 99”
(J. Brahms, Ed. Schirmer’s, 1978, c. 1-8, p. 13)
dinâmica ‘fortíssimo’ – e com a indicação ‘très violent’ (‘muito violento’) – porém, executada
em uma região média-grave do instrumento e, em muitos momentos, fazendo pizzicatos (Ex.
72).
Exemplo 72: Excerto do 3º movimento da “Sonata para violino e piano” (F. Poulenc,
Ed. Max Eschig, 1967, c. 1-6, p. 23)
Exemplo 73: Excerto do 3º movimento da “Sonata para violino e piano” (F. Poulenc,
Ed. Max Eschig, 1967, c. 87-92, p. 31)
Para muitos estudiosos, a obra de Francis Poulenc pode ser dividia através de três
esferas imagéticas: a espiritual/sagrada (em um sentido muito real, religioso), a
romântica/sensual (surpreendentemente íntima, repleta de charme e encantamento) e a
popular/folclórica (com um senso de humor bastante áspero e, muitas vezes, até brutal).
38
Poulenc, wittily, with a fine sense of humor and great depth at the same time, not only shares his observations
on his time, cultural mainstreams of the epoch, but also, as a person with keen senses, reflects upon his
inwardness and even about place and role of composer… Francis Poulenc in history!
154
39
I have poetic mindset, I think visually, definitely, non-abstract. I’m a melancholy person who loves to laugh
like all melancholy persons.
155
Exemplo 74: Excerto do 3º movimento do “Trio para Piano, Oboé e Fagote” (F. Poulenc,
Ed. Wilhelm Hansen, 1972, c. 16-30, p. 23-24)
equilíbrio perfeito poderá ser facilmente encontrado se o pianista não executar as notas da sua
mão direita de forma tão percussiva e com dinâmicas tão exageradas.
Embora o mesmo se aplique na performance com instrumentos de cordas, uma
questão das mais importantes para se tocar em conjunto com instrumentos de sopro e metais é
o momento dos ‘ataques’. Como já dissemos anteriormente, o pianista, ao tocar com
instrumentos de sopro – principalmente, os instrumentos de palheta dupla (fagote,
contrafagote, oboé, oboé da caccia, oboé d’amore, corne inglês) – precisa estar muito atento
ao fato de que o ataque desses instrumentos não acontece imediatamente. Há uma fração de
segundo para que o som seja emitido; ao contrário de outros instrumentos, como os de corda,
onde o som se processa assim que o arco entra em contato com as cordas. Portanto, um gesto
(ou sinal de entrada) vindo de um instrumentista de palheta dupla, pode ser bastante
enganoso; pois, na maioria das vezes, o gesto ocorre, mas o som só se manifesta no segundo
seguinte.
Nossas experiências também apontaram atrasos semelhantes entre a respiração
preparatória e o início do ataque em performances com trompistas e trombonistas – apesar das
diferentes mecânicas de seus instrumentos. A abertura do primeiro movimento do Quinteto
para Piano e Sopros, K. 452 de W. A. Mozart, apresenta uma oportunidade perfeita para se
praticar o gesto e a sincronia dos ataques entre os diferentes instrumentos de sopro (Ex. 75).
Exemplo 75: Excerto do 1º movimento do “Quinteto para Piano e Sopros, K. 452” (W. A. Mozart,
Ed. Dover, 1991, c. 1-8, p. 227)
157
Esta é, sem dúvida, uma das maiores dificuldade para os pianistas que não têm a
expertise das práticas camerísticas. Embora o pianista possa acreditar que está tocando
exatamente na batida (‘in battere’), o imediatismo do ataque do piano faz com que a entrada
acabe soando antecipada. Assim, o pianista terá duas opções: atrasar um pouco o seu ataque
ou solicitar aos instrumentistas de sopro e metal que antecipem um pouco suas entradas.
Contudo, ainda acreditamos que a melhor solução seja mesmo pensar no ataque ‘in levare’ –
como explicamos no capítulo 3.1.
Ainda visando praticar o gesto e a sincronia dos ataques do pianista com os
diferentes instrumentos de sopro, não poderíamos deixar de citar outra obra-prima do
repertório de câmara: o Sexteto para Piano, Flauta, Oboé, Clarineta, Fagote e Trompa, Op.
100 de Francis Poulenc.
O compositor francês escreveu obras de câmara para instrumentos de sopro ao
longo de toda a sua vida, porém, apenas o Sexteto foi escrito e reescrito ao longo de sete anos.
É um trabalho que demonstra claramente a sua predileção pela família dos sopros e a sua forte
inclinação para a música de câmara com piano; e o início dos primeiro e terceiro movimentos
(Ex. 76 e 77), assim como acontece no Quinteto para Piano e Sopros de Mozart, apresentam
alguns desafios para o pianista, dentre eles: a perfeita sincronização, a igualdade e o equilíbrio
sonoro.
Exemplo 76: Excerto do 1º movimento do “Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100” (F. Poulenc,
Ed. Wilhelm Hansen, 1982, c. 1-2, p. 1)
158
Exemplo 77: Excerto do 3º movimento do “Sexteto para Piano e Sopros, Op. 100” (F. Poulenc,
Ed. Wilhelm Hansen, 1982, c. 1-5, p. 47)
não foi pensado como música de câmara. Enfim, são obras onde o pianista apenas cumpre o
papel de tocar ‘para’ e, raramente, de tocar ‘com’.
Por outro lado, temos também uma abundância de obras camerísticas que
apresentam a seguinte dicotomia: compreendem escritas pianísticas bastante tranquilas e
acessíveis (tecnicamente falando), porém, de grandes dificuldades técnicas para outros
instrumentistas – como acontecem em muitas das obras para violino e piano de Niccolò
Paganini (1782-1840), Fritz Kreisler (1875-1962), entre tantos outros.
Assim, tentar catalogar as obras de câmara mediante ‘níveis de dificuldades’ seria
uma missão praticamente impossível; afinal, seria um trabalho laborioso encontrar obras com
o mesmo grau de dificuldade para todos os instrumentos/instrumentistas e cantores.
Ainda assim, não podemos deixar de averiguar obras de compositores que, assim
como Ernst Mahle (1929) e Edmundo Villani-Côrtes (1930), possuem vasto repertório de
cunho didático-pedagógico elaborados para, praticamente, todos os instrumentos e todas as
formações camerísticas; incluindo obras para canto e piano.
Outra sugestão que acreditamos ser interessante seria que os professores e/ou os
pianistas (com pouca experiência em práticas camerísticas), pesquisassem com mais desvelo o
vasto repertório de câmara existente. Percebemos que, ao falarmos de obras camerísticas,
sempre evocamos os compositores mais célebres e, consequentemente, suas obras de câmara
mais renomadas. Temos sempre a sensação de que o repertório não transpassa as grandes
Sonatas para instrumentos diversos e piano – como as de Mozart, Beethoven, Brahms,
Chopin, César Franck, Saint-Saëns, Prokofieff, Poulenc, Hindemith, etc. – ou mesmo, dos
Trios, Quartetos, Quintetos e Sextetos com piano – de compositores como Haydn, Mozart,
Beethoven, Schubert, Mendelssohn, Brahms, Schumann, Poulenc, dentre tantos outros. Ou
seja, ficamos sempre com a sensação de que o repertório camerístico é bastante ‘limitado’;
afinal, tudo parece sempre girar em torno das obras mais célebres dos grandes compositores.
É claro que não estamos aqui alegando que os compositores acima citados não
sejam realmente significativos e respeitáveis como compositores camerísticos; porém,
podemos afirmar que existem outros grandes compositores que, igualmente, elaboraram obras
de câmara bastante expressivas e que, técnica e musicalmente falando, não apresentam as
complexidades das obras mais abalizadas do repertório; fato que, certamente, poderia fazer
com que muitos pianistas sem experiências camerísticas pudessem se aproximar e se
familiarizar com essa atividade.
Talvez, este seja o principal motivo que acaba distanciando os alunos dos
trabalhos em música de câmara. Professores investem maciçamente no repertório solo –
160
acreditando que apenas essa tarefa fará com que os seus alunos adquiram as ferramentas
técnicas necessárias para, futuramente, poderem se confrontar com o repertório camerístico.
Por que os professores estariam dispostos a dedicar tanto do seu tempo para
adicionar educação em música de câmara aos seus programas de música? O
importante a reconhecer é que os resultados extraordinários mais do que
compensarão os esforços extraordinários. Em um tempo relativamente curto, você
notará o excelente crescimento na musicalidade dos participantes. Esses alunos terão
um grande impacto em seus conjuntos maiores por causa de suas experiências
aprendendo tanto a tocar em conjuntos compactos quanto a ouvir criticamente.40
(TALL; BALCOM, 2014, p. 18-19)
40
Why would teachers be willing to give so much of their time to add chamber music education to their music
programs? The important thing to recognize is that the extraordinary outcomes will more than repay the
extraordinary efforts. In a relatively short time you will notice the superb growth in the musicianship of the
participants. These students will greatly impact your larger ensembles because of their experiences learning
both to play in a tight ensemble and to listen critically.
161
Exemplo 78: Excerto da “Melodie” – peça nº 1 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-20, p. 2)
Exemplo 79: Excerto do “Andante” – peça nº 4 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-21, p. 3)
162
Exemplo 80: Excerto do “Romance” – peça nº 6 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-6, p. 2)
Exemplo 81: Excerto da “Valsa Triste” – peça nº 7 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-9, p. 2)
163
Exemplo 82: Excerto do “Nocturne” – peça nº 10 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-14, p. 12)
Exemplo 83: Excerto do “Intermezzo” – peça nº 11 das “11 Peças, Op. 35” (R. Glière,
Ed. P. Jugerson, 1910, c. 1-16, p. 47)
164
41
...how might one make time to establish and develop a foundation of chamber music skills that goes beyond
producing a more or less satisfactory performance? ...building confidence and providing transposable skills that
can be integrated into the student’s basic work vocabulary are often, and unfortunately, considered as secondary
or accessory, sacrificed to the need to produce good performances quickly by any means. ...there is often some
conflict between the requirements of time and energy needed to develop individual performance skills, or where
the role of collective activities in a training program is often either overwhelming... or is simply treated in an
unstructured way.
165
câmara deixará de ser apenas uma atividade ‘agradável e divertida’ (ROTHSTEIN, 2021, p.
68) para poder cumprir suas funções primordiais: o compartilhamento de ideias, a aquisição
de expertises, o senso crítico, a escuta diferenciada e a construção de uma verdadeira
identidade musical.
166
Exemplo 84: Excerto do melodrama “Pierrot Lunaire, Op. 21” – peça nº 1 “Mondestrunken”
(A. Schoenberg, Ed. Dover, 1994, c. 1-7, p. 63)
167
Exemplo 85: Messiaen, O. Peça nº 1 do “Quarteto para o Fim dos Tempos”, c. 1-6,
Ed. Durant, 1972, p. 1.
168
A partir deste momento – e através das obras de compositores como Charles Ives
(1874-1954), Edgard Varèse (1883-1965), John Cage (1912-1992), György Ligeti (1923-
2006), Luciano Berio (1925-2003), Karlheinz Stockhausen (1928-2007), entre tantos outros –
a escrita das obras camerísticas também sofre grande metamorfose; não apenas pelo
surgimento de distintas formações instrumentais, mas, principalmente, pelas experiências de
uma nova estética e de um discurso musical revolucionário.
Assim, de acordo com o que John Baron chamou de ‘primeira opção’, podemos
citar obras-primas do repertório de câmara moderno, como a “Sonata para dois pianos e
percussão”, escrita em 1937 pelo compositor húngaro Béla Bartók (1881-1945). Porém,
apesar de ser uma versão modificada da forma sonata tradicional, a obra apresenta um
primeiro movimento com seções bastante delineadas – introdução, exposição,
desenvolvimento, recapitulação e coda. As inovações ficam por conta da inusitada formação
do grupo instrumental (de dois pianistas e dois percussionistas), e também, nas ousadias
rítmicas e harmônicas – quando o compositor evita as relações habituais entre as tonalidades
(começando o primeiro movimento em fá sustenido menor e terminando em dó maior) (Ex.
86-87), com excursões em várias e inesperadas tonalidades durante todo o movimento. O
mesmo acontece com o segundo movimento: que exibe a clássica forma ternária A–B–A (Ex.
88); e com o terceiro movimento: um típico rondo, que começa e termina na tonalidade de dó
maior (Ex. 89).
42
Técnica de vibração de instrumentos de sopros na qual o músico agita sua língua para emitir um som
característico.
43
Efeito sonoro realizado em instrumentos de arco e cordas onde o músico golpeia a(s) corda(s) com a vara do
arco, ao invés de deslizar a crina do arco sobre as cordas.
44
As the possible scorings expanded rapidly during the 20th century, the composer could choose to use
traditional chamber instrumentsin new ways or to bring in instruments that had not been employed in chamber
music before. The first option led to such innovations as prepared pianos, flutter-tongued flutes, and violin
glissandos, harmonics, col legno, playing on the "wrong" side of the bridge, and others. The second option was
much broader since many "instruments" had been systematically excluded before the 20th century.
169
Exemplo 86: Excerto do 1º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (B. Bartók,
Ed. Boosey & Hawkes, 1942, c. 1-5, p. 5)
Exemplo 87: Excerto do 1º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (B. Bartók,
Ed. Boosey & Hawkes, 1942, c. 440-443, p. 50)
170
Exemplo 88: Excerto do 2º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (B. Bartók,
Ed. Boosey & Hawkes, 1942, c. 1-8, p. 51)
Exemplo 89: Excerto do 3º movimento da “Sonata para 2 pianos e percussão” (B. Bartók,
Ed. Boosey & Hawkes, 1942, c. 1-8, p. 65)
171
Poucos anos depois da estreia desta obra-prima de Béla Bartók, começam a surgir
outras obras de câmara com linguagens e texturas ainda mais distintas e ousadas, tais como a
peça “Kreuzpiel (1951)” para oboé, clarineta baixo, piano e 4 percussionistas (Ex. 86) e o
sexteto “Dr. K (1968-69)” para flauta, violoncelo, percussão (sino tubular e vibrafone),
clarineta baixo, viola e piano (Ex. 87), ambas escritas pelo compositor Karlheinz
Stockhausen. A obra “Kreuzpiel” foi considerada pelo compositor como sua primeira
composição original, em oposição aos exercícios de imitação de estilo que ele havia feito
anteriormente. (STOCKHAUSEN, 1989)
Exemplo 91: Excerto do “Sexteto Dr. K.” (K. Stockhausen, Ed. Universal, 1972, c. 4-8, p. 2)
172
É claro que não vamos aqui tentar responder tais questionamentos e nem mesmo
nos aprofundar na referida temática; não por desinteresse, mas sim, porque isso, de certa
forma, fugiria do escopo desta pesquisa.
Só achamos sensato que o referido assunto viesse à tona; pois, para muitos
professores, historiadores e musicólogos, o termo ‘música de câmara’ – assim como a
expressão ‘repertório camerístico’ – são empregados apenas para mencionar algumas
formações instrumentais (e/ou instrumental-vocal) predeterminadas. Ainda assim, não
conseguimos encontrar um consenso sobre qual seria esse ‘autêntico’ repertório de câmara.
Como já dissemos em capítulos anteriores, até mesmo obras para piano a 4 mãos, 2 pianos e,
inclusive, duos de instrumentos diversos e piano (ou mesmo, canto e piano), nem sequer são
173
45
For intimate music in very large halls and outdoors, when the acoustic properties of the facility were
inadequate, modem technology provided the loud speaker comprising a microphone, na amplifier, and speakers.
With the arrival of this equipment... various problems were created which were nonexistent before. The
placement and number of the microphones in chamber music, first of all, are crucial. If the microphone is too
near an instrument, a lot of surface noise (keys clicking, bows scratching) is picked up that even in a small,
intimate hall would be overlooked; if it is too near the performer, ugly sounds of breathing, creaking of furniture
and shuffling of music on the stand risk drowning out the actual music. If only one microphone is used (as was
the case in the early days of amplification), the balance among the instruments is at jeopardy; modem solutions
have been to place a microphone above each performer, but just where above each performer has a great effect
on what tone that the instrument exudes is picked up?
174
Baron vai ainda mais além nas suas indagações, lembrando que, em casos como
esses, muitas vezes, a ‘música’ é conduzida por um engenheiro de som que ‘fica no controle
de quão alto está cada instrumento e como eles deveriam ser equilibrados’ – profissionais que,
muitas vezes, são completamente ignorantes em música ou, pelo menos, em música de
câmara.
Os próprios intérpretes não têm mais o controle desse elemento crucial da música de
câmara que é o tocar junto e de maneira íntima... os alto-falantes, igualmente são
problemáticos; afinal, onde eles serão colocados afetará a forma como o público irá
receber os sons. Se um ouvinte estiver perto do alto-falante, pode perder toda a
sensação de intimidade porque o som que vai sair será muito alto, enquanto outro
ouvinte, no ponto mais distante de qualquer alto-falante, poderá não ouvir coisa
alguma. Se um estiver satisfeito, o outro certamente não estará. Se dois ou mais alto-
falantes forem colocados na sala – ou ao redor da área externa – atrasos de um alto-
falante para outro podem causar eco ou outra distorção e o mesmo problema de
localização para o ouvinte individual irá existir. (BARON, 1998, p. 433-434)46
Mas enfim, como já havíamos dito anteriormente, não debateremos aqui os prós e
contras das inovações tecnológicas e o quanto elas influenciam e interferem (ou não) no nosso
pensamento musical e, consequentemente, no nosso ‘fazer musical’. Porém, se assim como
Baron, concordarmos que o conceito de música de câmara está intimamente ligado à ideia de
‘música instrumental’, ‘música de conjunto para dois ou mais intérpretes’, ‘música com partes
individuais que se incorporam e se interagem’, ‘apresentação de um conjunto sério e não a
exibição virtuosa de apenas um membro do conjunto’ e, por último, ‘sua intimidade exposta
ou implícita’ (BARON, 1998, p. 6), temos que concordar também que todos esses conceitos
podem estar presentes em qualquer formação e/ou em qualquer repertório; afinal, são
princípios que mais se aproximam de uma ‘postura performática’ do que propriamente de um
estilo musical.
Por isso, confesso, não foi por acaso que optei por concluir esta pesquisa
levantando tais indagações; pois, durante muitos anos, também acreditei que a verdadeira
música de câmara era baseada apenas nas obras estandardizadas dos grandes compositores.
Porém, no ano de 2013, fui convidado para apresentar – na XX Bienal de Música
Contemporânea da Funarte – a obra “Seis estudos de allures” do compositor Rodrigo
Cicchelli (1966); uma obra eletroacústica com flauta e piano (Ex. 88). No palco, juntamente
comigo, estavam o flautista Eduardo Monteiro e, na eletrônica, o próprio compositor.
46
The performers themselves no longer have control of this most crucial element in the intimate playing together
of chamber music... the speakers, are just as problematic; where they are placed will affect how the audience in
the end will receive the sounds. But if a listener happens to be close to the speaker, he/she may lose all sense of
intimacy because the sound coming out is too loud, whereas another listener at the furthermost point from any
speaker may hear nothing at all. If one is satisfied, the other is sure to lose. If two or more speakers are placed
in the hall or around the outdoor area, delays from one speaker to another may cause echo or other distortion
and the same problem of location for the individual listener exists.
175
Exemplo 92: Excerto de “Harmonias” – peça nº 3 dos “Seis estudos de allures” (R. Cicchelli,
Partituras Brasileiras Online, vol. 16, Funarte, 2013, c. 1-20, p. 87)
prejudicava a sustentação de um som, à ‘vida interna’ de uma das peças, a inflexão, o vibrato
e o timbre harmônico. Enfim, queria comungar das mesmas sensações dos outros intérpretes e
precisava entender com clareza os caminhos que estávamos trilhando naquele momento. Ou
seja, depois dessa apresentação, percebi nitidamente que o escopo dos trabalhos camerísticos
esteve presente durante toda aquela apresentação – tal qual aconteceria se estivéssemos
executando a Sonata em lá maior de César Franck ou a Sonata em ré maior de Sergei
Prokofieff.
Por isso, reiteramos a nossa convicção de que o maior objetivo dos trabalhos
camerísticos não é simplesmente a busca pela performance irrepreensível e nem, muito
menos, o exercício de uma atividade deleitosa e descompromissada que, quase sempre, é
relegada a segundo plano. Trata-se de uma investigação crítica que permitirá aos performers
adquirir novas ferramentas que irão lhes proporcionar os mais altos níveis de percepção
auditiva, do entendimento expressivo dos gestos, da comunicação emocional, das adaptações
e ajustes; da crítica e do bom senso; enfim, da construção de uma real identidade musical.
47
As an individual in a chamber music ensemble a single performer has intrinsic, worth no matter how well or
how poorly he/she plays, and through partnership with one or a few other performers, the individual feels the
warmth of association with others without being overwhelmed by those others. The result is not something
material, measured by statistics or money or power or social standing; rather the result is aesthetic: the
beautiful in music that lifts the spirits of all who play or listen. Chamber music provides hope and a raison d'etre
to people whose purpose for existing has otherwise been blotted out by modem life, and it provides each person
with the means for defiantly declaring his/her right to be him/herself.
177
6 CONCLUSÃO
Assim como o poeta português Fernando Pessoa, não acreditamos que uma
conclusão seja a finalização de algum assunto abordado durante a realização de uma pesquisa,
mas sim, uma última oportunidade de se frisar os pontos de vistas sobre um determinado tema
em questão.
Deste modo, julgamos que a melhor forma de concluirmos esta pesquisa seria
voltarmos às cinco perguntas iniciais que motivaram a realização desta investigação.
Este foi, sem dúvida, o escopo principal deste trabalho: comprovar que as
ferramentas técnico-musicais, desenvolvidas através dos trabalhos camerísticos, poderão
contribuir imensamente na formação dos pianistas e, por conseguinte, em suas performances.
Concluímos que, infelizmente, existe uma lacuna muito importante a ser preenchida no ensino
do piano. É muito comum, nos programas de quaisquer outros instrumentos, os alunos
trabalharem – além das técnicas específicas para cada instrumento – obras solo, de câmara e
trechos orquestrais. O mesmo acontece com os cantores que, desde o início de seus estudos,
além das técnicas vocais, têm contato com um vasto repertório que inclui árias de óperas,
180
peças barrocas, canções estrangeiras e brasileiras, etc. Os pianistas, porém, são aqueles que
concluem o Curso de Bacharelado tendo um contato ínfimo com algumas poucas obras de
câmara.
Na verdade, o que pretendemos enfatizar – principalmente para os professores de
piano – é que os trabalhos camerísticos podem oferecer subsídios técnicos e musicais aos
pianistas tanto quanto o repertório solo. E, mais importante do que alcançar os objetivos e as
ferramentas técnicas e musicais almejadas, os pianistas poderão perceber os inúmeros
benefícios de poder comungar com outros instrumentistas e/ou cantores a melhor forma de se
construir um legato, equilibrar sua sonoridade, perceber diferentes timbres, pedalizar, respirar,
conduzir frases e tantas outras especificidades tão inerentes à música de câmara; e tudo isso,
aprendendo a interagir em conjunto e desenvolvendo abundantemente as suas percepções
auditivas e visuais. Tudo isso, certamente, fará com que o pianista tenha uma escuta
diferenciada e, consequentemente, perceba que, através do trabalho camerístico, todas essas
ferramentas, competências e expertises adquiridas poderão ser utilizadas em performances de
obras solo.
Importante também que tenhamos consciência de que os trabalhos camerísticos
não visam apenas performances de obras standard do repertório. Pelo contrário, existe um
número interminável de obras para todos os níveis de ensino e para as mais diversas
formações instrumentais e vocais que, facilmente, podem acompanhar todo o processo de
aprendizagem dos alunos de piano – como apresentamos no Capítulo 4.
Assim, pouco a pouco, os pianistas passam a entender que, para cada formação,
existem diferentes expertises e ferramentas a serem trabalhadas. Mesmo quando as
performances acontecem em um único instrumento (ou em instrumentos congêneres) – como
no caso do repertório a quatro mãos ou dois pianos – inúmeras habilidades são desenvolvidas
entre os intérpretes, tais como: os diálogos constantes, a perfeita imitação de fraseados e
conduções melódicas, a justa pedalização, a tentativa de reproduzir o mesmo timbre e gerar as
mesmas dinâmicas que o seu parceiro. Enfim, ferramentas difíceis de serem adquiridas e
trabalhadas quando estamos diante de um repertório solo.
Da mesma forma, ao lado de bons cantores, podemos adquirir as ferramentas mais
significativas da performance musical (seja ela camerística ou solista): saber respirar e
entender qual é a condução ideal para podermos frasear adequadamente uma linha melódica –
elementos sempre cruciais para qualquer instrumentista, em particular, para os pianistas. Por
isso, não temos dúvidas em afirmar que o repertório para canto e piano é aquele que poderá
contribuir mais facilmente para o entendimento do caráter das peças executadas; afinal, são
181
obras acompanhadas de textos, letras ou poemas. Após adquirir tais expertises, o pianista
entenderá, com maior clareza, vários dos elementos que, igualmente, encontram-se presentes
nas obras exclusivamente instrumentais.
A vivência e experiência dos trabalhos em música de câmara – ao lado de
instrumentistas de cordas e sopros – são igualmente muito importantes para o
desenvolvimento perceptivo dos pianistas e, principalmente, para o seu súbito progresso
técnico; afinal, o repertório de trios, quartetos, quintetos e sextetos com piano; o repertório
para cordas e piano e sopros e piano é, certamente, um dos mais abundantes e difíceis
(tecnicamente falando) da literatura pianística/camerística.
Após o desenvolvimento de todas essas ferramentas técnicas e de todas as
habilidades e expertises advindas dos trabalhos camerísticos, os pianistas irão se sentir
seguros e preparados para se defrontarem com qualquer repertório – sem fazer quaisquer
distinções entre acompanhamento, câmara ou solo. No fundo, não temos dúvidas em afirmar
que as ferramentas são as mesmas; ou, pelo menos, deveriam ser.
Não poderíamos finalizar este trabalho sem expressar o nosso total repúdio pelo
termo “acompanhador”. Preferimos acreditar que esses “rótulos” (acompanhador,
correpetidor, colaborador, etc.), só servem para tentar distinguir funções e repertórios
distintos. No fundo, como bem disse Dimitra Kokotsaki (2007), a diferença entre o pianista
acompanhador e o pianista de câmara, grosso modo, está entre tocar para e tocar com.
Portanto, um pianista sempre será um pianista. Se as ferramentas técnicas são desenvolvidas
corretamente, um pianista poderá tocar solo, acompanhar, colaborar, realizar trabalhos
camerísticos; ou seja, adquiriu habilidades que o permitirão tocar o que quiser.
Em suma, gostaríamos de ressaltar a importância da conscientização sobre o
impacto que a música de câmara pode causar no desenvolvimento musical, emocional e
intelectual dos pianistas. São trabalhos que conseguem provocar mudanças positivas e muito
significativas no aprendizado; incluindo, transformação artística, avanço intelectual,
crescimento emocional, empatia, espírito de solidariedade e coletividade. Pianistas tímidos e
com medo de palco, através dos trabalhos camerísticos, podem se transformar em performers
bastante confiantes e seguros. Em suma, em um ambiente educacional – onde alunos alternam
entre o isolamento social e a competição impetuosa com os seus colegas – a música de câmara
pode ‘reconectar’ esses alunos através de um trabalho harmônico e de comunhão com o
próximo – fazendo com que os jovens pianistas tenham a convicção de que são pertencentes a
um grupo que os tornam parte de algo bem maior do que simplesmente a ‘individualidade’.
182
7 REFERÊNCIAS
ADLER, Kurt. The Art of Accompanying and Coaching. Ed. University of Minnesota,
1976.
ADORNO, Theodor. Vierhändig, noch einmal, 1933, reprinted in Theodor Adorno,
Impromptus, Frankfurt: Suhrkamp, 1968, p. 142-145.
ALEXANDRIA, Marília de. A Construção das Competências do Pianista
Acompanhador: uma função acadêmica ampla e diversificada. 2005, 106 f. Dissertação
(Mestrado), Programa de Pós Graduação em Música da Universidade Federal de Goiás,
Goiânia, 2005.
ALMEIRA, Adriana Xavier de. Aspectos sobre a Modinha e a influência do Bel Canto em
sua interpretação. Anais do III SIMPOM, 2014, p. 950-957.
ALTENMÜLLER, Eckart; WIESENDANGER, Mario; KESSELRING, Jürg. Music, Motor
Control, and the Brain. In: Music Perception. Vol. 25, p. 75-80, Oxford University Press,
2006.
ANDRADE, Mario de. Aspectos da Música Brasileira. Belo Horizonte, Rio de Janeiro: Vila
Rica, 1991.
ANDRIKOPOULOS, Dimitris & DIAS, Rui. Chamber Music in the XXI Century:
Problematic and challenges. In: International Chamber Music Conference (2016),
Chamber Music in the XXI Century: new perspectives and challenges. Ed. Politema, p.
53-61, 2017.
ARNOLD, D., BASHFORD, C. & GRIFFITHS, P. Chamber music. The Oxford Companion
to Music. https://www.wikiwand.com/en/Chamber_music (acessado em 31 de agosto de
2022).
AZEVEDO, Ana B. C. de. Ritmos Brasileiros para Piano a Quatro Mãos. Dissertação
(Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2018.
BACH, C.P.E. Essay on the true art of playing keyboard instruments. Traduzido (para o
inglês) e editado por William J. Mitchell. Ed. W.W. Norton & Company Inc., Nova Iorque,
Capítulo 3, p. 151-152, 1925.
BARANCOSKI, Ingrid. Pós-modernismo, religiosidade e misticismo em obras brasileiras
contemporâneas de câmera. In: Série Diálogos com o Som, Vol. VI, Música de Câmara;
Belém, A. e Zille, J. A. B. (Orgs.), UEMG, Escola de Música, p. 95-114, 2021.
BARON, John H. Intimate Music: A History of the Idea of Chamber Music. Pendragon
Press Musicological Series. Stuyvesant, NY: Pendragon Press, 1998.
BERGERON, Vincent; LOPES, Dominic McIver. Hearing and Seeing Musical Expression.
In: Philosophy and Phenomenological Research. Vol. 78 (1), p. 1-16, 2009.
BALLESTERO, Ricardo. A canção de câmara encarnada: uma narrativa sobre a construção
sonora a partir do texto. In: Série Diálogos com o Som, Vol. VI, Música de Câmara; Belém,
A. e Zille, J. A. B. (Orgs.), UEMG, Escola de Música, p. 189-197, 2021.
183
BELÉM, Alice. Um olhar sobre a música de câmara no Brasil. In: Série Diálogos com o
Som, Vol. VI, Música de Câmara; Belém, A. e Zille, J. A. B. (Orgs.), UEMG, Escola de
Música, p. 17-29, 2021.
BINDEL, Janet. The Collaborative Pianist and Body Mapping: A Guide to Healthy Body
Use for Pianists and their Musical Partners. 2013, 120 f. Dissertação (Doutorado) Arizona
State University, 2013.
BISHOP, Laura. Collaborative Musical Creativity: How Ensembles Coordinate Spontaneity.
In: Frontiers in Psychology. Vol. 9, p. 1-17, 2018.
BISHOP, Laura; GOEBL, Werner. Context-specific effects of musical expertise on
audiovisual integration. In: Frontiers in Cognitive Science. Vol. 5, p. 1-14, 2014.
BISHOP, Laura; GOEBL, Werner. Communication for coordination: Gesture kinematics and
conventionality affect synchronization success in piano duos. In: Psychological Research.
Vol. 82, p. 1-18, 2017.
BISHOP, Laura; GOEBL, Werner. Performers and an Active Audience: Movement in Music
Production and Perception. In: Psychology Music Yearbook. Vol. 28, 2018.
BISHOP, Laura; GOEBL, Werner. Music and movement: Musical instruments and
performers. In Ashley, Richard e Timmers, Renee (Eds.): The Routledge companion to
music cognition. Routledge Ed., p. 349-361, 2019.
BJORK, Elizabeth; BJORK, Robert A. Making things hard on yourself, but in a good way:
Creating desirable difficulties to enhance learning. In Gernsbacher, Morton; Pomerantz,
James (Eds.): Psychology and the real world: Essays illustrating fundamental
contributions to society. Worth Publishers, 2ª Edição, p. 56-64, 2011.
BJORK, Elizabeth; BJORK, Robert A. Optimizing treatment and instruction: Implications of
a new theory of disuse. In NILSSON, Lars-Goran; OHTA, Nobuo (Eds.): Memory and
society: Psychological perspectives. p. 116-140, 2006.
BORGDORFF, Henk. The Conflict of the Faculties: Perspectives on Artistic Research
and Academia. Capítulo 7: The Production of Knowledge in Artistic Research, Leiden
University Press, p. 143-253, 2012.
BOS, Coenraad V. The Well-Tempered Accompanist. Bryn Mawr, T. Presser, 1949.
BROUGHTON, Mary; STEVENS, Catherine J. Music, movement and marimba: An
investigation of the role of movement and gesture in communicating musical expression to an
audience. In: Psychology of Music. Vol. 37, p. 137-153, 2009.
BROWER, Candace. A Cognitive Theory of Musical Meaning. In: Journal of Music
Theory. Vol. 44 (2), p. 323-379, 2000.
BROWN, William. Menahem Pressler: Artistry in Piano Teaching. Indiana University
Press, 2008.
BROWN, William. Master Classes with Menahem Pressler. Indiana University Press,
2019.
184
BURT-PERKINS, Rosie; MILLS, Janet. The role of chamber music in learning to perform: a
case study. In: Music Performance Research. Vol. 2, Royal Northern College of Music, p.
26-35, 2008.
BUDD, Malcolm. Music and the Emotions: The Philosophical Theories. Routledge, 1985.
BYRON, John H. Intimate Music: A History of the Idea of Chamber Music. Pendagron
Press, 1998.
CADOZ, Claude; WANDERLEY, Marcelo. Gesture–Music. In: Trends in Gestural Control
of Music. Paris: Ircam, Centre Pompidou, p. 71-94, 2000.
CAMARA, Andrea Albuquerque Adour da. “Festa na Bahia”: africanias na obra de
Francisco Mignone. Revista Brasileira de Música (PPGM-UFRJ), Vol. 30 nº 2, p. 118-130,
2017.
CAMLIN, D. A. Encounters with participatory music. In: The Chamber Musician in the
Twenty-First Century. MDPI, Basel, pp. 43-72, 2022.
CARTWRIGHT, Dorwin; ZANDER, Alvin. Group Dynamics: Research and theory. Ed.
Harper & Row, London, 3ª edição, 1968.
CASTELLANO, Ginevra; MORTILLARO, Marcello; CAMURRI, Antonio; VOLPE,
Gualtiero; SCHERER, Klaus. Automated Analysis of Body Movement in Emotionally
Expressive Piano Performances. Music Perception. Vol. 26 (2), p. 103-119, 2008.
CHAFFIN, Roger; TOPHER, Logan. Practicing perfection: How concert soloists prepare for
performance. In: Advances in Cognitive Psychology. Vol. 2 (2-3), p. 113-130, 2006.
CHAFFIN, Roger; IMREH, Gabriela; CRAWFORD, Mary. Practicing perfection: memory
and piano performance. Psychology Press, 1ª edição, 2012.
CHRISTENSEN, Thomas. Four-Hand Piano Transcription and Geographies of Nineteenth-
Century Musical Reception. In: Journal of the American Musicological Society, vol. 52, nº
2, 1999, pp. 255–298.
COBBETT, W. W., & Mason, C. Cobbett's cyclopedic survey of chamber music. London:
Oxford University Press, 2ª edição, 1963.
CONE, Edward T. The Composer’s Voice. Berkeley & Los Angeles: University of
California Press, 1974.
COOK, Nicholas. Beyond the Score: Music as Performance. Oxford: Oxford University
Press, 2013.
COSTA, José Francisco. Leitura à primeira vista na formação do pianista colaborador a
partir de uma abordagem qualitativa. 2011, 295 f. Dissertação (Mestrado) Instituto de
Artes, Universidade Estadual de Campinas, 2011.
COTTER-LOCKARD, Dorianne. Chamber Music Coaching Strategies and Rehearsal
Techniques That Enable Collaboration. 2012, 288 f. Dissertação (Doutorado) Fielding
Graduate University, 2012.
DAHL, Sofia; FRIBERG, Anders. Visual Perception of Expressiveness in Musicians' Body
Movements. In: Music Perception. Vol. 24 (5), p. 1-19, 2007.
185
DUKE, Robert; SIMMONS, Amy; CASH, Carla Davis. It's Not How Much; It's How:
Characteristics of Practice Behavior and Retention of Performance Skills. In: Journal of
Research in Music Education. Vol. 56, p. 310-321, 2009.
DUNHILL, Thomas. Chamber Music: a treatise for students. MacMillan and Co., London,
1913.
ERICSON, Karl A. Expertise in interpreting: An expert-performance perspective. In: Journal
Interpreting. Vol. 5 (2), p. 189-222, 2000.
ERICSSON, Karl A. Deliberate practice and the acquisition and maintenance of expert
performance in medicine and related domains. In: Journal of the Academic Medicine. Vol.
79 (10), p. 70-81, 2004.
ERICSSON, Karl. A. Recent advances in expertise reserch: a commentary on the
contributions to the special issue. In: Applied Cognitive Psychology. Vol. 19 (2), p. 233-241,
2005.
ERICSSON, Karl A.; Smith, Jacqui. Toward a general theory of expertise: Prospects and
limits. Cambridge University Press, 1991.
ERICSSON, Karl A.; KRAMPE, Ralf T.; TESCH-RÖMER, Clemens. The Role of Deliberate
Practice in the Acquisition of Expert Performance. In: Psychological Review. Vol. 100 (3), p.
363-406, 1993.
ERICSSON, Karl. A.; LEHMANN, Andreas. Expert and exceptional performance: Evidence
of Maximal Adaptation to Task Constraints. In: Annual Review of Psychology. p. 273-305,
1996.
FERGUSON, Donald N. Image and Structure in Chamber Music. Minneapolis: University
of Minnesota Press, 1964.
FISKE, R. Chamber music. London: British Broadcasting Corporation, 1969.
FRIBERG, Anders & BATTEL, Giovanni. Structural Communication. In: The Science &
Psychology of Music Performance: Creative Strategies for Teaching and Learning. p. 1-
17, 2002.
FUKUDA, Margarida, T. Zeitgestalt: Análise e Performance do Trio em sol menor de
Francisco Braga. 2011, 408 f. Tese (Doutorado), Musicologia, Escola de Comunicação e
Artes da Universidade de São Paulo (USP), 2009.
GABRIELSSON, Alf & JUSLIN, Patrik. Emotional expression in music. Handbook of
Affective Sciences, ed. by RJ Davidson, KR Scherer, HH Goldsmith, In: Empirical
Musicology Review. Vol. 9 (3/4), p. 247–253, 2003.
GEEVES, Andrew & SUTTON, John. Embodied Cognition, Perception, and Performance in
Music. In: Empirical Musicology Review, Vol. 9 (nº 3-4), p. 1-7, 2014.
GINSBORG, J. & WISTREICH, R. Promoting excellence in small group music performance:
teaching, learning and assessment. Higher Education Academy report,
https://www.heacademy.ac.uk/resource/promoting-excellence-small-group-music-
performance-teaching-learning-and-assessment (acessado em 31 de julho de 2019).
187
GINSBORG, Jane; KING, Elaine. Gestures and Glances: The Effects of Familiarity and
Expertise on Singers’ and Pianists’ Bodily Movements in Ensemble Rehearsals. In: Anais da
7ª Conferência Trienal da Sociedade Europeia para as Ciências Cognitivas da Música
(ESCOM, Finlândia), p. 159-164, 2009.
GINSBORG, Jane; KING, Elaine. Collaborative Rehearsal: Social Interaction and Musical
Dimensions in Professional and Student Singer–Piano Duos. In: Proceedings of the
Inaugural International Conference on Music Communication Sciences. SCHUBERT,
Emery; BUCKLEY, Kim; ELIOTT, Rosemary; KOBOROFF, Brooke; CHEN, Johnson;
STEVENS, Catherine (Eds.); ARC Research Network in Human Communication Science
(HCSNet), p. 51–55, 2007.
GINSBORG, Jane; KING, Elaine. The Roles of Expertise and Partnership in Collaborative
Rehearsal. In: Proceedings of the International Symposium on Performance Science.
Association of European Conservatoires, WILLIAMON, Aaron; COIMBRA, Daniela (Eds.),
p. 61-66, 2007.
GOEBL, Werner; DIXON, Simon; SCHUBERT, Emery. Quantitative methods: Motion
analysis, audio analysis, and continuous response techniques. In: Expressiveness in music
performance: Empirical Approaches Across Styles and Cultures. FABIAN, Dorottya;
TIMMERS, Renee; SCHUBERT, Emery (Eds.); Oxford University Press, p. 221-230, 2014.
GOODMAN, Elaine. Ensemble Performance. In Rink, John (Ed.): Musical Performance: A
Guide to Understanding. Cambridge University Press, p. 153-167, 2002.
GRAYBILL, Roger. Whose Gestures? Chamber Music and the Construction of Permanent
Agents. In GRITTEN, Anthony; KING, Elaine: New Perspectives on Music and Gesture.
Capítulo 11, Ashgate Publishing Limited. England, p. 221-241, 2011.
HALLAM, Susan. Professional Musicians’ Approaches to the Learning and Interpretation of
Music. In: Psychology of Music. Vol. 23 (2), p. 111-128, 1995.
HADDON, Elizabeth & HUTCHINSON. Empathy in Piano Duet Rehearsal and Performance.
In: Empirical Musicology Review, Vol. 10 (nº 2), 2015, pp. 140–153.
HALLAM, Susan. Professional Musicians' Orientations to Practice: Implications for
Teaching. In: British Journal of Music Education, p. 1-19, 1995.
HALLAM, Susan. Conceptions of musical ability. In: Research Studies in Music
Education. Vol. 20, p. 425-433, 2002.
HALLAM, Susan. Psicologia da música na educação: o poder da música na aprendizagem. In:
APEM – Revista de Educação Musical. Vol. 138, p. 29-34, 2012.
HALLAM, Susan. Developing and Maintaining Motivation in Advanced Music Performers.
In PAPAGEORGI, Ioulia; WELCH, Graham: Advanced Musical Performance:
Investigations in Higher Education Learning. Capítulo 20, p. 333-348, 2014.
HINSON, Maurice. The Piano in Chamber Ensemble: An Annotated Guide. Library of
Congress, 1996.
INTERNATIONALE STIFTUNG MOZARTEUM, Online Publications (2006), Mozarteum –
Link disponível em: http://dme.mozarteum.at/DME/objs/ed/ucb20_197_-17.jpg
188
IVEY, Donald. Song: Anatomy, Imagery, and Styles. New York: The Free Press, 1970.
JENSENIUS, Alexander; WANDERLEY, Marcelo; GODØY, Rolf; LEMAN, Marc. Musical
Gestures: concepts and methods in research. In INGE, Rolf; LEMAN, Marc (Eds.): Musical
Gestures: Sound, Movement and Meaning. Capítulo 2, Ed. Routledge, p. 12-35, 2010.
JUSLIN, Patrik N. Five Facets of Musical Expression: A Psychologist’s Perspective on Music
Performance. In: Psychology of Music. Vol. 31 (3), p. 273-302, 2003.
JUSLIN, Patrik; PERSSON, Roland. Emotional Communication. The Science & Psychology
of Music Performance: Creative Strategies for Teaching and Learning. p. 219-236, 2002.
JUSLIN, Patrik N. & LAUKKA, Petri. Communication of Emotions in Vocal Expression
and Music Performance: Different Channels, Same Code? Psychological Bulletin, Vol.
129, nº 5, p. 770-814, 2003.
JUSLIN, Patrik & MADISON, Guy. The Role of Timing Patterns in Recognition of
Emotional Expression from Musical Performance. In: Music Percption, Vol. 17. p. 197-221,
1999.
KACOWICZ, A. T. O pianista co-repetidor e a arte do acompanhamento: seu significado
e importância no cenário musical atual. 2011, 131 f. Dissertação (Mestrado) Práticas
Interpretativas, Escola de Música da Universidade Federal do Rio Janeiro, 2011.
KARTOMI, Margaret. Concepts, Terminology and Methodology in Music Performativity
Research. In: Musicology Australia, Vol. 36/2, 2014, p. 189–208.
KATZ, Martin. The Complete Collaborator: The Pianist as Partner. Oxford University
Press, 2009.
KELLER, Peter E. Attentional Resource Allocation in Musical Ensemble Performance. In:
Psychology of Music. Vol. 29, p. 20–38, 2001.
KEMP, Anthony E. The Musical Temperament: Psychology and Personality of
Musicians. Oxford University Press, 1996.
KING, Elaine A. Collaboration and the Study of Ensemble Rehearsal. In Lipscomb, Scott;
Ashley, Richard; Gjerdingen, Robert e Webster, Peter (Eds.): 8th International Conference
on Music Perception and Cognition. Evanston, Illinois (USA), p. 11-16, 2004.
KING, Elaine A.; GINSBORG, Jane. Gestures and glances: Interactions in ensemble
rehearsal. In King, Elaine e Gritten, Anthony: New Perspectives on Music and Gesture.
Capítulo 9, p. 177-201, 2011.
KOKOTSAKI, Dimitra. Understanding the ensemble pianist: A theoretical framework. In:
Psychology of music. Vol. 35 (4), p. 641-668, 2007.
KÜHL, Ole. Musical Semantics: Cognitive Musicology and the Challenge of Musical
Meaning. In: European Semiotics. Vol. 7, Peter Lang (Ed.), p. 448-462, 2007.
LEHMANN, Andreas; SLOBODA, John; WOODY, Robert. Psychology for Musicians:
Understanding and Acquiring the Skills. Oxford University Press, 2007.
LEVITIN, Daniel J. What Does It Mean to Be Musical? In: Research Studies in Music
Education. Vol. 20, p. 633-637, 2012.
189
LINDO, Algernon H. The Art of Accompanying. New York: G. Schirmer Inc., 1916.
LIRA, Elizete Felix de. Modernidade e brasilidade nas canções de Alberto Nepomuceno.
Anais do III SIMPOM, 2014, p. 1049-1058.
MARIZ, Vasco. A Canção Brasileira de Câmara. Rio de Janeiro: Ed. Francisco Alves,
2002.
McCALEB, J. M. Chambering Music. In: The Chamber Musician in the Twenty-First
Century. Mine Dogantan-Dack (Ed.), MDPI, Basel, pp. 21-42, 2022.
McPHERSON, G.E & HALLAM, S. Musical Potential. In: HALLAM, S.; CROSS, I.;
THAUT, M. (Ed.). The Oxford Handbook of Music Psychology. New York, NY:Oxford
University Press, p. 433-448, 2016.
McRAE, Chris. Hearing Performance as Music. In: Liminalities: A Journal of
Performance Studies, Vol. 11 (nº 5), 2015, p. 1-18.
MENDONÇA, Renato. A Influência Africana no Português do Brasil. Brasília: FUNAG,
2012, p. 97-98.
MEYER, Dirk. Chamber Orchestra and Ensemble Repertoire. Rowman & Littlefield Ed.,
2018.
MIKLASZEWSKI, Kacper. A case study of a pianist preparing a musical performance. In:
Psychology of Music. Vol. 17, p. 95-109, 1989.
MONTENEGRO, Guilherme Farias de Castro. Besides playing, we have to teach!: The
pedagogical dimensions in the actuation of the collaborative pianist at a specialized music
school. In: Anais do 32nd World Conference of ISME. Glasgow, UK, p. 383, 2016.
MONTENEGRO, Guilherme Farias de Castro. Os conhecimentos musicais do pianista
colaborador na perspectiva de provas de concurso público. In: SEMPEM: Seminário
Nacional de Pesquisa em Música da UFG. Escola de Música e Artes Cênicas da UFG,
Goiânia, p. 273-278, 2015.
MONTENEGRO, Guilherme Farias de Castro. Os modos de ser e agir do pianista
colaborador: um estudo de entrevistas com profissionais do centro de educação
profissional - escola de música de Brasilia. 2013, 189 f. Dissertação (Mestrado)
PPGM/UNB, Brasília, 2013.
MOORE, Gerald. The Unashamed Accompanist. Publisher: Ascherberg, Hopwood & Crew,
1945.
MOORE, Gerald. Am I too Loud?: The Memoirs of a Piano Accompanist. Publisher:
Penguin Books, Reprint edition, 1968.
MOORE, Gerald. Furthermoore: Interludes in an accompanist's life. Publisher: Hamilton;
British First edition, 1983.
MUNDIM, Adriana A. O pianista colaborador: a formação e atuação performática no
acompanhamento de flauta transversal. 2009, 135 f. Dissertação (Mestrado) Escola de
Música da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 2009.
190
ROCHA, Fernando. Música de Câmara e Eletrônica. In: Série Diálogos com o Som, Vol. VI,
Música de Câmara; Belém, A. e Zille, J. A. B. (Orgs.), UEMG, Escola de Música, p. 137-
161, 2021.
ROTHSTEIN, Evan. Teaching chamber music to children: principles, context and strategies.
In: Série Diálogos com o Som, Vol. VI, Música de Câmara; Belém, A. e Zille, J. A. B.
(Orgs.), UEMG, Escola de Música, p. 47-68, 2021.
ROUSSOU, E. An exploration of the pianist’s multiple roles within the duo chamber
ensemble. In: Proceedings of the International Symposium of Performance Science, A.
Williamon & W. Goebl (Eds.), Brussels: AEC, 2013.
ROWEN, Ruth H. Early Chamber Music. King’s Crown Press, New York, 1949.
SACKS, Aaron M. A Comparative History and the Importance of Chamber Music.
Dissertação (Mestrado), California State University, Monterey Bay, 2016.
SASANFAR, Justine K. Influence of Aural and Visual Expressivity of the Accompanist
on Audience Perception of Expressivity in Collaborative Performances of a Soloist and
Pianist. 2012, 124 f. Dissertação (Doutorado em Filosofia) Florida State University Libraries,
2012.
SAWYER, Keith R. Group creativity: musical performance and collaboration. Research
Article. Vol. 34 (2), p. 148-165, 2006.
SCHAITZA, Raquel Moniz de Aragão. A prática deliberada na prática: uma adaptação das
teorias sobre aquisição de habilidades às especificidades da interpretação simultânea. In:
Tradução em Revista (TradRev. 32226)-PUC-RJ. p. 1-20, 2017.
SCHUTZ, Michael; LIPSCOMB, Scott. Hearing gestures, seeing music: Vision influences
perceived tone duration. In: Perception. Vol. 36 (6), p. 888-897, 2007.
SCHOENBACH, Sol. Chamber Music in Secondary School. In: Music Educators Journal.
Vol. 49 (4), p. 73-74, 1963.
STOCKHAUSEN, K. Stockhausen on Music: Lectures and Interviews. Compilado por
Robin Maconie, Ed. Marion Boyars, 1989.
SERGL, Marcos Júlio. A música cantada indígena e o universo composicional de Heitor
Villa-Lobos. Revista Música vol. 19, 2019, p. 160-185.
SHAFFER, L. Henry. Timing in Solo and Duet Performances. In: The Quarterly Journal of
Experimental Psychology. Section A, Vol. 36, p. 577–595, 1984.
SILVA, Flavio (org). Francisco Mignone: catálogo de obras. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Música, 2007.
SLOBODA, John A. A mente musical: psicologia cognitiva da música (tradução: Beatriz Ilari
e Rodolfo Ilari). In: IX Encontro Regional Norte da ABEM – Boa Vista, RR, p. 1-10, 2016.
SLOBODA, John A. The communication of musical metre in piano performance. In: The
Quarterly Journal of Experimental Psychology. Vol. 35 (A), p. 377-396, 1983.
SLOBODA, John A. The Musical Mind: The Cognitive Psychology of Music. Oxford
University Press, 1986.
192
SLOBODA, John. A.; JUSLIN, Patrik N. Psychological perspectives on music and emotion.
In JUSLIN, Patrik; SLOBODA, John (Eds.): Series in affective science. Music and
emotion: Theory and research. Oxford University Press, p. 71-104, 2001.
SLOBODA, John A.; DAVIDSON, Jane W.; HOWE, Michael. J. A.; MOORE, Derk G. The
Role of Practice in the Development of Performing Musicians. In: British Journal of
Psychology. Vol. 87, p. 287-309, 1996.
SLOBODA, John A.; HOWE, Michael J. A. Biographical precursors of musical excellence:
An interview study. In: Psychology of Music. Vol. 19 (1), p. 3-21, 1991.
SOUSA, Luciana Mittelstedt Leal de. Interações entre o pianista colaborador e o cantor
erudito: habilidades, competências e aspectos psicológicos. 2014, 130 f. Dissertação
(Mestrado) Programa de Pós Graduação em Música da Universidade de Brasília/DF, 2014.
SOUZA, Rodolfo Coelho de. Nepomuceno e a gênese da canção de câmara brasileira.
ResearchGate (Artigo), 2010, p. 33-53.
SPECHT, Roberta. Heitor Villa-Lobos: por uma narrativa musical da nação. Dissertação
de Mestrado em História. 101 fls. Universidade Federal de Santa Maria, RS: 2017.
STOCKHAUSEN, Karlheinz. Stockhausen on Music: Lectures and Interviews. Compiled
by Robin Maconie. London & New York: Marion Boyars, 1989, p. 34-55.
TALL, Susan Porter; BALCOM, Derek. Building a Chamber Music Program: a Teacher’s
Guide. Nova York: Chamber Music Society of Lincoln Center- Education Department, 2014.
Disponível em: https://www.chambermusicsociety.org/nyc/education-programs/school-
programs/teachers-guide/. Acesso em: 21 de março de 2022.
TEODORO-DIER, Adriana. A Guide for the Novice Coach of the Undergraduate Mixed
Ensemble: Coaching Procedures and Interpersonal Dynamics. 147 f. Tese (Doutorado),
Universidade de Miami, Florida, 2013.
THOMPSON, Marc R.; LUCK, Geoff. Exploring relationships between pianists’ body
movements, their expressive intentions, and structural elements of the music. In: Musicae
Scientiae. Vol. 16 (1), p. 19-40, 2011.
THOMPSON, William F.; GRAHAM, Phil; RUSSO, Frank A. Seeing music performance:
Visual influences on perception and experience. In: Semiotica. Vol. 156 (1/4), p. 177-202,
2005.
THOMPSON-SHADE, Neil. Chamber Music Origins. Acoustical Design Collaborative
Ltda., p. 1-26, 2010.
TIMMERS, Renee; MAROLT, Matija; CAMURRI, Antonio; VOLPE, Gualtiero. Listeners'
emotional engagement with performances of a Scriabin étude: an explorative case study. In:
Psychology of Music. Vol. 34, p. 481-510, 2006.
TOVEY, Donald F. Essays in Musical Analysis. Vol. 1-6, Oxford University Press, 1935-39.
TREVARTHEN, Colwyn. Musicality and the intrinsic motive pulse: evidence from human
psychobiology and infant communication. In: Musicae Scientiae. Vol. 3 (1), p. 155-215,
2000.
193
ANEXO:
W. A. Mozart (1756-1791)
• 5 Sonatas: K.19d (Dó Maior), K. 358 (Si bemol Maior), K. 381 (Ré Maior), K. 497 (Fá
Maior) e K. 521 (Dó Maior); 2 Fantasias: K. 594 (fá menor) e K. 608 (fá menor); Fuga, K.
401 (sol menor); Tema e Variações em Sol Maior, K. 501
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Sonata em Ré Maior, Op. 6; 3 Marchas, Op. 45; 8 Variações sobre um Tema de
Waldstein, WoO 67; 6 Variações (‘Canção com Variações’), WoO 74; Grosse Fuge, Op.
133 (transcrição do próprio compositor)
C. Czerny (1791-1857)
• Rondo, Op. 321; Sonata, Op. 10; Sonata Militar e Brilhante, Op. 119; 3 Sonatinas, Op.
156; Introdução e Variações Fáceis sobre uma Valsa de Gallenberg, Op. 87
F. Schubert (1797-1828)
• Mais de 30 obras, incluindo: Fantasia em fá menor, D. 940; Rondó em Lá Maior, D. 951;
3 Marchas Militares, D. 733; Sonata em Dó Maior (‘Grand Duo’), D. 812; Allegro em lá
menor (‘Lebensstürme’), D. 947; Variações sobre um Tema Original, D. 813; ‘Andantino
Varié’, D. 823
M. Glinka (1804-1857)
• Capricho sobre Temas Russos
F. Mendelssohn (1809-1847)
• Andante e Allegro Brilhante, Op. 92; Andante e Variações, Op. 83ª; Octeto, Op. 20;
Abertura de ‘Sonho de uma Noite de Verão’ (transcrições do próprio compositor)
R. Schumann (1810-1856)
• Bilder aus Osten (‘Cenas do Oriente’), Op. 66; 12 Klavierstücke für kleine und grosse
Kinder’ (’12 Peças para Crianças Grandes e Pequenas’), Op. 85; Ballszenen (‘Cenas do
Baile’), Op. 109; Kinderball (‘Baile das Crianças’), Op. 130
F. Liszt (1811-1886)
• Festpolonaise, S. 230a; Grand Galop Chromatique, S. 219 (transcrição do próprio
compositor)
J. Brahms (1833-1897)
• 21 Danças Húngaras, WoO 1; 16 Valsas, Op. 39; Variações sobre um Tema de Robert
Schumann, Op. 23; Academic Festival Overture, Op. 80, Tragic Overture, Op. 81
(transcrições do próprio compositor)
C. Cui (1835-1918)
• Scherzo nº 1, Op. 1; Scherzo nº 2, Op. 2
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• Duettino, Op. 11; Berceuse, Op. 105; Pas Redoublé, Op. 86; Folha d’Álbum, Op. 81
M. Balakirev (1837-1910)
• On the Volga
G. Bizet (1838-1875)
• Jeux d’enfants
195
M. Mussorgsky (1839-1881)
• Sonata para Piano a 4 Mãos
P. I. Tchaikovsky (1840-1893)
• 50 Russian Folk Songs; Sinfonia nº 6 (‘Patética’), Op. 74; Capricho Italiano, Op. 45;
Manfred Symphony, Op. 58; 1812 Overture, Op. 49 (transcrições do próprio
compositor)
E. Chabrier (1841-1894)
• Cortège burlesque; Souvenirs de Munich
A. Dvorak (1841-1904)
• Danças Eslavas, Op. 46 e Op. 72; Legends, Op. 59
E. Grieg (1843-1907)
• Danças Norueguesas, Op. 35; 2 Peças Sinfônicas, Op. 14; In Autumm, Op. 11; 2 Valsas
Caprichos, Op.37; Peer Gynt Suíte I, Op. 46 (transcrição do próprio compositor)
G. Fauré (1845-1924)
• Dolly Suite, Op. 56; Souvenirs de Bayreuth
A. Arensky (1861-1906)
• 6 Peças Infantis, Op. 34
C. Debussy (1862-1918)
• Petite Suite; 6 Épigraphes Antiques; Marcha Escocesa sobre um Tema Popular; O
Triunfo de Bacchus
F. Busoni (1866-1924)
• Músicas Folclóricas Finlandesas, Op. 27
L. Godowsky (1870-1938)
• 46 Miniaturas
S. Rachmaninoff (1873-1943)
• 6 Peças, Op. 11; Polka Italiana; Romance em Sol Maior
M. Ravel (1875-1937)
• Ma Mère l’Oye (Suíte)
R. Glière (1875-1956)
• 12 Peças, Op. 48
S. Bortkiewicz (1877-1952)
• Melodias e Danças Russas, Op. 31
I. Stravinsky (1882-1971)
• ‘Petroushka’ e ‘Sagração da Primavera’ (transcrições feitas pelo próprio compositor)
H. Villa-Lobos (1887-1959)
• Carnaval das Crianças (Peça nº 8: ‘A Folia de um Bloco Infantil’)
P. Hindemith (1895-1963)
• Sonata; 8 Valsas, Op. 6
F. Poulenc (1899-1963)
• Sonata
S. Barber (1910-1981)
• Souvenirs (Ballet Suíte), Op. 28
L. Bernstein (1918-1990)
• ‘Scenes from the City of Sin’ (8 miniaturas)
C. Guerra-Peixe (1914-1993)
• Telefones de Gente Amiga
196
48
Estréia mundial da obra (integral) feita pelos pianistas Alessandro Santoro e Flávio Augusto (Rio de Janeiro,
24/05/1985).
197
W. A. Mozart (1756-1791)
• Sonata em Ré Maior, K. 448; Fuga em dó menor, K. 426
F. Chopin (1810-1849)
• Rondó em Dó Maior, Op. 73
R. Schumann (1810-1856)
• Andante e Variações, Op. 46 (transcrição do próprio compositor)
F. Liszt (1811-1886)
• Totentanz, S. 652; Les Préludes, S. 97; Dante Symphony, S. 109 (transcrições do próprio
compositor)
J. J. Raff (1822-1882)
• Chaconne, Op. 150
T. Tellefsen (1823-1874)
• Sonata, Op. 41
B. Smetana (1824-1884)
• Sonata
C. Reinecke (1824-1910)
• Improviso, Op. 66; Variações sobre uma Sarabande de J. S. Bach, Op. 24
A. Rubinstein (1829-1894)
• Fantasia, Op. 73
J. Brahms (1833-1897)
• Sonata, Op. 34b (sobre o ‘Quinteto’); Variações sobre um Tema de Haydn, Op. 56b
C. Cui (1835-1918)
• 3 Peças, Op. 69
C. Saint-Saens (1835-1921)
• Variações sobre um Tema de Beethoven, Op. 35; Polonaise, Op. 77; Scherzo, Op. 87;
Capricho Árabe, Op. 96; Capricho Heróico, Op. 106; Dança Macabra, Op. 40, Suite
Algérienne, Op. 60 (transcrição do próprio compositor)
J. Wieniawski (1837-1912)
• Fantasia, Op. 42
M. Bruch (1838-1920)
• Fantaisie, Op. 11
E. Chabrier (1841-1894)
• España (transcrição do próprio compositor)
C. Chaminade (1857-1944)
• Duo Sinfônico, Op. 117
A. Arensky (1861-1906)
• Suíte nº 1 (‘Fantasia’), Op. 15; Suíte nº 2, Op. 23; Suíte nº 4, Op. 62
C. Debussy (1862-1918)
• En Blanc et Noir
T. Ysaye (1865-1918)
• Variações, Op. 10
A. Winkler (1865-1935)
• Variações e Fuga sobre um Tema de Bach, Op. 12
198
A. Glazunov (1865-1936)
• Fantasia, Op. 104; From the Middle Ages, Op. 79 (transcrição do próprio compositor)
F. Busoni (1866-1924)
• Duettino Concertante, BV B 88; Fantasia Contrappuntistica, BV 256b (transcrição do
próprio compositor)
S. Rachmaninoff (1873-1943)
• Suíte nº 1, Op. 5; Suíte nº 2, Op. 17; Rapsódia Russa; Danças Sinfônicas
R. Hahn (1874-1947)
• Capricho Melancólico; Le Ruban Dénoué; Pour bercer un convalescent
M. Ravel (1875-1937)
• Rapsódia Espanhola; La Valse; Introduction et Allegro (transcrições do próprio
compositor)
A. Glière (1875-1956)
• 6 Peças, Op. 41
B. Bartók (1881-1945)
• Sonata para 2 Pianos e Percussão (também na versão ‘Concerto para 2 Pianos,
Percussão e Orquestra’)
B. Martinu (1890-1959)
• 3 Danças Tchecas; Fantasia; Improviso
D. Milhaud (1892-1974)
• Suíte ‘Scaramouche’, Op. 165b (transcrição do próprio compositor); Suíte ‘Les Songes’,
Op. 237; 6 Danças em Três Movimentos, Op. 433; Kentuckiana, Op. 287
P. Hindemith (1895-1963)
• Sonata
F. Poulenc (1899-1963)
• Sonata; Capriccio d’après ‘Le Bal Masqué’; L’embarquement pour Cythère; Élégie (à la
mémoire de Marie-Blanche)
A. Tcherepnin (1899-1977)
• Rondó, Op. 87a
A. Copland (1900-1990)
• ‘El Salón México’ (arranjo: Leonard Bernstein)
A. Khachaturian (1903-1978)
• Suíte em Três Movimentos
O. Messiaen (1908-1992)
• ‘Visions de l’Amen’
I. Stravinsky (1910-1981)
• Concerto para 2 Pianos Solo
W. Lutoslawski (1913-1994)
• Variações sobre um Tema de Paganini
L. Bernstein (1918-1990)
• Music for Two Pianos (1937)
K. Goeyvaerts (1923-1993)
• Sonata (1950-51)
G. Ligeti (1923-2006)
• ‘3 Pieces’
199
P. Boulez (1925-2016)
• ‘Structures’
K. Stockhausen (1928-2007)
• ‘Mantra’
Ernst Mahle (1929)
• Suíte Carimbó (1986); Boi Bumbá (1990)
Ronaldo Miranda (1948)
• ‘Festspielmusik’ (para 2 pianos e percussão)
200
J. Haydn (1732-1809)
• 8 Sonatas (Piano e Violino); Sonata nº 8 (versão Piano e Flauta)
W. A. Mozart (1756-1791)
• 19 últimas Sonatas: K. 296, K. 301, K. 302, K. 303, K. 304, K. 305, K. 306, K. 376, K. 377,
K. 378, K. 379, K. 380, K. 402, K. 403, K. 404, K. 454, K. 481, K. 526 e K. 547 (Piano e
Violino); 6 primeiras Sonatas (na versão Flauta e Piano)
L. V. Beethoven (1770-1827)
• 10 Sonatas: Op. 12 ns. 1, 2 e 3; Op. 23; Op. 24 (‘Primavera’); Op. 30 ns. 1, 2 e 3; Op. 47
(‘Kreutzer’) e Op. 96 (Piano e Violino); 5 Sonatas: Op. 5 ns. 1 e 2; Op. 69; Op. 102 ns. 1
e 2; Variações (Piano e Violoncelo); Sonata em Si bemol Maior (Flauta e Piano); Sonata
Op. 17 (Trompa e Piano)
C. M. von Weber (1786-1826)
• Grand Duo Concertante Op. 48 (Clarineta e Piano); Romance (Trombone e Piano)
F. Schubert (1797-1828)
• 3 Sonatinas, Op. 137; Sonata, D. 574; Rondó Brilhante, D. 895; Fantasia, D. 934 (Piano
e Violino); Introdução e Variações sobre o tema de ‘A Bela Moleira’ D. 802 (Flauta e
Piano); ‘Arpeggione Sonata’ D. 821 (Violoncelo/Viola e Piano)
M. Glinka (1804-1857)
• Sonata em ré menor (Viola e Piano)
F. Mendelssohn (1809-1847)
• 4 Sonatas: MWV Q26 (Fá Maior), Op. 4 MWV Q12 (fá menor), MWV Q18 (ré menor) e
MWV Q7 (Fá Maior) (Piano e Violino); 2 Sonatas: Op. 45 e Op. 58; Variações
Concertante Op. 17 (Piano e Violoncelo); Sonata em Mi bemol Maior, MWV Q15 (Piano
e Clarineta)
F. Chopin (1810-1849)
• Sonata Op. 65; Grand Duo Concertante; Introdução e Polonaise Brilhante Op. 3
(Violoncelo e Piano)
R. Schumann (1810-1856)
• 2 Sonatas: Op. 105 e 121 (Piano e Violino); ‘Marchenbilder’, Op. 13 (Viola e Piano); 3
Romances Op. 94 (Oboé e Piano / também em versões para Flauta e Piano e Clarineta
e Piano); ‘3 Fantasiestücke’ Op. 73 (Clarineta e Piano / Violoncelo e Piano); ‘5 Stücke in
Volkston’ (‘5 Peças em Tons Folclóricos’), Op. 102 (Violoncelo e Piano); Adagio e Allegro
Op. 70 (Trompa e Piano)
C. Schumann (1819-1896)
• 3 Romances, Op. 22 (Violino e Piano)
H. Vieuxtemps (1820-1881)
• Elegie Op. 30 (Viola e Piano)
César Franck (1822-1890)
• Sonata em Lá Maior para Piano e Violino (também em versões para Violoncelo, Viola e
Flauta)
C. Reinecke (1824-1910)
• ‘Phantasiestücke’, Op. 43 (Viola e Piano); Sonata ‘Undine’ Op. 167 (Flauta e Piano /
também em versão para Clarineta e Piano)
J. Brahms (1833-1897)
• 3 Sonatas: Op. 78, Op. 100 e Op. 108 (Piano e Violino); Scherzo em dó menor
201
‘Sonatensatz’ (Piano e Violino); 2 Sonatas Op. 120 (Piano e Clarineta / Piano e Viola); 2
Sonatas: Op. 38 e Op. 99 (Piano e Violoncelo)
H. Wieniawski (1835-1880)
• Fantasia sobre temas do ‘Fausto’ de Gounod (Violino e Piano)
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• 2 Sonatas: Op. 32 e Op. 123 (Violoncelo e Piano); Sonata Op. 166 (Oboé e Piano);
Sonata Op. 167 (Clarineta e Piano); Sonata Op. 168 (Fagote e Piano)
Max Bruch (1838-1920)
• Romance Op. 85 (Viola e Piano)
A. Dvorak (1841-1904)
• Sonatina Op. 100 (Violino e Piano)
E. Grieg (1843-1907)
• 3 Sonatas: Op. 8, Op. 13 e Op. 45 (Violino e Piano); Sonata Op. 36 (Violoncelo e Piano)
C.M. Widor (1844-1937)
• Suíte ‘Florentine’ (Violino e Piano); Suíte Op. 34 (Flauta e Piano)
G. Fauré (1845-1924)
• Sonatas Op. 13 e Op. 108; Berceuse Op. 16; Romance Op. 28; Andante Op. 75 (Violino e
Piano); Sonatas Op. 109 e Op. 117; Papillon Op. 77; Sicilienne Op. 78; Élégie Op. 24;
Romance Op. 69; Sérénade Op. 98 (Violoncelo e Piano); Fantaisie Op. 79 (Flauta e
Piano)
Leopoldo Miguez (1850-1902)
• Sonata em Lá Maior, Op. 14 para Violino e Piano
H. Oswald (1852-1931)
• Sonata Op. 36, 2 Romances Op. 37 (Violino e Piano); Sonata Op. 21, Sonata Op. 44,
Elegia, Berceuse (Violoncelo e Piano)
E. Ysaye (1858-1931)
• Poema Elegíaco Op. 12 (Violino e Piano)
C. Debussy (1862-1918)
• Sonata (Violino e Piano); Sonata (Violoncelo e Piano); ‘Première Rapsodie’ (Clarineta e
Piano)
G. Pierné (1863-1937)
• Sonata Op. 36 (Flauta e Piano)
R. Strauss (1864-1949)
• Sonata Op. 18 (Violino e Piano); Sonata Op. 6 (Violoncelo e Piano); Andante Op.
Póstumo (Trompa e Piano)
C. Nielsen (1865-1931)
• 2 Sonatas (Violino e Piano); Fantasiestücke, Op. 2 (Oboé e Piano); Canto Serioso
(Trompa e Piano)
A. Roussel (1869-1937)
• ‘Joueurs de Flute’ Op. 27 (Flauta e Piano)
Max Reger (1873-1916)
• 3 Sonatas (Violoncelo e Piano); 3 Sonatas (Clarineta e Piano)
S. Rachmaninoff (1873-1943)
• Sonata, Op. 19; 2 Peças Op. 2 – Prelúdio e Dança Oriental’ – (Violoncelo e Piano); 2
Morceaux de Salon, Op. 6 (Violino e Piano)
202
M. Ravel (1875-1937)
• Sonata para Violino e Piano
R. M. Glière (1875-1956)
• 4 Pieces, Op. 32 / 11 Pieces, Op. 35 (para formações diversas) Intermezzo e Tarantella,
Op. 9 (Contrabaixo e Piano)
P. Gaubert (1879-1941)
• Fantasia (Flauta e Piano)
E. Bloch (1880-1959)
• Suíte 1919 (Viola e Piano)
B. Bartók (1881-1945)
• Sonatas I e II; Rhapsodies I e II (Violino e Piano); Rhapsody I (Violoncelo e Piano)
G. Enescu (1881-1955)
• Peça de Concerto (Viola e Piano)
K. Szymanowski (1882-1937)
• Sonata Op. 9 (Violino e Piano)
J. Turina (1882-1949)
• 2 Sonatas (Violino e Piano); Ciclo Plateresco: Tema e Variações, Op. 100 (Harpa e
Piano)
Z. Kodaly (1882-1967)
• Sonata, Op. 4 (Violoncelo e Piano)
I. Stravinsky (1882-1971)
• Duo Concertante (Violino e Piano); Suíte Italiana (Violino e Piano / Violoncelo e Piano)
A. Webern (1883-1945)
• Vier Stücke, Op. 7 (Violino e Piano); Sonata 1914, 2 Pieces 1899, 3 Pequenas Peças, Op.
11 (Violoncelo e Piano)
Arnold Bax (1883-1953)
• Sonata em Sol Maior (Viola e Piano); Sonata (Clarineta e Piano)
Alban Berg (1885-1935)
• 4 Peças, Op. 5 (Clarineta e Piano)
R. Clarke (1886-1979)
• Sonata (Viola e Piano)
H. Villa-Lobos (1887-1959)
• 3 Sonatas (Violino e Piano); 2 Sonatas, Pequena Suíte, O Canto do Cisne Negro
(Violoncelo e Piano)
B. Martinu (1890-1959)
• Sonatina 1956 (Clarineta e Piano); Sonatina 1957 (Trompete e Piano)
Jacques Ibert (1890-1962)
• Sonatina (Flauta e Piano); ‘Mélopée’ (Saxofone e Piano)
Frank Martin (1890-1974)
• Ballade 1939 (Flauta e Piano); Chaconne (Violoncelo e Piano)
S. Prokofieff (1891-1953)
• Sonata, Op. 80 para Violino e Piano; Sonata, Op. 94 para Flauta (Violino) e Piano; 5
Melodias, Op. 35 (Violino e Piano); Sonata, Op. 119, Ballade, Op. 15 (Violoncelo e
Piano)
A. Honegger (1892-1955)
• Sonatina (Clarineta e Piano); Intrada (Trompete e Piano)
203
D. Milhaud (1892-1974)
• Sonatina 1922 (Flauta e Piano); Sonatina 1955 (Oboé e Piano)
Walter Piston (1894-1976)
• Suíte 1931 (Oboé e Piano)
P. Hindemith (1895-1963)
• 6 Sonatas (Violino e Piano); 2 Sonatas (Viola e Piano); Kleine Sonate Op. 25 nº 2 (Viola
d’amore e Piano); 2 Sonatas (Violoncelo e Piano); 3 Peças Op. 8 (Violoncelo e Piano);
Sonata 1949 (Contrabaixo e Piano); Sonata 1936 (Flauta e Piano); Sonata 1938 (Oboé e
Piano); Sonata 1941 (Corne Inglês e Piano); Sonata 1939 (Clarineta e Piano); Sonata
1938 (Fagote e Piano); Sonata 1939 (Trompete e Piano); Sonata 1941 (Trombone e
Piano); 2 Sonatas – 1939 e 1943 (Trompa / Trompa Alto e Piano); Sonata 1941 (Trompa
Inglesa e Piano); Sonata 1955 (Tuba e Piano); Sonata 1943 (Saxofone e Piano)
H. Cowell (1897-1965)
• Homage to Iran; Suíte 1926; Sonata I 1945 (Violino e Piano); Hymn and Fuguing Tune
(Viola e Piano); 4 Declamations with Return (Violoncelo e Piano); 6 Casual
Developments (Clarineta e Piano); 3 Ostinati with Chorales (Oboé e Piano / com versão
para Clarineta e Piano); Hymn and Fuguing Tune nº 13 (Trombone e Piano)
A. Tansman (1897-1986)
• Sonatina 1926 (Flauta e Piano); Sonatina 1952 (Fagote e Piano)
F. Poulenc (1899-1963)
• Sonata para Violino e Piano; Sonata para Flauta e Piano; Sonata para Oboé e Piano;
Sonata para Clarineta e Piano; Sonata para Violoncelo e Piano; Elegie para Trompa e
Piano
D. Kabalevsky (1904-1987)
• Sonata, Op. 71 (Violoncelo e Piano)
André Jolivet (1905-1974)
• Fantaisie-Caprice (Flauta e Piano); Sonatina (Clarineta e Piano)
Radamés Gnattali (1906-1988)
• Sonata 1966 (Violino e Piano); Sonata 1935 (Violoncelo e Piano); Sonata 1969 (Viola e
Piano)
D. Shostakovich (1906-1975)
• Sonata, Op. 134 (Violino e Piano); Sonata, Op. 147 (Viola e Piano); Sonata, Op. 40
(Violoncelo e Piano)
J. Siqueira (1907-1985)
• 3 Estudos para Flauta e Piano; 3 Estudos para Oboé e Piano; 3 Estudos para Fagote e
Piano; 3 Estudos para Clarineta e Piano; 3 Estudos para Trompa e Piano; 3 Estudos
para Trombone de Vara e Piano; Sonatina (Oboé e Piano); Louvação (Violino e Piano)
M. Camargo Guarnieri (1907-1993)
• 5 Sonatas (Violino e Piano); Sonata 1950 (Viola e Piano); 3 Sonatas (Violoncelo e
Piano); Sonatina (Flauta e Piano)
O. Messiaen (1908-1992)
• Le Merle Noir (Flauta e Piano)
S. Barber (1910-1981)
• Sonata, Op. 6 (Violoncelo e Piano)
Jean Françaix (1912-1997)
• Divertimento 1955 (Flauta e Piano); Tema com Variações (Clarineta e Piano); Sonatina
1950 (Trompete e Piano); Divertimento 1959 (Trompa e Piano); 5 Danses Exotiques
204
Corne Inglês e Piano (1983); Sonata para Clarineta e Piano (1970); Sonatinas para
Clarineta e Piano (1974 e 1976); Sonata para Clarone e Piano (1987); Sonata para
Fagote e Piano (1969); Sonatina para Fagote e Piano (1974); Sonatina para Trompa e
Piano (1972); Sonatina para Trombone e Piano (1979);
E. Villani-Côrtes (1930)
• Sonata Encantada (Violino e Piano); Tríptico (Flauta e Piano / Clarineta e Piano);
Sonata 1969 (Viola e Piano / Violoncelo e Piano); Introdução e/ao Desafio 1988
(Trombone e Piano / Trompa e Piano); Série Brasileira 1991 (Flauta e Piano); Águas
Claras (Clarineta e Piano / Violino e Piano / Flauta e Piano); Luz (Clarineta e Piano /
Violino e Piano)
B. Blauth (1931-1993)
• Sonata (Fagote e Piano); Sonata (Oboé e Piano); Sonata (Viola e Piano); Sonatina
(Trompa e Piano); Sonatina (Flauta Doce ou Flauta Transversa e Piano); Sonatina
(Clarineta e Piano)
W. Watson (1933)
• Sonatina 1960 (Trombone e Piano)
K. Penderecki (1933)
• 3 Miniaturas 1956 (Clarineta e Piano)
M. Nobre (1939)
• Desafio III, Poema nº 1 (Violino e Piano); Variações Rítmicas, Sonâncias (Piano e
Percussão)
P. Klatzow (1945)
• Sonata 2007 (Clarineta e Piano)
J. Radzynski (1950)
• Personal Verses (Violino e Piano)
206
W. A. Mozart (1756-1791)
• 28 Lieder, incluindo: ‘Dans un bois solitaire’; ‘Abendempfindung an Laura’; ‘Als Luise
die Briefe’; ‘An Chloë’; ‘Das Veilchen’; ‘An die Freude’; ‘Im Frühlingsanfang’; ‘Der
Zauberer’; ‘Sehnsucht nach dem Frühling’ e ‘Ridente la calma’ (transcrito para voz e
piano pelo próprio compositor).
L. V. Beethoven (1770-1827)
• 6 Lieder, Op. 48; 8 Lieder, Op. 52; 6 Gesänge, Op. 75; 3 Gesänge, Op. 83; Adelaide, Op.
46; An die ferne Geliebte, Op. 98; Der Jüngling in der Fremde WoO 138.
F. Schubert (1797-1828)
• Ciclos: Die Schöne Müllerin (A Bela Moleira), D. 795; Winterreise (Viagem de Inverno),
D. 911; Schwanengesang (Canto do Cisne), D. 957; e mais de 450 Lieder, incluindo:
‘Erlkönig’, ‘Gretchen am Spinnrade’, ‘An die Musik’, ‘Auf dem Wasser zu singen’, ‘Du
bist die Ruh’, ‘Ganymed’, ‘Die junge Nonne’, ‘Nacht und Träume’, ‘Rastlose Liebe’, ‘Der
Tod und das Mädchen’, ‘An Silvia’, ‘Gesänge des Harfners’, ‘Der Wanderer’, ‘Ave
Maria’.
F. Mendelssohn (1809-1847)
• 12 Lieder, Op. 9; 6 Lieder, Op. 41; 6 Lieder, Op. 48; 6 Lieder, Op. 50; 6 Lieder, Op. 57; 6
Lieder, Op. 59; 6 Lieder, Op. 71; 4 Lieder, Op. 75; 4 Lieder, Op. 76; 3 Lieder, Op. 77; 3
Lieder, Op. 84; 6 Lieder, Op. 88; 4 Lieder, Op. 100; 4 Lieder, Op. 120; 2 Lieder, WoO 17;
2 Lieder, WoO 18; 12 Gesänge, Op. 8;49 6 Gesänge, Op. 19a; 6 Gesänge, Op. 34; 6
Gesänge, Op. 47; 6 Gesänge, Op. 86; 6 Gesänge, Op. 99.
F. Chopin (1810-1849)
• 19 Canções Polonesas, Op. 74.
R. Schumann (1810-1856)
• Ciclos: Myrthen, Op. 25; Liederkreis, Op. 24; Liederkreis, Op. 39; Frauenliebe und-
Leben, Op. 42; Dichterliebe, Op. 48; e mais de 90 Lieder e pequenos séries, incluindo:
Lieder und Gesänge I, Op. 27; Lieder und Gesänge II, Op. 51; Lieder und Gesänge III, Op.
77; Lieder und Gesänge IV, Op. 96; 5 Lieder und Gesänge, Op. 127; Romanzen und
Balladen I, Op. 45; Romanzen und Balladen II, Op. 49; Romanzen und Balladen III, Op.
53; Romanzen und Balladen IV, Op. 64.
F. Liszt (1811-1886)
• Diversas canções de câmara, incluindo – em francês: ‘Oh! Quand je dors’; ‘S’il est um
charmant gazon’; ‘Comment, disaient-ils’; ‘Enfant, si j'étais roi’; ‘La tombe et la rose’;
‘Gastibelza’; ‘Quand tu chantes’ – em alemão: ‘Mignon’s Lied’; Es war ein König in
Thule’; ‘Es muss ein Wunderbares sein’; ‘Freudvoll und leidvoll’; ‘Die Schlüsselblumen’;
‘In Liebeslust’; ‘Die Loreley’; ‘O lieb so lang du lieben kannst’; ‘Im Rhein, im schönen
Strome’; ‘Ich liebe dich’; ‘Das Veilchen’; ‘Wanderers Nachtlied’; ‘Der Hirt’; ‘Über allen
Gipfeln ist Ruh’; ‘Der du von dem Himmel bist’ – em italiano: ‘3 Sonetti di Petrarca’
(‘Pace non trovo’, ‘Benedetto sia il giorno’ e ‘I’vid in terra angelici costumi’); ‘Angiolin
dal biondo crin’.
C. Schumann (1819-1896)
• Lieder: Am Strande; Beim Abschied; Die gute Nacht, die ich dir sage; Lorelei; Mein
Stern!; O weh des Scheidens, das er tat; Das Veilchen; Volkslied; 12 Lieder, Op. 12; 6
49
As canções de ns. 2, 3 e 12, segundo alguns historiadores, são de autoria de Fanny Hensel-Mendelssohn.
207
J. Haydn (1732-1809)
• 43 Trios – destacando-se, entre eles, os de ns. 32 (Hob. XV:18), 33 (Hob. XV:19), 34
(Hob. XV:20), 35 (Hob. XV:21), 36 (Hob. XV:22), 37 (Hob. XV:23), 38 (Hob. XV: 24),
39 (Hob. XV: 25 – “Gypsy Trio”) e 40 (Hob. XV:26).
W. A. Mozart (1756-1791)
• 7 Trios: K. 254 (‘Divertimento’ em Si bemol Maior), K. 442 (ré menor), K. 496 (Sol
Maior), K. 502 (Si bemol Maior), K. 542 (Mi Maior), K. 548 (Dó Maior) e K. 564 (Sol
Maior)
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Trios: Op. 1 ns. 1 a 3, Op. 70 ns. 1 e 2, Op. 97, em Mi bemol Maior WoO 38, Allegretto
em Mi bemol Maior WoO 39, Variações Op. 121ª (‘Kakadu Variations’)
F. Schubert (1797-1828)
• Trios: Op. 99 (D. 898) e Op. 100 (D. 929); Notturno em Si bemol Maior, Op. 148
F. Mendelssohn (1809-1847)
• Trios: Op. 49 (dó menor) e Op. 66 (ré menor)
F. Chopin (1810-1849)
• Trio Op. 8
R. Schumann (1810-1856)
• Trios nº 1 Op. 63, nº 2 Op. 80, nº 3 Op. 110 , 4 Phantasiestücke Op. 88
F. Liszt (1811-1886)
• Rapsódia Húngara nº 9 ‘Le Carnaval de Pesth’ (transcrição do próprio compositor)
C. Schumann (1819-1896)
• Trio Op. 17
César Franck (1822-1890)
• Trios: Op. 1 ns. 1 a 3, Op. 2
E. Lalo (1823-1892)
• Trio I Op. 7, Trio II, Trio III Op. 26
B. Smetana (1824-1884)
• Trio Op. 15
C. Reinecke (1824-1910)
• Trio II Op. 230
A. Rubinstein (1829-1894)
• Trios: Op. 15 ns. 1 e 2, Op. 52, Op. 85 e Op. 108
J. Brahms (1833-1897)
• Trios: Op. 8 (1ª e 2ª Versões), Op. 87, Op. 101
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• Trios: Op. 18 e Op. 92
Max Bruch (1838-1920)
• Trio Op. 5
P. I. Tchaikovski (1840-1893)
• Trio Op. 50
A. Dvorak (1841-1904)
• Trios: Op. 21, Op. 26, Op. 65, Op. 90 (‘Dumky’)
G. Fauré (1845-1924)
• Trio Op. 120
213
D. Shostakovich (1906-1975)
• Trios nº 1 Op. 8 e nº 2 Op. 67
Radamés Gnattali (1906-1988)
• Trios I (1933), II (1967) e III (1984); Trio Miniatura; Lenda II (1937)
C. Guerra-Peixe (1914-1993)
• Trio (1960)
Edino Krieger (1928)
• Trio Tocata50 ; Sonatina51; Choro Manhoso e Nina (Valsa)52
E. Villani-Côrtes (1930)
• 5 Miniaturas Brasileiras
Marlos Nobre (1939)
• Trio Op. 4 (1960)
Ronaldo Miranda
• Alternâncias; Seis Fragmentos de um Inverno Solar
Tim Rescala (1961)
• Trigonometrio (2009)53
50
Obra encomedanda para a XIX Bienal de Música Contemporânea (2011) e dedicada ao Trio Aquarius (Flávio
Augusto, piano; Ricardo Amado, violino e Ricardo Santoro, violoncelo). Estréia mundial: Sala Sidney Miller
(FUNARTE), Rio de Janeiro, RJ, 16/10/2011) e gravada em 2020 para o CD “
51
Transcrição para trio por Flávio Augusto; gravada em 2020 para o CD “
52
Arranjos para trio por Flávio Augusto; gravada em 2020 para o CD “
53
Obra dedicada ao Trio Aquarius e gravada em 2011 no CD “Na Cadência do Silêncio” – com obras de câmara
de Tim Rescala. Estréia mundial: Teatro SESI, Rio de Janeiro, RJ, 21/11/2011.
215
J. Brahms (1833-1897)
• Gesänge (2 Canções), Op. 91 (Contralto/Mezzo Soprano)
R. Vaughan Williams (1872-1958)
• 4 Hymns (4 Hinos) 1920 (Tenor)
J. C. F. Bach (1732-1795)
• Sonata em Dó Maior
J. Haydn (1732-1809)
• Cassation; Trio Op. 2 nº 4 (cello ad lib.)
G. H. Köhler (1765-1833)
• Sonatas, Op. 66 e Op. 83
F. Doppler (1821-1883)
• Duettino Op. 37 (sobre motivo nacional americano)
C. Cui (1835-1918)
• 5 Pequenos Duos Op. 56
F. Behr (1837-1898)
• Peças: 2 Noturnos, Op. 183 e ‘Evening on the Sea’, Op. 252 nº 3
J. Suk (1874-1935)
• Bagatela
P. Gaubert (1879-1941)
• Medailles Antiques (‘Nymphes a la fontaine – Danses’)
B. Martinu (1890-1959)
• Madrigal Sonata (1936); Sonata (1936); Sonatas H. 254
E. Mahle (1929)
• Trio (1952)
J. Haydn (1732-1809)
• Piano Trios: Hob. XVI:15, 16 e 17; Trio 15 (também na formação Flauta, Fagote e
Piano)
L. Kozeluch (1747-1818)
• Piano Trios (Sonatas) Op. 34; 3 Piano Trios (Sonatas) Op. 41
M. Clementi (1752-1832)
• Trios Op. 21; 3 Trios Op. 22
I. Pleyel (1757-1831)
• Sonatas Op. 16 (ns. 1, 2 e 5); Grand Trio Op. 29
J. L. Dussek (1760-1812)
• Sonata Op. 65
J. N. Hummel (1778-1837)
• Adagio, Variações e Rondó Op. 78 (sobre um tema russo)
C. M. von Weber (1786-1826)
• Trio Op. 63
216
F. Kuhlau (1786-1832)
• Trio Concertante Op. 119
C. Lefebvre (1843-1917)
• Ballade
G. Pierné (1863-1937)
• Sonata da camera Op. 48
P. Gaubert (1879-1941)
• Aquarelles
B. Martinu (1890-1959)
• Trio 1944 (também na versão Flauta, Viola e Piano)
W. A. Mozart (1756-1791)
• Trio em Mi bemol Maior, K. 498
R. Schumann (1810-1856)
• Märchenerzählungen (‘Fairy Tales’) Op. 132
C. Reinecke (1824-1910)
• Trio, Op. 264
M. Bruch (1838-1920)
• 8 Peças, Op. 83 (também na versão Clarineta, Violoncelo e Piano)
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Trio Op. 38
M. Glinka (1804-1857)
• Trio Pathétique (também executado com Clarineta, Fagote e Piano)
J. Brahms (1833-1897)
• Trio Op. 114
Vincent d’Indy (1851-1931)
• Trio Op. 29
Charles Ives (1874-1954)
• Largo
R. Muczynski (1929-2010)
• Fantasy Trio Op. 26
Pascal Picard (1962)
• Sonata Op. 27
L. Spohr (1784-1859)
• 6 Deutsche Lieder (6 Canções Alemãs) Op. 103
G. Donizetti (1797-1848)
• Canzonetta ‘Or che la note invita’, In. 529
F. Schubert (1797-1828)
• Der Hirt auf dem Felsen (O Pastor no Rochedo), D. 965
217
C. Friedemann (1862-1952)
• Ehestandsgeplauder, Op. 54
F. Poulenc (1899-1963)
• Trio (1926)
J. Reager (1963)
• Fantasy (2016)
J. Haydn (1732-1809)
• Trio XVI:15 (também na formação Flauta, Violoncelo e Piano)
F. Devienne (1759-1803)
• Sonata
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Trio em Sol Maior, WoO 37
G. Donizetti (1797-1848)
• Trio A. 507
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Trio Op. 11
G. Pierné (1863-1937)
• Sonata da Camera Op. 48
B. Bartók (1881-1945)
• Contrasts (1938)
I. Stravinsky (1882-1971)
• Suite from ‘L’Histoire du Soldat’
Alban Berg (1885-1935)
• Adagio from Chamber Concerto (arranjado para trio pelo próprio compositor)
D. Milhaud (1892-1974)
• Suite (1936)
A. Khachaturian (1903-1978)
• Trio (1932)
J. Brahms (1833-1897)
• Trio Op. 40
W. J. Sydeman (1928)
• Horn Trio
J. Klimek (1962)
• Alliterationen (2011)
A. I. Bruun (1993)
• Trio nº 1, Op. 3
218
W. A. Mozart (1756-1791)
• Piano Quartetos K. 478 e K. 493
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Piano Quartetos WoO 36 (I. Mi bemol Maior, II. Ré Maior, III. Dó Maior)
C. M. von Weber (1786-1826)
• Quarteto, Op. 8
F. Schubert (1797-1828)
• Piano Quarteto, D. 487
F. Mendelssohn (1809-1847)
• Piano Quartetos Op. 1, Op. 2 e Op. 3
R. Schumann (1810-1856)
• Piano Quarteto, Op. 47
A. Rubinstein (1829-1894)
• Quartetos Op. 55 e Op. 66
J. Brahms (1833-1897)
• Piano Quartetos Op. 25, Op. 26 e Op. 60
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• Quarteto, Op. 41
A. Dvorak (1841-1904)
• Quartetos Op. 23 e Op. 87
G. Fauré (1845-1924)
• Quartetos Op. 15 e Op. 45
E. Chausson (1855-1899)
• Piano Quarteto, Op. 30
G. Mahler (1860-1911)
• Quarteto (1876)
R. Strauss (1864-1949)
• Piano Quarteto, Op. 13
Max Reger (1873-1916)
• Quarteto, Op. 133
G. Enescu (1881-1955)
• Quarteto II Op. 30
J. Turina (1882-1949)
• Quarteto, Op. 67
Arnold Bax (1883-1953)
• Quarteto
B. Martinu (1890-1959)
• Quarteto I (1942)
D. Milhaud (1892-1974)
• Quarteto (1966)
W. Piston (1894-1976)
• Quarteto (1964)
A. Tansman (1897-1986)
• Suite-Divertissement
219
A. Copland (1900-1990)
• Quarteto (1950)
W. Walton (1902-1983)
• Piano Quarteto
I. Xenakis (1922-2001)
• Morsima-Amorsima (1962)
J.A.R. de Almeida Prado (1943-2010)
• Ex itinere (1974)
M. Gnesin (1883-1957)
• Pequenas Peças, Op. 60
P. Hindemith (1895-1963)
• Quarteto (1938)
O. Messiaen (1908-1992)
• Quarteto ‘pour la fin du temps’ (1941)
S. Torré (1956)
• Clouds (2009)
R. G. Patterson (1970)
• Currents (2005)
P. Bjuhr (1971)
• Beyond the End of Times
D. Wallace (1982)
• The Great Lakes Variations (2015)
L. van der Stadt (1991)
• Piano Quartet nº 1, Op. 5
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• Capricho sobre árias dinamarquesas e russas, Op. 79
L. A. Mayeur (1837-1894)
• Quarteto (1892)
J. Amberg (1846-1928)
• Suíte em Três Movimentos (1905)
Darius Milhaud (1892-1974)
• Sonate, Op. 47 (1918)
M. Alejandre Prada (1977)
• Trio de Madeiras com Piano, Op. 48 (2009)
L. V. Beethoven (1770-1827)
• 25 Canções Escocesas, Op. 108; 25 Canções Irlandesas, WoO 152; 20 Canções
Irlandesas WoO 153; 12 Canções Irlandesas WoO 154; 26 Canções Galesas WoO 155;
12 Canções Escocesas, WoO 156; 12 Canções de Várias Nacionalidades, WoO 157; 23
220
VII. QUINTETO (“Piano Quintet” – Formação I: Piano, Violinos I e II, Viola e Violoncelo)
L. Boccherini (1743-1805)
• Quintetos Op. 57 – ns. 1, 2 e 6
J. Field (1782-1837)
• Quinteto em Lá bemol Maior
I. Moscheles (1794-1870)
• Grandes Variações sobre uma melodia nacional austríaca, Op. 42
R. Schumann (1810-1856)
• Piano Quinteto, Op. 44
César Franck (1822-1890)
• Quinteto em fá menor
A. Borodin (1833-1887)
• Quinteto (1862)
J. Brahms (1833-1897)
• Piano Quinteto, Op. 34
C. Saint-Saëns (1835-1921)
• Quinteto, Op. 14
A. Dvorak (1841-1904)
• Quinteto, Op. 81
G. Fauré (1845-1924)
• Quintetos Op. 89 e Op. 115
Vincent d’Indy (1851-1931)
• Quinteto, Op. 81
Henrique Oswald (1852-1931)
• Quinteto
E. Elgar (1857-1934)
• Quinteto, Op. 84
A. Arensky (1861-1906)
• Quinteto, Op. 51
G. Pierné (1863-1937)
• Quinteto, Op. 41
E. Granados (1867-1916)
• Quinteto em sol menor (1898)
Max Reger (1873-1916)
• Quinteto, Op. 64
J. Suk (1874-1935)
• Quinteto, Op. 8
E. Dohnányi (1877-1960)
• Quintetos Op. 1 e Op. 26
N. Medtner (1880-1951)
• Quinteto (1950)
Ernst Bloch (1880-1959)
• Quintetos I (1921) e II (1957)
B. Bartók (1881-1945)
• Quinteto (1904)
222
G. Enescu (1881-1955)
• Quinteto, Op. 29
J. Turina (1882-1949)
• Quinteto (1907)
A. Webern (1883-1945)
• Quinteto (1907 – revisado e editado em 1974)
B. Martinu (1890-1959)
• Quinteto (‘La Sirène Musicale’ – 1933)
Frank Martin (1890-1974)
• Quinteto (1920-1)
D. Milhaud (1892-1974)
• Piano Quintet (1951)
Walter Piston (1894-1976)
• Quinteto (1949)
M. Castelnuovo-Tedesco (1895-1968)
• Quinteto I (1932); Quinteto II (1951)
E. W. Korngold (1897-1957)
• Quinteto, Op. 15
A. Tcherepnin (1899-1977)
• Quinteto, Op. 44
D. Shostakovich (1906-1975)
• Piano Quinteto, Op. 57
A. Ginastera (1916-1983)
• Quinteto (1963)
Sofia Gubaidulina (1931)
• Quinteto (1957)
VII.1. QUINTETO (“Piano Quintet” – Formação II: Piano, Violino, Viola, Violoncelo e
Contrabaixo)
J. L. Dussek (1760-1812)
• Quinteto, Op. 41
J. B. Cramer (1771-1858)
• Quintetos nº 1, Op. 60; nº 2, Op. 69 e nº 3 Op. 79
J. N. Hummel (1778-1837)
• Quinteto, Op. 87
F. Schubert (1797-1828)
• Piano Quintet, Op. 114 – D. 667 (‘A Truta’)
L. Farrenc (1804-1875)
• Quinteto nº 1, Op. 30; Quinteto nº 2, Op. 31
A. Blanc (1828-1885)
• Quinteto, Op. 39
R. Vaughan Williams (1872-1958)
• Quinteto em dó menor (1903)
223
W. A. Mozart (1756-1791)
• Quinteto em Mi bemol Maior, K. 452; Sinfonia Concertante, K. 297b
L. V. Beethoven (1770-1827)
• Quinteto em Mi bemol Maior, Op. 16
F. Danzi (1763-1826)
• Quinteto, Op. 41
F. W. Grund (1791-1874)
• Quinteto, Op. 8
F. Spindler (1817-1905)
• Quinteto, Op. 360
E. Pauer (1826-1905)
• Quinteto, Op. 44
H. V. Herzogenberg (1843-1900)
• Quinteto, Op. 43
T. H. H. Verhey (1848-1929)
• Quinteto, Op. 20
N. H. Rice (Eduard Reuss) (1851-1911)
• Quinteto, Op. 2
F. Volbach (1861-1940)
• Quinteto, Op. 24
W. Gieseking (1895-1956)
• Quinteto
A. Schoenberg (1874-1951)
• Sinfonia de Câmara, Op. 9; Pierrot Lunaire (Melodrama), Op. 21 (lembrando que a
obra é protagonizada por uma cantora (soprano) – e o flautista, em algumas obras,
também toca piccolo; assim como o clarinetista também toca clarineta baixo)
F. Rzewski (1938)
• Brussels Diary (2010)
A. Violette (1953)
• Quinteto (1983)
S. Torré (1956)
• Interstices for 5 Instruments (1. Vacíos; 2. Llenos) 2007
J. M. Harrington (1966)
• KaleidoPsychoTropos (1995); Traversées Nocturne (2013)
C. Rolfes (1983)
• Scherzo für Emma, Op. 19 (2005)
T. Nicholson (1995)
• ‘Apparitions’ (2014)
224
VIII. SEXTETO (“Piano Sextet” – Formação I: Piano, Violinos I e II, Viola, Violoncelo e
Contrabaixo
J. B. Cramer (1771-1858)
• Sexteto, Op. 85
C. Arnold (1794-1873)
• Piano Sexteto, Op. 23
H. Bertini (1798-1876)
• Piano Sextetos nº 2, Op. 85 e nº 3, Op. 90
C. Czerny (1791-1857)
• Andante e Rondó, Op. 213
M. Glinka (1804-1857)
• Divertimento Brilliante (sobre ‘La Sonnambula’ de Bellini); Grande Sexteto
C. V. Alkan (1813-1888)
• Rondo Brilhante, Op. 4
P. I. Tchaikovsky (1840-1893)
• Allegro em dó menor
O. Olsen (1850-1927)
• Petite Suite, Op. 50
S. Lyapunov (1859-1924)
• Piano Sexteto, Op. 63
F. Weingartner (1863-1942)
• Piano Sexteto, Op. 33
IX. SEXTETO (“Piano Sextet” – Formação II: Piano, Violino, Violas I e II, Violoncelo e
Contrabaixo
F. Ries (1784-1838)
• Sexteto, WoO 76
H. Bertini (1798-1876)
• Piano Sextetos nº 4, Op. 114 e nº 5, Op. 124
F. Mendelssohn (1809-1847)
• Sexteto em Ré Maior, Op. 110
S. Prokofieff (1891-1953)
• Sexteto (‘Overture on Jewish Themes’), Op. 3
A. Copland (1900-1990)
• Sexteto
S. Seyfried (1984)
• Sexteto (2010)
225
IX.2. SEXTETO (“Piano e Quinteto de Sopros” – Piano, Flauta, Oboé, Clarineta, Fagote e
Trompa)
L. Farrenc (1804-1875)
• Sexteto em dó menor, Op. 40
V. d’Indy (1851-1931)
• Sarabande et Menuet, Op. 72
H. Huber (1852-1921)
• Sexteto
A. Roussel (1869-1937)
• Divertissement, Op. 6
C. Quef (1873-1931)
• Suíte, Op. 4
J. Holbrooke (1878-1958)
• Sexteto nº 2, Op. 33a
M. Brauer (1882-1955)
• Sexteto
G. Jacob (1895-1984)
• Sexteto em Si bemol Maior, Op. 6 (1956)
F. Mignone (1897-1986)
• Sexteto (1937)
F. Poulenc (1899-1963)
• Sexteto
R. Casadesus (1899-1972)
• Sexteto, Op. 58