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COMO ESTUDAR A DOUTRINA SECRETA? 
 
ALFREDO PUIG FIGUEROA1 
 
TheoSophia y Ano 94 y Abril/Maio/Junho 2005 
 
 
 
O propósito desta obra pode ser expresso da seguinte maneira: 
mostrar  que  a  Natureza  não  é  "uma  reunião  fortuita  de  áto‐
mos", e indicar ao homem seu devido lugar no esquema do Uni‐
verso;  resgatar  da  degradação  as  verdades  arcaicas  que  são  à 
base de todas as religiões; revelar de certo modo a unidade fun‐
damental  da  qual  tudo  surge;  e  finalmente  mostrar  que  o  lado 
oculto  da  Natureza  nunca  foi  abordado  pela  ciência  da  civiliza‐
ção moderna.  
 
Helena Petrovna Blavatsky, 
DS. vol. 1, pp. 8‐9. Ed. Adyar, 1938 
 
Como estudar A Doutrina Secreta? Devo ler primeiro outros livros e esperar para 
estudá‐la? Devo ler logo esta obra? Quais são os requisitos para estudá‐la? Existe al‐
gum método para estudá‐la?  
Estas e outras perguntas semelhantes, que de tempo em tempo são feitas por pes‐
soas da Sociedade Teosófica, tanto membros novos como antigos, fizeram‐me pensar 
em como responder a essas perguntas, e de que maneira dar respostas que satisfizes‐
sem as indagações dos estudantes de teosofia.  
Minha intenção ao fazer este trabalho foi colocar à disposição de estudantes since‐
ros  algumas  recomendações  para  facilitar‐lhes  a  leitura  e  o  estudo  desta  obra  mo‐
numental, cujo objetivo, nas próprias palavras de HPB é "conduzir à verdade", afirma‐
ção que ela repetiu muitas vezes.  
Desde  o  início  vemos  uma  diferença  notável  entre  A  Doutrina  Secreta  e  os  livros 
que  estamos  acostumados  a  ler,  sejam  eles  textos,  relatos  ou  romances  que  ge‐

1
 Ex‐Presidente Nacional da Sociedade Teosófica no Brasil. 


ralmente seguem uma seqüência na qual cada ponto é explicado à medida que se a‐
presenta.  
Por isso ao ler a DS sentimos certa confusão, e a própria HPB nos alertou sobre isso 
quando  disse:  "A  leitura  de  A  Doutrina  Secreta,  página  por  página,  como  lemos  um 
livro qualquer, só terminará em confusão."  
Um enfoque interessante que devemos observar, é que A Doutrina Secreta é apre‐
sentada como um conceito platônico e não aristotélico. Não é o peso dos fatos e dados 
conhecidos, mas o conceito arquetípico do Todo que temos em primeiro lugar, e de‐
pois cabe ao estudante buscar e fixar os detalhes à medida que prossegue em seu es‐
tudo.  
Como  exemplo  concreto  do  conceito  platônico,  o  estudante  encontra  o  conceito 
do Universo como um Todo, sem muitos detalhes, e como estes vão sendo agregados 
no  lugar  apropriado,  dentro  do  quadro  geral  em  que  foi  concebido,  dependendo  da 
capacidade  para  relacionar  os  fatos,  cada  um  será  ou  não  capaz  de  compreendê‐los 
integrando o Todo.  
É evidente que a relação que existe entre a interpretação do oculto e a verdadeira 
experiência que se pode ter do oculto em si são coisas diametralmente diferentes, já 
que o caminho do ocultismo é um assunto inteiramente individual e pessoal.  
Neste trabalho faço várias citações da atitude que a própria HPB considerava que 
se  devia  ter  ao  estudar  A  Doutrina  Secreta.  Devemos  isto  ao  capitão  Robert  Bowen, 
que em 1891 perguntou sinceramente a HPB como se deveria estudar sua obra e que 
atitude se deveria ter sobre seu conteúdo. Ele anotou cuidadosamente as observações 
que ela fez a esse respeito e depois as leu para ela que as aprovou. Ela disse, ao ler as 
notas: "Isto pode ser útil para alguém daqui a 30 ou 40 anos." E isso aconteceu exata‐
mente 41 anos mais tarde, em janeiro de 1932, quando foram publicadas estas notas, 
que surgiram entre os documentos do filho de Bowen e vieram à luz numa pequena 
revista Theosophy in Ireland editada em Dublin, Irlanda.  
Mencionaremos agora alguns aspectos adicionais que devemos ter em conta para 
este estudo:  
Devemos manter a regularidade no estudo que vamos fazer. A vida é um processo 
de ritmo harmônico com o qual vamos nos relacionar. O estudo pode ser feito diário, 
semanal,  quinzenalmente,  ou  em  períodos  que  consideremos  mais  apropriados  de 
acordo com nossas possibilidades.  
Mas se decidirmos fazê‐lo semanalmente, deve ser em dia e hora fixada. Sabemos 
que a princípio teremos contratempos, compromissos ou dificuldades familiares, que 
podem interferir no nosso propósito, mas devemos ser firmes nessa decisão para man‐
ter a regularidade no estudo.  
Lembremos  que  embora  tenhamos  que  fazer  muitas  coisas  em  nossa  vida  diária, 
sempre paramos várias vezes ao dia para nos alimentar. O estudo da A Doutrina Secre‐


ta  é  nosso  valioso  "alimento  espiritual",  algo  básico  e  indispensável  para  a  presente 
encarnação e para todas nossas vidas futuras.  
Embora seja apenas uma recomendação de nossa parte, queremos enfatizar a im‐
portância  da  regularidade  deste  estudo.  Os  resultados  serão,  em  curto  prazo,  muito 
alentadores,  pois  nos  sentiremos  envoltos  pela  atmosfera  especial  que  emana  desta 
magnum opus.  
Outra sugestão que fazemos é que, paralelamente ao estudo de A Doutrina Secre‐
ta, escolhamos como livro de meditação A Voz do Silêncio, da própria HPB, seguindo o 
método tradicional de ler um aforismo e memorizá‐lo antes de dormir para que o te‐
nhamos na memória e meditemos sobre ele na manhã seguinte.  
Outro aspecto importante é estudar a vida de HPB. Conhecer em detalhes sua vida 
é incrementar nossa admiração e respeito por ela e estar ciente da enorme dívida de 
gratidão que temos para com ela. A edição de Adyar de A Doutrina Secreta foi publica‐
da em inglês em 1938, por ocasião do cinqüentenário da primeira edição, e nela apa‐
rece  um  artigo  intitulado  "HPB:  sinopse  de  sua  vida",  de  Josephine  Ranson,  en‐
carregada de revisar e preparar esta edição especial. Em 29 de julho de 1988, em ceri‐
mônia presidida por Radha Burnier, Presidenta Internacional da Sociedade Teosófica, 
foi comemorado em Londres o Centenário da publicação desta obra. É tempo, portan‐
to, de começar o estudo desta importante obra.  
Existem outras fontes para conhecer a vida de HPB e, dentre elas, podemos citar a 
obra de nosso Presidente Fundador, coronel H. S. Olcott, intitulada Old Diary Leaves, 
primeira edição publicada em 1900. Há outras obras que devo mencionar: Helena Bla‐
vatsky  ‐  a  Vida  e  a  Influência  Extraordinária  da  Fundadora  do  Movimento  Teosófico 
Moderno,  de  Sylvia  Cranston  (Ed.  Teosófica),  e  The  Esoteric  Word  of  Madame  Bla‐
vatsky, de Daniel Caldwell (TPH, Wheaton, 2000). Finalmente, é útil tudo que nos per‐
mita conhecer a vida extraordinária de nossa reverenciada HPB, pois toda obra tem a 
marca de seu autor.  
Embora não exista limite quanto aos métodos ou formas de estudo sugeridas, va‐
mos agora analisar cinco dos métodos recomendados.  
 
Primeiro Método:  
 
Tentar compreender o significado dos Três Princípios Fundamentais tal como apa‐
recem no Proêmio do primeiro volume.  
Quando pediram a HPB que explicasse a forma correta de estudar A Doutrina Se‐
creta, ela disse que "a primeira coisa que devemos fazer, embora leve anos para con‐
seguirmos,  é  captar  o  significado  dos  três  Princípios  Fundamentais  que  aparecem  no 
Proêmio."  


Não há dúvida de que HPB foi a primeira notável instrutora do oculto na Sociedade 
Teosófica, pois foi a maior responsável de popularizar termos como "oculto" e "ocul‐
tismo".  
No  Proêmio  ela  apresenta  três  grandes  Proposições  ou  Princípios,  para  indicar  a 
natureza do oculto.  
A Primeira Proposição diz que existe a Realidade Absoluta una, ou em suas próprias 
palavras:  "Um  Princípio  Onipresente,  Eterno,  Ilimitado  e  Imutável,  sobre  o  qual  toda 
especulação é impossível, já que transcende o poder da concepção humana e só pode 
ser diminuído por qualquer expressão ou semelhança humana. Está além do horizonte 
e  do  alcance  do  pensamento  e  é,  nas  próprias  palavras  do  Mandukya  Upanishad,  in‐
concebível e inefável!"  
A Segunda Proposição é "A eternidade do Universo in toto como plano sem limites, 
periodicamente  cenário  de  incontáveis  universos  que  se  manifestam  e  desaparecem 
incessantemente".  Este princípio  afirma  que  existe,  funcionando  em  toda  parte,  uma 
lei de inalação e exalação, que se projeta e se recolhe, como no dormir e no despertar, 
no dia e na noite, no nascer e no morrer, na manifestação e no recesso.  
A Terceira Proposição é "A identidade fundamental de todas as almas com a Alma 
Universal, sendo esta em si mesma um aspecto da Raiz Desconhecida" e continua HPB 
demonstrando que, à luz da segunda proposição, este terceiro princípio de identidade 
de todas as almas individuais com a Alma Una, abarca a todos nós, como indivíduos ou 
como coletividade humana, e que vamos confirmar esta lei de manifestação e recesso, 
de nascimento e morte, através de uma extensa peregrinação de experiências.  
Esta Terceira Proposição é relacionada pela irmã Joy Mills com o conceito de Fra‐
ternidade, e ela diz o seguinte:  
“Ao justificar a existência na Sociedade Teosófica como único requisito para ser seu 
membro, a aceitação da  idéia  da Fraternidade Universal,  dizemos  que a  fraternidade 
que postulamos tem origem espiritual. Mas qual é esta peculiaridade? Todas as gran‐
des  religiões  expressam  uma  fraternidade  derivada  de  fontes  espirituais.  Portanto  a 
Sabedoria Divina, como raiz de todas as religiões, deve esclarecer esta questão e dar 
uma explicação metafísica à idéia projetada e consciente."  
"A metafísica certamente se vale da Terceira Proposição Fundamental apresentada 
em A Doutrina Secreta. Mas existe um pensamento adicional acrescentado pelas pala‐
vras "identidade fundamental". A fraternidade não surge num vazio. Pode existir ape‐
nas quando há uma origem comum, uma raiz comum. A idéia de fraternidade é secun‐
dária à da consideração fundamental; é o corolário filosófico da declaração metafísica 
da identidade. A fraternidade implica em existências separadas e independentes, entre 
as quais existe certa relação, a relação de fraternidade. Neste sentido, identidade é não 
ter relação, porque onde existe o Uno não há nada com o que se relacionar. Quando o 
Uno  se  relaciona,  existe  Aquilo  fora  do  Uno  com  o  qual  se  relaciona  e,  conseqüente‐
mente existem Dois ou a Dualidade; a relação é a ponte que une os dois. E, onde quer 


que exista uma dualidade existe uma Trindade, porque o terceiro aspecto é a relação. 
'Quando o Um se torna Dois, aparece o Terceiro...' (Estâncias de Dzyan). Portanto po‐
demos dizer que a fraternidade existe somente durante a manifestação, porque quan‐
do cessa a manifestação subsiste apenas 'o Pai Eterno', envolto em suas vestes sempre 
invisíveis."  
Sintetizando  brevemente:  os  Três  Princípios  postulam  que  existe  uma  Realidade 
Absoluta do Um Incognoscível, que os universos estão perpetuamente entrando e sa‐
indo da manifestação, e que todos os "eus" são em essência o Eu Uno, que é um as‐
pecto da Realidade Absoluta ou Primordial.  
HPB dedica o resto de A Doutrina Secreta para explicar em detalhe estas Proposi‐
ções  Fundamentais  e  mostra  como  se  expressam  e  se  ampliam  os  ensinamentos  da 
religião  e  das  tradições  dos  mistérios  que  existiram  através  de  todos  os  séculos  na 
Humanidade. 
Estas  Proposições  afirmam  que  embora  estejamos  vivendo  agora  num  mundo  de 
multiplicidade, cheio de seres e de objetos diferentes de nós mesmos, no coração de 
tudo  está  a  Unidade,  e  toda  essa  variedade  é  apenas  uma  expressão  passageira  da 
plenitude  infinita  do  Uno.  Elas  também  afirmam  que  embora  nossa  vida  atual  esteja 
numa condição de manifestação, de energias e atividade visível voltadas para o exteri‐
or, da mesma maneira existe um aspecto não manifestado, e chegará o momento para 
todos os seres, universos ou criaturas de qualquer espécie "em que Aquilo que emergiu 
das profundezas insondáveis, regressará novamente a seu lar”.  
 
Segundo Método:  
 
Estudar  as  definições  relacionadas  com  determinado  tema  e  procurar  todas  as  i‐
déias afins, para o que utilizaremos o índice do VI volume (DS, edição Adyar, 1938.)  
Isto  nos  permite  estudar  os  ensinamentos‐chave  da  Sabedoria  Divina  ou  Filosofia 
Esotérica,  o  que  requer  muito  tempo  de  estudo,  e  periodicamente  acrescentaremos 
um pequeno comentário próprio a cada etapa.  
Como exemplo, tomemos em consideração o ensinamento do renascimento e ve‐
jamos suas referências na obra citada:  
 
Renascimento   (Rebirth) 
III, 321  Bharata, de  
II, 295   Brahmanes, dos  
III, 90   Cósmico 
III, 235, 248, 307  Leis cíclicas, das 
I, 150   Devotos não isentos de  
III, 249  Essência divina do  
I, 224, 284; V, 83  Doutrina do  
IV, 187   Juízo final do  


IV, 329   Crenças dos druidas sobre o 
II, 361   Duração de sucessivos  
IV, 205   Ego ou mônada  
III, 120   Crença dos essênios sobre  
IV, 273   Globo de nossos  
II, 178; III, 372   Deuses e semi‐deuses dos 
III, 304   Individualidade, da  
V, 84   Isaac e Jacó, de 
V, 247  Karma e 
III, 237, 304  Karma e ciclos de 
II, 359   Cosmos do  
II, 86   Maha Pralaya, depois do 
II, 81  Homem, do  
II, 296  Mônada, da 
III, 277, 323  Narada e o  
V, 566  Períodos entre os  
I, 213   Cadeias planetárias, das  
III, 365  Deuses primitivos, dos 
I, 333   Punarjanman ou o  
II, 101  Purificação depois de 3.000 anos de 
I, 284  Religiões e doutrinas, nas 
IV, 37,113; V, 83  Espiritual  
II, 121  Símbolo de revestir‐se e o 
V, 356  Teoria do  
V, 351  Três tipos de  
III, 171  Mundos, dos 
II, 383  Mundo, dos salvadores do 
 
(As referências indicam volume e páginas na edição Adyar, 1938, em inglês.)  
 
De modo que, para poder ler e estudar todas as referências para o termo renasci‐
mento, nós temos obviamente que dedicar muito tempo.  
Se acrescentarmos termos afins, correlacionados com o mesmo, tal como renasci‐
do, palingenesia, metempsicose, somático, preexistência, reencarnação, transmigração 
e muitos outros neste extenso tema, não é difícil compreender que é uma forma atra‐
ente de aprofundarmo‐nos nestes ensinamentos‐chave da Sabedoria Divina.  
Outra linha de estudo pode ser a Cabala, um tema de muito interesse para os estu‐
dantes  de  teosofia.  Nele  buscaremos  definições  do  termo  Cabala,  que  tem  página  e 
meia  de  referências,  depois  acrescentaríamos  o  termo  em  hebraico:  cabbalah,  tradi‐
ção, e outros mais.  
 
 
 


Terceiro Método:  
 
Para  poder  analisar  cada  termo  e  as  referências  relacionadas  com  ele  em  toda  a 
obra, dentro do contexto em que são utilizadas, será útil usar o índice do vol. VI. Aqui é 
especialmente útil usar o Glossário Teosófico de HPB, ed. Ground, em português.  
Este método está relacionado com o anterior, mas seu propósito é aprofundar um 
assunto específico e estudá‐lo por todos os ângulos possíveis.  
Por exemplo, às vezes ouvimos na Loja o comentário de um irmão de que sempre 
estamos falando sobre Karma. Pode‐se tratar deste tema de maneira superficial, mas 
repetir sempre os mesmos conceitos não é a forma mais atraente de apresentá‐lo.  
Mas todos nós concordamos de que a Lei do Karma, como tema de estudo, é uma 
questão básica relacionada com cada um dos momentos de nossa vida diária. Tudo o 
que nos rodeia, o que nos sucede, o que acontece em todo o lugar, não é mais do que 
uma expressão sábia e inteligente dessa Lei de Justiça Divina de Retribuição, como a 
denominaram os místicos cristãos e que HPB define como "a lei de equilíbrio no Uni‐
verso”.  
O Karma, como tema de estudo, é algo muito instigante e misterioso, cujo conhe‐
cimento em profundidade explica muitas coisas e desvenda muitos segredos. No vol. 
IV da obra as definições de Karma aparecem como referências das páginas 209 à 211 
(em inglês).  
A leitura de todas as referências sobre o Karma, na A Doutrina Secreta, seu estudo 
e  reflexão,  não  apenas  enriquecem  nossa  compreensão  sobre  este  ensinamento‐
chave, complementando o estudo deste assunto em outras obras teosóficas, mas tam‐
bém dão uma nova perspectiva a nossas vidas e a nossas relações com os demais.  
Creio sinceramente que o estudo do Karma é muito conveniente e fascinante, e a 
este respeito devo assinalar que a Dra. Annie Besant em sua obra Karma, coloca como 
introdução  um  fragmento  de  uma  carta  do  Mestre  K.H.  publicada  no  livro  O  Mundo 
Oculto, de A.P. Sinnett, que transcrevo a seguir:  
"Cada  pensamento  emitido  pelo  homem  passa  ao  mundo  interior  e  se  converte 
numa entidade ativa, associando‐se, poderíamos dizer aderindo‐se a uma dessas forças 
meio inteligentes nos domínios invisíveis. Esta entidade sobrevive como uma inteligên‐
cia ativa, criatura engendrada pelo espírito, durante um período mais ou menos exten‐
so, dependendo da primeira intensidade da ação cerebral que a despertou. Deste mo‐
do, um bom pensamento se perpetua como um poder bem‐feitor ativo, e um mau, co‐
mo um demônio cruel. Assim um homem povoa continuamente sua corrente no espa‐
ço, com um mundo próprio, onde surgem os brotos de seus sonhos, desejos, impulsos e 
paixões; uma corrente que reage sobre toda organização sensitiva ou nervosa que en‐
tra  em  cantata  com  ela,  em  proporção  a  sua  intensidade.  Os  budistas  a  chamam  de 
Skandha, os hindus, de Karma. O Adepto emite conscientemente estas formas, os ho‐
mens comuns às emitem inconscientemente."  


Da mesma maneira podemos também escolher outros assuntos importantes como 
estudo,  para  fixar  com  precisão  os  conceitos  que  temos  dos  mesmos,  por  exemplo, 
quando estudamos Manvantaras, Pralayas, Cadeias, Globos, Rondas, Raças, etc.  
 
Quarto Método: 
 
Fazer um estudo específico das Estâncias de Dzyan, tomando cada sloka (versículo) 
para um exame detalhado, buscando todas as explicações possíveis em todas as pas‐
sagens correlacionadas com cada um deles em todos os volumes da A Doutrina Secre‐
ta. Este parece ser um método simples, no entanto representa para o estudante, uma 
tarefa que exige um trabalho minucioso e metódico.  
Como motivação para este enfoque, vejamos o começo do Proêmio, com o título 
de "Páginas de alguns anais pré‐históricos":  
"Um manuscrito arcaico uma coleção de folhas de palmas que se tornaram imper‐
meáveis à água, ao fogo e ao ar, por algum processo específico e desconhecido ‐ está 
ante os olhos da escritora. Em sua primeira página há um disco imaculadamente bran‐
co  dentro  de  um  fundo  totalmente  escuro.  Na  página  seguinte,  o  mesmo  disco,  mas 
com um ponto no centro. O primeiro (sabe o estudante) representa o Cosmos na Eter‐
nidade, antes do despertar da Energia que ainda dormita, a Emanação do Mundo em 
sistemas posteriores. O ponto, no disco até agora imaculado, o Espaço e a Eternidade 
no Pralaya, indica o alvorecer da diferenciação. O Ponto no Ovo do mundo, o Gérmen 
dentro do qual se desenvolverá o Universo, o Todo, o Cosmos ilimitado e periódico ‐ um 
gérmen que está latente e ativo, periodicamente e por turnos. O círculo único é a Uni‐
dade Divina, de onde tudo procede, ao qual tudo retorna: sua circunferência um símbo‐
lo limitado por forças, veste a limitação da mente humana ‐ indica o abstrato, a Pre‐
sença sempre incognoscível, e seu plano, a Alma Universal, embora os dois sejam um. 
Só  a  face  do  disco  é  branca  e  por  estar  rodeado  por  um  fundo  escuro,  mostra  clara‐
mente que seu plano é o único conhecimento, embora nebuloso e fraco como ainda é, 
que pode ser alcançado pelo homem. É neste plano que começa a manifestação Man‐
vantárica;  porque  é  nesta  Alma,  que  dormita  durante  o  Pralaya,  onde  o  pensamento 
Divino  está,  ocultando  o  plano  de  cada  cosmogonia  e  teogonia  futuras."  (DS,  vol.  I, 
p.69)  
Basta  esta  citação  para  compreender  a  maravilha  deste  método,  bem  como  a  ri‐
queza e profundidade de conceitos que se revelarão nesta pesquisa e estudo específi‐
co.  
 
 
 
 


Quinto Método:  
 
Fazer uma leitura página por página, ou melhor, ler região por região cada página, 
por toda a obra, com pausas apropriadas para consultar as referências e compreender 
seu significado.  
Aos estudantes que se interessam em seguir este método, que requer uma vonta‐
de  firme  e  resoluta,  sugerimos  fazer  este  estudo  por  temas  ou  assuntos,  em  vez  de 
começar pela página 1 do vol. I.  
Isto é, recomendamos começar a estudar os vol. III e IV, da edição de Adyar, que 
tratam da Antropogênese, o estudo da evolução do homem, já que este assunto é fa‐
cilmente  acessível  e  dá  uma  compreensão  básica  mais  fácil  das  passagens  do  que  as 
contidas no vol. I.  
O estudo do homem, tal como é apresentado pela Sabedoria Divina, é de extraor‐
dinária importância, não somente para encontrar a chave da origem do homem, mas 
também  para  proporcionar  uma  explicação  racional  para  todos  os  problemas  que  o‐
correm na vida diária.  
Além  disso  os  volumes  III  e  IV  dão  a  base  necessária  de  conhecimento  para  uma 
compreensão posterior do material de estudo do volume I.  
Começar pelo estudo da origem e desenvolvimento do homem foi um dos métodos 
seguidos  nas  Escolas  de  Mistérios  Antigos.  Por  isso,  a  leitura  sobre  o  homem,  de‐
senvolvida na A Doutrina Secreta, logo permite nos darmos conta de que o homem é 
um microcosmo, um pequeno universo. Ao entender este pequeno universo aprende 
também que é possível compreender o grande universo, o macrocosmo.  
Depois de finalizar o estudo do homem, nos vol. III e IV, em vez de continuar este 
estudo, começamos pelo princípio do vol. I, pela página 206, na seção que diz: "Alguns 
fatos e explicações”. A razão disto é que desta parte da obra até o final do vol. I e tudo 
o que aparece no vol. II, trata de tudo que se relaciona com nossa Terra.  
Quando se completa esta fase do estudo, estamos em condições para empreender 
a parte mais abstrusa da primeira parte do vol. I, que fundamentalmente é o estudo do 
Universo e, conseqüentemente, de nossa Terra e do Sistema Solar.  
Quanto ao enfoque que o leitor individual deve assumir, deve‐se ter em conta que 
durante muitas eras, os temas principais tratados na A Doutrina Secreta foram consi‐
derados conhecimento esotérico e eram revelados sob juramento secreto nas Antigas 
Escolas de Mistérios.  
Embora as informações desta obra publicada em 1888 sejam acessíveis ao público 
em  geral,  podemos  garantir  que  este  conhecimento  é  tratado  de  maneira  reservada 
como na antiga forma tradicional.  
Certas jóias da Sabedoria Divina estão à disposição do leitor que deve se esforçar 
para compreendê‐las e correlacioná‐las com outras facetas dos ensinamentos, permi‐
tindo‐lhe desta maneira ter uma compreensão mais profunda da Realidade Primordial.  


Naturalmente tudo isto pode ser conseguido após um estudo repetido e perseve‐
rante, durante longo período de tempo, pois raras vezes se conseguem resultados com 
uma única leitura.  
Portanto, o enfoque para o estudo da A Doutrina Secreta deve ser o de uma mente 
aberta,  com  disposição  de  não  fazer  julgamento  definitivo  sobre  um  tema  dado  até 
que tenha conseguido certa iluminação. A mente deve conservar‐se flexível e sem cris‐
talização, não importando quanto desejemos penetrar em seu significado.  
Finalmente, mais um ponto a ser considerado. De tempos em tempos, através dos 
anos, surgiram membros valiosos em nossa Sociedade Teosófica, que lançaram o cha‐
mado  de  "regressar  a  Blavatsky"  (Back  to  Blavatsky).  Estes  membros,  cheios  de  boas 
intenções, defendem que estudemos somente as obras de HPB como "o verdadeiro" e 
"o original”. Desta maneira, sem querer, tentaram converter os ensinamentos de HPB 
numa espécie de "dogma" ou de "credo".  
Creio sinceramente que não honramos HPB e a suas valiosas obras com esta atitu‐
de "parcial". Entre as notas de Bowen, aferidas e aprovadas posteriormente pela pró‐
pria HPB, reproduzimos o seguinte fragmento:  
"Ela diz, sem dúvida alguma, que não nos ancoremos nela como autoridade final, 
nem  a  qualquer  outra  pessoa,  mas  que  dependamos  sempre  de  nossas  próprias  per‐
cepções mais amplas".  
Lembrando  as  primeiras  frases  da  "Escada  de  Ouro",  nos  parece  que  elas  sinteti‐
zam as qualidades requeridas para o estudo da A Doutrina Secreta em particular e de 
qualquer outra obra em geral que trate da Sabedoria Divina: "Vida limpa, mente aber‐
ta, coração puro, intelecto ardente ... "  
 
Bibliografia:  
 
1. Methods of Approach to the Study of The Secret Doctrine, Geoffrey A. Barborka, The 
American Theosophist, dezembro de 1956. 
2. Karma, Annie Besant, Krotona, 1918. 
3. Glosario Teosófico, HPB, Buenos Aires, 1957. 
4. La Voz deI Silencio, HPB, Barcelona, 1920. 
5. The Secret Doctrine, edição de Adyar, 1938, inglês.  
6.  The  Third  Fundamental  Proposition,  Joy  Mills,  The  American  Theosophist,  junho, 
1958. 
7. Historia de la Sociedad Teosofica, H.S. Olcott, Madrid, 1929. 
8.  Madame  Blevetskye  Own  Ideas  About  the  Study  of  the  Secret  Doctrine,  Pieter  K. 
Roest, The American Theosophist, outubro e novembro 1936. 
9. An Approach to the Occult, Hugh Shearman, Adyar, 1959. 

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