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RESUMO
ABSTRACT
Aiming to contribute to a technical understanding of music making and solo guitar
improvisation from a textural perspective, the present project propose transcribes and
analyzes Nelson Veras's solo on the Jazz standard "Body and Soul", on the album Prélude
with the trumpeter Airelle Besson, since the guitarist uses a polyphonic approach in his
improvisations. We will approach through bibliographic research, the terms: Transcription,
Analysis, Idioms, Digitation and guitarist Nelson Veras about. The feature “descriptive” and
“prescriptive” transcription will seek to clarify harmonic/melodic paths by Nelson Veras. The
analysis will seek to discover how interval relationships with the theme harmony, scale/chord
relationship, patterns, formulas and motifs. Therefore, the present is justified in the interest in
understanding the textural paths, in order to contribute to the area of performance. Thus, there
is an increase in the studies of improvisational and analytical practices in the popular
environment, in a little but more and more explored in the Brazilian environment.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................5
OBJETIVOS............................................................................................................................09
Objetivo Geral.....................................................................................................................09
Objetivos Específicos..........................................................................................................09
JUSTIFICATIVA...................................................................................................................09
METODOLOGIA...................................................................................................................09
Revisão bibliográfica...........................................................................................................09
Transcrição..........................................................................................................................09
Análise..................................................................................................................................12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................14
5
INTRODUÇÃO
O violonista brasileiro Nelson Veras nasceu em Salvador, Bahia, e com 14 anos deixou o
Brasil para morar em Paris e se dedicar à carreira musical. De acordo com Leite (2015), Veras
ainda adolescente, possuía uma carreira de destaque no Jazz, participando de projetos
musicais de grandes ícones do Jazz europeu, como Michel Petrucciani e Aldo Romano.
Nelson Veras gravou diversos discos que se tornaram referência na área de improvisação,
como: Nelson Veras; Solo Session Vol. 1; Rouge sur Blanc, Princess Sita (com Dominique di
Piazza), The Last Crooner (com Daniel Yvinek), Prélude (com a trompetista Airelle Besson),
entre outros (LEITE 2015, p. 85).
Ao construir suas improvisações, Nelson Veras toca com os dedos p, i, m, a (polegar,
indicador, médio e anelar) na mão direita usando as unhas, digitação tradicional do violão
clássico que contrasta com a predominância do uso da palheta na guitarra Jazz. Esta técnica
tradicional do violão clássico (e também do flamenco e do violão brasileiro) possibilita o
desenvolvimento de frases não usuais e texturas que não são normalmente ouvidas nas
improvisações de guitarristas de Jazz, e que trazem a sensação de polifonia e autossuficiência
ao discurso criativo.
No álbum Prélude - onde Nelson Veras acompanha a trompetista Airelle Besson - Por
ser um duo com uma trompetista, Nelson Veras realiza improvisos não acompanhados, onde
os caminhos melódicos e harmônicos são preenchidos em um discurso musical baseado na
textura polifônica, ou seja, a textura desenvolvida por ele sugere um viés de vozes em
camadas interagindo entre si. Dentre as improvisações gravadas no álbum Prélude o solo de
Nelson Veras sobre o standard de Jazz “Body and Soul”1 nos chama a atenção sob o aspecto
textural. Este solo será o objeto de análise desta pesquisa.
Como afirma Lopes (2012, p. 14), na cena do Jazz, a prática de tirar e transcrever solos é
extremamente difundida, sendo um dos caminhos fundamentais para a compreensão e
desenvolvimento de aspectos técnicos e musicais inerentes à prática instrumental. Observar,
analisar e reproduzir o solo feito por um instrumentista sempre esteve aliado ao aprendizado,
compreensão e desenvolvimento técnico. Nascimento e Penha (2018) no artigo intitulado “A
importância da transcrição no aprendizado da improvisação musical no Jazz” reforçam a
importância desta ferramenta:
1
Áudio disponível em:
https://open.spotify.com/track/5UfrnhXOUvcA4sGg1SyVvg?si=gLUtsOtjRMCapeIhBY401Q&utm_source=cop
y-link
6
2
Transcription lends itself to the development of technique on your musical instrument and vice versa. By
studying solos and compositions of past Jazz masters one can learn and develop from the devices used in their
music to expand on their motifs to find one’s original voice (LOPES 2012, p. 14).
7
Ao ouvir o solo de Nelson Veras para o standard Body and Soul, temos a impressão de
que este “impulso instrumental” está presente em um nível de complexidade que permite a
criação espontânea com digitações complexas que criam texturas polifônicas dentro da
estrutura do standard de Jazz. A princípio entendemos a digitação como a “maneira de aplicar
os dedos nos instrumentos para executar a música fácil e confortavelmente [e também à]
notação da melhor ordem para empregar os dedos na execução de um fragmento musical”
(BRENET, 1946, p. 169)3. Assim, este ato de “escolher os dedos” em uma execução
instrumental (BRENET, 1946, p. 171) é determinante em um discurso improvisativo e
caracteriza o “impulso instrumental”. Porém, sob um olhar textural, a execução polifônica
pode contrariar esta ideia de digitação “fácil e confortável”, o que nos leva a pensar e
relativizar também o conceito de “idiomatismo instrumental”. Até mesmo a tonalidade de
uma obra musical pode apontar previamente o quanto ela é ou não idiomática para o violão,
pois dependendo da tonalidade da peça, poderá ser inviável o uso de cordas soltas,
campanellas e outros elementos idiomáticos do violão. No caso do tema “Body and Soul” a
tonalidade de Ré bemol é bem pouco amigável ao violão em sua afinação tradicional, já que o
uso das cordas soltas fica bastante restrito nesta tonalidade.
Seria possível entender a textura polifônica como idiomática no violão? Sabemos que a
polifonia está presente no repertório do violão desde os vihuelistas4 do século XV. Porém, na
improvisação e no mundo da guitarra Jazz, não se encontra esta textura facilmente já que ela
pressupõe uma habilidade específica do violonista para criar linhas simultâneas que exigem
digitações por vezes complexas para sustentar a trama de vozes criada pelo improvisador.
Expandindo o conceito de idiomatismo, levaremos em conta também as peculiaridades do
violonista e as do instrumento.
3
Manera de aplicar los dedos en los instrumentos para ejecutar la música fácil y cómodamente. Indicación
escrita del mejor orden para emplear los dedos en la ejecución de un fragmento musical (BRENET, 1946, p. 169).
4
Que tocavam a Vihuela, um instrumento de cordas dedilhadas com trastes, do século XV.
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OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
JUSTIFICATIVA
METODOLOGIA
Tendo em vista as distinções apontadas por Charles Seeger e discutidas por Nettl (2006)
nossa transcrição será de abordagem “descritiva” e “prescritiva” simultaneamente, já que o
objetivo é uma análise que inclui também a performance. Estes conceitos ajudarão no
embasamento e discussão teórica do trabalho.
O processo da transcrição iniciará com a reprodução do áudio do solo no aplicativo
“Music Speed Changer”, que possibilita a dilatação de andamento da faixa para aumentar e
reduzir a velocidade, sem distorções de alturas. Em um primeiro momento, por meio deste
recurso do aplicativo, reduziremos o andamento do solo para que possibilite a identificação de
nota por nota. Com o violão em mãos para a compreensão das notas do solo, será “tirado de
ouvido” todo o solo do violonista . Em um segundo momento, utilizando do programa de
edição de partitura “Musescore” será escrito as notas e ritmos separados em camadas
melódicas, ou seja, primeira camada: linha melódica na região mais aguda; segunda camada:
linha melódica na região intermediaria; terceira camada: linha melódica na região mais grave
e etc. Desta forma orientando uma linha pela outra.
Para o processo da transcrição, a versão do Realbook6 do tema “Body and Soul”, será
importante para evidenciar como o violonista se relaciona com o tema, sequência harmônica e
ritmo, no improviso.
5
[...] the writer of a prescriptive notation normally includes only what is needed by a native who knows the style.
Ordinarily, it’s the cultural “insiders” (however defined) who write music to be performed.[...] a descriptive
notation tries in fact to provide a thorough and objective accounting of what happens in a particular performance
of a piece, presumably without making (or accepting) judgments as to the relative significance of events and
units.It’s similar to the method of a phonetician’s first attempt at describing the details of an unknown language
(NETTL. 2006, p. 78-79).
6
Realbook são livros de registros em partituras de standards do Jazz. Os Realbooks surgiram por volta da década
de 70 pelos alunos da Berklee College of Music.
11
Soul”, e por meio dos procedimentos descritos, o resultado foi a transcrição presente na figura
abaixo.
Transcrição do trecho 2:01 a 2:13 do solo de Nelson Veras sobre o tema “Body and Soul”.
Por fim, buscaremos tocar o solo para saber quais as digitações possíveis e as intenções
polifônicas que o discurso sugere para conseguirmos maior clareza na escrita e indicações
para se tocar o solo. O solo será gravado em vídeo e disponibilizado futuramente.
A título ilustrativo e corroborando com a análise, faremos uma breve comparação com o
solo do guitarrista Joe Pass7 para o mesmo tema, demonstrando caminhos texturais no solo de
Nelson Veras.
.
7
Joe Pass foi um dos mais importantes nomes do virtuosismo e improvisação solo da guitarra Jazz.
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REFERÊNCIAS
BAILEY, Derek. Improvisation: its Nature and Practice in Music. Boston: Da Capo Press,
1993.
BOGDANOVIC, Dusan: Couterpoint for guitar: with improvisation in the renaissance style
and study in motivic metamorphosis. Ancona, Itália: Bèrben Edizioni musicali, 1996. 131p.
CLARKE, Erif F. “Improvisation, cognition and education”. In: PAYNTER, John, Editor.
Companion to Contemporary Musical Thought. London. Routledge.1992. Volume 2.
LEITE, Luis C. Música Viva: Novas perspectivas sobre a prática da improvisação musical.
2015. Tese (Doutorado em Música) – Programa de Pós- Graduação em Música, Centro de
Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
NETTL, Bruno. The Study of Ethnomusicology: Thirty-One Issues and Concepts. Urbana, Ill:
University of Illinois Press, 2006, p. 78-79.
POTTER, Gary. Analyzing Improvised Jazz College. Music Symposium, Vol. 30, No. 1. 1990,
p. 64-74. College Music Society.
SCARDUELLI, Fábio. A Obra Para Violão Solo de Almeida Prado. 2007. 228p. Dissertação
(Mestrado em Música) - UNICAMP, 2007. p. 139.
15
TENNANT, Scott. Pumping Nylon: The Classical Guitarist's Technique Handbook. Alfred
Music, 2016.