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O QUE É A SOCIOLOGIA?

A palavra “sociologia” foi criada por Auguste Comte, um filósofo francês. Ele criou
a palavra “sociologia”, “socio” do latim “sociedade” e “logia” do grego, ciência.
Então, a primeira ideia da sociologia foi criar a “ciência da sociedade”.

O QUE ESTUDA A SOCIOLOGIA?

A sociologia estuda os fatos sociais, ou seja, os fenômenos, os comportamentos, as


representações ideológicas, religiosas, as maneiras de pensar, de atuar, de sentir, etc.
dos indivíduos numa sociedade.
Trata das relações, das ações e das representações sociais produzidas pelos grupos
sociais.
Podemos distinguir dois campos diferentes de estudo na sociologia que permitem
conhecer mais o funcionamento da sociedade:
A sociologia que trata do funcionamento real das instituições
A sociologia que trata das relações entre os indivíduos e as instituições.

A QUE SE INTERESSA A SOCIOLOGIA?

Se interessa principalmente pelas relações entre os indivíduos que pertencem à


mesma sociedade, tudo o que ocorre na sociedade pode ser tratado na
sociologia.
Existem diversos campos a serem tratados na Sociologia. Podemos falar das
desigualdades na escola, do stress no trabalho, da violência urbana, etc. Por isso,
existem diferentes categorias de áreas, como a Sociologia da Educação, a Sociologia
Urbana, a Sociologia da Saúde, a Sociologia Econômica, a Sociologia Jurídica, a
Sociologia Financeira, a Sociologia do Trabalho, a Sociologia da Família, etc.
Por exemplo, a sociologia pode tratar da delinquência, da exclusão social, da
organização do trabalho, da homossexualidade, da família, etc.
Ela tenta procurar como as sociedades funcionam e se transformam para
controlá-la e modificá-la. Por isso, a sociologia procura também as dificuldades
de funcionamento.

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QUAL O OBJETIVO DA SOCIOLOGIA?
Compreender os fenômenos sociais, os comportamentos, as representações
ideológicas, religiosas, as maneiras de pensar, de atuar, de sentir dos indivíduos de
uma sociedade.
QUAL O PAPEL DA SOCIOLOGIA?
A Sociologia tem função de estudar as relações sociais, as transformações sociais e as
formas de associação dos seres humanos, estudar as relações humanas que
acontecem no campo social.

COM O QUE SE PREOCUPA A SOCIOLOGIA?


Se interessa principalmente pelas relações entre os indivíduos que pertencem a
mesma sociedade, tudo o que ocorre na sociedade pode ser tratado na sociologia.

O QUE É SOCIOLOGIA DENTRO DE UM CONTEXTO MACRO E


MICRO?
A sociologia no sentido macro é a sociologia geral onde está inserido todas
as ramificações da sociologia, a sociologia no sentido micro é a sociologia
de forma mais restrita, especifica em um determinado campo do
conhecimento como, por exemplo, a sociologia jurídica.

SE EU TENHO MINHA PRÓPRIA OPINIÃO SOBRE UM FENÔMENO


SOCIAL, SOU UM SOCIÓLOGO?

O problema da sociologia é que cada pessoa tem a sua própria opinião sobre os
fenômenos sociais, sobre a sociedade. Porém, a diferença com o sociólogo é que
ele é um cientista, e tem que demonstrar de maneira científica os fatos reais, e
não só o que ele pensa.
Podemos enquadrá-la como uma ciência humana e social.
A sociologia não é uma ideologia, não é uma literatura, mas é uma ciência.
O sociólogo se aproxima da realidade social, para dá o seu ponto de vista, ele faz
pesquisas e verifica os fatos antes de falar.
Como disse Peter Berger, “O sociólogo estuda grupos, instituições, atividades que os
jornais falam todos os dias. A sedução da sociologia provem dela nos fazer ver sob
uma outra luz o mundo da vida cotidiana no qual todos vivemos”.

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O QUE FAZ O SOCIÓLOGO?

O sociólogo sempre tenta compreender os mecanismos das atividades humanas,


as relações entre os indivíduos ou os grupos sociais. Para compreender a
sociedade, na maioria do tempo, o sociólogo faz estudos de campos para fazer
observações, perguntas… em função da sua metodologia que ele mesmo escolheu.
O sociólogo não faz um trabalho social, o trabalhador social é quem procura
soluções para os problemas sociais, o sociólogo não tem esta finalidade. Porém,
é verdade que o conhecimento do sociólogo pode ajudar, mas, o sociólogo não existe
para propor soluções, ele está aqui para procurar, compreender, investigar e
interpretar.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA?

A sociologia estuda grupos de indivíduos, enquanto a psicologia se interessa só a


um único indivíduo.
A sociologia estuda a maneira que a sociedade se forma e se transforma. Para isso, a
sociologia estuda as instituições, os grupos sociais e as interações entre os indivíduos.
Na verdade, a sociologia estuda a vida social.
A psicologia estuda só o comportamento, as ações e as crenças de um
determinado indivíduo.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A SOCIOLOGIA E A PSICOLOGIA?


A sociologia estuda de maneira científica o comportamento da sociedade como um
todo, os grupos de indivíduos, em um determinado lugar, a forma como eles se
comportam, agem, interagem, estuda a sociedade de uma forma coletiva, a psicologia
estuda de maneira científica as características, o comportamento, as ações, as
crenças, as particularidades do homem de forma individual.

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ONDE PODE TRABALHAR UM SOCIÓLOGO?

O sociólogo pode ser professor nos cursos do ensino Médio ou coordenar cursos no
ensino superior em função do seu nível de ensino. Pode publicar seus resultados em
revistas especializadas, colunas de jornais, sites, etc. Os mesmos podem trabalhar
também, nas funções relativas à política local, regional e nacional, nos ministérios,
nas instituições sindicais, associativas e patronais, nas gestões de empresas públicas,
nas ONGs e nas empresas privadas, geralmente para trabalhar sobre projetos sociais.
Pode exercer funções como assessoria e prestação de consultorias, mediação de
conflitos, levantamento de dados para o diagnóstico e análise de programas de
educação, trabalho, elaboração e edição de textos para material didático na área da
Sociologia.

PARA QUE SERVE A SOCIOLOGIA?

A sociedade é cada vez mais complexa, então existem, cada vez mais, fenômenos
sociais que não são tratados, a sociologia é uma ciência sempre necessária para poder
analisar os novos fenômenos sociais, para ajudar as instituições, os grupos, a
conhecer melhor as desigualdades, a vida social, as normas, a cultura, as
crenças, as representações, etc.
Os sociólogos são encarregados de fazer as perguntas-chaves a fim de tentar
encontrar soluções para baixar os problemas sociais como a violência, a exclusão
social, etc. Para melhorar o mundo, temos que lhe compreender.
A sociologia está aqui também para isto. A um nível mais individual, a sociologia
permite ter crenças e visões mais justas sobre o mundo, mais próximas da realidade
social, porque são justificadas.
A sociologia nos permite ter cuidado àquilo que podemos assistir na televisão, por
exemplo, também permite ter um melhor conhecimento sobre si próprio.
Por exemplo, com o estudo da sociedade, podemos compreender nossas crenças,
comportamentos, escolhas e até mesmo razões de nossos comportamentos que
costumamos ter, etc.

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SOCIOLOGIA DO DIREITO

A Sociologia do Direito ou Jurídica, “É um ramo da Sociologia Geral que tem por objeto
uma variedade dos fenômenos sociais jurídicos ou fenômenos do Direito”
O objeto de estudo da Sociologia do Direito é o fenômeno jurídico compreendido em
suas ligações com o campo social como um todo.
Há uma diferença de perspectiva: a sociologia jurídica observa o direito como um
observador externo.
“O sistema jurídico é o campo, simultaneamente espacial e temporal, em que se
produzem os fenômenos jurídicos. ”

SOCIOLOGIA JURÍDICA – O QUE É?

Muito embora a Sociologia Jurídica seja frequentemente definida como um ramo


da Sociologia que se dedica especificamente ao estudo do direito, esse conceito
algumas vezes é compreendido como um campo de pesquisa autônomo.
Independente dessa disputa em torno de sua definição é uma área claramente ligada
à antropologia, à ciência política, ao direito, à psicologia e especialmente
à sociologia. Desse modo, é uma ciência rica por empregar conceitos, métodos e
teorias desses outros campos do conhecimento aos quais se filia.

O QUE VEM A SER A SOCIOLOGIA JURÍDICA (CONCEITO)?


É uma parte da sociologia que está voltada para os fenômenos jurídicos dentro de uma
sociedade, como a sociedade interpreta, aceita, age diante de determinadas normas
jurídicas, está ligada a diversas áreas do conhecimento, como a sociologia, a
antropologia, a ciência política, a psicologia.

QUAIS OS OBJETIVOS DA SOCIOLOGIA JURÍDICA?


Busca a compreensão da organização e desenvolvimento de instituições, as formas de
controle social empregadas, estudos de legislação, a interação entre culturas jurídicas
diferentes, a construção social e debate de questões de cunho jurídico, as carreiras
jurídicas e principalmente a relação entre direito e mudanças sociais, observando
aplicabilidade, eficiência e obsolescência das leis.

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A QUE SE DEDICA A SOCIOLOGIA JURÍDICA?

Esse campo de estudo conhecido como Sociologia Jurídica, ou Sociologia do


Direito dedica-se a busca pela compreensão da organização e desenvolvimento de
instituições, as formas de controle social empregadas, estudos de legislação, a
interação entre culturas jurídicas diferentes, a construção social e debate de questões
de cunho jurídico, as carreiras jurídicas e principalmente a relação entre direito e
mudanças sociais, observando aplicabilidade, eficiência e obsolescência das leis.
Embora sejam estes os principais alvos de análises dos estudiosos dessa área, não se
pode limitar somente a isso sua atuação e suas temáticas.
Os objetos de pesquisa da Sociologia Jurídica mostram-se, na verdade, quase tão
diversos quanto seus próprios pesquisadores que muitas vezes se originam das mais
diversas áreas.
Uma forma de analisar se de fato trata se de uma pesquisa relacionada à Sociologia
Jurídica é observar se os questionamentos direcionam-se a pensar a eficácia
do direito na sociedade.
Os próprios termos mostram-se de uma amplitude que pode ocasionar
confusão. Sociedade e Direito, por si só, já são conceitos extremamente amplos.
Quanto a Sociologia do Direito e Sociologia Jurídica, embora sejam áreas próximas,
distingue-se de certa forma, como defende Eliane Junqueira:
Sociologia do Direito trata-se especificamente de uma área da sociologia destinada a
compreensão dos fenômenos jurídicos enquanto parte da vida em sociedade.
Sociologia Jurídica seria uma área do direito voltada para a compreensão da
eficácia das instituições jurídicas e judiciárias.
Embora exista uma corrente que defenda essa diferenciação, existem aqueles
estudiosos que, assim como Claudio Souto, preferem pensar a partir do pressuposto de
que essas pesquisas invariavelmente carregam sempre o caráter sociológico e
jurídico simultaneamente, sendo desnecessária essa diferenciação.
Qual a importância do sociólogo no mundo jurídico?

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A RELAÇÃO ENTRE DIREITO E SOCIEDADE
(Força maior são os fenômenos da natureza)
Vale saber que esses estudos partem de um fio condutor que, de maneira geral, visa
compreender a interação entre direito e sociedade. Dessa interação o que se quer
compreender é justamente como a evolução da sociedade, e transformação dos
costumes e dos princípios éticos influenciam a legislação de uma sociedade, a
instituição de penas, e os debates acerca de legalidade e ilegalidade, entre outros
debates.
Um exemplo dos debates que podem integrar facilmente as discussões da alçada
da Sociologia Jurídica é a polêmica em torno da possibilidade da legalização da
maconha. É um exemplo que mostra de que forma as mudanças na sociedade
impulsionam mudanças jurídicas, e que de fato a dissonância entre as práticas sociais,
a moral e a ética da sociedade e a legislação e aplicação das leis invariavelmente
geram esses debates.
Essas transformações não ocorrem de modo repentino ou instantâneo. O processo que
leva as mudanças no comportamento e vivencias de uma sociedade que tem como
consequências transformações jurídicas são lentas, se dão através de gerações, e
são resultados de evoluções em diversos campos e especialmente da relação com
diferentes culturas, vivencias, costumes e mesmo outros sistemas legislativos.
O debate em torno da pena de morte também gera discussão no campo da Sociologia
Jurídica à medida que é uma pena utilizada em muitos países, mas que nem por isso
torna-se universal. A sua não aplicabilidade deve-se provavelmente ao fato de
encontrar muita resistência frente a moral de muitos países, como o nosso.
Mais uma vez o debate entre a ética e a moral da sociedade mostra-se refletido na
aplicabilidade e constituição do sistema legislativo.

SOCIOLOGIA DO DIREITO

Finalmente, a Sociologia Jurídica compreende que todo fenômeno jurídico é,


invariavelmente, um fenômeno social. Porém, nem todo fenômeno social é um
fenômeno jurídico. A regulação da sociedade através de leis parte essencialmente
das práticas sociais, e não o contrário. O sistema jurídico tem uma dimensão
temporal na qual pode se transformar, de modo que é preciso estudar seus sentidos e
modalidades de sua evolução bem como a relação que mantém com as evoluções e
transformações da sociedade.
É justamente a relação entre as transformações sociais e as transformações na
dimensão jurídica que são alvo dos estudos da Sociologia Jurídica. Trata-se de um
debate entre direito e sociedade, onde o primeiro serve as necessidades da segunda,
acompanha suas transformações e abre-se ao debate com suas novas concepções.
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QUAL A RELAÇÃO ENTRE O DIREITO E A SOCIEDADE?
Compreender como a evolução da sociedade, e transformação dos costumes e dos
princípios éticos influenciam a legislação de uma sociedade, a instituição de penas, e
os debates acerca de legalidade e ilegalidade, a eficácia e ineficácia das normas, entre
outros debates.

COMO É QUE SE TRABALHA DENTRO DO CONTEXTO SOCIAL ESSE


MECANISMO DAS AÇÕES VOLTADAS AO DIREITO? QUAL INTERESSE SE TEM
ESSE TRABALHO DA SOCIOLOGIA, OU POR QUE EXISTE ESSE TRABALHO
DENTRO DA SOCIOLOGIA?
Visa entender como acontece os fenômenos jurídicos, como a sociedade ver esses
fenômenos jurídicos que acontecem como elas recebem esses fenômenos.

COMO SE DEU A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SOCIOLOGIA DENTRO DO


CONTEXTO BRASILEIRO, COMO APARECEU, QUAL FOI A IMPORTÂNCIA DELA
NESSE CONTEXTO?

A SOCIOLOGIA NO BRASIL

É sabido que desde os primeiros passos dessa ciência a Sociologia dedica-se ao


desenvolvimento de estudos que tem como objeto as interações sociais,
a organização das sociedades e inevitavelmente também os conflitos entre as
classes sociais.
A própria América Latina é um exemplo de como a Sociologia, especialmente no
início do século XX, mostrou-se fortemente influenciada pelas teorias marxistas. Isso
ocorre num momento onde os olhares voltavam-se principalmente para os problemas
do subdesenvolvimento no continente, desenvolvendo importantes reflexões.

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O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL

O surgimento da Sociologia no Brasil, também conhecida como Sociologia


Brasileira, teve início a partir das décadas de 1920 e 1930, quando os estudiosos
dessa área passaram a se dedicar a pesquisas que visavam construir um entendimento
acerca da formação da sociedade brasileira analisando temáticas cruciais para essa
compreensão. Assim, eles voltaram-se para estudos referentes a escravatura e
a abolição, estudos sobre índios e negros e o êxodo dessas populações, e mesmo
analises sobre o processo de colonização.
A compreensão desses assuntos mostrou-se realmente fundamental uma vez que se
buscava compreender a formação da sociedade brasileira. Isso porque a formação da
população brasileira, das relações de trabalho e da consciência e cidadania, passava
inevitavelmente pela compreensão destas temáticas.

OS PRINCIPAIS ASSUNTOS ABORDADOS PELA SOCIOLOGIA BRASILEIRA

Nas décadas que se seguiriam, no entanto, a Sociologia no Brasil passou a voltar-se


para os estudos que abordassem prioritariamente temas relacionados às classes
trabalhadoras, tratando assim de assuntos como salário, jornadas de trabalho,
ambientes de trabalho urbano e rurais, organizações e condições dos ambientes de
trabalho, relações entre empregados e empregadores, etc.
Especialmente a partir da década de 1960 pode sentir uma crescente preocupação
com o processo de industrialização que se instaurava no país. Essa nova preocupação
trouxe consigo debates sociológicos que abordavam temas da reforma agrária e os
novos problemas políticos e sociais que esse processo acarretava.

O QUE É DIREITO NATURAL?

O direito natural é a ideia universal de justiça. É o conjunto de normas e direitos que


já nascem incorporados ao homem, como o direito à vida.
Pode ser entendido como os princípios do Direito e é também chamado
de jusnaturalismo.
Diferente do que se entende pelo nome, não são apenas as leis da natureza que
fazem parte do conjunto das normas jurídicas naturais. O Direito Natural tem seus
valores estabelecidos por ordem divina, assim como pela razão.

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ORIGEM DO DIREITO NATURAL

O estudo do direito natural teve suas primeiras manifestações entre os filósofos gregos.
Estes ditavam o direito natural enquanto as normas ideias e não-escritas, contituídas
no mundo das ideias. Para os Romanos, era a ordem natural das coisas, determinadas
pelas leis da natureza.
Durante a Idade Média, a relação entre Estado e Igreja influenciou a concepção de
direito natural, sendo reconhecido como as leis de Deus. Enquanto que ao chegar o
Iluminismo, a fonte do direito natural se torna a razão.
Para o pensamento iluminista, o direito natural seria a descoberta da razão por trás da
natureza. Ou seja, a percepção de que as ações até então entendidas como instinto
animal, como amamentar o filhote por exemplo, na verdade fazem parte de um
conjunto de normas da natureza racionalizadas por todos os seres. É a razão que faz
com que a fêmea alimente o filhote porque sabe que ele necessita para viver.
A origem do conjunto de normas jusnaturalistas foi discutida ao longo de muitos
séculos, mas seu conteúdo é permanente e absoluto. Suas implicações estão entre as
discussões da Filosofia do Direito enquanto uma abstração da própria disciplina, uma
forma de pensar sobre um tipo de ordenamento ideal.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO NATURAL

As principais características do Direito Natural são a estabilidade e imutabilidade. Ou seja, não


sofre alterações ao longo da história e do desenvolvimento da sociedade, diferente das teorias
do direito posteriores.

O Direito Natural antecede todas as outras teorias do direito, deve ser maior até
que o poder do Estado, e nenhuma lei pode ir contra este ordenamento.

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DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO

O Direito Natural é o conjunto de normas que estabelece pela razão o que é justo, de
forma universal. É anterior e superior a todas as outras teorias do Direito.
Já o Direito Positivo é o conjunto de leis instituídas por um Estado, considera as
variações da vida social e dos Estados como influenciadoras das leis criadas pelos
homens, fundamentadas no Direito Natural.
Em síntese, o Direito Positivo regulamenta as questões intrínsecas de uma
determinada sociedade, como por exemplo a brasileira. Mas este mesmo conjunto de
leis não se encaixa na vida social dos argentinos, no caso.
Já o Direito Natural é o mesmo em qualquer lugar e para qualquer pessoa. Por isso
que as leis do Direito Positivo não devem ser superiores às normas jusnaturalistas.
E portanto, as leis reguladas pelo positivismo devem ser subordinadas ao Direito
Natural.
Exemplos de direito natural
Direito à vida Direito à defesa Direito à liberdade

Como funciona o jusnaturalismo?

O Direito Natural é o conjunto de normas que estabelece pela razão o que é justo, de
forma universal. É anterior e superior a todas as outras teorias do Direito.

O que é o jusnaturalismo?

O direito natural é a ideia universal de justiça, é o conjunto de normas e direitos que já


nascem incorporados ao homem, como o direito à vida, não são apenas as leis da
natureza que fazem parte do conjunto das normas jurídicas naturais, o Direito Natural
também tem seus valores estabelecidos por ordem divina, assim como pela razão.

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SOCIOLOGIA DO DIREITO NATURAL
O DIREITO NATURAL E AS MUITAS REVOLUÇÕES

O Direito possui como uma das suas naturezas as leis naturais. Denomina-se
jusnaturalista a vertente jurídica e filosófica que considera ser o Direito advindo de
normas, consideradas divinas e presentes desde o advento da sociedade. Tal
pensamento é comum também aos gregos, para os quais o Direito está pautado no
foro íntimo da natureza humana, como ser individual ou coletivo.
Neste contexto, para alguns pensadores, existe um “direito natural permanente e
eternamente válido, independente de legislação, de convenção ou qualquer outro
expediente imaginado pelo homem” Assim, o direito natural se contrapõe ao direito
positivo (baseado na criação de normas pelo intelecto humano e considerado o direito
em sentido próprio), sendo intrínseco aos indivíduos.
A partir dessa concepção de direito natural dos homens, destaca-se que este conceito
está muito atrelado ao de revolução, sendo o primeiro capaz de impelir a ocorrência do
segundo. Considerada uma mudança brusca, responsável por grandes impactos e
modificações na sociedade, pode-se compreender revolução de diversas formas. Para
Karl Marx a revolução era sinônimo de ruptura, já quanto a Copérnico, a revolução
significava transformação e deslocamento, ou seja, mudança de lugar. Salienta-se que
a ocorrência de uma revolução não significa, necessariamente, pegar em armas,
guerrear, isto é, subverter a ordem através da violência. Exemplo disso é o
emblemático episódio da independência indiana, a favor da qual lutou o líder e pacifista
Mahatma Gandhi, especificamente, Mohandas Karamchand Gandhi, seu verdadeiro
nome. Além de lutar, sem armas, para que a Índia deixasse de ser colônia da Inglaterra
e obtivesse sua independência, Gandhi tinha como objetivo promover a paz entre
hindus e muçulmanos, sendo responsável pela criação do Estado muçulmano do
Paquistão. Não se pode desconsiderar a amplitude de tais feitos, que são expoentes de
uma revolução pacífica.
Conforme enunciado, a busca pelo direito natural tem sido causa de muitas revoluções.
Tomados pelo ímpeto de reivindicar melhores condições de vida, plena liberdade, seja
política, religiosa, entre outras, os indivíduos lutam por direitos que consideram
ausentes na sua prática cotidiana, embora se acredite que tais direitos são intrínsecos
a cada ser humano.
No que tange ao papel do direito natural no contexto das revoluções, pode-se dizer que
aquele engendrou não apenas uma, mas muitas destas. O próprio advento do direito
positivo em oposição ao mencionado direito natural pode ser considerado uma
revolução; a aversão ao que é estabelecido pelas normas jurídicas pode ser
compreendida do mesmo modo; e ainda, a criação de novas leis, disciplinando
assuntos jamais abordados, pode também significar uma revolução. É inegável que isto
depende, substancialmente, da forma de análise adotada e da amplitude das
mudanças provocadas.
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Processo Histórico De Formação
Émile Durkheim; Max Weber; Eugen Ehrlich; Karl Marx e Engels.

QUEM FOI ÉMILE DURKHEIM

Viveu no período da guerra FRANCO-PRUSSIANA 1870-1871,


criador da sociologia moderna.
Nascido no ano de 1858, Emile Durkheim era descendente de uma família judia e
iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris. Embora sua obra
versasse muitas vezes a respeito dos fenômenos religiosos (assim como outros
fenômenos com a criminalidade e o suicídio) pensados a partir de fatores sociais e não
divinos isso não fez com que ele se afastasse da comunidade judaica.

Ainda que formado em filosofia sua obra inteira mostra-se voltada para a Sociologia,
área onde de fato tornou-se amplamente reconhecido.
A inexistência do ensino regular de Sociologia na França parecia dever-se ao fato de
conceberem que a Sociologia era a forma científica do socialismo. Durkheim decide-se
então por ir a Alemanha realizar seus estudos nessa área.
Emile Durkheim é um ícone quando o assunto é Sociologia e o próprio pensamento
social. Sendo considerado um dos pais da Sociologia Moderna, Durkheim foi pioneiro
também em combinar pesquisa empírica e teoria sociológica, fazendo com que seu
nome figure também como fundador da escola francesa.
Seu reconhecimento é bastante amplo também dado o prestígio adquirido enquanto
teórico do conceito de coesão social.

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AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO

O site Sociologia se dirigiu até a França, mais especificamente até a cidade de


Bordeaux, onde o sociólogo Emile Durkheim trabalhou e viveu, a fim de conhecer um
pouco mais sobre este sociólogo que tanto contribuiu para as ciências sociais. Onde
teve a honra de falar com Lea Mougeolle, cidadã francesa que atualmente estuda na
mesma universidade onde Durkheim estudou, a Universidade de Bordeaux.
Aproveitamos o encontro para pedir que Lea falasse um pouco a respeito do pensador.
Segundo a socióloga Lea, Émile Durkheim nasceu em 1858, em Epinal, França e, de
acordo com o intelectual, a filosofia clássica não leva em conta a vida social, então
acabou se dirigindo para a sociologia. Emile Durkheim chegou à Sociologia depois de
Augusto Comte e permitiu desenvolver uma estratégia para legitimar a disciplina
(social, acadêmica e científica).
O texto: “As regras do método sociológico” permite legitimar a sociologia.
Emile Durkheim é o autor de “A partir da divisão social do trabalho” de 1893,
“As Regras do Método Sociológico de 1895.”
“Suicídio de 1897.”
“As Formas Elementares da Vida Religiosa” de 1912.
Uma de suas mais reconhecidas teorias parte da afirmação de que “os fatos sociais
devem ser tratados como coisas”. Para Durkheim, a partir disso foi possível conceber
uma definição do normal e o patológico em cada sociedade em termos de
comportamento social. Dentro disso, fica claro que o normal é aquilo que é obrigatório
e normatizado pela sociedade, de modo que a sociedade e os próprios padrões morais
configuram-se enquanto uma entidade superior ao indivíduo.
Suas teses mais importantes e reconhecidas até hoje no campo da Sociologia
iniciaram-se no doutorado, com escritos como “Da Divisão Social do Trabalho Social”.
Posteriormente obras como “As regras do método sociológico”, “O suicídio” e “As
regras elementares da vida religiosa” surgiram também, sempre muito marcadas pela
concepção que Durkheim defendia sobre a vida e os fatos sociais e como estes
delineavam o comportamento humano.

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A IMPORTÂNCIA DE ÉMILE DURKHEIM PARA A SOCIOLOGIA

Durkheim foi ainda um nome importantíssimo para a constituição da Sociologia e para


sua regularização enquanto ciência. Seu legado no campo metodológico com a obra
“As regras dos métodos sociológico” foram elementares nesses sentidos, uma vez que
ele percebeu esse campo como uma ciência de fato e atentou-se para a necessidade
do desenvolvimento de uma metodologia única e especifica que fosse respeitada pelos
estudiosos desse campo. Através da análise de dados estatísticos e observações de
diferentes meios e tipos sociais, os escritos de Emile Durkheim constituíram-se de fato
como exemplos de como reflexões, trabalho e monografias da área de Sociologia
deveriam ser escritos.

DURKHEIM, A CONSCIÊNCIA COLETIVA E A TEORIA DO FATO SOCIAL

Seu principal trabalho envolve a teoria de “consciência coletiva” onde ele busca
defender que o homem é na verdade um animal selvagem, e que só pode tornar-se
humano a partir do momento em que tornou-se social e sociável, aprendendo hábitos e
costumes para poder viver coletivamente. Suas reflexões sobre esse processo de
socialização resultam ainda naquilo que hoje é conhecido como teoria do “fato social”.
Emile Durkheim estabelece uma ligação entre fato social e educação dos filhos. Na
verdade, a criança não vê dessa forma, mas a criança internaliza modelos que a
sociedade impõe. Por exemplo, a criança integra os modelos culturais das sociedades.
Os indivíduos são livres para pensar e operar.

“O CRIME É NORMAL, NECESSÁRIO E ÚTIL”

De acordo com Durkheim, o crime é normal porque ele existe em todas as sociedades,
em todos os tipos sociais, sem exceção. Uma vez que não há um aumento ou
diminuição da taxa de crime, na verdade, o fato social não pode ser considerado como
sendo patológico. Este fato social é algo normal. Além disso, de acordo com o autor, o
crime é necessário e útil, porque é “indispensável para a evolução normal da moral e
da lei”.

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ÉMILE DURKHEIM E SUAS DUAS PRINCIPAIS TEORIAS

Enquanto sociólogo, Émile Durkheim é responsável pela formulação de inúmeras


teorias estudadas até hoje. Dentre essas algumas merecem grande destaque devido a
genialidade de suas observações, a validade metodológica das pesquisas e a
complexidade das reflexões suscitadas.
Dessa forma, destacaremos aqui duas das mais renomadas teorias deste estudioso: a
teoria do fato social e a teoria do suicídio, de modo que possamos conhecer
minimamente essas obras.

DURKHEIM E A TEORIA DO FATO SOCIAL

No que conhecemos hoje enquanto teoria do fato social, Durkheim parte do princípio de
que os homens são animais selvagens, igualmente aos demais, e que aquilo que nos
difere, dando-nos humanidade é nossa capacidade de tornarmo-nos sociáveis, ou seja,
aprender hábitos e costumes capazes de nos inserir no convívio de determinada
sociedade.
Ele chama esse processo de aprendizado dessocialização, o que formaria nossa
consciência coletiva, nos dando orientações em termos de moral e comportamento
nessa vida em sociedade.
A todas essas informações ele chamou “fatos sociais”, apontando-os como verdadeiros
objetos da sociologia. Nosso comportamento, moral, noção de coletividade e
sociedade, e tudo aquilo que aprendemos nesse processo de inserção na vida social.
No entanto, nem toda ação humana configura-se num fato social. Para ser fato social
deve atender a três características apontadas pelo sociólogo: generalidade,
exterioridade e coercibilidade.

Generalidade relaciona-se a existência desse fato para o coletivo social, e não apenas
ao indivíduo.
Exterioridade refere-se ao fato desses padrões culturais serem exteriores ao indivíduo
e independentes de sua consciência.
Coercitividade trata da força que esses padrões exercem, obrigando seu
cumprimento.

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Isso tudo então diz respeito a todo comportamento ou ação que independe da vontade
do indivíduo, e que no entanto não lhe fora imposto de maneira particular. Assim, fato
social é toda aquela ação que responde a normas sociais externas e muito anteriores
a sua individualidade, vontade e consciência individual.
Desse modo, percebemos que as instituições sociais como a igreja, escola, polícia e
etc. apenas servem como um aparelho para a constituição dessa consciência coletiva
que mantem a ordem da sociedade.
Durkheim aborda também essa questão, o papel dessas instituições na propagação
das normas sociais e morais que regem o convívio, e inclusive defende suas ações
dentro da sociedade uma vez que ele acreditava que de fato os homens necessitam
sentir-se seguros, regidos e amparados, quando isso falta a uma sociedade certos
fenômenos surgem com maior força, como por exemplo a criminalidade e o suicídio.

O QUE É UM FATO SOCIAL?

Emile Durkheim diz que “temos de considerar fatos sociais como coisas. ” Segundo ele,
um fato social é o conjunto de ações, pensamentos e sentimentos exteriores do
indivíduo impostos ao indivíduo pela sociedade. Um fato social existe fora da
consciência individual, o que não significa que não estamos cientes disso. A ordem
social é imposta ao indivíduo. Pode ser que o indivíduo não viva bem, mas o poder
de coerção está presente (pressão sanção, social).
Ele estabelece uma ligação entre fato social e educação dos filhos. Na verdade, a
criança não vê dessa forma, mas a criança internaliza modelos que a sociedade impõe.
Por exemplo, a criança integra os modelos culturais das sociedades. Os indivíduos são
livres para pensar e operar.

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SOCIEDADE / COMUNIDADE.
EMILE DURKHEIM DESCREVE OS MODELOS DE SOCIEDADE.

Segundo Léa Mougeolle, a fim de explanar sobre o assunto, primeiramente o sociólogo


trata da solidariedade mecânica.
É o mesmo que dizer a “comunidade”. Neste tipo de sociedade, os indivíduos são muito
parecidos. Possuem os mesmos valores. No mundo do trabalho, não há
especialização. Na consciência coletiva existem as consciências individuais, se não, é
possível que se produza uma exclusão social. Se pode ilustrar este modelo por
exemplo com os indivíduos que olham uma partida de futebol. Os indivíduos têm as
mesmas emoções, possuem a mesma finalidade.

Segundo, Emile Durkheim descreve a solidariedade orgânica, é dizer, a “sociedade”.


Neste tipo de sociedade cada indivíduo é específico. Relaciona esta solidariedade com
a imagem do corpo humano. No mundo do trabalho, neste modelo, os trabalhadores
possuem geralmente uma especialização.
A diferença é de suma importância. Cada um é livre para ter suas ideias.
Para este sociólogo, a divisão do trabalho é a origem da diferença entre sociedade e
comunidade.

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TEORIA DO SUICÍDIO

Emile Dukheim é famoso também por suas descrições dos tipos de suicídio.
Essa inquietação pode ter sido o que impulsionou Émile Durkheim na criação daquilo
que ficou conhecido como teoria do suicídio. Aos longos de seus estudos sobre o tema,
o sociólogo busca provar a tese de que o que as estatísticas apresentam é insuficiente
para compreender a ocorrência e os níveis de suicídio.
Para Durkheim tudo que se tem de informações sobre os suicidas é insuficiente. Aquilo
que figura no obituário, por exemplo, trata-se na verdade da opinião que se tem sobre o
fato, a opinião de uma pessoa aleatória, de modo que não serve enquanto informação
palpável para se compreender o fato.
Sua teoria embasa-se inclusive em observações do âmbito religioso, uma vez que ele
percebe que o índice de suicídio entre protestantes é maior do que entre os católicos,
independente da região do suicida.
Assim, surge uma possível teoria de que há então um menor controle sobre os fiéis,
controle social que para ele é também o papel da igreja e da religião. Dessa forma ele
busca demonstrar como a causa dos índices de suicídio podem ser sociais.
Suicídio Egoísta - Existe o suicídio egoísta, que se explica por uma exclusão a um
grupo. O autor do suicídio se guia sozinho para a confecção do ato.
(ACHA QUE NÃO FAZ FALTA A NINGUÉM)
Suicídio Altruísta - Há também o suicídio altruísta, que consiste em una ação
engendrada pela interiorização das normas e valores. É uma explicação social.
(ALGO NECESSÁRIO PARA ATENDER A SOCIEDADE, EX: HOMEM BOMBA)
Suicídio “Anomique”- Por fim, o suicídio “anomique” que se explica por uma
instabilidade, quando as regras e as normas não dirigem o indivíduo para o ato.
(QUANDO A PESSOA DESACREDITA DA SOCIEDADE, DO FUTURO, EX:
FERNANDO COLOR)
Egoísta: reflete um prolongado senso de não-pertencimento, de não estar socialmente
integrado em uma comunidade. Resulta do senso que o suicida tem de total
desconexão. Esta ausência pode levar à falta de sentido da vida, apatia, melancolia e
depressão.
Altruísta: caracterizado por um senso de estar totalmente absorvido pelos objetivos e
crenças de um grupo.
Anômico: reflete a confusão moral de um indivíduo, e a ausência de direção social,
que são relacionados a distúrbios sociais e econômicos dramáticos

19
MAX WEBER

Maximilian Karl Emil Weber – nascido em Erfurt em 21 de abril de


1864 e faleceu em Munique, em 14 de junho de 1920, foi um
intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da
sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista Alfred Weber. Sua
esposa, Marianne Weber, biógrafa do marido, foi uma das alunas pioneiras na
universidade alemã e integrava grupos feministas de seu tempo.
Max Weber, esse alemão, nascido em 1864, tornou-se um expoente para nossa
cultura. Intelectual, jurista e economista. Embora seja bastante respeitado no campo
dos estudos da Sociologia Moderna, suas influencias ultrapassam os limites dessa
disciplina, sendo de grande valor também nas áreas da economia, direito, filosofia,
ciência política e administração.
Começou sua carreira académica na Universidade Humboldt de Berlim e,
posteriormente, trabalhou na Universidade de Freiburg, na Universidade de Heidelberg,
na Universidade de Viena e na Universidade de Munique. Personagem influente na
política alemã da época, foi consultor dos negociadores alemães no Tratado de
Versalhes (1919) e da comissão encarregada de redigir a Constituição de Weimar.
Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi reservado para o estudo
do capitalismo e do chamado processo de racionalização e desencantamento do
mundo.

MAX WEBER E O CAPITALISMO

Grande parte de suas reflexões provêm de uma longa análise e observação da


sociedade moderna e capitalista, e especialmente daquilo que ele denomina como
processo de racionalização. “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, uma de
suas mais importantes obras, fala sobre sociologia da religião e gera respaldo para
inúmeros pensadores que posteriormente lançaram seus olhares sobre essa temática.
Esta obra, reflete algo que foi na época central para o pensamento alemão:
as relações entre religião e o capitalismo. As análises voltadas para a compreensão
deste modo de produção precediam os escritos de Max Weber, visto que outros
intelectuais já vinham se dedicando a essas reflexões, inclusive Marx com “O Capital”.

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Nesta obra ele lança sua hipótese de que a religião teria sido uma das razões para que
a cultura oriental e ocidental tenham se desenvolvido de formas tão diversas, e ainda
ressalta inúmeras características especificas e inerentes ao protestantismo que teriam
sido cruciais para a gênese do capitalismo e dos moldes da sociedade ocidental.

WEBER E A SOCIOLOGIA RELIGIOSA

Após a década de 1910, Weber amplia seus estudos na área de sociologia religiosa,
mostrando mais uma vez fortes questões de cunho social, aprofundando-se então em
religiões de caráter universal analisando em profundidade o confucionismo, taoísmo,
hinduísmo, budismo, islamismo, judaísmo buscando abranger os maiores sistemas
religiosos da humanidade.
Sua obra foi capaz de influenciar gerações até a contemporaneidade, e estabeleceu
importantes diálogos com outros grandes nomes da sociologia, como é o caso de Kant
e Nietzsche e com grandes nomes de seu tempo.
Suas primeiras obras mostravam-se muito ligadas a sua formação acadêmica, uma vez
que seu primeiro trabalho propriamente dito foi sua tese de doutoramento intitulada “A
história das companhias comerciais da idade média”. Nesta obra já é possível notar
certa tendência do autor em aliar análise jurídica e análise histórica. Esse espírito
ainda permaneceria de algum modo em suas próximas obras.
A partir desse viés de análise presente em suas obras podemos notar que apensar de
ser um autor bastante técnico e preocupado com questão de cunho político e
econômico em grande parte das vezes Max Weber não deixa de preocupar-se com a
contextualização histórica de sua pesquisa, o que faz com que seja vidente o forte
apelo e preocupação social presente em seus escritos. Isso também faz com que esse
seja um autor de suma importância também para a área da pesquisa histórica.

TIPOS IDEAIS

Tarefe do Sociólogo: buscar compreender as ações sociais e os nexos causais que


as determinaram;
O método sociológico partiria da observação, mas essas estariam calçadas numa
comparação de modelo social com uma ideia, um tipo ideal;
Objetivo: estudar as ações sociais com base na comparação com os tipos ideais, e
não buscar formular uma teoria cientifica geral.

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Necessidade dos tipos ideais: se dá pelo fato de ter no mundo uma infinidade de
ações sociais possíveis. Por isso, há a necessidade de modelos teóricos para fins de
comparação.
A compreensão dos tipos ideais é teórica, abstrata e racional.
A comparação das ações sociais com os tipos ideais é empírica, uma vez que
recorre à prática da observação.

MAX WEBER TEORIA DA BUROCRACIA E A TEORIA DA AÇÃO SOCIAL


(INTRODUÇÃO)

Nunca é demais lembrar que Max weber é um nome extremamente importante não
apenas para a Sociologia, mas para diversos campos do conhecimento. Reconhecido
amplamente enquanto sociólogo, este pensador foi capaz de contribuir para as áreas
da economia, direito, política e muitas outras, através de seus estudos e reflexões que
sempre tiveram uma grande carga de preocupação social.
Suas obras adquiriram importância ao longo do tempo e sua preocupação social e
histórica foi essencial para isso. Essas obras continuam sendo traduzidas e reeditadas,
o que só confirma a sua importância para os mais diversos campos da ciência.
Algumas de suas teorias são conhecidas e estudadas até hoje, e dentre elas podemos
destacar o que é conhecido como a Teoria da Burocracia.

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TEORIA DA BUROCRACIA

Inicialmente vale apontar que a burocracia caracteriza-se por ser a forma de


organização humana fortemente arraigada na racionalidade. Através dela, visa-se
adequar os meios aos objetivos pretendidos de modo a otimizar processos e trabalhos,
priorizando a eficiência e a obtenção plena destes objetivos, e essa espécie de
organização data da Antiguidade.
Essa teoria desenvolveu-se especialmente em função dos seguintes aspectos:
Primeiramente frente a fragilidade apresentada pela Teoria Clássica e a Teoria das
Relações humanas (contraditórias entre si), que impossibilitavam uma abordagem mais
abrangente de problemas organizacionais. Além disso, mostrava-se cada vez mais
necessário a existência de um modelo de organização capaz de abranger todas as
variáveis envolvidas, e que fosse aplicável a toda espécie de organização humana,
especialmente as empresas.
Ao passo que as empresas cresciam em tamanho e em complexidade, pedia-se por um
modelo organizacional cada vez mais definido. A organização de pessoal e de tarefas
de grandes empresas exigiriam um nível de controle que a Teoria Clássica e a Teoria
das Relações Humanas não eram capazes de oferecer.

A descoberta dos escritos de Sociologia da Burocracia de Weber foram essenciais para


a reviravolta nesse momento.
Basicamente, segundo essa teoria, um homem pode e é pago para comportar-se de
dada maneira e reagir com a exatidão que lhe fora explicada, sem que se permita que
suas emoções possam vir a interferir neste seu desempenho. Assim, a Sociologia da
Burocracia propunha um modelo de organização que não tardou a ser aplicado
amplamente por administradores em suas empresas.
Max Weber já identificava fatores que favoreciam o desenvolvimento da burocracia
moderna, entre eles:
1 - O desenvolvimento e fortalecimento de uma economia monetária, onde a
moeda substitui a remuneração em espécie, centralização a autoridade da
administração burocrática;
2 - O sociólogo enxergava o crescimento – tanto quantitativo como qualitativo –
das tarefas administrativas do Estado Moderno como mais um fator que propiciava o
desenvolvimento da burocracia;
3 - Ele acreditava e defendia na superioridade técnica do tipo burocrático de
administração. Assim como é perceptível que esses conhecimentos acerca da
burocracia ainda nos influenciam até os dias de hoje, muitos outros saberes de Weber
permanecem cada vez mais importantes, principalmente na Sociologia.

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TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

Outro de seus conhecidos conceitos é aquilo que ele denomina Ação Social. Para
Weber, a função do sociólogo é justamente compreender o sentido das ações sociais,
encontrando os nexos que as determinem, compreendendo-se a priori que ações
imitativas, aquelas que não possuem um sentido no agir, não são chamadas ações
sociais.
Dentre as ações sociais, Weber as resume em quatro fundamentalmente (tipologia das
ações sociais):
1 - Ação social racional com relação a fins (Ex. trabalhador e patrão, trabalho e salario);
2 - Ação social racional com relação a valores (Ex. respeitos, éticas, comportamentos);
3 - Ação social afetiva (Ex. torcidas organizadas);
4 - Ação social tradicional (Ex. natal).

Ações racionais com relação a fins: ações planejadas e tomadas após avaliado o fim
em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios (e consequências)
para atingi-los. Um exemplo seria a maioria das transações econômicas.
Ações racionais com relação a valores: ações tomadas com base nos valores do
indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas vezes sem considerar se os
meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.
Ações afetivas: ações tomadas devido às emoções do indivíduo, para expressar
sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a vitória, chorar em um
funeral, seriam ações emocionais.
Ações tradicionais: ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar
nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se
tornar um artefato cultural.

No centro da teoria weberiana, portanto, está a racionalidade da ação que pode estar
relacionada com interesses ou com valores. Na hierarquia sociológica, a ação social é
mais avançada que o comportamento e é em sequência seguida por contatos sociais
mais avançados, como a interação social e a relação social.
O termo ação social foi introduzido por Max Weber, em sua obra póstuma Economia e
Sociedade. É um termo mais abrangente que o fenômeno social, posto que o indivíduo
executando ações sociais não é passivo, mas (potencialmente) ativo e reativo.
Percebe-se então que o que ele define como ação social, é toda aquela ação orientada
ao outro, tendo sua fonte motivadora pautada em costumes, sistemas de valores e etc.
24
Assim, pode-se compreender que esse conceito é extremamente presente em sua obra
denominada “A ética protestante e o espírito do capitalismo” onde sua inserção no
sistema de valores e pensamentos dos protestantes o levou a questionar e
problematizar as relações entres esses comportamentos e ações e o avanço do
capitalismo nessa sociedade.
É perceptível o fato de que suas obras derivam de pesquisas densas, onde ele mesmo
defende a busca da guarda de certo distanciamento e imparcialidade. É extremamente
válido o conhecimento de seus escritos ao passo que são riquíssimos para a
compreensão de metodologias de suas pesquisas além de permitir o conhecimento de
inúmeros conceitos e teorias ainda muito caros às ciências sociais e aos campos
adjacentes como política, direito, economia e até mesmo história.

DICOTOMIA ENTRE EMILE E WEBER

Émile Durkheim procura formular uma teoria científica geral para a sociologia, para que
a Sociologia e o sociólogo sejam cientistas, e consigam formular uma teoria que seja
válida para toda a sociedade, segundo Durkheim os fatos sociais são visíveis,
Concretos, e prováveis. Já Weber procura respostas nas ações sociais, em como as
ações individuais dos homens influenciam na sociedade, segundo Weber as ações dos
homens são subjetivas com algo que não está visível.

KARL MARX

Karl Heinrich Marx – Tréveris, 5 de maio de 1818/ Londres,


14 de março de 1883, foi um Sociólogo, Filósofo,
Historiador, Economista, Jornalista, revolucionário
socialista, entre outras atividades.

Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua
vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx em economia estabeleceu a base
para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o capital, além do
pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O
Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867-1894) os mais proeminentes.

Estudou nas universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas ideias


filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o jornal radical

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publicado em Colônia, e começou a trabalhar na teoria da concepção materialista da
história.

Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais
radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e
colaborador.

Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos,
onde continuou a escrever e formular suas teorias sobre a atividade econômica e
social. Também fez campanha para o socialismo e tornou-se uma figura significativa na
Associação Internacional dos Trabalhadores.

As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política, a compreensão coletiva


do que é conhecido como o marxismo, sustentam que as sociedades
humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que
controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão de
obra para a produção) e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe
dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse
comum de todos.

Além disso, ele previu que, assim como os sistemas socioeconômicos


anteriores, o capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua
autodestruição e substituição por um novo sistema: o socialismo.

Ele argumentava que os antagonismos no sistema capitalista, entre a burguesia e o


proletariado, seriam consequência de uma guerra perpétua entre a primeira e as
demais classes ao longo da história. Isto, associado à sociedade industrial e ao
acúmulo de capital, geraria a sua classe antagônica, que resultaria na conquista do
poder político pela classe operária e, eventualmente, no estabelecimento de uma
sociedade sem classes e apátrida, o comunismo, regida por uma livre associação de
produtores.

Marx ativamente argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar uma


ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e provocar mudanças
socioeconômicas. Elogiado e criticado, Marx tem sido descrito como uma das figuras
mais influentes na história da humanidade.

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Muitos intelectuais, sindicatos e partidos políticos em nível mundial foram
influenciados por suas ideias, com muitas variações sobre o seu trabalho base.

Marx é normalmente citado, ao lado de Durkheim e Weber, como um dos três


principais arquitetos da ciência social moderna.

Em Paris, Marx intensificou os seus estudos sobre economia política, produzindo


reflexões que resultaram nos Manuscritos de Paris, mais conhecidos como Manuscritos
Econômico-Filosóficos. De acordo com Engels, foi nesse período que Marx aderiu às
ideias socialistas.

De Paris, Marx ajudou a editar uma publicação de pequena circulação chamada


“Vorwarts!”, que contestava o regime político alemão da época. Por conta disto, Marx
foi expulso da França em 1845 a pedido do governo Prussiano. Migrou então para
Bruxelas, para onde Engels também viajou. Entre outros escritos, a dupla redigiu na
Bélgica o Manifesto comunista. Em 1848, Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo
belga. Junto com Engels, mudou-se para Colônia, onde fundam o jornal Nova Gazeta
Renana. Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso de
colônia em 1849.

Até 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu
salário e presentes de amigos e aliados, além da herança legada por seu
pai. Entretanto, em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após
superarem dificuldades conseguiram chegar a Paris, mas o governo francês proibiu-os
de fixar residência em seu território.

Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por


Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e família conseguem migrar para Londres, onde
fixaram residência definitiva. Trabalhou como correspondente em Londres para o New
York Tribune, onde declarou seu apoio público o governo de Abraham Lincoln durante a
Guerra da Sucessão.

SUA MORTE

Deprimido pela morte de sua esposa em dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em


consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida,
bronquite e pleurisia, que causaram seu falecimento em 1883. Foi enterrado na
condição de apátrida, no Cemitério de Highgate, em Londres.

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Muitos dos amigos mais próximos de Marx prestaram-lhe homenagem no seu
funeral, incluindo Friedrich Engels, o qual pronunciou as seguintes palavras:

Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era
contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das
instituições estatais por esta suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado
moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas
necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu
elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam
rivalizar. Como consequência, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu
tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus
territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao
lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de
aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o
compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas
trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as
partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora,
possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.

Friedrich Engels exerceu significativa influência sobre as reflexões intelectuais de Marx,


principalmente no início da associação entre ambos, período em que dirigiu a atenção
de Marx para a Economia Política e a história econômica da Europa.

Após a morte deste, Engels tornou-se não só o organizador dos muitos


manuscritos incompletos e/ou inéditos legados, mas também o primeiro intérprete e
sistematizador das ideias de Marx.

Engels igualmente se ocupou, desde bem antes do falecimento de seu amigo,


de redigir exposições em termos populares das ideias de Marx, visando facilitar sua
difusão.

A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas,


mas é uma crítica que não se limita a teoria em si: Marx se posiciona contra qualquer
separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas
dimensões são abstrações mentais que, no plano concreto, real, integram uma mesma
totalidade complexa.

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O marxismo constitui-se como a concepção materialista da história, longe de
qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade
sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a
compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é
a dialética.

Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos, como forças produtivas ou


capital, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e
sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.

Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o


trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo
o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas
relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da
humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária
em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do
trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx
compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado
cada dia mais a ciência por sua consistência.

Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre


possuidores e os não detentores dos meios de produção. Surgem, então, a classe
dominante e a classe dominada, sendo a classe dominante aquela que mantém poder
sobre os meios de produção e a classe dominada a que se sujeita a dominante para
obter os bens produzidos.

O Estado aparece para representar os interesses da classe dominante e cria,


para isso, inúmeros aparatos para manter a estrutura da produção. Esses aparatos são
nomeados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e
normas reguladoras, sejam elas políticas, religiosas, culturais ou econômicas, para
assegurar os interesses dos proprietários dos meios de produção.

Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que
profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel:

“A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração,


assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.”

29
Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a
atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões Ludwig
Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhum Deus ou outro
ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.

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A Revolução para MAX

Apesar de alguns leitores de Marx adjetivarem-no de “teórico da revolução”, inexiste


em suas obras qualquer definição conceitual explícita e específica do termo
"revolução".

O que Marx oferece são descrições e projeções históricas inspiradas nos


estudos que fez acerca das revoluções francesa, inglesa e norte-americana.

Em geral, Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que
isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado.

A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a


empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa
seu poder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão
atuando também violentamente.

Diferente do apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder


político do Estado não emana de algum consenso geral, é antes o poder particular de
uma classe particular que se afirma em detrimento das demais.

A revolução se daria no âmbito da necessidade de sobrevivência, pois segundo


ele as forças produtivas em seu ápice passariam a se tornar destrutivas.

Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a
sociedade a partir de um zero absoluto. Na Crítica ao Programa de Gotha, por
exemplo, indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível
mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho
por ponto de partida.

A revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria


sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominou
socialismo.

O conceito de mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos
lucros no sistema capitalista.

Para Marx, o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria o valor extra da
mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os
operários em determinada produção produzem bens(100 carros num mês). Se

31
dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários, teremos o valor do
trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um preço
maior: esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica.

A esta diferença, Marx chama de "valor excedente ou maior", ou mais-valia.


Segundo ele, o lucro teria uma tendência decrescente devido a necessidade de se
investir na produção, à medida que a remuneração dos trabalhadores estaria
submetida a mais-valia.

Sua principal obra “O Capital ”

A grande obra de Marx é O Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da
sociedade capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não
só.

Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade,


cultura, política e filosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, cientifica,
filosófica, etc.

Uma obra de difícil leitura, ainda que suas categorias não tenham a ambiguidade
especulativa própria da obra de Hegel, possui, no entanto, uma linguagem pouco
atraente e nem um pouco fácil.

Dentro da estrutura do pensamento de Marx, só uma obra como O Capital é o principal


conhecimento, tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em
particular, já que através de uma análise radical da realidade que está submetido, só
assim poderá se desviar da ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da
"classe dominante"), como poderá obter uma base concreta para sua luta política.

Sobre o caráter da abordagem econômica das formações societárias humanas,


afirmou Alphonse De Waelhens:

"O marxismo é um esforço para ler, por trás da pseudo-imediaticidade do mundo


econômico reificado as relações inter-humanas que o edificaram e se dissimularam por
trás de sua obra.“

Cabe lembrar que O Capital é uma obra incompleta, tendo sido publicado
apenas o primeiro volume com Marx vivo. Os demais volumes foram organizados por
Engels e publicados posteriormente

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Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos.
Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a
primeira tradução do Tomo I de O Capital.

Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que,
em 1879, Adolph Wagner, um alemão estudioso da economia política, comentou o
trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische
Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada
vez mais atenção.

Ao final do século XIX, o principal local de debate da teoria de Marx era o Partido
Social Democrata da Alemanha.

Contudo, nos primeiros anos após sua morte, sua teoria obteve crescente influência
intelectual e política sobre os movimentos operários e, em menor proporção, sobre os
círculos acadêmicos ligados às ciências humanas, notadamente na Univ. de Viena e
na Univ. de Roma, primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados
para o estudo de Marx.

Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant, Nietzsche e


Hegel um de seus grandes representantes.

Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos,


tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem
era um admirador.

Marx criticou ferozmente o sistema filosófico idealista de Hegel.

Enquanto que, para Hegel, "da realidade se faz filosofia", para Marx, a filosofia
precisa incidir sobre a realidade.

Para transformar o mundo, é necessário vincular o pensamento à prática


revolucionária, união conceitualizada como práxis: união entre teoria e prática.

Marx acreditava que a história humana é regida pela luta de classes.

“Luta de classes, refere-se a um fenômeno social de tensão ou antagonismo que


existe entre pessoas ou grupos de diferentes classes sociais devido aos
competitivos interesses socioeconômicos e desejos dessas pessoas diante da

33
lógica do modo de produção capitalista, dando forma a um conflito que se
expressa nos campos econômico, ideológico e político.”

O conflito de classes pode assumir muitas formas diferentes: violência direta, como
guerras travadas por recursos e mão de obra barata; violência indireta, como mortes
por pobreza, fome, doença ou condições de trabalho inseguras; coerção, como a
ameaça de perda de empregos ou suspensão de investimentos importantes; ou
ideologicamente, como livros e artigos.

Além disso, existem formas políticas de conflito de classe; legalmente ou


ilegalmente pressionando ou subornando líderes governamentais para a aprovação de
legislação partidária desejável, incluindo leis trabalhistas, códigos fiscais, leis do
consumidor, atos de congressos ou outras sanções, injunções ou tarifas.

conflito pode ser direto, como com um locaute destinado a destruir um sindicato,
ou indireto, como com uma desaceleração informal na produção como forma de
protesto contra os baixos salários dos trabalhadores ou uso
práticas trabalhistas injustas pelo capital.

LEGADO DE MARK

As ideias de Marx tiveram um profundo impacto na política mundial e pensamento


intelectual. Os seguidores de Marx vêm debatendo entre si sobre como interpretar seus
escritos e aplicar seus conceitos para o mundo moderno. O legado do pensamento de
Marx tornou-se objeto de contestação entre inúmeras tendências, cada uma se vendo
como a intérprete mais precisa de Marx.

Várias correntes também se desenvolveram no marxismo acadêmico, muitas


vezes sob influência de outros pontos de vista, resultando no marxismo estruturalista,
marxismo histórico, fenomenológica marxista, marxismo analítico e marxismo
hegeliano.

Do ponto de vista acadêmico, a obra de Marx contribuiu para o nascimento da


sociologia moderna. Ele tem sido citado como um dos três mestres da "escola cínica"
do século XIX, ao lado de Friedrich Nietzche e Sigmund Freud, e como um dos três
principais arquitetos da ciência social moderna juntamente com Durkheim e Max
Weber.

34
Em contraste com outros filósofos, Marx ofereceu teorias que, muitas vezes,
poderiam ser testadas com o método científico. Tanto Marx quanto Augusto
Comte começaram a desenvolver ideologias cientificamente fundadas durante a
secularização europeia e novos desenvolvimentos na filosofia história e ciência.

Trabalhando na tradição hegeliana, Marx rejeitou o positivismo sociológico


comtiano na tentativa de desenvolver uma ciência da sociedade.

Na teoria social, pensadores do século XX e XXI adotaram duas estratégias principais


em resposta a Marx: a primeira, conhecida como marxismo analítico, tende a reduzi-lo
ao seu núcleo analítico, e precisa sacrificar suas ideias mais interessantes e
intrigantes; a segunda, mais comum, dilui as reivindicações explicativas da teoria social
de Marx e enfatiza a "autonomia relativa" dos aspectos da vida social e econômica, não
diretamente relacionadas com a narrativa central de Marx: a interação entre o
desenvolvimento das forças de produção e a sucessão dos modos de produção.

Politicamente, o legado de Marx ao longo do século XX, produziram revoluções em


dezenas de países que se autorotularam de "marxistas", mais notavelmente a
Revolução Russa, que levou à fundação da URSS. Líderes mundiais como Vladimir
Lenin, Mao Zedong, Fidel Castro, Salvador Allende, etc., citaram Marx como uma
influência, e suas ideias estão presentes em vários partidos políticos em todo o mundo,
além daqueles onde ocorreram "revoluções marxistas".

As ditaduras brutais associadas com algumas nações marxistas levaram


oponentes políticos a culpar Marx por milhões de mortes, mas a fidelidade destes
líderes, partidos e revoluções à obra de Marx é contestada e rejeitada por muitos
marxistas.

O marxismo, assim, tornou-se corrente de pensamento e até os dias de hoje orienta a


organização de muitos movimentos sociais. Um dos mais importantes conceitos
do marxismo é o da alienação do trabalho e também o da mais-valia, os quais,
ambos serão discutidos neste espaço, começando pelo primeiro.

Alienação, para Marx, carrega um sentido negativo, diferentemente do que é


para Hegel. Trata-se de uma condição onde o trabalho ao invés de ser instrumento
para a realização plena do homem e de sua condição de humano torna-se, pelo
contrário, um instrumento de escravização, acabando por desumanizá-lo, tendo sua
vida e seu próprio valor medidos pelo seu poder de acumular e possuir.
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Mais-valia é utilizado para referir-se à diferença existente entre o valor da mercadoria
produzida, a soma do valor de seus meios de produção e o valor do trabalho, que
apresenta-se como a base de lucro no sistema capitalista.

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