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MANUAL DO EDUCADOR

FORMAÇÃO CONTINUADA
EDIÇÃO
2024-2025-2026

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EDITOR
Lécio Cordeiro

REVISÃO DE TEXTO
Departamento Editorial

PROJETO GRÁFICO
Arte Totalle Edições Ltda.

9o ano
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Ensino Fundamental Allegro Digital

Manual do Educador CAPA


Formação Continuada Adriana Ribeiro

Foto da capa: rpbmedia/Adobestock.com


COORDENAÇÃO EDITORIAL

O conteúdo deste livro está adequado à proposta


da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Impresso no Brasil.
ISBN aluno: 978-65-87971-20-9
ISBN professor: 978-65-87971-27-8

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das fotos, das ilustrações
e dos textos contidos neste livro.
A editora pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir
quaisquer créditos faltantes.

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Sobre a Coleção
O que é arte? Qual é a importância dela —, exercitando a discussão e a sensibili- a partir da interação do ser humano his-
para a nossa vida? Questionamentos como dade, argumentando e sendo capaz de tórico com as diferentes formas de orga-
esses são muito recorrentes entre estudan- sensibilizar-se com a arte. nização do pensar, do criar e do agir no
tes nas aulas de Arte. Visando esclarecer tais • Identificar, relacionar e compreender as tempo e no espaço social.
pontos, a coleção Formando Cidadãos – Arte
é constituída de textos e atividades que fo-
diferentes funções da arte, bem como o
trabalho e a produção dos artistas.
• O aprendizado não ocorre apenas em
lugares e momentos prefixados, e sim a
mentam o debate sobre as diversas possibi-
lidades de representação artística, ajudan-
• Ide ntificar e re conhe ce r produçõe s e
produtores de arte local, distinguindo-
todo instante em que o ser humano es-
tabelece relação com o mundo e com
do os alunos a construir uma concepção de -os como formadores do acervo cultural. outros seres humanos.
arte que esteja ancorada nas suas experiên-
cias e vivências artísticas.
Em linhas gerais, os princípios que nor- • O diálogo, condição necessária à criação
de um ambiente de aprendizagem favo-
teiam a coleção Formando Cidadãos – Arte
Por meio da apreciação de obras varia- rável, permite que educadores e edu-
e seu respectivo manual do educador são:
das e do estímulo à criatividade, esperamos candos atribuam sentido ao ensinar e
que os estudantes possam experimentar e • O conhecimento não é produto estáti- ao aprender.
desenvolver produções que expressem as-
pectos subjetivos, de modo que sejam au-
co e acabado, precisa ser reinventado
continuamente.
• A criatividade é premissa fundamental
para o desenvolvimento da autonomia,
tores e protagonistas do processo de apren-
dizage m. Em vista disso, de fe nde mos a
• A construção do conhecimento acontece da sensibilidade e da autocrítica.

Syda Productions/Adobestock.com
perspectiva de que a prática artística não
deve ser entendida como mero resultado da
aquisição de técnicas, mas sim como uma
linguagem que possibilita a expressão do
ser humano, que, por sua vez, encontra-se
imerso em uma cultura e em um contexto
sócio-histórico específico.
Fruto da concepção de que a sala de
aula é um espaço de construção democrá-
tica dos conhecimentos, a presente coleção,
em acordo com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), objetiva que, ao final, o
aluno seja capaz de:

• Compreender a arte como linguagem,


promovendo a articulação entre a per-
cepção, investigação, sensibilidade e re-
flexão na formação dos saberes artísticos.
• Exercitar princípios éticos e estéticos du-
rante a produção artística pessoal e dos
demais colegas de classe.
• Identificar e compreender a arte como
fator histórico contextualizado em dife-
rentes culturas.
• Observar as relações entre a arte e a
realidade, refletindo, investigando, in-
dagando — com interesse e curiosidade

III

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Como a Coleção está organizada?
Por acreditar que a aprendizagem se O que as outras pessoas respostas, o que, mais uma ve z, impli-
concretiza significativamente quando o es- pensam sobre ca no e nrique cime nto do proce sso de
tudante se torna protagonista do processo, Tendo em vista que a arte é uma área de ensino-aprendizagem.
a presente coleção é composta por seções conhecimento que abarca subjetividades e
que estimulam o desenvolvimento da auto- diferentes pontos de vista em relação a um + Informações sobre o
nomia criativa e expressiva dos discentes. objeto, essa seção visa apresentar outras tema
Nesse sentido, são propostas leituras e ativi- considerações, feitas por diferentes auto- Essa seção é um espaço destinado à as-
dades de pesquisa e produção artística que res e estudiosos, a respeito do tema aborda- sociação entre o tema do capítulo e as con-
visam ampliar as percepções de mundo dos do no capítulo. Dessa maneira, objetiva-se tribuições teóricas de outras áreas de co-
estudantes, além de fazê-los explorar a in- não apenas enriquecer a discussão sobre a nhecimento ou disciplinas. Os textos aqui
terconexão entre as diferentes linguagens temática tratada, mas também desenvol- apresentados proporcionam tanto uma am-
artísticas. ver o respeito à diversidade de pensamen- pliação do tema como um aprofundamento
to. Vale ainda destacar que esse momento dos conceitos abordados.
Registre suas ideias é frutífero para incentivar novas leituras so-
Essa seção propõe reflexões iniciais a bre o tema. Repensando
respeito do tema apresentado no início do Considerando que o ensino de arte pre-
capítulo. Assim, neste momento, espera-se Diálogos com o tema cisa oportunizar momentos de vivência
que os estudantes registrem os seus conhe- Essa seção compreende a aplicação artística, essa seção objetiva propor ati-
cimentos prévios sobre a temática aborda- dos conhecimentos construídos até en- vidades que contribuam para o desenvolvi-
da. Para isso, é solicitado que os discentes tão. Em vista disso, são propostas ques- mento de habilidades relacionadas às lin-
escrevam, desenhem ou realizem uma bre- tões que aguçam a reflexão e a criticidade guagens artísticas. Sugerimos que você,
ve pesquisa que contemple aspectos iniciais dos estudantes, que, de acordo com a so- professor, complemente as atividades aqui
do assunto tratado. Nessa seção, os estu- licitação, podem responder aos questio- propostas com outras que julgar pertinen-
dantes também são estimulados a desen- namentos individualmente, em duplas ou tes. Ressaltamos, ainda, a importância de
volver a habilidade de sintetizar suas prin- em grupos. Importante destacar que algu- propor atividades que envolvam toda a es-
cipais ideias em relação ao tema. mas questões podem admitir diferentes cola, quando possível.

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IV

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Subsídios teóricos à Coleção
Arte e educação
Que importância é essa que se dá à arte e faz com que ela tenha um espaço na educação em geral e, em especial, na
educação escolar?

Primeiramente, é a importância devida à por artistas) e o domínio de noções sobre a Esses autores podem ser tanto as pes-
função indispensável que a arte ocupa na vida arte derivativa da cultura universal. soas que se dedicam profissionalmente à
das pessoas e na sociedade desde os primór- Ao conhe ce r dife re nte s produçõe s produção de arte — os artistas —, como os
dios da civilização, o que a torna um dos fato- do campo artístico (artesanato, objetos, indivíduos que fazem trabalhos artísticos
res essenciais de humanização. É fundamen- design, audiovisual, etc.), feitas por pes- como atividade cultural e educativa — os
tal entender que a arte se constitui de modos soas de classes sociais, períodos históricos estudantes, por exemplo. Nesse caso, ao
específicos de manifestação da atividade cria- e locais distintos, o educando amplia a sua fazer trabalhos artísticos, o educando tam-
tiva dos seres humanos, ao interagirem com concepção de arte e aprende a dar sentido a bém desenvolve ações mobilizadas por suas
o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ela. Desse convívio, decorrem conhecimen- ideias, percepções, sensações, sentimentos
ao conhecerem-no. Em outras palavras, o va- tos que desenvolvem o repertório cultural e emoções. Ao produzir seu próprio trabalho
lor da arte está em ser um meio pelo qual as do estudante e, acima de tudo, possibili- e acompanhar os de seus companheiros, ele
pessoas expressam, representam e comuni- tam-lhe a apropriação crítica da arte. As- tem condições de identificar, reconhecer e
cam conhecimentos e experiências. sim, o educando aprende a identificar, res- valorizar as diferenças entre as mais varia-
Os seres da natureza, bem como os obje- peitar e valorizar as produções artísticas e das produções culturais e artísticas.
tos culturalmente produzidos, despertam em compreende que existe uma poética indivi- A comunicação entre o autor e seu públi-
nós diversas emoções e sentimentos, agra- dual dos autores e diferentes modalidades co costuma acontecer em exposições, concer-
dáveis ou não. Logo ao nascer, passamos a de arte, tanto eruditas como populares. tos, apresentações, feiras, etc. No entanto, as
viver em um mundo com uma história social De modo geral, as obras artísticas são novas tecnologias têm permitido outros sis-
de produções culturais que contribuem para construções poéticas por meio das quais temas de veiculação das obras, os quais pro-
a estruturação de nosso senso estético. Des- os artistas expressam ideias, sentimentos porcionam novos intercâmbios entre o real e
de a infância, interagimos com as manifesta- e emoções. Resultam do pensar, do sentir e o virtual. É nessa abrangência, integrando a
ções culturais de nosso meio e aprendemos do fazer, que, por sua vez, são mobilizados relação entre artistas, obras, público, modos
a demonstrar nossos gostos pessoais. Gra- pela materialidade da obra, pelo domínio de comunicação e sociedade (no passado e no
dativamente, vamos dando forma à nossa de técnicas e pelos significados pessoais e presente), que a arte deve compor os conteú-
maneira de apreciar, gostar e julgar as dife- culturais. As produções artísticas são, por dos de estudos no currículo escolar e mobili-
rentes manifestações culturais com as quais isso mesmo, constituídas de um conjunto zar atividades que diversifiquem e ampliem a
entramos em contato — entre elas, as obras de procedimentos mentais, materiais e cul- formação artística e estética dos estudantes.
de arte. Assim, mesmo sem saber, educamo- turais e podem concretizar-se em imagens Essa postura pedagógica, por sua vez, impli-
-nos esteticamente no convívio com as pes- visuais, sonoras, verbais ou corporais, por ca na indissociabilidade entre as experiências
soas e com as situações da vida cotidiana. exemplo. de ensino e aprendizagem de Arte e a produ-
A escola é um dos locais onde os alunos Os artistas, com suas diferentes origens, ção artística, valorizando os processos afeti-
têm a oportunidade de estabelecer vínculos histórias e experiências pessoais, procuram vos, imaginativos e cognitivos nos momentos
entre os conhecimentos construídos e os co- imaginar e inventar “formas novas” para re- de criação e apreciação artísticas.
nhecimentos sociais e culturais. Por isso, é presentar e expressar o mundo interior e sua Para ajudar o entendimento das concep-
também o lugar em que pode se verificar e relação com a natureza e o cotidiano cultu- ções que integram o fazer e o refletir sobre
estudar os modos de produção e difusão da ral. Ao fazê-lo, os autores de trabalhos artís- a arte, apresentamos, no quadro a seguir,
arte na própria comunidade, região ou país. ticos também agem e reagem diante das pes- uma síntese dos componentes que se in-
Desse modo, o aprendizado da arte vai inci- soas e do próprio mundo social. Com isso, ter-relacionam no processo artístico e que,
dir sobre a elaboração de formas de expres- criam novas realidades — é a realidade de portanto, não devem ser esquecidos ao lon-
são e comunicação artística (pelos alunos e cada obra, que é revelada no ato criador. go dos estudos escolares.

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Componentes que se articulam no processo artístico
• Autores ou artistas: são pessoas situadas em um contexto sociocultural; são criadores (profissionais ou não) de produtos ou
obras artísticas.
• Produtos artísticos, ou obras de arte: são trabalhos resultantes de um fazer e de um pensar técnico, emotivo e representacional
do mundo da natureza e da cultura; têm uma história, situam-se em um contexto sociocultural e sintetizam modos e conheci-
mentos artísticos e estéticos de seus autores.
• Comunicação, ou divulgação: são diferentes práticas (profissionais ou não) de apresentar, expor, veicular e intermediar as obras
artísticas, as concepções estéticas e a arte.
• Público: são pessoas também situadas em um tempo-espaço sociocultural a partir do qual constroem a história de suas relações
com as produções artísticas e com os autores (ou artistas).

FERRAZ, Maria; FUSARI, Maria. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e proposições. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 17-23. Adaptado.

A arte como objeto de conhecimento


O universo da arte caracteriza um tipo criação singular da imaginação huma- de conhecimento humano é a qualida-
particular de conhecimento que o ser hu- na, cujo valor é universal. Por isso, uma de de comunicação entre os seres hu-
mano produz a partir das perguntas funda- obra de arte não é mais avançada, mais manos que a obra de arte propicia, por
mentais que desde sempre se fez com rela- evoluída, nem mais correta do que ou- uma utilização particular das formas
ção ao seu lugar no mundo. tra qualquer. de linguagem: Assim como cada frase
A manifestação artística tem em comum
com o conhecimento científico, técnico ou
• A obra de arte revela para o artista e
para o espectador uma possibilida-
ganha sentido no conjunto do texto, rea-
lizando o todo da forma literária, cada
filosófico seu caráter de criação e inovação. de de existência e comunicação, além elemento visual, musical, dramático ou
Essencialmente, o ato criador, em qualquer da realidade de fatos e relações ha- de movimento tem seu lugar e se rela-
dessas formas de conhecimento, estrutura bitualmente conhecidos: O conheci- ciona com os demais daquela forma ar-
e organiza o mundo, respondendo aos de- mento artístico não tem como objeti- tística específica.
safios que dele emanam, em um constante
processo de transformação do ser humano e
vo compreender e definir leis gerais que
expliquem por que as coisas são como
• A forma artística fala por si mesma, in-
depende e vai além das intenções do
da realidade circundante. O produto da ação são. As formas artísticas apresentam artista: A forma artística pode significar
criadora, a inovação, é resultante do acrés- uma síntese subjetiva de significações coisas diferentes, resultantes da expe-
cimo de novos elementos estruturais ou da construídas por meio de imagens poé- riência de apreciação de cada um. Seja
modificação de outros. Regido pela necessi- ticas (visuais, sonoras, corporais ou de na forma de alegoria, de formulação crí-
dade básica de ordenação, o espírito huma- conjuntos de palavras, como no texto li- tica, de descoberta de padrões formais,
no cria, continuamente, sua consciência de terário ou teatral). Nesse viés, a arte não de propaganda ideológica, de poesia, a
existir por meio de manifestações diversas. é um discurso linear sobre objetos, fa- obra de arte ganha significado na frui-
tos, questões, ideias e sentimentos. A ção de cada espectador.
O conhecimento artístico
como produção e fruição
forma artística é, antes, uma combina-
ção de imagens que são objetos, fatos,
• A percepção estética é a chave da co-
municação artística: Diante de uma
questões, ideias e sentimentos, orde- obra de arte, habilidades de percepção,
• A obra de arte situa-se no ponto de en-
contro entre o particular e o univer-
nados não pelas leis da lógica objetiva,
mas por uma lógica intrínseca ao domí-
intuição, raciocínio e imaginação atuam
tanto no artista quanto no espectador.
sal da experiência humana: Cada obra nio do imaginário. Mas é inicialmente pelo canal da sensi-
de arte é, ao mesmo tempo, um produ-
to cultural de determinada época e uma
• O que distingue essencialmente a cria-
ção artística das outras modalidades
bilidade que se estabelece o contato en-
tre a pessoa do artista e a do espectador,

VI

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mediado pela percepção estética da obra desenvolvimento da criança: visualizar tística, tanto de artistas quanto dos pró-
de arte. A significação não está, portan- situações que não existem, mas que po- prios alunos.
to, na obra, mas na interação complexa dem vir a existir, abre o acesso a possi-
No contexto escolar, aprender arte en-
de natureza primordialmente imaginati- bilidades que estão além da experiên-
volve não apenas uma atividade de pro-
va entre a obra e o espectador. cia imediata.
• A personalidade do artista é ingre-
diente que se transforma em gesto O conhecimento artístico
dução artística pelos alunos, mas também
a conquista da significação do que fazem,
pelo desenvolvimento da percepção esté-
criador, fazendo parte da substância como reflexão
tica, alimentada pelo contato com o fenô-
mesma da obra: A obra de arte não é
Em sínte se , o conhe cime nto da arte meno artístico visto como objeto de cultura
resultante apenas da sensibilidade do
envolve: através da história e como conjunto organi-
artista, assim como a emoção estética
do espectador não lhe vem unicamente
do sentimento que a obra suscita nele.
• a experiência de fazer formas artísticas
e tudo que entra em jogo nessa ação
zado de relações formais. É importante que
os alunos compreendam o sentido do fazer
artístico; que suas experiências de dese-
Na produção e apreciação da arte estão criadora: recursos pessoais, habilida-
nhar, cantar, dançar ou dramatizar não são
presentes habilidades de relacionar e des, pesquisa de materiais e técnicas, a
atividades que visam distraí-los da “serie-
solucionar questões propostas pela or- relação entre perceber, imaginar e rea-
dade” das outras disciplinas.
ganização dos elementos que compõem lizar um trabalho de arte;
as formas artísticas: conhecer arte en-
volve o exercício conjunto do pensa-
• a experiência de fruir formas artísticas,
utilizando informações e qualidades
Ao fazer e conhecer arte, o aluno per-
corre trajetos de aprendizagem que propi-
ciam conhecimentos específicos sobre sua
mento, da intuição, da sensibilidade e perceptivas e imaginativas para estabe-
relação com o mundo. Além disso, desen-
da imaginação. lecer um contato, uma conversa em que
• A imaginação criadora transforma a
existência humana: A imaginação cria-
as formas signifiquem coisas diferentes
para cada pessoa;
volvem potencialidades (como percepção,
observação, imaginação e sensibilidade)

dora permite ao ser humano conceber


situações, fatos, ideias e sentimentos
• a experiência de refletir sobre a arte
como objeto de conhecimento, onde im-
que podem alicerçar a consciência do seu
lugar no mundo e também contribuem ine-
gavelmente para sua apreensão significa-
que se realizam como imagens internas, portam dados sobre a cultura em que o
tiva dos conteúdos das outras disciplinas
a partir da manipulação da linguagem. É trabalho artístico foi realizado, a histó-
do currículo.
essa capacidade de formar imagens que ria da arte e os elementos e princípios
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte . Brasília:
torna possível a evolução humana e o formais que constituem a produção ar- MEC, 1997. p. 26-33. Adaptado.

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VII

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A avaliação a serviço da aprendizagem
A aprendizagem e, consequente e simultaneamente, a avaliação devem ser orientadas e dirigidas pelo currículo — como ideia global
de princípios e marco conceitual de referência que concretiza em práticas específicas a educação como projeto social e político — e pelo
ensino, o qual deve inspirar-se nele.
Partindo dos pressupostos construtivistas sobre o ensino e a aprendizagem, e levando-se em conta a teoria implícita que ilumina o
currículo, devemos reconhecer que um bom ensino contribui positivamente para tornar boa a aprendizagem e que uma boa atividade de
ensino e de aprendizagem torna boa a avaliação.
Do mesmo modo, devemos reconhecer que uma boa avaliação torna boa a atividade de ensino e boa a atividade de aprendizagem.
Assim, estabelece-se uma relação simétrica e equilibrada entre cada um dos elementos que compõem o “currículo total”, considera-
do como meio ideal de aprendizagem e como tempo e lugar de intercâmbio no qual são construídas, cooperativa e solidariamente, as
aprendizagens escolares.
O que fica claro é que, em nenhum caso, a preocupação com os exames — que podem ser, razoavelmente bem utilizados, recursos
aceitáveis, embora não únicos de avaliação — deve condicionar e dirigir a aprendizagem; tampouco, evidentemente, deve condicionar
o currículo e o ensino. Não podemos perder de vista que os exames, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da
aprendizagem, do ensino e do currículo e antes, é claro, do sujeito que aprende. Do contrário, serão os exames, e não o currículo procla-
mado nem o currículo praticado, os que determinarão o currículo real e o que ele representa.
A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desempenhado um papel decisi-
vo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes for-
muladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas
devem desempenhar na implementação da avaliação.
A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela racionalidade prática e crí-
tica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, sem que sobre a sua palavra gravite constantemente
o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualida-
de do modo pelo qual o aluno aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendiza-
do, bem como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo ouvido e estuda-
do em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador válido da qualidade da educação.

ALVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37.

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VIII

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Ensinar exige curiosidade
Se há uma prática exemplar como nega-

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ção da experiência formadora é a que dificul-
ta ou inibe a curiosidade do educando e, em
consequência, a do educador. É que o educa-
dor, entregue a procedimentos autoritários
ou paternalistas os quais impedem ou difi-
cultam o exercício da curiosidade do educan-
do, termina por igualmente tolher sua pró-
pria curiosidade. Nenhuma curiosidade se
sustenta eticamente no exercício da nega-
ção da outra curiosidade. A curiosidade dos
pais que só se experimenta no sentido de sa-
ber como e onde anda a curiosidade dos fi-
lhos se burocratiza e fenece. A curiosidade
que silencia a outra nega-se a si mesma tam-
bém. O bom clima pedagógico-democrático
é aquele em que o educando vai aprendendo
à custa de sua própria prática, que sua curio-
sidade como sua liberdade deve estar sujei-
ta a limites, mas em permanente exercício.
Limites eticamente assumidos por ele. Mi-
nha curiosidade não tem o direito de invadir
a privacidade do outro e expô-la aos demais.
Como professor, devo saber que, sem a
curiosidade que me move, que me inquieta,
que me insere na busca, não aprendo nem
ensino. Exercer a minha curiosidade de for-
ma correta é um direito que tenho como discursivas do professor, espécies de res- a intimidade do movimento de seu pen-
gente e que corresponde ao dever de lutar postas a perguntas que não foram feitas. Isso samento. Sua aula é, assim, um desafio, e
por ele, o direito à curiosidade. Com a curio- não significa realmente que devamos reduzir não uma cantiga de ninar. Seus olhos can-
sidade domesticada, posso alcançar a me- a atividade docente em nome da defesa da sam, não dormem. Cansam porque acom-
morização mecânica do perfil deste ou da- curiosidade necessária a puro vaivém de per- panham as idas e vindas de seu pensamen-
quele objeto, mas não o aprendizado real ou guntas e respostas, que burocraticamente se to, surpreendem suas pausas, suas dúvidas,
o conhecimento cabal dele. A construção ou esterilizam. A dialogicidade não nega a vali- suas incertezas.
a produção do conhecimento do objeto im- dade de momentos explicativos, narrativos, Antes de qualquer tentativa de discus-
plica o exercício da curiosidade, sua capa- em que o professor expõe ou fala do objeto. são de técnicas, de materiais, de métodos
cidade crítica de tomar distância do objeto, O fundamental é que professor e alunos sai- para uma aula dinâmica, é preciso, indis-
de observá-lo, delimitá-lo, cindi-lo, cercá-lo bam que a postura deles é dialógica, aberta, pensável mesmo, que o professor se ache
ou fazer sua aproximação metódica, sua ca- curiosa, indagadora, e não apassivada, en- “repousado” no saber de que a pedra fun-
pacidade de comparar, de perguntar. quanto fala ou enquanto ouve. O que impor- damental é a curiosidade do ser humano. É
Estimular a pergunta, a reflexão crítica ta é que professor e alunos se assumam epis- ela que me faz perguntar, conhecer, atuar,
sobre a própria pergunta, o que se preten- temologicamente curiosos. perguntar mais, reconhecer.
de com esta ou com aquela pergunta em Nesse sentido, o bom professor é o que
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Ter-
lugar da passividade, face às explicações consegue, enquanto fala, trazer o aluno até ra, 2006. p. 84-86. Adaptado.

IX

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Mediação estética
Mediação estética: o que Mediação estética: de que com os avanços das ciências da Educação,
temos? precisamos? da Sociologia e da Psicologia, particular-
Desde a década de 1990, vem sendo pu- As perguntas feitas às obras são sempre me nte das te orias de de se nvolvime nto
blicada grande quantidade de materiais as oportunas para cada pessoa, em cada cognitivo.
para subsidiar as atividades de leitura de momento da vida. Isso porque nada pode Leitura e apreciação são sinônimos de
imagens na escola e no museu. Entre eles, ser interpretado sem uma conexão com o compreensão, e esta é decorrente de uma
estão livros didáticos, sites da Internet, re- mundo no qual se vive. A vida de uma pes- interpretação. Quando os alunos pensam
comendações, pareceres legais e até a Base soa é determinada, culturalmente, pela ma- que estão apenas descrevendo o que está
Nacional Comum Curricular (BNCC) em Arte. neira como é criada, e a interpretação esté- objetivado à sua frente, estão, na verda-
No entanto, a qualidade desses materiais tica resulta dos instrumentos que a cultura de interpretando, ou seja, atribuindo sen-
muitas vezes deixa a desejar, pois muitos lhe dá para compreender o que está sendo tido. Suas falas são interpretações do que
não respeitam a natureza da leitura dos alu- oferecido para leituras. O professor/media- veem, as quais são geradas nos contextos
nos, nos diversos momentos e contextos do dor tem de estar atento a isso durante as por eles vivenciados. Eles adotam os valo-
processo de escolarização. Como a maioria atividades de leitura. Além disso, deve le- res da sua cultura, mesmo que não demons-
dos professores não conhece o pensamen- var em conta a natureza do desenvolvimen- trem a consciência desse processo.
to estético de seus alunos, não tem condi- to estético dos alunos. Ao trabalhar com a leitura estético-visual
ção de avaliar tais propostas. Assim, mui- Quando dissemos que as perguntas que com crianças, o papel do educador é propi-
tos professores estão fazendo o papel do emergem durante a leitura são sempre as ciar situações que possam implementar o
mediador estético a partir das orientações oportunas para cada pessoa em cada mo- processo de desenvolvimento da compreen-
disponíveis. Mas está na hora de pergun- mento da vida, queremos dizer que estas são estética. Em vez de fixar-se nos aspectos
tar: estamos abordando a leitura estética são as perguntas que devem ser enfocadas, formais e histórico-factuais da obra (o que
de forma adequada? Estamos respeitando discutidas e estimuladas pelo professor, a nada acrescenta ao processo de construção
o modo de construção do conhecimento fim de que o conhecimento estético do alu- do pensamento estético) ou de superesti-
da arte por meio da leitura? Estamos usan- no possa ser desenvolvido. Se ele conside- mar as habilidades interpretativas do aluno
do estratégias adequadas para promover a rar que tais questões são infantis, ingênuas, (por exemplo, exigindo a “identificação” do
formação estética, um dos principais objeti- menores, não estará respeitando a constru- significado da imagem por meio de metáfo-
vos do ensino da arte? Conhecemos as pos- ção do conhecimento estético do aluno. Se ras), o professor fará melhor se respeitar a
sibilidades e as limitações das leituras que ele considerar que as questões dignas, cor- natureza da criação da criança. Para tanto,
propomos? Que tipos de leitura devemos (e retas, adequadas são as que se referem a sala de aula deverá se transformar em um
podemos) proporcionar ao aluno nos dife- apenas aos aspectos formais da composi- espaço estimulante, provocativo, problema-
rentes níveis e contextos de escolarização? ção, como a linha, a cor, a textura, os pla- tizador, onde o aluno possa ter suas ideias
Sem dúvida, para respondermos a es- nos, o equilíbrio, etc., estará demonstrando e teorias confrontadas, refutadas, compar-
sas perguntas, é necessário, antes, ter as uma concepção limitadora de leitura esté- tilhadas, enfim, discutidas entre colegas.
respostas para outras tantas: o que o alu- tica. Como consequência, estará desviando Só assim pode haver crescimento. Um pro-
no vê em uma imagem/obra? Que aspectos a condução das atividades de leitura para fessor ciente de como se dá o conhecimen-
da imagem são priorizados na sua análise? um caminho que levará ao empobrecimen- to estético e receptivo às manifestações do
Como interpreta? Que critérios usa para jul- to do processo de construção do conheci- aluno poderá promover tal situação. Ao con-
gar as obras? O que diferencia a leitura de mento estético do aluno. trário, um professor que tem restrições ao
cada um? A que se devem tais diferenças? O construtivismo nos ensina que o co- discurso espontâneo e intuitivo do aluno
Enquanto não pudermos responder a tais nhecimento é uma construção ativa do su- tenderá a “ensinar-lhe” como interpretar e
questões, não estaremos preparados para jeito. Assim, fazer suposições sobre o que julgar as imagens, de acordo com o que ele
atuar na mediação estética nem teremos o aluno deve ler, ou impor a nossa com- julga digno, correto, adequado.
consciência das (des)orientações que esta- preensão sobre a imagem, é algo que deve- ROSSI, Maria Helena Wagner. Mediação estética: o que temos?
Do que pre cisamos? Re cife : Fundação de Cultura Cidade do
mos disseminando por aí. [...] mos evitar, se pretendemos agir de acordo Recife, 2008. p. 71-75. Adaptado.

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Bibliografia recomendada
AMARAL, A. M. Teatro de formas animadas: máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: Edusp, 1996.
ARANTES, A. A. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense, 1983.
BARBOSA, A. M. Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.
. A imagem no ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
. Recorte e colagem: influências de John Dewey no ensino de arte no Brasil. São Paulo: Autores Associados/Cortez, 1982.
. Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva/Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do
Estado de São Paulo, 1978.
BENJAMIN, W. A criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus, 1983.
DWORECKI, S. Em busca do desenho perdido. São Paulo: Ed. Scipione Cultural/Edusp, 1999.
FERRAZ, M. H.; FUSARI, M. F. Metodologia do ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 1993. (Coleção Magistério).
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FUSARI, M. F.; FERRAZ, M. H. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
IAVELBERG, R. Pedagogia da arte ou arte pedagógica: um alerta para a recuperação das oficinas de percurso de criação pessoal no en-
sino da arte. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, v. único, p. 25-28, 1997.
. Arte na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MACHADO, R. Relatório de experiência. In: BARBOSA, A. M. Arte-educação: acertos e conflitos. São Paulo: Max Limonad, 1985.
MACHADO, Regina Stela Barcelos. Arte educação e o conto de tradição oral: elementos para uma pedagogia do imaginário. 1989. Tese
(Doutorado em Arte e Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.
MARQUES, I. Dançando na escola. Motriz, v. 3, n. 1, p. 20-28, jun. 1997.
. Didática para o ensino da dança: do imaginário ao pedagógico. Educação & Sociedade, v. XV, p. 261-270, 1994.
MCLAREN, P. Multiculturalismo crítico. São Paulo: Cortez, 1997.
MORAES, J. J. O que é música. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
PERNAMBUCO. Secretaria de Educação, Cultura e Esportes. Diretoria de Educação Escolar. Subsídios para a organização da prática pe-
dagógica nas escolas: Educação Artística. Recife, 1994. (Coleção Prof. Carlos Maciel).
. Secretaria de Educação. DSE/Departamento de Cultura, Cepe. Arte-educação: perspectivas. Recife, 1988.
PRADO, D. O moderno teatro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1988.
ZANINI, W. (org.). História geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1983.

Bibliografia complementar
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Editora Scipione, 2010.
AMARAL, A. (org.). Arte construtiva no Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1998. (Coleção Adolpho Leirner).
BARBOSA, A. M. Arte e Educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1995. (Coleção Debates).
. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
BUORO, A. Olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Editora Cortez, 1996.
COLL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo arte na escola. São Paulo: Ática, 1996.
FEIST, H. Pequena viagem pelo mundo da arte. São Paulo: Editora Moderna, 1996. (Coleção Desafio).
KONDELA, I. Jogos teatrais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992. (Coleção Debates).
LIMA, Edmilson. O baú de brinquedos. Recife: Editora Bagaço, 2004.
MORAES, Frederico. O Brasil na visão do artista: O País e sua Cultura. São Paulo: Editora Prêmio, 2004.
PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino da arte. Porto Alegre: Mediação, 1999.

XI

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A importância da Arte à luz da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC)
No Ensino Fundame ntal, o compone n- A prática investigativa constitui o modo são, entraves, desafios, conflitos, nego-
te curricular Arte e stá ce ntrado nas se guin- de produção e organização dos conhe ci- ciações e inquietações.
tes linguagens: artes visuais, dança, música
e teatro. Essas linguagens articulam saberes
mentos em Arte. É no percurso do fazer ar-
tístico que os alunos criam, experimentam,
• Crítica: refere-se às impressões que im-
pulsionam os sujeitos em direção a novas
referentes a produtos e fenômenos artísticos de se nvolve m e pe rce be m uma poética compreensões do espaço em que vivem,
e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, pe ssoal. Os conhe cime ntos, proce ssos e com base no estabelecimento de relações,
construir, exteriorizar e refletir sobre formas técnicas produzidos e acumulados ao lon- por meio do estudo e da pesquisa, entre
artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pen- go do tempo em artes visuais, dança, músi- as diversas experiências e manifestações
samento, as emoções e as subjetividades se ca e teatro contribuem para a contextuali- artísticas e culturais vividas e conhecidas.
manife stam como formas de e xpre ssão no zação dos saberes e das práticas artísticas. Essa dimensão articula ação e pensamen-
processo de aprendizagem em Arte. Eles possibilitam compreender as relações to propositivos, envolvendo aspectos es-
O componente curricular contribui, ain- entre tempos e contextos sociais dos sujei- téticos, políticos, históricos, filosóficos, so-
da, para a interação crítica dos alunos com tos na sua interação com a arte e a cultura. ciais, econômicos e culturais.
a complexidade do mundo, além de favo-
re ce r o re spe ito às dife re nças e o diálogo
A BNCC propõe que a abordage m das
linguage ns articule se is dimensões do
• Estesia: refere-se à experiência sensível
dos sujeitos em relação ao espaço, ao
intercultural, pluriétnico e plurilíngue, im- conhecimento que , de forma indissociá- tempo, ao som, à ação, às imagens, ao
portantes para o exercício da cidadania. A ve l e simultâne a, caracte rizam a singu- próprio corpo e aos diferentes materiais.
Arte propicia a troca entre culturas e favo- laridade da e xpe riência artística. Tais di- Essa dimensão articula a sensibilidade e
re ce o re conhe cime nto de se me lhanças e me nsõe s pe rpassam os conhe cime ntos a percepção, tomadas como forma de co-
diferenças entre elas. das arte s visuais, da dança, da música e nhecer a si mesmo, o outro e o mundo.
Ne sse se ntido, as manife staçõe s artísti- do te atro e as apre ndizage ns dos alunos Nela, o corpo em sua totalidade (emoção,
cas não pode m se r re duzidas às produçõe s e m cada conte xto social e cultural. Não percepção, intuição, sensibilidade e inte-
legitimadas pelas instituições culturais e vei- se trata de eixos temáticos ou categorias, lecto) é o protagonista da experiência.
culadas pela mídia, tampouco a prática artís-
tica pode ser vista como mera aquisição de
mas de linhas male áve is que se inte rpe -
ne tram, constituindo a e spe cificidade da
• Expressão: refere-se às possibilidades
de exteriorizar e manifestar as criações
códigos e técnicas. A apre ndizage m de Arte construção do conhe cime nto e m Arte na subjetivas por meio de procedimentos
precisa alcançar a experiência e a vivência ar- escola. Não há nenhuma hierarquia entre artísticos, tanto em âmbito individual
tísticas como prática social, permitindo que e ssas dime nsõe s, tampouco uma orde m quanto coletivo. Essa dimensão emerge
os alunos sejam protagonistas e criadores. para se trabalhar com cada uma no cam- da experiência artística com os elemen-
A prática artística possibilita o comparti- po pedagógico. tos constitutivos de cada linguagem, dos
lhamento de saberes e de produções entre os As dimensões são: seus vocabulários específicos e das suas
alunos por meio de exposições, saraus, espe- materialidades.
táculos, performances, concertos, recitais, in-
tervenções e outras apresentações e eventos
• Criação: re fe re -se ao faze r artístico,
quando os sujeitos criam, produzem e
• Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao
estranhamento e à abertura para se sensi-
artísticos e culturais, na escola ou em outros constroem. Trata-se de uma atitude in- bilizar durante a participação em práticas
locais. Os processos de criação precisam ser tencional e investigativa que confere artísticas e culturais. Essa dimensão impli-
compreendidos como tão relevantes quanto materialidade estética a sentimentos, ca disponibilidade dos sujeitos para a re-
os eventuais produtos. Além disso, o compar- ideias, desejos e representações em pro- lação continuada com produções artísti-
tilhame nto das açõe s artísticas produzidas cessos, acontecimentos e produções ar- cas e culturais oriundas das mais diversas
pelos alunos, em diálogo com seus professo- tísticas individuais ou coletivas. Essa di- épocas, lugares e grupos sociais.
res, pode acontecer não apenas em eventos
específicos, mas ao longo do ano, sendo par-
mensão trata de apreender o que está
em jogo durante o fazer artístico, pro-
• Reflexão: refere-se ao processo de cons-
truir argumentos e ponderações sobre
te de um trabalho em processo. cesso permeado por tomadas de deci- as fruições, as experiências e os proces-

XII

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sos criativos, artísticos e culturais. É a do mundo. Eles têm, assim, a oportunida- o diálogo com a literatura, além de possibili-
atitude de perceber, analisar e interpre- de de repensar dualidades e binômios (cor- tar o contato e a reflexão acerca das formas
tar as manifestações artísticas e cultu- po versus me nte , popular versus e rudito, estéticas híbridas, tais como as artes circen-
rais, seja como criador, seja como leitor. teoria versus prática), em favor de um con- ses, o cinema e a performance.
junto híbrido e dinâmico de práticas. Atividade s que facilite m um trânsito
A re fe rência a e ssas dime nsõe s busca A música é a e xpre ssão artística que criativo, fluido e desfragmentado entre as
facilitar o proce sso de e nsino apre ndiza- se materializa por meio dos sons, que ga- linguagens artísticas podem construir uma
ge m e m Arte , inte grando os conhe cime n- nham forma, sentido e significado no âm- re de de inte rlocução, inclusive , com a li-
tos do componente curricular. Uma vez que bito tanto da subje tividade quanto das te ratura e com outros compone nte s cur-
os conhe cime ntos e as e xpe riências artís- inte raçõe s sociais, como re sultado de sa- riculare s. Te mas, assuntos ou habilidade s
ticas são constituídos por mate rialidade s be re s e valore s dive rsos e stabe le cidos no afins de dife re nte s compone nte s pode m
verbais e não verbais, sensíveis, corporais, domínio de cada cultura. compor projetos nos quais saberes se inte-
visuais, plásticas e sonoras, é importante A ampliação e a produção dos conheci- grem, gerando experiências de aprendiza-
levar em conta sua natureza vivencial, ex- me ntos musicais passam pe la pe rce pção, gem amplas e complexas.
periencial e subjetiva. experimentação, reprodução, manipulação Em sínte se , o compone nte Arte no En-
As artes visuais são os processos e pro- e criação de materiais sonoros diversos, dos sino Fundame ntal articula manife staçõe s
dutos artísticos e culturais, nos dive rsos mais próximos aos mais distantes da cultura culturais de tempos e espaços diversos, in-
tempos históricos e contextos sociais, que musical dos alunos. Esse processo lhes pos- cluindo o entorno artístico dos alunos e as
têm a expressão visual como elemento de sibilita vivenciar a música inter-relacionada produçõe s artísticas e culturais que lhe s
comunicação. Essas manife staçõe s re sul- à dive rsidade e de se nvolve r sabe re s musi- são conte mporâne as. Do ponto de vista
tam de e xploraçõe s plurais e transforma- cais fundamentais para sua inserção e parti- histórico, social e político, propicia a eles o
çõe s de mate riais, de re cursos te cnológi- cipação crítica e ativa na sociedade. entendimento dos costumes e dos valores
cos e de apropriações da cultura cotidiana. O teatro instaura a e xpe riência artísti- constituinte s das culturas, manife stados
As artes visuais possibilitam aos alunos ca multissensorial de encontro com o outro em seus processos e produtos artísticos, o
e xplorar múltiplas culturas visuais, dialo- em performance. Nessa experiência, o corpo que contribui para sua formação integral.
gar com as dife re nças e conhe ce r outros é lócus de criação ficcional de te mpos, e s- Ao longo do Ensino Fundamental, os alu-
e spaços e possibilidade s inve ntivas e e x- paços e sujeitos distintos de si próprios, por nos de ve m e xpandir se u re pe rtório e am-
pressivas, de modo a ampliar os limites es- meio do verbal, não verbal e da ação física. pliar sua autonomia nas práticas artísticas,
colare s e criar novas formas de inte ração Os processos de criação teatral passam por por me io da re fle xão se nsíve l, imaginati-
artística e de produção cultural, sejam elas situaçõe s de criação cole tiva e colaborati- va e crítica sobre os conteúdos artísticos e
concretas ou simbólicas. va, por intermédio de jogos, improvisações, seus elementos constitutivos e também so-
A dança se constitui como prática artísti- atuações e encenações, caracterizados pela bre as experiências de pesquisa, invenção e
ca pelo pensamento e sentimento do corpo, interação entre atuantes e espectadores. criação. Para tanto, é preciso reconhecer a
mediante a articulação dos processos cog- O fazer teatral possibilita a intensa troca diversidade de saberes, experiências e prá-
nitivos e das experiências sensíveis, implica- de experiências entre os alunos e aprimora ticas artísticas como modos le gítimos de
dos no movime nto dançado. Os proce ssos a percepção estética, a imaginação, a cons- pe nsar, de e xpe rie nciar e de fruir a Arte , o
de investigação e produção artística da dan- ciência corporal, a intuição, a memória, a re- que coloca em evidência o caráter social e
ça centram-se naquilo que ocorre no e pelo flexão e a emoção. Ainda que, na BNCC, as político dessas práticas.
corpo, discutindo e significando re laçõe s linguage ns artísticas das arte s visuais, da Na BNCC de Arte , cada uma das qua-
entre corporeidade e produção estética. dança, da música e do teatro sejam conside- tro linguage ns do compone nte curricu-
Ao articular os aspectos sensíveis, epis- radas em suas especificidades, as experiên- lar — artes visuais, dança, música e tea-
temológicos e formais do movimento dan- cias e vivências dos sujeitos em sua relação tro — constitui uma unidade temática que
çado ao se u próprio conte xto, os alunos com a Arte não aconte ce m de forma com- reúne objetos de conhecimento e habilida-
problematizam e transformam percepções partimentada ou estanque. Assim, é impor- des articulados às seis dimensões apresen-
ace rca do corpo e da dança, por me io de tante que o componente curricular Arte leve tadas anteriormente. Além dessas, uma úl-
arranjos que permitem novas visões de si e em conta o diálogo entre essas linguagens, tima unidade temática, Artes Integradas,

XIII

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explora as relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tec-
nologias de informação e comunicação.
Nessas unidades, as habilidades são organizadas com o intuito de permitir que os sistemas e as redes de ensino, as escolas e os pro-
fessores organizem seus currículos e suas propostas pedagógicas com a devida adequação aos seus contextos. A progressão das apren-
dizagens não está proposta de forma linear, rígida ou cumulativa com relação a cada linguagem ou objeto de conhecimento, mas propõe
um movimento no qual cada nova experiência se relaciona com as anteriores e as posteriores na aprendizagem de Arte.
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os
agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos.
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC e as competências específicas da área de
Linguagens, o componente curricular de Arte deve garantir aos alunos o desenvolvimento de algumas competências específicas.

Competências específicas de Arte para o Ensino


Fundamental

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos in-
dígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a
arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

2. Compreender as relações entre as linguagens da arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das
novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na
prática de cada linguagem e nas suas articulações.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais — especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que
constituem a identidade brasileira —, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em arte.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no
âmbito da arte.

XIV

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5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.

6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de
produção e de circulação da arte na sociedade.

7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções,
intervenções e apresentações artísticas.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões
de mundo.

Arte no Ensino Fundamental — Anos Finais: unidades


temáticas, objetos de conhecimento e habilidades
No Ensino Fundamental — Anos Finais, é preciso assegurar aos alunos a ampliação de suas interações com manifestações artísticas
e culturais nacionais e internacionais, de diferentes épocas e contextos. Essas práticas podem ocupar os mais diversos espaços da esco-
la, espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as relações com a comunidade.
Além disso, o diferencial dessa fase está na maior sistematização dos conhecimentos e na proposição de experiências mais diversifi-
cadas em relação a cada linguagem, considerando as culturas juvenis.
Desse modo, espera-se que o componente Arte contribua com o aprofundamento das aprendizagens nas diferentes linguagens — e
no diálogo entre elas e com as outras áreas do conhecimento —, com vistas a possibilitar aos estudantes maior autonomia nas experiên-
cias e vivências artísticas.

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XV

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Arte – 6o ao 9o ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Contextos e práticas

Elementos da linguagem
Artes visuais
Materialidades

Processos de criação

Sistemas da linguagem

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Dança

Processos de criação

Contextos e práticas

Música

Elementos da linguagem

Materialidades

XVI

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HABILIDADES

(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de
artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar
a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de
simbolizar e o repertório imagético.
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema,
animações, vídeos, etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos, etc.), cenográficas, coreográficas, musicais, etc.

(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão,
espaço, movimento, etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos,
dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance, etc.).

(EF69AR06) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual,
coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas
produções visuais.

(EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo
relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e
apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o
desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea.
(EF69AR11) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que,
combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

(EF69AR12) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção
de vocabulários e repertórios próprios.
(EF69AR13) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e
culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.
(EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora, etc.) e espaços
(convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.
(EF69AR15) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos,
problematizando estereótipos e preconceitos.

(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção
e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica,
estética e ética.
(EF69AR17) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do
conhecimento musical.
(EF69AR18) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o
desenvolvimento de formas e gêneros musicais.
(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar
a capacidade de apreciação da estética musical.

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo, etc.), por meio
de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e
apreciação musicais.

(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical,
reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

XVII

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Arte – 6o ao 9o ano (Continuação)
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Notação e registro musical

Música
Processos de criação

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Teatro

Processos de criação

Contextos e práticas

Processos de criação

Matrizes estéticas e culturais


Artes integradas

Patrimônio cultural

Arte e tecnologia

XVIII

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HABILIDADES

(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e
procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons
corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira
individual, coletiva e colaborativa.

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os
modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a
capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário,
iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro
contemporâneo.
(EF69AR28) Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artístico coletivo e
colaborativo.
(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no
jogo cênico.
(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música,
imagens, objetos, etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a
relação com o espectador.

(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética
e ética.

(EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as
diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design, etc.).

(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo
suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório
relativos às diferentes linguagens artísticas.

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e
compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

XIX

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Sumário
5 Capítulo 1 – Computadores fazem arte 27 Capítulo 5 – A dança como expressão do
5 A diversidade da arte digital corpo e da alma
5 Registre suas ideias 27 Corpos em movimento: a trajetória da SPCD
6 O que as outras pessoas pensam sobre 27 Registre suas ideias
6 A Era Digital e a Arte: como a Internet afetou 28 O que as outras pessoas pensam sobre
este mundo? 28 Os elementos que fazem a dança
7 Diálogos com o tema 29 Diálogos com o tema
7 Pixar Animation Studios 29 Particularidades da dança
8 + Informações sobre o tema 30 + Informações sobre o tema
8 Storyboard 30 A capoeira
9 Repensando 31 Repensando

10 Capítulo 2 – O poder pela arte 33 Capítulo 6 – A contracultura


10 A mulher na História da Arte 33 As raízes do Manguebeat
11 Registre suas ideias 33 Registre suas ideias
11 O que as outras pessoas pensam sobre 34 O que as outras pessoas pensam sobre
11 O lugar da mulher na arte contemporânea 34 Movimento hippie: você sabe como surgiu?
13 Diálogos com o tema 35 Diálogos com o tema
13 Mulheres negras 35 Movimento hippie
14 + Informações sobre o tema 35 + Informações sobre o tema
14 As mulheres, a arte e a invisibilidade 35 A década de 1960
15 Repensando 37 Repensando

17 Capítulo 3 – A arte e a fé 39 Capítulo 7 – Arte projetando os espaços


17 A conexão entre a música e a religião 39 A arquitetura peculiar de Antoni Gaudí
18 Registre suas ideias 40 Registre suas ideias
18 O que as outras pessoas pensam sobre 40 O que as outras pessoas pensam sobre
18 Arte como uma oração 40 Oscar Niemeyer
18 Diálogos com o tema 42 Diálogos com o tema
18 Esculturas 42 Design de interiores
19 + Informações sobre o tema 44 + Informações sobre o tema
19 O Barroco no Brasil 44 Arquitetura egípcia
20 Repensando 44 Repensando
FC_A

21 Capítulo 4 – A arte como representação 45 Capítulo 8 – Descobrindo o mundo através


21 O teatro de Silvia Gomez da arte
21 Registre suas ideias 45 A importância cultural dos museus
22 O que as outras pessoas pensam sobre 45 Registre suas ideias
22 Diferentes definições do teatro 46 O que as outras pessoas pensam sobre
23 Diálogos com o tema 46 Museu na Internet
23 O antagonista 47 Diálogos com o tema
24 + Informações sobre o tema 47 Instituições culturais
24 Teatro contemporâneo: performance 47 + Informações sobre o tema
25 Repensando 47 As aulas de campo
48 Repensando

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(EF69AR05) Experimentar e analisar dife-
rentes formas de expressão artística (dese-
Capítulo nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra-

1 Computadores fazem arte


dura, escultura, modelagem, instalação, ví-
deo, fotografia, performance etc.).
(EF69AR06) Desenvolver processos de cria-
ção em artes visuais, com base em temas
A diversidade da arte Durante a infância, Clara Azuos se dividia entre dois
ou interesses artísticos, de modo individual,
digital sonhos: ser bombeira ou artista. Ter que escolher entre
duas opções tão distintas motivou a criação de perso- coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma-
nagens femininas fortes, decididas, bravias e sensíveis.
Essa paixão era vista como um passatempo, e ela nun- teriais, instrumentos e recursos convencio-
ca havia imaginado a possibilidade de trabalhar, exclusi-
Jovem e em ascensão, Clara
Azuos se divide entre produ- vamente, com ilustrações. No final, a paixão pelos dese-
nais, alternativos e digitais.
zir sua arte e ministrar aulas
para futuros profissionais da
nhos acabou falando mais alto, e Clara foi cursar Licen- (EF69AR35) Identificar e manipular diferen-
ilustração. ciatura em Expressão Gráfica pela Universidade Federal
de Pernambuco. tes tecnologias e recursos digitais para aces-
Ao longo do curso, a artista compreendeu que era pos-
sível ganhar a vida trabalhando como ilustradora e pro-
sar, apreciar, produzir, registrar e comparti-
curou maneiras de aprimorar e profissionalizar seus co- lhar práticas e repertórios artísticos, de mo-
nhecimentos. Ilustradores não necessitam de uma for-
mação acadêmica específica, boa parte deles é autodi- do reflexivo, ético e responsável.
data ou consegue aprender diversas técnicas em cursos
livres ou com o auxílio de outros ilustradores.
Atualmente, Clara realiza trabalhos para editoras e
agências. Nessas produções, é possível notar a riqueza
Expectativas de
Reprodução.

de sua criatividade e imaginação. Além de ilustrações,


a artista produz histórias em quadrinhos e também
aprendizagem
ministra aulas de ilustração e geometria na Hup Studios,
sediada no Porto Digital, no Recife, Pernambuco. • Analisar as possibilidades do mercado de
trabalho ligado à arte digital.
• Conhecer os perfis dos profissionais liga-
Registre suas
ideias dos aos estúdios que atuam no ramo digital.

1| No Japão, as histórias em quadrinhos recebem o no-


me de mangás, e as animações são conhecidas como
Considerações
animes. A produção nessas duas áreas é bastante inten-
sa, e, todos os anos, vários títulos são publicados. Uma
iniciais
característica bastante comum é existirem linhas espe- As inovações tecnológicas promove -
cíficas para determinados públicos. Para a linha volta-
da ao público adolescente feminino, os mangás ou ani- ram grandes e rápidas revoluções em qua-
se todos os setores sociais. Para a produ-
Arte – 9o ano 5
ção artística, as possibilidades surgidas com
o advento de novas técnicas de produção
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criaram postos novos que, em muitos ca-
cultivar a percepção, o imaginário, a capaci- sos, não possuem profissionais suficientes
BNCC dade de simbolizar e o repertório imagético. para dar conta da imensa carga de traba-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes lho existente.
Habilidades trabalhadas no capítulo
estilos visuais, contextualizando-os no tem- Neste capítulo, vamos abordar algumas
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar po e no espaço. dessas áreas, dando ênfase ao perfil típico
formas distintas das artes visuais tradicionais (EF69AR03) Analisar situações nas quais as dos profissionais que atuam no ramo. Por se
e contemporâneas, em obras de artistas bra- linguagens das artes visuais se integram às tratar de algo bastante recente, muitos es-
sileiros e estrangeiros de diferentes épocas e linguagens audiovisuais (cinema, anima- tudantes certamente se sentirão familiariza-
em diferentes matrizes estéticas e culturais, ções, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, dos com os tópicos abordados, o que possi-
de modo a ampliar a experiência com dife- ilustrações de textos diversos etc.), cenográ- bilitará maior interação deles com os assun-
rentes contextos e práticas artístico-visuais e ficas, coreográficas, musicais etc. tos e atividades.

Arte – 9o ano 5

:51:47

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Registre suas
ideias mes recebem o nome de shojo, ao passo que o material se tornando cada vez mais famosa entre o público geral.
produzido para o público jovem masculino é conhecido Com base nessas informações, realize um debate com
Este é um ótimo momento para conver- como shonen. Muitos desses trabalhos são publicados seus colegas e professor a respeito da influência da cul-
sar com a turma a respeito de dois conceitos ou exibidos no Brasil. tura geek na produção artística contemporânea.

stock.adobe.com/Dariia
distintos: intercâmbio cultural e aculturação.
O que as outras
O processo de intercâmbio cultural tem pessoas pensam
a intenção de divulgar a cultura de um de- sobre
terminado local para outros, respeitando as
a. Pesquise quais as principais características de cada A Era Digital e a Arte:
realidades de cada sociedade e promoven- uma dessas linhas de publicação e, baseado nisso, cite
como a Internet afetou
um exemplo de trabalho que tenha sido importado para
do uma interação com base em uma valori- o Brasil, descrevendo os personagens principais e com- este mundo?
zação mútua. Os mangás e animes seguem partilhando detalhes do enredo.
Ao passo que os anos e a tecnologia foram se modifi-
cando, a arte também acompanhou todas essas mudan-
essa linha, e esse é um dos motivos pelo seu Shojo.
ças. Com o surgimento de todas as variações tecnológi-
sucesso em outros países. Resposta pessoal. cas, a Internet tornou-se extremamente crucial na rotina
de todos os indivíduos, desde a busca de conhecimento
O processo de aculturação, por outro até a disponibilidade de várias ferramentas relacionadas
lado, visa a impor uma cultura sobre a ou- com a programação e criação de softwares.
[...]
tra, suprimindo características da cultu- Com a rapidez dos avanços tecnológicos, cada um de
nós fomos acostumados a receber diariamente um mun-
ra que está sendo combatida. O processo Shonen.
do de informações, além da melhoria de tudo o que já ha-
de catequização dos povos indígenas é um Resposta pessoal. via sido construído antes. Por esse motivo, as expecta-
tivas estão cada vez mais altas, gerando uma busca in-
exemplo de tal prática. cessante por tecnologias melhores e mais inovadoras.
[...]
Podemos afirmar, inclusive, que a era digital aumen-
O que as outras pessoas tou o leque de ferramentas artísticas, inovando, assim,

pensam sobre b. Apesar de serem criações de outra cultura, os man-


gás e animes conquistaram um grande público no Bra-
as formas e os meios de trabalho. A partir da tecnologia,
os artistas deixaram lápis, canetas, pincéis e tinteiros de
lado, para, então, utilizar ferramentas como luzes, músi-
sil. Muitos desses trabalhos fazem referência a elementos
Converse com os alunos a respeito da da cultura ocidental. Pesquise a respeito do intercâmbio
cas e pixels. Substituíram também o papel, para manejar
imagens digitais ou então gráficos codificados por com-
presença da arte digital no cotidiano. Você cultural que ocorre entre o Ocidente e o Oriente e regis-
putadores, gráficos e desenhos tridimensionais, proje-
tre os resultados da pesquisa em seu caderno.
ção multimídia, entre outros.
poderá, por exemplo, questioná-los a res- 2| Geek é um termo criado para designar pessoas aman- Toda essa nova era tecnológica contribuiu positi-
peito de artistas cujas obras estão majorita- tes de tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de ta- vamente com a divulgação do trabalho de vários artis-
buleiro, histórias em quadrinhos, mangás, livros, filmes e tas. Mesmo que algum tipo de arte precise de um lo-
riamente publicadas em redes sociais como séries. Durante muito tempo, os geeks foram taxados de cal físico, muitos trabalhos ainda podem ser visualiza-
excêntricos. Na atualidade, entretanto, essa cultura está dos por meio de televisão, computadores, smartphones,
Instagram e Facebook. Por meio dessa con-
versa, será possível aproximar o assunto da
6 Arte – 9o ano
realidade dos alunos e refletir sobre a pre-
sença da arte em diversos contextos sociais.
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Anotações Sugestão de
filme
Piper – Descobrindo o Mundo
Direção: Alan Barillaro

Piper é um filhote de ave que vive à beira-mar. Apesar do medo que sente do mar, sai em
busca de comida e então descobre um mundo novo. Esse curta-metragem de animação foi
realizado e escrito por Alan Barillaro e produzido pela equipe da Pixar Animation Studios.
A produção venceu o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação de 2016.

6 Manual do Educador

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Diálogos com o

redes sociais e Internet de um modo geral. Tais mudan- estimulante para os empregados, com grandes áreas
tema
ças possibilitaram que os artistas se tornassem os pró- abertas e locais disponíveis para troca de informações.
prios criadores de suas carreiras, excluindo a necessida- No estúdio, todos têm voz e sempre podem opinar dire- A Khan Academy é uma organização sem
de de representantes. tamente com toda a equipe de produção. fins lucrativos que visa a proporcionar uma
Disponível em: https://www.centrodeartesdesines.com.pt/a-era-digital-e-a- Um animador leva, em média, uma semana para pro-
-arte-como-a-internet-afetou-este-mundo/. Acesso em: 23/08/2021. Adaptado. duzir cerca de quatro segundos de animação, e o resul- educação gratuita e de qualidade para todos.
tado final deve ser aprovado por toda a equipe. Ainda
assim, sempre existem correções a serem feitas até que
A Pixar criou um conteúdo exclusivo
Diálogos com o se chegue ao trabalho final. Apesar de ser uma empresa
estadunidense, atualmente a Pixar assume um caráter
para a Khan com vários tópicos sobre de-
tema cada vez mais global e plural, recrutando profissionais terminadas abordagens e técnicas necessá-
vindos de diversas partes do mundo. Essa característi-
Pixar Animation ca, aliada ao fato de que todos os funcionários podem
rias para pessoas interessadas em aprender
Studios opinar e ter liberdade criativa, permite que os longas e como se produz uma animação.
curtas-metragens ali produzidos conquistem um amplo
A Pixar Animation Studios é uma empresa de ani- mercado, não se restringindo apenas ao perfil do consu- Dessa maneira, os estudantes podem
mação digital estadunidense sediada na cidade de midor norte-americano.
compreender pontos importantes, como
Emeryville, Califórnia. Fundada em 1979, a Pixar era es- Outra grande característica da Pixar é a ruptura com
pecializada na criação de efeitos especiais, principalmen- os esquemas de trabalho tradicionais, em que as pessoas utilização de parábolas e algoritmos. Isso
te para filmes de ficção científica. A partir da década de precisam cumprir horários específicos e se adaptar a uma
1990, os estúdios revolucionariam o mercado de anima- rotina que muitas vezes é entediante. Na empresa, os fun- facilita bastante também o aprendizado de
ções ao produzir o primeiro longa-metragem totalmente cionários fazem seus próprios horários, comprometendo- outras disciplinas, como a Matemática.
feito através de processo digital: Toy Story. O sucesso do -se apenas a cumprir a meta de produção semanal. Isso
empreendimento garantiu uma longa linha de produção lhes permite, por exemplo, fazer uma pausa para dar um O conteúdo está disponível no QR Code
de animações, que, em 2020, alcançou a marca de 23 fil- passeio, praticar algum esporte ou bater um papo. No en-
mes de longa-metragem. tanto, engana-se quem pensa que é uma rotina de traba-
a seguir.
Inicialmente, a empresa teve que enfrentar um pro- lho fácil: é bastante comum, por exemplo, que se adentre
blema típico de quem se dispõe a ser inovador: a falta os finais de semana produzindo quadros de animação. Os
de trabalhadores especializados. A grande maioria dos animadores também costumam se reunir em eventos, co-
animadores em atividade ainda trabalhava nos mol- mo jantares, para discutir novas ideias. Muitos temas para
des da animação tradicional. Além disso, muitos deles filmes nascem dessas reuniões informais.
moravam em Los Angeles, capital da Califórnia, e não Sempre em expansão e em busca de novos talentos, a
estavam muito dispostos a se mudar para a pequena Pixar segue uma linha de princípios que se baseia na pro-
Emeryville. Assim, a solução encontrada pela Pixar pa- dução de histórias que sejam inclusivas e representativas
ra conseguir novos funcionários foi contratar animado- à sua audiência. Não se contentando em aguardar que
res diretamente das universidades, oferecendo-lhes for- novos profissionais “batam em suas portas”, a empresa
mação extra para trabalhar com animação digital. Para realiza eventos em universidades e conferências e parti-
aqueles que já trabalhavam com animação tradicional, cipa de festivais voltados para animação e temas afins.
a empresa disponibilizou um programa de computador
que possibilitava um mínimo de treinamento antes de
se tornarem produtivos.
1| Do mesmo modo como ocorre com as demais expres-
sões artísticas, as animações também refletem os aspec-
Anotações
A primeira sede própria da Pixar foi instalada em uma tos sociais de um tempo. Assim, em trabalhos realiza-
antiga fábrica de segmento alimentício. Aproveitando dos nas primeiras décadas do século XX, era bastante co-
a estrutura, o lugar foi transformado em um ambiente mum encontrar situações que, hoje, não seriam bem re-

Arte – 9o ano 7

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Arte – 9o ano 7

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Sugestão de
filme cebidas pela sociedade ou estariam em desacordo com Procedimento:
a atualidade. Enquanto no passado os príncipes e prin- 1. Prepare a superfície utilizando o bloco de isopor, es-
Walt antes do Mickey cesas eram retratados de maneira idealizada, seguindo culpindo-o com o estilete e a lixa de unhas. Tenha mui-
Direção: Khoa Le padrões de comportamento típicos da nobreza, na atua- to cuidado porque o isopor pode ser cortado muito facil-
lidade podemos encontrar animações em que um ogro é mente e resultar em acidentes. Você poderá utilizar ain-
o personagem principal e o príncipe assume um caráter da blocos menores esculpidos, para criar elementos co-
Ainda criança, Walt Disney tinha por há- maléfico e extremamente vaidoso. Também existem mui- mo montanhas, e colá-los na superfície utilizando cola
bito desenhar os animais da fazenda onde tos trabalhos que tratam de temas como a destruição do de isopor.
meio ambiente, a vida de personagens femininas fortes 2. Espalhe cola branca nas partes em que desejar despe-
morava. Ao crescer, ele decidiu tentar a sor- que enfrentam grandes desafios, monstros que assumem jar o pó de serra. Isso criará um efeito semelhante a um so-
um aspecto cômico e afetuoso, problemas psicológicos lo arenoso ou grama, caso o local seja pintado de verde.
te como animador na cidade grande. Decidi- que as pessoas podem desenvolver, entre outros tópicos 3. Espere toda a cola secar antes de espalhar tinta acríli-
do a ter uma empresa própria, que lhe per- que fazem parte do nosso cotidiano. Ciente disso, anali- ca sobre a superfície. Como o isopor é poroso, você pre-
se a história de alguma animação que você tenha assis- cisará aplicar tinta mais de uma vez em um mesmo local
mitisse trabalhar no que gostasse, ele en- tido e descreva, em seu caderno, sua opinião acerca dos para obter um resultado satisfatório. Lembre-se de uti-
personagens e do tema abordado. lizar vários tons de tinta diferentes para obter um efeito
frenta diversos obstáculos até ter a grande
mais realista.
ideia de sua vida: um pequeno rato chama- 2| A animação digital em 3D (terceira dimensão) se baseia 4. Rasgue, cuidadosamente, as esponjas para criar os ar-
em princípios semelhantes aos da arquitetura e escultura, bustos e a vegetação das árvores. Espete-os nos grave-
do Mickey Mouse. em que personagens e cenários são construídos com base tos e, em seguida, utilize tinta com vários tons de verde
em formas que são trabalhadas até assumirem o resulta- para criar um aspecto de folhagem. Fixe-os, cuidadosa-
do esperado. Esse processo tende a ser mais demorado à mente, na superfície, utilizando cola de isopor para dar
+ Informações sobre o medida que se deseja conseguir formas muito detalhadas. o acabamento final.

tema Em grupo, crie um cenário em 3D retratando uma pai-


5. Por fim, caso deseje, adicione as miniaturas.

Dica: em trabalhos com criatividade não existem regras;


sagem de sua preferência. Para isso, utilize uma técnica
portanto, sinta-se à vontade para utilizar outros mate-
Como criar um storyboard bastante tradicional: a criação de maquetes. O trabalho
riais de sua escolha.
pode conter vários personagens e objetos que enfatizem
o resultado final.
1. Com um roteiro pronto, crie uma linha
do tempo de acordo com a ordem em que as Material necessário: + Informações
•Bloco de isopor. sobre o tema
cenas devem aparecer no vídeo. •Estiletes.

2. Identifique quais são as cenas princi- •Tinta acrílica.


•Pincéis.
Storyboard
pais do seu vídeo e os momentos que des- •Cola branca.
•Cola para isopor. Apesar de toda a evolução ocorrida nas últimas dé-
pertarão maior interesse do público. Dessa •Lixa de unhas. cadas, que alterou radicalmente as técnicas e ferramen-

forma, você poderá trabalhar em alternati- •Miniaturas diversas (carros, animais, personagens, tas de produções artísticas de segmentos como a anima-
casas, etc.). ção, algumas tradições resistem às inovações. Uma das
vas para dar maior destaque eles. •Gravetos de vários formatos. áreas que pouco mudou ao longo do tempo foi o proces-

3. O storyboard geralmente não conta


•Esponjas. so de produção de storyboard, termo inglês utilizado para
•Papelão. descrever um organizador gráfico que consiste em ilustra-
com grande detalhamento, já que não é um •Pó de serra. ções ou imagens exibidas em sequência com o objetivo de

produto final e tem a função de guiar a equi-


8 Arte – 9o ano
pe de produção. No entanto, ele deve con-
ter informações primordiais que deverão
ser enfatizadas antes e durante a produção. FC_Artes_9A_01.indd 8 31/03/2023 10:51:48 FC_A

4. Após concluir a sequência cronológica 5. Para desenhar o storyboard, existem Anotações


das cenas e definir quais delas terão maior várias possibilidades. Algumas pessoas pre-
ênfase, deve-se descrever cada cena confor- ferem o método tradicional, que utiliza lá-
me ficou estabelecido no roteiro. O objeti- pis e papel, porém hoje existem várias ou-
vo nesse momento é tornar o material fa- tras possibilidades, como softwares de ma-
cilmente compreensível para todos os que nipulação de imagens ou até ferramentas
visualizarem o storyboard. Portanto, é fun- que trazem formatos já predefinidos para
damental ser bastante específico quanto ao montar o trabalho.
que se quer transmitir na cena, quais são as Disponível em: https:// astronautasfilmes.com.br/videos-di-
cas/storyboard-aprenda-a-utiliza-lo-em-seus-videos/. Acesso
ações dos personagens, como será a ilumi- em: 06/02/2021. Adaptado.

nação do cenário, etc.

8 Manual do Educador

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Nele, o usuário pode escolher persona-
gens, cenários e adicionar os balões de
pré-visualizar um filme, animação, comercial, sequência
de mídia interativa, etc. Geralmente, o storyboard é criado Repensando diálogo. A plataforma também permite
por um artista que lê um roteiro e, com base nas informa-
ções nele contidas, cria rapidamente uma sequência para
que se escolha o layout da página para fi-
que diretores, produtores, financiadores e outras pessoas Histórias em quadrinhos car com aspecto mais tradicional ou em
envolvidas no processo de produção possam ter uma boa
ideia de como ficaria o resultado final. Isso faz com que a
As narrativas contadas pelas histórias em quadri- formatos mais indicados para o público
nhos utilizam desenhos para passar suas mensagens.
equipe de produção possa planejar cenários, analisar po-
Muito utilizadas para o entretenimento, são também mais velho.
tenciais problemas que possam surgir durante a produção,
fonte de conhecimento, incentivo à leitura e à produ-
escolher ângulos de filmagens e calcular custos.
ção artística. Nas histórias em quadrinhos, o desenho
• Create Your Own Comic – Voltado para
Embora se assemelhe a uma história em quadrinhos,
o storyboard não apresenta balões, e as informações são
está diretamente ligado à mensagem, sendo usado pa- os amantes do universo Marvel, essa pla-
ra além da ilustração.
descritas em caixas de texto abaixo dos quadros. Fre-
As histórias em quadrinhos estão presentes em nos- taforma permite criar histórias utilizando
quentemente, as histórias em quadrinhos também são
so cotidiano para atender às necessidades humanas, por
criadas a partir de um storyboard. Esse processo tam- personagens como Wolverine, Homem de
meio da imagem — elemento de comunicação —, presen-
bém é muito utilizado por profissionais do teatro, escri-
tores, arquitetos e publicitários.
te desde os primórdios da civilização. Para compreendê- Ferro, Thor, etc. Os personagens, no en-
-la, basta reportar-se ao período das cavernas, quando o
ser humano usou a imagem nas paredes para se comuni- tanto, são feitos em formatos mais cari-
1| Com base nessas informações, crie um storyboard con-
tendo seis ou mais cenas. Utilize papel-sulfite, régua, lá-
car com o grupo a que pertencia, expressando, com de- catos, o que é uma boa opção para uma
senhos, inúmeras informações. No século XIX, foram da-
pis e borracha para realizar o trabalho. Quanto aos dese-
nhos, não precisam estar muito detalhados. Lembre-se:
dos os primeiros passos para a evolução da literatura em história cômica.
quadrinhos, depois do surgimento da imprensa, quando
não importa a habilidade para o desenho, mas a capa-
esta emergiu como meio de comunicação voltado para
• Comic Creator – De fácil navegação, o
cidade de transmitir uma informação clara e facilmente
compreensível.
todos os cidadãos. site permite criar trabalhos que remetam
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-das-histo-
rias-em-quadrinhos-no-desenvolvimento-da-leitura/91771/#ixzz4vgiH3QcT. às clássicas tirinhas de jornal.
smolaw11/AdobeStock.com

Acesso em: 05/05/2021. Adaptado.


• ToonDoo – Uma ótima plataforma que
1| Atualmente, com o declínio das publicações de jor-
nais impressos e aumento das tiras produzidas para ofe re ce várias possibilidade s. O Toon-
o formato digital publicadas em redes sociais como o Doo permite criar trabalhos em cores, e o
Instagram, as produções se adaptaram ao gosto dos
consumidores atuais. Um dos grandes sucessos da In- usuário pode alterar personagens e cená-
ternet é o cartunista Leandro Assis. Visite seu perfil no
Instagram (@leandro_assis_ilustra), escolha uma das
rios como se estivesse realizando um pai-
tirinhas e discorra, em seu caderno, sobre a temática nel com colagens.
social abordada na ilustração.
• Máquina de Quadrinhos – Uma plata-
2| Tente criar uma tirinha descrevendo alguma situação
reflexiva que você tenha vivenciado. Você pode utilizar
forma genuinamente brasileira, esta fer-
uma técnica de sua escolha: fotografia, desenho, cola- ramenta foi desenvolvida pelos Estúdios
gem, modelagem, etc. A sequência precisa estar em qua-
drinhos, e os textos inseridos em balões. Não se esqueça Maurício de Sousa. Logo, os personagens
de dar um título à história e de nomear os personagens.
que podem ser trabalhados são os da Tur-
ma da Mônica. Por meio da Máquina de
Arte – 9o ano 9
Quadrinhos, o usuário pode obter um tra-
balho que remete aos tradicionais quadri-
0:51:48 FC_Artes_9A_01.indd 9 31/03/2023 10:51:49
nhos produzidos no estúdio.
• Bitstrips – Além de oferecer serviços
Repensando produzir um material com característi-
cas mais profissionais, uma boa alterna-
semelhantes aos dos outros sites, essa
plataforma é ideal para quem quer criar
tiva é utilizar plataformas que permitem
Para finalizar, organize a produção quadrinhos inspirados em pessoas reais,
a criação desse material apenas seguin-
de uma história em quadrinhos. Busque pois permite que se caracterize elemen-
do tutoriais.
a cooperação de outros profissionais da tos como tom de pele, formato dos olhos,
Se gue m algumas boas opçõe s
escola e dos professores das disciplinas cabelo, etc.
gratuitas:
de Português e História. É uma oportuni- Disponíve l e m: https://www. te cmundo.com.br/hd-
-dvd/6343- selecao-ferramentas-para-criar-suas-proprias-
dade de promover a interdisciplinaridade. • Pixton – Esse site permite criar histó- -historias-e m-quadrinhos.htm. Ace sso e m: 06/02/2021.
Adaptado.
Para os estudantes que não são fami- rias em quadrinhos de forma on-line sem
liarizados com os desenhos ou queiram a necessidade de baixar algum programa.

Arte – 9o ano 9

ME_FC_Artes_9A_01.indd 9 20/06/2023 07:23:35


BNCC
Habilidades trabalhadas no capítulo Capítulo
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar
formas distintas das artes visuais tradicio-
2 O poder pela arte
nais e contemporâneas, em obras de artis-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes
épocas e em diferentes matrizes estéticas e A mulher na História da masculino ocidental, inconscientemente aceito como o
ponto de vista do historiador da arte. Na contramão, ar-
culturais, de modo a ampliar a experiência Arte tistas mulheres, cujas produções são reconhecidas na ar-
com diferentes contextos e práticas artísti- te contemporânea brasileira, têm firmado, cada vez mais,

Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil


representatividade no circuito de arte, produzindo, por
co-visuais e cultivar a percepção, o imaginá- exemplo, a partir de questões sobre a mulher — assumi-
damente ou não —, entre elas Anna Maria Maiolino, Lygia
rio, a capacidade de simbolizar e o repertó- Pape e Sonia Andrade.
rio imagético. Ana Mae Barbosa, pioneira em arte-educação no Brasil,
também reafirma, em uma de suas pesquisas, a despropor-
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes ção entre o número de homens e mulheres nas coleções de
arte, sejam públicas ou particulares. Por outro lado, desta-
estilos visuais, contextualizando-os no tem- ca a construção da imagem de grandes artistas mulheres na
po e no espaço. História da Arte brasileira, mencionando Tarsila do Amaral,
ícone e referência do Modernismo, citada de maneira ex-
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as pressiva tanto quanto os homens que integraram o movi-
mento que marcou a renovação das artes do País.
linguagens das artes visuais se integram às A obra A caipirinha, pintada por Tarsila do Amaral em 1923, detém o recorde
de maior valor pago por uma obra de arte no Brasil. A pintura em questão foi
[...]
linguagens audiovisuais (cinema, anima- leiloada pela quantia de R$ 57,5 milhões. Por volta das décadas de 1970 e 1980, artistas mulheres
Se a representação da figura feminina, em compara- — influenciadas pelos movimentos feministas — começa-
ções, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, ção à masculina, ao longo dos séculos, predomina na ram a colocar em prática a importância de expressar em
ilustrações de textos diversos etc.), cenográ- pintura realizada por artistas homens, estes sempre ocu- sua arte aspectos da personalidade individual e de gêne-
param um lugar de centralidade e visibilidade na produ- ro. O processo da liberdade feminina na arte, que exige a
ficas, coreográficas, musicais etc. ção artística. Tal fenômeno se evidencia na literatura da inserção da mulher em um sistema artístico predominan-
História da Arte e nas coleções de museus e galerias — temente masculino, surge da necessidade de emancipar
(EF69AR05) Experimentar e analisar dife- consequência da perspectiva patriarcal que formou os o corpo da mulher da condição de objeto da representa-
rentes formas de expressão artística (dese- cânones artísticos ocidentais. ção pela ótica masculina — prática recorrente da História
A historiadora de arte Linda Nochlin (1931–2017), da Arte. Essa questão tem suas origens em momentos an-
nho, pintura, colagem, quadrinhos, dobra- por meio do artigo Why have there been no great women teriores: no século XIX, diferentes tipos de discriminações
artists?, de 1971, publicado na revista ARTNews, reivin- relativos às mulheres artistas começaram a ocupar a es-
dura, escultura, modelagem, instalação, ví- dica um novo paradigma para a História da Arte, expon- fera de um debate público.
deo, fotografia, performance etc.). do as barreiras impostas pela sociedade que impediram [...]
as mulheres não apenas de seguir pelo caminho artís- Retornando a Why have there been no great women
(EF69AR06) Desenvolver processos de cria- tico, mas também de serem reconhecidas nesse domí- artists?, de Linda Nochlin, a própria responde a pergun-
nio. Segundo Nochlin, há o predomínio do ponto de vista ta do título durante o artigo: “Não existiram grandes
ção em artes visuais, com base em temas
ou interesses artísticos, de modo individual,
10 Arte – 9o ano
coletivo e colaborativo, fazendo uso de ma-
teriais, instrumentos e recursos convencio-
nais, alternativos e digitais. FC_Artes_9A_01.indd 10 31/03/2023 10:51:50 FC_A

Considerações Ocidente, as mulheres puderam conquis-


Expectativas de iniciais tar maior representatividade, e isso, logica-

aprendizagem Ao longo dos séculos, a produção artís-


mente, deveria se refletir também no mun-
do das artes. No entanto, mesmo na con-
• Compreender que a arte pode ser utiliza- tica praticamente ficava restrita a artistas temporaneidade, encontramos galerias de
da como instrumento de empoderamento homens, pois as mulheres que tinham in- arte que ainda permanecem exibindo uma
e também como ferramenta de afirmação clinação para a pintura ou escultura, por porcentagem muito maior de trabalhos fei-
do status quo. exemplo, eram vítimas de julgamentos e tos por homens.
• Refletir acerca de fatos presentes no mun- preconceitos impostos por parte da socie- Neste capítulo, vamos estudar algumas
do da arte que evidenciam conflitos de se- dade da época. personalidades que usaram a arte como
gregação social, étnicos e de gênero. Com as mudanças sociais ocorridas no ferramenta de crítica e autoafirmação.

10 Manual do Educador

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caso é que não muito comum artistas abre-
viarem seus primeiros nomes — em nenhu-
mulheres artistas porque não existiram as condições 3| Além da relevância cultural da arte produzida por mu- ma época da História da Arte. Mas, nes-
sociais, políticas, culturais e intelectuais para que exis- lheres, a divulgação e o reconhecimento do valor dessas
tissem. O que era surpreendente era — apesar de tudo obras são gestos de grande dimensão cultural. Em seu ca- se caso específico, Mary Louise Snowden,
— que existissem tantas e tão boas”. Se pensarmos nos derno, aponte os impactos sociais causados pelas con- como é verdadeiramente chamada, pode
movimentos artísticos que se sucederam ao longo dos quistas femininas no mundo da arte.
tempos, nosso imaginário é sempre direcionado para fi- ter sido compelida a abreviar os dois nomes
4| Faça uma pesquisa a respeito da presença de mulheres
guras masculinas. Portanto, há de se pensar que as ar-
tistas mulheres que se consolidaram na história e ho-
artistas na região onde você mora e organize uma apre- que a identificassem como mulher para que
sentação reunindo obras (quadros, músicas, fotografias,
je ocupam lugar de destaque nos debates da arte tive-
etc.) de, no mínimo, três artistas regionais. pudesse ser confundida com um artista ho-
ram um contexto pessoal favorável para exercer o fa-
zer artístico. mem. Não apenas isso: qualquer busca que
Disponível em: http://centrocultural.sp.gov.br/2020/03/06/a-representativida- O que as outras se faça por informações sobre a artista ine-
de-da-mulher-na-arte/. Acesso em: 29/10/2021.
pessoas pensam vitavelmente resultará em alguma pequena
sobre
Registre suas nota que a define como filha de um escultor
O lugar da mulher na arte que foi discípulo de Rodin.
ideias contemporânea Na década de 1990, outra mulher de ta-
1| Pesquise sobre a obra de uma artista brasileira e co- Durante séculos, ser uma mulher artista era uma
mente, em seu caderno, sobre a sua trajetória, a relevân- afronta aos padrões para os quais ela foi criada. Por lento teve que se submeter ao mesmo tipo de
cia histórica de seu trabalho e os principais aspectos de muito tempo, a mulher foi colocada na esfera domés- tratamento. Seu nome? J. K. Rowling, escrito-
suas produções. Em seguida, compartilhe os resultados tica, sendo excluída de realizar atividades consideradas
da pesquisa com seus colegas e professor. relevantes para o desenvolvimento de outras gerações. ra da premiada série de livros Harry Potter. A
No início do século XX, o movimento modernista bus-
2| A valorização e a difusão das obras de arte produzidas cou quebrar padrões que já vinham sendo combatidos
justificativa, conta a própria autora, foi uma
por mulheres está se tornando uma prática cada vez mais desde o século anterior. Com a Revolução Industrial e as condição imposta pela editora que publicaria
constante ao redor do mundo. Entretanto, ainda é neces- mudanças promovidas nos estilos de vida das pessoas,
sário que haja campanhas para conscientizar o público so- muitas mulheres finalmente tiveram a oportunidade de sua obra, pois temiam que afastasse leitores
bre a importância dessa causa social. Com base nisso, su- se desprender da opressão às quais suas ancestrais fo-
gira, nas linhas abaixo, iniciativas que podem ser realiza- ram submetidas e adentrar em ambientes antes quase
se vissem uma obra assinada por uma mulher.
das para divulgar e incentivar a produção artística feminina. restritos aos homens.

Resposta pessoal.
A contemporaneidade aparentava ser um momento
de grande protagonismo feminino. A realidade, no entan-
O que as outras pessoas
to, não correspondeu às expectativas. Segundo a histo-
riadora francesa Michelle Perrot, à mulher foi deixada a
pensam sobre
função de apenas seguir ordens, pois criar estaria além
de suas capacidades. Assim, uma mulher escrever, es-
culpir, compor músicas ou se dedicar a outras expres- Artistas mulheres representam cerca
sões artísticas era tarefa muito difícil. Criar uma imagem de 20% dos acervos do Masp e Pinacote-
ou compor uma música são formas de criação, e as mu-
lheres eram julgadas impróprias para isso. Sendo assim, ca: 'difícil apagar exclusão do passado', diz
às mulheres foram relegadas as tarefas de copiar, tradu-
zir e interpretar.
especialista

O acervo da Pinacoteca e do Museu de


Arte – 9o ano 11
Arte de São Paulo (Masp), dois dos maiores
museus do estado e do País, é composto por
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cerca de 20% de artistas mulheres. A pequena
representatividade, que também ocorre em
Registre suas do defendem temas que sejam considera-
museus no exterior, é objeto de pesquisas e
ideias dos imorais para um determinado grupo de
pessoas.
questionamentos por ONGs e especialistas.
Na Pinacoteca, o museu mais antigo da ci-
Professor, busque informações que pos- O que as outras pessoas dade, fundado em 1905, no Centro da capital
paulista, 24% dos artistas do acervo são mu-
sam proporcionar um bom debate, como
casos de preconceito ou mesmo de agres-
pensam sobre lheres: 1.451 homens e 458 mulheres. Com 11
são física ou verbal contra mulheres artis- No Instituto Ricardo Brennand, os visi- mil peças e ênfase na produção brasileira do
tas que tenham ocorrido em épocas recen- tantes se depararam com a peça de bron- século XIX até a contemporaneidade, o museu
tes. No Brasil, por exemplo, alguns artistas ze intitulada O mar cria, obra assinada por também faz exposições renomadas de artistas
costumam sofrer perseguição virtual quan- M. L. Snowden. O que chama atenção nesse nacionais e internacionais.

Arte – 9o ano 11

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Já no Masp, na Avenida Paulista, 21,5%
das obras expostas foram feitas por mulhe-
res: 391 artistas mulheres e 1.420 artistas ho- Uma das vertentes do modernismo que ganhou gran- das mulheres e de pessoas não brancas no mundo artís-
de notoriedade foi o design gráfico, uma área de conhe- tico. A ideia central é utilizar a guerrilha urbana para ge-
mens. Também com cerca de 11 mil obras, in- cimento e prática profissional que trata do ordenamen- rar impacto, alcançando um número cada vez maior de
cluindo pinturas, esculturas, objetos, fotogra- to visual de elementos textuais e figurativos que com- espectadores para absorver as informações transmitidas.
põem materiais gráficos destinados à reprodução com As integrantes do grupo usam máscaras de gorilas pa-
fias, vídeos e vestuário de diversos períodos, um objetivo de expressar uma mensagem. O design grá- ra preservarem suas identidades e manterem o anonima-
fico moderno passou a ter grande importância em um to, fazendo com que as atenções fiquem voltadas para o
abrangendo a produção europeia, africana, mundo industrializado que rompia com o passado e se coletivo. Além disso, todas utilizam codinomes de artis-
asiática e das Américas, o Museu de Arte de voltava para a contemporaneidade. A situação das mu- tas já falecidas para fazer alusão “àquelas que não pos-
lheres artistas que tiveram destaque nesse ramo, no en- suem mais voz”. Tornaram-se mundialmente famosas e,
São Paulo é privado, sem fins lucrativos, e foi tanto, mostra que o julgamento da sociedade em rela- ironicamente, tiveram algumas de suas obras expostas
ção à criatividade feminina ainda mantinha fortes raí- em museus de arte contemporânea.
fundado em 1947 pelo empresário e mecenas zes nesse passado. Prova disso pode ser encontrada no A ideia de adotar o gorila como símbolo do grupo nas-
Assis Chateaubriand (1892–1968), tornando- livro Design Retrô, publicado em 2007, que traz diversas ceu de um erro de pronúncia de uma das primeiras mem-
ilustrações gráficas que foram criadas entre os anos de bras do coletivo, que acabou citando “gorila” em vez de
-se o primeiro museu moderno no país. 1860 e 1989. Entre os artistas referenciados, apenas 4% “guerrilla”, criando um trocadilho acidental que acabou
das obras são criações femininas. se encaixando na ideia central do grupo, pois o gorila é
A professora Ana Paula Simioni, docen-
No ano de 1985, um grupo de mulheres artistas e tradicionalmente associado à dominação masculina e ao
te do Instituto de Estudos Brasileiros (USP), ativistas femininas se uniram em um coletivo denomi- macho alfa que está no comando. Quando uma cabeça
nado Guerrilla Girls com o intuito de protestar contra de gorila é posta num corpo feminino, toda a idealização
especialista em pintoras e escultoras bra- uma exposição que acontecia no Museu de Arte Moder- da beleza de uma mulher muda, e cria-se uma nova for-
sileiras, autora de pesquisas sobre a repre- na (MoMA), em Nova York. O evento contava com traba- ma de olhar no espectador.
lhos de 170 artistas, dentre os quais apenas 13 eram mu-
sentatividade feminina, explica que a pro- lheres. O coletivo utilizava o design gráfico em suas obras AZEVEDO, Bárbara. O papel da mulher na arte gráfica: uma reflexão sobre a
ausência da profissional feminina nos registros bibliográficos. Recife: UFR-
com o objetivo de trazer uma reflexão sobre a escassez PE, 2019. Adaptado.
porção de mulheres anteriormente era ain-

Reprodução.
da menor, cerca de 3%, e que, com o passar
dos anos, ambas as instituições passaram a
adquirir obras de mulheres para aumentar a
representatividade.
Simioni considera a atual proporção desi-
gual porque, entre outros fatores, não é equi-
parado ao atual número de artistas mulheres,
já que os cursos de artes plásticas, por exem-
plo, são majoritariamente femininos. Ape-
sar disso, ela afirma que não esse percentual
não é algo necessariamente ruim, e que nos- Versão em português de um dos mais famosos pôsteres das Guerrilla Girls feito para uma exposição ocorrida no Museu de Arte de São Paulo (Masp) em 2017.

sa realidade não é muito distante de museus


europeus e norte-americanos — no Metropo- 12 Arte – 9o ano

litan Museum de Nova York, nos Estados Uni-


dos, por exemplo, os artistas representados FC_Artes_9A_01.indd 12 31/03/2023 10:51:50 FC_A

são 87% homens; já no Tate Modern, um dos


principais museus de arte moderna do Reino
Anotações
Unido, 27% dos artistas vivos retratados no
acervo são mulheres, segundo dados de 2010.

Disponíve l e m: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noti-
cia/2022/03/31/artistas-mulheres-representam-cerca-de-
-20percent-dos-acervos-do-masp-e-pinacoteca-dificil-apa-
gar-exclusao-do-passado-diz-especialista.ghtml. Acesso em:
04/02/2023. Adaptado.

12 Manual do Educador

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Diálogos com o

Com o propósito de modificar o cenário colonial e


tema
Diálogos com o eurocêntrico presente nos museus franceses, a historia-
A partir da reflexão proposta na seção,
tema dora e curadora Laurence des Cars, diretora do Museu
de Orsay, Paris, renomeou, temporariamente, algumas converse com os alunos a respeito da in-
das pinturas que representam pessoas negras, dando-
Mulheres negras -lhe nomes que as evidenciam. Essa decisão foi tomada fluência da arte produzida por artistas ne-
por Des Cars para enriquecer a exposição “O corpo ne-
O Louvre é um dos museus mais famosos do mun- gro: de Géricault a Matisse”. O quadro O retrato de uma
gros na contemporaneidade. Para isso, você
do e abriga em seu acervo obras de vários períodos, mulher negra, por exemplo, recebeu o nome de O retra- poderá introduzir outras produções de ar-
sendo grande parte delas de origem milenar e vindas to de Madeline, colocando à luz da história a mulher ne-
de várias partes do mundo. O acervo do Louvre, assim gra ali representada, já que o título anterior da obra ofe- tistas negros e questionar os alunos a res-
como ocorre em grande parte dos museus da Europa, recia um teor genérico àquela figura, invisibilizando-a. O
está repleto de obras que exibem pessoas negras na mesmo efeito ocorreu em outras pinturas, em que pes-
peito dos fatores que contribuíram para a
condição de escravos, mulheres retratadas como pes- soas negras estavam em segundo plano ou representa- valorização das obras produzidas por eles.
soas frágeis e dependentes, indígenas como povos de das como pessoas escravizadas ou em posição de servi-
hábitos reprováveis aos olhos europeus, além de di- dão. Um exemplo disso é a obra mundialmente famosa Desse modo, será possível refletir sobre a
versas outras abordagens referentes a povos de vários de Manet, Olympia, renomeada como Laure. Embora a
importância de desconstruir estereótipos
lugares do mundo. Por se tratar de um museu francês, pintura tenha sido amplamente estudada, pouco se sa-
há uma imensa quantidade de obras abordando toda be sobre quem é Laure, a mulher negra colocada em se- relacionados à produção artística de pes-
a história europeia. gundo plano. Dessa forma, o novo título permitiu que o
Em épocas passadas, os artistas estavam a serviço de destaque estivesse nela e não em Olympia, nome que se soas negras.
pessoas ricas ou a serviço dos estados, o que levava esses referia à mulher branca deitada.
profissionais a retratarem, na maior parte das vezes, os eu- Anotações

Reprodução.
ropeus como povos idealizados e vencedores.
Reprodução.

Pintura intitulada Olympia (1863), de Édouard Manet (1832-1883).

1| A partir das considerações feitas a respeito do Museu


do Louvre e suas representações artísticas, pesquise so-
bre obras que ilustram mulheres negras e reflita sobre
como elas são retratadas. Além disso, identifique a au-
toria das obras e analise se há mais autores ou autoras.
Pintura Retrato de Madeleine, de Marie-Guillemine Benoist, 1800. A obra é um
dos poucos quadros do Louvre onde uma pessoa negra não é retratada como
Escreva as suas considerações no seu caderno e compar-
escravizada. tilhe-as com a turma.

Arte – 9o ano 13

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+ Informações sobre o
tema 2| O abismo do protagonismo feminino em relação à atua- personagens, joga luz às mulheres reais e à percepção
ção masculina não se limita ao universo das artes plásticas. que elas têm sobre o seu reflexo no espelho. Evelyn, ou
Neste momento, é interessante pergun- Entre as disparidades da participação feminina na produção Negahamburguer — nome de uma de seus personagens —,
tar aos alunos sobre artistas admirados por artística está a falta de representatividade e a desigualdade é uma artista plástica e desenhista de mulheres reais que
salarial. A indústria cinematográfica, há décadas, apresenta tenta suprir o vazio da falta de representatividade. Na sua
eles que ainda não alcançaram altos níveis números que geram vários protestos vindos de atrizes: seus página do Facebook, mulheres gordas, idosas, negras, indí-
salários são, em média, 50% menores que os salários dos genas, de cabelos crespos, tatuadas, com estrias e celulite
de fama e reconhecimento. A partir das res- atores homens. Durante muito tempo se afirmou que essa são retratadas com a naturalidade que falta às que estam-
postas, você poderá organizar uma dinâmi- diferença ocorre porque atores atraem um público maior, pam capas de revista e comerciais de tevê.
o que justificava maiores pagamentos. Atualmente, no en-

Reprodução.
ca na qual eles possam criar estratégias de tanto, mesmo com um número cada vez maior de mulheres
protagonizando filmes e séries, essa diferença se mantém.
divulgação para valorizar o trabalho dos ar-
tistas citados. a. Ao longo dos anos, as mulheres

Reprodução.
estão recebendo mais reconheci-
mento no meio cinematográfico.
Essa mudança de paradigma es-
Anotações tá fortemente relacionada à po-
pularização dos movimentos fe-
ministas. Em 2019, o filme Capi-
tã Marvel teve uma grande re-
percussão na mídia em razão
do protagonismo feminino da
heroína em meio a uma indústria
ocupada majoritariamente por homens. Com base nessas
informações, debata com seus colegas e professor a respei- A arte de Evelyn Queiróz é utilizada para a transmissão de críticas sociais re-
lacionadas a problemas como o machismo e o racismo.
to da representatividade feminina no cinema na atualidade.
O trabalho da Evelyn Queiróz quer chegar onde o fe-
b. Entre os últimos filmes ou séries que você assistiu, minismo, muitas vezes, não chega. Por meio de um lam-
enumere, em seu caderno, quantos e quais traziam ato- be-lambe ou um grafite chapado em um muro, as fra-
res ou atrizes no papel principal. Compare sua resposta ses ao lado de uma personagem provocam quem está
com a dos colegas e discuta quais as semelhanças e di- de passagem. “Estou de dieta, não engulo o preconcei-
ferenças nos resultados. to.” O trabalho de Panmela Castro, que está concentra-
do principalmente no grafite, também tem a intenção de
chamar a atenção para o feminismo e para questões de
+ Informações gênero. [...] Panmela fundou a NAMI, rede feminista que
utiliza arte urbana para incentivar o fomento aos direitos
sobre o tema das mulheres e combater a violência contra as mulheres.
[...]
As mulheres, a arte e a A educadora brasileira Ana Mae Barbosa, que estuda
invisibilidade arte e gênero, traz uma reflexão importante: a de que não
é possível conhecer um país sem compreender sua arte.
Quando Evelyn Queiróz contorna traços descone- Ao se debruçar sobre as questões de gênero, ela explica
xos e preenche as cores que dão vida aos corpos de suas que as mulheres artistas foram apagadas da História da

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Repensando
Arte brasileira do século XIX. [...] Ao visitar a exposição
no ano 2000 sobre os 500 anos da colonização do Brasil
pelos portugueses, a educadora percebeu que não havia
Repensando Professor, embora o design gráfico seja
uma representação feminina no século passado. “Não amplamente associado às inovações tecno-
havia nenhuma mulher entre os quase duzentos artis- Como já vimos, o design gráfico é um processo de co-
tas apresentados, apesar de que muitas foram bem-su- municação visual realizado por meio da utilização de ele- lógicas, é uma área que já existe há mais de
cedidas em vida, ganhando prêmios até na Europa.” [...] mentos como ilustrações, fotografias, símbolos e letras
estilizadas. Os designers gráficos são profissionais que
um século, ou seja, é muito anterior à inven-
Disponível em: https://revistapolen.com/as-mulheres-a-arte-e-a-invisibilida-
de/. Acesso em: 04/11/2021. Adaptado. combinam esses elementos para formar representações ção do primeiro computador portátil. Mes-
visuais de ideias e mensagens. Esses profissionais podem
mo na atualidade, existem muitos profissio-
Reprodução.

trabalhar em várias áreas e para vários clientes específi-


cos, como mercado editorial (livros, jornais e revistas) e
outras empresas que buscam tornar seus produtos mais
nais que fazem uso de elementos tradicio-
conhecidos, criando um novo formato para uma emba- nais, como colagens, em suas composições.
lagem, sinalização, etc.
Um projeto de design gráfico pode ser desenvolvi- Uma maneira de compreender como
do de diversas formas, explorando uma enorme com-
eram feitas as propagandas gráficas an-
binação de técnicas. Seja criando algo novo, seja uti-
lizando alguma referência visual já existente (foto- tes da popularização dos computadores
grafias, textos, logotipos, etc.), o designer pode tra-
balhar de forma tradicional ou digital, o que envolve é pesquisar por trabalhos feitos na esco-
o uso de artes visuais, tipografia e técnicas de layout la Bauhaus e por propagandas de artistas
de página.
A tipografia é a arte e técnica de organizar os elemen- como Alfons Maria Mucha.
tos textuais para criar uma mensagem legível e atraen-
te para o público quando exibida. O arranjo do texto en-
volve a escolha de determinadas fontes, como são cha-
mados os estilos de letras. Além disso, são trabalhados Anotações
elementos como comprimento de linhas, agrupamen-
tos de letras, espaçamento entre as linhas, espaçamen-
Também conhecida como Anarkia Boladona, a artista Panmela Castro é mun- to entre as letras, etc.
dialmente conhecida como a rainha do grafite brasileiro.
A técnica de layout, por sua vez, lida com a orga-
1| Realize uma pesquisa sobre a arte contemporânea nização dos elementos de uma página, como posi-
feita por mulheres. Nesse contexto, escolha uma artista cionamento de uma imagem e estilo do texto. Tradi-
cujo trabalho tenha despertado o seu interesse e com- cionalmente, o design gráfico sempre foi voltado pa-
partilhe detalhes sobre a sua carreira com seus colegas ra a produção de material impresso, porém, nas últi-
e professor. mas décadas, esse trabalho se estendeu às páginas
da Internet a serem exibidas em dispositivos como
2| Você já teve contato com um texto crítico sobre arte? smartphones ou notebooks. Essas alterações permi-
Escolha uma artista de sua preferência e pesquise sobre a tem maior disponibilidade de recursos aos designers,
recepção de sua obra na sociedade. Você pode encontrar que, além de contarem com um número bem maior
conteúdo crítico em formato de vídeos, notas de jornal, co- de cores para trabalhar, agora possuem várias fer-
mentários em redes sociais, etc. Avalie como essa artista ramentas que permitem criar grandes recursos para
é criticada e compartilhe sua pesquisa com seus colegas. tornar o trabalho mais atrativo e permitir uma maior
Resposta pessoal.

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Arte – 9o ano 15

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interação do público, que geralmente tem a opção por exemplo, que o projeto inicial elaborado para a apro-
de acessar outras páginas disponibilizadas na pági- vação do cliente seja feito à mão para, após a aprovação
na eletrônica. deste, o trabalho ser desenvolvido no computador.
As ferramentas utilizadas pelos designers podem ser O perfil do designer gráfico reúne características espe-
tradicionais, como canetas, tesoura, régua e tintas, ou cíficas, como criatividade, capacidade de cumprir prazos
podem ser digitais, como é a grande tendência da atua- e bom relacionamento com seus clientes e outros pro-
lidade. Os programas de computador utilizados para rea- fissionais envolvidos na criação. Atualmente, a área que
lização de tarefas possuem várias ferramentas que rece- mais cresce está relacionada às mídias digitais, o que le-
bem nomes tradicionais, como tesoura, pincel, spray, va os profissionais a sempre se atualizarem, já que, to-
etc. Essa recriação de efeitos obtidos em materiais tra- dos os anos, surgem novas ferramentas e programas com
dicionais é um grande atrativo para os artistas, que, ca- mais recursos. Os designers podem trabalhar em empre-
da vez mais, especializam-se na utilização desses progra- sas dedicadas à indústria, ao mercado editorial ou à pu-
mas, pois permitem analisar, quase que instantaneamen- blicidade. Muitos são freelancers, ou seja, trabalham por
te, diferentes efeitos, o que gera maior rapidez para a exe- conta própria, seguindo seus próprios termos, preços,
cução do trabalho. Entretanto, engana-se quem pensa ideias, etc.
que esses programas substituem completamente as fer-
ramentas tradicionais, já que, em muitas situações, elas 1| O design gráfico é uma área que abrange vários seto-
são mais eficientes. A maioria dos designers usa um pro- res, podendo trabalhar com criação de sinalização, pro-
cesso híbrido, que combina tecnologias tradicionais com paganda, mídia digital, embalagens, design de produtos,
outras baseadas em computadores. É bastante comum, entre outros. Sabendo disso, você criará um projeto vi-
sual baseado em algum setor de sua preferência e, em se-
stock.adobe.com/yurakrasil

guida, irá criar a versão final do seu trabalho.

Material necessário:
•Papel.
•Canetas.
•Lápis.
•Borracha.
•Fotografias.
•Dispositivo eletrônico (celular, tablet, etc.).

Procedimento:
1. Para criação do projeto, você utilizará o papel para
preparar os esboços com o auxílio de lápis, borracha e
caneta. Registre a imagem do projeto concluído com o
auxílio do dispositivo eletrônico. FC_A

2. Para criação do produto final, você poderá optar por


utilizar técnicas tradicionais, como colagens, desenhos,
pintura das letras, etc. Registre a imagem em seguida.
3. Caso queira trabalhar de forma digital, você poderá
utilizar recursos do dispositivo, como inserção de letras,
imagens, rotação, etc.
Trabalhando os textos, as imagens e o layout, o designer consegue criar men-
4. Ao final do trabalho, compartilhe o resultado com a
sagens bastante atrativas ao público. turma.

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BNCC
Capítulo

3
Habilidades trabalhadas no capítulo
A arte e a fé (EF69AR16) Analisar criticamente, por meio
da apreciação musical, usos e funções da
música em seus contextos de produção e
A conexão entre a música Em geral, as canções são cantadas em inglês, embora
haja muitos trechos cantados em hebraico. Além disso, o circulação, relacionando as práticas musi-
e a religião músico é vegano e membro do conselho da organização ve-
gana judaica. Com uma boa base de admiradores e carrei- cais às diferentes dimensões da vida social,
Nascido na Pensilvânia, Estados Unidos, Matthew
ra internacional, Matisyahu acredita que a grande maioria
Paul Miller frequentou uma escola hebraica e passou
das pessoas que respeitam seu trabalho está disposta a se-
cultural, política, histórica, econômica, es-
parte da infância aprendendo os princípios do judaísmo.
Na adolescência, no entanto, sentia vontade de se rebe-
guir os ideais que defende em suas músicas. Segundo ele, tética e ética.
“A música atinge um lugar muito profundo e fala conosco
lar contra a educação rígida que recebia e, nessa época,
de uma maneira que as palavras normais não conseguem”. (EF69AR17) Explorar e analisar, criticamen-
passou a se interessar por bandas de rock e artistas de
hip-hop. Posteriormente, retomou seus estudos e prá- te, diferentes meios e equipamentos cultu-
Símbolos de algumas religiões ao
ticas judaicas enquanto desenvolvia seu estilo musical
bastante influenciado pelo reggae e pelo hip-hop. Conhe- redor do mundo rais de circulação da música e do conheci-
cido pelo nome hebraico Matisyahu (Dom de Deus), lan- mento musical.
çou seu primeiro trabalho em 2004.
Matisyahu costuma afirmar que suas canções são in- Hinduísmo: Símbolo conhecido (EF69AR18) Reconhecer e apreciar o papel
fluenciadas e inspiradas nos ensinamentos que aprendeu como Om.
de músicos e grupos de música brasileiros e
ao longo da vida e que seu intuito é ser capaz de tocar
as pessoas e fazê-las refletir. Entre os temas tratados em estrangeiros que contribuíram para o desen-
suas canções, estão valores judaicos como o respeito à Cristianismo: Símbolo dos cristãos
diversidade, o amor como base fundamental da vida e a de diversas variantes. volvimento de formas e gêneros musicais.
autoafirmação da identidade judaica em uma tentativa
de derrubar estereótipos contra judeus ortodoxos que J u d a í s m o : A Estrela de Davi
foram construídos ao longo do tempo. (Hexagrama), representada por Expectativas de
aprendizagem
Reprodução.

uma estrela de seis pontas com dois


triângulos sobrepostos.

Islamismo: A Lua crescente com


a estrela representa a soberania e • Reconhecer a importância, o respeito e
a dignidade, renovação da vida e
a diversidade religiosa presente em nossa
da natureza, fazendo referência ao
calendário lunar. cultura.
Budismo: A Roda do Dharma • Compreender a arte tridimensional que
(Dharmacakra) é representada
por um círculo com oito raios, que certas religiões usam em suas esculturas.
significam os ensinamentos de Buda.
Matisyahu é um músico judeu ortodoxo que se destaca misturando reggae, • Analisar a escultura como uma manifes-
hip-hop, beatbox e rock às suas letras de temática religiosa.
tação de fé.
Arte – 9o ano 17 • Praticar a escultura em argila com temas
livres.
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Considerações
Anotações
iniciais
Vamos retratar a fé por meio da linguagem
artística da escultura. Ter fé significa acredi-
tar em algo, e isso nos permite construir sím-
bolos que irão representar nossas ideologias.
Não deixe que apenas uma corrente re-
ligiosa ou ideológica permeie as discussões.
Seja neutro, um verdadeiro mediador, e ajude
seus alunos a compreender a importância da
arte para as manifestações religiosas.
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Arte – 9o ano 17

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Registre suas
ideias pensamentos, ela nos ajuda a entender um pouco o pen-

A partir das atividades da seção, sugira Registre suas samento do outro e, assim, pode auxiliar na nossa com-
preensão e proporcionar o respeito às diferenças.
que os alunos tragam exemplos de artistas
ideias A arte da escultura sempre foi utilizada para represen-
tar santos, deuses e histórias. Em alguns casos, qualquer
famosos cuja produção esteja relacionada a 1| Quais expressões artísticas que você conhece estão re- material pode ser utilizado; em outros, são necessários
lacionadas à religião? Responda em seu caderno. materiais específicos.
manifestações religiosas. Durante esse mo- Resposta pessoal.
mento, é importante ressaltar o respeito às 2| Povos indígenas brasileiros seguem tradições religiosas A seguir, você verá esculturas de vários locais do
distintas, embora muitas aldeias apresentem semelhan- mundo referentes a várias crenças. Observe-as e, em se-
diferentes formas de fé. ças em seus cultos. Em geral, os povos indígenas acredi- guida, faça o que se pede.
tam que a Terra é uma divindade e por isso deve ser ado-
rada e respeitada. Assim, o cotidiano desses povos gira 1| Faça uma pesquisa sobre cada uma das imagens abai-
em torno do respeito à natureza. Pesquise sobre a rela- xo e, em seguida, explique qual é a relação estabelecida
O que as outras pessoas ção entre a produção artística e as crenças religiosas na entre cultura, religião e relações sociais, de acordo com

pensam sobre cultura dos povos indígenas e compartilhe os resultados


com seus colegas e professor.
o lugar onde elas foram construídas. Responda em seu
caderno.

Nesse texto, Ana Lisboa não aborda a fé O que as outras


retratada na arte, mas, sim, a arte como um pessoas pensam
ato de fé, de religiosidade. Reflita com os sobre
alunos a respeito de como os diferentes ri- Arte como uma oração
tos religiosos podem estar associados à ex- Arte, como forma de expressão de sentimento, asse-
pressão do próprio eu. melha-se a uma oração, a uma profissão de fé, a um ri-
tual religioso. É algo abstrato, que brota do subconscien-
te do artista, de sua “alma”, como necessidade imperiosa Ganesha, divindade hindu.
de expressar significados, de exteriorizar o seu sentir, os
Diálogos com o seus anseios, as suas dores, muitas vezes incompreensí-

Crédito das imagens: stock.adobe.com/De Tropical studio, Menezz e matthew vachon/EyeEm


tema veis, até mesmo para ele.
LISBOA, Ana. Arte como prece: a religiosidade no trabalho de quatro artistas
pernambucanos. Recife: Funcultura / Fundarpe, 2012, p. 11. Adaptado.

Nesta seção, faremos uma análise de


cada escultura apresentada. Sugira aos alu-
Diálogos com o
tema
nos que compartilhem a resposta durante a
aula, a fim de promover um debate sobre a Esculturas
importância das esculturas para as diferen- É preciso respeitar a diversidade de crenças para que
todos possam usufruir de sua liberdade de escolha. Já
tes crenças religiosas. que a arte pode ser expressão de nossos sentimentos e Estátua de Buda. Iemanjá.

18 Arte – 9o ano
Anotações
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18 Manual do Educador

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+ Informações sobre o

O Barroco brasileiro é claramente associado à religião


tema
+ Informações católica. O exagero das linhas, curvas e espirais nas cons-
truções ricas e exuberantes acentuava a ideia do poder O texto de Garcez nos dá informações
sobre o tema absoluto da Igreja e do Estado, que controlava a produ- sobre o Barroco no Brasil. Iremos conhecer
ção artística.
O Barroco no Brasil Nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e um importante artista e a grande contribui-
pela mineração, encontram-se suntuosas igrejas barro-
Os colonizadores portugueses difundiram o Barroco cas com trabalhos em relevo feitos de madeira, recober-
ção que o estilo artístico por ele praticado
ao levar seus artistas para as novas terras descobertas. tos com finas camadas de ouro, ornamentadas com be- trouxe à nossa história. Incentive a pesqui-
Como Salvador foi a primeira capital do Brasil, con- líssimas talhas, elaboradas esculturas e pinturas no teto,
centrando a riqueza do período do apogeu do açúcar, que dão a ilusão de profundidade, relevo e movimento. sa sobre Antônio Francisco Lisboa, o Aleija-
tornou-se o centro do comércio com a metrópole portu- As imagens religiosas feitas em madeira, pedra-sabão
guesa e, com isso, detém um enorme patrimônio artísti- e argila, às vezes, eram pintadas com uma espécie de tinta
dinho. Registre a atividade e organize uma
co desse período. O mesmo aconteceu com o Recife, que à base de óleo ou com têmpera. Algumas estátuas tinham exposição seguindo as orientações do livro.
foi um importante centro de negócios, propiciando o de- um pequeno cofre no corpo, que servia para o contraban-
senvolvimento da cidade. São dessa época as constru- do de ouro. Eram chamadas santos do pau oco.
ções barrocas mais significativas, que ainda hoje teste- Os artistas desse período eram artesãos e tinham múl-
munham o período de riqueza da capital pernambuca- tiplas habilidades. Ao mesmo tempo eram arquitetos, Sugestão de
na, como a Igreja de São Pedro dos Clérigos. escultores, entalhadores, pintores e atuavam em várias
partes da construção. Muitas obras barrocas são anôni- leitura
stock.adobe.com/Helissa

mas, não se sabe quem foi o autor.


Entrar em uma igreja ou em uma edificação barroca Aleijadinho – homem barroco, artista
em qualquer lugar do Brasil é um prazer estético e espi-
ritual insuperável. Ali está o testemunho de uma época brasileiro
de artistas persistentes, dedicados, caprichosos, talen-
tosos, atormentados e conduzidos pelas forças religio-
Autora: Maria Alzira Brum Lemos
sas. Eles começaram a construção de uma arte que fala
do espírito miscigenado do povo brasileiro. Quem foi e como viveu o homem que fi-
cou conhecido como Aleijadinho? Por que
stock.adobe.com/Hugo

stock.adobe.com/Hugo
recebeu esse apelido? Era mesmo deficien-
te? Sob que condições realizou sua obra?
Apoiou a Inconfidência Mineira? Foi ma-
çom? Casou-se? Deixou descendentes? Es-
se livro convida os leitores a descobrir as
respostas viajando pela história, pela arte
e pela cultura brasileira.
A Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Recife, representa o período Barroco vi- O interior das igrejas era revestido de ouro com o objetivo de mostrar o poder
venciado no Brasil durante o século XVIII. Muitas igrejas foram erguidas seguin- da Igreja e separar o que era sagrado e profano. Catedral Basílica Nossa Se-
do esse movimento, e é possível, ainda, admirar suas construções. nhora do Pilar, em São João del-Rei, Minas Gerais.

Anotações
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Arte – 9o ano 19

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Repensando
Entre os maiores artistas do Barroco brasileiro 1| Como foi lido anteriormente, as culturas religiosas
O texto apresenta mais uma forma de está Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Nasci- sempre estiveram relacionadas aos ritos e liturgias. In-
do por volta de 1738, em Vila Rica (hoje Ouro Preto), seridas nesse universo, a musicalidade e as canções são
manifestação artística atrelada à religião. Minas Gerais, sofreu durante anos de uma doença parte importante para os cultos e celebrações de cada re-
Observe se os alunos têm conhecimento de que atrofiou seus membros, deformando todo o seu ligião. Qual é o impacto social causado por essa expres-
corpo. Mas esse empecilho não o impediu de produ- são artístico-religiosa?
músicas não só de sua religião (caso prati- zir uma obra magnífica.
Resposta pessoal.
quem alguma), mas de outras, promoven- GARCEZ, Lucília; OLIVEIRA, Jô. Explicando a Arte Brasileira. Rio de Janeiro: Ediou-
ro, 2003.

do um grande momento ecumênico em que


Como vimos no texto, o estilo barroco influenciou na
eles possam perceber os vários ritmos utili- arquitetura do Recife e de outras cidades brasileiras. Mui-
zados para cultuar o sagrado. tas vezes, a arquitetura de um espaço está relacionada
às crenças religiosas da comunidade.

Anotações 1| Para aprofundar os estudos sobre arte e religião,


organize-se em grupo para realizar uma pesquisa de
obras arquitetônicas relacionadas à fé. Siga o passo
a passo a seguir.
2| Músicas folclóricas geralmente são símbolos da religio-
• Divida-se com seus colegas em grupos. sidade de um povo. É o caso, por exemplo, das canções
• Lembre-se de pesquisar as obras em diversos meios presentes em quadrilhas juninas, que homenageiam os
de informação, tais como sites, revistas e livros. santos católicos Pedro, João e Antônio. Essas canções
• Organize em seu caderno, junto ao grupo, os dados e têm em comum o fato de serem celebradas em épocas
as imagens encontradas. de colheitas. Essa tradição de celebrar períodos de co-
• Ao final, compartilhe os resultados da pesquisa com o lheitas é uma herança ancestral em diversos locais e re-
restante da turma. siste ao tempo até a atualidade. Pesquise sobre alguma
dança folclórica realizada na região onde você mora e in-
forme se essa prática tem alguma ligação com algum as-
pecto religioso.
Repensando Sugestão de resposta: A questão visa fazer os estudan-

tes conhecerem mais a respeito de suas origens ances-


A música é uma expressão artística que sempre es-
teve relacionada à fé, sendo usada como um caminho
trais e o quanto isso influencia na cultura de um país.
para levar a religião aos fiés ou para conectar os fiés à
divindade ou às divindades adoradas. Os cristãos, por
exemplo, adoram a Deus por meio de hinos e músicas.
Os mantras, presentes no hinduísmo e budismo, são
frases cantadas repetidamente, que, entre outras coi-
sas, auxiliam no momento da meditação. Nas religiões
de matrizes africanas, temos a presença dos instrumen-
tos de percussão como elemento marcante nas sauda-
ções aos orixás.

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(EF69AR28) Investigar e experimentar di-
ferentes funções teatrais e discutir os limi-
Capítulo tes e desafios do trabalho artístico coletivo

4 A arte como representação


e colaborativo.

Expectativas de
O teatro de Silvia Gomez quisa Teatral (CPT), onde pôde realizar experimentações,
aprendizagem
escrever, ler e discutir produções de outros autores. Per-
Silvia Gomez, mineira de Belo Horizonte, conheceu
a magia do teatro na infância graças à influência de sua
maneceu lá até o ano de 2011, dando aulas de dramatur- • Desenvolver a comunicação corporal, es-
gia para os jovens estudantes da instituição.
tia, a atriz e diretora Yara de Novaes. Criança introver-
A autora costuma trabalhar sozinha e sente maior pontaneidade, integração, concentração,
tida, chegou a cursar Teatro na capital mineira, porém
acreditava não ter talento para atuação. Mais à frente
facilidade com essa maneira de produzir. Silvia aborda entre outros.
temas incômodos que são bastante atuais e, frequente-
iria cursar Comunicação Social na Universidade Federal
mente, motivos de conflito social. Ela afirma que montar • Organizar e sintetizar ideias.
de Minas Gerais, onde iria realizar seu primeiro trabalho
uma peça não é uma tarefa fácil, pois, além de produzir
com dramaturgia, escrevendo o roteiro de uma cena in-
material, precisa buscar espaço junto aos teatros. É uma
• Estabelecer contato com personagens, lo-
titulada A cada dia a vida fica mais curta.
O curso de jornalismo a levou para São Paulo, onde,
tarefa que demanda grande esforço pessoal. cais, ações e conflitos dramáticos.
Silvia tem o desejo de um dia dirigir seus trabalhos,
ironicamente, iria se encontrar de vez com sua verdadei-
porém ainda não se sente plenamente preparada. Uma • Elaborar roteiros.
ra vocação: a dramaturgia. Ingressou no Centro de Pes-
produção teatral é fruto do trabalho de vários profis-
• Compreender a expressão corporal como
Reprodução.

sionais: diretor, autor, autor da trilha, cenógrafo, etc.


O que comprova que todas essas tarefas nunca pode- uma arte.
riam ser desenvolvidas por uma única pessoa. Por ora,
continua desenvolvendo seus textos e buscando novas
ideias para trabalhar. Uma das temáticas que mais lhe
instiga é o jornalismo atual, que está sendo bombar- Considerações
deado por informações oriundas da Internet, o que gera
uma onda de certezas tidas como verdadeiras sem que iniciais
haja qualquer questionamento de sua real veracidade.
É algo que a incomoda bastante e com certeza vai ren- Quando falamos em teatro, a imagem
der novos trabalhos.
Disponível em: https://www.uai.com.br/app/noticia/teatro/2017/07/16/noti- dos profissionais que nos vêm à cabeça são
cias-teatro,209786/conheca-o-teatro-de-silvia-gomez-mineira-radicada-em-
-sao-paulo.shtml. Acesso em: 31/12/2020. Adaptado. os atores e atrizes de um espetáculo. No en-
tanto, uma peça teatral envolve um gran-
Registre suas de número de profissionais que trabalham
ideias em diversas atividades, e grande parte de-
les fica nos bastidores, ou seja, nem sempre
1| Desde a Antiguidade, o teatro sempre foi um grande
meio para promover críticas a costumes de uma socie- é conhecida pelo grande público.
dade. No século XX, o alemão Bertolt Brecht inovou ao
Pôster da peça Marte, você está aí? (2017), escrita por Silvia Gomez.
Neste capítulo, vamos dar ênfase ao tea-
tro ao longo da história, com foco especial
Arte – 9o ano 21
para os profissionais que se dedicam a es-
crever e planejar grandes peças.
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po e no espaço de modo a aprimorar a ca- Registre suas


BNCC pacidade de apreciação da estética teatral.
ideias
(EF69AR26) Explorar diferentes elementos
Habilidades trabalhadas no capítulo
envolvidos na composição dos aconteci- Professor, antes de tudo, convém fazer
(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e mentos cênicos (figurinos, adereços, cená- questionamentos e sugestões sobre qual
grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de rio, iluminação e sonoplastia) e reconhecer função cada estudante irá desempenhar,
diferentes épocas, investigando os modos de seus vocabulários. pois isso ce rtame nte re sultará e m uma
criação, produção, divulgação, circulação e or- (EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dra- maior dedicação para o desenvolvimento
ganização da atuação profissional em teatro. maturgias e espaços cênicos para o acon- da atividade.
(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes tecimento teatral, em diálogo com o teatro
estilos cênicos, contextualizando-os no tem- contemporâneo.

Arte – 9o ano 21

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Sugestão de
abordagem criar um teatro experimental que estava sempre se aper- Baseado na obra de Brecht, organize, com seus cole-
feiçoando, o que ele chamava de “experimentos socioló- gas e professor, uma peça teatral inspirada no julgamen-
Uma ótima oportunidade para valori- gicos”. Com a ascensão do partido nazista ao poder na to de Galileu Galilei.
zar o trabalho dos alunos na escola é pedir Alemanha, uma nova política que se propunha a restau-
Procedimento:
rar valores artísticos tradicionais passou a ser perigosa
1. Pesquise elementos como roupas da época, costumes,
que, caso eles tenham realizado nas aulas para aqueles que fossem considerados subversivos, ou
bem como a biografia do físico italiano.
seja, que estivessem dispostos a divulgar novas ideias
de Português a produção do gênero diário, ao povo. Com isso, Bertolt Brecht teve que se exilar vá-
2. É importante frisar que Galileu tinha aliados dentro da
Igreja e que estes não tinham grandes objeções às suas
eles utilizem esses textos para transformá- rias vezes ao longo da vida. Sua obra, entretanto, nun-
ideias.
ca deixou de ser crítica. Seu último trabalho foi A vida de
-los em monólogos. Peça para o professor 3. Serão separadas tarefas como cenografia, figurino, ro-
Galileu, cuja temática está centrada na carreira do grande
teiro e atuação entre todos os estudantes.
físico, matemático, astrônomo e filósofo Galileu Galilei,
da disciplina ajudá-lo nessa atividade. Se os que teve de enfrentar a Igreja Católica Romana por afir-
4. Sinta-se à vontade para improvisar o trabalho, adap-
tando a linguagem ou acrescentando novos elementos à
alunos não tiverem produzido esse gênero mar que a Terra se move ao redor do Sol. A peça abrange
história.
temas como os conflitos entre dogmas religiosos e evi-
antes, proponha a leitura de obras em for- dências científicas.
ma de diário, como O Diário de Anne Frank, O que as outras
stock.adobe.com/NICOLAS LARENTO
e, a partir disso, promova o desenvolvimen- pessoas pensam
to dos monólogos em sala.
sobre
Diferentes definições do
O que as outras pessoas teatro
pensam sobre Texto I

Teatro era o povo cantando livremente ao ar livre: o


povo era o criador e o destinatário do espetáculo tea-
Com a leitura de diferentes interpreta- tral, que se podia chamar “canto ditirâmbico” (poesia lí-
ções sobre teatro, é interessante confrontar rica escrita para ser cantada por um coro de cinquenta
membros em cerimônias em homenagem ao deus Dioni-
essas perspectivas em uma roda de conver- so, dos quais se originou a tragédia grega). Era uma festa
onde todos podiam participar.
sa. Em seguida, peça aos alunos que reali-
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
zem a atividade proposta. Adaptado.

stock.adobe.com/SpicyTruffel
Anotações

A maioria dos textos do teatro grego eram monólogos, no qual um ator, dian-
Estátua de Galileu Galilei, em Florença, Itália. te do público, narrava suas aventuras pessoais.

22 Arte – 9o ano

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22 Manual do Educador

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Diálogos com o

Texto II b. Uma diferença.


tema
No teatro dramático ou declamado [...] são essenciais Sugestão de resposta: O texto I destaca a interação total Este é o momento de sistematizar as
três elementos: o ator, o texto e o público. O fenômeno
teatral não se processa sem a conjugação dessa tríade. dos participantes, em que estes eram criadores e des- ideias e os conceitos apreendidos pelos alu-
É preciso que um ator interprete um texto para o públi-
nos após a leitura do texto e a realização das
co, ou, se quiser alterar a ordem em função da raiz eti- tinatários; enquanto o texto II constrói uma separação
mológica, o teatro existe quando o público vê e ouve o atividades anteriores.
ator interpretar um texto. entre ator e espectador. Já o texto III traz o conflito, a
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1985. Adaptado.
contradição e o enfrentamento como elementos princi- Sugestão de
Texto III

O teatro, ao longo dos séculos, tem sido definido de


pais para a construção do teatro. filme
mil maneiras diferentes. De todas as definições, a que pa-
Em busca da Terra do Nunca
rece mais simples e a mais essencial é a definição dada
por Lope de Vega: o teatro é o combate apaixonado de Diálogos com o Direção: Marc Forster
dois seres humanos em cima de um tablado. Dois seres
— e não um só! — porque o teatro estuda as múltiplas
tema
relações entre homens e mulheres vivendo em socie-
J.M. Barrie é um bem-sucedido autor
dade e não se limita à contemplação de cada indivíduo O antagonista de peças teatrais, que, apesar da fama que
solitário, tomado isoladamente. Teatro é conflito, contra-
dição, confrontamento, enfrentamento [...]. Os monólo-
Junto ao protagonista, o antagonista é considerado possui, está enfrentando problemas com
personagem fundamental no teatro. Normalmente, o an-
gos só serão teatrais — só será teatro — se o antagonista
tagonista é considerado o vilão, mas não é sempre assim. seu trabalho mais recente, que não foi bem
estiver pressuposto, embora ausente. Se na sua ausên-
Na verdade, o antagonista é a principal oposição ao per-
cia estiver presente.
sonagem principal, logo não precisa ser sempre um ser
recebido pelo público. Em busca de inspira-
ção para uma nova peça, Barrie a encontra
BOAL, Augusto. O arco-íris do desejo: o método Boal de teatro e terapia. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. Adaptado.
humano, pode ser um obstáculo, um sentimento, etc.

ao fazer sua caminhada diária pelos jardins

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1| Os três textos trazem falas e pontos de vista que se
complementam, com o objetivo de definir o teatro. So-
Kensington, em Londres. É lá que ele co-
bre isso, destaque e explique dos três textos: nhece a família Davies, formada por Sylvia,
a. Uma semelhança. que enviuvou recentemente, e seus quatro
Sugestão de resposta: Nos três textos, é possível perce- filhos. Barrie logo se torna amigo da famí-
ber que é preciso a participação de mais de uma pes-
lia, ensinando às crianças alguns truques e
criando histórias fantásticas para elas, en-
soa para o teatro existir — personagens, plateia e atores.
volvendo castelos, reis, piratas, vaqueiros
e naufrágios. Inspirado por esta convivên-
No conto de fadas Chapeuzinho Vermelho, o antagonista é um lobo com aspec-
tos assustadores.
cia, Barrie cria seu trabalho de maior suces-
so: Peter Pan.
Arte – 9o ano 23
Vocês ainda não viram nada!
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Direção: Alain Resnais

Anotações Após a morte de Antoine, famoso dra-


maturgo, vários amigos descobrem que ele
lhes deixou um pedido inusitado: eles de-
vem avaliar uma montagem para sua pe-
ça Eurídice, feita por uma jovem trupe de
teatro. O grupo, formado por intérpretes de
outras versões da peça, terá liberdade para
acrescentar ou retirar o que quiserem. Tu-
do é permitido: amor, ódio, tristeza, alegria,
ou seja, são eles quem vão decidir o que vai
em cena e montar essa peça surpreendente.

Arte – 9o ano 23

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+ Informações sobre o
tema texto teatral, o substantivo drama, é elemento central da
Dessa forma, um protagonista pode se depa- peça), dando lugar a uma pesquisa que vai além das con-
Ainda falando sobre teatro, nesta seção, rar com situações bastante variadas, nas quais o venções clássicas, objetivando desabituar e desautomizar
iremos conhecer um pouco mais sobre a sua antagonista assume diferentes formas, tais como: o fazer teatral. É uma busca de maneiras alternativas de
Um herói – Nas histórias em que o personagem lidar com o estabelecido, de experimentar estados psicofí-
origem e evolução. principal seja o vilão. sicos alterados, de “criar situações que disseminam discor-
Ex.: Histórias policiais. dâncias diversas: de ordem econômica, emocional, bioló-
Após a leitura, crie um espaço de deba- Um ser imaterial – Nas histórias em que o pro- gica, ideológica, psicológica, espiritual, identitária, sexual,
te no qual seus alunos possam discutir al- tagonista deve enfrentar seres como deuses, es- política, estética, social, racial, etc.”.
píritos, etc. Dentro desse quadro histórico, a performance se torna
gumas obras teatrais que os marcaram ou Ex.: Em A Odisseia, o herói, Odisseu, enfurece o um gênero que desafia princípios classificatórios. Poden-
deus dos mares, Poseidon, e por isso enfrenta sua do mesclar elementos de outras artes, como a dança e a
que gostariam de assistir. fúria durante dez anos. música, a performance está ligada a um trabalho de pes-
Um sentimento – Nas histórias em que os sen- quisa corporal focada em liberdade de movimentos, que
timentos do protagonista sejam o principal fator comunicam o que o atuador quer expressar com seu tra-
Anotações contra ele mesmo. balho, são orgânicos, limpos.
Ex.: No livro Dom Casmurro, é o ciúme de Ben- Alguns exemplos de performance: “A história do
tinho que o impede de ficar com Capitu. homem que empurrou um bloco de gelo pelas ruas da
Cidade do México até seu derretimento completo; ou o
homem que armou sua festa de aniversário na rua, par-
1| Agora, escreva em seu caderno os principais detalhes
tilhou seu bolo, trocou abraços e recebeu votos de felici-
sobre o antagonista de uma história que você conheça.
dade de desconhecidos”.
Somado a isso, analise a relação entre o antagonista e o
Parecem estranhas? Segundo a performer carioca
protagonista na narrativa escolhida.
Eleonora Fabião, a força da performance está justamen-

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+ Informações
sobre o tema
Teatro contemporâneo:
performance
Se formos ao dicionário, a palavra performance tem
significado de desempenho, realização, atuação. O ator
(aquele que age) realiza uma performance a partir do mo-
mento em que está em cena. Porém, a partir da década
de 1970 e até meados da década de 1980, os movimen-
tos teatrais no Brasil estavam ampliando as questões de-
senvolvidas no Modernismo, entrando na chamada cena
contemporânea.
Atualmente, a arte performática está presente em grande parte dos espetá-
O teatro contemporâneo também é referido como pós-
culos teatrais. Entre os principais aspectos das performances que atraem o
-dramático. Nele, a cena é vista como um campo artísti- público, estão o experimentalismo e os improvisos que ocorrem durante as
co expandido que foge do textocentrismo (ideia de que o apresentações.

24 Arte – 9o ano

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Repensando
te nesse estranhamento causado, pois oxigena e dinami- fácil acesso à Internet, há discussões sobre a interferên-
za as maneiras de agir e pensar a arte contemporânea, cia da tecnologia no futuro do movimento artístico. O di-
uma vez que turbina (seja positiva ou negativamente) a retor, ator e coordenador do núcleo de artes cênicas da Além de promover um momento de cria-
relação do indivíduo que assiste com o meio em que vive. Fundação de Desenvolvimento Cultural (Fundec) de So- ção da peça teatral, conduza todo o pro-
Tira-o da zona de conforto, revela que todos somos agen- rocaba, Mario Persico, não teme mudanças no teatro in-
tes históricos dentro de um contexto. fluenciadas pelas tecnologias. “Acho que o teatro sem- cesso de interpretação do texto. Enriqueça
Portanto, a performance é uma ação metodicamente pre será artesanal. Porém será o teatro de seu tempo e,
calculada, conceitualmente polida, mas que não se res- como tal, vai incorporando as novas tendências. O tea-
esse momento organizando um belo cená-
tringe à obrigatoriedade de seguir algum padrão estético tro pós-moderno se utiliza de projeções nos espetáculos, rio e convidando toda a comunidade esco-
ou técnico. Ela objetiva a discussão, a reflexão, a análise às vezes dialogando com a encenação, às vezes simples-
da relação entre quem realiza e quem assiste. mente criando um estranhamento.” lar para assistir a essa apresentação.
Disponível em: https://teatroemescala.com/2019/10/24/teatro-contempora- Além da conectividade, o uso de tecnologias muda,
neo-performance/. Acesso em: 11/10/2021. Adaptado. interfere e auxilia outras especialidades, como a drama-
turgia, a iluminação, a direção, a sonorização e, claro,
a ação cênica. Mais do que encenar junto as projeções
Sugestão de
Repensando
on-line e off-line ou mesmo entregar-se aos smartphones
e notebooks durante a ação, os atores lidam ainda com
filme
mais um horizonte que se abre para a dramaturgia: o
hiperdrama. O conceito alimenta a ideia da qualidade Hairspray – Em busca da fama
Teatro digital: o nas montagens teatrais, em que espaço, atores e espec-
Direção: Adam Shankman
personagem é a tecnologia tadores caminham juntos no andamento do espetáculo.
Novo conceito, o teatro digital chega para dividir es-
Por definição, o ato teatral envolve a utilização do texto paço, e não para roubar a cena do antigo teatro. “Sem- O sonho de todo adolescente em 1962 é
por meio da encenação e do espetáculo. O ato correspon- pre haverá lugar para um palco vazio e apenas um ator
de, ainda, a uma divisão marcada por um tempo, que na em cena.” Mesmo no cinema, Chaplin continuou fazen- aparecer no The Corny Collins Show, o pro-
representação poderá permitir uma alteração de cenário, do filmes mudos e resistindo ao advento da voz por dé- grama de dança mais famoso da TV. Tracy
a mudança de figurino dos atores ou a entrada e saída de cadas e com o mesmo sucesso.
personagens. “Então, sendo bom, há espaço pra todos”, ressalta Turnblad é uma jovem que tem paixão pe-
A tecnologia digital chega aos palcos para tornar Persico. Virtual e digital, embora não palpáveis, figuram
possível o antigo sonho de vários artistas: transcender o como novos horizontes para que o teatro redescubra e
la dança. Ao fazer um teste, ela impressio-
corpo humano. A cultura digital não significa mais uma renove a sua função social, bem como desperte no pú- na os juízes e, dessa forma, conquista um
tecnologia de reprodução, mas a produção imediata blico uma nova opção de cultura e lazer.
entre o material e o virtual. Disponível em: https://realeimaginario09.wordpress.com/teatro-digital-o-per-
lugar no programa. Logo ela alcança o su-
O teatro virtual consiste na utilização de recursos téc- sonagem-e-a-tecnologia/. Acesso em: 18/01/2018. Adaptado.

nicos digitais na ampliação da capacidade de expressão


cesso, ameaçando o reinado de Amber Von
artística nas várias dimensões de uma peça: voz, corpo, Tussle no programa. As duas passam tam-
luz, cenário, texto e atores. Os papéis do autor, do ator e Teatro alternativo bém a disputar o amor de Link Larkin, en-
da plateia se misturam, mostrando a interatividade desse
novo conceito da arte. Muitos grupos de teatro buscam apresentar seu traba-
quanto duelam pela coroa de Miss Auto
A chegada de novas tecnologias sempre causa polê- lho em espaços alternativos, levando espetáculos para ou-
mica quanto ao término de um ciclo. No teatro, muito tros lugares além da estrutura física de teatro a que esta- Show. No entanto, os conceitos de Tracy
já se especulou sobre seu fim, com a popularização do mos acostumados. Dessa forma, é cada vez mais possível
rádio, da televisão e do cinema. Hoje, com a tendência perceber apresentações de teatro nas ruas, em restauran- mudam quando ela descobre o preconcei-
do teatro digital, com sua interatividade, portabilidade e tes, bares e casas. to racial existente na TV, decidindo usar sua
fama para promover a integração.
Arte – 9o ano 25

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Anotações

Arte – 9o ano 25

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Existem vários fatores que contribuem para esse movi- 2| Qual é a importância de investir em teatros, cine-
mento. Em algumas cidades, a população não tem o cos- mas e casas de shows com preços mais acessíveis pa-
tume de ir ao teatro, enquanto em outras o preço dos in- ra a população?
gressos é muito alto, além de alguns teatros não possuí-
Resposta pessoal.
rem investimento por parte do governo, tanto na estrutura
física quanto na esfera cultural.
Reprodução.

3| De que maneira as apresentações realizadas em espa-


ços alternativos, como praças e ruas, podem aproximar
o público? Por quê?

Resposta pessoal.

A necessidade de fazer teatro de rua nasceu com o objetivo de levar cultura


em forma de arte para a população que não tem acesso aos bens culturais.

1| De que forma a infraestrutura de um teatro pode con-


tribuir ou atrapalhar a apresentação de uma peça?

Resposta pessoal.
4| Comente sobre a importância da relação entre a arte
e as tecnologias digitais.

Resposta pessoal.

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cionais e não convencionais) para compo-
sição cênica e apresentação coreográfica.
Capítulo (EF69AR15) Discutir as experiências pes-

5 A dança como expressão do


corpo e da alma
soais e coletivas em dança vivenciadas na
escola e em outros contextos, problemati-
zando estereótipos e preconceitos.
Corpos em movimento: a e México, totalizando cerca de 150 cidades em mais de
trajetória da SPCD 1.000 apresentações e recebendo quase 40 premiações Expectativas de
nacionais e internacionais ao longo desse período.
aprendizagem
Reprodução.

Além da difusão e da circulação de espetáculos, a


SCPD desenvolve trabalhos de cunho educativo e de sen-
sibilização da plateia, que são realizados em todas as ci- • Conhecer os diferentes elementos da dança.
dades por onde a Companhia se apresenta. Nesses even-
tos, são realizadas diversas atividades, como diálogos • Valorizar o próprio movimento, desco-
sobre os bastidores da dança, oficinas nas quais os par-
ticipantes podem vivenciar o cotidiano dos bailarinos e
brindo as possibilidades do corpo.
atividades voltadas para públicos específicos, a exemplo
de estudantes e de pessoas da terceira idade. Outra linha
de atuação da SPCD é o mapeamento das danças típicas
Considerações
A São Paulo Companhia de Dança realiza trabalhos de excelência artística,
que incluem encenações de peças clássicas, modernas e contemporâneas.
de cada cidade, visando criar uma enciclopédia dedica-
da à memória da dança.
iniciais
A dança tem uma longa história, e, visando revelar
Nascida no ano de 2008, a São Paulo Companhia de um pouco dela, a Companhia criou uma série de docu- Neste capítulo, trabalharemos as práti-
Dança (SPCD) é um corpo artístico mantido pela Secre- mentários intitulada Figuras de dança, que leva ao gran-
taria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São de público várias informações sobre essa arte por meio
cas corporais e estudaremos os benefícios
Paulo. Trata-se de uma companhia de repertório, ou se- de pessoas que a vivenciaram. Além de vários canais de que essa linguagem artística proporciona
ja, realiza montagens de obras consagradas de períodos TV, a série também pode ser encontrada no YouTube e
que variam entre os séculos XIX e XXI. Sob direção da atualmente conta com 39 episódios. Além disso, a São para a sociedade.
doutora em Artes Lígia Borges, as coreografias da SPCD Paulo Companhia de Dança publicou sete livros conten-
são criadas por autores nacionais e internacionais. A di- do ensaios e outros registros dos bastidores de sua ação.
fusão da dança, da produção e da circulação de espetá- Disponível em: http://spcd.com.br/spcd/historico/. Acesso em: 01/01/2021.
Registre suas
culos é o núcleo central da Companhia.
Desde a sua criação, a Companhia já produziu mais
Adaptado.

ideias
de 65 coreografias, contando com trabalhos de nomes da
dança internacional, como Édouard Lock, Richard Siegal
Registre suas Este é um espaço de criatividade. Dispo-
e Marco Goecke, e coreógrafos brasileiros, como Rodri-
go Pederneiras, Henrique Rodovalho e Jomar Mesquita. ideias nibilize diversos materiais, como revistas, jor-
A SPCD se apresentou em 17 países diferentes, consa-
grando-se como uma das mais importantes companhias
nais, papéis coloridos, etc., para que a ativi-
de dança da América Latina. As apresentações já foram 1| A São Paulo Companhia de Dança é uma entidade man- dade possa acontecer de forma dinâmica.
vistas por um público superior a 750 mil pessoas em paí- tida com investimento público, ou seja, financiada com
ses como Argentina, Áustria, Canadá, Chile, Colômbia, dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos paulistas.
França, Alemanha, Itália, Paraguai, Suíça, Estados Unidos Com isso, a SPCD pode desenvolver trabalhos para o pú-
Anotações
Arte – 9o ano 27

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BNCC to dançado, abordando, criticamente, o de-


senvolvimento das formas da dança em sua
Habilidades trabalhadas no capítulo história tradicional e contemporânea.
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes for- (EF69AR12) Investigar e experimentar pro-
mas de expressão, representação e encenação cedimentos de improvisação e criação do
da dança, reconhecendo e apreciando compo- movimento como fonte para a construção
sições de dança de artistas e grupos brasileiros de vocabulários e repertórios próprios.
e estrangeiros de diferentes épocas. (EF69AR14) Analisar e experimentar dife-
(EF69AR10) Explorar elementos constituti- rentes elementos (figurino, iluminação, ce-
vos do movimento cotidiano e do movimen- nário, trilha sonora etc.) e espaços (conven-
52:01

Arte – 9o ano 27

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O que as outras pessoas
pensam sobre blico em geral, tornando suas apresentações mais inclu- O que movemos
sivas e acessíveis a todas as pessoas. Na cidade onde vo-
Os movimentos de uma dança podem partir de den-
cê mora, existe algum espaço de dança que seja acessí-
Ao iniciar os estudos sobre a dança, se- vel a todos os públicos ou há apenas locais onde é pre-
tro para fora (do tronco para os membros) ou de fora pa-
ra dentro (dos membros para o centro do corpo). De qual-
ria interessante motivar seus alunos com as ciso pagar para frequentar? Você gostaria que houvesse
quer forma, movemos ou não partes do nosso corpo. De-
maior investimento do poder público (prefeitura, esta-
seguintes perguntas: do)? Justifique sua resposta em seu caderno e depois de-
pendendo do nosso gosto, necessidade, intenção ou ex-
periência, escolhemos quais partes do corpo queremos
bata com os colegas a respeito desse tema.
ou podemos mover. Essas partes, combinadas ou isola-
• O que é dança? 2| Vamos realizar uma atividade artística corporal? Para das, quando em movimento, executam ações: podemos
• Quem gosta de dançar? isso, siga as instruções a seguir. pular, correr, encurvar, inclinar, cair, etc.

• Quais danças vocês conhecem? • No pátio da escola, estique vários barbantes até for- Como nos movemos
mar um grande emaranhado de fios.
• Quem já dançou na escola? Qual foi a dan- • Cada estudante deve eleger um par para atravessar Podemos entrar “de mansinho” no cinema depois de
esse emaranhado de fios, mantendo alguma intera- o filme ter começado. Nossos passos devem ser leves pa-
ça? Por quê? ção. O par pode manter essa relação interativa por ra não fazer barulho, lentos por causa do escuro e bem
meio do olhar ou com as mãos dadas, fica a critério
• Quem conhece alguma dança de outro lu- direcionados para não cairmos. Em outros casos, pisa-
de cada dupla. mos firme, rápido e sem direção certa.
gar? Qual? De onde é? • Ao atravessar os fios, cada dupla pode representar O mesmo pode acontecer com qualquer parte do nos-
um sentimento ou animais. O importante é não per- so corpo. Geralmente, quando estamos animados e con-
• Por que as pessoas dançam? der a relação de contato de um para com o outro. tamos uma história, nossas mãos se movem de maneira
• Onde a dança acontece (espaço)? • As duplas que aguardam a vez devem anotar as sen- leve; quando estamos bravos, costumamos fechar o pu-
sações que cada apresentação gerou em si, e, ao final, nho, bater na mesa de modo firme, rápido e direto. Essas
• O que é preciso para dançar? todos devem compartilhar suas impressões com o são algumas qualidades de movimento que realizamos
grande grupo.
• Como se aprende a dançar? diariamente e que também estão presentes na dança. Por
exemplo, quando apertamos o freio da bicicleta para não
bater em algo, é porque nossos movimentos estavam rá-

Sugestão de
O que as outras pidos e poderia acontecer algum acidente. Já quando em-
purramos um sofá bem pesado, geralmente fazemos um
pessoas pensam
abordagem sobre
movimento mais pesado e lento. Movimentos semelhan-
tes a esses podem ser produzidos enquanto dançamos.

Peça aos alunos que pesquisem sobre Os elementos que fazem a Onde nos movemos
manifestações corporais ao redor do mun- dança Quando dançamos, ocupamos espaço. Quando dize-
mos que estamos dançando, na verdade estamos explo-
do e analisem a carga histórica e a força cul- O movimento é o primeiro elemento da dança, mas não rando nosso espaço pessoal. Ele pode ser ocupado de vá-
é o suficiente para dizer que estamos dançando. Para ha- rias maneiras. Por exemplo, quando abaixamos para pas-
tural que essas manifestações exercem na ver dança, precisamos dançar em algum lugar: é o espa- sar no túnel formado na quadrilha junina, estamos usan-
construção da identidade de cada país. ço geral. Podemos dançar no palco, no gramado, no pá- do o nível médio do espaço. Os passistas das escolas de
tio da escola ou na sala de aula. Quem dança pode optar samba, quando vão até o chão com seu pandeiro, estão
por construir seus movimentos em silêncio, com música usando o nível baixo do espaço.
Anotações instrumental ou com música que tenha letra. O som ou o Como é ensaiar a quadrilha na sala de aula e depois ir
silêncio é outro elemento da dança. para o pátio? Como seria o desfile das escolas de samba

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Diálogos com o

em um teatro fechado? E como é assistir a um ballet clás- nos vestirmos. Se estivermos de calça jeans, de saia ou
tema
sico em um palco montado no meio da praça? Muitas ve- com algo na cabeça, como nas escolas de samba, certa-
zes, por causa da mudança de espaço, sentimos e comu- mente dançaremos de modo diferente. Nas apresenta- Neste momento, solicite aos alunos que
nicamos coisas diferentes. Quando dançamos uma mes- ções de dança, sempre há preocupação com o figurino a compartilhem trechos da pesquisa a respei-
ma dança em vários lugares, como na rua, no palco, no ser utilizado. O figurino influi na maneira como uma dan-
pátio ou na sala de aula, dizemos que estamos exploran- ça é assistida ou dançada. to do frevo e debata com eles sobre a valo-
do o espaço geral. COLL, Cesar; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Arte: conteúdos essenciais para o
Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2000. Adaptado. rização e a fama desse ritmo a nível mun-
Com o que ou com quem nos dial. Você poderá, por exemplo, exibir ví-
movemos? deos com apresentações de frevo realizadas
Quando dançamos com um objeto (por exemplo, a
Diálogos com o
bandeira da escola de samba ou um chapéu), seguran- tema em outros países e comentar sobre as rea-
do ou brincando com ele, explorando nossos movimen- ções da plateia diante dos passos de dança.
tos, criamos uma maneira de relacionar nosso corpo e o Particularidades da dança
objeto. Podemos também estabelecer relações entre as
partes do corpo ou ainda com as outras pessoas que es- 1| Com base no texto anterior, quais são os três principais
tão ocupando o mesmo espaço geral. Essas relações ge- elementos da dança? Anotações
ram sensações e experiências diferentes em quem está
dançando ou assistindo a uma dança. Movimento, espaço e som.
Crédito das imagens: stock.adobe.com/artjazz e Dmitry_Evs

2| Quais são os movimentos que podemos utilizar quan-


do dançamos?

Dos membros para o tronco ou do centro do corpo para

os membros.

3| Quando podemos dizer que “exploramos o espaço ge-


ral na dança”?
Quando exploramos as diferentes possibilidades de

Fortemente influenciado pela cultu- O street dance surgiu da necessida- uma dança em espaços diferentes.
ra cigana, e com raízes na cultura ára- de de desconstruir os padrões con-
be, o flamenco surgiu a partir da fu- vencionalizados pela dança clássica.
são dessas culturas. 4| O frevo é um Patrimônio Cultural Imaterial da Humani-
dade. Sua origem é atribuída ao Estado de Pernambuco
As pessoas e o movimento desde o século XIX, onde é presente até hoje. Faça uma
breve pesquisa sobre esse ritmo e compartilhe os resulta-
Haveria diferença entre um adulto e uma criança ou dos com seus colegas e professor. Durante o estudo, lem-
entre um homem e uma mulher dançando? Nossas ca- bre-se de destacar tópicos como a origem do ritmo, os ti-
racterísticas físicas, emocionais, culturais e sociais mo- pos de movimentos utilizados nas coreografias, os espa-
dificam a maneira como cada um dança. Outro aspecto ços em que geralmente o frevo é dançado, entre outros
que interfere na maneira como dançamos é a forma de aspectos dessa dança.

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Arte – 9o ano 29

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+ Informações sobre o
tema 5| Quando você dança, costuma realizar os mesmos movi-

stock.adobe.com/danillaophoto
mentos do seu cotidiano ou aproveita para explorar novos?
Ao falar sobre a capoeira, questione os
Resposta pessoal.
alunos sobre outras contribuições dos povos
africanos para a cultura brasileira. Somado a
isso, você pode levar vídeos com apresenta- 6| Você concorda que nossas características físicas, emo-
ções de capoeira e promover uma reflexão a cionais, culturais e sociais modificam a maneira como ca-
da um dança? Justifique.
respeito das suas primeiras impressões.
Resposta pessoal.

Anotações

+ Informações
sobre o tema Origens da capoeira
Não existem fontes históricas confiáveis para estabe-
A capoeira lecer qual é a verdadeira origem da capoeira, porém es-
tima-se que, a partir do século XVI, Portugal passou a en-
Uma expressão cultural genuinamente brasileira, que viar para o Brasil vários povos escravizados provenientes
mistura arte marcial, dança e música, a capoeira foi cria- das regiões onde hoje estão o Congo e a Angola. Nessa
da por africanos escravizados em fins do século XVI, no última região, povos pastores costumavam realizar uma
Quilombo dos Palmares, situado, na época, em territó- cerimônia bastante animada chamada n’golo, na qual os
rio pertencente a Pernambuco. A capoeira é caracteriza- jovens competiam para ver quem conseguia encostar o
da por movimentos ágeis e precisos, assumindo grande pé na cabeça do adversário. Essa cerimônia celebrava o
complexidade à medida que os praticantes vão se aper- início da vida adulta e o jovem vencedor da competição
feiçoando nessa modalidade de luta que utiliza primaria- tinha direito de escolher uma entre as mulheres, tam-
mente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas bém iniciando sua vida adulta, para que pudesse se ca-
e cotoveladas. Os golpes, por vezes, são realizados por sar sem precisar pagar o dote. Com a chegada de mui-
meio de acrobacias no solo ou aéreas, o que muitas vezes tas dessas pessoas ao Brasil, acredita-se que a capoeira
confere grande velocidade e dificuldade de realização. teria sido introduzida.
A musicalidade é uma característica bastante distin- Com o passar dos anos, muitos escravizados conse-
ta da capoeira, o que a difere de outras artes marciais. É guiam fugir e se juntar em quilombos, assentamentos es-
bastante comum, por exemplo, que, em uma exibição en- tabelecidos em áreas remotas da colônia, onde podiam
tre capoeiristas, não haja contatos físicos contundentes, viver em liberdade e reavivar muitos de seus costumes
assumindo um caráter típico de dança. Geralmente, os que eram proibidos pelos portugueses. Assim, nesse am-
praticantes, além de aprenderem a lutar e realizar movi- biente onde as pessoas permaneciam sempre em estado
mentos acrobáticos, também passam a tocar os instru- de tensão, a capoeira se tornou uma grande arte marcial,
mentos e a cantar. utilizada em confrontos diretos com as tropas coloniais.

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Repensando
O Quilombo dos Palmares, o maior assentamento do ti- título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanida-
po, resistiu por mais de cem anos a ataques comandados de pela Unesco.
por capitães do mato. Muitos soldados relatavam que os Grupos de capoeira existem em todo o território nacio- Aproveite a leitura para ressaltar os as-
quilombolas eram guerreiros formidáveis, que domina- nal e são encontrados, frequentemente, praticando em ro- pectos ritualísticos da dança. Seria interes-
vam uma estranha técnica de luta que lhes dava grande das ao ar livre ou locais fechados. Grande parte dos mes-
vantagem frente aos soldados, mesmo as tropas estan- tres mantém trabalhos voltados para escolas. Essa prática sante, por exemplo, explorar com os alunos
do sempre em maior número. é uma forma de mostrar a capoeira como uma excelente
No final do século XIX, a escravidão no Brasil, último atividade física e cultural. Com o auxílio do professor, ten-
a origem por trás da famosa “dança da chu-
país das Américas a abolir tal prática, estava em crise. tem entrar em contato com algum grupo de capoeira pa- va” e instigá-los a procurar momentos “ri-
Nesse período, muitos ataques promovidos por milícias ra que este possa promover uma apresentação na escola.
quilombolas eram contra propriedades escravocratas. Aproveitem a ocasião para questionar sobre estilos, conhe- tualísticos” da rotina que envolvem expres-
Em 1890, dois anos após a abolição da escravatura, um cer melhor a história da capoeira e, se possível, praticar al-
decreto proibiu a prática da capoeira em todo o País, pois guns movimentos.
sões dançantes, como a “dança da vitória”,
era vista como perigosa por parte das autoridades, já que entre outras.
um capoeirista tinha grande vantagem em um eventual
confronto contra um policial. Assim, qualquer cidadão Repensando
que fosse pego praticando a capoeira era preso. Ainda
assim, as rodas nunca deixaram de existir, embora pas-
A história das danças Anotações
sassem a ser praticadas em locais distantes, sempre com
pessoas de sentinela para avisar caso alguma patrulha circulares
se aproximasse.
As danças circulares sempre estiveram presentes na
Reprodução.

história da humanidade — nascimento, casamento, plan-


tio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte —
e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e
união entre as pessoas.
Foi Bernhard Wosien (1908–1986), bailarino clássico,
coreógrafo, pedagogo e pintor, que, entre as décadas de
1950 e 1960, percorreu o mundo recolhendo e resgatando
as danças de diferentes povos. Em 1976, visitou a
comunidade de Findhorn, no norte da Escócia, e, a
pedido de Peter Caddy, um de seus fundadores, ensinou
Negros lutando, tela de Augustus Earle. A presença do policial mostra que a
pela primeira vez uma coletânea de danças folclóricas
prática da capoeira era brutalmente repreendida.
para os residentes.
Atualmente, a capoeira se tornou um verdadeiro Bernhard Wosien já estava com mais de 60 anos e bus-
símbolo da cultura brasileira para o exterior. Todos os cava uma prática corporal mais orgânica para expressar
anos, a prática atrai novos adeptos de vários países, em seus sentimentos. Ele percebeu que havia encontrado o
todos os continentes, para o Brasil, bem como muitos que procurava, pois, dançando em roda, vivenciou a ale-
mestres da arte vão ensinar a técnica em países como gria, a amizade e o amor, tanto para consigo mesmo co-
a França, o Canadá e os Estados Unidos. Apresentações mo para com os outros, e sentiu que as danças circula-
de capoeira realizadas em eventos ao redor do mundo res possibilitavam uma comunhão sem palavras e mais
atraem sempre um grande público e são apresentadas amorosa entre as pessoas.
como forma de espetáculo, de acrobacias e com poucos De 1976 em diante, centenas de danças foram incor-
contatos contundentes. Em 2014, a capoeira recebeu o poradas ao repertório inicial, e o movimento passou a se

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Arte – 9o ano 31

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chamar Danças Circulares Sagradas. E, desde então, es- Benefícios das danças
se movimento se espalhou pelo mundo.
A dança circular se torna sagrada pelo fato de permi- Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode dançar em
tir que os participantes entrem em contato com sua es- uma roda. Não é preciso ter experiência anterior em dan-
sência, com seu eu superior, com um pedaço do divino ça, basta ter vontade e querer entrar em contato com a ale-
que existe dentro de cada um de nós. No momento des- gria e com a possibilidade da comunhão entre as pessoas.
se contato, temos a união do corpo com o espírito. Dançando, nosso corpo encontra paz, aquieta e acal-
No Brasil, o movimento das danças circulares chegou ma a mente. A alegria brota naturalmente, o movimen-
por intermédio de Carlos Solano, que foi hóspede na Fun- to simples e repetido aproxima as pessoas, promoven-
dação Findhorn por um longo tempo, em 1980. Ele fez o do uma integração física, mental, emocional e espiritual.
treinamento com a organizadora de Danças Sagradas, As danças circulares promovem uma rápida integra-
Anna Barton, e recebeu o certificado como sendo o pri- ção de grupos, reflexões sobre o trabalho em equipe,
meiro instrutor de danças sagradas no Brasil. compreensão sobre conflitos, o despertar da criativida-
Em 1983, a escritora norte-americana Sarah Marriott, de, a integração dos hemisférios cerebrais, a ativação
que viveu em Findhorn, foi convidada a vir ao Brasil pa- corporal, conexão com seu eu interior e superior.
ra iniciar um trabalho de educação holística no Centro Disponível em: http://www.dancascircularesrj.com.br/50.html. Acesso em:
de Vivências Nazaré, comunidade fundada em 1981 por 03/05/2012. Adaptado.

um grupo de pessoas lideradas pelo cineasta brasileiro

mavoimages/AdobeStock.com
Trigueirinho, em Nazaré Paulista, no Estado de São Pau-
lo. Para auxiliar esse trabalho em Nazaré, Sarah trouxe
uma ou duas fitas cassete com as danças de Findhorn.
stock.adobe.com/sforzza

Escultura baseada na pintura A dança (1909), de Henri Matisse. Em uma das


teorias para a inspiração de Matisse, diz-se que ele observou as filhas dos pes-
cadores que brincavam à beira do mar enquanto os pais estavam no mar.
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Em 1990, Christina Dora (Sabira) vai à Suíça e conhece 1| Em sala, ao som de uma ciranda, escolha uma dupla.
Maria Gabriele Wosien, filha de Bernhard, e traz as danças A partir desse momento, comece a se mover de forma li-
para Nova Friburgo, no Rio Janeiro. Nessa ocasião, vre, sentindo o ritmo da música. À medida que os passos
Patrícia Azarian conhece as Danças Circulares, e se inicia são realizados, você e seu par devem ir se harmonizando.
um trabalho de expansão no Rio de Janeiro. Quando vocês atingirem uma sincronia, chame outra du-
A partir desse momento, pessoas de Findhorn vieram pla e assim sucessivamente, até que todos da sala estejam
ao Brasil, brasileiros foram até lá, e o movimento come- em um único e harmonioso círculo de dança. Após a dinâ-
çou a expandir. mica, descreva detalhes da experiência em seu caderno.

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no tempo e no espaço, de modo a aprimo-
rar a capacidade de apreciação da estética
Capítulo musical.

6 A contracultura Expectativas de
aprendizagem
As raízes do Manguebeat como o cinema, a moda e as artes visuais. A iniciativa re-
sultou em grande sucesso, e várias bandas se formaram,
• Compreender sobre o quanto a música é
Reprodução.

em Pernambuco e em outros estados do País, inspiradas


nas mesmas ideias. A partir de então, o cenário local do
Recife sofreu grandes transformações. influenciada pela sociedade e, da mesma
Uma das principais mudanças ocorreu no bairro do maneira, como a música pode influenciá-la.
Recife Antigo: outrora abandonado e em ruínas, pas-
sou a ser revitalizado, tornando-se cartão-postal da ci- • Conhe ce r artistas e movime ntos que
dade, sendo um dos locais mais procurados em todo o
estado por conta de sua arquitetura, história e aspecto
se opuseram aos gostos culturais de uma
boêmio. Em 1997, o Manguebeat vivenciou uma grande época e que resolveram criar novos expe-
perda: Chico Science, vocalista da banda Nação Zumbi
e um dos principais nomes do movimento, faleceu em rimentalismos.
razão de um acidente automobilístico. Apesar disso, o
Escultura de caranguejo gigante localizada na Rua da Aurora, Recife. O caran-
guejo é um símbolo do movimento Manguebeat, pois representa uma fonte de Manguebeat permanece influenciando artistas de dife-
alimentação e renda para a comunidade mais pobre do Recife. rentes áreas, em nível nacional e mundial. Considerações
O Manguebeat é um movimento de contracultura
surgido no início da década de 1990 no Recife, Pernam-
iniciais
buco. Com uma sonoridade que mistura ritmos regionais, Registre suas
como o samba, o coco e o maracatu, com estilos inter-
nacionais, como o rock, o hip-hop, o funk e a música ele-
ideias Para um estudante com menos de 15
trônica, o movimento tem como principal bandeira a crí- anos, imaginar que, tempos atrás, certos
1| O objetivo principal do movimento Manguebeat surgiu
tica contra o abandono socioeconômico da população
a partir de ideias de Fred Zero Quatro, vocalista da banda comportamentos, tão comuns na atualida-
mais carente do Recife. Em razão do cenário de desam-
Mundo Livre S/A, que trabalhava com vídeos de teor eco-
paro, grande parte da comunidade retirava sua subsis- de, eram discriminados, provavelmente vai
lógico visando preservar o ecossistema dos manguezais,
tência dos mangues, caçando caranguejos para se ali-
mentar ou comercializar.
ecossistema de grande importância para a biodiversida- lhe despertar curiosidade.
de global. Assim, no ano de 1992, o artista criou o mani-
Nesse contexto sócio-histórico, desfavorável para a
festo Caranguejos com cérebro. Neste capítulo, vamos estudar os movi-
cidade do Recife, nomes como Fred Zero Quatro, Chico
Science, Renato L., Mabuse e Héder Aragão idealizaram o
Inspirados no trabalho de Fred Zero Quatro, em gru- mentos de contracultura que promoveram
po, escolham uma área de sua cidade que esteja sofren-
rótulo de Manguebeat e passaram a divulgar ideias, bus-
car ritmos locais e denunciar a situação de grande aban-
do degradação ambiental para realizar um trabalho vi- grandes alterações nos estilos de vida das
sual no estilo de documentário. Para isso, sigam as orien-
dono em que a população local vivia. Diante do fato de o
tações a seguir.
pessoas e, consequentemente, nos espaços
movimento ser tão diversificado, os ideais e a sonorida-
de do Manguebeat ultrapassaram as barreiras da músi- • As filmagens podem ser realizadas utilizando telefo- em que estavam inseridas.
ca e conquistaram outras formas de expressão artística, nes celulares, câmeras digitais e/ou tablets. Caso pos-

Arte – 9o ano 33 Registre suas


ideias
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Professor, apesar de o estilo documentá-
(EF69AR17) Explorar e analisar, criticamen- rio possuir um caráter jornalístico, sua pro-
BNCC te, diferentes meios e equipamentos cultu- dução dever seguir etapas comuns às pro-
rais de circulação da música e do conheci- duções cinematográficas.
Habilidades trabalhadas no capítulo
mento musical. 1. Elabore um roteiro previamente para
(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio (EF69AR18) Reconhecer e apreciar o pa- que os estudantes ganhem tempo e te-
da apreciação musical, usos e funções da pel de músicos e grupos de música brasi- nham uma boa ideia do que executarão.
música em seus contextos de produção e leiros e estrangeiros que contribuíram pa- 2. Oriente a escolha e a preparação de equi-
circulação, relacionando as práticas musi- ra o desenvolvimento de formas e gêneros pamentos, destacando a necessidade da
cais às diferentes dimensões da vida social, musicais. organização para otimizar a produção.
cultural, política, histórica, econômica, es- (EF69AR19) Identificar e analisar diferen- 3. Enfatize a importância da escolha do ce-
tética e ética. tes estilos musicais, contextualizando-os nário e do quadro de filmagem.
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Arte – 9o ano 33

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4. Ressalte que serão necessárias várias
gravações, pois, no processo de produ-
ção, é preciso ter diversas imagens para suam suportes como tripés, utilizem-nos para facilitar As origens do movimento hippie
o trabalho.
poder escolher a melhor e/ou para ter • Os vídeos deverão ter alguém narrando cada cena. A Imagine viver nos Estados Unidos durante os anos de
uma garantia, caso aconteça erros du- turma pode se revezar na realização das falas. 1960: depois da Segunda Guerra Mundial, em um momen-
• Façam vídeos curtos, com até dois minutos de dura- to de muita tensão com o apogeu da Guerra Fria e marca-
rante a filmagem. ção. Criem vários deles para ter um material rico. do por instabilidades políticas existentes no governo ame-

5. Priorize as orientações acerca da edição • Façam a edição dos vídeos. A Internet oferece várias ricano. Foi exatamente esse cenário que a juventude ame-
possibilidades de adicionar diversos vídeos, criar uma ricana observou e criticou por meio do movimento hippie.
das imagens, já que esse é o processo fi- transição entre eles e, ao final, converter tudo para Esse movimento foi considerado de contracultura, ou seja,
um único vídeo. A plataforma YouTube, por exemplo, opôs-se à cultura tradicional ocidental, que era marcada pe-
nal, que garante grande parte do suces- oferece esse serviço. lo conservadorismo, pelo capitalismo, pela imposição reli-

so de uma produção. • Compartilhem o resultado final com o professor, com giosa e pelo consumismo.
a turma e com parentes e amigos. Sua origem se deu inicialmente na cidade de São Fran-
cisco, principalmente para criticar a Guerra do Vietnã, a qual

O que as outras pessoas O que as outras tinha os americanos como principais financiadores. A princi-
pal forma de divulgação do movimento era através de pro-
pessoas pensam
pensam sobre
testos pacíficos pelas ruas do país, nos quais eram citados

sobre lemas como “Paz e amor” e “Faça amor, não faça guerra”.
O movimento hippie foi influenciado diretamente por

Na década de 1960, a cultura jovem teve Movimento hippie : você outros movimentos históricos que aconteceram e que esta-
vam acontecendo na sociedade americana. É possível des-
grande repercussão por meio de diferentes sabe como surgiu? tacar, por exemplo, os Beatniks (geração anterior aos hippies
que, após a Segunda Guerra Mundial, criticava o materialis-
Durante os anos de 1960, nos Estados Unidos, muitos
manifestações políticas e artísticas. A popu- mo e a violência) e os movimentos negros nos Estados Uni-
jovens estavam descontentes com diversos fatos políti-
dos (principalmente o liderado por Martin Luther King, que
larização desses valores acabou atingindo o cos e sociais que estavam ocorrendo não somente dentro
defendia a ideia de que brancos e negros poderiam viver em
do território estadunidense, como também ao redor do
Brasil e, em pouco tempo, jovens e artistas mundo. Esses acontecimentos passavam por conflitos ex-
harmonia na sociedade).
Por meio de influências como essas, os hippies construí-
foram se tornando cada vez mais engajados ternos, como a Guerra do Vietnã e a Guerra Fria. Em meio
ram a base de princípios que caracterizaram o movimento:
a esse cenário, através de protestos pacíficos baseados
a crítica ao sistema capitalista e à sociedade de consumo; a
dentro desse movimento. Diante disso, pro- nas críticas ao sistema governamental vigente, à violên-
defesa da vida comunitária baseada em igualdade e paz en-
cia e ao capitalismo, esses jovens deram início a um mo-
mova um debate sobre os reflexos da cultu- vimento que ficou conhecido como movimento hippie.
tre as pessoas; e a oposição a guerras e à violência. O movi-
mento era constituído por jovens de diversas classes sociais
ra hippie no Brasil. que nasceram no contexto pós-guerra e se identificavam,
stock.adobe.com/h368k742

principalmente, com as ideologias socialista e anarquista.

Festival de Woodstock: o marco


Anotações do movimento
Em uma pequena fazenda do estado de Nova York,
aconteceu um dos maiores festivais musicais de todos
os tempos: o Festival de Woodstock. Durante três dias
Devido à sua capacidade de transportar uma grande quantidade de pessoas, do mês de agosto de 1969, mais de meio milhão de pes-
a Kombi era um dos automóveis mais utilizados pelos hippies. soas se reuniram para participar de diferentes shows.

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Diálogos com o

Certamente, esse festival foi o marco para o início da cul- • Antirracismo: lutavam pelos direitos civis da popula-
tema
tura hippie, a qual influenciou milhares de jovens não so- ção negra americana.
mente nos Estados Unidos, mas no mundo todo. • Estética: os hippies eram caracterizados, muitas Durante o compartilhamento das obras,
Ademais, o Festival de Woodstock contou com a apre- vezes, pelo uso de cabelos longos e roupas largas questione os alunos a respeito dos aspectos
sentação de diversos artistas que foram importantes para o e coloridas.
movimento hippie. Tais artistas — assim como todos os que Disponível em: https://www.politize.com.br/movimento-hippie/. Acesso em:
da cultura hippie que foram utilizados como
se identificavam com as ideologias do movimento — eram 13/10/2021. Adaptado.
a favor de uma sociedade pacífica, contra a violência, e pro-
referência para a produção de cada mate-
testavam em oposição ao sistema vigente através da pro- rial. Se oportuno, promova um debate so-
dução musical. Os maiores nomes que participaram do fes- Diálogos com o
tival de 1969 foram: Jimi Hendrix, Janis Joplin, Creedence tema bre as contribuições e a influência do mo-
Clearwater Revival, The Who e Joe Cocker.
vimento hippie na sociedade.
Movimento hippie
Heinrich e Friedl Winter/Wikimedia Commons

1| Como vimos no texto, uma das principais característi-


cas do movimento hippie é a busca por expressões artís- + Informações sobre o
ticas que contribuam para a transmissão de valores como
a liberdade e o pacifismo. Com base nesses ideais, produ-
za, em seu caderno, uma obra de arte cuja proposta este-
tema
ja de acordo com o pensamento hippie. Em seguida, com-
partilhe a sua produção com seus colegas e professor. Profe ssor, os artistas citados costu-
mam ser considerados atemporais, ou seja,
+ Informações atraem admiradores de todas as idades e
sobre o tema de várias gerações, sendo muito popula-
res mesmo depois de várias décadas. Nes-
Memorial do Festival Woodstock em seu local de realização, Nova York. A década de 1960
se contexto, muitas de suas canções são fa-
A primeira metade do século XX foi marcada por
Quais as características do duas guerras mundiais, que destruíram países e deixa-
miliares, mesmo para quem ainda é adoles-
movimento hippie? ram um saldo de milhões de mortos entre militares e cente, porque aparecem frequentemente
civis. Os horrores desses acontecimentos, juntamente
Todo movimento social possui características que o
com a tensão de uma nova guerra envolvendo as duas em trilhas sonoras de filmes ou em playlists
diferencia dos demais. Com o movimento hippie não foi
superpotências da época, Estados Unidos e União So-
diferente, visto que, apesar de ter sido influenciado por executadas a todo momento na Internet.
viética, permaneciam vivos no pensamento das pes-
outros movimentos, também teve as suas peculiarida-
des. Algumas delas são:
soas. No Ocidente, o modo de vida americano ditava Escolha alguns trabalhos desses artistas
as regras. Com isso, as pessoas se tornavam cada vez
• Contracultura: oposição aos valores sociais e cultu- mais consumistas e precisavam encarar longas jorna- e peça para os estudantes analisarem. Can-
rais da época (como o consumismo, o matrimônio, as das de trabalho para comprar todas as novidades que ções em outros idiomas, como o inglês, pos-
ideologias tradicionais da cultura cristã, etc.). apareciam no mercado. Os padrões de beleza passaram
• Pacifismo: valorização da paz entre os seres humanos. a ser buscados, incessantemente, pelas pessoas, crian- suem letras traduzidas disponíveis em sites
• Não violência: os hippies eram contra qualquer tipo do um ideal de vida que era baseado na aquisição de-
especializados e gratuitos.
de violência e guerras. senfreada de bens.

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Anotações

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A década de 1960, entretanto, trouxe uma geração que que chegaram ao topo das paradas nas rádios ao redor do
resolveu contestar tudo o que era imposto pela sociedade. mundo e que, atualmente, ainda influenciam um grande
Eram pessoas dispostas a chamar atenção da juventude número de artistas.
para questões que, há décadas, vinham sendo ignoradas:
o crescimento desenfreado das indústrias, a disputa béli- Rolling Stones
ca entre países, o racismo evidente na sociedade, padrões
No ano de 1962, nascia uma das bandas mais bem-
morais aos quais todos deveriam se submeter, a educação
-sucedidas da história do rock. Tudo teve início quando
que moldava os estudantes exclusivamente para os am-
os amigos de infância Mick Jagger e Keith Richards se
bientes de trabalho, a proliferação de armas e usinas nu-
reencontraram em uma estação de trem e descobriram
cleares, entre vários outros fatores. Uma das maiores fer-
que gostavam de ouvir as mesmas músicas. Amantes de
ramentas de contestação era a música, sendo o rock o es-
música negra estadunidense e de rock-and-roll, os amigos
tilo musical que mais despertava paixões.
se juntaram ao guitarrista Brian Jones, o baixista Bill
Na década de 1960, uma geração que cresceu ouvin-
Wyman e o baterista Charlie Watts. O nome da banda foi
do rock-and-roll e vivia sob um padrão que não lhe era
retirado de uma canção do músico estadunidense Muddy
atraente passou a utilizar a música e a moda como for-
Waters: Rolling Stones. Com o estilo mais agressivo
ma de protesto e divulgação de novos estilos de vida. Os
que aquele apresentado pelos Beatles, as pessoas
jovens inovaram estilos, buscaram influências em outras
interpretavam as bandas como rivais. Entretanto,
culturas, rejeitaram regras, passaram a adotar comporta-
o relacionamento entre os músicos dos grupos era
mentos liberais e assumiram posturas consideradas an-
bastante amistoso. Com quase 60 anos de estrada, a
tissociais para as famílias conservadoras da época. As-
banda permanece em plena atividade até a atualidade.
sim, surgiu um estilo de vida alternativo, que atraía ca-
da vez mais pessoas que compartilhavam dos mesmos
questionamentos em relação ao que a sociedade lhes
The Doors
oferecia e cobrava. Antes de ingressar em uma banda de rock, o jovem
Jim Morrison queria ser poeta e levava uma vida nada
Os Beatles convencional: costumava deixar de comer para comprar
seus livros favoritos. Bastante tímido, estudava cinema
Da cidade inglesa de Liverpool, tradicional reduto da
e, em certa ocasião, contou para o amigo Ray Manzarek
classe operária e uma das mais pobres do país, um grupo de
que andava escrevendo letras para canções. Este, ao
estudantes apaixonados pela música estadunidense tocada
ouvir o amigo cantar, sugeriu que formassem uma
por Chuck Berry e Elvis Presley formou uma banda e passou
banda. O nome The Doors seria uma referência a um dos
a tocar em pequenos locais. Dessa união, sairia a banda mais
livros favoritos de Morrison: As portas da percepção, de
influente de todos os tempos: The Beatles. Inicialmente
Aldous Huxley. Com o ingresso de Robby Krieger e John
os quatro amigos, John Lennon, Paul McCartney, George
Densmore, a banda estava completa. As apresentações
Harrison e Ringo Starr, propunham-se a compor canções
do grupo sempre foram marcadas pela performance
descompromissadas, com temas que, geralmente, falavam
desafiadora de Morrison e pelos experimentalismos dos FC_A

de paixões e fatos corriqueiros. Seguindo essa linha,


arranjos. Bastante influenciados pela música brasileira,
tornaram-se mundialmente famosos em poucos anos e
o grupo costumava inserir arranjos típicos do samba e da
passaram a ser ícones máximos de uma geração. Com o
bossa nova em suas canções.
tempo, aproveitando toda a visibilidade que tinha, a banda
passou a promover maiores experimentalismos, abordar
temas mais profundos e gravar canções com arranjos e
Pink Floyd
temas mais complexos. Donos de uma criatividade fora Quando estudantes de arquitetura e artes se junta-
do comum, os músicos compuseram dezenas de canções ram para formar uma banda de rock na cidade de Londres,

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Repensando
Inglaterra, o mundo da música iria conhecer uma verdadei-
ra revolução sonora. Com a formação inicial composta por
Syd Barrett, Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright
Repensando Neste momento, é interessante consul-
e Nick Mason, a banda Pink Floyd se apresentava promo- tar o professor de Literatura sobre a possi-
vendo experimentalismos e utilizando uma grande varieda- Da contracultura à
de de elementos, como canhões de luz, bonecos infláveis e bilidade de uma aula interdisciplinar com
uma vasta quantidade de instrumentos. Sempre dispostos contemporaneidade:
a intenção de aprofundar os aspectos li-
a surpreender, os trabalhos da banda, constantemente, tra- a literatura marginal
ziam novidades, como ruídos criados por objetos do coti-
brasileira nos anos 1970 e terários da contracultura. Professor, para
diano, batidas de coração ou diálogos entre pessoas. Sem-
pre preocupados com problemas da sociedade, as músicas no século XXI acrescentar informações à sua aula lite-
do grupo se tornaram verdadeiros clássicos.
Atribuir a uma obra — rária, é possível assistir, no QR Code a se-

Reprodução.
ou a um conjunto delas —
Tropicália a conotação de marginal
guir, um debate no qual Heloisa Buarque
A contracultura teve grande importância também no pode apontar para alguns de Hollanda fala sobre literatura marginal
contexto brasileiro, quando músicos influenciados por caminhos distintos, desde
correntes artísticas nacionais e internacionais criaram a associação dos autores pela TV Brasil.
a Tropicália, um movimento cultural brasileiro que assim denominados ao mito
misturava ritmos regionais com músicas como o rock. do “escritor maldito”, que
Assim como ocorreu no resto do mundo, a Tropicália tinha geralmente tem sua obra
entre suas características a crítica contra padrões morais deixada de lado pela maior
e o autoritarismo promovido pelo governo da época. O parte do público e da crítica,
movimento se manifestou principalmente na música, até uma literatura feita por
tendo à frente nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, indivíduos que integram A antologia 26 poetas hoje, organiza-
da por Heloisa Buarque de Hollanda,
Gilberto Gil, Torquato Neto, Tom Zé e o grupo Os Mutantes. grupos socialmente tidos
é um importante registro a respeito da
como minorias. Entre as poesia marginal e reúne poetas brasi-
Reprodução.

duas acepções, porém, leiros que representam a contracultura.


encontra-se a associação do termo à geração mimeógrafo,
composta de poetas que se encontraram à margem da
produção editorial e da esfera acadêmica nos anos de Anotações
1970. Autores como Ana Cristina Cesar (1952–1983),
Paulo Leminski (1944–1989) e Antônio Carlos de Brito
(1944–1987) desviaram do padrão da época e traçaram
uma trajetória na poesia que, conscientemente, fazia
A década de 1960 no Brasil foi marcada pelo surgimento de grandes nomes da questão de se opor ao cânone literário e artístico
música brasileira, que compuseram canções eternizadas enaltecendo a cultu-
brasileiro e disseminar a literatura independentemente
ra nacional, como Gilberto Gil.
do sistema editorial da época.
1| Como vimos no texto, o movimento da contracultura Com temáticas provocativas abordadas em gêneros
teve grande importância para o cenário artístico brasilei- de difícil assimilação e métodos alternativos de publi-
ro. Pesquise sobre os principais representantes nacionais cação dos seus trabalhos, autores da chamada geração
desse movimento e escreva, em seu caderno, uma reda- mimeógrafo traziam uma coloquialidade e uma ludici-
ção sobre o impacto gerado pela contracultura na arte dade que buscavam tornar acessível uma literatura mo-
brasileira contemporânea. derna, mergulhada na contracultura e nos movimentos

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sociais que tinham adquirido maior visibilidade e rele- distribuidoras e livrarias e, portanto, com uma liberda-
vância na década anterior. de maior para falar sobre suas experiências e opiniões.
A poesia, naquele momento, emergia em um cená- [...]
rio no qual as outras artes também se reinventavam: as Na perspectiva dos poetas marginais da década de
tendências intelectuais e estéticas presentes no Cinema 2010, entretanto, não se trata apenas da exclusão em
Novo e, ao mesmo tempo, no cinema marginal; o expe- relação ao mercado editorial, mas, principalmente, da
rimentalismo do teatro engajado de grupos como o Are- discriminação, especialmente de autores negros, auto-
na, o Opinião e o Oficina; o concretismo das artes plás- res que moram na periferia ou autores que fazem parte
ticas e seus diálogos com os poetas da mesma corren- da comunidade LGBTQIA+, com possíveis interseções en-
te; e, principalmente, o movimento tropicalista — que tre os três contextos. Escritores como Sérgio Vaz e Ferréz
talvez tenha tido um alcance mais expressivo de públi- aproximam seus textos, dessa vez majoritariamente em
co devido ao sucesso dos festivais de música transmiti- prosa, de um caráter documental que permite analisar
dos pela televisão —, ocupando e sustentando seu espa- toda a estrutura por trás da subjetividade de quem vive
ço no contato com as outras artes e servindo ainda co- em ambientes periféricos, onde as informações e opor-
mo um importante catalisador da resistência no contex- tunidades custam muito mais a chegar.
to do golpe militar. Embora se aproxime de uma estética documental, a
Após contrair dívidas externas em nome da ideia de instabilidade e o desajuste dos sujeitos em relação à so-
um “milagre econômico” (1968–1972), o Brasil passava por ciedade também são constantes nessa nova literatura
um clima ufanista permeado por inaugurações de grandes marginal, assim como o uso de recursos ainda mais di-
monumentos, estradas, pontes, viadutos e outras obras de versos do que aqueles usados nos anos 1970, já que a
dimensões enormes financiadas por iniciativas privadas — tecnologia fornece muitas outras possibilidades no con-
que se fortaleceram, no âmbito econômico, em meio a in- texto atual. Conteúdos digitais no geral, de livros digitais
centivos à expansão do comércio exterior e, em nível so- — até mesmo com composições visuais e/ou animações
cial, ao aumento de ofertas de emprego, ainda que os sa- — a canais no YouTube, como Sociedade dos Poetas Sub-
lários tenham sofrido um declínio real em alguns casos e, versivos, que também podem ser tidos como meios mar-
em outros, tenham crescido em taxas muito inferiores em ginais de se consumir literatura (e música, na maior par-
relação ao rendimento e à produtividade per capita. Nesse te do casos), têm gerado muitas mudanças e debates a
contexto, por mais que a infraestrutura social melhoras- respeito das alterações causadas na e para a literatura.
se e momentaneamente gerasse uma impressão de que Disponível em: http://centrocultural.sp.gov.br/2020/03/09/da-contracultura-a-
o País todo se fortalecia, a massa da população tinha ca- -contemporaneidade-a-literatura-marginal-brasileira-nos-anos-1970-e-no-se-
culo-xxi/. Acesso em: 14/10/2021. Adaptado.
da vez menos participação nas decisões e nos resultados
desse “crescimento” — e era justamente esse público que

bloomicon/AdobeStock.com
as artes da época visavam a atingir.
Mais imediata e difusa do que obras que se encon-
travam no cânone naquele momento, e ainda estão até
hoje, da idealização de Gonçalves Dias à inquietação de FC_A

Drummond, a poesia marginal da geração de 1970 se es-


palhava pelo cotidiano das pessoas, na maior parte das
vezes, não pela aquisição de livros, mas em folhetos, pi-
chações e outras manifestações alternativas, buscan-
do maior coloquialidade e descontração em contrapo-
sição à carga rígida e séria, normalmente associada aos
livros. Dessa forma, os autores tomavam conta de todo
o processo de publicação, sem a mediação de editoras,

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problematizando as narrativas eurocêntri-
cas e as diversas categorizações da arte (ar-
Capítulo te, artesanato, folclore, design, etc.).

7 Arte projetando os espaços


(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimô-
nio cultural, material e imaterial, de culturas
diversas, em especial a brasileira, incluin-
do suas matrizes indígenas, africanas e eu-
A arquitetura peculiar de em atividade com conclusão programada para 2026, cen-

Antoni Gaudí tenário da morte do arquiteto. ropeias, de diferentes épocas, e favorecen-


A obra de Gaudí foi fortemente influenciada por suas
do a construção de vocabulário e repertório
stock.adobe.com/TTstudio

paixões em vida: arquitetura, natureza e religião. Dedican-


do-se totalmente à sua profissão, nunca se casou, manten-
do-se solteiro por toda a vida. Ele considerava importante
relativos às diferentes linguagens artísticas.
cada detalhe de suas criações e integrou em sua arquite- (EF69AR35) Identificar e manipular diferen-
tura peças artesanais confeccionadas, como cerâmica, vi-
trais, ferro forjado e carpintaria. Também introduziu novas tes tecnologias e recursos digitais para aces-
técnicas no tratamento de materiais, como os trencadís,
sar, apreciar, produzir, registrar e comparti-
que utilizam resíduos de peças de cerâmica.
Bastante influenciado pela arte neogótica e por téc- lhar práticas e repertórios artísticos, de mo-
nicas orientais, Gaudí se tornou um grande nome do pe-
ríodo moderno, criando um estilo orgânico inspirado do reflexivo, ético e responsável.
O Templo Expiatório da Sagrada Família, localizado em Barcelona, Espanha, em formas naturais. O arquiteto raramente desenhava
teve sua construção iniciada em 1882 e deve ser concluída em 2026. planos detalhados de suas obras, preferindo projetá-los
através de modelos em escala tridimensional e moldar
Expectativas de
stock.adobe.com/dimbar76

os detalhes conforme a construção avançava.


A partir de 1915, Gaudí passou a se dedicar quase exclu-
sivamente à sua obra-prima: o Templo da Sagrada Família,
aprendizagem
a maior experiência de sua evolução arquitetônica. Inicial-
mente projetada em estilo gótico, como é bem comum às • Compreender que o processo artístico de-
catedrais da Europa, a construção passou a apresentar um
estilo orgânico, imitando as formas da natureza. Ele preten-
pende de conhecimentos oriundos de áreas
dia que o interior se assemelhasse a uma floresta, com colu- diversas, como Matemática, Física, Química,
nas inclinadas como árvores ramificadas, criando uma es-
trutura simples, mas robusta. Gaudí aplicou todas as suas Filosofia, Sociologia, entre outras.
descobertas experimentais nesse projeto, criando uma igre-
• Aplicar o conhecimento adquirido de ou-
Casa Milà, popularmente conhecida como La Pedrera. Barcelona, Espanha. ja que é, ao mesmo tempo, estruturalmente perfeita, har-
moniosa e esteticamente encantadora. tras disciplinas em atividades da vida pes-
Antoni Gaudí i Cornet foi um arquiteto catalão conhe- Contando apenas com doações privadas, Gaudí viu
cido como um dos maiores profissionais da área no pe- apenas uma parte de seu projeto concluída. Faleceu após soal e profissional.
ríodo moderno. Suas obras possuem um estilo bastan- ser atropelado por um bonde. Sua intensa fé católica era
te característico e facilmente identificável por sua indi- bastante perceptível em suas obras, o que lhe rendeu o
vidualidade. A grande maioria está localizada na cidade apelido de “arquiteto de Deus”. Entre 1984 e 2005, sete
de Barcelona, incluindo sua obra principal: o Templo Ex- obras suas foram declaradas patrimônios mundiais pe- Considerações
iniciais
piatório da Sagrada Família, cuja construção permanece la Unesco.

Arte – 9o ano 39
O senso comum criou a imagem do ar-
tista como uma pessoa que apenas produz
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obras com intuito puramente estético. No
cultivar a percepção, o imaginário, a capaci- entanto, sabemos que o processo de produ-
BNCC dade de simbolizar e o repertório imagético. ção artística é bastante complexo e deman-
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísti- da diversos conhecimentos práticos e teóri-
Habilidades trabalhadas no capítulo
cas às diferentes dimensões da vida social, cos, o que significa dizer que o aspecto esté-
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar cultural, política, histórica, econômica, es- tico de um trabalho artístico é apenas uma
formas distintas das artes visuais tradicionais tética e ética. de suas muitas características.
e contemporâneas, em obras de artistas bra- (EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos Neste capítulo, vamos analisar algumas
sileiros e estrangeiros de diferentes épocas e temáticos, as relações processuais entre di- áreas de trabalho que encantam por conta do
em diferentes matrizes estéticas e culturais, versas linguagens artísticas. seu aspecto artístico, mas que também são
de modo a ampliar a experiência com dife- (EF69AR33) Analisar aspectos históricos, de uma complexidade tão grande que che-
rentes contextos e práticas artístico-visuais e sociais e políticos da produção artística, ga a intrigar pesquisadores e especialistas.
24:47

Arte – 9o ano 39

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Registre suas
ideias radas com essa técnica. Que tal descobrir maiores de-

Professor, o termo gótico é relativo aos Registre suas talhes sobre isso?

godos, povos de origem germânica que in- ideias • Em grupo, realize um passeio, virtual ou físico, na sua
cidade e procure, de preferência, os locais históricos.

vadiram terras do antigo Império Romano 1| Neogótico (também chamado de revivalismo gó-
• Preste atenção em todos os detalhes e busque super-
fícies que tragam mosaicos em seus acabamentos.
e se instalaram em áreas onde hoje ficam
tico) é um estilo de arquitetura que busca reavivar as
formas das igrejas construídas no final da Idade Mé-
• Além dos mosaicos portugueses em calçadas e ruas,
preste atenção nas paredes e interiores de prédios pú-
França, Espanha e Portugal. O termo gótico dia. As edificações construídas seguindo esse estilo
blicos antigos, pois há grande chance de encontrar de-
possuem como características os tetos bastante altos;
corações feitas com azulejos ou outros tipos de mosaico.
passou a ser associado à ausência de luz, grandes janelas, que geralmente são ocupadas por vi-
• Registre tudo em fotografias, prints e filmagens.
escuridão e trevas. O termo Idade das Tre- trais; boa iluminação interior; e a utilização de está-
tuas realistas no exterior das construções, particular-
• Faça uma compilação de todo o material e publique
na Internet.
vas deriva do fato de haver um hiato de cer- mente sobre os portais, para ilustrar histórias bíbli-
cas. No Brasil, existem várias edificações construídas
ca de mil anos entre o período greco-roma- seguindo esse estilo. Pesquise na Internet sobre algu- O que as outras
no e a renascença, quando, teoricamente, ma dessas construções e descreva a seguir suas prin-
cipais características arquitetônicas.
pessoas pensam
a Europa reencontrou o gosto pelos precei- Resposta pessoal.
sobre
tos da Antiguidade e deixou para trás o con-
Oscar Niemeyer
trole exercido durante a Idade Média. Pos-
Arquiteto brasileiro com enorme reconhecimento in-
teriormente, o termo gótico influenciaria a ternacional, Oscar Niemeyer é uma grande referência da
arquitetura moderna, sendo considerado um dos maio-
literatura, a moda, as artes visuais, o tea- res colaboradores para o desenvolvimento do estilo. Nas-
tro e a música. cido na cidade do Rio de Janeiro no ano 1907, formou-se
em arquitetura pela Escola de Belas Artes em 1934. Con-
Sugira uma pesquisa entre os estudan- siderando que sua formação não lhe deu preparação su-
ficiente, procurou o arquiteto e urbanista Lúcio Costa pa-
tes para que eles possam descobrir artistas ra, com ele, realizar um estágio e assimilar maiores infor-
renomados que criaram grandes obras ins- mações acerca da arquitetura moderna. Nesse período,
passou a apresentar grande interesse pelas construções
pirados no período gótico. coloniais luso-brasileiras. Esse momento de experiência
marcou profundamente o jovem Niemeyer, que conside-
2| Os trencadís são uma forma de criar um mosaico, rava Costa seu principal mestre e também afirmava ter
ou seja, trata-se de uma arte decorativa que consiste sido aquele que o guiou em sua orientação arquitetôni-
O que as outras pessoas em criar figuras naturalistas, geométricas ou abstratas ca e a tomar gosto pelas técnicas e tradições brasileiras.

pensam sobre com pequenos fragmentos de materiais. Essa técnica é


bastante empregada em superfícies planas como pisos
Em 1935, Niemeyer passou a trabalhar no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e, no ano seguin-
e paredes, porém também podem ser utilizadas em es- te, por indicação de seu mentor Lúcio Costa, foi convida-
Nem só de Oscar Niemeyer vive a culturas. No Brasil, existe uma longa tradição de utili- do para acompanhar, como desenhista, o grande arquite-
zação de mosaicos na pavimentação das ruas. De norte to suíço Le Corbusier, que chegara ao Rio de Janeiro para
capital do Brasil a sul do País, podemos encontrar várias calçadas deco- projetar a primeira cidade universitária brasileira, a pedido

Oscar Niemeyer criou as curvas no con-


40 Arte – 9o ano
creto e deixou seus traços na grande maio-
ria dos monumentos da nova capital ergui-
da por Juscelino Kubitscheck. Entretanto, FC_Artes_9A_02.indd 40 14/01/2023 10:24:48 FC_A

apesar de a história creditar esse grande ar- to, após vencer um concurso que contou com os famosos cobogós, blocos vazados feitos
quiteto celebrado no mundo inteiro, Brasí- a participação de diversos profissionais. São de cimentos que são colocados lado a lado
lia foi desenhada por várias mãos. Há vá- dele dois elementos fundamentais do proje- criando um efeito estético e proporcionando
rios nomes, alguns conhecidos e outros to: a Torre de TV e a Rodoviária do Plano Pilo- a circulação de ar. O cobogó é uma invenção
nem tanto, que deram suas contribuições to, marco zero da nova capital. A rodoviária, pernambucana que acabou por seduzir não
para erguer a cidade que posteriormen- por sinal, possui um mercado, um shopping apenas Niemeyer, mas uma grande leva de
te viria a se tornar Patrimônio Cultural da e determina o traçado do Plano Piloto, o que grandes arquitetos. O nome cobogó surgiu
Humanidade. lhe confere fundamental importância para o como forma de homenagear seus criadores,
Lúcio Costa não projetou nenhum prédio desenho da cidade. e ntão donos de uma fábrica de tijolos:
residencial, porém elaborou vários projetos Niemeyer também projetou os primeiros Amadeu Oliveira Coimbra (co), Ernest August
urbanísticos de várias quadras do Plano Pilo- prédios residenciais da capital e neles utilizou Boeckmann (bo) e Antônio Góis (gó). Para

40 Manual do Educador

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nomes diversos: Marcílio Mendes Ferreira,
Hélio Uchôa, Eduardo Negri, Milton Ramos,
do Ministério da Educação. A experiência foi bastante en- A experiência na Lagoa da Pampulha estreitou laços Stéllio Seabra, Marcelo Graça Couto, Sérgio
riquecedora para o jovem Niemeyer, que absorveu grande entre Niemeyer e Juscelino Kubitscheck, que, em 1956,
parte do estilo do mestre europeu. Interessou-se, sobretu- já como presidente do Brasil, convidou o arquiteto pa- Rocha e muitos outros que de ixaram,
do, pela ideia de conceber um edifício como uma unidade ra projetar prédios públicos em Brasília, nova capital do impressos em concreto, singularidades nas
escultural. Com base em um projeto de Le Corbusier para País. Para a empreitada, Niemeyer se propôs a conceber
construção de um edifício para o futuro Ministério da Edu- um projeto novo e diferente, com características que se fachadas, nos pilotis, na distribuição interna
cação e Saúde, Niemeyer foi chamado para implementar diferenciassem dos modelos modernos convencionais e
adaptações ao projeto, no qual fez alterações importan- que pudessem criar sentimentos de surpresa e emoção.
dos espaços, nas janelas e nos basculantes.
tes, que foram prontamente aceitas, o que deu início ao Dois anos depois, Niemeyer partiu para o Planalto Cen- Disponível em: https:// agenciabrasilia.df.gov. br/2020/01/30/
período da arquitetura moderna no País. tral. A cidade foi inaugurada em 1960, e as estruturas ar- nem-so-de-oscar-niemeyer-vive-a-capital-do-brasil/. Acesso
Em 1940, o então prefeito de Belo Horizonte, Jusce- quitetônicas do local causaram grande admiração. em: 09/02/2021. Adaptado.
lino Kubitscheck, convida-o para projetar várias edifica- A partir dos anos de 1960, principalmente por conta
ções no bairro da Pampulha. Com um espírito inovador, da perseguição política que recebia no Brasil, Niemeyer
Niemeyer logo rompeu com as estruturas retilíneas e pas- seguiu para o exterior, onde desenvolveu vários projetos
sou a utilizar formas livres e curvas em seus projetos. Pa- em cidades como Beirute, Paris, Tel Aviv e Milão. Fale-
Sugestão de
ra Niemeyer, a experiência na Pampulha foi o verdadeiro
começo de sua vida de arquiteto.
ceu em 2012, aos 104 anos, deixando um legado imortal.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa431/oscar-nie-
filme
meyer. Acesso em: 04/01/2021. Adaptado.
stock.adobe.com/Rmcarvalhobsb

Antoni Gaudí

@renatopmeireles/AdobeStock.com
Direção: Hiroshi Teshigahara

Este documentário japonês de 1984 foi


idealizado por Hiroshi Teshigahara e mostra
o diretor visitando edifícios famosos proje-
tados pelo mestre catalão, como a Sagrada
Família, e várias casas de Barcelona. O pro-
stock.adobe.com/Luan

jeto mostra o quanto o diretor é apaixonado


pelos trabalhos do arquiteto, pois há pouca
narração e nenhum texto explicativo, o que
O Museu de Arte Contemporânea, localizado na cidade do Rio de Janeiro, tam-
bém foi projetado por Oscar Niemeyer. dá ênfase principal às imagens surpreen-
1| Tanto na obra de Gaudí quanto na de Niemeyer, perce- dentes que dão uma boa ideia da engenho-
be-se grande utilização de curvas e formas elegantes que
sidade do dito “arquiteto de Deus”.
remetem à natureza. No entanto, cada arquiteto possui
um estilo próprio, portanto podemos encontrar várias di-
ferenças quando suas obras são comparadas. Nesta ativi-
Congresso Nacional e Catedral de Brasília: as obras de Niemeyer encantam
arquitetos de todo o mundo e o consolidaram como um dos maiores arqui- dade, analise a obra de cada arquiteto e aponte quais são Anotações
tetos de sua geração. as diferenças fundamentais entre os estilos.

Arte – 9o ano 41

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Brasília, a utilização do cobogó foi ideal, visto se conheceram em 1949, quando o primeiro
que a cidade não apresenta clima quente ou venceu um concurso interno de projetos na
frio demais. universidade e foi contratado por Niemeyer,
Nauro Esteves, que era chefe de gabine- que fazia parte do júri.
te do Departamento de Arquitetura e Urba- A maioria dos brasilienses desconhece
nismo da Novacap (Companhia Urbaniza- o nome do arquite to que proje tou se u
dora da Nova Capital), atuou como assessor prédio, muito pelo fato de Niemeyer ter se
imediato de Niemeyer e projetor de prédios tornado referência máxima e unânime para
icônicos da cidade, como o Conjunto Nacio- a cidade. Entretanto, os prédios da cidade
nal, o Hotel Nacional, o Palácio do Buriti e a proporcionam grande qualidade de vida
sede da Polícia Militar. Esteves e Niemeyer para seus moradores e foram projetados por

Arte – 9o ano 41

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Anotações

stock.adobe.com/Casa.da.Photo

Reprodução.
Biblioteca Latinoamericana Victor Civita, projetada por Oscar Niemeyer e
A Residência Schröder foi construída em 1924. Está registrada desde 2000 co-
localizada na cidade de São Paulo.
mo Patrimônio Mundial da Humanidade na Unesco.

stock.adobe.com/anamejia18
Sugestão de resposta: Embora se trate de resposta pes-

soal, espera-se que o estudante perceba que não existem

linhas curvas na estrutura da casa, as formas são assimé-

tricas e as cores utilizadas remetem à simplicidade.

Casa Batiló, edifício projetado por Gaudí que fica localizado em Barcelona,
Espanha.
Diálogos com o
Sugestão de resposta: Na obra de Niemeyer, não há a tema
presença de mosaicos no seu exterior, e as formas ten-
Design de interiores
dem a apresentar maior solidez; percebe-se que Gaudí
Nossa vida está sempre cercada por espaços fecha-
dos: nossa casa, a escola, o escritório, a fábrica... É nos
pouco explora as retas, criando um trabalho onde as
ambientes internos onde passamos grande parte de nos-
so tempo. Estes, no entanto, se não fornecerem uma es-
curvas predominam, fato que não ocorre na obra de
trutura agradável, podem nos afetar negativamente. Pla-
nejar um ambiente é uma tarefa que demanda grande
Niemeyer, que pondera entre as formas retas e curvas.
responsabilidade para um profissional. Designer de in-
teriores é uma pessoa que planeja, pesquisa, coordena
2| Contemporâneo de Gaudí e Niemeyer, o neerlandês Gerrit e gerencia esses projetos de aprimoramento do interior
Rietveld também teve grande importância para a arquitetu- das edificações, com a finalidade de promover um am-
ra moderna. Seu trabalho é inspirado no neoplasticismo, biente visualmente agradável e saudável para as pessoas
um movimento caracterizado pela redução dos elementos que o utilizarem diariamente.
às suas formas mais puras e básicas. Um dos trabalhos mar- É bastante comum, entretanto, que muitas pessoas
Diálogos com o cantes de Rietveld foi a Residência Schröder, um marco da
história do Modernismo. Analise a estrutura da construção e
acabem confundindo o design de interiores com deco-
ração. Embora o design também envolva a escolha da
tema as características que mais lhe despertam atenção. cor, dos acabamentos e revestimentos utilizados em

O mercado para design de 42 Arte – 9o ano

interiores brasileiros
Diariamente as pessoas se deparam com FC_Artes_9A_02.indd 42 14/01/2023 10:24:51

imagens bastante inspiradoras de ambientes Profissionais do ramo que atingem cer- O Brasil, apesar das crises econômicas re-
internos que são disponibilizadas em platafor- to nível de experiência são cientes que, centes, vive um bom momento com relação à
mas como o Instagram e o Pinterest. Por con- para deixar os interiores mais bonitos e utilização dos serviços dos designers. Muito por
ta disso, criou-se o hábito de analisar compo- funcionais, é preciso muita criatividade, influência da própria Internet, muitas pessoas
sições visuais e criar opiniões a respeito do as- senso crítico e olho clínico. Essas qualida- passaram a dar maior importância à escolha de
pecto visual de um ambiente. Nesse contexto, des fazem com que o designer de interio- móveis, objetos decorativos e dinamização dos
todos acabam adquirindo um senso crítico, o res tenha grande importância no merca- espaços interiores. De 2010 para cá, os escritó-
que é algo natural. No entanto, para criar um do mundial, visto que a maioria das pes- rios e profissionais autônomos já faturaram
ambiente harmônico, a tarefa vai muito mais soas deseja renovar suas empresas ou la- mais de 100 prêmios em diferentes categorias.
além da simples combinação de móveis com res, mas não tem habilidade, tempo e/ou Disponível em: https://www. vivadecora.com.br/pro/design-
-de-interiores/designers-de-interiores-brasileiros/. Acesso em:
cortinas, tapetes e almofadas. inspiração para isso. 09/02/2021. Adaptado.

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42 Manual do Educador

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um ambiente, são duas áreas distintas. O designer de comover, por exemplo. Levando isso em consideração,
interiores, antes de tudo, precisa compreender quais que modificações você faria para melhorar a acessibi-
são as necessidades dos usuários para criar espaços lidade dos ambientes que frequenta em seu cotidiano?
dinâmicos e esteticamente agradáveis. Também é atri-
Resposta pessoal.
buição desse profissional organizar os fluxos e espa-
ços de permanência dos locais, por meio de um layout
básico, englobando toda a estrutura interna. Depen-
dendo da situação que se apresentar, o designer po-
de optar por dividir os espaços utilizando paredes, di-
visórias ou mesmo móveis como armários, por exem-
plo. O fundamental sempre será que um projeto de in-
teriores deve levar em consideração as condições de
conforto dos usuários. Prestar atenção em elementos b. Uma boa forma de avaliar o trabalho de um designer
que podem se tornar um incômodo, como temperatu- de interiores é observar o interior de locais como lojas e
ra, iluminação, ruídos, posicionamento dos móveis e espaços de lazer. Que tal fazer um passeio com seus ami-
objetos, é de fundamental importância para que o seu gos a algum lugar frequentado por muitas pessoas e ana-
trabalho tenha êxito. lisar quais soluções os profissionais encontraram para
O designer de interiores deve, além de ter habilida- tornar o espaço dinâmico e acessível? Registre a expe-
de para tornar o ambiente dinâmico e convidativo, com- riência com fotos e, ao final, faça um pequeno relatório
preender que existem várias diferenças físicas e psicoló- em seu caderno a respeito dos pontos positivos e nega-
gicas entre as pessoas. Seu trabalho, portanto, deve ser tivos que encontrar.
voltado para a diversidade e ser inclusivo. A observação
e a análise de cada biotipo e comportamento são essen- 2| Layout significa a forma como algumas coisas estão or-
ciais para alcançar um projeto bem-sucedido. ganizadas em um determinado espaço. Nas salas de aula,
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/935872/o-que-e-design-
por exemplo, o layout padrão segue o esquema a seguir.
-de-interiores-e-por-que-ele-realmente-pode-fazer-voce-se-sentir-melhor.
Acesso em: 04/01/2021. Adaptado.

1| De acordo com o texto, o designer de interiores deve es-

stock.adobe.com/borodatch
tar atento a todas as diferenças físicas e psicológicas apre-
sentadas pelas pessoas. Dessa forma, ele deve pensar em
um ambiente agradável para uma pessoa que não tenha
dificuldade de locomoção, assim como deve ficar atento
às pessoas com algum tipo de necessidade mais específi-
ca. Esse profissional, no entanto, nem sempre é valoriza-
0:24:51
do, e, em muitas situações, o resultado disso é que mui-
tos ambientes acabam se tornando verdadeiros obstácu-
los para pessoas que tenham algum tipo de deficiência, Em muitos países, como na Finlândia e no Canadá, as
por exemplo. escolas passaram a adotar formas diferentes de organi-
zar as salas de aula, adaptando o ambiente à perspectiva
a. Todos nós estamos sujeitos a desenvolver proble- dos estudantes. Junto aos seus colegas, pense em uma
mas de locomoção. Acontece quando quebramos uma maneira diferente de organizar a sala de aula. Ao final da
perna jogando futebol ou quando alguém idoso da sua experiência, relate ao professor as diferenças percebidas
família passa a necessitar de instrumentos para se lo- com as modificações.

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+ Informações sobre o
tema no entanto, é majestoso e permanece imponente até os
+ Informações dias atuais. Além das pirâmides, foram construídas for-
Por que ainda não sabemos o que sobre o tema talezas, palácios e outros formatos de tumbas. A maio-
há no interior das pirâmides do ria das construções foi erguida a partir de tijolos de bar-
ro e calcário encontrados na região. As ferramentas utili-
Egito? Arquitetura egípcia zadas eram bastante rudimentares, o que causa enorme
surpresa aos historiadores diante da enorme quantida-
Entre os antigos egípcios, existiram arquitetos formi- de de construções que foram erguidas.
No passado, quando a arqueologia ain-
dáveis. As construções que foram erguidas por essa ci-
da engatinhava e grande parte dos explora- vilização até hoje surpreendem a comunidade científi- 1| Além dos egípcios, outras civilizações possuem mo-
ca por causa da sua imensa complexidade. No entanto, numentos de grande impacto cultural construídos em
dores era, na verdade, uma turba que mis- como o Antigo Egito não era uma região estável e estava forma de pirâmide. Pesquise sobre construções de es-
turava acadêmicos, caçadores de tesouros sempre em processo de mudanças políticas e culturais, trutura piramidal famosas realizadas ao redor do mun-
a arquitetura variou bastante ao longo do tempo, embo- do e comente a respeito de aspectos do processo de
e ladrões de tumbas, não se tomava o de- ra mantivesse alguns elementos em comum. produção e do contexto histórico em que foram produ-
O exemplo mais famoso da arquitetura egípcia são as zidas. Em seguida, compartilhe os resultados da pesqui-
vido cuidado para conservar o patrimônio pirâmides, que foram erguidas a fim de servirem de tú- sa com seus colegas e professor.
das descobertas arqueológicas. O resultado mulos para os faraós. Ao custo de mão de obra contra-
tada para entalhar e deslocar os enormes blocos de pe- 2| Apesar de muitos pesquisadores encontrarem indícios
disso foi desastroso para várias civilizações, dra, por várias ocasiões a construção das pirâmides con- de como os monumentos egípcios foram erguidos, mui-
sumiu grandes riquezas dos governantes. O resultado, tas pessoas ainda acreditam em teorias conspiratórias
como o Reino de Cuxe, que teve grande par- sobre como essas construções aconteceram. Pesquise na
stock.adobe.com/merlin74

te de suas edificações dinamitadas e seus Internet por teorias como essas e escreva, em seu cader-
no, o que você acha sobre o surgimento delas.
artefatos em ouro levados para a Europa. Resposta pessoal.
Hoje, graças à Arqueologia moderna,
existe todo um cuidado para que haja a de- Repensando
vida preservação do patrimônio que se pre- Muitos elementos arquitetônicos tinham função didá-
tenda estudar. Nesse contexto, as pirâmi- tica. Isso é facilmente percebido, por exemplo, nas igre-
jas cristãs construídas ao longo dos séculos. Levando em
des egípcias têm imensa importância por conta que grande parte da população era analfabeta e
não sabia ler os versos da Bíblia, as esculturas e pinturas
conta dos hieróglifos registrados em pa- encontradas dentro e fora dos templos poderiam forne-
redes, estátuas e minaretes, assim como cer essas informações por meio de registros visuais. Vá-
rios povos ao longo da história fizeram registros seme-
pelos artefatos presentes em seu interior. lhantes por motivos diferentes, e muitos desses materiais
podem ser consultados ao redor do mundo.
Escavações devem ser feitas com máxi-
ma cautela, algo que não ocorreu durante 1| Pesquise por imagens históricas de diversos povos, se-
lecione algumas delas e escreva sobre seus significados.
a descoberta do túmulo de Tutancâmon, Templo de Dendera, também conhecido como Templo de Hathor, localiza- Em seguida, apresente as imagens e sua pesquisa para
a turma.
por exemplo. do no Egito.

Recentemente uma equipe de arquite-


44 Arte – 9o ano
tos usou aparelhos com tecnologia infraver-
melha e detectou variações de temperatu-
ras em algumas pedras da base da Grande FC_Artes_9A_02.indd 44 14/01/2023 10:24:52 FC_A

Pirâmide, o que indica a presença de câma-


ras ainda não descobertas. As autoridades Repensando
egípcias atualmente proíbem novas esca-
vações, porém, ao mesmo tempo, avaliam Professor, que tal realizar um passeio a alguma instituição religiosa da região? Igre-
o potencial turístico que a autorização po- jas católicas barrocas, por exemplo, estão muito presentes nas paisagens brasilei-
deria desencadear. Só o tempo dirá se isso ras. Seria uma excelente oportunidade de compreender como as imagens presen-
deve mesmo ocorrer. E tempo é algo que as tes nas edificações dialogavam com a população que não tinha domínio da leitura.
pirâmides têm de sobra. Geralmente essas igrejas permanecem abertas para visitação durante certos dias da se-
Disponíve l e m: https:// www.bbc.com/portugue se / noti- mana e costumam contar com a presença de pessoas que podem fornecer maiores infor-
cias/2015/11/151120_vert_ earth_piramides_fd. Acesso em:
09/02/2021. Adaptado. mações acerca das cenas descritas nas pinturas e esculturas.

44 Manual do Educador

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nação da dança, reconhecendo e aprecian-
do composições de dança de artistas e gru-
Capítulo pos brasileiros e estrangeiros de diferentes

8 Descobrindo o mundo através


da arte
épocas.
(EF69AR28) Investigar e experimentar di-
ferentes funções teatrais e discutir os limi-
tes e desafios do trabalho artístico coletivo
A importância cultural dos temporárias e atividades educacionais voltadas para o

museus público em geral. e colaborativo.


Com queda acentuada nos repasses financeiros ne-
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísti-
Reprodução.

cessários à sua manutenção, o museu passou a apresen-


tar problemas em suas estruturas internas, com paredes
descascando e fios expostos. Na noite de 2 de setembro
cas às diferentes dimensões da vida social,
de 2018, o Brasil e o mundo acompanharam atônitos um cultural, política, histórica, econômica, es-
incêndio de grandes proporções que atingiu a sede do
museu, destruindo, quase totalmente, o acervo que es- tética e ética.
tava em exposição. Os itens perdidos eram insubstituí-
(EF69AR33) Analisar aspectos históricos,
veis e de valor imensurável.
Em dezembro do mesmo ano, uma iniciativa do Mu- sociais e políticos da produção artística,
seu Nacional em parceria com a plataforma Google Arts
Em 2018, um incêndio destruiu grande parte da estrutura do Museu Nacional,
juntamente com milhares de itens de seu acervo original. & Culture pôde resgatar um pouco da riquíssima histó- problematizando as narrativas eurocêntri-
ria que foi consumida pelas chamas: trata-se de um pas- cas e as diversas categorizações da arte (ar-
Instituição científica mais antiga do Brasil, o Museu seio virtual, no qual os visitantes podem ver várias peças
Nacional é uma entidade vinculada à Universidade Fe- do acervo que estavam expostas antes do incêndio. Is- te, artesanato, folclore, design, etc.).
deral do Rio de Janeiro. Localizado na capital do estado, so foi possível graças aos registros de imagens feitos pe-
até setembro de 2018 figurava como um dos maiores mu- lo Google desde 2016, nos quais podem ser visualizadas
(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimô-
seus de história natural e de antropologia das Américas. peças de grande valor. Os visitantes virtuais podem fazer nio cultural, material e imaterial, de culturas
O museu Nacional abrigava um vasto acervo, contendo um passeio em 360° pelas salas, enquanto são acompa-
mais de 20 milhões de itens, dentre os quais se encontra- nhados por áudios que fornecem informações sobre os diversas, em especial a brasileira, incluin-
vam alguns dos registros mais importantes da memória destaques de cada espaço.
brasileira nos campos da sociologia e da antropologia.
do suas matrizes indígenas, africanas e eu-
O acervo foi formado ao longo de mais de dois séculos ropeias, de diferentes épocas, e favorecen-
por meio de coletas, escavações, trocas, aquisições e
doações. Contava com itens vindos de várias regiões do Registre suas do a construção de vocabulário e repertório
Planeta ou produzidos por povos e civilizações antigas,
e estes serviram de base principal para as pesquisas
ideias relativos às diferentes linguagens artísticas.
realizadas pelos departamentos acadêmicos da UFRJ,
além de servirem como importante fonte de pesquisa Google Arts & Culture
para acadêmicos de várias partes do Brasil e do mundo. Expectativas de
aprendizagem
Contava ainda com uma das maiores bibliotecas 1| O Google Arts & Culture é uma plataforma on-line
especializadas em ciências naturais do Brasil, contendo por meio da qual o público em geral pode visualizar
mais de 470 mil volumes e 2.400 obras raras. No campo imagens e vídeos em alta resolução de obras de arte
do ensino, o museu oferecia vários cursos em diversas e artefatos de instituições culturais de todo o mundo.
áreas do conhecimento, além de realizar exposições Além de exibir imagens em alta resolução, a platafor-
• Compreender a importância do incentivo
à visitação e à preservação de patrimônios
Arte – 9o ano 45 históricos, artísticos e culturais.
• Compreender a importância das pesqui-
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sas de campo para o desenvolvimento de
trabalhos voltados para a comunidade.
co-visuais e cultivar a percepção, o imaginá-
BNCC rio, a capacidade de simbolizar e o repertó-
rio imagético. Considerações
Habilidades trabalhadas no capítulo
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as iniciais
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar linguagens das artes visuais se integram às
formas distintas das artes visuais tradicio- linguagens audiovisuais (cinema, anima- Escolas são ótimos locais para adqui-
nais e contemporâneas, em obras de artis- ções, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, rir conhecimentos teóricos, pois possibi-
tas brasileiros e estrangeiros de diferentes ilustrações de textos diversos etc.), cenográ- litam a troca de informações e enriqueci-
épocas e em diferentes matrizes estéticas e ficas, coreográficas, musicais etc. mento de novos conhecimentos. Entretan-
culturais, de modo a ampliar a experiência (EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes to, é de fundamental importância que esse
com diferentes contextos e práticas artísti- formas de expressão, representação e ence- processo não fique restrito às atividades de

Arte – 9o ano 45

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uma instituição de ensino, pois, em muitas
ocasiões, a implementação prática costu-
ma apresentar muitas particularidades que ma inclui recursos de pesquisa avançada e ferramen- as principais diferenças entre uma visita física e um tour
tas educacionais. virtual por um museu?
não poderiam ser aprendidas apenas com
Resposta pessoal.
base em conhecimentos teóricos. a. Visite a plataforma Google Arts & Culture e vá até a
seção de museus. Escolha uma das instituições disponí-
Para os estudantes do 9º ano, esse é um veis e explore seu acervo. Registre o nome da instituição
e quais obras lhe chamaram mais atenção.
momento crucial, pois, a partir do próximo
semestre, alguns começarão a preparação
para o ensino superior, ao passo que ou- Você pode visitar a plataforma
acessando o QR Code a seguir.
O que as outras
tros poderão optar por já ingressar no ensi- pessoas pensam
no técnico. Em ambos os casos, compreen- sobre
der a importância e os benefícios do proje- Resposta pessoal baseada em pesquisa.
Museu na Internet
to de pesquisa aos alunos garantirá melhor
Em 2020, as pessoas adquiriram novos hábitos para en-
adaptação às atividades que terão que de- frentar a pandemia causada pela covid-19. Com o fecha-
mento dos espaços não essenciais onde pudesse haver
sempenhar durante suas vidas acadêmicas. contaminação, os museus tiveram que se reinventar pa-
b. Quais os principais benefícios de uma visita virtual a ra que as pessoas pudessem contemplar as obras de seus
uma instituição cultural? respectivos acervos e, assim, poderem aliviar um pouco
Registre suas Sugestão de resposta: A visita permite que possamos co-
as sensações provocadas pelo isolamento social. Essa si-
tuação iria acelerar uma tendência que já se apresenta-
ideias nhecer o acervo de instituições que estão em locais dis-
va há alguns anos: a possibilidade de criar visitas virtuais
aos museus.
O Google Arts & Culture se mostrou uma excelente fer-
Neste momento, é oportuno comentar tantes e oferece acessibilidade maior dos espaços para
ramenta para a popularização da arte e da cultura. Des-
sa forma, muitos museus que mantinham certas restri-
com os alunos sobre a importância de co- as pessoas que não podem se deslocar até a localidade
ções ao acervo logo passaram a disponibilizar vários con-
nhecer boas referências de pesquisas on-line das instituições.
teúdos ao grande público. No Brasil, instituições como o
Masp, a Pinacoteca de São Paulo, o Museu Nacional de
e orientá-los sobre a existência de sites rela- Belas Artes, o Instituto Inhotim, o Museu de Arte Moder-
na do Rio de Janeiro e o Museu Histórico Nacional ago-
cionados ao universo da arte. Somado a isso,
ra disponibilizam imagens de obras para deleite dos vi-
oriente-os também sobre a propriedade inte- c. Museus famosos, como o Louvre, na França, costumam sitantes virtuais.
apresentar um alto fluxo de visitantes. Por consequên- Os museus internacionais também seguem a mesma
lectual, os direitos autorais e o acesso demo- cia desse fator, a visita a instituições populares pode se tendência, e há instituições que disponibilizaram milha-
crático a obras de domínio público. tornar uma experiência desconfortável para aqueles que res de imagens, que agora estão em domínio público. O
buscam apreciar obras renomadas com tranquilidade. Museu Britânico, em Londres, disponibiliza peças do seu
Professor, para auxiliá-lo nessa instrução, Nesse contexto, o acesso virtual a essas instituições es- acervo, que conta com artefatos milenares, como a Pe-
tá se tornando cada vez mais recorrente entre os admi- dra de Roseta, esculturas gregas e múmias egípcias. O
disponibilizamos, no QR Code a seguir, o site radores da arte mundial. Em sua opinião, quais seriam Museu dʼOrsay disponibiliza imagens de grandes nomes
da Enciclopédia de Artes Visuais, em que é
possível visualizar diversas obras artísticas. 46 Arte – 9o ano

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pessoa que queira registrar e compartilhar Essa é a crença do Museu da Pessoa. Não
sua história de vida. Seu acervo reúne qua- por outra razão, elegeu como missão valo-
se vinte mil delas, sem contar as fotografias, rizar cada ser humano ao tornar sua his-
documentos e vídeos. tória de vida patrimônio da humanidade.
Se cada indivíduo compre e nde r que Para tanto, trabalha ativamente para ser
O que as outras pessoas todo ser humano importa e que a história reconhecido como um museu da humani-
pensam sobre de vida de cada um é tão relevante a pon- dade, que combate a intolerância ao conec-
to de ser patrimônio de um museu, teremos tar pessoas por meio de suas experiências
O Museu da Pessoa
uma sociedade conectada por experiências e sentimentos.
O Museu da Pessoa é um museu virtual e de vida, sentimentos e emoções em contra- O grande valor do Museu da Pessoa é a
colaborativo. Está aberto a toda e qualquer posição às diversas formas de intolerância. escuta, pois vem da escuta a possibilidade

46 Manual do Educador

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Para conhecer detalhes sobre o proje-
to do Museu da Pessoa, acesse o QR Code
do período impressionista e pós-impressionista, como a seguir.
Claude Monet, Cézanne e Vincent van Gogh. Este último, + Informações
por sinal, também tem parte de suas obras disponibili-
zadas ao grande público pelo museu que leva o seu no-
sobre o tema
me: o Museu Van Gogh, de Amsterdã. Ainda nessa cida-
de, também se encontra disponível grande parte do acer-
vo do Rijksmuseum, que detém obras de grandes mes-
As aulas de campo
tres, como Rembrandt e Vermeer. É a arte provando, mais Muito mais do que simples passeios, as chamadas au-
uma vez, que as atividades artísticas fazem parte das ne- las de campo são uma excelente oportunidade de viven-
cessidades humanas. ciar experiências fora das salas de aula, das bibliotecas e
dos auditórios. Muito comuns durante o Ensino Médio e
Ensino Superior em várias ocasiões, as aulas de campo
Diálogos com o englobam diversas disciplinas. É bem comum, por exem-
plo, que professores de matérias diferentes realizem tra-
tema balhos em conjunto com os estudantes, fazendo com que
compreendam que todas as ciências são interligadas. Diálogos com o
Instituições culturais Trabalhar fora dos limites da escola ou da universi-

1| Durante o período escolar, é bastante comum serem rea-


dade sempre proporciona possibilidades de desenvol-
ver nosso pensamento crítico e alinhá-lo com as diversas
tema
lizados passeios para instituições culturais, pois, apesar de realidades dentro e fora da escola. Afinal, nem sempre
todos os recursos disponíveis em uma sala de aula, viver as realidades correspondem às expectativas, e, portan- Professor, caso seja oportuno, organi-
uma experiência em um ambiente onde existam artefatos to, estar preparado para vivenciar o que a vida nos reser- ze juntamente com a coordenação da es-
e outros itens históricos permite uma melhor assimilação va nos permite ter várias alternativas para lidar com as
de determinados assuntos, além de contribuir para o enri- mais diversas situações. Para que possamos compreen- cola uma excursão para um museu da re-
quecimento cultural dos estudantes. Conhecer elementos der o mundo e as suas manifestações, temos que ter sem-
de outras culturas nos permite adquirir conhecimentos so- pre uma postura aberta às novidades, principalmente em
gião. É interessante que os alunos consi-
bre a história da humanidade. Responda em seu caderno: uma época em que as mudanças ocorrem em uma velo- gam conciliar momentos de entretenimento
cidade vertiginosa e muitas vezes alteram rapidamente
a. Ao longo da sua vida estudantil, como foram as suas ex- realidades locais, nacionais e globais. As aulas de cam- e aprendizado. Para enriquecer a experiên-
periências com atividades extraclasse? po funcionam como um imenso laboratório a céu aberto,
Resposta pessoal. onde as experiências nunca terminam, pois as mudanças
cia, você poderá sugerir que a aula extra-
b. Entre os locais que você visitou durante essas ativi- nunca param de acontecer. classe seja realizada em parceria com pro-
dades, qual deles o marcou de uma maneira especial? Um dos aspectos fundamentais do trabalho de campo
Resposta pessoal. é o planejamento, que, geralmente, é feito em conjunto fessores de outras disciplinas, como Histó-
c. Quando você viaja para outros lugares ou faz passeios entre professores, estudantes e eventuais guias que po-
ria e Literatura.
para locais distantes da cidade onde você mora, quais as dem auxiliar as viagens. É fundamental que se tenha cla-
principais diferenças culturais percebidas entre você e os reza dos objetivos a serem alcançados e das possíveis ad-
habitantes locais? versidades que possam ocorrer caso não haja um cumpri- + Informações sobre o
Resposta pessoal. mento do que for estabelecido inicialmente. Esse ponto é
2| Que tal planejar uma última excursão para encerrar o
ano letivo? Registre um bom número de imagens duran-
fundamental para que se tenha um bom desenvolvimen-
to da atividade curricular. É bem comum que, nas primei-
tema
te o passeio, selecione aquelas de que mais gostar e, por ras excursões, muitos estudantes acabem sendo pegos
fim, crie, junto com a turma, um álbum virtual para que de surpresa com detalhes como calçados inadequados, Reforce com os alunos os objetivos de
todos possam compartilhar a experiência. alimentação incorreta, peso excessivo de bagagens, etc.
uma aula de campo, enfatizando que, além
Resposta pessoal.
de um passeio, é um momento único de
Arte – 9o ano 47
aprendizagem, no qual eles podem explo-
rar de forma aprofundada determinados te-
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mas. Converse com a turma sobre a impor-
de transformação de cada um. Valoriza, tam- Ao longo de sua trajetória, o Museu da Pes- tância de se comprometerem com esse pro-
bém, a inovação, o empreendedorismo, a co- soa realizou perto de 300 projetos de memória cesso de aprendizagem para que a aula de
laboração e a democratização da memória. nas áreas de Preservação e Disseminação do campo seja mais proveitosa.
A instituição acredita que valorizar a di- Acervo, Conte Sua História, Educativo e Memó-
versidade cultural e a história de cada pes- ria Organizacional. Em 28 anos de história, o Mu-
Anotações
soa como patrimônio da humanidade é con- seu da Pessoa inspirou a construção de três mu-
tribuir para a construção de uma cultura de seus semelhantes fora do Brasil (Portugal, Cana-
paz. Trata-se de um museu aberto e colabo- dá e Estados Unidos) e liderou campanhas inter-
rativo que transforma histórias de vida em nacionais para a valorização de histórias de vida.
fonte de conhecimento, compreensão e co- Disponível em: https://acervo. museudapessoa.org/pt/museu-
-da-pessoa. Acesso em: 09/02/2021. Adaptado
nexão entre pessoas e povos.

Arte – 9o ano 47

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Repensando
Tudo, no entanto, tende a se resolver à medida que os em momentos que ficarão eternizados em nossas histó-
calouros passam a se tornar veteranos. rias pessoais.
Durante o compartilhamento das expe-
Disponível em: https://entretantoeducacao.com.br/professor/trabalho-de-

stock.adobe.com/Pulsar Imagens
riências com os filmes, séries e documentá- -campo-conhecimento-para-alem-da-sala-de-aula/. Acesso em: 05/01/2021.
Adaptado.

rios, sugira aos alunos que pesquisem so-


1| O Brasil, com suas dimensões continentais, oferece uma
bre as obras apresentadas que mais se in- grande diversidade de culturas de características bem pe-
culiares: sotaques, comidas típicas, músicas, danças, etc.
teressarem. Esse é um momento oportuno Além disso, as particularidades de cada região são aparen-
para explorar as habilidades interacionais tes também na arquitetura dos edifícios históricos, pois a
história do Brasil contou com várias mudanças de núcleos
e investir na expansão do conhecimento de centralizados, em que havia maior concentração de ativi-
dade ao longo dos séculos. Por fim, existe ainda a diversi-
mundo dos alunos. dade de sítios históricos, onde são encontrados vestígios

stock.adobe.com/Pulsar Imagens
de povos que habitaram regiões do território nacional há
vários séculos. Ciente disso, responda:

Anotações a. Quais edifícios históricos e sítios arqueológicos brasi-


leiros você tem vontade de visitar?

Resposta pessoal.

O Parque Nacional Serra da Capivara anualmente recebe um grande núme-


ro de estudantes para realizarem aulas de campo. As pinturas rupestres estão
entre os itens mais procurados no parque.

As aulas de campo e as visitas técnicas sempre são vol-


tadas para a prática científica, através da observação, da
descrição, da análise e do levantamento de hipótese dos
Repensando
conteúdos estudados em sala. Também se faz importan-
te estabelecer uma relação entre a instituição de ensino, 1| Existem regiões do Brasil que se situam em locais dis-
a sociedade e a troca de saberes. Logo, esse tipo de aula tantes e, portanto, ficam mais vulneráveis a ações que
é, antes de tudo, uma experiência social na qual os estu- possam comprometer a cultura e tradições locais. Um
dantes estarão sempre em permanente troca com o mun- exemplo disso ocorre com povos indígenas, que a todo
do que os cerca e do qual fazem parte, estabelecendo uma momento lidam com invasores de suas terras, além de
relação de diálogo com toda a população. conviver com atrocidades promovidas por alguns grupos
Uma escola ou universidade aberta ao relacionamen- com interesses políticos e econômicos. Muitos estudan-
to além dos seus muros é fundamental para que se possa tes se dedicam à defesa do interesse desses povos e con-
popularizar o conhecimento científico e levá-lo efetiva- tribuem diretamente com a preservação de suas aldeias.
mente para o meio social. A educação não pode ficar res- De que maneira o trabalho de campo promovido por es-
trita apenas a espaços fechados, sem que tenhamos ex- sas pessoas pode ajudar na divulgação e proteção da cul-
periências práticas e concretas que também se traduzem tura dos povos indígenas? Responda em seu caderno.

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