DISCIPLINA: Fundamentos teóricos e epistemológicos da Geografia – PPGEO
RESENHA 2: ESPAÇO
TEXTOS: CORRÊA , R.L. Espaço um conceito chave da geografia. In: CASTRO,
Iná Elias, GOMES, Paulo César da Costa, Corrêa, Roberto Lobato (orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
MASSEY, D. Pelo espaço: uma nova política de espacialidade. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2008. Capítulo 1 - p.29-37. Essa resenha refere-se ao texto Espaço um conceito chave da geografia do autor Roberto Lobato de Azevedo Corrêa, graduado, mestre e doutor em Geografia com ênfase em geografia urbana nos temas: espaço, cultura, rede urbana, geografia cultural e redes. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro e uma das grandes referências da geografia brasileira. E, ao texto Pelo espaço: uma nova política de espacialidade da autora Doreen Massey que foi uma socióloga e geógrafa com destaque na geografia feminista, cultural e marxista e deixou um grande legado para a geografia acerta do espaço geográfico. O texto de Corrêa (2000) trata sobre o conceito de espaço nas diferentes correntes da Geografia, apresentando, dessa forma, a abordagem do mesmo a partir da Geografia Tradicional, Teorética-Quantitativa, Crítica e Humanista e Cultural e, por fim, ele apresenta as práticas espaciais que foram estabelecidas no processo de organização do espaço pelo Homem, as quais são criadas, mantidas, desfeitas e refeitas as formas e interações espaciais. Corrêa (2000) traz que os conceitos geográficos surgiram com a Geografia Tradicional, onde tratavam-se o conceito de paisagem e região para debater o objeto de estudo da geografia, sem foco para o conceito de espaço. Embora, Ratzel e Hartshorne incluíam o espaço em seus trabalhos, onde Ratzel traz vinculado ao conceito de Espaço Vital, sendo ele uma base indispensável para a vida do ser humano, e para Hartshorne o espaço é absoluto, sendo um conjunto de pontos que tem existências em si independente das ações humanas. Em seguida, o autor traz sobre a Geografia Teorética-Quantitativa, fundamentada no positivismo ela baseia-se em modelos matemáticos e da teoria de sistemas. O espaço é abordado como uma planície isotrópica, que é analisado por meio de representação matricial, gráficos e tabelas. À crítica da Geografia Clássica e Teorética-Quantitativa, a Geografia Crítica surge na década de 1970 fundamentada no materialismo histórico-dialético e o espaço reaparece como conceito chave. Ele traz, a partir de Lefébvre (1976), que o espaço é entendido como espaço social, vivido, em correlação com a prática social e não deve ser visto como absoluto e as categorias para analisá-lo partem de Santos (1985), sendo elas a forma, função, estrutura e processo. E, por fim, ele traz a Geografia Humanista e Cultural que surgiu no mesmo período da crítica, juntamente à crítica da geografia de cunho lógico e positivista por meio da abordagem fenomenológica e existencialista. Nessa corrente, os conceitos de paisagem, região e território são bem debatidos e o espaço é entendido como uma soma de sentimentos espaciais e ideias de um grupo ou povo a partir da sua experiência (TUAN, 1979). Nessa corrente, o espaço está ligado à ideia de espaço vivido. Antes de concluir o texto, o autor traz as práticas espaciais que o ser humano estabeleceu durante o processo de organização do espaço, sendo esse processo baseado em padrões culturais e nas possibilidades técnicas disponíveis. Corrêa (1992) traz cinco práticas sociais, sendo elas a seletividade espacial, fragmentação – remembramento espacial, antecipação espacial, marginalização espacial e reprodução da região produtora. E, para concluir, ou, Para não concluir, como coloca o autor, o espaço geográfico é multidimensional, possível de construir diferentes conceitos de espaço. No texto de Massey (2008) ela traz com maior enfoque a conceitualização do espaço, trazendo por meio de três proposições. A primeira coloca o espaço geográfico como produto de inter-relações, constituído através de interações e permeando por escalas, desde da global até a intimamente pequena, combinando com uma política que se compromete com o antiessencialismo. Na segunda concepção ela traz que o espaço está na esfera da possibilidade da existência da multiplicidade, sendo ela no sentido da pluralidade contemporânea em que distintas trajetórias coexistem, ou seja, a coexistência da heterogeneidade. Essa concepção, segunda a autora, combina com discursos políticos de esquerda, com a crítica de que a história do mundo não pode ser apenas contada com a percepção do Ocidente. E a terceira concepção está relacionada de que o espaço está sempre em construção, sendo um resultado de simultaneidade de estórias-até- agora, podendo implicar em discursos políticos sobre uma genuína abertura do futuro. Em síntese, a autora aborda no texto o debate acerca do espaço a partir da ideia de que o espaço é a existência coetânea de uma pluralidade de trajetórias, uma simultaneidade de estórias-até-agora. A heterogeneidade coexistente deve ser olhada como intrínseca ao espaço e deve-se analisar suas realidades ao invés de suas naturezas. Ela alerta que se deve atentar ao julgamento dessa simultaneidade de estórias, que na busca enlouquecida de abandonar a singularidade da narrativa modernista pode-se adotar uma visão de uma instantaneidade de interconexões, o que pode gerar acusação de falta de profundidade por substituir uma única história por uma não-história. Para finalizar essa resenha, entende-se que os textos trabalhados trazem duas formas distintas de exposição do espaço geográfico. O texto do Corrêa representa uma exposição de espaço a partir das correntes geográficas, sendo um texto introdutório para o debate, contribuindo para a compreensão da evolução do conceito no pensamento geográfico e suas escolas. Já no texto de Massey, a autora traz um debate mais atual acerca do conceito, trazendo contribuições para a conceitualização do mesmo e levantando indagações para o leitor refletir sobre o tema.