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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

GEOGRAFIA - BACHARELADO

ADALBERTO VINÍCIUS FERNANDES

JACQUELINE DUARTE DE SOUZA

MARIA IZABEL RODRIGUES FERREIRA DOS SANTOS

ATIVIDADE DIRIGIDA: Leitura e interpretação de texto. Análise e revisão de


atividades executadas, a partir do texto: “POR UMA GEOGRAFIA CIDADÃ: Por
uma epistemologia da existência” (SANTOS, 1996).

Montes Claros, MG

2022
ADALBERTO VINÍCIUS FERNANDES

JACQUELINE DUARTE DE SOUZA

MARIA IZABEL RODRIGUES FERREIRA DOS SANTOS

ATIVIDADE DIRIGIDA: Leitura e interpretação de texto. Análise e revisão de


atividades executadas, a partir do texto: “POR UMA GEOGRAFIA CIDADÃ: Por
uma epistemologia da existência” (SANTOS, 1996).

Atividade apresentada no curso de graduação em


Geografia, Bacharelado, pela Universidade
Estadual de Montes Claros, como requisito parcial
para obtenção de nota na disciplina de Métodos e
Técnicas de Pesquisa em Geografia.

Professora MSc. Márcia Verssiane Gusmão


Fagundes.

Montes Claros, MG

2022
QUESTÃO 1: Referência bibliográfica.

SANTOS, Milton de Almeida. POR UMA GEOGRAFIA CIDADÃ: Por uma


epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de Geografia, agosto de 1996. Portal
de Periódicos UFRGS (Impresso). Porto Alegre, RS: Associação Brasileira de
Geógrafos. p. 7-14, ago., 1996. Disponível em
<http://seer.ufrgs.br/bgg/article/view/38613/26350>. Acesso em: 01 de junho de 2022.

QUESTÃO 2: Objetivos da discussão do texto.

O autor Milton Santos tem como objetivos, elencados de formas bem conceituadas e
explicativas:

1) Questionar o porquê fazermos uma Geografia cidadã, explicando a


necessidade da Geografia voltar à sociedade, para trabalharmos intelectualmente em
prol de nós mesmos;

2) Demonstrar a diferença entre as Geografias, além de conceituar Espaços


Adjetivados, Espaço Banal, atribuindo valorativos e não adjetivos à discussão, sempre
permeando o Espaço;

3) Materializar o “Cotidiano” para enriquecimento do debate existencial


geográfico.

4) Reconstruir o método através da vida, do pragmatismo diário, “do Homem


vivendo”.

Santos (1996) traz a geografia engajada com o objetivo primordial de alavancar


a igualdade social, fazendo críticas certeiras às intelectualidades dos experts que não
têm olhar amplo diante dos fenômenos. Como é uma palestra, alerta seus colegas e
alunos, sempre, sobre a complexidade de organização do espaço, dos territórios,
esperançoso de que as articulações sejam reconfiguradas, potencializando as
Cidadanias numa contínua gestão de conflitos. Na esperança de que as cátedras
eruditas ajudem os pobres, as minorias, os migrantes, Santos (1996) analisa o
cotidiano através de diferentes dimensões, relacionando sempre suas teorias à
globalização, ao capitalismo, aos paradigmas da liberdade, às forças de trabalho, aos
Territórios, dentre outras “possibilidades” nas redes globais e locais que moldam o
Mundo.

QUESTÃO 3: Palavras e conceitos desconhecidos.

Espaço Adjetivado: parcialidades que levam em conta aspectos isolados do


acontecer. Por exemplo: espaço da indústria, espaço da universidade, geografia do
comércio, geografia dos transportes.

Espaço Banal: espaço de todos os alcances de todas as determinações. É o


espaço onde de fato deve haver a Geografia, pois é a junção de todos os fragmentos
espaciais.

“erigir”: pôr (algo) em posição vertical, levantar a prumo.

“tautologia”: o mesmo que redundância.

Tecnosfera: Esfera técnica, tecnológica, sistematizada, que envolve o homem.

Psicosfera: Esfera das paixões, das crenças, dos desejos.

Cotidiano, enquanto 5ª dimensão do espaço.

Cotidiano, trabalhado em 3 dimensões: corporeidade, individualidade e


sociabilidade.

Fenômeno de rede e diferença entre rede local e rede global.

Partis pris: atitude, opinião, posição, opção decidida.

Efeito de residência: conceito de Sartre relacionado à concepção de liberdade,


ligado à Milton Santos pela identificação e pela horizontalização do cotidiano
(vizinhança existencialista) dentro do espaço, sobretudo o urbano, banal.

QUESTÃO 4: Análise do texto (síntese).


4.1. Quais foram os conceitos abordados?

4.2. Destaque os teóricos e as personalidades citadas por Milton Santos


(1996) e em qual perspectiva analítica esses foram citados.

4.3. O texto apresentou problemas e limitações argumentativas? Se sim,


quais?

4.

O texto é de um viés crítico, materialista dialético, evidenciando sempre


o conflito dos opostos afim de chegar a um equilíbrio, a uma síntese. Vejamos.
Santos (1996), após limitar o Espaço Adjetivado e definir o campo de estudo
(objetos e amostragens) como o Espaço Banal, por isso discutindo os
problemas reais da sociedade (principalmente dos centros urbanos), defende
que a geografia engajada é, a priori, decidida a encetar a tarefa da crítica,
mesmo antes de concluir uma análise. E essa análise deve ser pertinente.
Então Santos (1996) traz a distinção entre as abordagens geográficas do
cidadão e do expert.

Reforçando a ideia da defesa do oprimido, da busca pela justiça, Santos


(1996) escancara as limitações e consequências de uma geografia que analisa
elementos isolados, com cunho puramente tecnicista, sem sensibilidade, pois
devemos avançar no debate sobre o espaço e suas infinitas derivações,
descobrir quais são suas subdivisões. De forma magistral, Santos (1996) alia o
Cotidiano, definido em três variáveis (corporeidade, individualidade e
sociabilidade), ao Espaço, às relações de trabalho, de movimento, de vivências
diárias que resumem a existência. Dentro do homem, a partir do cotidiano,
dentro da cidadania, nasce a individualidade, a consciência e o princípio da
liberdade em conflito com a necessidade. O utilitarismo. Os anseios materiais
ou imateriais. Dentro do espaço onde é reproduzido, através de redes globais,
as redes locais, dentro da tecnosfera e da psicosfera, onde tudo é objetivo.

Santos (1996) sintetiza que o Mundo é um conjunto de possibilidades, e


relativiza todas elas em função dos tipos de pessoas, como pobres, migrantes
e minorias ou empresários abastados, e em função de suas determinações,
explicitando, através de conceitos como o conflito na cooperação e a
cooperação no conflito e o conceito de funcionamento harmônico (mas não
harmonioso) dentro das divisões de trabalho num espaço contínuo, que a
transformação deve vir através daqueles que leem e sistematizam a sociedade.

“O valor do homem depende do lugar onde ele está” (SANTOS, 1996).

4.1.

Como dito anteriormente, mas reforçando:

Espaço Adjetivado: parcialidades que levam em conta aspectos isolados do


acontecer. Por exemplo: espaço da indústria, espaço da universidade, geografia do
comércio, geografia dos transportes. Seria um espaço observado por uma Geografia
desatenta, focada em apenas seu objeto, excluindo diferças determinações de suas
conclusões.

Espaço Banal: espaço de todos os alcances de todas as determinações. É o


espaço onde de fato deve haver a Geografia, pois é a junção de todos os fragmentos
espaciais. Onde todos os homens, empresas e instituições se unem na gestão
contínua e globalizada.

Tecnosfera: Esfera técnica, tecnológica, sistematizada, que envolve o homem.

Psicosfera: Esfera das paixões, das crenças, dos desejos.

Cotidiano, enquanto 5ª dimensão do espaço, integrante do ser humano. Além


das dimensões de Einstein.

Cotidiano, trabalhado em 3 esferas interligadas: corporeidade, individualidade


e sociabilidade.

Fenômeno de rede: num mundo onde a produção se internacionalizou de forma


extrema, onde a técnica se unicis, no mundo onde a informação é mundializada, tudo
isso a partir das redes. Indo além, Santos (1996) define, quase cartograficamente, a
diferença da rede local e da rede global, sendo a primeira um pedaço localizado da
rede global, que são a condição e o limite do trabalho e do campital no mundo de hoje.
Efeito de residência: conceito de Sartre relacionado à concepção de liberdade,
ligado à Milton Santos pela identificação e pela horizontalização do cotidiano
(vizinhança existencialista) dentro do espaço, sobretudo o urbano, banal.

4.2.

Como agregadores ideais ao debate, Milton Santos cita:

Voltaire: François-Marie Arouet, mais conhecido pelo seu pseudônimo de


Voltaire, foi um filósofo, escritor e ensaísta iluminista francês. Foi defensor aberto da
Reforma Social, das liberdades civis, religiosas e comerciais, influenciando
posteriormente pensadores importantes da Revolução Francesa. Era contra a
intolerância religiosa e afrontou a coroa absolutista.

Albert Einstein: foi um físico-teórico alemão que desenvolveu, dentre outras, a


teoria da relatividade geral, sendo uma das mentes mais brilhantes que conhecemos.
Além disso, progressista, publicou um artigo em maio de 1949 intitulado “Por que o
socialismo?”, onde o físico escancara as contradições do contraditório sistema
capitalista. Na sua obra “Como vejo o Mundo”, Einstein demonstra muita sensibilidade
ao descrever o Homem e seus comportamentos, tendo muitas nuances geográficas
em suas análises.

Karl Marx: foi um economista, filósofo, escritor, teórico político e revolucionário


socialista alemão. Co-criador do Manifesto do Partido Comunista e pai da aclamada
obra O Capital, Marx sempre foi crítico ferrenho do sistema capitalista e, em sua vida
e obra, dedicou-se a propor soluções através da união do proletariado, da classe
trabalhadora, para reverter as mazelas fadadas do sistema capitalista.

Jean-Paul Sartre: foi um filósofo, escritor e crítico francês. Representou as


fileiras do Existencialismo e acreditava fielmente que os intelectuais deviam contribuir
positivamente, interferindo diretamente na sociedade. Era artista e militante à
esquerda, dedicando sua vida e obra às conjunturas políticas, epistemológicas e
existencialistas. Entra diretamente no debate da epistemologia da existência pois
anseia pela definição de liberdade através da essência e de processos de docilização
dos corpos, dentre outros.

Enquanto, por outro lado:

Pedro Alvares Cabral e Cristóvão Colombo, navegantes das coroas europeias


de Portugal e Espanha, dos séculos XV – XVI, são citados numa perspectiva de
explicação do anacronismo. Vejamos: Santos (1996) está reforçando o dinamismo do
espaço, da existência, através das possibilidades, das percepções e das ações
através de uma época e um lugar.

4.3.

O texto apresenta limitações argumentativas pois trabalha metáforas, trabalha


holisticamente o mundo, através da sensibilidade interlocutora, passando pela
imaginação, pela valorização dos sujeitos, pela fenomenologia. Sendo assim, não
apresenta tabelas, figuras, dados qualitativos. Ora, Santos (1996) fala de organização
do espaço, como os subespaços se articulam e como cada espaço é
constitucionalmente. Fala que a qualidade ativa do espaço inclui a sua capacidade de
relação e arremata que a construção desses conceitos, se encaixando uns aos outros,
faz uma Teoria. E a lacuna deixada é justamente a prática que falta à essa Teoria,
aplicada às classes intelectuais e pensantes/executoras de políticas públicas.

5. Conclusão.

Diante dos fatos apresentados, conclui-se que “é considerando o espaço como


uma funcionalização do mundo que ficamos autorizados a fazer o caminho entre o ser
e o existir” (SANTOS, 1996). Sendo assim, essa funcionalização do espaço
geográfico, que existe através da sociedade global e de todas as coisas, define os
rumos do futuro. Os geógrafos devem entender que todos constituem esse espaço
(pessoas, empresas, instituições) e que a totalidade do mundo é formada pelo
conjunto de todas as variáveis, e essas variáveis jamais estão em todas as partes,
então a existência é particular. A existência num espaço é diferente para um homem
jovem negro e para uma senhora branca e rica. Todas essas questões geram
comportamentos e atritos políticos, e aí entra a intervenção acadêmica, sobretudo
Geográfica, que deve pautar a construção de um projeto político que abarque a todos.

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