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Aluno(a): Número:
Ano: 3º Turma: AeB Unidade: 1ª Data: 01.02.2024
Área: GEOGRAFIA Professor: MANOEL ROCHA
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA - TEXTO
Ensino Médio “Um olhar providencial de Deus vela por nós!” Mãe Clara
Foi graças ao trabalho de notáveis cientistas da chamada escola alemã, como Alexander von
Humboldt (1769 – 1859), Karl Ritter (1779 – 1859) e mais tarde Friedrich Ratzel (1844 –
1904), que a Geografia adquiriu seus princípios, tornando-se assim uma ciência explicativa e não
mais meramente descritiva. Além destes, tem-se o pensamento de Immanuel Kant, contribuindo
para uma epistemologia da Geografia, ajudando-a na sua institucionalização como ciência.
OS PRINCÍPIOS DA GEOGRAFIA
Extensão: princípio segundo o qual deve o geógrafo, ao estudar um fato ou área, proceder à sua
localização e delimitação, utilizando para tanto os recursos da Cartografia (Friedrich Ratzel).
Analogia ou Geografia Geral: princípio segundo o qual, delimita e observada a área, deve o
geógrafo compara-la com outras áreas buscando as semelhanças e diferenças existentes (Karl
Ritter e Vidal de La Blache).
Causalidade: princípio segundo o qual deve o geógrafo explicar as causas do fato ou fatos
observados (Alexander Von Humboldt).
Conexão ou Interação: princípio segundo o qual os fatores físicos e humanos nunca agem
isoladamente, mas inseridos em um sistema de relações, tanto locais como interlocais (Jean
Brunhes).
Atividade: princípio segundo o qual a paisagem possui um caráter sempre dinâmico (Jean
Brunhes). O entendimento desse princípio é o dever analítico da geografia para a vida real.
Considera que os fatos permanecem e que a continuidade e não-interrupção existe na ligação
entre a sociedade e a natureza.
AS CONCEPÇÕES GEOGRÁFICAS
❑ Escola Determinista (organicista): Friedrich Ratzel, alemão que, influenciado pela evolução
das ciências naturais, da Biologia em particular, através de sua obra “Antropogeografia –
fundamentos da aplicação da Geografia à História”, publicada em 1882, praticamente,
fundando a Geografia Humana, onde defende que as leis as quais regem as espécies vegetais e
animais submetem-se ao meio natural. Segundo Ratzel, “o homem é produto do meio
geográfico em que vive” e o meio natural exerce uma ação dominadora sobre o homem, que
deve se submeter ao mesmo. O determinismo geográfico estabelece que quem vive em região
de campos deve ser pastor; à beira-mar, pescador; e, em áreas férteis de planícies,
inevitavelmente, será agricultor. O pensamento determinista geográfico foi em parte
responsável pelas teorias de superioridade racial (neodarwinismo social) surgidas nos
séculos XIX e XX e serviu de base para a expansão do capitalismo neocolonial nos séculos
XVIII e XIX. Foca no conceito de “Lebensraun” (espaço vital), onde a relação recursos
versus população vive em equilíbrio, todavia, quando surge um desequilíbrio nesta relação,
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justifica-se a ideia de conquistar outros territórios, ou seja, a expansão territorial que possa
assegurar os recursos necessários à sobrevivência da população. Ellen Simple, discípula de
Ratzel, submetendo o homem às imposições da natureza e outros discípulos como Rudolf
Kjéllen e Haushofer, radicalizam com o determinismo proposto por Friedrich Ratzel. No
determinismo identificam-se a presença marcante do racionalismo1 e do positivismo2.
❑ Escola Possibilista (menos racionalista e mais historicista): surgida na França, teve como
principal expoente Paul Vidal de La Blanche, que, influenciado por idéias da nascente
sociologia e apoiando-se em dados da História e da Etnografia, contestou de maneira direta o
determinismo de Ratzel. La Blanche demonstrou que o homem é capaz de reagir contra
determinadas influências do meio, modificando-as e adaptando-as às suas necessidades –
tanto é, que o homem, dotado de ampla possibilidade de dominar seu meio, faz com que se
possa encontrar, em meios iguais, culturas diferentes e vice-versa. O Possibilismo Geográfico
opõe-se às ideias do determinismo geográfico, pois demonstra que, com o avanço da técnica,
o homem cria condições favoráveis de viver em qualquer região da Terra. É o que La Blache
denominou de “gêneros de vida”, segundo Milton Santos (2012, p. 69)3, um acervo de
técnicas, hábitos, usos e costumes que lhe permite [o homem] utilizar os recursos
naturais disponíveis. Em resumo seria a relação entre população e recursos. O
possibilismo acredita que o homem cria uma paisagem cultural e um “gênero de vida”, sendo
portando região e paisagem conceitos equivalentes. As regiões podem ser determinadas até
mesmo por paralelos imaginários, supondo, portanto, uma evolução dentro de um estágio de
equilíbrio (espaço redefinível), ao contrário do que propunha Vidal de La Blache.
AS TENDÊNCIAS ATUAIS
1
Em geral, a atitude de quem confia nos procedimentos da razão para a determinação de crenças ou de técnicas em
determinado campo (ABBAGNANO, 2012, P. 967).
2
O positivismo tornou-se no século XIX, um divisor de águas. Característica: redução do mundo; método indutivo
(do particular para o geral); possibilidade de criação de leis; dimensão empírica (observação direta, a importância da
descrição). Buscava através da análise, um método único, que regulasse todas as ciências. Fortaleceu-se com as ideias
do darwinismo, estabelecendo um determinismo ambiental. Estas ideias foram acolhidas pelo Ratzel que melhor
sistematizou suas ideias.
3
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia. 6 ed. 1.
reimp. São Paulo: Edusp, 2012, 136 p. (Coleção Milton Santos; 10).
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DIVISÃO DA GEOGRAFIA
A palavra espaço pode ter diferentes significados. Pode indicar, por exemplo, o conjunto de
sistemas de astros, significando neste caso o espaço sideral. O espaço social e o espaço econômico
referem-se às relações sociais e econômicas. O espaço mais significativo para a Geografia é o
que se apresenta como uma totalidade, no qual ocorrem relações econômicas, políticas e
sociais em escalas local, regional, nacional e global. Quando afirmamos que a humanidade
modifica e organiza o espaço, queremos dizer que ela transforma a natureza primitiva, também
chamada de primeira natureza ou espaço natural, em uma espécie de segunda natureza, que
corresponde à natureza humanizada, também chamada de espaço artificial (geográfico,
humanizado), social ou cultural.
O espaço natural, cada vez mais reduzido e modificado pelos seres humanos, é aquele que
resultou da evolução da natureza, da ação dos fenômenos geológicos, climáticos e outros. O espaço
geográfico (artificializado, social, humanizado e cultural), que corresponde ao espaço que está
sendo ou foi produzido pelos seres humanos, se relaciona com a dinâmica da natureza e com o seu
contínuo movimento de transformação da sociedade. Sendo um espaço social, expressa o
trabalho humano, as relações e as práticas sociais que se sucederam no tempo. Corresponde,
por exemplo, aos campos cultivados e às cidades, que são ambientes humanizados e artificializados.
Lugar é a porção ou parte do espaço onde vivemos, é o palco de existência real. É nele que
ocorre o nosso cotidiano, que vivenciamos nossas experiências. Todos criamos uma identidade
com o lugar em que vivemos; isso quer dizer que ele significa algo para nós, que nossa
memória guarda sobre ele determinadas percepções e vivências com as quais nos
identificamos. Portanto, estabelecemos com o lugar uma relação de afetividade, uma relação
de pertencimento. Quando mudamos, por exemplo, de uma cidade para outra ou mesmo de um
bairro ou de uma rua para outra, dentro de uma mesma cidade, temos de nos adaptar às novas
condições não só materiais, mas também de significação, de vínculos.
O não lugar. Se a experiência dos distanciamentos nos ensinou a descentralizar nosso olhar
do mundo do espaço geográfico, temos que tirar proveito disso. O mundo da super modernidade
não tem dimensões exatas daquele em que pensamos viver, pois vivemos em um mundo que ainda
não aprendemos a olhar. Temos que aprender a pensar o espaço. “Os chamados não lugares são
tantos as instalações necessárias à circulação acelerada das pessoas e bens (vias expressas,
trevos rodoviários, aeroportos, portos, rodoviárias), como também centros comerciais (hotéis,
shoppings, supermercados), ou ainda os campos de trânsito prolongado onde estão
estacionados os refugiados do planeta”, relata José Odair da Silva Sorrentino, historiador e
autor do livro Mito, Memória e História Oral. Paradoxalmente no próprio momento em que a
8
Teoria Geográfica da Paisagem: uma abordagem que ressurge com inovação na didática. Conhecimento prático:
Geografia. São Paulo: Escala Educacional, 2010, p. 53-56-58, ed. 29, fev, 2010.
9
______ . Conhecimento prático: Geografia. São Paulo: Escala Educacional, 2010, p. 53-56-58, ed. 29, fev, 2010.
10
______ . Conhecimento prático: Geografia. São Paulo: Escala Educacional, 2010, p. 53-56-58, ed. 29, fev, 2010.
11
R. RA’E GA, Curitiba, n. 8, p. 141-152, 2004, Editora UFPR.
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unidade do espaço terrestre se torna pensável e em que se reforçam as grandes redes multirraciais,
amplia-se o clamor do particularismo: daqueles que querem ficar sozinhos em casa ou sozinho do
outro. Segundo Odair, o que é significativo no não lugar é sua força de atração, inversamente
proporcional à atração territorial, ao peso do lugar e da tradição. Os congestionamentos das estradas
nos fins de semana comprovam isso. Em suas modalidades modestas, como em suas expressões
luxuosas, a experiência do não lugar é hoje um componente essencial do espaço geográfico urbano
e de toda vida social12.
O não lugar é o oposto ao lar, a residência, ao espaço personalizado. Só, mas junto com
outros, o habitante do não lugar mantém com este uma relação contratual representada por símbolos
da super modernidade, ou seja, um bilhete de metrô, avião, cartões de crédito ou telefônico, além
de documentos como passaporte, carteira de motorista ou qualquer outro, símbolos, que, enfim,
permitem o acesso, comprovam a identidade, autorizam deslocamentos impessoais. É estar sozinho
na multidão que circula13.
Como geógrafos, entendemos o território numa perspectiva social que integra tanto a sua
dimensão concreta, político-econômica, mais tradicional, quanto a sua dimensão
simbólica, cultural-identitária, ou, em termos lefebvrianos, tanto a dominação quanto a
apropriação do espaço (HAESBAERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p. 12).
Portanto, os autores trazem uma proposta integradora que permite focalizar a nova des-
ordem mundial a partir das diferentes dimensões destacadas.
As metrópoles mundiais, os organismos econômicos mundiais, como o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), grandes
empresas transnacionais e até mesmo organizações criminosas exercerem a territorialidade, ou
domínio, em várias regiões do espaço geográfico. Para compreender o que é um território, é
preciso considerá-lo como produto do trabalho de uma sociedade, com toda a sua
complexidade econômica e cultural. Uma determinada área, em qualquer ponto do espaço
geográfico, pode ser definida por seu tipo de governo, sua cultura, seu sistema econômico e outros
agentes que influenciam a sua organização e que a individualizam nesse espaço. Na política, o
território é o espaço natural controlado por um Estado-nação (possui três elementos: o
território, um povo e soberania).
A interação entre homem e espaço é sempre uma interação entre seres humanos
mediatizada pelo espaço. (RAFFESTIN,1993, citado por SOUZA, 2000). Para entender as
12
GORZONI, Priscila. Solidão na multidão. Conhecimento prático: Geografia. São Paulo: Escala Educacional,
2010, p. 25-26, ed. 32, ago, 2010.
13
______ . Solidão na multidão. Conhecimento prático: Geografia. São Paulo: Escala Educacional, 2010, p. 25-26,
ed. 32, ago, 2010.
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(Adaptado de HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora
da UNESP, 2006).
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estratégias que os grupos sociais geram para se apropriar do território, há que seguir a assertiva de
Marcelo Lopes de Souza quanto aos territórios serem antes relações sociais projetadas no espaço
que espaços concretos, os quais são apenas os substratos materiais das territorialidades (SOUZA,
2000). Como cada grupo social se apropria do território? O conceito de territorialidade
refere-se às relações de poder espacialmente delimitadas e operando sobre um substrato referencial
(idem).
As instituições, as empresas e os mais diversos agentes sociais desenvolvem suas próprias
estratégias de apropriação do território, suas territorialidades, frequentemente justapostas sobre o
mesmo espaço social, em razão do que explodem os conflitos. Em sua forma reacionária tem-se o
territorialismo, idéia derivada da territorialidade, em que o controle territorial é um imperativo
para os grupos sociais, que assim promovem o fechamento do espaço social, recusando o acesso do
outro. Os bairros da elite econômica apresentam alto grau de territorialismo; em muitos casos, seus
limites são demarcados por muros, o acesso é controlado por agentes de segurança privada, a
circulação é monitorada por circuitos fechados de TV e seus habitantes circulam de carros
blindados. Assim, procede-se a uma blindagem dos lugares que abrigam os indivíduos abastados da
cidade. Mas também em bairros populares reproduzem-se seus próprios territorialismos. Embora o
brutal controle exercido sobre as favelas por grupos criminosos seja mais evidente no caso da
cidade do Rio de Janeiro, o fenômeno repete-se em outras capitais brasileiras, particularmente em
São Paulo, onde o crescimento das favelas quadruplicou nos últimos 20 anos, totalizando 2.018
núcleos favelados que abrigam 1.160.590 de pessoas, segundo dados da Secretaria da Habitação
(2000). O território como disputa entre grupos antagônicos tem levado à desterritorialização dos
mais fracos.
A territorialização pode ser entendida, de modo muito genérico, como o conjunto das
múltiplas formas de construção/apropriação (concreta e/ou simbólica) do espaço social, em sua
interação com elementos como o poder (político-disciplinar), os interesses econômicos, as
necessidades ecológicas e o desejo/a subjetividade.
Alguns autores chegam a essas posições extremas simplesmente porque só enfatizam o espaço
de uma minoria privilegiada, que tem acesso a essas redes técnicas da comunicação simultânea,
onde se aperta um botão e se pode ficar, dia e noite, apostando nas bolsas de valores do mundo
inteiro. Na verdade, o que se tem é um constante processo de des-re-territorialização, um refazer
de territórios, de fronteiras e de controles que variam muito conforme a natureza dos fluxos em
deslocamento, sejam eles fluxos de migrantes, de mercadorias, de informações ou de capital.
Região
Regiões são subdivisões do espaço: do espaço total, do espaço nacional e mesmo do espaço
local, porque as cidades maiores também são passíveis de regionalização. As regiões são um espaço
de conveniência, meros lugares funcionais do todo, pois, além dos lugares, não há outra forma para
a existência do todo social que não seja a forma regional.
Para Yves Lacoste, a região é considerada um “conceito obstáculo”, pois restringia a análise
geográfica privilegiando uma escala de análise, impedindo assim, a compreensão da “espacialidade
diferencial”, em múltiplas escalas.
Desterritorialização
Os conceitos de forma, função e estrutura (além do processo 16) podem ser usados como
categorias primárias na compreensão da atual organização espacial. [...] Forma, função,
estrutura e processo são quatro termos disjuntivos, mas associados, a empregar segundo um
contexto do mundo de todo dia. Tomados individualmente, representam apenas realidades
parciais, limitadas, do mundo. Considerados em conjunto, porém, relacionados entre si, eles
constroem uma base teórica e metodológica a partir da qual podemos discutir os fenômenos
espaciais em totalidade.
Na medida em que é produto social e histórico, podemos dizer também que o espaço é político. Ou,
como afirmou o filósofo francês Henri Léfèbvre:
“O espaço foi formado, modelado, a partir de elementos históricos ou naturais. [...] A produção do espaço não
pode se comparar à produção de tal ou qual objeto particular, de tal ou qual mercadoria. E, no entanto, existem
relações entre a produção de coisas e a produção do espaço. E isso devido à existência de grupos particulares que
se apropriam do espaço para administrá-lo e explorá-lo.”
Henri Léfèbvre, citado por Roberto Auzelle. In: Chaves do urbanismo, p. 115 e 116.
M
uitos ainda acreditam que a geografia não passa de uma disciplina escolar e universitária
descritiva, que fornece descrições “neutras” ou “desinteressadas” sobre o mundo: o clima
da Ásia das Monções, o relevo da Europa, os rios do Brasil, os fusos horários da Rússia
etc. É como se existisse uma enumeração de assuntos – relevo, clima, vegetação, rios, população,
agricultura, cidades, indústrias – que são estudados na mesma seqüência para todos os continentes e
regiões.
15
SANTOS, Milton. Da totalidade ao lugar. São Paulo: Edusp, p. 166. 2014.
16
Grifo nosso!
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Contudo, a despeito das aparências, a geografia não é um saber sem utilidade, no qual
apenas se memoriza um amontoado de informações. Na verdade, ela é útil para a vida prática
e interessa bastante a todos os cidadãos. Pois a geografia serve, em primeiro lugar, para fazer
a guerra. Isso não significa que ela só sirva para conduzir operações militares; ela serve
também para organizar territórios, para exercer o poder de Estado sobre um espaço, para
que as pessoas aprendam a se organizar no espaço para nele atuar.
Não é possível, por exemplo, um movimento popular que reivindique algum direito
(terra, habitação, creches, aumentos salariais, menor violência, etc.) sem que as pessoas que o
constituem tenham um bom conhecimento do seu espaço (da sua empresa ou fábrica, do seu
bairro, da sua cidade), sem que elas saibam ler ou interpretar um bom mapa desse espaço,
sem que elas organizem territorialmente as suas passeatas, as suas invasões ou ocupações de
terrenos etc.
O espaço geográfico com freqüência é utilizado como instrumento de luta. Muitos
capitalistas, por exemplo, utilizam uma estratégia espacial para quebrar a força política dos
operários: eles transferem fábricas de regiões onde os trabalhadores estão mais organizados
(ou conquistaram maiores salários) para outras regiões nas quais os salários são menores e
não existem poderosos sindicatos. Os Estados e as grandes empresas sempre tiveram
estratégias geográficas para manter ou ampliar o seu domínio. Cabe agora desenvolver nos
cidadãos em geral essa capacidade de entender o espaço, de aprender a ler os bons mapas, de
ter um raciocínio geográfico [...]
Mas é lógico que o ensino da geografia não consiste somente na leitura de mapas. Por que se
ensina geografia aos alunos? Quanto mais consciência os cidadãos tiverem da geografia, mais
fácil será a existência de formas autônomas e pessoais de comportamento. E não estou me referindo
somente às guerras, que infelizmente ocorrem. Hoje em dia, na França, e suponho que também em
inúmeros outros países, existem projetos de melhoria de bairros, e mesmo de municípios, que se
expressam por meio de mapas, assim como por textos e livros, os quais devemos saber ler e
compreender. A população deve tomar contato com os projetos políticos que vão afetar os seus
locais de moradia e conhecê-los.
Pois bem: se quisermos expressar qual é a função de geografia, eu a definiria como o
“saber pensar o espaço”. E saber pensar o espaço, ou ter um raciocínio geográfico, não é
sonhar com estrelas, e sim pensar o espaço com uma visão política, saber pensar o espaço
tendo em vista nele atuar mais eficazmente. Trata-se não do espaço abstrato, aquele da física
ou da geometria, sim do espaço terrestre, do espaço onde vivemos e no qual atuamos. (Adaptado
de: LACOSTE, Yves. A geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 5ª ed. Campinas [SP]: Papirus,
1998).
QUERIDOS(AS) ALUNOS(As)!
Aqui começamos mais uma etapa decisiva para nossa formação. Vamos cristalizar tudo que vimos aprendendo
nestes anos. Talvez mais que buscar conhecimento, buscar a Sabedoria na única fonte verdadeira, a Sabedoria que
vem de DEUS. LUTEMOS, POIS A VITÓRIA NOS ESPERA.