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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO SOCIAL
DISCIPLINA: GESTÃO SOCIAL E TERRITÓRIO
DOCENTE: EDUARDO VIVIAN DA CUNHA

JOÃO EUDES CORDEIRO SILVA

RESENHA DO ARTIGO ‘’TERRITÓRIO: APROXIMAÇÃO A UM


CONCEITO-CHAVE DA GEOGRAFIA’’

JUAZEIRO DO NORTE
2022
STURMER, Arthur Bruno; COSTA, Benhur Pinós da. Território: aproximações a
um conceito-chave da geografia. Revista: Geografia, ensino e pesquisa, 2017.
___________________________________________________________________
Resenhista
João Eudes Cordeiro Silva1

Sturmer é Doutor em Geografia, Mestre em Desenvolvimento Regional


Sustentável e Meio Ambiente. Além disso, tem diversas especializações, entre elas
a de História e Geografia Ambiental do Sul do Brasil.2 Já Costa é Licenciado em
Geografia UFRGS(1998), Mestre em Geografia também pela UFRGS(2008) e
Doutor em Geografia pela UFRGS(2018).3
A resenha em questão tem como objetivo analisar o artigo intitulado
"Território: aproximações a um conceito-chave da geografia", escrito por Sturmer e
Costa. O estudo centraliza-se em contribuir para o debate sobre a definição do
termo "território", dando destaque à sua natureza dinâmica e à sua relação próxima
com o cotidiano. Para efetuar essa análise, os autores conduziram uma pesquisa
bibliográfica que abrange diversos autores. A partir disso, podemos inferir que o
artigo oferece uma contribuição valiosa, já que explora a conexão com a realidade
concreta, o aspecto social, a identidade e o sentimento de pertencimento. Além
disso, ressalta-se que o artigo também enriquece a compreensão ao abordar como
as várias definições do conceito de território abrem portas para um diálogo
interdisciplinar, especialmente na abordagem científica. Para compreender a
perspectiva dos autores, é essencial resumir os principais pontos do estudo.
A primeira abordagem sobre o território do estudo é sobre os pressupostos
básicos. Onde os autores apresentam inicialmente que território é diferente de
espaço. Não somente diferente, como lhe é posterior, ou seja, origina-se do
espaço(STURMER; COSTA, 2017). O segundo pressuposto é o de que a imagem
do território é equivalente à aproximação simbólica do espaço como forma primária
do território(STURMER; COSTA, 2017). Esse segundo sugere que a imagem do
território pode ser entendida como uma forma de reivindicar ou tomar posse desse
espaço. Seguindo nessa linha pode afirmar então que ‘’um pré ou prototerritório se

1
Bacharelando em Administração Pública e Gestão Social pela Universidade Federal do
Cariri (UFCA). Bolsista de Iniciação Científica pelo Laboratório de Estudos Urbanos,
Sustentabilidade e Políticas Públicas(Laurbs). E-mail: ana.carolyne@aluno.ufca.edu.br
2
https://www.escavador.com/sobre/2948535/arthur-breno-sturmer
3
https://www.escavador.com/sobre/2390513/benhur-pinos-da-costa
configura apoiado no campo representacional, imaginário, ideacional, o que auxilia
na referida forma de apropriação’’ (STURMER; COSTA, 2017). Como pressuposto
de existência o território teria que ter: Espaço, Ator e Poder. Além disso, podemos
ressaltar as características do território que são possuir área, recursos, povo, poder
limites e fronteiras(STURMER; COSTA, 2017).
Essa perspectiva salienta que para conceituar, sobretudo, é preciso entender
que o território é influenciado seja diretamente ou indiretamente pelos atores e os
poderes decorrente de suas influências. No território é preciso entender o elemento
do conflito que está ligado principalmente a disputas de poder que tais territórios
geram para os seus detentores. Para reforçar é preciso compreender que ‘’o
conceito de território , por sua vez, introduz uma nova forma de o conflito social,
agora ligado às relações sociais e de poder que dão forma ao território’’(STURMER
et al, 2017 apud ZIBECHI, 2015).
Sturmer et al (2017 apud Costa, 2010), há três condições primordiais que
mudam a relação estabelecida entre sociedade e natureza. Desse modo, a primeira
envolve basicamente o espaço social como reprodutor da sociedade, sobretudo
destacando sua homogeneidade e funcionalidade. Já a segunda aborda sobre a
fragmentação urbana e também a micro territorialização, abordando a contestação e
oposição às condições anteriores. Por fim, a terceira é o produto de forças de
homogeneização e chega a se tornar orgânica que abrange desvios, identidade e
singularidade. Assim, podemos destacar que na segunda que o conflito promove
uma coexistência entre a ‘’referência’’ e o ‘’desvio’’. Outrossim, vale ressaltar que a
última condição só ocorre na escala micro e social.
O território pode ser compreendido como temporal, apresentando uma
existência variável, que pode ser tanto longa quanto curta, efêmera, momentânea e
ocasional, muitas vezes seguindo certa regularidade. Quanto ao dinamismo do
território, esse aspecto se deve ao fato de que ele não é originado apenas por uma
única instância da sociedade, tornando-se entendido como um conceito dinâmico,
não limitado apenas a determinados grupos sociais.
Historicamente, a geografia concentrou-se nas ações planejadas pelo poder
público, negligenciando a percepção de que o território também é resultado do
poder exercido pelos indivíduos. Fazendo referência à perspectiva histórica,
podemos observar que as principais escolas de geografia compreendiam o território
como uma construção do poder estatal. Isso sugere que o território é moldado por
vozes individuais, agindo de forma isolada. É crucial notar que, embora a sociedade
heterônoma funcione como um limitador da autonomia individual em face de
opressões, é importante enfatizar que os indivíduos categorizados como ativos
também exercem influência na configuração do espaço urbano.
O território busca refletir sobre o poder, identidade, pertencimento e relações
sociais. Sobretudo, ele é uma forma impura e híbrida, sujeita a revisões constantes.
O pensador Milton Santos contribuiu de maneira revolucionária para a concepção de
território, ao trazer uma perspectiva dinâmica e social, em contraposição a uma
visão estática. O autor redefiniu o território como um conceito socialmente
carregado, abrangendo movimento, conflitos e resistências. Assim, o autor buscava
alinhar suas preocupações com as complexidades do século XXI. (STURMER;
COSTA, 2017).
Um ponto chave do artigo reside na distinção entre território e espaço, com
ênfase na afirmação de que o território tem sua origem no espaço. Os autores
oferecem uma contribuição significativa ao discutirem como a imagem do território
pode ser empregada como um símbolo para reivindicar o espaço. Além disso,
abordam de maneira substancial a visão dinâmica do território, contrastando-a com
a perspectiva estática. Essa abordagem revolucionária tem relevância nos estudos
contemporâneos, pois transforma o território de um conceito rígido para um em
constante mutação, influenciado por uma variedade de atores.
Um aspecto adicional que se destaca é a proposta de referenciar o pensador
Milton Santos para enriquecer a compreensão do conceito de território. Santos é
conhecido por analisar o conceito em conexão com a realidade e as circunstâncias
do século XXI. Essa base teórica sólida amplia consideravelmente os fundamentos
subjacentes ao conceito de território, concluindo o artigo de maneira impactante.
Portanto, o artigo desempenha um papel interdisciplinar, relevante tanto para
estudantes de geografia quanto para aqueles que atuam na área da natureza. A
compreensão aprofundada do território e de seu conceito amplia a perspectiva dos
indivíduos, estimulando o senso crítico e enriquecendo as diferentes abordagens
científicas relacionadas ao tema. É notável que os autores têm como intenção
primordial não esgotar o conceito, mas sim enriquecer a comunidade científica.
Dessa forma, pesquisadores podem se beneficiar da leitura do artigo como uma
valiosa ferramenta para orientar suas próprias investigações.
Além disso, a relevância se estende para a sociedade civil em geral, fora do
ambiente acadêmico, permitindo que a conceituação de território seja empregada
para entender aspectos cruciais e buscar a emancipação. O artigo, ao apresentar
abordagens inovadoras e perspicazes sobre o conceito de território, promove uma
contribuição valiosa tanto no campo científico quanto no contexto mais amplo da
sociedade.

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