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Geografia

O percurso epistemológico da Geografia Humana tem, como noutras Ciências


Sociais, seguido uma evolução muito rápida e de sentidos diversificados: mudam
as dinâmicas sociais e muda-se o modo de apropriação e de transformação do
território. Esta questão obriga não só a rever constantemente os suportes teóricos
e conceptuais da Geografia, como também a actualizar o conhecimento sobre a
realidade empírica, no caso, de Portugal. O corpo disciplinar da Geografia (Física e
Humana) é extremamente vasto e conhece cada vez mais especializações e áreas
de interesse partilhadas por outros saberes. Na impossibilidade da cadeira de
Geografia cobrir esta lacuna, é contudo possível centrar os objectivos em alguns
campos de interesse que a Geografia, o Urbanismo e a Arquitectura partilham.

Resultados de aprendizagem e competências

- resumir sucintamente o percurso teórico recente da Geografia,


sobretudo a partir da Geografia Clássica de influência francesa
(Orlando Ribeiro);

- sintetizar os grandes traços da Geografia de Portugal e da


diversidade dos seus padrões territoriais naturais, de ocupação e de
uso do solo, e do sistema urbano;

- precisar alguns conceitos-chave da Geografia onde mais se cruza o


interesse da Arquitectura e do Urbanismo (p.e.: rural/urbano;
cidade/campo; centro/periferia) 
Programa

A- A Geografia e os seus conceitos-base

         . A Geografia Clássica e o estudo das “Paisagens Geográficas”

         . A Geografia Neo-positivista e o estudo do“Espaço Geográfico”

         . A Geografia contemporânea e o estudo do “Território”

Este primeiro bloco de matérias pretende familiarizar os alunos com as


grandes rupturas conceptuais da Geografia e matizar o seu “olhar”
para aquilo que muda nas dinâmicas de transformação e de
apropriação do território:

- no âmbito da Geografia Clássica, a paisagem geográfica como


epifenómeno da dinâmica de relação da sociedade com as invariantes
físicas do território – clima, geologia, geomorfologia, coberto vegetal,...
-, apresentando criticamente exemplos da Geografia Regional de
Portugal e dos contrastes entre o Portugal “Atlântico”, “Mediterrânico”,
“Litoral” e “Interior”. Esta aproximação articula-se também com uma
apresentação daquilo que é hoje a diversidade do conceito de
“Paisagem” em diversos campos disciplinares: estética, ecologia da
paisagem, geografia, paisagismo, antropologia, etc.;

- no âmbito da Geografia Neo-positivista, o “espaço geográfico”


enquanto estrutura organizada por superfícies, áreas de influência,
pontos/nós, redes, fluxos, conectividades, etc., que traduzem
cartografias quantificadas de conceitos, teorias e modelos – como a
dos Lugares Centrais – sobre a organização espacial da sociedade.
Na análise urbana, a Teoria dos Lugares Centrais merece um enfoque
mais desenvolvido para familiarizar os alunos com a interpretação
funcional e com a diversidade de padrões de localização de
equipamentos e funções;

- no âmbito da Geografia contemporânea, o estudo do “território” e a


relação sociedade/território pretende abrir a diversidade de enfoques
nesta matéria, desde perspectivas sociológicas (os territórios da
exclusão, da desigualdade e da diferenciação sociais), económicas
(os distritos industriais e os sistemas produtivos), ou comportamentais
(os modos de apropriação do território e a construção de mapas
mentais).
B- Grandes traços da Geografia de Portugal

         . Os grandes contrastes físicos;

         . As regiões e os diferentes mapas regionais;

          . O Portugal urbano

Neste segundo bloco é dada uma especial importância ao “Portugal


Urbano”, enfatizando a diversidade de escalas e de padrões de
urbanização, bem como a diversidade de cartografias da “urbanidade”,
desde a pequena escala da cidade histórica à escala alargada das
conurbações e da urbanização difusa. Trabalhando a oposição
tradicional rural-urbano, pretende-se também analisar o que muda no
“rural” (desde o rural tradicional em extinção, aos espaços
especializados da produção agro-florestal, ao rural urbanizado, ou ao
rural tornado recurso turístico).

C – O que é que os conceitos querem dizer

                   . paisagem, território

 . cidade, urbano 

                   . rural, agrícola

O último bloco retoma conteúdos já abordados anteriormente de modo a


construir algumas sínteses e aumentar o rigor do uso dos conceitos. Foram
escolhidos conceitos onde hoje não existem grandes consensos, que são
partilhados por muitas áreas disciplinares, e onde abundam muitas
interpretações de senso comum. Com isto pretende-se trabalhar a capacidade
crítica do aluno, a necessidade de olhar para outras áreas do conhecimento, a
capacidade de ultrapassar o senso comum e a abordagem usada nos media, a
necessidade constante que a arquitectura tem de interpretar o que muda na
sociedade e a investigação epistemológica acerca da construção e do uso dos
conceitos e do conhecimento teórico.  

(o paradigma ambiental e da sustentabilidade, o património e a cidade


histórica, a qualidade de vida, os problemas urbanos, o alojamento, a
reacção face a políticas e projectos, etc., constituem temas
recorrentes nos media e material pedagógico do máximo interesse
para cotejar com a produção científica.)
Conceitos de geografia
Conceitos de Geografia

A palavra Geografia é de origem grega, e se formou a partir da união da palavra geo


(Terra) e grafia (descrição). Nesse sentido, a palavra Geografia significa o estudo da
Terra. Desde a Antiguidade, muitos pensadores, como Heródoto, Eratóstenes e
Estrabão, elaboraram estudos considerados geográficos, embora o conhecimento fosse
disperso e desarticulado, pois muitos estudos poderiam ser classificados como
Geografia, na medida em que se encaixavam como estudo ou descrição da Terra.

No século XIX, a Geografia se tornou uma área do conhecimento científico, isto é,


passou a ter um objeto de estudo ou de pesquisa. Karl Ritter e Alexander Von Humboldt
foram os fundadores da Geografia como ciência, e iniciaram a sistematização do
conhecimento geográfico. O espaço geográfico é o objeto de estudo da Geografia e,
portanto, é o conceito fundamental da ciência geográfica.

Espaço geográfico – É o espaço feito pelos seres humanos a partir de modificações


realizadas na natureza. A partir da definição de espaço geográfico, podemos dizer que a
Geografia é o ramo da ciência que estuda a relação entre a sociedade e a natureza, ou
seja, como os seres humanos são capazes de modificar a natureza a fim de criar o seu
próprio espaço.

Para fins didáticos, a Geografia escolar divide-se em duas grandes áreas: a Geografia
Física, que aborda temáticas voltadas para a natureza, como Geomorfologia (relevo),
Climatologia (clima), Biogeografia (vegetação), entre outros; do outro lado há a
Geografia Humana, voltada para a temática da sociedade, como Geografia Urbana
(cidades), Geografia Agrária (campo), Geografia da População (migrações, estrutura da
população), entre outros.

OBS: É importante frisar que a divisão entre Geografia Física e Humana é meramente
didática, pois na realidade os fenômenos sociais interagem com os físicos e vice-versa.
Essa interação dá origem ao espaço geográfico, que é o objeto de estuda da Geografia.

Paisagem – Tradicionalmente, a paisagem é definida como a parte do espaço geográfico


que a vista alcança. No entanto, os estudos mais recentes relacionam a paisagem com
outros sentidos além da visão. Dessa forma, a paisagem se associa aos sentidos, com
cheiro, paladar, relacionados à alguma parte do espaço geográfico.  Ex: um cheiro pode
remeter a pessoa a uma viagem realizada à alguma cidade. Dessa forma, para essa
pessoa, a paisagem daquela cidade está associada à determinado cheiro.

Basicamente, há dois tipos de paisagem: natural: é aquela que não foi modificada ou
alterada pela ação humana. Ex: cume de montanhas, praia deserta, etc. Paisagem
alterada: É aquela que já foi alterada ou modificada pela ação humana. Ex: cidades,
fazendas, etc.

OBS: Atualmente, não há paisagem totalmente intocada pela ação humana, na medida
em que a capacidade humana de interferir na natureza é muito grande. Assim, o ser
humano é capaz de impactar paisagens que não são habitadas, como, por exemplo, as
regiões polares. Em virtude do formato do nosso planeta, as regiões polares concentram
os gases clorofluorcarbonetos que dão origem ao buraco na camada de ozônio.

Território – Corresponde às relações de poder que se materializam no espaço. Os seres


humanos, naturalmente, buscam se territorializar, ou seja, estabelecer o controle sobre o
espaço. Os muros são um exemplo clássico de territorialização do espaço.

O território mais conhecido é o território nacional, que consiste no controle de


determinado estado sobre uma fração do espaço geográfico. Sendo assim, há três
elementos básicos para a existência do território nacional: autoridade, ou seja, a
soberania nacional sobre aquele espaço; leis (Constituição) que regulam a vida dos
cidadãos que vivem naquele território e Forças Armadas (Exército, Marinha e
Aeronáutica) para proteger as fronteiras daquele território contra a invasão de outros
países.

OBS: Há os chamados Estados falidos (failed states), que são os Estados que não
controlam o seu território, na medida em que há grupos terroristas, separatistas, entre
outros, que não respeitam as leis do país no qual se encontram inseridos.

Região – Corresponde a frações do espaço que apresentam características em comum.


No entanto, é importante frisar que há diferentes tipos de regionalização dependendo do
critério utilizado. No Brasil, por exemplo, há dois tipos de regionalização:

Regiões do IBGE: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa regionalização é


baseada nos aspectos físicos (clima, relevo, vegetação).

Complexos regionais: Nordeste, Amazônia e Centro-Sul. Os complexos regionais


também são chamados de regiões geoeconômicas, pois sua regionalização é baseada em
aspectos socioeconômicos.

Lugar – Conceito vinculado aos sentimentos existentes por certas frações do espaço
geográfico. Quando se nutre algum sentimento afetivo, o conceito a ser utilizado é
lugar. Ex: sua casa, rua, bairro, cidade, etc. É importante mencionar que o lugar varia de
pessoa para pessoa, ou seja, é algo subjetivo.
O conceito de lugar também está associado à identidade socioespacial, isto é, ao
conjunto de características físicas ou culturais do lugar de onde a pessoa nasceu ou
viveu. Ex: sotaque, gostos, entre outros.

Vamos praticar?

(ENEM 2012)

Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento;


ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às
comemorações.
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).

No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com a vida


social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma
dimensão:

1. a) política de apropriação efetiva do espaço.


2. b) econômica de uso de recursos do espaço.
3. c) privada de limitação sobre a utilização do espaço.
4. d) natural de composição por elementos físicos do espaço.
5. e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço.
Resposta: Letra E. Tradicionalmente, a paisagem é definida como a porção do espaço
geográfico que a vista alcança. No entanto, para além da dimensão visual, os demais
sentidos também estão vinculados à paisagem, fato que favorece a integração da
paisagem geográfica com a vida social.
 

Categoria amplamente utilizada no âmbito da política, esse conceito é comumente


entendido como uma área delimitada por fronteiras e está relacionado com uma
configuração de poder. É, portanto, uma área apropriada, uma porção do espaço
geográfico onde uma relação hierárquica estabelece-se.

A que categoria geográfica refere-se a definição acima?

1. a) paisagem
2. b) lugar
3. c) espaço geográfico
4. d) região
5. e) território
Resposta: Letra E. O conceito geográfico que está relacionado às relações de poder no
espaço geográfico é o território. E o território mais famoso consiste no território
nacional, que é delimitado por fronteiras.
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Cidade

O que é uma cidade:


Cidade é uma área densamente povoada onde se agrupam zonas
residenciais, comerciais e industriais. O significado de cidade (zona urbana,
ambiente urbano) opõe-se ao de campo (zona rural). Cidade é a sede do
município (cada divisão administrativa autônoma dentro de um Estado) a área
onde existe concentração de habitantes.

Cada Estado é composto por um conjunto de cidades, sendo que uma delas é
a capital de Estado por abrigar a sede administrativa e ser o principal centro de
atividades.

Uma cidade caracteriza-se por um estilo de vida particular dos seus habitantes,
pela urbanização (infraestrutura, organização, serviços de transporte etc), pela
concentração de atividades econômicas dos setores secundário, terciário etc.
As atividades primárias (agricultura, pecuária) são desenvolvidas na zona rural.

Uma cidade consiste em um núcleo populacional caracterizado por um


espaço amplo onde ocorrem relações e fenômenos sociais, culturais e
econômicos. Existem vários modelos de cidade, com grandes diferenças entre
eles, e por esse motivo é difícil chegar a uma definição concreta para cada um
desses modelos.

Vários autores afirmam que o nascimento das cidades ocorreu quando o


Homem deixou de ser caçador-recoletor e descobriu a agricultura. A agricultura
permitiu que o Homem tivesse abundância em comida, o que contribuiu para a
sedentariedade. Assim, no vale do Nilo, do Indo e na Mesopotâmia surgiram os
primeiros grandes núcleos urbanos, como por exemplo, Nínive, Ur, Tebas.
Posteriormente, a civilização grega e romana, criaram grandes cidades, e
criaram alguns conceitos básicos do urbanismo.


Relacionado

Bibliografia Obrigatória
Domingues Álvaro 340; Cidade e democracia. ISBN: 972-8479-39-8
Orlando Ribeiro; Geografia e Civilização, Livros Horizonte, 1983
PORTAS, N; DOMINGUES, A.; CABRAL, J.; Pol´ticas Urbanas II, Fundação Calouste
Gulbenkian, 2010
DOMINGUES, A.; A Paisagem Revisitada, Centro Estudos Geográficos, 2001
Ascher François; Metapolis. ISBN: 972-8027-88-3

Orlando Ribeiro (1911-1997) foi um importante geógrafo português do séculoXX. A


sua carreira cruza-se com as mudanças da Ciência e Universidade portuguesas,
refletindo-as. Os seus trabalhos abarcam quase todos os ramos da disciplina e outras
afins. Apresenta o seu doutoramento em Lisboa e estudou na Sorbonne sob orientação
dos mais reputados mestres do tempo. Ao voltar a Portugal renovou metodologicamente
a disciplina.

Privilegia os temas tradicionais da Geografia urbana no quadro da EscolaFrancesa


seguindo o seu método: a partir da observação da paisagem e imbricandofenómenos
naturais e humanos, procurar uma explicação para o sítio e a posição,crescimento
populacional e espacial, morfologia, fenómenos de relação e caracteresdistintivos da
cidade. Realiza amiúde comparações e tem uma abordagem historicista,humanista,
culturalista e ideográfica.

Contexto Histórico da geografia

A Geografia fora uma das cadeiras do Curso Superior de Letras criado por D.Pedro V,
em meados do século XIX, mas a sua institucionalização universitária emPortugal faz-
se após a implantação do regime republicano, em 1911, com a criação deuma
licenciatura nas Faculdade de Letras das Universidades de Coimbra, do Porto e
deLisboa. 

Orlando Ribeiro dá conta que na Universidade «As aulas em certas cadeiras degeografia
eram de uma nulidade desoladora, em História de um impudor total, pois o professor
ditava
 apontamentos
traduzidos
 de livros que nos ocultava. Em Geografia oensino era inteiramente teórico e verbal.
Fora de Portugal a Geografia dera os primeiros passos enquanto ciênciaexplicativa,
libertando-se do enciclopedismo retratado por Júlio Verne no geógrafo personagem de
Os Filhos do Capitão Grant 
 (década de 1860). Na Alemanha, FriedrichRatzel (1844-1904) estrutura-a com uma
visão darwinista, procurando estabelecer asleis gerais que regem a influência do meio sobre os
grupos humanos. Cria um termo queserá traduzido como Geografia humana, em França.
Aí, Paul Vidal de La Blache (1845-1918) segue uma linha explicativa que será apelidada de
possibilismo, por contrapontoao determinismo de Ratzel. Para ele a Geografia tem
como finalidade explicar adesigual repartição dos homens à superfície da Terra. Os
grupos humanos reagem àscondições naturais através dos géneros de vida que desenvolvem. Um
meio
uniforme pode ser valorizado por povos com género de vida adequado, daí a importância 
daregião. Nenhuma vive em autarcia pelo que é importante a análise da circulação
(comércio, migrações…). É também sensível às diferenças entre géneros de vida
existentes em meios similares e à questão das escalas, recorre a mapas,
plantas,estatísticas e trabalho de campo. Cria uma escola que estudará muitas regiões
europeias, particularmente francesas, publicando numerosas monografias sobre as entid
ades
regionais. Albert Demangeon (1872-1940) e Emmanuel De Martonne (1873-
1955)seguem-lhe as pisadas e projetam a Geografia francesa no mundo
18
.Em França, Geografia e História encontravam-se intimamente associadas. Emmeados da
década de 1930 florescia a
 École des Annales
, que modernizava a abordagemhistoriográfica, passando da descrição cronológica e do
acontecimento, ao estudo dos processos históricos e de «tempo longo». Interessa-
se em particular pelos fenómenosque perduram no tempo, privilegiando os conceitos de
civilização e de cultura. OrlandoRibeiro, decidido a dedicar-se à investigação
geográfica, estudando matérias diversasque lhe pareciam úteis para a compreensão dos
seus temas e dos seus espaços, parte para Paris, em 1937, como Leitor de Português na
Sorbonne, para colher ensinamentosna escola mais prestigiada da época. Aí será
discípulo de Demangeon de De Martonne,até à ocupação da França pelos exércitos alemães, em
1940
No fim do século XIX, paralelamente à consolidação da Geografia Humana,surge o
interesse pelas cidades sobretudo pela explicação da sua localização. Entre
os percursores deste domínio, como Charles Cooley (1864-1929) e A. Weber, a
explicaçãoera sobretudo económica, associando-se as vantagens do sítio às localizações
face àsredes de transporte. Com a influência de Ratzel e a difusão das suas ideias
(A Geografia é uma ciência humana que estuda o espaço
geográfico e suas composições, analisando a interação entre
sociedade e natureza. No âmbito desse mérito, essa área do
conhecimento utiliza, em suas abordagens, uma série de
conceitos que são considerados como basilares para a
fundamentação de seus estudos. Trata-se das chamadas
categorias da Geografia.
Os principais conceitos da Geografia, nesse sentido, são:
lugar, paisagem, região e território.
Lugar: o conceito de lugar para a Geografia está, nas principais
abordagens, vinculado a uma análise compreensiva – e, portanto,
não objetiva e nem racionalista – da realidade. Nesse sentido, ele
se articula a partir da relação ou compreensão do ser diante do
espaço geográfico, ou seja, o lugar é o espaço apropriado ou
percebido pelas relações humanas.
Sabemos que cada pessoa enxerga o mundo de forma
específica, pois isso se relaciona com o conjunto de experiências
dos indivíduos ao longo do tempo, suas concepções culturais e
seus valores morais e até religiosos. Portanto, as análises
geográficas pautadas no conceito de lugar concebem o espaço
analisado não de uma maneira direta ou racional, mas por meio
da compreensão humana e, muitas vezes, com base em valores
afetivos ou de identidade. Esse tipo de análise é mais comum no
âmbito da Geografia Cultural e da Geografia da Religião, mas
pode envolver outras áreas do saber em questão.
Paisagem: em algumas análises, a paisagem é diretamente
definida como o “aquilo que a visão alcança” ou como o “mundo
conforme a sua aparência externa”. Portanto, a paisagem
costuma ser definida como as formas com que a produção do
espaço geográfico revelam-se diante de nossos olhos.
Todavia, outras concepções desse modelo são apresentadas a
partir da refutação desse conceito. Em muitas abordagens
acadêmicas, concebe-se a paisagem não apenas a partir da
visão, mas da multissensorialidade, ou seja, a utilização dos
demais sentidos (tato, olfato, paladar e audição). Além disso, a
paisagem é, muitas vezes, reveladora de experiências e atrelada
a fatores da expressão humana e pessoais, o que dá à paisagem
uma dimensão cultural.
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Região: o conceito de região é amplamente utilizado no senso


comum, sendo geralmente empregado em referência a uma área
do espaço mais ou menos delimitada. Na Geografia, a região
refere-se a uma porção superficial designada a partir de uma
característica que lhe é marcante ou que é escolhida por aquele
que concebe a região em questão. Assim, existem regiões
naturais, regiões econômicas, regiões políticas, entre muitos
outros tipos.
Dessa forma, a região não existe diretamente, mas é uma
construção intelectual humana, em uma ideia muito defendida
pelo geógrafo estadunidense Richard Hartshorne (1899-1992)
com base na filiação filosófica de Immanuel Kant. No âmbito da
Literatura, por sua vez, essa noção está vinculada ao conceito
de regionalismo, que expressa o conjunto de costumes,
expressões linguísticas e outros valores que apresentam variação
entre uma região e outra, dando uma identidade coletiva para os
diferentes lugares.
Território: muito utilizado no âmbito da política, o território é
comumente entendido como uma área delimitada por fronteiras.
No entanto, nem sempre essas fronteiras são visíveis ou bem
delineadas. Na maioria das abordagens geográficas, o conceito
de território está relacionado com uma configuração de poder. É
portanto, uma área apropriada, uma porção do espaço geográfico
onde uma relação hierárquica estabelece-se.
O território possui uma característica importante, que é a sua
multiplicidade em termos de tipificações e de escala. Ele pode
abranger desde uma área muito restrita, como uma rua ou um
terreno qualquer, até uma coalizão internacional composta por
forças militares de diversos países. Ao mesmo tempo, seus tipos
envolvem territorialidades militares, jurídicas (vinculadas ao
Estado), naturais, culturais e até criminais, como os territórios do
tráfico de drogas ou de grupos mafiosos.)

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