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CED 07/15 – CEILÂNDIA

A GEOGRAFIA E O ESPAÇO GEOGRÁFICO


Professor: CELSO
A Geografia é uma ciência e o centro de seus estudos é o Espaço Geográfico, entendido como o cenário das relações entre a
Sociedade e a Natureza. O objetivo do ensino da Geografia nas escolas é possibilitar a compreensão das transformações desse
Espaço Geográfico, considerando que todos são parte nesse processo, inclusive você. Com a construção desses conhecimentos,
sua ação cidadã será mais consciente e mais efetiva, pois você terá entendido como e por que acontecem essas transformações.
Há milênios os conhecimentos geográficos têm auxiliado a humanidade na busca de seus objetivos. A Geografia é uma ciência
que tem se construído tendo por base várias descobertas, debates e muita pesquisa científica. Os conhecimentos produzidos pela
Geografia no decorrer dos séculos nos permitem compreender as transformações no Espaço Geográfico, nos ajudando a
entender de forma ética e crítica as questões ambientais, sociais, econômicas, políticas e culturais das sociedades.
Na Pré-História, por exemplo, não bastava apenas percorrer determinada região para buscar alimento. Era preciso conhecer
aquele Espaço Geográfico para que pudesse retornar em outro momento. Essas informações sobre as regiões começaram a ser
organizadas para dominar o Espaço Geográfico e desenvolver estratégicas de defesa e do modo de vida de cada sociedade.
Na Idade Antiga, com os Egípcios, que já contavam com vários saberes estruturados, como a escrita e alguns mapeamentos
territoriais, houve grande domínio espacial e localização de várias riquezas minerais. O mesmo se aplica as sociedades Grega,
Romana, Mesopotâmica, Chinesa, Inca, Maia, Asteca, dentre outras, que expandiram seus territórios com base em
conhecimentos geográficos. Os gregos, em especial, desenvolveram as noções e os conceitos sobre pólos, linhas imaginárias,
esfericidade da Terra, latitudes, longitudes, cartografia, etc. Tales de Mileto (640 - 5–6 a, C.), por exemplo, calculou a primeira
medida de circunferência da Terra, com grande precisão. Estrabão (63 – 25 d. C) compilou várias informações, dados e pesquisas
na obra Geographia – nome que deu origem a essa ciência.
Na Idade Média, a Igreja emergiu como grande poder e, por considerar que o conhecimento deveria advir das Sagradas
Escrituras, os conhecimentos geográficos foram postos de lado, exceto os relatos de viajantes e enciclopedistas cristãos. Nessa
época, porém, se aprimoraram os conhecimentos de navegação e localização geográfica.
No séc. XVI os conhecimentos geográficos evoluem com mais rapidez, dentre eles a Cartografia, que se aprimorava na medida
em que se conheciam novos domínios. Contudo, são ainda livros e catálogos que contêm dados e informações. Só na Idade
Moderna (séc. XIX), com desenvolvimento do Capitalismo, a constituição dos Estados Nacionais e a forte expansão dos domínios
europeus que a Geografia passa a ter corpo e métodos científicos como hoje conhecemos. Carl Ritter (1779-1859) e Alexandre
Von Humboldt (1769-1859) foram fundamentais nesse processo, com novas abordagens e correlações. Com o acúmulo de
conhecimentos, procedimentos para organizá-los, métodos, objetivos e objeto de estudo que a Geografia se constitui como
Ciência, pois já havia o conhecimento do mundo como um todo; havia um grande acúmulo de informações e houve o
aprimoramento das técnicas cartográficas.
Contudo, nessa busca por se tornar uma Ciência, vários debates ocorreram e nasceram as “Escolas Geográficas”, decorrentes de
diferentes visões da própria Geografia. Dentre outras, surge as corrente alemã do Determinismo Geográfico com Friedrich Ratzel
(1844-1904) e a corrente francesa do Possibilismo Geográfico com Paul Vidal de La Blanche (1845-1918). Ambas, porém, ainda
eram descritivas e defendiam o Capitalismo. Após a 2ª Guerra, com várias críticas e essas correntes, surge a New Geography,
com forte cunho matemático e estatístico. Nos anos 70, surge a Geografia Crítica, com a defesa de que os conhecimentos
geográficos deveriam ser usados para a transformação social, diante de um capitalismo desigual. Yves Lacoste e o brasileiro
Milton Santos são grandes expoentes dessa Geografia Crítica.
Na Idade Contemporânea, os processos sociais que comandam a produção do Espaço Geográfico agem de forma globalizada,
impulsionados pelo desenvolvimento técnico – científico – informacional. Atualmente, surgem desafios imensos para a sociedade,
dentre eles, a incapacidade de expandir territorialmente o modelo de exploração dos recursos sem desequilibrar as condições
ambientais. O desenvolvimento e preservação do meio ambiente tornam-se uma das questões atuais mais desafiadoras, e a
Geografia, com o entendimento e estudo do Espaço geográfico, tem conseguido apontar caminhos e dar algumas soluções.
A Geografia é uma ciência que constituída e reconstruída a todo instante. Há rupturas e continuidades. Não há verdades
absolutas, todas podem ser questionadas, reelaboradas e repensadas. Uma coisa é certa: todos concordam que o objeto de
estudo da Geografia é o Espaço Geográfico e seus principais conceitos são a Paisagem, o Lugar, a Região e o Território. Veja as
definições de cada um a seguir.
 Lugar: É a expressão da história cotidiana das pessoas, da maneira como elas ocupam o Espaço, dos usos que fazem e
da maneira de vivenciá-lo. O lugar, porém, também se transforma, na medida em que há desenvolvimento econômico e suas
funções e usos dos lugares mudam. O Lugar é baseado em habitante + identidade.
 Paisagem: É a aparência da realidade geográfica, aquilo que nossa percepção, especialmente a visual, capta. É
composta de objetos artificiais (construídos pelo homem) e objetos naturais (fruto dos processos da natureza). A paisagem,
porém, é a “porta de entrada” para os estudos do Espaço Geográfico, pois nela está oculta uma série de relações sociais,
econômicas e de poder.
 Região: Pode ser conceituada como uma determinada área da superfície, com extensão variável, que apresenta
características próprias e particulares que a diferencia das demais. O conceito de região está associado à categoria de
particularidade. Contudo, com o avanço da globalização capitalista, as regiões se moderniza, e estabelecem, cada vez mais,
relações entre si – o que tem reduzido o isolamento e a diferenciação entre elas.
 Território: É o espaço geográfico sob o controle de um poder instituído – o Estado Nacional. Porém, há situações em que
outros agentes podem controlar o Território, por exemplo, um grupo guerrilheiro que muitas vezes está em disputa com um Estado
legalmente constituído.
 Há também a Territorialidade, que é a existência de relações espaciais na cidade por parte de determinados grupos.
Esses grupos estabelecem locais de encontro para expressar livremente suas posições políticas, culturais ou ideológicas por meio
do discurso, das roupas, música, dança, grafite, etc. Dentre vários deles, existem os Punks, o movimento hip-hop, a prostituição,
etc. No campo também existem Territorialidades, especialmente grupos indígenas, comunidades quilombolas, sem-terra,
comunidades ribeirinhas, populações tradicionais, etc.
 Espaço Geográfico: É o cenário e o resultado da relação entre a Sociedade e a Natureza. Trata-se da materialização do
resultado das ações humanas e das ações da natureza no passado e no presente.
Professor: Wilson Junior - SEDF
Atividades ( Questões 1 a 4, Responda direto no seu caderno)
Obs: Ao fazer sua atividade, construa suas respostas de forma completa e contextualizada – compare, use exemplos, etc.
1) A Geografia é uma ciência que se constitui no decorrer de alguns séculos. Em vários momentos, houve avanços e vários
pesquisadores contribuíram nesse processo. Assim, faça um relato do desenvolvimento da Geografia na:
a) Idade Média b) Idade contemporânea
2) Um dos pré-requisitos para uma ciência ser definida como tal é ter um Objeto de Estudo. Na Matemática, por exemplo, seu
objetivo de estudo são os Números. A Geografia, além de seu objeto de estudo, essa ciência também possui conceitos que
definem a forma de se pesquisar e estudar Geografia. Assim, elabore o seu conceito para:
a) Paisagem b) Território
3) No texto, há menção ao geógrafo Milton Santos. Seus estudos e pesquisas inovaram a Ciência Geográfica em vários sentidos,
colocando o Brasil numa posição de destaque nos estudos sobre Globalização. Sabendo dessa importância, elabore um texto
sobre a trajetória de vida desse Geógrafo brasileiro.
4) Defina espaço geográfico.
5) Esta concepção de espaço marca profundamente os geógrafos que, a partir da década de 1970, adotaram o materialismo
histórico dialético como paradigma. O espaço é concebido como lócus da reprodução das relações sociais de produção, isto é,
reprodução da sociedade. CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.; CORRÊA, R. L. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas.RJ, 2001.
A concepção apresentada no texto está relacionada ao conceito de espaço geográfico empregado na
A) Geografia Crítica.
B) Geografia Cultural.
C) Geografia Clássica.
D) Geografia Política.
E) Geografia Ambiental.

6) (UFPA 2008) O atual espaço geográfico mundial, nos últimos anos, tem passado por um acelerado processo de reestruturação,
fruto da revolução tecnológica e da abertura dos mercados nacionais. Sobre a referida reestruturação do espaço geográfico
mundial, é correto afirmar que:
A) há uma crescente interdependência dos mercados, fruto da abertura das economias nacionais e do avanço tecnológico dos
meios de transportes e comunicações, o que tornou a circulação mais rápida, intensificando os fluxos de mercadorias, capitais e
informações.
B) o novo espaço industrial se caracteriza por funcionar em rede e, embora a gestão empresarial seja mantida nas principais
metrópoles globais, a produção está cada vez mais desconcentrada, direcionando-se às grandes cidades.
C) a dimensão cultural da globalização provoca a padronização dos costumes, tendo como referência os hábitos dos países
centrais, sobretudo dos Estados Unidos. Essa tendência enfrenta resistência em algumas regiões do mundo, como o Oriente
Médio, porque grande parte da população dessa região busca um modo de vida mais consumista.
D) a reestruturação da economia mundial altera o mundo do trabalho, o que provoca a expansão do desemprego estrutural. Esse
novo tipo de desemprego ocorre nos países periféricos e é fruto de mudanças irreversíveis, como a automação das atividades e a
desconcentração produtiva.
E) há um fortalecimento das transnacionais, pois estas assumem várias funções que antes eram exercidas pelos Estados, como o
controle dos meios de comunicações e energia. Além disso, essas corporações vêm expandindo suas áreas de influência, por
meio de processos de fusões e aquisições, o que tem eliminado as fronteiras políticas e econômicas dos Estados
Nacionais.

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