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Florestan Fernandes
Florestan Fernandes foi um sociólogo, antropólogo, escritor, político e
professor brasileiro. De origem humilde, o intelectual brasileiro trilhou os
primeiros 20 anos de sua carreira na Universidade de São Paulo até o ano em que
foi exilado por conta da promulgação do AI-5. Fernandes dedicou-se, no início de
sua carreira, ao estudo etnológico dos índios tupinambá. Após a década de 1950, o
sociólogo passou a estudar os resquícios da escravidão, o racismo e a difícil
inserção da população negra na sociedade altamente dominada por pessoas
brancas.
Florestan Fernandes nasceu na cidade de São Paulo, em 22 de julho de
1920. Sua mãe era imigrante portuguesa e teve apenas Florestan como filho. Parte da sua infância e de sua
juventude aconteceu nos cortiços das periferias de São Paulo, o que o colocou em contato direto com a sua origem.
No terceiro ano do curso primário, que hoje equivale ao Ensino Fundamental, Florestan abandonou os estudos e
foi trabalhar para ajudar a mãe. Trabalhou como engraxate, em um restaurante e em uma padaria. Com 17 anos, o
jovem voltou a estudar, fazendo uma espécie de curso de normalização extensivo, no qual concluiu o equivalente
a sete anos de estudo em três anos.
Em 1941, com 21 anos de idade, Florestan Fernandes começou o seu bacharelado em ciências sociais na
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP). Em 1943 ele obteve a
graduação, e em 1944 obteve a licenciatura em ciências sociais. Entre 1944 e 1946, o sociólogo cursou
o mestrado em antropologia pela Escola Livre de Sociologia e Política, instituição vinculada à Universidade de
São Paulo, iniciando sua pesquisa etnográfica sobre os índios tupinambá.
Em 1945 ingressou como professor no Ensino Superior, sendo professor assistente do professor Fernando
Azevedo, seu orientador de mestrado e doutorado, na USP. Na mesma época, filiou-se ao extinto Partido Socialista
Revolucionário (PSR). Em 1947, Florestan defendeu sua dissertação de mestrado intitulada A organização social
dos tupinambá. Em 1951 o sociólogo defendeu sua tese de doutorado, na USP, intitulada A função social da guerra
na sociedade tupinambá.
Em 1953, Florestan Fernandes tornou-se professor titular interino da USP, ocupando a cadeira do sociólogo
francês Roger Bastide. Em 1964, Fernandes tornou-se livre docente da mesma faculdade em que se formou, com
a defesa da tese intitulada A inserção do negro na sociedade de classes.
Em 1964 foi preso por conta de sua atuação política e docente quando estourou o golpe militar brasileiro. Em 1969,
foi novamente preso, teve seu cargo público cassado e foi exilado, indo viver no Canadá e nos Estados Unidos,
tendo lecionado em diversas universidades no exterior. Em 1972, Fernandes voltou ao Brasil. Em 1977, ele
foi professor convidado na Universidade de Yale, e no mesmo ano voltou novamente ao Brasil porque foi
contratado como professor titular pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC-SP. Florestan
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Fernandes participou das primeiras discussões e da formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
(LDB), que foi promulgada em 1996 e registrada como Lei 9.394/96.E em 1994, Florestan Fernandes precisou ser
submetido a um transplante de fígado e não obteve sucesso, falecendo em 10 de Agosto de 1995, aos 75 anos de
idade.

Ideias de Florestan Fernandes


Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no Brasil, tendo estudado primeiro os índios
tupinambá e depois os negros, sempre na perspectiva da dificuldade da integração democrática desses povos não
brancos na cultura brasileira branca. Em um Brasil que visava a industrialização
e a modernidade, e que havia deixado para trás o colonialismo e a escravidão,
fazia-se necessário buscar um modo de compreender a exclusão social e as
estruturas que permitem a exclusão, sobretudo de pobres e negros, para buscar
algum modo de alcançar essa situação.

Para Florestan Fernandes, a escravidão deixou um legado de exclusão da população negra.

• Desigualdade social: Florestan Fernandes viveu a desigualdade contra os pobres e moradores da periferia.
O sociólogo chegou a contar que, mesmo com a influência de sua madrinha, os empregos que conseguiu
quando jovem eram estigmatizados e nada melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo.
Havia uma desconfiança daquela gente. A desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua visão,
superar essa desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir moralmente.
• Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da desigualdade social era, segundo
Fernandes, por meio da educação pública e de qualidade. Fernandes foi amigo e colega profissional do
também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. Juntos, os dois elaboraram projetos de valorização da
educação básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.
• Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia das relações sociais e do acesso aos
serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, Fernandes era um democrata. Sobretudo foi defensor de
relações democráticas entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio harmonioso
entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes de “mito da democracia racial”, nunca existiu em
um país como o Brasil, que não conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista.
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A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação


sociológica
Esse livro de Florestan Fernandes foi publicado em 1975 e lança uma tese que vai na contramão de muitas
teorias sociológicas existentes até então. Seu autor defende a existência de uma revolução burguesa no Brasil, um
país dominado por outros países no processo colonial. Era um pensamento comum na sociologia que as revoluções
burguesas somente teriam ocorrido nos países em que dominavam as relações coloniais e imperialistas.
Nessa obra, a identidade social do Brasil formou-se com base em um conjunto de relações entre dominantes
e dominados e na evolução do capitalismo brasileiro. Os grandes problemas encontrados no Brasil são, para
Fernandes, os grandes problemas do capitalismo: a exclusão, a desigualdade social, a exploração da burguesia
sobre o proletariado e as consequências do racismo.
A formação social do Brasil era a de um povo feito de subalterno no processo capitalista, sendo que o
capitalismo aqui não se desenvolveu do mesmo modo como o foi na Europa e nos Estados Unidos. Para Fernandes,
era necessário entender essa complexa cadeia estrutural para compreender a formação sociológica brasileira.
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Karl Marx
Karl Marx foi um filósofo e sociólogo alemão, economista, jornalista e
teórico político e fundador do socialismo científico e desenvolvedor de uma teoria
comunista que modificou os estudos sociológicos. Junto a Friedrich Engels,
elaborou uma teoria política que embasou o chamado socialismo científico. Suas
contribuições para a Filosofia Contemporânea incluem, além da análise social e
econômica, um novo conceito de dialética, baseado na produção material da
humanidade. Seu conceito dialético, chamado de materialismo histórico
dialético, proporciona uma nova visão para a análise social e científica sobre a
história da sociedade. Ao analisar a produção material da Europa, no século XIX, Marx identificou a marcante
desigualdade e a exploração de uma classe detentora dos meios de produção (burguesia) sobre a classe explorada
(proletariado), o que marcou profundamente a sua carreira.

Biografia de Karl Marx


Karl Marx nasceu em 1818, na cidade de Tréveris, então território da Prússia. Apesar de ser um dos maiores
críticos do capitalismo e da divisão de classes sociais, ele nasceu no seio de uma família de classe alta alemã. Seu
pai foi um bem-sucedido advogado e conselheiro de governo. Marx estudou no Liceu Friedrich Wilhelm, tendo
uma formação, desde cedo, condizente com a sua classe social.
Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou no curso de Direito da Universidade de Bonn, seguindo os
passos do pai. Porém, o jovem universitário encontrou as festas e a vida boêmia. A fim de cortar o estilo de vida
que o filho levava, Heinrich Marx, seu pai, transferiu-o para a Universidade de Berlim. Lá, o contestador e
desafiador Marx conheceu o curso de Filosofia, área de estudo em que se formaria.
Na Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim, Marx foi aluno e discípulo do grande filósofo alemão
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, pessoa que influenciou a sua produção teórica, principalmente com o conceito de
dialética. Nos seus anos em Berlim, Marx mostrou-se um grande crítico de governos e governantes, com
inclinações para a crítica social.
Aos 23 anos de idade, Marx defendeu sua tese em Filosofia, obtendo o título de doutor, o que lhe
proporcionou o ingresso na carreira acadêmica. No entanto, por conta de sua ávida crítica ao governo prussiano, o
filósofo foi vetado nas universidades, o que o obrigou a trabalhar como jornalista. Pouco mais de um ano que Marx
entrou para a redação de um jornal prussiano, de cunho socialista, a censura fechou a publicação.
No mesmo ano em que Marx perdeu o emprego no jornal, 1843, casou-se em segredo com Jenny von
Westphalen. No mesmo ano, mudou-se para Paris, tendo contato com os ideais socialistas que influenciaram
fortemente a sua produção intelectual.
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O casal Karl Marx e Jenny von Westphalen teve sete filhos e quatro deles morreram ainda na infância, por
conta da situação precária em que viveram durante muito tempo, causada pela falta de dinheiro. Com a recusa de
empregos para Marx e sua carreira instável no jornalismo, o casal viveu por muito tempo apenas de partes que
receberam das heranças de seus pais.
As posições radicais de Marx legaram-lhe diversas expulsões de territórios prussianos, alemães e franceses,
sendo expulso de vez de Colônia, na Alemanha, em 1848. Também em 1848, publicou
o Manifesto Comunista, junto a Engels, o que deu início à obra marxista, que compôs o que chamamos hoje de
socialismo científico. Marx estabeleceu-se na Inglaterra, em 1849. Desde 1843 até o fim de sua vida, Marx
sobreviveu dos restos de heranças, da ajuda de Friedrich Engels e de artigos que escrevia vez ou outra para jornais.
A partir de sua estada em Londres, o filósofo passou a desenvolver a sua obra mais importante, O
Capital, além de livros que se tornaram referências para os estudos de Sociologia, de Economia e sobre o
socialismo. O filósofo faleceu no ano de 1883, dois anos após o falecimento de sua esposa, em virtude de
complicações respiratórias causadas pelo uso excessivo de tabaco.

Teoria de Karl Marx


Marx desenvolveu uma densa e extensa obra que abarca importantes conceitos filosóficos, econômicos e
históricos, além de abrir caminho para uma ampliação do método sociológico. Porém, o filósofo ficou mais
conhecido por sua teoria de análise e crítica social, que reconhecia uma divisão de classes sociais e a exploração
de uma classe privilegiada e detentora dos meios de produção sobre uma classe dominada. O conjunto de seus
conceitos importantes compõe o que Marx denominou de materialismo histórico dialético, um método de análise
social e histórica baseado na luta de classes.
Logo no início do Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam que "a
história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes".
Essa frase icônica representa o cerne do que é o marxismo: o reconhecimento de que
diferentes classes sociais são transpassadas por relações de dominação.

Marx e Engels, os autores do “Manifesto do Partido Comunista”.


Dentro da teoria geral marxista, alguns conceitos sobressaem-se por sua ampla importância dentro do próprio
sistema marxista. São eles:
• Infraestrutura: pautada na economia e por sua centralidade na esfera produtiva, que é o principal eixo
compositor do materialismo histórico. A infraestrutura envolve a divisão do trabalho, a produção e suas
relações, a compra, o comércio etc.
• Superestrutura: é um conjunto de instituições e normas que mantém a ideologia social e a lógica de
exploração funcionando. São elementos da superestrutura o Estado, as leis, a religião e a cultura.
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• Mais-valia: é a diferença entre o preço de matéria-prima e produção de uma mercadoria e o preço do


trabalho e o custo dos meios de produção da mesma mercadoria.
• Alienação: há uma separação evidente entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. A mais-valia, que nos
processos de produção manufaturados beneficiava os artesãos, no processo de produção capitalista,
beneficia o dono dos meios de produção e tira dos trabalhadores a capacidade de se reconhecer no seu
próprio trabalho.
• Burguesia: é a classe detentora dos meios de produção.
• Proletariado: é a classe operária.
Após a constatação do processo de dominação, Marx apresentou como possível solução a Revolução do
Proletariado, que seria uma revolta da classe operária que tomaria consciência de sua classe, de sua força e das
injustiças vividas. Essa revolução derrubaria o Estado e implantaria uma ditadura do proletariado, que teria como
missão acabar com a propriedade privada e minar, aos poucos, a diferença de classes sociais. O fim disso seria,
supostamente, o comunismo, ou seja, a forma perfeita do socialismo, de acordo com o teórico.

Karl Marx e a Sociologia


As contribuições de Marx para a História, para a Filosofia e a
formulação de um novo modo de análise social, voltada para a crítica
do capitalismo, foram fundamentais para a disseminação da Sociologia
e para sustentar um método sociológico mais sólido. A teoria crítica do
capitalismo fundada por Marx e Engels esclareceu alguns fatores que
a análise de Durkheim (Junto a Karl Marx e Max Weber, Durkheim
compõe a tríade dos pensadores clássicos da Sociologia) sobre as
sociedades capitalistas industriais não aborda.
Na juventude de Marx, a Sociologia ainda não tinha surgido como uma ciência metódica e acadêmica, pois
o responsável pela formulação do método sociológico foi o francês Émile Durkheim. Porém, os conceitos
presentes na obra de Marx, não somente os que dizem respeito à teoria marxista ou ao socialismo, deixaram para
os sociólogos posteriores respostas sobre uma lógica capitalista de um sistema de privilégios, em que uma classe
sobrepõe-se à outra e sobre o funcionamento interno do mercado e da produção.
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Obras de Karl Marx


As principais obras de Karl Marx, produzidas para a publicação, são:
• Manifesto do Partido Comunista: escrita a quatro mãos, com Friedrich Engels, o manifesto fundou um
novo pensamento socialista-comunista.
• A Ideologia Alemã: um dos mais importantes trabalhos de Marx. Esse livro, escrito e publicado entre 1845
e 1846, traz à tona uma primeira formulação precisa do conceito de materialismo histórico dialético,
demonstrando que a tese dialética de Marx tomou um rumo totalmente diferente da dialética de seu
professor, Hegel. Aliás, o livro de Marx é escrito quase que todo para criticar Hegel e os idealistas alemães,
que se distanciavam da prática e da vida material, que é a única possibilidade concreta de uma revolução.
• Contribuição para uma Crítica da Economia Política: nesse escrito, Marx faz uma espécie de "preparação
do terreno" para a obra magna que viria alguns anos depois. Nessa obra, Marx fala de algumas noções
relacionadas ao valor, à moeda e à mercadoria.
• O Capital: Tida como a mais densa e completa produção marxista, O Capital é o ápice da produção do
filósofo e consagrou de vez a sua teoria social sobre a divisão de classes sociais, a burguesia e a exploração
do trabalho. Nessa obra, Marx faz uma espécie de genealogia do capitalismo e estuda as contradições
geradas por esse sistema. Segundo o filósofo, o capitalismo seria derrubado por suas contradições, tomado
pela classe operária e substituído pelo comunismo.

Frases
• "Até agora os filósofos ficam preocupados na interpretação do mundo de várias maneiras. O que importa é
transformá-lo."
• "As oposições teóricas só podem ser resolvidas de uma maneira prática, pela energia prática do homem.
Sua solução não é de nenhum modo tarefa exclusiva do conhecimento, mas uma tarefa real da vida que a
filosofia não poderia resolver porque ela só a reconhece como uma tarefa puramente teórica."
• "A religião é o ópio do povo."
• "A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes."
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Max Weber
O sociólogo alemão Max Weber é considerado um dos pensadores clássicos da
sociologia e desenvolveu um método de análise social baseado no que ele
chamou de ação social.
O sociólogo alemão Max Weber é um dos principais teóricos da sociologia e
ocupa, junto a Émile Durkheim e Karl Marx, uma das bases da chamada
tríade da sociologia clássica. Weber fundou um método de estudo sociológico
baseado no que ele chamou de ação social e produziu estudos profícuos para a
compreensão da formação do capitalismo. O livro mais difundido de Weber é A
ética protestante e o espírito do capitalismo, em que ele analisa a proximidade
da formação do capitalismo com a disseminação do protestantismo.

Max Weber era membro da tríade da sociologia clássica.

Resumo sobre Max Weber


• Sociólogo e economista alemão;
• Analisou a formação do capitalismo;
• Ao contrário de Marx, era a favor do capitalismo;
• Desenvolveu uma teoria que aproximava a origem do capitalismo à religião protestante;
• Desenvolveu a teoria da ação social como método de análise sociológica.

Biografia de Max Weber


Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, jurista e economista alemão. Nascido em
uma família de posses liderada por um advogado, Weber foi educado com a rigidez da religião protestante e com
o despertar do gosto pelo estudo e pelo trabalho.
Em 1882, Weber ingressa no curso de Direito da Universidade de Heidelberg, onde, para além das ciências
jurídicas, aprofundou seus estudos em economia e teologia. Em 1889 concluiu o seu doutorado em Direito, na
Universidade de Berlim, e, em 1893, foi nomeado professor na Universidade de Freiburg.
Entre os anos de 1882 e 1897, além da carreira acadêmica, Weber atuou no cenário político alemão, não
obtendo muito sucesso. O sociólogo era um homem muito rígido consigo, e a sua idealização do trabalho e do
sucesso financeiro como realização de um homem digno (ideia que aparece na obra citada) parecia acompanhar a
sua vida.
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Max Weber vivenciou a Primeira Guerra Mundial e, em 1919, foi conselheiro da delegação alemã nas
conferências que antecederam o Tratado de Versalhes. A Alemanha perdeu muito com o acordo, pois teve seu
exército reduzido, perdeu território e teve que pagar uma indenização pelos estragos causados pela guerra.
Entre 1919 e 1920, Weber também atuou como membro da comissão que formulou a Constituição de
Weimar — documento que oficializou a chamada República de Weimar, período republicano da Alemanha que
iniciou com o fim do Segundo Reich (segundo império que começou em 1871 com a unificação de Bismarck) e
terminou com o início do Terceiro Reich (terceiro império que se iniciou com a chegada de Hitler ao poder em
1933).
Em 1920 uma pneumonia severa acamou Weber e levou-o à morte aos 56 anos de idade. Até
então, o sociólogo havia publicado apenas os livros A ética protestante e o espírito do
capitalismo (1905), Economia e sociedade (1910) e A ciência como vocação (1917). Após a
sua morte, Marianne Schnitger Weber, sua esposa, realizou uma curadoria de sua obra e foi
responsável pela publicação póstuma de um segundo volume de Economia e
sociedade (1921), A metodologia das ciências sociais (1922) e História econômica
geral (1923).
Max e Marianne Weber, em 1894

Teoria, pensamentos e principais ideias de Max Weber


Os principais objetos de estudo de Weber na sociologia foram o capitalismo e o protestantismo, levando o
sociólogo a desenvolver uma sociologia da teologia. A visão weberiana do capitalismo era diferente da
visão marxista. Enquanto Marx via no capitalismo a exploração do proletariado pela burguesia, Weber encara-o
como o fruto de um ideal, o ideal do capitalismo. Como um ideal, o capitalismo promovia uma espécie de
racionalização do trabalho e do dinheiro, sendo sustentado pela prosperidade e pela capacidade cada vez maior
de gerar dinheiro.
Max Weber foi profundamente influenciado pela filosofia de Immanuel Kant sustentada pelo idealismo.
Para Kant, o plano das ideias e conceitos deveria pautar todo o trabalho filosófico, que partiria da prática para
chegar aos conceitos mais puros e a priori (anteriores a qualquer vivência material). Weber acreditava que o
capitalismo originava-se com um ideal, com um espírito, e a partir disso, esse sistema ia sendo construído na
prática. Com base nesse ideal, surgiu a noção de administração como ciência capaz de promover o crescimento do
capital.
Para escrever A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber leu o texto Conselho a um jovem
comerciante, de Benjamin Franklin. Com base nesse texto, que expressa a noção que ficou conhecida como um
bordão de Franklin, time is money (tempo é dinheiro), e da observação de nações europeias e dos Estados Unidos,
Weber elaborou a teoria que dizia que o capitalismo teria sido aprimorado com o protestantismo, em especial
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o calvinista (em nações como a Inglaterra e os Estados Unidos). Para Franklin, o dinheiro deveria ser movimentado
e ampliado, e essa ampliação dava-se como ensinava a tradição calvinista, por meio do trabalho.
Para os calvinistas, havia uma noção de predestinação (trabalhada por Weber como hipótese a ser
considerada) que dizia que o homem já nascia predestinado ao paraíso ou ao inferno. A maneira de saber se
determinada pessoa iria para o céu era medir o seu sucesso no trabalho e a sua resistência ao pecado. Como pecado,
os calvinistas incluíam as diversões fúteis, como festas e luxo, além do ócio e da preguiça.
O homem de valor para os calvinistas era aquele que trabalhava muito, o máximo que o seu corpo
aguentasse, e não se entregava aos prazeres da vida, acumulando assim cada vez mais dinheiro. Para as outras
vertentes protestantes, há uma ideia geral bem semelhante a essa de valorização do trabalho e de fuga dos prazeres.
Isso fez com que Weber enxergasse a diferença de desenvolvimento econômico entre nações predominantemente
protestantes que se tornaram as maiores potências econômicas (Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos) e nações
predominantemente católicas que não tiveram tanto crescimento econômico, como Espanha, Portugal e Itália.
A ideia do teórico político e estadista estadunidense Benjamin Franklin estava sustentada no ideal
calvinista, e o aumento do dinheiro por meio do trabalho e da fuga do ócio e dos prazeres parecia ser uma hipótese
bem plausível para Weber, no sentido de medir o sucesso de uma pessoa. Era esperado de alguém que conseguisse
ganhar dinheiro multiplicá-lo para mostrar o seu valor pessoal e moral.
A ética, nesse sentido, era uma prática voltada para um modo de agir que fugisse de qualquer distração e
de qualquer pecado e que procurasse no trabalho o maior meio de chegar-se a Deus. Por isso Weber ficou tão
frustrado durante um tempo de sua vida em que não conseguia obter sua sustentação financeira e sentiu vergonha
do tempo em que foi acometido pela depressão e não conseguiu trabalhar.

Ação social de Max Weber


Para a metodologia sociológica, Weber contribuiu formulando a sua teoria da ação social. Segundo o
sociólogo, era necessário que o pesquisador fosse dotado de uma neutralidade axiológica, ou seja, de
uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. Com base em uma análise neutra e imparcial, o sociólogo
deveria identificar as ações sociais dos sujeitos e classificá-las. Nisso, Weber discorda do método de Durkheim,
que visa buscar fatos sociais que se repetem em todas as sociedades e são invariáveis.
Para Weber, as ações individuais é que forneciam o material necessário para chegar-se a um estudo válido.
No entanto, por serem as ações sociais tão vastas e diversas, o sociólogo deveria buscar um padrão de correção para
que o seu trabalho tivesse uma validade científica e um respaldo metodológico.
Esse padrão de correção estava localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que eram balizas para
estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são perfeitos e imutáveis, não existindo
na prática. Nessa se encontram as ações que poderiam afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais. Weber separa e
classifica as ações sociais em quatro tipos. São eles:
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1. Ação social racional com relação a fins: é um tipo de ação pensada e calculada para atingir alguma
finalidade. Por exemplo, casar-se para constituir uma família. A ação social é o matrimônio e a finalidade
dessa ação é a constituição da família.
2. Ação social racional com relação a valores: é um tipo de ação social pensada e calculada para atingir
algum tipo de valor moral, ou visando como fundo a moralidade. Por exemplo, fazer o que a moral
considera certo, como não roubar.
3. Ação social tradicional: não é racional e nem calculada. Consiste numa forma de agir de acordo com a
tradição, respeitando o que a sociedade considera como o que deve ser feito. Retomando o exemplo do
matrimônio, seria casar-se porque a sociedade impõe o casamento como uma tradição que deve ser seguida.
4. Ação social afetiva: não é racional. Ela segue os afetos e as paixões, os sentimentos e as afecções. É o tipo
de ação motivada por sentimentos, como amor, paixão, medo.
No campo da teoria da sociologia política, Weber contribuiu com uma teoria da dominação, que fala dos modos
de poder existentes. Para o pensador, existem três tipos de poder ou dominação exercidos que lhes conferem alguma
legitimidade:
1. A dominação legal: ocorre por meio das leis. É o poder exercido por aqueles que a lei permitiu exercê-lo,
como os representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, no caso de nossa República.
2. A dominação tradicional: justifica-se pela tradição. Por exemplo, em uma sociedade patriarcal, o pai
exerce o poder autoritário dentro da família e respalda-se na tradição para exercitá-lo.
3. A dominação carismática: é exercida por lideranças carismáticas, que têm o dom de atrair o apoio das
massas com seus discursos, como de maneira mágica. Temos vários exemplos desse tipo de liderança na
história mundial, como Hitler, Mussolini, Getúlio Vargas e Fidel Castro.

Influências de Max Weber


Vários são os pensadores que influenciaram a sociologia de Max Weber. Por ser um grande estudioso, dedicado à
leitura e à pesquisa, Weber pegou de empréstimo várias ideias para seus trabalhos. Podemos destacar como centrais
para sua obra os seguintes pensadores:
• Friedrich Nietzsche: Embora a relação e a leitura de Weber e do filósofo alemão Nietzsche sobre o
cristianismo e a religião sejam completamente opostas, o sociólogo adotou uma noção de
ciência e de história muito próxima da filosofia nietzschiana, que não aceitava a história
defendida pelos positivistas (baseada no fato histórico simples e cru), mas buscava
compreender as interpretações de pessoas na história e levava em consideração a perspectiva
sobre a verdade científica.

Friedrich Nietzsche influenciou Weber em suas noções de ciência e história.


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• Immanuel Kant: O filósofo idealista alemão foi um dos principais influenciadores de Weber para a
compreensão da existência de ideias que se situam em um campo imutável, que apresentam as formas sobre
as coisas, os conceitos, os significados etc.
• John Stuart Mill: O filósofo inglês criou a teoria da moral utilitarista, que é um tipo de ética baseada em
ações úteis para as pessoas, causando maior benefício a um maior número dessas. Essa teoria fez Weber
enxergar no capitalismo uma justificativa utilitária: promover o benefício por meio do trabalho e da
multiplicação do dinheiro.
• Alexis de Tocqueville: O filósofo francês foi um grande defensor do liberalismo, teoria econômica alinhada
com o capitalismo que previa a liberdade econômica para empreender-se sem a interferência do Estado.
Weber colheu noções do liberalismo clássico para compor a sua análise do capitalismo
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Émile Durkheim.

Émile Durkheim foi um psicólogo, filósofo e sociólogo francês do século


XIX. Junto a Karl Marx e Max Weber, compõe a tríade dos pensadores clássicos
da Sociologia.
Apesar de Auguste Comte ter cunhado o termo Sociologia e estabelecido as
necessidades de uma ciência que estudasse a sociedade, foi Durkheim quem formulou
as regras do método sociológico e emancipou a Sociologia como uma ciência
autônoma. Durkheim também foi o primeiro docente a ocupar uma cátedra de
Sociologia em uma universidade.
O sociólogo francês Émile Durkheim delimitou o primeiro conjunto de regras do método sociológico.

Biografia
David Émile Durkheim nasceu em Épinal, na França, em 15 de abril de 1858, em uma família tradicional
de rabinos. Estudou no Liceu Louis-Le-Grand e na Escola Normal Superior de Paris, instituições tradicionais. A
formação das instituições francesas da época foi alvo de crítica por Durkheim, que, mais tarde, afirmou haver nas
escolas uma formação muito literária e pouco científica.
Seus estudos incluíam Direito e Economia (sua formação acadêmica inicial), Filosofia (disciplina que
lecionou em liceus franceses), Ciências da Natureza, principalmente a Biologia de Herbert Spencer, pensador que
marcou profundamente os seus estudos em relação aos modelos biológicos de aplicação sociológica, e a Psicologia,
por meio do Laboratório de Psicologia Experimental, de Wilhelm Wundt.
Seus estudos variados induziram Durkheim a procurar modelos biológicos e sociais conjuntos e também a
tecer um olhar diferenciado para a Antropologia. O conjunto de fatores resultou na formulação da teoria dos fatos
sociais, que afirmaria a primazia do entendimento de fatos gerais que marcam as sociedades (como leis), os quais
seriam maiores e mais facilmente explicáveis que as questões individuais psicológicas.
A maior ambição (e mais tarde o maior fato consumado) do pensador na época era criar um campo
de estudos das Ciências Sociais totalmente autônomo, que não dependesse dos domínios de outras ciências, como
a Biologia e a Psicologia, e não dependesse dos modelos demasiadamente abstratos da Filosofia que Comte tinha
legado ao trabalho sociológico.
Aos 29 anos de idade, Durkheim passou a integrar o corpo docente da Universidade de Bordéus, como
encarregado de cursos, criando e ocupando a primeira cátedra de Sociologia no ensino superior. A partir daí foi
marcado o início oficial da Sociologia enquanto disciplina e ciência autônoma, apesar das primeiras ideias e o
nome terem surgido anos antes com o filósofo francês Auguste Comte.
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Toda a produção intelectual de Durkheim, a partir de 1887, voltou-se para o estudo da Sociologia e do
entendimento do que ele chamou de fatos sociais, que seriam leis gerais que regem as sociedades e conferem ao
cientista a chave para o estudo sociológico.
Em 15 de novembro de 1917, Durkheim faleceu na cidade de Paris após ter apoiado intelectualmente e com
forte apelo nacionalista a França na Primeira Guerra Mundial.

Influências
Podemos contar vários pensadores que influenciaram Durkheim para a formulação do montante de sua
obra. Duas das principais mentes que marcaram os inícios dos estudos de Durkheim são o antropólogo e biólogo
inglês Herbert Spencer, um dos teóricos do liberalismo clássico, e Alfred Espinas, biólogo, filósofo e sociólogo
estudioso de Comte, que durante certo período de sua vida mostrou-se adepto ao positivismo.
Durkheim criticou algumas ideias de Comte quanto à Sociologia, o que demonstra as influências sofridas
pelo pensador considerado o criador do método sociológico por aquele que é considerado o “pai” da Sociologia
(Comte). Para Durkheim, apesar da pretensão oposta, o modelo sociológico comtiano é demasiadamente filosófico,
pois a base do positivismo e da Sociologia é a lei dos três estados, que não recorre a um método preciso de
observação e estudo rigoroso de uma sociedade.

Regras do método sociológico


A Sociologia, enquanto ciência bem estruturada, deve ter um método próprio que garanta que ela não caia
nas contradições e nas apressadas conclusões do senso comum. Se existe uma ciência das sociedades, é de desejar
que ela não consista simplesmente numa paráfrase dos preconceitos tradicionais, mas nos faça ver as coisas de
maneira diferente da sua aparência vulgar. De fato, o objeto de qualquer ciência é fazer descobertas, e toda
descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões herdadas.
Se existe uma ciência da sociedade com estatuto científico, ela deve partir de um método rigoroso que
impeça a interferência tradicional. Os modelos anteriores, como o de Comte, levam o sociólogo a cair em um
modelo de dedução metafísica filosófica que, segundo Durkheim, teria mais utilidade para fazer uma filosofia da
história do que para construir uma ciência da sociedade. O sociólogo deve buscar entender os fatos comuns da
sociedade, os fatos sociais, como “coisas” objetivas.
Uma das tarefas do sociólogo é, então, compreender esses fatos que organizam a sociedade de determinado
local e determinada época, como a educação. Deve-se ter em mente, porém, que, apesar das diferenças, existem
estruturas organizacionais que regem essas sociedades e moldam-nas de maneira mais ou menos similar, ou seja,
apesar das diferenças de época e lugar, existem sempre elementos em comum determinados pelos fatos sociais que
possibilitam ao sociólogo traçar um método científico de observação.
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Os fatos sociais são distinguidos pela “sua exterioridade em relação às consciências individuais” e pela
“ação coerciva que exerce ou é suscetível de exercer sobre essas mesmas consciências”. Isso significa dizer que os
fatos sociais são maiores que qualquer consciência individual e eles criam o que o sociólogo chamou de consciência
coletiva.
Não há, por conta da coercitividade dos fatos sociais, maneira de
uma consciência psicológica individual (uma pessoa) agir de livre e espontânea vontade, infringindo as regras
sociais, sem que ela não seja acusada ou punida depois, ou não seja, ao menos, incompreendida. Importantes
elementos encontrados nas sociedades que atuam como dados de análise para o sociólogo são as formas de coesão.
Essas formas de coesão delineiam o modo como a sociedade comporta-se, o tipo de Direito e de Justiça exercidos
nessa sociedade e o modo de solidariedade que organiza tal sociedade. Também há a determinação da divisão
social do trabalho, que é diferente em cada tipo de sociedade. As duas principais formas de coesão são formadas
pela:

• Solidariedade mecânica: delineia as sociedades mais antigas e rudimentares, sem a influência do


capitalismo. A sociedade como um todo é fechada como um mecanismo autônomo. Há
aqui maior coesão social e ausência da divisão social do trabalho, que fecha a sociedade e promove a ajuda
mútua entre as pessoas. Também há uma forma de direito mais primitiva que considera o ato social
indesejado um crime contra toda a sociedade e que deve ser exemplarmente punido por meio do suplício
público e do castigo físico.
• Solidariedade orgânica: como um organismo que necessita de várias peças e mecanismos distintos para
funcionar, são as sociedades mais desenvolvidas e sob influência do capitalismo. Há a divisão social do
trabalho e a desigualdade social, que fecha os grupos em seus interiores e promove a solidariedade apenas
entre os grupos fechados que enxergam a irmandade apenas entre si e não com os outros.

O suicídio
Durkheim entende que o suicídio é um fato social presente em todas as sociedades, variando apenas os
números e os tipos de suicídio desenvolvidos em diferentes sociedades. Ele considera o suicídio como “toda morte
que resulta mediata ou imediatamente de um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima.”
Isso significa que o suicídio é classificado como tal apenas quando há a intenção do suicida de provocar a
própria morte, deixando de lado os casos acidentais ou de imprudência. Existem três tipos de suicídio que marcam
as sociedades e variam, de acordo com cada lugar e cada tempo. São eles:
• Suicídio egoísta: quando o ego pessoal sobrepõe-se ao ego social, e o indivíduo não suporta a vida e não
vê, na sociedade, motivos para continuar vivo.
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• Suicídio altruísta: quando o ego social é maior que o ego individual, e o sujeito encerra a própria vida
por uma ação maior que ele, em benefício da sociedade. São exemplos os pilotos kamikaze da Segunda
Guerra Mundial, que chocavam seus próprios aviões contra os alvos.
• Suicídio anômico: acontece em situação de anomia social, ou seja, desordem e caos. Geralmente ele
acontece em quais as pessoas sentem-se afetadas pela anomia e não vêm sentido em viver daquela
maneira ou têm a mente afetada pelo caos.

Livros
A Sociologia clássica foi marcada por muitas obras publicadas por Durkheim, como:
• Elementos de Sociologia (1889)
• A Divisão do Trabalho Social (1893)
• As Regras do Método Sociológico (1895)
• O Suicídio (1897)
• As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912)
• Educação e Sociologia (1922 – publicação póstuma)
• Sociologia e Filosofia (1924 – publicação póstuma)
• A Educação Moral (1925 – publicação póstuma)
• O Socialismo (1928 – publicação póstuma)
Em 1898, o pensador fundou L’Année Sociologique (Os Anais Sociológicos), revista de grande importância
histórica para a Sociologia, pois os primeiros trabalhos de Sociologia Clássica da Escola Francesa de Sociologia
foram publicados lá.

Frases
• "Se todos os corações vibram em uníssono, não é por causa de uma concordância espontânea e
preestabelecida; é que uma mesma força os move no mesmo sentido. Cada um é arrastado por todos."
• "A religião não é somente um sistema de ideias, ela é antes de tudo um sistema de forças."
• "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção
exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando existência própria,
independente das manifestações individuais que possa ter."
• "A sociedade e cada meio social particular determinam o ideal que a educação realiza."
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Octavio Ianni
Octavio Ianni nasceu em Itú no interior de São Paulo em 1926. Ingressou aos 23 anos
na turma de 1949 do curso de Ciências Sociais da antiga Faculdade de Filosofia da
Universidade de São Paulo (USP). Vindo de família humilde e enfrentando
dificuldades financeiras teve mesmo que interromper os estudos por dois anos, período
no qual desempenhou trabalhos manuais como assistente de editora na Companhia
Editora Nacional, e como tipógrafo. Do curso terminado em 1954 algumas marcas que
irão compor a personalidade do sociólogo que iria se tornar: a perseverança em
enfrentar os obstáculos (materiais e intelectuais) e a opção pelas classes subalternas.
Teve participação importante em diferentes momentos da consolidação da Sociologia no Brasil. Logo após
a formatura, integrou a chamada Escola paulista de sociologia, expressão pela qual ficou conhecido o grupo de
docentes-assistentes que se vincularam à cadeira de Sociologia I, dirigida por Florestan Fernandes fortemente
marcada pela luta em favor do reconhecimento da profissão de sociólogo, pela institucionalização da pesquisa e
pelas ações de natureza claramente intervencionista. Em paralelo, outro fato marcante iria se destacar e influenciar
fortemente o percurso de Ianni: sua participação, entre 1958 e 1964, na primeira geração do famoso Seminário d’
O Capital, ou simplesmente Seminário Marx. O grupo multidisciplinar de recém-professores era formado
inicialmente por José Arthur Giannotti (Filosofia), Fernando Novais (História), Ruth Cardoso (Antropologia), Paul
Singer (Economia), Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso (Sociologia) e dele também fizeram parte, com
“estatuto de aprendizes”, alguns estudantes como Roberto Schwarz (Crítica Literária), Bento Prado Júnior
(Filosofia), Francisco Weffort (Ciência Política) e Michael Löwy (Sociologia).
A influência do Seminário não tardou a se fazer presente nas formulações intelectuais do cientista social
Octavio Ianni que introduziu pioneiramente na USP cursos sobre Marx e iniciou ali um processo fecundo de análise
da realidade social brasileira a partir da perspectiva marxista. Como poucos soube utilizar, de forma consistente e
totalizante, o método dialético, o materialismo histórico e a análise das classes sociais para elucidar – sem qualquer
dogmatismo – temas caros à nossa realidade social. Da mesma forma, participou do Centro de Sociologia Industrial
e do Trabalho (Cesit), no período entre 1961 e 1962, que formulou uma agenda específica de estudos na área de
sociologia política sobre o subdesenvolvimento, o Estado e as classes sociais no Brasil. Para Octavio Ianni, o
resultado direto da experiência do projeto Cesit foram algumas obras da sua sociologia crítica marcada por
intervenções escritas “no calor da hora”, como Política e revolução social no Brasil (1965), organizada em parceria
com Gabriel Cohn, Paul Singer e Francisco Weffort, e sua tese de livre docência O Estado e o desenvolvimento
econômico defendida em 1964, assim como o clássico O colapso do populismo no Brasil (1968), elaborado na
conjuntura de endurecimento da ditadura. Aposentado arbitrariamente por ato baseado no Ato Institucional nº 5
(AI-5), foi alijado de suas funções docentes e de pesquisador na USP. Mais tarde, chegou a ser preso pela operação
Tarrafa em abril de 1970.
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Fez parte da equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), fundado
em maio 1969 e do qual se tornou membro no início da década de 1970. No centro de estudos e pesquisas produziu
obras de destaque como Imperialismo na América Latina (1974), A formação do Estado populista na América
Latina (1975), Escravidão e racismo (1978), Ditadura e agricultura (1979), a organização do livro Marx: sociologia
(1979) e O ABC da classe operária (1980). No seu último ano como pesquisador no Cebrap, em 1981, produziu
ainda o notável A ditadura do grande capital.
Nos anos 1970 foi professor visitante e conferencista em universidades no México, Estados Unidos,
Inglaterra, Espanha e Itália. Durante o seu exílio, sua produção alçou voos internacionais, tendo publicado livros
nas línguas espanhola, italiana e inglesa. No retorno ao Brasil voltou a lecionar em 1977 na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) que se distinguiu como espaço de resistência à ditadura e abrigou nomes como
Florestan Fernandes, Maurício Tragtenberg, Paulo Freire e Paul Singer e, em 1986 voltou à universidade pública
como professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tanto na USP como na Unicamp recebeu o
título de Professor Emérito, além dos títulos de professor Honoris Causa da Universidade de Buenos Aires (UBA)
e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Foi um dos intelectuais mais influentes do Brasil e, na década de 1990, sua pesquisa se concentrou na crítica
à globalização, enquanto nova face do capitalismo “como modo de produção e processo civilizatório”. Desta última
fase ganhou, ainda, dois prêmios Jabuti na categoria Ensaios com o livro A sociedade global (1992) e na categoria
de Ciências Humanas com o livro Teorias da globalização (1996). Foi 1º secretário da Sociedade Brasileira de
Sociologia entre 1960-1962 quando da presidência da entidade pelo Prof. Florestan Fernandes. Em 2003 recebeu
o prêmio Florestan Fernandes instituído pela SBS neste mesmo ano. Com o livro Enigmas da modernidade-mundo
(2000) recebeu o prêmio de Ensaio, Crítica e História Literária da Academia Brasileira de Letras, assim como o
Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, como intelectual do ano em 2000. Sua biblioteca particular
foi doada em 2002 à Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Araraquara, pelo próprio sociólogo, que
veio a falecer de câncer em São Paulo aos 77 anos no dia 04 de abril de 2004.

SUGESTÃO DE OBRAS DO AUTOR


IANNI, Octavio. O ABC da classe operária. São Paulo: Hucitec, 1980.
_____. Estado e planejamento econômico no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2009.
_____. A ditadura do grande capital. São Paulo: Expressão Popular, 2019.
SOBRE O AUTOR
FALEIROS, Maria Izabel Leme; CRESPO, Regina Aída (Org.). Humanismo e compromisso: ensaios sobre
Octavio Ianni. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.
IAMAMOTO, Marilda Villela; BEHRING, Elaine Rosseti (Org.). Pensamento de Octavio Ianni: um balanço de
sua contribuição à interpretação do Brasil. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009.
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Pierre Bourdieu
Pierre Bourdieu foi um dos intelectuais mais influentes do
século XX, filósofo, etnólogo e sociólogo. Sua obra repercutiu
mundialmente e foi um marco para as ciências humanas.
Filósofo por formação, desenvolveu importantes trabalhos de
etnologia, no campo da antropologia, e conceitos de profunda
relevância no campo da sociologia, como habitus, campo e capital
social. Sua obra é extensa e abrangente, com contribuição para
diversas áreas do conhecimento, especialmente na educação
e cultura.

Biografia de Pierre Bourdieu


Pierre Félix Bourdieu nasceu em 1º de agosto de 1930, em Béarn, no sudoeste da França. Bourdieu era
de família humilde. Filho de um funcionário dos correios, cursou o ensino básico em sua cidade, com filhos de
pequenos comerciantes, camponeses e operários. Já no ensino médio, estudou em Pau, cidade vizinha, onde se
destacou nos estudos e no esporte, jogava rúgbi e pelota basca. Na juventude mudou-se para Paris para cursar
Filosofia na École Normale Supérieure. Concluiu sua graduação em 1954.
Em 1955 foi lecionar filosofia numa cidade francesa da região central, porém foi convocado pelo exército
para servir em Versalhes. Teve um comportamento rebelde e foi punido com a convocação para ir à Argélia, até
então colônia francesa, participar do serviço militar de pacificação num contexto de lutas por libertação nacional.
Nesse período foi professor-assistente na Universidade de Argel, entre 1958 e 1960, e aproximou-se da
antropologia ao interessar-se em estudar a sociedade argelina, mais especificamente o choque entre o capitalismo
colonial e o desejo de independência. Em 1960 teve de ir embora às pressas porque o grupo argelino havia tomado
o poder e os franceses considerados liberais estavam sob ameaça de morte.
Quando retornou a Paris, Bourdieu trabalhou na Universidade de Lille. Em Sorbonne, passou a ler
sistematicamente e preparar seminários sobre os autores da sociologia clássica, Durkheim, Marx e Weber. Em
1962, fundou o Centro Europeu de Sociologia e tornou-se diretor de estudos da Escola de Estudos Superiores em
Ciências Sociais. Sua intensa produção intelectual e suas pesquisas de etnologia desenvolvidas nas décadas de
1960 e 1970 tiveram profundo impacto na sociologia.
Sua observação e análise dos hábitos culturais, especialmente dos franceses, conduziram-no à conclusão de
que os gostos e estilos de vida eram condicionados pela experiência social de cada grupo: classe operária, classe
média e burguesia. Sua obra mais importante é A distinção: crítica social do julgamento, lançada em 1979.
Em 1981, quando já caminhava para o reconhecimento internacional, assumiu a cátedra de Sociologia no
Collège de France. Lecionou, também, em renomadas universidades ao redor do mundo, como Instituto Max
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Planck, na Alemanha, e universidades de Harvard e Chicago, nos EUA. Recebeu o título de Doutor Honoris
Causa da Universidade Livre de Berlim (1989), da Universidade Johann Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e
da Universidade de Atenas (1996).
Foi um dos mais importantes intelectuais do século XX, sua obra tornou-se referência na antropologia e na
sociologia e abarcou uma ampla gama de temas, tais como educação, comunicação, política, cultura, linguística,
artes, literatura, entre outros.
Bourdieu teve como marca intelectual a defesa da interdisciplinaridade nas ciências humanas e sociais e a
constante busca por independência intelectual. Lia autores de diferentes correntes teóricas para formar seu
pensamento. Destacou-se por fortalecer editorialmente escritores jovens e por apoiar greves de trabalhadores,
chegando a ser apelidado de “sociólogo do povo”. Faleceu em Paris, em 23 de janeiro de 2002, vítima de câncer.

Teoria de Pierre Bourdieu


Para Bourdieu, a estrutura social é um sistema hierárquico em que os diversos arranjos interdependentes de
poder material e simbólico determinam a posição social ocupada por cada grupo. O poder tem múltiplas fontes,
por isso, a influência que um determinado grupo exerce sobre os demais é fruto da articulação entre elas:
• poder financeiro
• poder cultural
• poder social
• poder simbólico
A cada um desses, Bourdieu chama de capital, pois representam a capitalização de um ativo importante para
ter-se uma posição de destaque em determinada sociedade e contexto histórico. A distribuição desigual desses
poderes, que também podemos chamar de recursos, consolida e reproduz a hierarquia social ao longo do tempo.
Bourdieu divide os poderes em quatro tipos de capital:
• Capital econômico: abrange os recursos materiais, renda e posses.
• Capital cultural: aglutina o conhecimento formal, isto é, o saber socialmente reconhecido por meio de
diplomas.
• Capital social: refere-se às relações sociais que podem ser capitalizadas, ou seja, à rede de relações que
propicia algum tipo de ganho, que pode ser prestígio, um bom emprego, aumento de salário, influência
política, espaço no mundo cultural; enfim, representa benefícios em qualquer das outras modalidades de
poder.
• Capital simbólico: é o que confere status, honra e prestígio, tratamento diferenciado, privilégios sociais.
A soma ou a ausência desses recursos de poder, herdados ou adquiridos, determinará o lugar ocupado por
grupos e indivíduos na hierárquica estrutura das sociedades e condicionará seu estilo de vida e suas
oportunidades de ascensão.
21

Ao pesquisar as práticas de lazer e consumo cultural da sociedade francesa, Bourdieu chegou à conclusão de
que a variedade de gostos e de hábitos era profundamente marcada pela trajetória social dos indivíduos, isto é, pela
experiência de socialização em que foram integrados, pela educação que receberam. O gosto por determinado tipo
de manifestação artística não é inato ou fruto exclusivo de sensibilidade individual, e sim consequência de um
processo educativo encabeçado pela família e pela escola.
Bourdieu questionou a ideia de que o gosto cultural e os hábitos de vida são inclinações pessoais e íntimas.
Esse brilhante sociólogo mostrou que, pelo contrário, o repertório de gostos e competências culturais é resultado
de relações de força entre os capitais mencionados operadas nas instituições responsáveis pela transmissão cultural
na sociedade capitalista moderna, a saber, a família e a escola.

Conceitos de Pierre Bourdieu


A obra de Pierre Bourdieu é extremamente densa e sua leitura é de difícil compreensão. Ao contrário do
que se pensa, o autor teve uma educação simples e provinciana nos primeiros anos de vida, e, ao ingressar na
Escola Superior para cursar Filosofia em sua juventude, teve dificuldades em face da linguagem fluida e rebuscada
dos jovens burgueses provenientes das melhores escolas de Paris. Essa dificuldade de produzir uma linguagem
fácil acompanhou-o durante a vida, tanto na obra escrita quanto nas conferências e palestras que realizava.
De sua ampla e imponente produção intelectual, são três os seus principais conceitos: campo, habitus e
capital, desenvolvidos em suas pesquisas durante as décadas de 1960 e 1970 sobre a vida cultural da sociedade
francesa. Esses três conceitos, conforme enfatizado pelo próprio autor, devem ser estudados em sua conexão e
interdependência, e não como ideias separadas. O conceito de capital foi abordado no tópico anterior; aqui
trabalharemos com os conceitos de habitus e campo.
• Habitus
O habitus é um sistema de repertórios de modos de pensar, gostos, comportamentos, estilos de vida, herdado da
família e reforçado na escola. É a articulação dos capitais econômico, cultural, social e simbólico que confere a
determinados grupos alta posição na hierarquia social.
O habitus é simultaneamente individual e social. Bourdieu considerou-o como um mecanismo de mediação entre
sociedade e indivíduo. O habitus pertence ao domínio coletivo de um grupo ou classe, mas também é internalizado
subjetivamente pelos indivíduos que compõem essa classe e dá a eles uma gama de ações entre as quais eles
escolherão e exercerão as que considerarem mais adequadas em suas relações sociais.
O habitus é um capital incorporado, um conhecimento adquirido que se alia à capacidade criativa e volitiva do
agente social. Aí vemos que Bourdieu não mais se inclinava à rigidez do estruturalismo preponderante sobre a ação
individual, tampouco se inclinava a uma filosofia individualista que delegasse exclusivamente ao indivíduo o
monopólio da ação.
22

Há uma dinâmica entre a estrutura social objetiva e o agente social, cujo percurso de ações individuais
baseia-se nessas condições estruturadas, mas é capaz de modificá-las. Bourdieu definiu o habitus como um
“sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionarem como estruturas
estruturantes”.
• Campo
O campo, por sua vez, é o espaço comum de concorrência entre os agentes sociais que possuem interesses
diferentes. Eles estão situados em lugares pré-fixados em função da hierárquica e desigual distribuição dos
recursos, que gera diferentes posições na estrutura social. O conceito de campo refere-se a todos os espaços onde
se desenvolvem relações de poder. É aplicável a todos os domínios da vida social: político, econômico, literário,
jurídico, científico etc.
Cada campo configura-se por meio da distribuição desigual do poder naquele nicho de interesse, portanto,
é constituído pelas hierarquias resultantes dessa disputa em que os que possuem maior soma de capital social
naquele nicho alcançam as melhores posições. O campo estrutura-se, reproduz-se ou modifica-se conforme
modela-se o confronto entre dominantes e dominados.
O polo dominante pretende manter a configuração do campo como está, portanto, tem ação conservadora e
ortodoxa, já o polo dominado, que pretende mudar de posição na correlação de forças, tem comportamento
reformista ou revolucionário e heterodoxo, tendendo a desacreditar a legitimidade dos atuais detentores do capital
social daquele campo.

Pierre Bourdieu e a educação


Pierre Bourdieu aponta que as duas principais instituições socializadoras são a
família e a escola. Para esse autor, as relações educativas nas sociedades capitalistas são
essencialmente relações de comunicação. Isso significa que a compreensão do que é
comunicado depende de um repertório prévio de conhecimentos, o que podemos
constatar, por exemplo, na apreciação das artes eruditas.
A hierarquização da sociedade e a desigualdade na distribuição de recursos
materiais e simbólicos fazem com que algumas famílias possuam bagagem cultural para
identificar e assimilar os códigos de ensinamento escolares, e que outras não. Assim
sendo, estudantes oriundos de famílias abastadas já iniciam sua trajetória escolar em condição de vantagem com
relação aos estudantes oriundos de famílias pobres, posto que já receberam em casa elementos que os auxiliarão a
decodificar os conteúdos apresentados na escola.
A cultura escolar, para Bourdieu, é similar à cultura dos grupos sociais detentores dos quatro tipos de
capitais, que são hegemônicos e dominantes sobre os demais. Esses grupos do topo da hierarquia social acumulam,
por gerações, o conhecimento ensinado nas escolas, e estas, por sua vez, legitimam a predominância cultural deles.
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Num contexto de rígida hierarquia e desigualdade entre grupos, o tratamento igualitário no ambiente escolar
acaba por incorrer em distorções e injustiças, na visão de Bourdieu. Quando a escola cobra de todos a familiaridade
com a alta cultura que só uns poucos possuem, sem levar em conta as diferenças de origem social e suas implicações
na socialização do conhecimento, ela reforça desigualdades preexistentes.
Bourdieu detectou um descompasso entre as competências culturais exigidas pela escola e as competências
culturais desenvolvidas nas famílias da base da pirâmide social. Para ele, o sistema escolar furta-se ao seu papel
de oferecer o acesso democrático do conhecimento a todos quando elege como superior uma competência cultural
identificada com o pequeno grupo detentor do capital cultural necessário para praticá-la, o que reforça as distinções
entre os grupos, relegando os segmentos populares à inadequação ou ao estigma da incompetência.
Essa restrição do acesso ao conhecimento não é prejudicial somente aos estudantes, representa também o
desperdício de talentos. A esse processo da exigência escolar de um conhecimento cultural anterior para receber a
transmissão do ensino, que implica a negação de outras formas de cultura que não fosse a erudita, Bourdieu
denominou violência simbólica.

Obras de Pierre Bourdieu


Pierre Bourdieu tem uma vasta obra. Entre seus livros mais importantes, estão:
• A distinção
• O poder simbólico
• A dominação masculina
• Razões práticas sobre a teoria da ação
• A profissão de sociólogo
Destacaremos aqui suas obras que foram publicadas no Brasil:
• Campo econômico
• Contrafogos: táticas para enfrentar a invasão neoliberal
• Contrafogos 2: por um movimento social europeu
• Convite à sociologia reflexiva
• O desencantamento do mundo
• A dominação masculina
• Economia das trocas linguísticas
• A economia das trocas simbólicas
• Escritos de educação
• Coisas ditas
• Liber 1
• Lições da aula
• Livre-troca: diálogos entre ciência e arte
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• Meditações pascalianas
• A miséria do mundo
• Ontologia política de Martin Heidegger
• Pierre Bourdieu
• O poder simbólico
• A profissão de sociólogo
• Questões de sociologia
• Razões práticas sobre a teoria da ação
• As regras da arte
• A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino
• Sobre a televisão
• O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público
• As estruturas sociais da economia
• Senso prático
• Os herdeiros: os estudantes e a cultura

Frases de Pierre Bourdieu


• “Não há democracia efetiva sem um verdadeiro crítico.”
• “Além de permitir à elite se justificar de ser o que é, a ideologia do dom, chave do sistema escolar e do
sistema social, contribui para encerrar os membros das classes desfavorecidas no destino que a sociedade
lhes assinala, levando-os a perceberem como inaptidões naturais o que não é senão efeito de uma condição
inferior, e persuadindo-os de que eles devem o seu destino social (cada vez mais ligado ao seu destino
escolar) à sua natureza individual e à sua falta de dom.”
• “Com efeito, para que sejam favorecidos os mais favorecidos e desfavorecidos os mais desfavorecidos, é
necessário e suficiente que a escola ignore, no âmbito dos conteúdos do ensino que transmite, dos métodos
e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças das
diferentes classes sociais. Em outras palavras, tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam
eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar a sua sanção às
desigualdades iniciais diante da cultura.”
• “O trabalho dos dominadores é dividir os dominados.”
• “O ressentimento ligado ao fracasso só torna quem o experimenta mais lúcido em relação ao mundo social,
cegando-o ao mesmo tempo em relação ao próprio princípio dessa lucidez.”
• “O campo artístico é lugar de revoluções parciais que alteram a estrutura do campo sem porem em questão
o campo enquanto tal e o jogo que nele se joga.”
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• “As pessoas que se querem à margem, fora do espaço social, se situam no mundo social, como toda a
gente.”
• “Ethos de classe (para não dizer ‘ética de classe’), quer dizer um sistema de valores implícitos que as
pessoas interiorizaram desde a infância e a partir do qual engendram respostas a problemas extremamente
diferentes.”
• “Toda ordem estabelecida tende a produzir (em graus muito diferentes, com diferentes meios) a
naturalização de sua própria arbitrariedade.”
• “Nada é mais adequado que o exame para inspirar o reconhecimento dos veredictos escolares e das
hierarquias sociais que eles legitimam.”
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Claude Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi um antropólogo, sociólogo e


humanista francês. Foi um dos grandes pensadores do século XX, foi
considerado o mestre da Antropologia Moderna.
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) nasceu em Bruxelas, na Bélgica, no dia
28 de novembro de 1908. Filho de uma família judia viveu com seu avô o rabino
da sinagoga de Versalhes, durante a Primeira Guerra Mundial. Concluiu o curso
primário em Versalhes e em seguida mudou-se para Paris. Ingressou no
tradicional Lycée Janson-de-Sailly e em seguida no Licée Condorcet, onde
conclui o curso secundário.

Claude Lévi-Strauss - Antropólogo francês


Em 1927 Estudou Direito na Faculdade de Paris, até ser admitido na Sorbonne, onde se graduou em
Filosofia, em 1931. Em 1948 concluiu o doutorado com a tese “As Estruturas do Parentesco”. Durante dois anos
lecionou Filosofia no Lycée Victor-Duruy de Mont-de Marsan. Nessa época fazia parte do círculo intelectual do
filósofo Jean-Paul-Sartre.
Em 1934, recebeu o convite do diretor da Escola Normal Superior de Paris, para integrar a missão
universitária francesa no Brasil, como professor visitante de Sociologia, na recém-criada Universidade de São
Paulo. De 1935 a 1939 lecionou na Universidade de São Paulo. Durante essa época realizou pesquisas de campo
com os índios no Estado de Mato Grosso e na Amazônia, período decisivo para despertar sua vocação etnográfica.
Em 1941 foi para os Estados Unidos, como professor visitante da Nova Escola de Pesquisa Social, na cidade de
Nova Iorque. Em 1947 voltou para a França. Em 1950 foi nomeado diretor acadêmico da École Pratique des Hautes
Études, da Sorbonne. Em 1955 publica “Tristes Trópicos”, uma narrativa etnográfica sobre as sociedades
indígenas. Em 1959 assumiu a cadeira de Antropologia Social no Collège de France. Em 1973 foi eleito membro
da Academia da França. Em 1974 deixa a direção da Universidade de Paris.
Em 1975, Claude Lévi-Strauss publica “O Caminho das Máscaras” (em dois volumes), obra que reúne sua
vivência nos Estados Unidos, onde analisa a arte, a religião e a mitologia dos índios da Costa Noroeste da América
do Norte. Recebeu diversas premiações, foi eleito Doutor Honoris Causa das universidades de Bruxelas, Oxford,
Chicago, Montreal, México, Havard, entre outras. Foi considerado o mestre da Antropologia Moderna. Em 1982
se aposentou do Collège de France, época em que dirigia o Laboratório de Antropologia Social.
O antropólogo Claude Levi-Strauss deixou diversas obras, dedicou sua vida a elaboração de modelos
baseados na linguística estrutural, na teoria da informação e na cibernética para interpretar as culturas, que
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considerava como sistemas de comunicação, deixando contribuições fundamentais para o progresso da


Antropologia Social. Claude Lévi-Strauss faleceu em Paris, França, no dia 30 de outubro de 2009.
Lévi-Strauss foi um dos pesquisadores mais conhecidos e com as teorias mais relevantes dentro da
antropologia social. Assim, conhecido pelo seu estruturalismo francês, o autor transformou o modo de pensar as
sociedades humanas. Uma de suas grandes ideias foi a de sugerir que a forma como a humanidade organiza seus
pensamentos, suas experiências e suas culturas ocorre de modo semelhante. Consequentemente, Lévi-Strauss foi
responsável também por amenizar a visão tradicional de considerar povos não-ocidentais como “atrasados” ou
“primitivos”.

Principais teorias
Lévi-Strauss é um autor bastante importante na antropologia social. Contudo, suas formulações teóricas são
bastante complexas e podem soar difíceis inicialmente. Portanto, veja a seguir algumas ideias trazidas em suas
principais teorias para ajudar no seu estudo:
Estruturalismo
O grande representante do estruturalismo francês é Lévi-Strauss. Para o autor, existe uma estrutura mental
universal da humanidade que organiza as nossas experiências em formas simbólicas. Em outras palavras, não existe
diferença na mente ou na intelectualidade entre seres humanos, seja qual for a sua sociedade.
Assim, é a partir dessa estrutura universal que os seres humanos produzem uma diversidade cultural. As
formas diferentes de cultura que se encontram em todo o planeta não devem, desse modo, ser interpretadas como
inferiores ou superiores. De fato, o que existe são modos diferentes de organizar a experiência a partir de símbolos.
Princípio da reciprocidade
Inspirado em Marcel Mauss, Lévi-Strauss ajudou a discutir sobre o princípio da reciprocidade: em toda a
sociedade, é possível visualizar práticas de troca em que cada indivíduo precisa retribuir o presente do outro. Um
exemplo é a festividade do Natal, em que as pessoas costumam trocar presentes. Ou seja, o princípio da
reciprocidade revela que há um sentimento de obrigação de retribuir quando alguém nos dá algo – principalmente
se for uma ocasião simbólica, especial ou cerimonial. Nesse caso, se retornamos algo equivalente, a obrigação fica
“quitada”. No entanto, se a outra pessoa retribuir um bem maior do que o que foi dado, permanece o sentimento
de reciprocidade, de ter de devolver à mesma altura. Assim, as trocas continuam indefinidamente. Esse princípio
é importante para falar de outra teoria: o tabu do incesto.
Tabu do incesto
Lévi-Strauss analisou como existe, em toda sociedade, um tabu sobre o incesto. Ou seja, mesmo que de
modos e com regras diferentes, todas as organizações humanas parecem ter algum tipo de rejeição ou proibição
em relação ao casamento entre pai e filha. Em resumo, o tabu do incesto trata-se de uma regra universal de que um
pai não pode possuir a sua filha: ela é dada em casamento para outro homem. Assim, isso criou uma relação de
reciprocidade entre os homens – abrir mão dessa posse significa a garantia de que o outro indivíduo também vai
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fazer o mesmo, em troca mútua. Além disso, essa troca significa também formar laços de parentesco com famílias
diferentes. Consequentemente, quebrar o tabu do incesto significa rejeitar a importância social dos outros e romper
o princípio da reciprocidade. Desse modo, Lévi-Strauss explica a existência desse tabu sem recorrer a argumentos
biológicos, como o de que casamentos consanguíneos gerariam problemas.

Eficácia simbólica
Como já foi mencionado, a estrutura mental que é compartilhada por toda a humanidade é uma ideia
importante em Lévi-Strauss. Assim, a partir dessa teoria, o autor estuda como algumas práticas culturais possuem
uma eficácia simbólica. Por exemplo, as curas xamânicas feitas por algumas tribos indígenas podem ser
consideradas irracionais ou falsas sob um ponto de vista preconceituoso. Contudo, elas de fato curam doenças e
estados mentais de sofrimento. Ao invés de dizer simplesmente que essas são curas “psicológicas” ou “placebo”,
Lévi-Strauss explica como, a partir dos símbolos compartilhados culturalmente, mudanças no organismo são
efetuadas. Desse modo, a teoria de Lévi-Strauss é abrangente. Atualmente, ela já passou por críticas e releituras,
mas ainda continua um paradigma importante na antropologia social.

Obras importantes
O antropólogo publicou muitas obras ao longo de sua vida. Além desses livros, existem biografias, entrevistas
e diversos textos sobre o autor.
• As estruturas elementares do parentesco: um dos livros mais conhecidos de Lévi-Strauss e elogiado por
figuras importantes como Simone de Beauvoir. É nessa obra que ele apresenta teorias como a do tabu do
incesto.
• Tristes trópicos: é uma obra clássica com uma narrativa etnográfica. Lévi-Strauss conta sobre sua viagem
e estudo com algumas tribos indígenas no Brasil.
• Antropologia estrutural: nesse livro, o autor reúne textos que são fundantes e importantes para a
disciplina antropológica. Assim, Lévi-Strauss apresenta sistematicamente o seu estruturalismo.
• O pensamento selvagem: conhecido também pelo seu nome original, La pensée sauvage, é uma análise
estruturalista sobre o totemismo.
• Mitológicas: foi publicado em quadro volumes diferentes, sendo um dos mais conhecidos O cru e o cozido.
É uma obra conhecida do Lévi-Strauss, realizando sua análise estruturalista.

Assim, Lévi-Strauss é um reconhecido pesquisador da antropologia social. Sua grande importância se deve
também ao fato de ter fornecido um modo de pensar e estudar as diferentes sociedades humanas.
Lévi-Strauss fez diversas expedições pelo interior brasileiro, onde estudou comunidades indígenas e teve a sua
grande vocação para a etnologia desperta. É o registro dessas viagens que está presente em Tristes Trópicos (1955),
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livro que mescla elementos antropológicos de estudos acadêmicos com a descrição pessoal e narrativa literária.
Contrário à ideia de superioridade e privilégio da civilização ocidental, acreditava e enfatizava que a mente
selvagem e tribal é igual à mente civilizada. Seus estudos sobre as comunidades não-civilizadas, baseados no
campo da linguagem e da linguística, possibilitaram novas perspectivas também para a psicologia, ajudando a
entender como a mente humana trabalha. O antropólogo rejeita a ideia de privilégio do ser humano no mundo, e
acredita que nós devamos mudar nosso comportamento em prol de um mundo melhor, conforme sua célebre frase
dita em 2005, quando recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha: " Meu único desejo é um pouco mais de
respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos
ter presente". Criador da antropologia estrutural, escreveu obras fundamentais como Tristes trópicos, O
pensamento selvagem e, sua obra maior, a tetralogia Mitológicas, dedicada aos mitos dos povos indígenas
americanos.
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Alain Touraine

Alain Touraine nasceu em 1925, na região da Normandia, na França.


Formado em História pela prestigiada École Normale Supérieure, ele adotou a
sociologia como vocação ao final dos anos 1940, sob a influência de Georges
Friedmann, um pioneiro em pesquisas sobre trabalho e sociedade industrial. Suas
numerosas investigações sobre esses temas contribuíram para que ele logo se
consolidasse como uma referência intelectual em seu país. Ao longo de quase
setenta anos dedicados à sociologia, Touraine produziu uma obra extensa, marcada
por grandes projetos, mas também por crises profundas, reflexos de seu tempo. A
longevidade permitiu que o sociólogo vivesse momentos importantes da história, às
vezes de muito perto: ele terminou os estudos preparatórios numa Paris ocupada
pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial; era professor em Nanterre quando essa universidade tornou-se
o berço das manifestações de Maio de 1968; estava no Chile, país de sua primeira esposa, quando um golpe militar
derrubou o presidente Salvador Allende, em 1973.
Analisou modelos de comportamento individual baseados no sistema de trabalho, princípio organizador da
história. Para tanto, desenvolveu o método acionista ou “sociologia da ação”, que consiste em uma análise
sociológica da civilização industrial que se caracteriza pela importância dada ao processo de trabalho. Professor
visitante na Universidade de Columbia e docente na Universidade de Nanterre, foi diretor do Centre d'Études des
Mouvements Sociaux de Paris (École des Hautes Études en Sciences Sociales). Duas etapas podem ser observadas
em sua obra: a primeira focada no interesse pela evolução do trabalho dos trabalhadores, e a segunda, no estudo
teórico e empírico dos movimentos sociais, interesse que se intensificaria após os acontecimentos de maio de 1968
na França. É conhecido seu estudo A Evolução do Trabalho dos Trabalhadores nas Fábricas Renault (1955) , que
reconstrói as transformações ocorridas no trabalho dos trabalhadores a partir do desenvolvimento das máquinas e
da automação, resultado do acelerado processo de inovação científica e tecnológica iniciado no segunda etapa
da Revolução Industrial . A princípio, as máquinas realizam diversas tarefas sob o controle de trabalhadores com
amplas habilidades, mas à medida que se tornam especializadas e automatizadas, o trabalhador é relegado a funções
simples de manutenção e supervisão. Desta forma, as massas trabalhadoras ficam privadas de um papel ativo na
produção.
No domínio da teoria da ação social, tratada principalmente em Sociologia da Acção (1965), Alain
Touraine distinguiu a orientação "acionista" (dirigida ao estudo histórico dos fenómenos emergentes numa
sociedade) da orientação funcional (que estuda o corpo social como sistema de relações) e o estruturalista (que
trata sobretudo das expressões simbólicas do fato social). Em Sociedade Pós-industrial (1969), o sociólogo francês
definiu a sociedade como um mundo onde a indústria ainda constitui o centro da sociedade civil, mas em que novos
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atores sociais (estudantes, políticos, profissionais) começam a caracterizar a realidade social mais para além do
conflito entre empresários. e a classe trabalhadora.
Outra de suas principais obras é Produção da Sociedade (1973), estudo focado nos conceitos de
historicidade e movimentos sociais; Estas últimas e a sua relação com o Estado dão origem à sociedade, e isso leva
o autor a tratar da mudança social, do Estado e da luta de classes. Os movimentos sociais são os grupos que
carregam uma concepção específica de sociedade, em virtude da sua própria ação: é aqui que se enquadram hoje
as iniciativas antinucleares, feministas ou sindicais. Como estas concepções de sociedade são em grande parte
incompatíveis, surgem conflitos que estão na própria origem da mudança social, isto é, das transformações que
afetam as normas sociais, as representações coletivas e as leis. Dessa forma a sociedade se produz, “inventando”
o sentido de sua ação. Com esta concepção, Alain Touraine opõe-se às teorias que explicam a sociedade por
determinações unívocas e não sociológicas; Isto implica uma rejeição explícita do marxismo , no qual ele vê o
reducionismo económico. Para o autor, a sociedade é um sujeito histórico em permanente ação para superar suas
próprias normas. Esta capacidade do corpo social de escapar aos bloqueios que aparecem no seu processo evolutivo
é para a historicidade Touraine, que desdobra a sociedade sobre si mesma.
No entanto, a própria sociedade não é o ator do processo, porque lhe faltam valores aos quais aderir e não
tem poder como tal sociedade. Os autênticos atores são as classes sociais, que defendem determinados valores e
tentam impor normas derivadas dos seus próprios interesses. A ação das classes, antagônicas entre si, dá origem à
historicidade. Touraine concebe a classe alta como expressão social do modelo cultural que pressiona as demais
classes. As classes sujeitas, por sua vez, estão sujeitas a uma dupla influência que se complementa: a da cultura
dos dominadores e a da rebeldia que emana do seu próprio meio e se expressa através dos movimentos
sociais. Quanto ao Estado, este é definido pelas relações entre as classes sociais e dependendo da sua natureza tem
um papel cuja importância varia.
A produção ensaística de Alain Touraine inclui, ao lado das obras citadas, outros estudos notáveis, entre os
quais vale destacar A Consciência Operária (1966), O Movimento de Maio ou Comunismo Utópico (1968), Vida
e Morte do Chile Popular. Revista sociológica, julho-setembro (1973), Sociedades dependentes. Ensaios sobre a
América Latina (1976), Pós-socialismo (1980), Solidariedade: análise de um movimento social (1983), O retorno
do ator (1984) e A palavra e o sangue. Política e sociedade na América Latina (1988). Na década de noventa
publicou Carta a Lionel Jospin (1997), Podemos viver juntos? (1997) e Igualdade e diversidade (1999). Seus
livros mais recentes incluem Um novo paradigma para entender o mundo de hoje (2005), O mundo das
mulheres (2006) e O olhar social (2009). Em 2010 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias de
Comunicação e Humanidades, que partilhou com o sociólogo polaco Zygmunt Bauman .

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