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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CURSO DE FILOSOFIA

Juliana Yoshie Fujii

Título do trabalho:
subtítulo do trabalho
Entre o Fascismo e o Populismo

Maringá
2022
JULIANA YOSHIE FUJII
RA 120196

Título do trabalho:
subtítulo do trabalho
Entre o Fascismo e Populismo

Trabalho apresentado como condição parcial


para avaliação da aprendizagem na disciplina
de História Política do Século XXI ministrada
pelo Prof. Dr.Cássio Alan Abreu Albernaz

Maringá
2022
INTRODUÇÃO

No despretenso ensaio, pretendo apresentar algumas compreensões sobre


os temas do populismo e facismo abordados por autores como Federico
Finchelstein, Jorge Ferreira e Angela de Castro Gomes. Apresentarei alguns
aspectos que se relacionam entre si destes autores além de alguns dos
apontamentos individuais inerentes às suas obras, bem como algumas críticas.
Iniciando com o professor e historiador argentino Federico Finchelstein em
sua obra: Do Fascismo ao Populismo na História, temos as elucidações bem
contextualizadas do autor, principalmente por ter vivido e experienciado um período
ditatorial na sua infância, em seu país natal. A abordagem de Finchelstein apresenta
o período mais pungente do fascismo tendo a Alemanha e Itália como os casos
mais paradigmáticos deste contexto. Os elementos desse fascismo são as
propriedades de se apresentarem como ditaduras com seus elementos
inconfundíveis como: o racismo, a violência política e o elogio às ditaduras.
Para os fascistas, segundo o professor, o poder advém do uso da violência
constante. Um de seus questionamentos e motivações de sua investigação, foi
buscar compreender como uma nação razoavelmente desenvolvida, já não se
encontrando num estágio agrário e rudimentar o seu país neste caso, era capaz de
produzir tanta morte. Então a investigação busca as origens desses movimentos
num cenário pós primeira guerra mundial com os primeiros episódios de fascismos
no poder. O autor faz a explanação do peronismo em seu país e suas
características, e revela as evidências do populismo.
Este populismo buscava elementos do fascismo, estando em evidência no
período pós primeira guerra, buscando fazer uma política anti liberal, um populismo
com intentos de reforma. Em um mundo pós guerra após a derrota dos fascistas,
surgem as primeiras democracias populares populistas. Já o populismo de extrema
direita era atrelado a elementos aos quais os indivíduos não tinham controle, como a
cor da pele. Uma de suas reflexões foi: como o fascismo chega ao poder?
Entende-se que o fascismo se embrenha por dentro da democracia para destruí-la.
A extrema direita busca êxito num populismo que “ vai pelas beiradas” por assim
dizer, pois não quer se caracterizar por elementos fascistas e possui uma noção
autoritária de “povo”.
Nesse movimento a tolerância pela dissidência é baixíssima, e também pelas
minorias políticas. Sua noção de “povo” envolve questões raciais. Sua política é
baseada em uma política da personalidade. Pouco importam as propostas, mas sim
o que o líder representa, a popularidade e a figura do líder carismático.
Uma outra obra a qual fiz uma breve investigação de dois artigos, foi a de
Jorge Ferreira, intitulada o Nome e a coisa: o populismo na política brasileira, a qual
tratarei apenas de alguns aspectos que possuem relação quanto a temática também
abordada por Finchelstein. O populismo tratado na obra organizada por Ferreira,
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busca tratar do conceito populismo por vias historiográficas e da categorização em


última instância da dimensão das palavras, dos conceitos criados como produções
acadêmicas e também por intelectualizados.. Nota-se que o populismo estaria,
segundo o autor, mais atrelado ao "trabalhismo", categoria com um conjunto de
ideias e práticas políticas, partidárias e sindicais, estando para além do Estado
Novo.
Se faz o questionamento sobretudo, das ideias de manipulação no período de
1930 a 1964. Há o apontamento do populismo como um termo usado por políticos
hábeis e cínicos, remontando ao autoritarismo. Temos a desigualdade entre o
Estado e a sociedade, entre o estado e a classe trabalhadora, na Ditadura Vargas os
trabalhadores abriram mão do espírito combativo em troca do atendimento de
demandas, os tornando mais subservientes à Vargas, para a compreensão de
certas noções é preciso investigar a história dos trabalhadores e elementos do
populismo como a culpabilização do Estado a vitimização da sociedade, o autor
busca reconstituir a história do populismo, e crê que o período não tenha sido
populista, mas que o termo é utilizado para explicar a “ categoria” vigente, sobre a
tese das “ revoluções nacionais-populares” serem nomeadas por populismo.
Há que considerar as teorias da modernização, a transição do agrário para a
sociedade moderna na América Latina. A sociedade carecia de sistemas partidários
ocorrendo então a arregimentação das massas pelo populismo. Vincula-se os líderes
populistas ao atraso dos camponeses. A investigação do populismo no Brasil teve
emergência a partir de um grupo de intelectuais, em meados da década de 50,
sendo retratado como política de massas vinculado à modernização da sociedade.
Essa aparição do populismo em 1945 com o fim do Estado Novo, continham
os camponeses que não dominavam o “idioma ideológico”, surgiram termos como: “
peleguismo” e “expertismo”. O uso do povo para atacar as oligarquias, compõe parte
do cenário do populismo de segunda geração dos anos 70 à 80. O movimento
operário nos períodos da ditadura de 1937, foi duramente reprimido, houveram
repressões policiais e censura aos meios de comunicação, porém apesar desse
contexto os trabalhadores apoiaram Vargas.
Em Finchelstein temos a ênfase em que o populismo seja tratado não só pela
perspectiva eurocêntrica, que as narrativas históricas apontavam para o populismo
das experiências soviéticas, alemãs e italianas, e o ocorrido concomitante no resto
do mundo não foi tratado como populismos fora do contexto eurocêntrico. Que os
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historiadores deveriam evidenciar melhor os populismos da América do Sul, da Índia


entre outros.
Ele nomeia o período Vargas como populista assim como o populismo e
populismo peronista como precursor peronista que constituiu sobretudo um regime.
Finchelstein generaliza e atribui plenamente o conceito de populismo aos casos da
América do Sul. Já segundo minha análise em Jorge Ferreira, seu parecer é o de
não crer que o ocorrido no Brasil de fato podemos denominar cabalmente como
populismo. O autor é mais reticente ao fazer uso do termo, pois segundo ele há
particularidades que devem ser observadas no contexto brasileiro com muitas
variáveis. Para Ferreira atribuíram a categoria do fenômeno Varguista ao populismo.
A conclusão de Ferreira está no trabalhismo, da identificação das pessoas com essa
dimensão, assim sendo esse o mecanismo que mobilizou as massas ao fenômeno,
gerando tantas buscas de esclarecimento.
Para Finchelstein, o populismo deriva do fascismo ele categoriza os
fenômenos sem parcimônia, usando amplamente o termo populismo. Um ponto
interessante no autor, foi o apontamento dos inimigos do populismo de esquerda
como todos os que politicamente se opõem a ele. Ou seja, um “tirânico” vigente,
pode dizer que os que a ele se opõem politicamente é que são tirânicos? Partindo
desse pressuposto, se o populismo pode ser de esquerda ou de direita, tanto um
quanto outro ocupando a liderança populista podem realizar essas distorções? Mas
se para o autor o populismo de direita é xenófobo, sendo assim, conforme ele, o
populismo Vargas era xenófobo? Esse populismo de direita tinha questões
étnico-raciais, sendo que o Brasil nunca foi etnicamente homogêneo? E naquele
período os trabalhadores eram em grande proporção os miscigenados, além dos
descendentes de imigrantes, os migrantes miscigenados nos grandes centros,
compunham grande parte da população. Então creio que facilmente categorizar o
que ocorreu no Brasil como populismo segundo as definições desse autor, não se
enquadra a essas definições.
Há também uma afirmação do autor em seu texto de que o populismo e o
neoliberalismo não permitem grande poder de decisão política aos cidadãos, ambas
podem se alternar, ambas são espectros da democracia, e democracia a destruída
nesse caso resulta em ditadura. Sendo assim, a experiência brasileira em Vargas
era populista segundo o autor, e ao mesmo tempo ditadura? Pois muitos autores
atribuem a ao varguismo um período ditatorial. Então haveria um equívoco nessa
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atribuição por parte de estudiosos ou do senso comum? Se um populismo que ainda


possui vias democráticas não configura ditadura, e a Vargas o enquadram como
populista e ditador conjuntamente, então as proposições se contradizem, pois
supostamente um populismo sem ruptura com a democracia não é ditadura.
Sobre o fascismo apresentado por Finchelstein, com fundamentações
centrais na questão étnica homogeneizante; sendo esse fascismo intracontinental,
logo, é um tanto curioso fascismo no Brasil, que não possui homogeneidade étnica
assim como Alemanha, Japão, Itália e Índia, tenha momentos fascistas. Então se
pressuporia que parte do povo constituinte do país se identificou com as divisões
étnico-raciais da época oriundas desses países assim como na Argentina.
Podendo-se dizer que em nosso país e no país vizinho, os grupos com ideias
supremacistas brancas mesmo em um país multiétnico, são estes os que
apresentavam essas tendências e atinaram ao fascismo?
Por último e não menos importante, trago alguns aspectos do artigo de
Ângela de Castro Gomes da mesma constelação da obra organizada por Ferreira
que aborda a trajetória da conceituação do populismo. Em seu artigo encontramos
os estudos em ciências sociais em meados dos anos 50, por um grupo de jovens
que ficou conhecido por grupo de Itatiaia. Após o golpe de 64, se buscavam
explicações, então houveram análises dos momentos e da trajetória política
brasileira. Nesse ínterim se encontra o fenômeno do populismo, o ademarismo, e de
demais líderes.
Uma das mais conhecidas conformações é a de que o período do “populismo”
remonta à uma manipulação de massas, essa visão é um ponto para debate e
reflexões, pois a ideia de cooptação de massas as reduz à embrutecidas, e numa
conotação vitimizante, sendo que entre os trabalhadores haviam muitos imigrantes
que já eram politizados. Há também teses em que essas massas não possuíam
consciência de suas classes e diversas outras formulações. Mas a reflexão lançada
é a saída dessa contextualização vitimizadora dessas massas na consideração do
atendimento de seus interesses na relação líder/trabalhadores.
Considera-se nessa relação o elemento compromisso, os trabalhadores
consideraram o compromisso por parte do líder, consequentemente explicando a
subordinação e as motivações desses trabalhadores e seus interesses. O discorrer
da autora abrange pormenores que não irei elencar, mas estes pontos breves para
reflexões. Um dos pontos conclusivos nas análises da autora é do uso
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estigmatizante do populismo, podendo ser utilizado de formas cínicas e hábeis por


políticos buscando contextualizar a política e a população brasileira em uma
dramatismo que a autora busca justamente romper. Ressalta a necessidade de se
refletir sobre uma política e um povo capazes de trilhar caminhos de orientações
democráticas.
Através destes autores é possível um panorama das diferentes investigações,
contextualizando as temáticas por diferentes abordagens e reflexões. O ponto de
reflexão observado se dá quanto às afirmações das proposições nas elucidações,
para que estas não se tornem contraditórias. As afirmações das proposições por
uma análise lógica, podem cair em contradição, e também as generalizações podem
ser pedra de tropeço, um uso indiscriminado estigmatizante e descontextualizado
pode produzir deturpações num cenário tão sensível e polêmico quanto a política e
sua história.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os como fascismo e populismo, são amplamente abordados por uma ampla


gama de perspectivas. O que encontramos em comum nas diferentes abordagens
são quanto excessiva e indiscriminada utilização dos termos, da vulgarização que
dificulta compreensões fora do âmbito ideológico, sobretudo as conotações
econômicas envolvidas na emergência desses movimentos.
Há que prudentemente se atentar às particularidades das situações ao se
fazer atribuições generalizantes. Pois os temas possuem complexidade e
particularidades. Mas de forma geral, os diversos exames vem a ampliar nossas
visões e reflexões para além das especificidades, mas para as concepções de
mundo e consciência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FINCHELSTEIN, Federico. Do fascismo ao populismo na história. Lisboa:


Edições 70, 2019.

FERREIRA, Jorge. O Nome e a Coisa: o populismo na política brasileira.O


Populismo e Sua História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

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