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Comportamento Organizacional
Mestrado em Economia e Gestão de Recursos Humanos
Professor:
Eduardo André da Silva Oliveira
2022/2023
Resumo
O humor tem acompanhado os indivíduos ao longo das gerações, pelo que o
próprio conceito de humor tem mudado ao longo do tempo. Importa perceber que
embora o humor possa ser usado no contexto positivo, pode ser também usado de uma
maneira negativa, quer seja por parte dos indivíduos face a um recetor, ou o recetor ser
o próprio emissor, em prol de divertir os outros em volta.
Deste modo, irão ser estabelecidas três hipóteses que relacionam um estilo de
humor com uma variável que pode afetar o mesmo. Concretamente, o humor afiliativo,
agressivo e auto valorativo com a coesão grupal, segurança psicológica e diversão no
trabalho, respetivamente. Através do software spss, conclui-se que os resultados
analisados são estatisticamente significativos, pelo que se segue uma discussão de
resultados para aferir os motivos destes resultados, assim como evidenciar limites que
complementam as justificações. No final, são expostas as referências bibliográficas
utilizadas para suportar o estudo realizado.
Deste modo, importa estudar a literatura existente acerca do humor, assim como
os seus estilos (afiliativo, auto valorativo, autodepreciativo, agressivo) e as variáveis
(segurança psicológica, coesão grupal, thriving at work, diversão no trabalho) que
afetam o humor dos elementos das equipas organizacionais. De seguida, formular
hipóteses de acordo com a literatura revista e testar através de uma base de dados de 197
inquiridos. Importa referir que estes inquiridos são conhecidos/familiares dos alunos do
mestrado em questão, tendo sido enviado o mesmo inquérito a todos os participantes,
elaborado pelo professor Eduardo Oliveira. Não menos importante, analisar os
resultados obtidos, assim como limitações relevantes na realização do trabalho.
Revisão de Literatura
Nesta seção do trabalho, será feita uma análise da literatura existente, que será
pertinente na realização do estudo. O humor é um conceito universal, sendo que tem
vindo a acompanhar as culturas ao longo dos anos, bem como as suas mudanças em
contexto sociocultural. Dito isto, o humor pode ter várias definições (Billig, 2005).
Embora haja uma tamanha complexidade associada à definição de humor, existe um
consenso comum em atribuí-lo a uma mudança positiva, através da manifestação de riso
a estímulos verbais como anedotas ou comentários (Bakar, 2018).
Amostra
Procedimento
Concluída a primeira fase, 15 dias depois procedeu-se ao envio dos links para o
preenchimento do segundo inquérito, onde se pretendeu obter dados sobre os possíveis
outcomes do humor (diversão no trabalho, coesão grupal, segurança psicológica,
thriving at work), variáveis moderadoras (eficácia percebida do líder, confiança do líder,
carisma percebido do líder) e, de novo, uma marker variable.
Finalizado o processo de recolha de dados, organizou-se a informação no
Microsoft Excel e procedeu-se a realizar a análise de dados e testes de hipóteses no
software IBM SPSS Statistics.
Resultados
Caracterização da amostra
O estudo conta com 197 inquiridos, sendo 46 líderes (23.4%) e 151 liderados
(76.7%). Do total dos respondentes, 132 eram do género feminino (67%), 64 do género
masculino (32.5%) e 1 não-binário (0.5%). As pessoas apresentavam idades
compreendidas entre os 20 e os 66 anos, situando-se a média nos 38 anos. Quanto à
nacionalidade, contabilizou-se 181 indivíduos portugueses (91.9%), 15 de nacionalidade
brasileira (7.6%) e apenas 1 de nacionalidade alemã (0.5%). Relativamente às
habilitações, quase metade (45.7%) dos respondentes possuíam
Bacharelato/Licenciatura, 31.5% tinham Pós-Gradução/Mestrado, 19.3% detinham o
ensino secundário, 3.1% indivíduos tinham o ensino básico e apenas 1 pessoa
apresentava doutoramento (0.5%). Por último, no que respeita à antiguidade, os
inquiridos estão, em média, na organização há 8 anos e a desempenhar a sua função, em
média, há 7 anos.
Análise fatorial
Na análise de dados, começou por se realizar uma análise fatorial confirmatória,
de modo a reduzir as variáveis necessárias (Pestana & Gageiro, 2014) e efetuou-se
testes de KaiserMeyer-Olkin (KMO) e Bartlett para verificar a homogeneidade das
variáveis da análise fatorial, estando os valores adequados entre 0.5 e 1 (Malhotra et al.,
2017). Considerou-se ainda na análise fatorial confirmatória as comunalidades, os pesos
fatoriais e a percentagem de variância explicada.
No que respeita aos resultados dos testes de KMO e Barlett, as variáveis do
humor afiliativo, humor auto valorativo, coesão grupal e humor agressivo apresentaram
valores bons, entre 0.8 e 0.9. A segurança psicológica possuía valores medíocres,
situados entre 0.6 e 0.7. A diversão no trabalho apresentou o valor mais baixo, situado
no limite inferior, em 0.5.
No que concerne aos pesos fatoriais (loadings), não são admissíveis os que são
inferiores a 0.5. Desse modo, foram retirados da análise de componente principal todos
os que não cumpriam esse requisito.
Após a análise descrita acima, calculou-se o Alfa de Cronbach, que varia entre 0
e 1 (mas não deve ser inferior a 0.7), para avaliar a consistência interna dos fatores. Nas
variáveis humor afiliativo, coesão grupal, segurança psicológica, humor auto valorativo
e diversão no trabalho, verificou-se uma consistência boa, com o Alpha de Cronbach a
assumir valores superiores a 0.8. Por sua vez, para o humor agressivo, o valor foi
ligeiramente inferior, 0.78, apresentando assim uma consistência razoável.
Estatísticas descritivas
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