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Trabalho de Conclusão de Curso

PÓS-GRADUAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

ALUNO: Raissa da Costa Gonçalves Xavier


ORIENTADORA: Victoria Noremberg Bitencourt
Sumario

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1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................2
2. TEMAS REVISADOS.........................................................................................................3
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................9
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................10
1. INTRODUÇÃO

A psicologia positiva vem sendo alvo de pesquisas por dedicar-


se a focar no estudo da emoção positiva, do caráter positivo, e
de instituições positivas (SELIGMAN &
CSIKSZENTMIHALYI, 2000). Segundo Seligman (2002), a
Psicologia deveria possibilitar muito mais do que apenas reparar
o que está errado, devendo identificar e fortalecer o que está
bom. A partir desse desequilíbrio, Seligman juntamente com
Csikszentmihalyi iniciam o movimento da Psicologia Positiva.
Assim sendo, é necessário destacar a importância desta como
ferramenta da TCC no auxílio do tratamento para o transtorno
de ansiedade.
Os estudos envolvendo a Psicologia Positiva convidam
psicólogos de todas as orientações e interesses a se juntar à
exploração do lado positivo da vida (SIMONTON &
BAUMEISTER, 2005).
Este artigo apresenta e revisa os tratamentos em TCC com base
na ferramenta da psicologia positiva - modelo PERMA
(SELIGMAN 2011), no contexto clínico. Visando proporcionar
uma melhora na qualidade de vida, prevenção e manejo da
ansiedade como patologia. Abrir possibilidades a novas
perspectivas, não somente teóricas, mas aplicadas no contexto
clínico de TCC. Buscar tratar com manejo, e prevenir a recaída
do quadro agudo de ansiedade. Também tem como objetivo
desta dentro do tratamento da ansiedade o seguinte: retirar o
pilar da preocupação que causa o ansiogênico, para fomentar o
olhar para o que está funcionando na vida.

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2. TEMAS REVISADOS

Por que a Psicologia Positiva?

O bem-estar, na Psicologia, vem sendo estudado desde a década de


1950, tendo início com base em estudos norte-americanos voltados à
satisfação com a vida e aos afetos positivos e negativos (SIQUEIRA &
PADOVAM, 2008). William James observou, em Varieties of
religious experiences (1902), que coragem, esperança e confiança
podem vencer a dúvida, o medo e a preocupação. John Dewey (1934)
sublinhou a necessidade de trocas artísticas e estéticas entre as pessoas
e o ambiente. Henry Murray (1938) postulou que o estudo de
experiências positivas, prazerosas e fecundas é essencial para a
compreensão dos seres humanos. Durante séculos, grandes pensadores
fizeram a pergunta: "O que faz a vida valer a pena ser vivida e como
podemos aumentá-la?"
Martin Seligman percebeu que, para desenvolver o que é ótimo na
vida, precisamos não apenas eliminar o negativo, mas identificar e
construir pontos fortes. O que é negativo que você deseja eliminar em
sua vida? Qual pode ser uma força correspondente que você gostaria
de desenvolver em seu lugar?
O papel da intervenção positiva e no auxilio dos indivíduos a edificar
uma vida engajada e com sentido, mas que seja prazerosa (SNYDER
& LOPEZ, 2009).

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Teoria do Bem-Estar

A felicidade é um conceito escorregadio. Às vezes nos parece o Santo


Graal: mítico, maravilhoso, mas provavelmente inalcançável. Mas a
Psicologia Positiva sugere que a felicidade é mais do que obtenível. É
o resultado natural de construir nosso bem-estar e satisfação com a
vida. O professor Martin Seligman passou muitos anos desenvolvendo
uma teoria da felicidade. Ele queria identificar os blocos de construção
do bem-estar. Ele elaborou um modelo de bem-estar de cinco lados
chamado modelo PERMA (SELIGMAN 2011).
Estes são os cinco elementos que Seligman achou essenciais para o
bem-estar humano:

https://www.relate.melbourne/well-being-theory/

P: emoções positivas
E: compromisso
R: relacionamentos
M: significado/sentido
A: realização

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Psicologia no Contexto Clínico

Entre todos os métodos, a psicoterapia demonstrou ser eficiente na


melhoria do sofrimento psicológico (CASTONGUAY, 2013;
SELIGMAN, 1995). Quando nos deparamos com um paciente que traz
a queixa de ansiedade, após as devidas verificações se é de fato um
transtorno, ou uma crise pontual (caso não seja encaminhado com esse
diagnóstico), usualmente focamos no problema: O que desencadeou a
crise; ambiente que está inserido; atividade laboral/acadêmica etc.
Contudo, a psicologia positiva nos orienta a focar no que vai bem em
suas vidas.
Utilizando a abordagem deste modelo, objetiva-se dentro do
tratamento da ansiedade retirar o pilar da preocupação que causa o
ansiogênico, para fomentar o olhar para o que está funcionando na
vida, assim promovendo o bem-estar. Utilizando de alguns
questionamentos como: O que fez para sair de uma situação muito
ruim, que funcionou? As crises de ansiedade estão mais brandas, do
que como de costume? O que tem feito de bom que lhe proporciona
relaxamento?

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UTILIZANDO O MODELO PERMA NO CONTEXTO
CLÍNICO

Cada um dos elementos PERMA é essencial para o nosso bem-estar e


satisfação com a vida. Juntos, eles formam a base sólida sobre a qual
podemos construir uma vida feliz e florescente. As características do
modelo PERMA se aproximam daquilo que os seres humanos buscam
por si próprios como um fim, ainda que por vezes eles possam buscá-
lo para outros fins, eles ainda optam pela busca, pois tais elementos
são motivadores por si próprios (FORGEARD et al., 2011).

Quando perguntamos ao paciente se ele está satisfeito com sua vida, a


resposta depende muito do humor que ele está. Quando está se
sentindo positivo, pode olhar para o passado com alegria; olhar para o
futuro com esperança; e desfrutar e valorizar o presente.

Segundo Seligman (2019), para trabalharmos junto ao paciente ansioso


as emoções positivas, precisamos trazer as seguintes reflexões: O que
é que nos faz sentir bem? Pode ser passar tempo com amigos e
familiares, se envolver em hobbies, se exercitar, sair na natureza ou
comer boa comida. Precisamos garantir que sempre haja espaço em
nossas vidas para essas coisas. Pesquisas em Psicologia Positiva
identificaram certas habilidades e exercícios que podem impulsionar
nossa experiência de emoções positivas. Podemos aprender a senti-las
mais fortemente e experimentá-las por mais tempo. Cultivar emoções
positivas torna mais fácil experimentá-las naturalmente. Muitos de nós
temos uma tendência automática de esperar o pior, ver o lado negativo
e evitar correr riscos. Se aprendermos a cultivar sentimentos positivos
sobre a vida, começaremos a esperar pelo melhor, ver o lado positivo e
aprender a aproveitar grandes oportunidades quando elas aparecerem.

Para trabalharmos o compromisso, identificamos os maiores pontos


fortes do paciente, podendo os envolver conscientemente em trabalhos

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e atividades que façam se sentir mais confiantes, produtivos e valiosos.
Também podemos ensinar habilidades para cultivar alegria e
concentrar no presente. Mindfulness é uma habilidade valiosa para
esse fim. Usando a atenção plena, podemos aprender a desenvolver
uma consciência plena e clara do presente, tanto física quanto
mentalmente (MARK WILLIAMS e DANNY PENMAN, 2011)

Ainda em Seligman (2019), o relacionamento, é importante reforçar


que construir e manter relacionamentos com as pessoas em suas vidas,
mas é igualmente importante reconhecer a diferença entre um
relacionamento saudável e um relacionamento prejudicial. Alguns
relacionamentos são perigosos porque são unilaterais ou
codependentes. Outros relacionamentos fracassam porque as pessoas
tomam um ao outro como garantido, não arranjam tempo um para o
outro ou não conseguem se comunicar. Trazer a reflexão que a chave
para todos os relacionamentos é o equilíbrio. Não basta nos cercarmos
de 'amigos' - também devemos ouvir e compartilhar, fazer um esforço
para manter nossas conexões e trabalhar para fortalecer essas
conexões.

Estamos no nosso melhor quando dedicamos nosso tempo a algo


maior do que nós mesmos. Isso pode ser fé religiosa, trabalho
comunitário, família, causa política, caridade, objetivo profissional ou
criativo. (Seligman, 2019) Por estes motivos, o sentido é mais um pilar
da “teoria do bem-estar”. Assim, podemos questionar o que o paciente
mais valoriza neste mundo? Pode ser família, ou aprendizado, ou fé.
Talvez ele se sinta fortemente inclinado em ajudar crianças
desfavorecidas ou proteger o meio ambiente. Depois de identificar o
que mais importa para ele, pensemos em fomentar a ideia de que ele
encontre algumas pessoas que pensam da mesma forma e comecem a
trabalhar juntas para as coisas com as quais se importam. Ele pode
encontrar sentido em sua vida profissional, bem como em sua vida
pessoal. Pensar numa missão mais profunda no trabalho que faz, estará

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em melhor posição para aplicar seus talentos e pontos fortes a serviço
desta missão.

Criar e trabalhar em direção a metas nos ajuda a antecipar e construir


esperança para o futuro (SELIGMAN & PETERSON, 2003). Sucessos
passados nos fazem sentir mais confiantes e otimistas sobre futuras
tentativas. Não há nada de ruim ou egoísta em se orgulhar de suas
realizações. Quando você se sente bem consigo mesmo, é mais
provável que compartilhe suas habilidades e segredos com os outros.
Você estará motivado a trabalhar mais e alcançar mais da próxima vez.
Você pode até inspirar as pessoas ao seu redor a alcançar seus próprios
objetivos. Desta forma, estruturar o conceito de realização junto ao
paciente, também é importante para promover a sensação de bem-
estar, e contornar o processo ansioso. Para estimular o paciente no
contexto clínico, é importante estimular o hábito de estabelecer metas
tangíveis e mantê-las à vista. Em Psicologia Positiva, é incentivado ao
paciente identificar suas ambições e cultivar os pontos fortes de que
precisa para alcançá-las. As sessões de terapia regulares são uma ótima
maneira de manter o foco nos objetivos de longo prazo e reconhecer os
pequenos sucessos junto com os grandes. É vital cultivar resiliência
contra fracassos e contratempos. O sucesso nem sempre é fácil, mas se
permanecermos positivos e focados, não desistiremos quando a
adversidade atingir.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bem-estar na Psicologia, vem sendo estudado há aproximadamente


72 anos. Vem contrapondo o DSM (Manual de Estatística e
Diagnóstico das Desordens Mentais), quando opta por focar nos
aspectos saudáveis do indivíduo, sem desprezar a patologia, visando os
fortalecer.
Este artigo propôs a revisão dos tratamentos, mais especificamente
para ansiedade, com base na ferramenta da psicologia positiva -
modelo PERMA, no contexto clínico. Foi possível notar que, além de
ter muita relevância para o tratamento e manejo da ansiedade, pode ser
estendido a outros transtornos, tais como a depressão.
Percebido que ainda falta muita literatura em português com a
temática, ausência de produção científica relevante a nível nacional,
com o intuito de se estender ao contexto brasileiro.
A negligência ao estudo dos aspectos positivos e virtuosos dos seres
humanos pela Ciência Psicológica, de acordo com Seligman (2002),
baseou-se historicamente no pensamento dominante na Psicologia
direcionado ao estudo dos aspectos "anormais".
O povo brasileiro é conhecido por sua alegria na forma de viver, o que
por si só, já fomenta ainda mais a utilização da Psicologia positiva nos
tratamentos clínicos, não e tão somente da ansiedade, como já citado,
mas também dos transtornos de humor.
O artigo trouxe à luz da TCC a aplicabilidade do modelo PERMA,
com sua maioria, no contexto norte-americano. Entre as principais
contribuições da psicologia positiva, destacam-se a construção de
instrumentos de avaliação, modelos de intervenção e aplicação no
curso desenvolvimental (Seligman, 2002).
Foi verificado também que, temos um vasto campo de estudo e muitas
possibilidades de ganhos com a psicologia positiva.

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4. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

PUREZA, Juliana da Rosa et al. Psicologia positiva no Brasil: uma


revisão sistemática da literatura. Rev. bras.ter. cogn., Rio de
Janeiro, v. 8, n. 2, p. 109-117, dez.  2012. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1808-
56872012000200006&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 11 nov.  2022.

SELIGMAN, Martin E. P.. Felicidade autêntica (Nova edição): use


a psicologia positiva para alcançar todo seu potencial. 2. ed. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2019. 336 p. Neuza Capelo, tradutora.

SELIGMAN, M.; PETERSON, C. Positive clinical Psychology. In:


A Psychology of human strengths: fundamental questions and
future directions for a positive Psychology. Cap. 21. ASPINWALL,
L. G. e STAUDINGER, U. M. (Org.) Washington: American
Psychological Association, 2003. p. 305-317.

SELIGMAN, M. Positive Psychology. In: The science of optimism


& hope: research essays in honor of Martin E. P. Seligman.
GILHAM, J. E. (Org.). Pennsylvania: Templeton Foundation Press.
Cap. 25, 2000. P. 415-429.

SELIGMAN, M.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive


Psychology: an introduction. American Psychologist, New York,
v.55, n. 1, p. 5-14, 2000.

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SELIGMAN, M. Positive Psychology. In: The science of optimism
& hope: research essays in honor of Martin E. P. Seligman.
GILHAM, J. E. (Org.). Pennsylvania: Templeton Foundation Press.
Cap. 25, 2000. p. 415-429.

Seligman, M. E. P. (2002). Authentic happiness: Using the new


Positive Psychology to realize your potential for lasting fulfillment
London: Nicholas Brealey Publishing.

Biblioteca on-line da Universidade da Pennsylvania.


<https://www.library.upenn.edu>

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