Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
De acordo com Seligman, a Psicologia não ofertava ferramentas suficientes para auxiliar
os indivíduos a prosperarem, pois, a psicologia deveria possibilitar mais do que apenas analisar
o que está errado, identificando e fortalecendo também o que está bom. E, a partir dessa
disparidade, Seligman e Czikszentmihalyi, iniciaram o movimento da Psicologia Positiva.
Martin realizou diversos estudos práticos de seu método para comprovar sua eficácia.
Um deles, foi liderar uma intervenção em tempo integral com um grupo de docentes com foco
em Psicologia Positiva em uma escola da Austrália durante um ano. Com esse estudo, Seligman
também objetivou comprovar a importância de as escolas ensinarem sobre bem-estar, em um
método denominado educação positiva.
Uma outra aplicação prática foi realizada com ex-soldados com estresse pós-traumático,
fornecendo um treinamento de resiliência para esses buscarem atitudes mais positivas diante dos
problemas e da vida, a partir do aumento de resistência mental, luta contra pensamentos
catastróficos, forças de caráter e produção de relacionamentos fortes. Seligman também
relaciona algumas doenças como câncer e depressão a emoções negativas: raiva, ódio, rancor e
pessimismo. Dessa forma, ele enfatiza que adotar uma postura otimista está ligada à promoção
de saúde e bem-estar e prevenção de doenças.
Seligman também relata que a partir de estudos realizados, pessoas que possuem um
bem-estar elevado desfrutam de maiores e mais saudáveis interações sociais, seja em grupos,
com amigos íntimos ou com algum parceiro (a) amoroso. Além disso, outros estudos apontam
que pessoas com interações sociais pobres possuem baixo bem-estar.
De acordo com seus estudos, pessoas otimistas valorizam suas atitudes, atendem a
prescrições médicas, possuem uma alimentação saudável, praticam atividade física, não fumam,
não bebem em excesso, dormem bem, ou seja, em geral possuem atitudes e estilo de vida
favoráveis a si mesmos.
Diferente do que pode ser entendido, a Psicologia Positiva não objetiva remover ou
substituir os estudos sobre os processos humanos de fraquezas, tristezas, sofrimentos e
desordens, mas sim, complementá-los com outro viés teórico enfatizando as emoções positivas,
forças e virtudes do indivíduo. Além disso, tal teoria defende que a Psicologia não é apenas uma
extensão da Medicina focando-se apenas na cura de doenças, antes, deve ater-se ao cultivo do
que cada indivíduo já possui de mais vantajoso para si mesmo.
No livro publicado em 2002 por Seligman, Authentic Happiness, o autor traz 3 pilares
para a Psicologia Positiva: o estudo da emoção positiva; o estudo dos traços positivos (forças,
virtudes, inteligência, habilidades e capacidade atlética) e o estudo das instituições positivas
(democracia, família e liberdade), sendo que esta última apoia as emoções positivas.
Seligman em seus livros se mostra disponível para tirar dúvidas e saber as impressões
das pessoas sobre sua teoria através de seu e-mail seligman@psychupenn.edu e disponibiliza
gratuitamente dezenas de testes em seu site http://www.authentichapiness.org.
Os principais temas abordados nas investigações acerca da Psicologia Positiva são instrumentos
voltados à mensuração do bem-estar subjetivo, afetos positivos e satisfação da vida (Scorsolini-
Comin & Santos, 2010). Nesse sentido, o âmbito da avaliação psicológica inserida na ciência da
Psicologia Positiva é de importância notória, uma vez que busca avaliar os construtos teóricos e
mensurá-los para que seja possível uma aplicação enquanto pesquisa científica. Dessa forma,
reforça o campo enquanto área de conhecimento científico e o reafirma frente a comunidade
científica.
REFERÊNCIAS DA ÁREA:
APPAL – Associação de Psicologia da América Latina
Lembrando que avaliação psicológica dentro do movimento da psicologia positiva, pode servir
como complemento para uma outra avaliação. Além de olhar para o patológico e/ou prejuízos,
olhar também para as potencialidades preservadas para favorecer a tomada de decisão.
Público Alvo: Todos. Por ser aplicada como um movimento cientifico e não uma abordagem, a
psicologia positiva pode ser aplicada em diversos contextos, por exemplo: Clínica,
organizacional, escolar, entre outros.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM PSICOLOGIA POSITIVA
Fortes e Ferreira (2013) explicam que estudos voltados a questões saudáveis do ser
humano é tão importante quanto pensar nos aspectos psicopatológicos, pois a psicologia
positiva, mais conhecida como um movimento cientista dentro da área, oferece uma perspectiva
de enxergar e analisar o comportamento humano para o que possuí de melhor. A psicologia
positiva busca ideias que favoreçam o psicólogo, proporcionando uma postura simpatizante dos
potenciais humanos, como alguns aspectos importantes considerados pela ciência, sendo a
avaliação do otimismo, altruísmo, esperança, alegria, bem-estar, resiliência, autoestima e
esperança, sendo esses aspectos tão relevantes quanto os considerados patológicos (Ucker e
Nunes, 2007).
Por ainda se tratar de um segmento novo na área da psicologia, tendo aproximadamente
vinte e cinco anos, esforços estão sendo dedicados para o desenvolvimento e validação de
instrumentos para avaliação em psicologia positiva (Seligman, 2004), destacando-se alguns
como avaliação da satisfação com a felicidade ou bem-estar, satisfação com a vida, afeto,
esperança, auto eficácia e otimismo.
No Brasil, ainda ocorre o desenvolvimento de instrumentos de avaliação psicológica
para a psicologia positiva, tendo atualmente o Laboratório de Mensuração do Instituto de
Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, liderado pelo professor Claudio
Simon Hutz e Associação Brasileira de Psicologia Positiva (Borges, 2017).
Podemos citar que pela psicologia positiva ser considerada um movimento, não possuem
testes voltados somente para sua área, sendo utilizados para outros ramos de atuação, como na
administração, com isso não se encontram no SATEPSI e normalmente são indicados como
fontes complementares. Dessa forma, pode-se citar os seguintes instrumentos de avaliação:
Escala de Percepção de Suporte Social - Adulto, Marcadores de Resiliência Infantil, Escala de
Afetos Positivos e Negativos, Escala de Satisfação com a Vida, Avaliação do Bem-Estar
Subjetivo, Escala de Autoestima de Rosenberg, Avaliação da Felicidade (Borges, 2017).
Avaliação de Felicidade
A avaliação de felicidade é semelhante ao construto de avaliação ao bem-estar subjetivo,
no entanto entende-se que a felicidade é um termo usualmente utilizado na linguagem do dia a
dia, tendo como relação a designação de boa vida, segundo o senso comum. Então define-se
que a avaliação de felicidade é como a pessoa globalmente avalia a qualidade de vida com a
perspectiva positiva, ou seja, o quanto aprecia a vida que possui e a sensação emocional, sendo
mensurado por meio de frases afirmativas, onde o avaliado classifica de 1 a 7 a sua sensação de
felicidade, de forma individual (Pai-Ribeiro, 2012).
ESTUDO DE CASO
A paciente Regina, 45 anos, trabalhava pela manhã no berçário e à noite na educação
para jovens e adultos (EJA). Restavam 5 anos para se aposentar, então se candidatou em um
projeto elaborado por estagiários de psicologia em uma cidade de Minas Gerais, sobre
programas de prevenção para a aposentadoria (PPA). Principal demanda era a falta de interesse
no âmbito de trabalho, falta de organização e auto cobrança. Os sintomas apresentados foram o
estresse gerado pelo ambiente que estava inserida, ansiedade para se aposentar logo e depressão
pela pressão que estava sofrendo. A psicoterapia foi baseada em 13 encontros com duração de
60 minutos, sendo os objetivos de promover qualidade de vida e bem-estar, gerar
autoconhecimento e autonomia, preparação para a aposentadoria e criação de estratégias a
reestruturação de vida.
Ao longo de sua história, a psicologia positiva passou por três grandes desafios. O
primeiro foi ganhar espaço no meio científico, operacionalizando sua aplicabilidade, definindo
construtos e medindo seus resultados. Após isso, criou-se uma visão distorcida da área, tendo a
partir do conceito popular a "gratidão tóxica" onde as pessoas deveriam estar sempre
gratas e realizadas. Este foi o segundo desafio da área, mostrar que este não era seu objetivo, e
sim que mesmo em situações difíceis o importante é como o indivíduo compreende e lida com
esse processo, conceito este denominado resiliência. Por fim, o atual desafio da psicologia
positiva é desenvolver meios para medir os construtos positivos, vêm se apresentando novos
construtos na área, e existe a missão atual de avaliá-los e medir sua aplicabilidade.
Espera-se como futuro da psicologia positiva que ela faça parte de forma natural do
próprio conceito de psicologia, isso significa um olhar completo do ser humano, considerando
suas patologias, necessidades e também suas potencialidades. Para a entrevistada, a maior
contribuição da psicologia positiva é oferecer uma visão empática e completa ao indivíduo.
REFERÊNCIAS
Paludo, S. S., Koller, S. H. (2007). Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas
questões. Paidéia 17(36) 9-20. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2007000100002
Borges, E. (2017). Psicologia positiva: uma mudança de perspectiva. Série Positiva Psicologia,
v. 1. Joinville: Clube de Autores.
Cardoso, Hugo F.; Baptista, Makilim N. Escala de Percepção de Suporte Social - Adultos.
Disponível em: https://www.hogrefe.com.br/epsus-a-escala-de-percepcao-de-suporte-
social-adultos.html. Acesso em: 30 abr. 2023.
Fortes, Ana Carolina da Cunha; Ferreira, Vinícius Renato Thomé. (2013). Avaliação
Psicológica no Contexto da Psicologia Positiva. VII Mostra de Iniciação Científica e
Extensão Comunitária e VI Mostra de Pesquisa de Pós-Graduação da IMED. Passo
Fundo.
Seligman, Martin E. P. (2004). Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a
realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva.
Silva, W. R. da., Ferrari, E. P., Vieira, M., Melo, G., & Cardoso, F. L.. (2018). Propriedades
psicométricas da escala de satisfação com a vida no contexto esportivo brasileiro.
Revista Brasileira De Medicina Do Esporte, 24(1), 45–49. https://doi.org/10.1590/1517-
869220182401172303
Ucker, Prisla; Campio, M.; Nunes, Tiellet. (2007). Psicologia da saúde e psicologia positiva:
perspectivas e desafios. Rev Psicologia Ciência e Profissão, v. 27, n. 4, p. 706-717.