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Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar a possibilidade de inserir a avaliação em
psicologia positiva no Ministério Público do Estado de Rondônia. Por ser um movimento
teórico focado na promoção da saúde e que, para isso, propõe a identificação e o
desenvolvimento das qualidades existentes em cada ser humano, a psicologia positiva vem
ganhando espaço em diferentes contextos de atuação do psicólogo, dentre eles o
organizacional. As instituições, por sua vez, têm se deparado com o desafio de gerir pessoas
de forma inovadora com foco na promoção da saúde e bem-estar de seus trabalhadores.
Sendo o Ministério Público do Estado de Rondônia um órgão que tem empreendido esforços
para aprimorar a gestão de seu capital intelectual, foi avaliada a possibilidade de que os
instrumentos de avaliação em psicologia positiva poderiam ser úteis para essa finalidade.
Assim, conceitos extraídos de livros, revistas e documentos foram analisados e os resultados
apontam para uma resposta positiva ao questionamento apresentado. Conclui-se, portanto,
que a avaliação em psicologia positiva é possível de ser utilizada no MPRO como ferramenta
de auxílio na promoção do bem-estar das pessoas.
1. Introdução
Nos últimos tempos, tem sido recorrente a preocupação dos gestores institucionais de inserir
em suas rotinas práticas inovadoras que fomentem a valorização do ser humano, pois a cada
dia resta evidente que não se administram instituições, mas as pessoas que dela fazem parte.
Em busca de ações para atender à necessidade em voga, de janeiro a março de 2017, foi
realizada pesquisa bibliográfica e documental a respeito da avaliação psicológica dentro da
perspectiva teórica da psicologia positiva. Respostas foram buscadas quanto à possibilidade
de incluir instrumentos de avaliação em psicologia positiva na rotina de trabalho do
Ministério Público do Estado de Rondônia como forma de atender a um dos objetivos
institucionais referentes à política interna de gestão de pessoas, a saber: valorizar e motivar
seu capital intelectual. A motivação para a pesquisa é originária do vínculo empregatício da
autora com o MPRO, bem como pelas funções que vem exercendo no departamento de
Gerência de Recursos Humanos desde janeiro/2016. A escolha do eixo temático deve-se ao
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Seligman, Steen, Park e Peterson (2005) e Scorsolini-Comin e Santos, (2009) apud Pacico e
Bastianello (2014:17), ressaltam que o movimento da psicologia positiva não cria uma nova
área do saber psicológico, mas sugere “um exercício teórico e, especialmente, metodológico
no sentido de orientar a visão que se lança aos fenômenos investigados pela psicologia para os
aspectos positivos e saudáveis do desenvolvimento, visando priorizar a prevenção ao
tratamento”.
Dentro dessa perspectiva, Seligman (2003) apud Paludo e Koller (2007) identifica três pilares
que norteiam a investigação científica na psicologia positiva. São elas: experiência subjetiva,
características individuais e funcionamento dos grupos. No que se refere à experiência
subjetiva, as autoras citam diversos pesquisadores que indicam estudos sobre bem-estar
subjetivo, experiências positivas ocorridas no passado, emoções positivas, felicidade,
transcendência, esperança e otimismo. Quanto ao pilar características individuais, são
focalizados estudos relacionados às capacidades afetivas, perdão, espiritualidade, talento e
sabedoria. Sobre o funcionamento dos grupos, Paludo e Koller (2007) mencionam que
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autores diversos incentivam o estudo sobre as virtudes cívicas e instituições que oportunizam
mudanças nas pessoas, oferecendo a possibilidade de se tornarem melhores cidadãos, focados
na responsabilidade, altruísmo, tolerância e ética no trabalho.
De acordo com Noronha e Barbosa (2016:21), a psicologia positiva também se dedica ao
estudo das qualidades positivas recorrendo à compreensão das virtudes e forças do caráter.
Citando Peterson e Seligman (2004), os autores conceituam virtudes como “características
positivas do funcionamento humano” e citam que elas “podem ser identificadas em diferentes
culturas e estão organizadas em seis grupos, a saber: sabedoria e conhecimento, coragem,
humanidade, justiça, temperança e transcendência”. Com base na definição de Park e Peterson
(2003) sobre forças de caráter, os mesmos autores concordam que elas representam “as
características individuais que podem se manifestar por meio de pensamentos, sentimentos e
ações e, são passíveis de avaliação em graus, em vez de apenas pela presença ou ausência”
(NORONHA & BARBOSA, 2016:21, sic).
Na visão de Paludo e Koller (2007), o conhecimento das virtudes e forças de caráter poderia
propiciar o florescimento das pessoas, comunidades e instituições. Florescer é um conceito
que tem sido evidenciado em psicologia positiva e, na visão de Paludo e Koller (2007), tendo
como referencial teórico Keys e Haidt (2003), “é uma condição que permite o
desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais
dos seres humanos” (PALUDO & KOLLER, 2007).
Baseado no livro de Seligman (2011) “Florescer: Uma nova compreensão sobre a natureza da
felicidade e do bem-estar”, Scorsolini-Comin (2012) propõe uma nova e sintética definição de
psicologia positiva como “a ciência que investiga o bem-estar”. Esse conceito faz referência à
substituição do termo “felicidade”, empregado por Seligman inicialmente, por um melhor
aceito nos meios científicos denominado “bem-estar”. No mesmo livro, Seligman (2011)
apud Scorsolini-Comin (2012) revela que “o bem-estar pode ser mensurado em cinco fatores:
emoção positiva, engajamento, sentido, relacionamentos positivos e realização”.
Em Zanon, Dellazzana-Zanon e Hutz (2014:50), vamos encontrar o conceito de bem-estar
subjetivo (BES) que, em concordância com Diener, Oishi & Lucas (2009), defendem que se
refere a uma avaliação cognitiva e afetiva da vida como um todo. Segundo os primeiros
autores, o BES é uma estrutura tripartite composta por afetos positivos, afetos negativos
(dimensão emocional) e satisfação de vida (dimensão cognitiva) e, utilizando-se dos estudos
de Diener (2009), concluem de forma matemática que:
O nível de BES pode ser determinado pela diferença entre afetos positivos e afetos
negativos mais a satisfação de vida. Nessa perspectiva, o indivíduo com alto bem-
estar é aquele com altos níveis de afetos positivos, baixos níveis de afetos negativos
e alta satisfação de vida (ZANON, DELLAZZANA-ZANON & HUTZ, 2014:50).
Em suma, a psicologia positiva, por intermédio dos construtos que vem estudando (otimismo,
engajamento, afetos positivos e negativos, satisfação de vida, bem-estar, autoestima,
esperança, autoeficácia, florescimento, qualidade de vida, forças de caráter, virtudes pessoais,
relacionamentos, altruísmo, resiliência, flow, dentre outros), tem possibilitado o cultivo de
emoções positivas por acreditar que as pessoas e comunidades onde estão inseridas prosperam
em todos os aspectos da vida quando reconhecem seus próprios potenciais.
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Assim, não se limita a uma única forma de ser, mas confere autonomia ao profissional que
dela se utiliza para integrar informações provenientes de fontes diversas como, por exemplo,
testes psicológicos, entrevistas, observações e análises documentais.
Hutz (2015:16) destaca a entrevista e a observação como métodos e técnicas integrantes do
processo de avaliação psicológica, acrescentando que “os testes são uma parte (muito
importante, mas não exclusiva) desse processo”.
Em reforço à visão de Hutz (2015), Reppold e Gurgel (2015:149) defendem que “a avaliação
psicológica, portanto, excede a aplicação de testes propriamente ditos. Ela é composta,
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Lançar mão de instrumentos técnicos que permitam olhar para o ser humano de forma
integral, considerando não apenas aquilo que não vai bem, mas contemplando as forças,
virtudes e emoções positivas presentes é, portanto, uma das tarefas a ser executada por
profissionais interessados na psicologia positiva. Em seu bojo teórico, essa perspectiva do
saber psicológico traz a pretensão de:
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[...] uma boa opção, dado que essas medidas convergem com outras formas de
avaliação, como sejam as entrevistas, o registro de memórias de acontecimentos de
vida, os relatos de familiares ou amigos ou ainda as medidas de amostragem
experimental (BARROS, MARTÍN & PINTO, 2010).
Tanto Barros, Martín e Pinto (2010) quanto Pires, Nunes e Nunes (2015) sinalizam que as
pesquisas no domínio da psicologia positiva têm recorrido a procedimentos inovadores. Além
disso, apontam a tendência de mudança no sistema de coleta de dados para aqueles que se
utilizem de ferramentas tecnológicas.
Considerando como possibilidades de instrumentos da psicologia positiva a serem utilizados
no Ministério Público do Estado de Rondônia, serão evidenciados os recursos técnicos
descritos a seguir, embora muitos outros possam vir a integrar esse rol.
A Escala de Satisfação de Vida (ESV), criada por Diener, Emmons, Larsen & Griffin (2005)
tem o objetivo de avaliar o nível de satisfação dos sujeitos com suas condições de vida. Para
Hutz, Zanon e Bardagi (2014:43) satisfação de vida refere-se ao “nível de contentamento que
alguém percebe quando pensa sobre sua vida de modo geral” e é o componente cognitivo do
bem-estar subjetivo. A ESV foi adaptada e validada para a população de adultos e
adolescentes brasileiros pelo grupo de pesquisadores do Laboratório de Mensuração da
UFRGS em 2013 e é composta de cinco itens de autorrelato tendo como chave de respostas
uma escala Likert de sete pontos (HUTZ, ZANON & BARDAGI, 2014:43-47).
A Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos (PANAS) refere-se à dimensão emocional
do bem-estar subjetivo e é utilizada internacionalmente para avaliar a frequência e a
intensidade de afetos. Watson e Clark (1994) são os autores da PANAS (Positive and
Negative Affect Schedule) e em 1996 Giacomini e Hutz fizeram a adaptação para o Brasil. O
instrumento é de autorrelato no formato de escala Likert de 5 pontos e é composto por 10
itens que avaliam afetos positivos e 10 itens que avaliam afetos negativos (ZANON & HUTZ,
2014:63-67).
O WHOQOL-Bref é um instrumento que varia do WHOQOL-100, ambos desenvolvidos
transculturalmente pela Organização Mundial de Saúde com o objetivo de avaliar a qualidade
de vida. No Brasil, o instrumento foi traduzido e validado pelo grupo coordenado pelo Dr.
Marcelo Pio de Almeida Fleck, professor da UFRGS. Consta de vinte e seis questões, sendo
duas questões gerais e as demais relacionadas aos domínios físico, psicológico, relações
sociais e meio-ambiente, os quais também compõem o instrumento original. Assim como sua
versão longa, o WHOQOL-Bref avalia a percepção do próprio respondente, além de fornecer
“subsídios para o avaliador e para o respondente que, ao participar da avaliação, tem a
oportunidade de refletir sobre sua vida e seus hábitos” (Grupo de Estudos em Qualidade de
Vida, 2003 apud REPPOLD, SERAFINI & MENDA, 2014:125).
A Escala Utrecht de engajamento no trabalho – UWES (Utrecht Work Engagement
Scale) – possibilita mensurar o engajamento no trabalho enquanto estado mental positivo e
disposicional de bem-estar e realização profissional. A escala de autorrelato foi criada por
Schaufeli e Bakker (2004) e teve sua versão validada e normatizada para uso com adultos
brasileiros pelos estudos produzidos por Vazquez, Pacico, Magnan, Hutz e Schaufeli
(2016:75-89). É constituída por 17 itens respondidos em uma escala Likert de 7 pontos,
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divididos em três dimensões: vigor (energia e força que o indivíduo põe em seu trabalho),
dedicação (significado e propósito que atribui ao seu trabalho) e concentração (estado de
imersão e absorção na execução da tarefa).
A Escala de Bem-Estar no Trabalho – EBET – é um instrumento brasileiro desenvolvido e
validado por Paschoal e Tamayo (2008), de autorrelato com respostas em uma escala Likert
de 5 pontos e é composto por duas partes. A primeira mede o bem-estar a partir dos afetos
positivos e afetos negativos e a segunda parte mensura o bem-estar sob a perspectiva da
realização no trabalho.
Pontos em comum a serem destacados sobre os cinco instrumentos descritos sucintamente,
referem-se ao curto tempo de aplicação e correção, baixo custo envolvido e, sobretudo,
parâmetros psicométricos satisfatórios quanto à consistência interna, validade e confiabilidade
(HUTZ, ZANON & BARDAGI, 2014:43-47), (ZANON & HUTZ, 2014:63-67), (REPPOLD,
SERAFINI & MENDA, 2014:125-126), (VAZQUEZ, PACICO, MAGNAN, HUTZ &
SCHAUFELI, 2016:75-89) e (PASCHOAL & TAMAYO, 2008).
Além dos instrumentos descritos, o SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos)
disponibiliza em seu site (http://satepsi.cfp.org.br/) a lista de testes com parecer favorável que
também podem ser utilizados em processos de avaliação em psicologia positiva, como por
exemplo, a Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN), Escala Fatorial
de Extroversão (EFEx), Escala Fatorial de Socialização (EFS), Bateria Fatorial de
Personalidade (BFP), dentre outras possibilidades.
Para essas autoras, o conceito de bem-estar no trabalho (BET) passa a ser valorizado,
possibilitando que investigações apoiadas na psicologia positiva tenham como foco “os
aspectos positivos dos indivíduos e das organizações [...] procurando-se identificar estratégias
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O que tem sido observado, segundo Cogo (2011:19), é que diferentes técnicas da psicologia
positiva são possíveis de serem aplicadas no contexto organizacional e que, por meio delas,
espera-se que padrões usuais de comportamento e pensamento sejam revistos e alterados,
possibilitando mudanças de atitudes e hábitos a fim de tornar as pessoas mais produtivas,
equilibradas e felizes.
Por fim, em menção aos achados de Seligman (2011) e Sousa (2010), Pureza et al. (2012)
afirmam que a literatura sobre o tema “aponta que os programas e intervenções em psicologia
positiva, apesar de serem recentes, têm apresentado resultados efetivos, tanto no contexto
clínico quanto em outros contextos sociais”. Esses achados motivam a análise da
possibilidade de inserir intervenções da psicologia positiva em um órgão público estadual que
tem se despertado para a necessidade de inovações na área de gestão de pessoas: Ministério
Público do Estado de Rondônia.
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Talentos” (Art. 3º, inciso V), que é voltado para a melhoria do clima organizacional e da
qualidade de vida no trabalho e na família. Ademais, as duas resoluções priorizam ações que
promovem o crescimento pessoal em suas múltiplas dimensões, compreendendo aspectos
físicos, mentais, profissionais, emocionais, culturais e sociais (Art. 2º, inciso I).
Essas resoluções podem ser vistas como fruto de ações praticadas pelo Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), criado em 2004 e instalado em 2005, com o intuito de fiscalizar
a ação dos Ministérios Públicos estaduais e federais, bem como unificar procedimentos. Para
alcançar esses objetivos, o CNMP elaborou o Planejamento Estratégico Nacional (PEN) e o
Mapa Estratégico do MP brasileiro, além de recomendar que todos os MPs elaborassem um
Plano Geral de Atuação (PGA) alinhado com os objetivos traçados nacionalmente.
Atendendo a recomendação, o MPRO criou o seu próprio Mapa Estratégico, estabeleceu
Missão, Foco e Visão, conforme figura 1, e elaborou estratégias de gestão por meio da
ferramenta PGA.
Observa-se, portanto, que ao longo dos últimos 12 anos, o CNMP exerceu importante papel
na estruturação de ações em todas as perspectivas de atuação do Ministério Público brasileiro,
além de ter assumido o papel de fortalecer, aprimorar, integrar e desenvolver a instituição
estrategicamente, de acordo com a realidade de cada unidade ministerial.
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Em Rondônia, a instituição tem traçado metas para atender demandas da gestão de pessoas
por meio do Plano Geral de Atuação (PGA). No planejamento compreendido para o período
de 2016 a 2019, dentro da Perspectiva “Pessoas, Infraestrutura e Recursos”, um dos objetivos
estratégicos previstos é o de aprimorar a política de valorização e motivação de membros e
servidores por meio da elaboração de projetos institucionais observando as diretrizes do
Planejamento Estratégico Nacional.
Em pesquisas realizadas no banco de normas internas, disponibilizado no portal do MPRO,
verifica-se que, mesmo antes do atual PGA 2016-2019, a instituição já adotava ações pontuais
tendo por objetivo valorizar seu capital intelectual. Para tanto, foram criados projetos e
resoluções como os mencionados abaixo.
Em março de 2005, foi instituída a Resolução nº 02/2005 – PGJ que dispõe sobre a “Medalha
de Bons Serviços do Ministério Público do Estado de Rondônia”. Segundo a norma, a
condecoração é feita a todos os servidores e membros que completam 10, 20 e 30 anos de
trabalho.
Em 2009, foi criado o coral “Canto Livre” por meio da Resolução nº 03/2009 – PGJ que, em
seu Art. 1º, institucionaliza o coral do MPRO com o objetivo de promover a sensibilização e a
valorização pessoal dos participantes, bem como o estímulo à qualidade de vida no trabalho.
No ano de 2011, foi instituído um projeto de incentivo ao aperfeiçoamento profissional dos
servidores do MPRO intitulado “Crerser” (Resolução nº 16/2011 – PGJ). Referido projeto se
caracteriza por custear total ou parcialmente cursos técnicos, de graduação, de tecnologia e de
pós-graduação e/ou conceder horário especial para servidores estudantes beneficiados com o
projeto.
Outra importante norma interna estabelecida em 2011 foi a concessão de jornada de trabalho
especial para servidores idosos ante a Resolução nº 31/2011 – PGJ que prevê redução da carga
horária dos servidores efetivos do MPRO com idade igual ou superior a sessenta anos, de 8
(oito) horas para 6 (seis) horas diárias ininterruptas. Esse projeto tem como título “Melhor
Horário para a Melhor Idade”.
Ainda em 2011 foi instituída a semana do colaborador no âmbito do Ministério Público do
Estado de Rondônia, comemorada no mês de outubro em alusão ao dia do servidor público
(28 de outubro), com programação especial e possibilidade de horário de trabalho especial
para todos os integrantes da instituição (Resolução nº 32/2011– PGJ). Desde então, a
cerimônia de entrega de medalhas aos servidores que completam décadas de serviço ocorre ao
longo dessa semana especial.
Já em 2012, foi regulamentada a concessão de folga remunerada aos servidores do MPRO no
dia de seu aniversário, bem como antecipação do 13º salário aos servidores e membros no
mês do seu aniversário conforme a Resolução nº 16/2012 – PGJ que institui o Projeto “MP –
Meus Parabéns”.
No mesmo ano foi instituída a jornada de trabalho especial para mães com crianças até um
ano de idade e com filhos deficientes por meio da Resolução nº 20/2012 – PGJ que
regulamenta o Sistema de Registro de Ponto Eletrônico no MPRO. Esse projeto é
referenciado na instituição como “Mãe Protetora”.
No ano de 2015, tendo como base o objetivo estratégico do PEN a respeito da valorização e
motivação de membros e servidores, a Resolução nº 18/2015 – PGJ foi criada pelo
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pertence. Diz ainda que “as pessoas que utilizam suas qualidades pessoais têm maior chance
de atingir as suas metas pessoais, pois sentem-se mais felizes, tornam-se mais resistentes à
depressão, se identificam positivamente com seu trabalho e têm autoestima mais elevada”
(COGO, 2011:22).
Há que se evidenciar que a avaliação em psicologia positiva tem lançado mão de diferentes
instrumentos técnicos como entrevista, observação, testes psicológicos, questionários, escalas
de autorrelato, inventários, dentre outros recursos, para atingir o objetivo primeiro de
identificar forças e virtudes do caráter visando extrair e nutrir o que existe de melhor nos
indivíduos. E isso tem se dado não apenas no contexto clínico, mas em outros, como
mencionam Carr (2007), Snyder & Lopez, (2005) apud Barros, Martín e Pinto (2010) ao
afirmarem que a psicologia positiva tem sido usada de forma exitosa na promoção de
mudanças comportamentais em diversos contextos. Entretanto, os mesmos autores alertam
para a necessidade de avaliações mais rigorosas e atentas para os efeitos dos projetos de
intervenção a longo prazo.
Em resposta à possibilidade da implementação da avaliação em psicologia positiva no
Ministério Público do Estado de Rondônia, possibilita a análise dos dados apresentados as
afirmações seguintes.
Os construtos estudados pela psicologia positiva (otimismo, engajamento, afetos positivos e
negativos, satisfação de vida, bem-estar, autoestima, esperança, autoeficácia, florescimento,
qualidade de vida, forças de caráter, virtudes pessoais, relacionamentos, altruísmo, resiliência,
flow, dentre outros), de modo geral, costumam despertar interesse nas pessoas que almejam o
aperfeiçoamento pessoal. Assim, o interesse dos indivíduos pelos construtos pode representar
um fator de viabilidade para a implantação de práticas da psicologia positiva no órgão público
em epígrafe.
O baixo custo financeiro, os parâmetros psicométricos satisfatórios e a rapidez na aplicação e
correção dos instrumentos de avaliação propostos pela psicologia positiva se apresentam
como fatores facilitadores da implementação desses recursos na rotina de trabalho do MPRO.
As oportunidades geradas pelo CNMP por meio das Ações Nacionais Estruturantes e
recomendações técnicas tem fomentado no MPRO embasamentos legais e atos favoráveis à
implementação de práticas da psicologia positiva que visem alcançar o objetivo estratégico
nacional dos MPs brasileiros de valorização e motivação de membros e servidores.
As resoluções internas e os projetos existentes no MPRO mencionados no presente trabalho
evidenciam o interesse institucional no bem-estar de seus trabalhadores, muito embora nem
todos sejam contemplados com as ações por serem, algumas delas, direcionadas a grupos
específicos (Melhor Horário para a Melhor Idade e Mãe Protetora, por exemplo), enquanto
outras ações beneficiam aqueles que necessitam ou desejam aderir aos serviços oferecidos
(SAPI, Crerser e Coral, por exemplo). Há, contudo, atos normativos que contemplam a todos
de forma igualitária (Medalha de Bons Serviços, Semana do Colaborador e Meus Parabéns).
O Whoqol-Bref já vem sendo utilizado no MPRO com grupos específicos, conforme descrito
no Projeto MP Cuidando de Você, cadastrado no banco nacional de projetos do CNMP. Este
fato abre portas para que novos instrumentos possam ser introduzidos na rotina de trabalho
desenvolvida pelos responsáveis por esse e/ou outros projetos com a mesma finalidade. A
Escala de Satisfação de Vida (ESV), Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos
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9. Conclusão
A psicologia positiva é uma área promissora para a atuação da psicologia no Brasil e tem se
destacado por estudar construtos que abrem portas para novas contribuições que busquem
compreender o ser humano a partir de seus potenciais e não apenas das fragilidades. Além
disso, é uma perspectiva teórica que reforça a missão primária do profissional de psicologia
de acreditar no processo de mudança, pois parte do princípio de que todas as pessoas têm a
possibilidade de recuperar a boa qualidade de vida com base na identificação e fortalecimento
das habilidades e fatores saudáveis que possui. No contexto organizacional, práticas da
psicologia positiva tem se mostrado viáveis para intervenções com foco no desenvolvimento
das emoções positivas, forças e virtudes pessoais, bons relacionamentos e engajamento,
dentre outras. Essa forma de “trabalhar” o ser humano propõe mudanças de padrões
comportamentais usuais para padrões que promovam formas mais adequadas de enfrentar
situações adversas, bem como para tornar as pessoas mais produtivas, equilibradas e felizes.
Isso soa como algo positivo, pois tanto a iniciativa privada quanto a pública tem buscado
absorver modelos de gestão que contemplem o bem-estar, a qualidade de vida e a satisfação
dos trabalhadores e, os dados apresentados, apontam como caminho possível para atingir esse
objetivo práticas da psicologia positiva, dentre elas as de avaliação.
Conclui-se, portanto, que é possível utilizar a avaliação em psicologia positiva no Ministério
Público do Estado de Rondônia, pois os benefícios que essa prática pode ofertar favorecem
ganhos individuais e coletivos no que se refere aos aspectos salutogênicos no ambiente do
trabalho. Cabe, contudo, destacar a importância de mais estudos sobre os resultados obtidos
por meio de práticas da psicologia positiva no contexto organizacional, inclusive no cenário
da iniciativa pública, a fim de que essa atuação profissional se fortaleça e solidifique. Vale
ressaltar também que, embora o número de pesquisadores sobre a psicologia positiva no
Brasil tenha aumentado ao longo dos últimos 17 anos, ainda se observa que boa parte dos
estudos tem sido desenvolvida pelos mesmos autores e que o leque de fenômenos possíveis
em psicologia positiva merece ser ampliado, assim como vem acontecendo em outros países.
Referências
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