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Washington, DC - 2018
Também publicado em espanhol e português:
Indicadores de salud. Aspetos Conceituais e operativos. ISBN: 978-92-75-32005-1
Indicadores de Saúde. Elementos Conceituais e Práticos. ISBN: 978-92-75-72005-9
A menção de empresas específicas ou de certos produtos dos fabricantes não implica que sejam
endossadas ou recomendadas pela Organização Pan-Americana da Saúde, em preferência a outras de
natureza semelhante que não sejam mencionadas. Erros e omissões com exceção dos nomes dos
produtos proprietários distinguem-se pelas letras maiúsculas iniciais.
Foram tomadas todas as precauções razoáveis pela Organização Pan-Americana da Saúde para
verificar as informações contidas nesta publicação. No entanto, o material publicado está a ser
distribuído sem qualquer tipo de garantia, expresso ou implícito. A responsabilidade pela interpretação e
utilização do material cabe ao leitor. Em caso algum, a Organização Pan-Americana da Saúde será
responsabilizada por danos decorrentes da sua utilização.
ii
TABELA DE CONTEÚDOS
INTRODUÇÃO 1
2.1.1 Conde 18
2.4.2 Definição de um
novo evento 39
2.4.3 Definição do
denominador 40
2.4.4 Comparar indicadores em diferentes grupos populacionais 40
iv
2.4.5 Normalização das taxas de
mortalidade 41
2.5.6 Outros fatores 43
3.2
Atributos a ter
em conta na seleção de fontes
de dados secundárias 49
3.3
Principais fontes
de dados 51
3.3.1
Recenseamentos demográficos 51
3.3.2
Sistemas de informação em saúde
52
3.3.3
Dados de
rotina das instalações sanitárias
55
3.3.4
Levantamentos populacionais 56
3.4
Mapeamento de fontes
de dados 60
4.3
Principais intervenientes no
processo de
v
avaliação dos indicadores de
saúde 64
4.4
Medidas para avaliar
a
qualidade dos
indicadores de saúde 65
4.5
Avaliação dos dados
da mortalidade 69
SECÇÃO 5: INDICADORES ESTIMADOS POR MÉTODOS INDIRETOS: CONCEITOS BÁSICOS, UTILIZAÇÕES E LIMITAÇÕES71
5.1
Métodos de
estimativa do indicador 71
5.2
Utilizações e limitações da estimativa dos indicadores 72
5.3
Estimativa dos indicadores de
mortalidade materna e
infantil 75
5.3.1
Metodologia do MMEIG 76
5.3.2
A metodologia IHME 76
5.3.3
Estimativas de
mortalidade infantil na
região das
Américas 77
ANEXO
80
ARQUIVO PARA DESCREVER INDICADORES 80
Arquivo modelo 81
vi
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) deseja manifestar o seu apreço pelos esforços
conjuntos realizados pelas suas unidades técnicas e pelos Escritórios de Países, bem como por
peritos dos Ministérios da Saúde, que prestaram assistência técnica e orientação durante a
elaboração deste documento.
A produção do documento foi liderada pela Unidade de Análise de Saúde, Métricas e Provas (HA)/
Departamento de Evidência e Inteligência para a Ação em Saúde (EIH), sob a coordenação de Vilma
Gawryszewski. A preparação do material preliminar beneficiou ainda da colaboração de Andrea
Gerger, Bremen de Mucio, Gabriela Fernandez, João Risi Jr., Oscar Mujica, Pablo Durán, Patricia Soliz e
Roberta. A Caixeta. O documento final foi revisto e produzido em colaboração com Elizabeth
Duarte e Enrique Vázquez.
Os seguintes participantes do grupo de trabalho: Olga Araya, Laura A. Barufaldi, Gustavo Bretas, Roberta
Caixeta, Elisabeth Duarte, Bremen De Mucio, Pablo Durán, Gabriela Fernández, Vilma Gawryszewski,
Andrea Gerger, Carlos Guevel, Lilia Jara, José Moya, Rodolfo Peña, João Risi Jr., Patricia L. Ruiz,
Antonio Sanhueza, Patricia Soliz, Cintia H. Vasconcelos,
Esta publicação foi financiada pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela OPAS.
vii
INDICADORES DE SAÚDE: CONSIDERAÇÕES CONCEPTUAIS E OPERACIONAIS
INTRODUÇÃO
A presente publicação tem por objetivo ajudar os Estados-Membros da Região das Américas a selecionar,
gerir, interpretar e utilizar indicadores de saúde. O seu objetivo global é facilitar o progresso no
sentido do acompanhamento e análise das situações e tendências de saúde. A medição e
monitorização dos indicadores de saúde são importantes para fornecer uma base para medir as
desigualdades e orientar a tomada de decisões baseadas em evidências na saúde pública.
Este documento examina considerações conceptuais e práticas para selecionar e calcular indicadores
de saúde. Destina-se a dois públicos principais: a) pessoas de nível nacional responsáveis pela geração,
análise e validação de dados oportunos e fiáveis sobre sistemas e serviços de saúde, incluindo pessoas
em agências estatísticas vitais e saúde pública profissionais; e b) utilizadores de informação de
saúde para a tomada de decisões para reforçar o serviço de saúde delivery. No entanto, os autores
reconhecem que os Países Membros da Região estão em diferentes níveis de progresso no que diz respeito
aos recursos humanos e às capacidades institucionais para produzir informações de saúde fiáveis,
comparáveis e consistentes.
FUNDO
A Iniciativa Regional de Dados de Saúde (OPAS) da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) foi lançada
em 1995 para contribuir para o conhecimento sobre o estado de saúde e bem-estar das populações e
promover a utilização de dados fiáveis para a tomada de decisões. Oobjetivo do RCHDI consiste em
acompanhar os objetivos e mandatos de saúde dos Estados-Membros da OPAS , para além de
compilar anualmente um conjunto mínimo de dados e indicadores para caracterizar a situação e as
tendências sanitárias na Região. Em 1997, o 40º Conselho Diretivo da OPAS adotou cd de resolução.
40.R10, institucionalizando o RCHDI. Cento e dezoito indicadores foram selecionados e agrupados em
áreas temáticas. Desde 1997, a maioria dos Países-Membros e dos territórios tem implementado
oRCHDI para acompanhar a sua situação e tendências sanitárias a nível nacional e subnacional (1, 2). O
Plano Estratégico da OPAS 2014-2019, continua a promover o uso de informação estratégica de saúde
como ferramenta para a tomada de decisões em saúde, incluindo a definição de políticas,
reorganização dos serviços de saúde e mobilização de recursos, entre outras coisas.
Nos últimos anos, tem-se verificado uma melhoria acentuada da capacidade dos Países Membros de
1
gerarem e analisarem a informação em saúde. Em muitos casos, este esforço foi reforçado pela sua
subscrição ao RCHDI. Esta melhoria pode ser vista, por exemplo, na capacidade de muitos países
monitorizarem adequadamente
2
e avaliar a sua realização e/ou progresso rumo aos objetivos do Objetivo de Desenvolvimento do Milénio
(ODM). Com base na iniciativa ODM e para completar os objetivos que não atingiram, os países são
agora obrigados a monitorizar 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com 169 metas
abaixo a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que foi adotada pelos líderes
mundiais em 2015. Esta Agenda universal reafirma a saúde como um direito fundamental. Os
objetivos e metas representam uma aspiração global para o planeta, para as pessoas e para a sua
prosperidade; articulam o desejo de que ninguém deve ser deixado para trás. Para tal, o ODS-3
afirma: "Garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em todas as idades." A fim
de controlar estes objetivos, são necessários dados acessíveis, de alta qualidade, oportunos, fiáveis e
desagregados para medir os avanços, garantir que ninguém seja deixado para trás e que sejam
essenciais para a tomada de decisões (3).
O documento contém cinco secções. A secção 1 discute indicadores de saúde, definições, utilizações e
atributos; Secção 2, desenvolvimento e medição dos indicadores de saúde; Secção 3, fontes de dados
para o desenvolvimento de indicadores de saúde; Secção 4, etapas na avaliação da qualidade dos
dados e dos indicadores de saúde; e Secção 5, indicadores estimados por métodos indiretos: conceitos
básicos, utilizações e limitações. Cada secção começa com um resumo dos seus objetivos específicos, e
incluiuma lista de links relevantes para websites e documentos complementares. Espera-se que esta
publicação constitua um recurso valioso para reforçar os sistemas de informação sobre a saúde e
promover a integração de dados no processo de tomada de decisão.
LINKS RELACIONADOS
• Sessenta e nono Mundo Saúde Montagem WHA69.11. Saúde na Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA69/A69_R11-en.pdf
• Rede Inter-agências de Informação em Saúde (RI)PSA). Indicadores centrais para a saúde no Brasil:
Conceitos e aplicações-2.ª ed. RIPSA, RIPSA. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2008.
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=informacao-e-
ana-lise-saude-096&alias=168-indicadores-basicos-para-salud-brasil-conceptos-e-aplicaciones-8&Itemid=965 3
(versão em espanhol)
• Assembleia Geral das Nações Unidas. Sétima sessão, outubro de 2015. Transformar o Nosso Mundo: a Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
http://unctad.org/meetings/en/SessionalDocuments/ares70d1_en.pdf
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Nuclear, 2004. Disponível em: http://www1.paho.org/english/gov/cd/CD45-14-e.pdf
4
SECÇÃO 1
Objetivo
Estação o tema e delineador competências básicas, de forma um melhorar um compreensão dos tors de saúde indi
5
O conceito da OMS está, em parte, alinhado com o modelo holístico, e reforça as conotações
positivas da "saúde". Alguns críticos queixaram-se de que este conceito é utópico e inatingível (2).
Argumentam que a noção de bem-estar reflete uma idealização do conceito e, portanto, não é útil
como objetivo para os serviços de saúde porque não é suficiente para desenvolver indicadores
operacionais de saúde. Outros referiram a sua dependência de contextos culturais e a sua
incapacidade de considerar uma série de dimensões. No entanto, há quem tenha considerado a
definição de saúde da OMS como uma opção aceitável e considera-a um passo em frente em
frente da definição fornecida pelos modelos biomédicos. Vários estudiosos têm dedicado
esforços para tornar a saúde mensurável neste quadro conceptual (5). Nomeadamente, o conceito
da OMS sublinha que a saúde não é da exclusiva responsabilidade do sector da saúde, mas sim uma
responsabilidade partilhada por outros sectores. Esta visão é apoiada pelo sistema integrado dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e por metas que podem facilitar a integração do
policy em todos os sectores.
De acordo com Morgenstern (7), medir variáveis de saúde envolve a utilização de diferentes
níveis de medições, que podem ser geradas de duas formas:
1. Por observação direta individual (por exemplo, medindo a pressão arterial dos
indivíduos ou o acesso aos serviços de saúde quando necessário);
6
As medições geradas por observações de grupos ou locais são utilizadas para produzir medições
específicas da população, que podem ser classificadas em diferentes níveis:
1. Medições agregadas de saúde: Trata-se de medições (médias, medianas, proporções) que
fornecem uma visão sumária das observações dos indivíduos em cada grupo observado (por
exemplo, prevalência de hipertensão em mulheres e homens dentro de uma determinada
faixa etária). Por outras palavras, medem a saúde na população.
3. Medições globais: Referem-se a atributos do grupo ou lugar sem análogos a nível individual
(densidade populacional, índice de desenvolvimento humano , produto interno bruto per
capita, etc.). Estes são considerados indicadores contextuais.
Esta publicação usa a expressão "indicador de saúde" como sinónimo de "indicador da saúde da
população", em vez de "indicador de saúde individual". Utiliza, portanto, informação sobre grupos
ou locais gerados por medições agregadas de saúde. Os e são geralmente baseados num evento de
interesse, numa população de referência e em critérios de inclusão/exclusão.
Medir as dimensões da saúde numa população requer estimativas e, portanto, existe um certo grau
de imprecisão.
Cada indicador de saúde é uma estimativa (uma medição com algum grau de
1.1.3 DADOS, INDICADORES
imprecisão) E INDICADOR
de uma DE SAÚDE
determinada dimensão sanitária numa popula de destino.
Há uma hierarquia de conceitos no domínio da saúde pública . A palavra dados refere-se à
unidade mais básica (entrada) que, quando gerida, gera um indicador; o indicador, uma vez
analisado, gera informação que, uma vez interpretada, gera conhecimento. O conhecimento requer
a divulgação através de processos de comunicação adequados e eficientes, a fim de influenciar a
tomada de decisões relacionadas com a saúde e produzir uma ação. Esta espiral que começa com
a produção de provas e culmina na ação de saúde pública é a base para o que tem sido chamado de
"saúde pública baseada em evidências" (8-10).
7
Um. indicador é uma medição que reflete uma determinada A situação.
Para efeitos deste documento, os indicadores de saúde são definidos como medidas sumárias
que captam informação relevante sobre diferentes atributos e dimensões do estado de saúde e
desempenho de um sistema de saúde. Os indicadores de saúde tentam descrever e monitorizar
o estado de saúde da população . Os atributos relacionam-se com características ou qualidades
de saúde, enquanto o próprio conceito de saúde engloba o bem-estar físico, emocional, espiritual,
ambiental, mental e social.
Neste contexto, é importante distinguir entre um pedaço de dados (singular), ou datum (plural), e um
indicador. Um datum pode ser considerado como constituído por qualquer elemento numérico que
tenha contribuído para a construção do indicador.
8
1.1.4 INDICADORES DE SAÚDE POSITIVOS E NEGATIVOS
A classificação dos indicadores como positivos ou negativos reflete se estão associados
direta ou inversamente à saúde.
Os de
A esperança indicadores são considers
vida à nascença Positivos
é um indicador quando ter
dasobrevivência umaprazo.
a longo relação direta
Como tal, pode ser
(associação,
considerado um indicadorcorrelação) com a Outros
de saúde positivo. saúde.exemplos
Quanto de
maior para o positivos
indicadores valor indicador,
são a proporção de
casos de tuberculose
melhor serácurada, de cobertura
o estado de saúdededas
vacinas ou de
pessoas nanecessidades de planeamento
população que está a ser familiar
satisfeitas.
O desenvolvimento de indicadores não é, por si só, um fim apenas para observar e documentar a
distribuição espacial ou temporal da coisa que está a ser medida. Pelo contrário, a razão pela qual os
indicadores são utilizados na saúde pública é para impulsionar a tomada de decisões em saúde. O
objetivo final é melhorar a saúde da população e reduzir as desigualdades injustas e evitáveis (13).
Alguns autores apresentaram propostas relativas à utilização dos indicadores de saúde (3, 10, 14).
Alguns usos ou aplicações principais são:
9
• A descrição. Os indicadores de saúde podem ser utilizados, por exemplo, para descrever
as necessidades de cuidados de saúde na população e a carga da doença em grupos
populacionais específicos. A descrição das necessidades de saúde de uma população
pode orientar decisões sobre a extensão e a natureza das necessidades não satisfeitas,
os inputs necessários para resolver o problema, e os grupos que devem receber maior
atenção, entre outras funções.
11
dos indicadores de saúde para a advocacia é uma das estratégias mais importantes para o
progresso porque pode orientar decisões políticas para melhorar os níveis de saúde na
população
12
1.3 DESAGREGAÇÃO DE DADOS COM BASE NA PESSOA, LUGAR E TEMPO
Note-se que os dados regionais e nacionais podem ocultar diferenças entre os países e entre grupos
dentro dos países no que respeita aos seus problemas e necessidades de saúde. Os dados devem,
portanto, ser desagregados, a fim de identificar grupos com necessidades prioritárias de saúde e
determinar onde as desigualdades exist. Além disso, a monitorização das mudanças nos padrões de
distribuição de um evento, ao longo do tempo, ajuda na formulação de hipóteses relativas a
fenómenos de saúde, como o impacto das ações e políticas de saúde, alterações nos padrões de
suscetibilidade da doença numa população, e a introdução de novos serogrupos de vírus ou serótipos que
exibam novos comportamentos, etc.
Umrelacionadas
As questões atributo dacom
maioria dos indicadores
o género, por exemplo,é que podemessenciais
são fatores ser desagregados por
para a compreensão da
epidemia níveis geográficos
do vírus (regionais, nacionais,
da imunodeficiência locais) e em
humana (HIV-SIDA). diferentes
Embora subgrupos
tanto os homens como as
mulheres populacionais (por idade,
possam ser expostos sexo,
ao VIH,a estatuto de
transmissão socioeconómico, origem
cerveja masculina étnica,
do vírus etc.).comum do
é mais
que a transmissão entre homens
A sua sensibilidade e mulheres
às mudanças (16).doMuitos
ao longo outros
tempo, uma vezfatores sociais, a
que se referem educativos,
económicos e culturais
mudanças são igualmente
noutras importantes
áreas da sociedade e podem
(como afetar socioeconómicas,
as alterações de forma diferenciada as
necessidades específicas
ambientais ou dedospolítica
homenspública),
e das mulheres
é tambéme asum
respostas
atributodonecessário
sector da(2).
saúde. Os dados,
desagregados pelo sexo e pela idade, medidos pela prevalência e incidência são importantes para
entender a epidemia de VIH. Estes tipos básicos de dados são necessários para combater as
desigualdades de género que alimentam a epidemia.
Outro exemplo é autilização de indicadores de saúde para avaliar as desigualdades sociais na saúde.
Embora o presente documento não aborde este assunto em profundidade, vale a pena notar que
medidas de tendência central (como médias, medianas e proporções) podem ocultar grandes
desigualdades internas numa determinada área geográfica ou subgrupo populacional, ou em
determinados pontos do tempo. Por conseguinte, é extremamente importante observar a dispersão
interna de um indicador, seja por desvios de padrões, quartéis ou valores máximos/mínimos (entre
outras medidas de dispersão), a fim de identificar qualquer heterogeneidade interna que pode estar
presente. Por exemplo, examinar a taxa de mortalidade infantil do Brasil em 2013 (15,0 por 1.000
nados vivos) tem um valor informativo limitado se o indicador variar de 10,4 (no Sul região) para
19.4 (Nordeste), e se dentro da região Nordeste oscila entre 14,9 (no estado de Pernambuco) a 24,7
(no Maranhão), ou se variar muito dentro do Maranhão.
13
A bibliografia desta secção abrange numerosas medidas de desigualdade nos indicadores de saúde,
destinadas a revelar a sua distribuição interna e não apenas os seus valores (7, 8). Os indicadores
preferenciais são aqueles que mostram a distribuição ao mais alto nível possível, quer espacialmente
(nas unidades sub-regionais, subnacionais ou municipais), no que diz respeito às características
individuais (sexo, idade, nível socioeconómico, escolaridade, ocupação, origem étnica, localização
geográfica), ou em termos de tempo (dias, semanas, meses, anos).
De acordo com a OMS (6), os fatores de estratificação mais utilizados para monitorizar as
desigualdades em saúde são representados pelo acrónimo PROGRESS: Place (região, província,
estado), Ás ou etnia, Occupation, Gender, Religion, Education, S estatuto ocioeconómico, e Social
capital ou recursos. Note-se que o número de indicadores necessários a nível global e regional é
inferior ao nível nacional, que por sua vez é inferior ao nível do Estado, e assim por diante (Figura 1).
NÍVEL DESAGREGAÇÃO
Global e Regional Sub-região, país, sexo. Objetivos globais e regionais
Nacional Propriedade, sexo, grupo etário, grupo étnico. Objetivos regionais e nacionais
14
1.4 ATRIBUTOS DESEJÁVEIS DE UM INDICADOR DE SAÚDE
Os critérios para a seleção dos indicadores de saúde variam de acordo com o propósito, fontes disponíveis
e utilizadores antecipados, entre outros fatores. Esta secção descreve alguns atributos que são
desejáveis em qualquer indicador. Também analisa a importância de ter indicadores que podem
ser estratificados com base nas características da pessoa, lugar e tempo que estão a ser
examinados. Como mencionado anteriormente, a suscetibilidade à desagregação é um atributoe
para um indicador de saúde.
Seguem-se alguns dos atributos que são úteis na avaliação de indicadores que medem a saúde das
populações (10; 18-21).
• Validade: Esta é a capacidade de um indicador para medir o que se destina a medir. Está
ligada à precisão das fontes de dados utilizadas e ao método de medição. Por exemplo, os
sistemas de informação sobre mortalidade são geralmente instrumentos bastante válidos
para o cálculo do número de mortes em países com registos estatísticos vitais adequados 2
(22), mas podem ser menos válidos para estimar as causas das mortes devidas aos erros de
diagnóstico e codificação (19). Além disso, os sistemas de informação com baixa cobertura
podem gerar cálculos de indicadores que têm pouca validade devido ao enviesamento de
seleção (osc ases reportados podem diferir sistematicamente de casos não reportados).
Por exemplo, os dados de morbilidade podem ser sujeitos a distorções de deteção (que é
um tipo de viés de seleção) se a gravidade do caso influenciar a probabilidade de ser
reportado, de modo que apenas os casos mais graves são suscetíveis de ser reportados.
15
2 Estatísticas vitais refletem acontecimentos relacionados com a vida e morte dos indivíduos e das suas famílias, bem
como o seu estatuto civil, incluindo nascimentos, casamentos, divórcios, separações e mortes (22).
16
e a comunicação de dados deve ser mínima para garantir que o indicador reporta informações
atuais e não históricas.
• Replicbilidade: As medições devem ser as mesmas quando feitas por pessoas diferentes
utilizando o mesmo método. Um indicador é considerado o cabo de replise não houver
distorção por parte do observador, os instrumentos utilizados para medi-lo, ou as fontes de
dados utilizadas, entre outros fatores.
17
LINKS RELACIONADOS
• Serviço Nacional de Saúde (SNS). Instituto de Inovação e Melhoria. O bom guia indicador: como compreender utilizar e
REFERÊNCIAS
escolher indicadores. http://webarchive.nationalarchives.gov.uk/20160708123732/http://www.apho.org.uk/resource/
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6. Porta M. Ed. (2014) Um dicionário de epidemiologia. Sexta edição, editada para a Associação Epidemiológica Internacional.
Editores associados: Sander Greenland, Miguel Hernán, Isabel dos Santos Silva, João M. Por último. Assistente editorial:
Andrea Burón.
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11. Dicionários de Oxford Learner. Dicionário Americano Avançado de Oxford. Oxford University Press; 2017. Dicionário
12. Pereira M. Epidemiologia, teoria e prática. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 2014. p. 596. [Anderson GM, Brown AD, McColgan
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decisores políticos e utilizadores de medidas de desempenho dos cuidados de saúde; 2003. Citado por Etches, V. et
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http://www.who.int/social_determinants/ recursos/womens_health_policies_wgkn_2007.pdf
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Umvailável em: https://unstats.un.org/unsd/demographic/standmeth/principles/M19Rev3en.pdf [consultado agosto de 2017].
20
SECÇÃO 2
Conteúdo
Indicadores de saúde, categorizados de acordo com a sua medição matemática (indicadores baseados
em medidas absolutas e relativas), a sua interpretação epidemiológica (prevalência e incidência); e o tipo
de indicador (indicadores de risco comportamental de facto, morbilidade e mortalidade, bem como
os utilizados para a avaliação dos serviços de saúde).
Objetivo
Para ganhar familiaridade com as formas mais comuns de calcular os indicadores de saúde, a sua
interpretação, e os seus usos e limitações.
Após a leitura desta secção, o leitor poderá definir:
• Indicadores baseados em medidas absolutas e relativas
• Indicadores de prevalência e incidência
• Indicadores positivos e negativos
• Indicadores de estrutura, processo, resultado e impacto
• Indicadores de fornecimento e utilização
A medição é o procedimento de aplicação de uma escala padrão a uma variável ou conjunto de valores.
Isto é necessário para facilitar as comparações em diferentes pontos do tempo e entre diferentes
populações. Um indicador pode ser tão simple como um número absoluto de eventos ou um cálculo
complexo, como; esperança de vida à nascença; taxa de fertilidade; descrição da qualidade de vida;
Descrição da capacidade funcional; descrição dos sintomas depressivos; acertenção da pontuação de
Apgar, etc. Existe uma distinção entre indicadores de saúde baseados em medidas matemáticas
absolutas e os baseados em medidas relativas. Na maioria dos casos, os indicadores baseados em
medidas relativas têm um numerador e um denominador, geralmente em referência à mesma hora e
local.
As medições mais frequentes são as contagens (medidas absolutas), rácios, proporções, taxas e
probabilidades (medidas relativas) (1-4).
21
2.1.1 CONTAGEM
A monitorização do número absoluto de eventos de saúde também pode funcionar como um impulso
para formular hipóteses sobre a mudança de padrões da doença e a sua mortalidade associada. O
número de casos endémicos de sarampo num determinado país/território livrede tais casos é um
indicador importante da reintrodução da doença e deve desencadear uma série de ações de saúde
pública. Como exemplo, o número de casos de microcefalia no Recife (Pernambuco, Brasil, 2015)
quando comparado com o mesmo indicador num período anterior equivalente foi o indicador que
suscitou suspeitas de que a epidemia do vírus Zika poderia envolver transmissão congénita e poderia
ter grandes consequências para os recém-nascidos. O número de casos de chikungunya numa dada
população deve orientar os gestores de saúde na organização da rede de cuidados para incluir cuidados
fisioterapeutas no tratamento de casos de artrite associados à doença. Além disso, o número de grávidas
com menos de 15 anos é importante para identificar e monitorizar casos de abuso sexual de menores.
3 População de referência ou população base: a população em que os eventos de interesse foram observados, ou mesmo a população de
pessoas que podem (potencialmente) estar ligadas ao evento em question.
22
São Paulo, Brasil (com cerca de 11,4 milhões de habitantes em 2010), com o número em Quito, Equador
(que tem cerca de 1,8 milhões de habitantes), porque as populações de referência (que incluem as
vítimas de acidentes de viação) são muito diferentes em tamanho. O número absoluto de acidentes
de viação poderia produzir números muito diferentes mesmo quando as condições rodoviárias, a
legislação, a educação dos condutores, o mau julgamento e o consumo de álcool, entre outros fatores
de risco, poderiam ser imilares. Nesses casos, devem ser formuladas medidas relativas para ter em conta
os efeitos das diferentes dimensões das populações de referência.
Em matemática, um rácio mostra uma relação entre dois números. É calculado dividindo uma
quantidade por outra, que pode ou não ser do mesmo tipo. No entanto, existem vários tipos de rácios
cada um com características especiais, como explicado abaixo:
23
4 De acordo com a abordagem frequentista, a probabilidade (P) de que um evento (A) ocorrerá é a frequência relativa do evento
(A) a longo prazo, em experiências repetidas sob condições semelhantes. P(A) = m/n (n → ∞), onde m = o número de vezes que
o evento A é observado, e n = o número de repetições da experiência. (Colton T., Estatísticas da Medicina. Boston: Little, Brown &
Co.; 1974, p. 32)
24
Em resumo, é costume utilizar a relação palavra para indicadores baseados em medidas relativas que
não se alinham conceptualmente com proporções, odds e taxas. Por exemplo, a relação palavra é
utilizada quando o numerador e o denominador representam eventos de diferentes tipos, por
exemplo; no caso das camas hospitalares (número de camas hospitalares divididas pelo tamanho
da população) ou do rácio de mortalidade materna (número de mortes maternas divididas pelo
número total de nados vivos).
Como exemplo, num ano específico uma comunidade tinha uma população total de 20.000;
tinha 300 camas hospitalares, das quais 250 em hospitais públicos e 50 em instalações privadas. O
rácio do número de camas hospitalares com a população comunitária nesse ano é calculado da
seguinte forma: 300/20.000 = 0,015 camas por habitante. (Multiplicar por 100 converte-o numa
percentagem). Assim, temos 1,5% ou 1,5 camas por 100 habitantes.
Nesse ano, o número de camas hospitalares públicas como um proportion do total de camas hospitalares
na comunidade é de 250/300 = 0,833. Ou seja, 83,3% das camas hospitalares na comunidade são
públicas.
As probabilidades de uma cama de hospital ser pública e não privada nesse ano são calculadas como
250/300 (o evento em proporção de eventos possíveis) divididos por 50/300 (o não-evento em
proporção de eventos possíveis) = 0,833/0,167 = ou 0,833/. 1-0.833) = 5 camas de hospital público por
cama de hospital privado. O quadro 1 apresenta as informações utilizadas no exemplo acima.
Rácio de camas hospitalares para os habitantes 300 camas 20.000 inhab 1,5 camas por 100 habitantes
Proporção (%) de camas de hospital público 250 camas 300 camas 83,3% camas públicas
Probabilidades de camas públicas versus privadas 250 / 300 50 / 300 5 camas de hospital público
por 1 cama privada
uma População do concelho = 20.000 habitantes (no ano em questão); camas hospitalares: 250 públicos e 50 privados (total: 300 camas).
25
2.1.3 DEFINIÇÃO DA BASE MULTIPLICATIVA USADA PARA DESCREVER UMA POPULAÇÃO
Como mencionado anteriormente, os indicadores baseados em medidas relativas consistem
numerador e um denominador. A fórmula geral com uma base multiplicativa é:
X
* 10
n
y
A notação 10n especifica a base multiplicativa, e n normalmente pressupõe valores de 2 (10 2 = 100), 3 (103
= 1.000), 4 (104 = 10.000), ou 5 (10 5 = 100.000). A seleção de um valor n reflete dois objetivos.
Em primeiro lugar, deve facilitar a compreensão da magnitude do indicador. Por exemplo, a
mortalidade devido a grandes grupos de causas é multiplicada por 104 = 10.000. É mais fácil
compreender a magnitude da mortalidade de, por exemplo, as doenças do aparelho respiratório
como 6 mortes por 10.000 habitantes em vez de 0,0006 mortes por habitante. A mortalidade devido
a grandes grupos de causas é expressa como uma rção propo de 10 2 = 100 mortes, enquanto a taxa de
mortalidade infantil é expressa em proporção de 103 = 1.000 nados vivos. O quadro 2 mostra dados
por números absolutos e bases multiplicativas.
26
Mesa 2. Número absoluto de mortes, mortalidade proporcional e mortalidade devido a grandes grupos de causas
de morte subjacentes, Região das Américas, 2010
MORTALIDADE
TO (n) MORTES)
DE (POR 10.000
b
INHAB.)
Doenças cardiovasculares (I00-I99) 1,640,172 29.3 17.37
Neoplasmos (C00-D48) 1,131,635 20.2 11.99
Doenças do trato respiratório (J00-J99) 571,686 10.2 6.06
Causas externas (V01-Y98) 538,463 9.6 5.70
Distúrbios endócrinos, nutricionais e metabólicos (E00-E90) 336,623 6.0 3.57
27
2.2 INDICADORES CATEGORIZADOS DE ACORDO COM A SUA INTERPRETAÇÃO
MATEMÁTICA E EPIDEMIOLÓGICA
Um incidente é definido como um novo evento ou caso de uma doença (ou uma
Vários indicadores
morte ou relativos podemdeser
outra condição gerados
saúde) queaocorreu
partir de
emeventos incidentes.
um período As medidas relativas
de tempo
que podem ser calculadas para os incidentes de saúde pública são a incidência cumulativa ou proporção
especificado.
de incidence, juntamente com a taxa de incidência ou densidade de incidência. Segue-se a
definição e interpretação de uma taxa de incidência:
Taxa de incidência
Conceito: A taxa de incidência é definida como o número de novos casos de uma doença ou
outra condição de saúde, dividido pela população em risco para a doença (população
exposta) em um local específico durante um período de tempo especificado.
Interpretação epidemiológica: Esta taxa calcula a probabilidade de uma mudança de Estado (por
exemplo, da saúde à doença, de viver para morrer, sem um dado acontecimento e com um
acontecimento adverso, etc.) durante um determinado intervalo de tempo. Em termos
epidemiológicos, isto é chamado de "risco". O risco, aliás, é a probabilidade de uma mudança de
estado (envolvendo doença, morte, efeito adverso) numa população que está a ser estudada
durante um determinado intervalo de tempo (3). No caso do exemplo citado abaixo do 2.1.2 sobre a
probabilidade de desenvolver alergia desde o nascimento até aos dez anos de idade, pode dizer-se
que a medida de incidência (proporção) em dez anos é o risco de uma criança recém-nascida nessa
população desenvolver uma alergia antes de fazer dez anos.
28
Método de cálculo: A taxa de incidência é calculada da seguinte forma:
Taxa de prevalência
Conceito: A taxa de prevalência é definida como o número de casos existentes de uma doença ou
outro evento de saúde dividido pelo número de pessoas na população naquele momento
especificado. Cada indivíduo é observado numa única ocasião, altura em que o estatuto do
indivíduo em relação ao evento em questão é apurado.
Interpretação epidemiológica: A taxa de prevalência determina quem na população tem uma dada doença
e quem não tem num determinado momento . No entanto, não indica o risco de contração da
doença. No caso do exemplo citado abaixo de 2,1.2, em que 10% de uma determinada população
sofre de hipertensão, a medida é a taxa de prevalência da hipertensão. É possível, então, calcular
que se se selecionar um indivíduo aleatório nessa população, a probabilidade (estimada pelo
coeficiente de prevalência) de que essa pessoa é hipertensiva é de 10%.
29
2.2.3 RELAÇÃO ENTRE TAXA DE INCIDÊNCIA E TAXA DE PREVALÊNCIA
A taxa de prevalência de uma doença (ou outra condição) é diretamente proporcional à sua taxa de
incidência vezes a duração média da doença, de acordo com a seguinte fórmula (3):
de a doença ou condição ter uma duração prolongada como, por exemplo, doenças que se tornam
crónicas e são incuráveis, embora a taxa de mortalidade por casos não fosse elevada. Por outro lado, a
baixa prevalência de uma doença pode indicar uma baixa incidência ou uma curta duração da doença
ou da condição (quer porque a morte ocorre rapidamente ou porque a condição foi curada
rapidamente). Ao considerar esta relação, deve notar-se que qualquer que seja a incidência, se o evento
é tão agudo que a sua duração média tende a zero, a prevalência desse evento também tenderá
para zero. Exemplos disso incluem a raiva humana e a morte devido a todas as causas.
A prevalência e a incidência
A incidência sãopara
é essencial geralmente
analisar autilizadas para
ocorrência dedoenças crónicas
novos eventos nastransmissíveis,
populações como
lepra e tuberculose, bem como para doenças crónicas não transmissíveis, como diabetes. A
e os seus fatores conexos. A prevalência é essencial para o planeamento e
incidência é usada para doenças agudas de curta duração e são curáveis ou terminam na morte (tais
organização dos recursos e serviços existentes, bem como para a obtenção de apoio
como raiva humana, sarampo, febre chikungunya, dengue, etc.). A taxa de incidência é preferível
quando o objetivo é calcular o risco (a probabilidade individual do novo evento ocorrer num determinado
intervalo de tempo) e, assim, identificar fatores de risco individuais (4).
30
2.3 TIPOS DE INDICADORES DE SAÚDE
Uma lista completa de tipos de indicadores, classificados de acordo com o evento a medir,
poderia ser listada nesta secção. Para demonstrar a utilidade e limitações dos indicadores, esta
secção diz respeito a um número limitado de indicadores em quatro domínios: a situação sanitária
(morbilidade); situação de saúde (mortalidade); fatores de risco comportamentais; e serviços de
saúde.
No final desta secção, existe uma lista de ligações com exemplos eespecificações técnicas al para
vários indicadores de saúde, como a Lista global de referência da OMS de 100 Indicadores De Saúde
Fundamentais e o documento da Rede Inter-Agências de Informação em Saúde (RIPSA).
31
(casos incidentes ou prevalentes), e pode destacar mudanças aparentes, mas não reais, nas
tendências desses indicadores.
32
programas e ações de prevenção da doença. Como exemplo, também pode fornecer
contributos para pesquisas sobre possíveis associações entre a incidência da doença, por um
lado, e comportamentos de risco e/ou a extensão da cobertura da terapia antirretroviral, por
outro.
33
TAXA DE PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO
• Método de cálculo: O número de casos de hipertensão existentes (por 100.000), divididos
pelo número de pessoas na população num determinado tempo. A taxa pode ser
desagregada por sexo, grupos etários, etnia e outras variáveis de interest.
• Fontes comuns: Os dados do numerador normalmente provêm de inquéritos populacionais utilizando
amostras representativas (nacionais ou locais). Consequentemente, o indicador é uma
estimativa de uma amostra e deve ser acompanhado pelo grau de certeza da estimativa e
pela quantidade de variabilidade inexplicável (intervalo de confiança).
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima a prevalência da hipertensão na
população . A análise desta estimativa ao longo do tempo e em diferentes subgrupos
populacionais permite monitorizar a sua magnitude e prever a procura de serviços de saúde
relacionados com a doença, bem como planear intervenções preventivas e promocionais.
34
2.3.2 INDICADORES DE MORTALIDADE
Os dados
A mortalidade num da localmortalidade
especificadosãonumumadeterminado
fonte fundamental
momento podeinformação
ser medida de
taisgeográfica
demográfica,
várias maneiras, como eme de causa numéricos
termos de morte. Estes dados são
absolutos, comoutilizados para e como
proporções,
taxas. Aoquantificar problemas
contrário da de saúde,
morbilidade, bem
a morte como
é um para único
evento definire claramente
ou monitorizar
identificável
que reflete a ocorrência e a gravidade de uma doença. É aconselhável desagregar os dados
da mortalidade por características, tais como, causa, idade, sexo, local de residência e ocorrência; e
origem étnica, entre outros fatores.
A mortalidade é a fonte de dados mais antiga e mais comum sobre o estado de saúde da
população. A recolha de dados sobre a mortalidade é obrigatória em todos os países das
Américas, e a utilização de certificados de óbito é obrigatória. A OMS emitiu recomendações
internacionais sobreas variáveis que devem ser incluídas nas certidões de óbito, bem como as
orientações para a sequenciação e codificação médica das doenças inscritas no certificado.
A maioria dos países da Região usam a Classificação Internacional dos mares de Di, 10ª
revisão (ICD-10) para codificar as causas da morte, permitindo comparações entre e entre
diferentes países em diferentes momentos.
Vários fatores podem afetar a precisão com que a morte e as suas características são medidas -
particularmente, a causa subjacente da morte5 (5). Estes fatores incluem:
5 A causa de morte subjacente foi definida como "a a doença ou lesão que iniciou o comboio de acontecimentos que
levaram diretamente à morte; ou b As circunstâncias do acidente ou da violência que provocaram o ferimento fatal."
35
e. A formação do certificador e do codificador médico relativamente aos métodos
corretos para completar e codificar as mortes utilizando as diretrizes do ICD.
f. O risco competitivo: dependendo da estrutura etária da população e dos mais frequentes
causas de morte nos grupos etários mais jovens, certas causas de morte podem ser
obscurecidas (reduzindo a probabilidade de serem notadas), devido ao que é chamado de
"mortalidade concorrente 6 riscos. (6) Por exemplo, numa população com um elevado
número de mortes devido a acidentes de viação, mortalidade entre jovens e
acontecimentos mortais em idades mais avançadas, como as mortes por cancro da próstata,
são menos propensos a serem notados. Examinar as taxas específicas da idade e do sexo
pode ajudar a minimizar o efeito dos riscos concorrentes e promover uma melhor
compreensão dos riscos de mortalidade na população.
• Método de cálculo: número de mortes de crianças menores de 1 ano (por mil) divididas pelo
número total de nados vivos na população durante um determinado ano.
• Fontes comuns: Os dados do numerador deste indicador provêm normalmente de sistemas
nacionais de mortalidade e sistemas de registo vitais , enquanto os dados do denominador
provêm de sistemas nacionais de registo de nascimento vivoe registo vital.
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima o risco de que os bebés nascidos vivos morram
durante o primeiro ano de vida. A análise desta estimativa ao longo do tempo e em
relação a diferentes causas e subgrupos etários (neonatal, neonatal precoce, neonatal tardio,
pós-neonatal) permite monitorizar a magnitude do indicador, ao mesmo tempo que
oferece provas de eficácia das políticas, programas e programas e intervenções para
prevenir mortes de crianças.
36
6 Um risco concorrente é um resultado alternativo que tem uma importância clínica igual ou superior ao resultado primário, e que
altera a probabilidade do resultado em questão (6).
37
RÁCIO DE MORTALIDADE MATERNA
• Método de cálculo: Número de mortes maternas — mortes de mulheres por causas e
condições associadas à gestação, parto e puerpérpio (até 42 dias após a gravidez a
termo)— por mil, dividido pelo número de nados vivos na população num dado ano.
• Fontes comuns: Os dados relativos ao numerador deste indicador provêm normalmente
de sistemas nacionais de mortalidade e de registo vital, com informações suplementares
da vigilância da mortalidade materna, enquanto os dados relativos ao denominador são
obtidos a partir de registos nacionais de nascimento vivo e sistemas vitais de registo.
• Exemplos de interpretação: Este indicador, ainda que indiretamente, estima o risco de uma
mulher morrer de causas relacionadas com a gravidez. Reflete o acesso aos serviços e a
qualidade dos cuidados prestados às mulheres durante a gravidez, o parto e o puerperium. A
análise desta estimativa ao longo do tempo para diferentes subgrupos de causas de morte e
diferentes subgrupos populacionais permite monitorizar a magnitude do indicador. Este
tipo de análise fornece evidência da eficácia de políticas, programas e intervenções para
prevenir mortes maternas. A maioria destas mortes são evitáveis com cuidados ante e pós-
natais de qualidade e outras melhorias nos serviços de saúde.
MORTALIDADE POR INFEÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA EM CRIANÇAS COM MENOS DE CINCO ANOS
• Método de cálculo: Número de mortes por infeção respiratória aguda (ARI) em crianças
com menos de cinco anos (por mil), divididas pelo número de crianças com menos de
cinco anos população em um dado ano.
• Fontes comuns: Os dados do numerador deste indicador provêm normalmente de
unidades nacionais de estatísticas de saúde e sistemas nacionais de recolha de dados de
mortalidade.
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima o risco de morte por ARI em children
com menos de cinco anos , e reflete a qualidade dos cuidados prestados às crianças.
A análise desta estimativa ao longo do tempo e em diferentes subgrupos
populacionais permite monitorizar a magnitude do indicador. Além disso, o
indicador fornece provas preliminares da eficácia de políticas, programas e
intervenções para prevenir a mortalidade desta causa.
39
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima a proporção de mortes que ocorrem por
causas mal definidas. A análise deste indicador ao longo do tempo e em diferentes
subgrupos populacionais permite monitorizar a qualidade da informação sobre as causas de
morte subjacentes, bem como a precisão da codificação do ICD.
Foram propostos numerosos indicadores do fator risk, dos quais são exemplos.
41
• Fontes comuns: Os dados para o erador num indicadornormalmente provêm de
inquéritos de base da população utilizando amostras representativas (nacionais ou locais).
Consequentemente, o indicador é uma estimativa da amostra e deve ser acompanhado pelo
grau de certeza da estimativa e pela quantidade de capacidade de variação inexplicável
(intervalo de confiança).
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima a frequência do uso atual do tabaco
na população adulta (18 anos ou mais). A análise deste indicador ao longo do tempo
e em diferentes subgrupos populacionais (idade, sexo, região geográfica , nível
educacional) permite monitorizar a magnitude e distribuição do indicador . Este
indicador fornece provas preliminares da eficácia das políticas, programas e intervenções
anti-tabagismo. Fornece também contributos para a investigação em associações entre
o tabagismo e a incidência de doenças pulmonares, cancros e doenças cardiovasculares e
outras.
42
consumindo estes alimentos cinco ou mais dias por semana.
• Fontes comuns: Os dados do numerador deste indicador normalmente provêm de
inquéritos populacionais utilizando amostras representativas (nacionais ou locais). Assim, o
indicador é uma estimativa da amostra e
43
deve ser acompanhado do grau de certeza da estimativa e da quantidade de variabilidade
inexplicável (intervalo de confiança).
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima a frequência do consumo regular de frutas e
legumes na população adulta (15 anos ou mais). A análise desta estimativa ao longo do tempo e em
diferentes subgrupos populacionais permite monitorizar a magnitude do indicador. O
indicador provides prova preliminar da eficácia das políticas, programas e intervenções
para promover o consumo de frutas e legumes. Além disso, fornece contributos para estudos da
associação de consumo irregular ou não de frutas e legumes com excesso de peso e obesidade,
bem como para a incidência de doenças não transmissíveis.
44
2.3.4 INDICADORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Vários quadros conceptuais fornecem diferentes métodos de formulação de indicadores que
medem a qualidade dos serviços de saúde. Embora esta publicação não tente rever todos os tipos de
indicadores de serviços de saúde, reconhece a importância destes indicadores. A nível global, os
serviços e sistemas de saúde enfrentam inúmeros desafios, como o aumento doscsts e despesas (tanto
para o governo como para os cidadãos). Esta mudança deve-se, em grande parte, a tratamentos
inovadores cada vez maiores e à utilização de novas tecnologias; a necessidade de adaptar os
serviços à nova procura; os desafios criados pelas transições demográficas e pelo envelhecimento das
populações; tendências epidemiológicas e mudanças nos padrões das doenças; necessidades
nutricionais e outros fatores comportamentais; o papel do sector na redução (ou aumento) das
desigualdades em saúde; pressures da procura do mercado; e contencioso. Os indicadores do
desempenho e da qualidade dos serviços de saúde cumprem inúmeras funções e são essenciais
para o acompanhamento institucional e social. Consequentemente, tem havido uma grande
proliferação de indicadores de qualidade dos cuidados de saúde (9).
Na discussão dos indicadores dos serviços de saúde, uma questão pertinente é "o que é a qualidade dos
cuidados?" e de quem deve ser avaliada: utentes, profissionais de saúde, população em geral,
gestores? Esta questão pode ser prosseguida consultando as fontes bibliográficas relevantes no
final desta secção.
Uma das abordagens mais reconhecidas para avaliar a qualidade dos serviços de saúde utiliza as
categorias de "estrutura", "processo" e "outcomes" propostas por Donabedian (10-11). Embora o
pensamento deste autor se centre na qualidade dos cuidados médicos, os conceitos aplicam-se
mais amplamente à qualidade dos cuidados globais prestados pelos serviços de saúde. O seu
quadro proposto pressupõe que as boas instalações de cuidados de saúde aumentam a probabilidade
de existirem bons processos, e que estes, por sua vez, aumentam a probabilidade de bons resultados
em saúde.
46
Antes de formular e monitorizar qualquer dos indicadores disponíveis relacionados com a qualidade dos
serviços de saúde, deve haver clareza quanto às relações (plausíveis) esperadas entre os indicadores de
estrutura e processo a monitorizar, bem como os indicadores de resultados propostos. Além disso, o
conceito de qualidade dos cuidados deve orientar uma definição dos critérios e padrões procurados, e
que são objeto de, a estrutura e os indicadores de processo, com base num quadro teórico adequado
(corpo de conhecimento válido e razoável) (10-11) .
48
• Fontes comuns: Os dados relativos ao numerador e denominador deste indicador
provêm normalmente de sistemas nacionais de informação sobre natalidade, bem como de
inquéritos demográficos e de saúde.
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima secções cesarianas em proporção de
todas as entregas na população. A análise do indicador em diferentes pontos do tempo
e em diferentes subgrupos populacionais permite monitorizar a sua magnitude. Este
indicador fornece provas preliminares da eficácia das políticas, programas e ações para
promover a entrega natural. Além disso, o indicador fornece contributos para a
investigação sobre os procedimentos e práticas de uma sociedade no que diz respeito à
acessibilidade e utilização dos serviços de cuidados heais durante o parto.
MORTALIDADE POR DOENÇAS EVITÁVEIS PELA VACINA EM CRIANÇAS COM MENOS DE UM ANO
• Método de cálculo: O número de mortes por doenças evitáveis pela vacina em crianças com
menos de um ano de idade (por 100.000), dividido pelo número total de nascimentos na
população num ano específico.
• Fontes comuns: Os dados do numerador deste indicador normalmente provêm de sistemas
de informação sobre mortalidade ional, enquanto os dados para o denominador provêm de
sistemas nacionais de informação sobre natalidade.
• Exemplos de interpretação: Este indicador estima o risco de crianças com menos de um ano de idade
morrerá de alguma causa entre um grupo de doenças para as quais o serviço de saúde tem
programas de imunização ideais para crianças. A análise deste indicador em
diferentes pontos do tempo e em diferentes subgrupos populacionais permite
monitorizar a suagnitude ma. Este indicador fornece provas preliminares da eficácia
das políticas, programas e intervenções para fomentar o acesso alargado às vacinas. O
indicador fornece também contributos para a investigação sobre os procedimentos e práticas
dos serviços de saúde no que diz respeito à monitorização da cobertura dos serviços
de imunização de bebés no primeiro ano de vida. A figura 2 resume os quinze
indicadores descritos nesta secção e como podem ser classificados para análise.
49
Figura 2. Indicadores selecionados e suas classificações
MEIOS DE
MATHEMATI-
MEA- CATEGORI
CAL
SURING
INDICADOR
SAÚDE INTERPRETAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA A
INDICADOR
Taxa de incidência da Proporção Negativo Incidência (risco de que uma pessoa na popu- Estado de
SIDA lação base num determinado momento saúde :
desenvolva SIDA) morbilidade
Prevalência (probabilidade de uma pessoa na
Taxa de prevalência da Proporção Negativo população base num determinado momento Estado de
hipertensão ser hipertensiva) saúde :
morbilidade
Prevalência (probabilidade de uma pessoa
Proporção de Proporção Negativo hospitalizada na população base em um Estado de
hospitalizações por causas determinado tempo ter sido hospitalizada por saúde :
externas uma causa externa) morbilidade
Taxa de mortalidade infantil Proporção Negativo Incidência (risco de morte de um recém-nascido Estado da
na população base durante o primeiro ano de saúde :
vida) mortalidade
Proporção do número de mortes maternas para
o número de nados vivos. Trata-se de um mea-
sure indireto (proxy) de incidência (risco de que Estado da
Rácio de mortalidade Razão Negativo uma mulher grávida na população base num saúde :
determinado período de tempo morra de causas mortalidade
materna diretamente relacionadas com a gravidez)
Mortalidade por res- Incidência (risco de morte de uma criança com
infeção piratória aguda Proporção Negativo menos de cinco anos na população base num Estado da
saúde :
(ARI) em crianças com determinado período de tempo morrerá de ARI)
mortalidade
menos de cinco anos
Probabilidade de que uma pessoa na
Mortalidade Proporção Negativo população base em um momento especificado Estado da
proporcional por morrerá de uma causa mal definida saúde :
causas mal definidas mortalidade
Número de camas hospitalares disponíveis Serviços de
Proporção do número de Relação Positivo (potencial e em média) para cada indivíduo na saúde:
50
camas hospitalares para os população base num determinado momento) estrutura
habitantes
Serviços de
Proporção de secções de Proporção Negativo Probabilidade de que um nascimento vivo saúde:
cesariana na base população-tion em um determinado processo
tempo era por cesariana
MEIOS DE
MATHEMATI-
MEA- CATEGORI
CAL
SURING
INDICADOR
SAÚDE INTERPRETAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA A
INDICADOR
O período de referência para o indicador é essencial e deve ser explicitamente indicado quando um
indicador de saúde é interpretado e divulgado; isto é particularmente importante para o propósito
da comparabilidade. A definição do período depende do facto de o evento ser monitorizado e do
objetivo do indicador. O período pode ser de um ano (os dados da mortalidade são geralmente
calculados anualmente ), um mês, uma semana (como no caso de dados de sistemas de vigilância
para doenças transmissíveis), ou um número de horas (por exemplo, num surto de uma doença
alimentar).
A os
No entanto, fimeventos
de garantir quepodem
incidentes um incidente é novo,
ser medidos os indivíduos
indiretamente quandoque
são estão
agudos,a sintomáticos
ser e
observados
não suscetíveis devem tercrónicos.
a tornarem-se sido observados pelo menos
Para efeitos duas vezes.
de vigilância Primeiro, apenas
epidemiológica, na uma
ausência
observação da condição
do indivíduo ou eventodeque
com a condição está a éser
interesse monitorizado
considerada um eincidente.
depois comExemplos
o de
casos deste tipo incluem certas doenças transmissíveis e reações alérgicas.
51
2.4.3 DEFINIÇÃO DO DENOMINADOR
O denominador é o número de pessoas na população de interesse no início do período de
observação que são independentes de qualquer doença ou condição específica. Recorde-se que o
numerador é composto pelos indivíduos com alguma probabilidade de se tornarem vítimas do
evento. Por outras palavras, o numerador deve ser a população queestá na condição ou evento que
está a ser observado. Por exemplo, ao medir a taxa de incidência do cancro do colo do útero num
determinado período de tempo, o denominador deve incluir apenas mulheres na população que
tenham um útero; e no cálculo da incidência do suicídio, é aconselhável excluir as crianças com menos
de cinco anos do denominador, uma vez que não são geralmente consideradas capazes de
cometer suicídio.
Na definição dos denominadores para as taxas (mortalidade, por exemplo) com base em dados dos
sistemas de informação sobre a saúde, as estimativas da população utilizadas devem ser a partir de
meados do ano (1 de julho), porque: a As estimativas para o início do ano (1 de janeiro) não incluem
as que nasceram no final do ano; b Os cálculos efetuados no final do ano 31 de dezembro não
incluem os que morreram durante o ano, mas fazem parte da ulação pop exposta; e c É assumido que
as mortes e os nascimentos são distribuídos uniformemente ao longo do ano. Por convenção, as
estimativas do recenseamento representam o ponto de meados do ano. Além disso, como acima
referido, o conceito de população em risco ou potencialmente exposta refere-se às pessoas
potencialmente sujeitas à doença ou ao acontecimento em questão. As medidas de saúde pública são
mais eficazes quando focadas na população que é verdadeiramente elegívelpara o evento que está a
ser observado. No entanto, é de notar que nem todas as pessoas consideradas como estando dentro da
população em risco estão, de facto, em risco. No cálculo da prevalência da hepatite B, o ideal seria
excluir as pessoas que receberam a vacina. Uma vez que esta exclusão não é geralmente viável na
prática, a população total, como estimado pelo recenseamento, é utilizada. Da mesma forma, no cálculo
das taxas de incidência de suicídio, os denominadores geralmente representam a população total.
52
2.4.5 NORMALIZAÇÃO DAS TAXAS DE MORTALIDADE
As taxas globais de mortalidade em países com diferentes expectativas de vida podem falsamente
sugerir que existe um maior risco de morte nos países com um grande número de idosos. A
normalização dessas taxas por idade elimina o efeito da composição etária desigual na população
e permite uma melhor comparação. Para evitar conclusões erradas na comparação das taxas
globais, os métodos matemáticos para eliminar o efeito das distribuições demográficas desiguais
foram nós. O método mais utilizado é a normalização direta das taxas. O quadro 3 constitui um
exemplo de normalização das taxas de mortalidade por grupos etários.
O método de cálculo para a normalização direta das taxas de mortalidade inclui os seguintes elementos:
53
Mesa 3. Métodos de cálculo para normalização direta das taxas de mortalidade, por grupo etário.
54
Como taxas ajustadas à idade são taxas artificiais, usadas apenas para fazer
comparações. Um taxas real real para uma Área geográfica especificada é
um taxas bruta. Ao preparar como tabelas, ambas como tarifas deve ser
As taxas de mortalidade calculadas com base no número total de mortes registadas numa área
geográfica especificada são chamadas de taxas de mortalidade brutas. Uma vez que a idade é o
fator de confusão, uma população padrão é usada para eliminar os efeitos de qualquer diferença
de idade entre dois ou mais grupos populacionais. Esta técnica é chamada de taxas de
mortalidade padrão ou ajustadas à idade. A escolha de uma população padrão hipotética é um
pouco arbitrária e, por isso, é aconselhável utilizar uma população externa. A experiência
internacional indica que uma vez adotada uma população padrão , deve ser utilizada ao longo de
décadas (9). A utilização de populações padrão diferentes torna impossível comparar as taxas ao longo do
tempo. Consequentemente, a nova população padrão mundial da OMS (2000-2025) é utilizada pela
OPAS para calcular as taxas ajustadas à idade (utilizando o método direto), de forma a facilitar as
comparações de global. Espera-se também que os Países Membros da OPAS utilizem a população-
padrão da OMS.
A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (ICD-11) deverá ser lançada em 2018. Por
conseguinte, com a transição necessária do ICD-10 para o ICD-11, os desenvolvedores e utilizadores
de indicadores devem ter cuidado no que diz respeito às comparações temporais dos indicadores de
saúde. Estes riscos podem ser minimizados através da adoção de um mapeamento (passadeira) que
mostre a equivalência entre o ICD-10 e o ICD-11.
55
LINKSRE-TED
• Organização Pan-Americana de Saúde. Módulos de princípios de epidemiologia para o controlo de doenças
(MOPECE). http://www.paho.org/hq/index.php?
option=com_content&view=article&id=9161&Itemid=40096&lang=en
• Rede Inter-agências de Informação em Saúde (RIPSA). Core indicatou para a Saúde no Brasil:
conceitos e aplicações, 2º ed. Brasília: RIPSA. http://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_docman&view=download&category_slug=informacao-e-analise-saude-096&alias=168-
indicadores-basicos-para-salud-brasil-conceptos-e-aplicaciones- 8&Itemid=965
• Ahmad OB, Boschi-Pinto C, López AD, et al. Normalização da idade das taxas: uma nova série de papel de
discussão padrão da OMS: Não. 31. Organização Mundial de Saúde, 2001.
http://www.who.int/healthinfo/paper31.pdf
• Nações Unidas. Indicadores para a Gestão de Políticas: Um Guia para o Reforço da Capacidade
Estatística dos Decisores Políticos para um Acompanhamento Eficaz dos ODM a nível nacional.
http://www.undp.org/content/dam/aplaws/publication/en/publications/poverty-reduction/poverty-website/
indicadores para a gestão das políticas/Emdicators_for_Policy_Management.pdf
• Organização Mundial de Saúde (OMS). Indicadores de saúde reprodutiva: orientações para a sua
geração, interpretação e análise para monitorização global. Quem, 2006.
http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/924156315X_eng.pdf
• Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). Relatórios Nacionais de Estatísticas Vitais. Mortes: Dados
Preliminares de 2011. NVSR. 2011;61(6).
http://www.cdc.gov/nchs/products/nvsr.htm#vol62
56
• Rede Inter-agências de Informação em Saúde (RIPSA). Indicadores centrais para a Saúde no Brasil:
conceitos e aplicações, 2º ed.; 2008.
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf
• Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crónicas por inquérito telefônico (VIGITEL).
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/vigitel/vigteldescr.htm
REFERÊNCIAS
1. Kleinbaum DG, Kupper LL, Morgenstern H. Epidemiology Research — Princípios e métodos quantitativos. Nova
Iorque: Van Nostrand Reinhold; Em 1982.
2. Woodward, M. Epidemiologia - Estudo de design e análise de dados. Segundo ed. Reino Unido: Chapman &
Hall/CRC Texts in Statistical Science; 2005.
4. Fleiss JL. Métodos estatísticos para taxas e proporções. Toronto: John Wiley & Sons; Em 1973.
6. Gooley TA et al. Estimativa das probabilidades de insucesso na presença de riscos concorrentes: novos iões
representatde estimadores antigos . Stat Med. 1999;18(6):695-706.
7. Organização Mundial de Saúde. Plano de Ação Global para a Prevenção e Controlo de NCDs 2013-2020.
Disponível em: http://www.who.int/nmh/ events/ncd_action_plan/pt/
8. Organização Mundial de Saúde (OMS). Guia Internacional de Monitorização do Consumo de Álcool e Danos
Relacionados. Genebra: OMS; 2000.
9. Arah AO, etc. Um quadro conceptual para o Projeto de Indicador de Qualidade dos Cuidados de Saúde da OCDE.
Qualidade int J nos Cuidados de Saúde. 2006:5-13.
10. Donabedian A. A avaliação da tecnologia e da qualidade. Um estudo comparativo de certezas e ambiguidades. Int. J
Technol Avaliar cuidados de saúde 1988; 4:487-96. Reprodução autorizada em Rev Calidad Asistencial, 2001;
16:S89-S94.
11. Donabedian A. Avaliando a qualidade dos cuidados médicos. O Milbank Memorial Fund Trimestralmente. 1966;
44:166-203. Reprodução autorizada em Rev Calidad Asistencial, 2001; 15:S11-S27.
57
SECÇÃO 3
Conteúdo
Conceitos de fontes primárias e secundárias de dados, identificação, descrição, utilização e
limitações das principais fontes de dados utilizadas na saúde pública para desenvolver indicadores de
saúde.
Objetivo
Para explicar conceitos básicos , bem como as vantagens e desvantagens das principais fontes de
dados utilizadas na saúde pública para desenvolver indicadores de saúde.
1. Identificar as fontes de dados existentes que, embora não formuladas para o efeito, podem
facilitar o desenvolvimento de indicadores fiáveis.
2. Conceber mecanismos específicos de recolha de dados para o desenvolvimento do
indicador ou conjunto de indicadores quando não existam fontes de dados adequadas.
Estas duas opções definem o que é chamado de dados secundários de fontes secundárias e
dados primários de fontes primárias. A escolha de se criar novas fontes de dados para um
determinado objetivo que envolva a monitorização da saúde da população ou a utilização de
fontes de dados disponíveis deve basear-se sobre as vantagens e constrangimentos associados a
estas duas opções. Por conseguinte, é importante pesar a qualidade das fontes de dados
existentes contra o esforço necessário para criar e manter novas fontes de dados.
58
3.1 FONTES DE DADOS
Os da
O objetivo dados de origem
maioria primáriade
dos sistemas fornecem
reporte provas diretasdasobre
de doenças um evento.
maioria A para a
dos países
recolha
tuberculose de dados
é apoiar podeeassumir
a vigilância formas
o controlo diferentes,
desta doença. seja através
Os indicadores de aum
gerados partir desse
sistema derecenseamento populacional,
informação são exemplos de produzidos
de indicadores investigação nacional
com recurso a dadosou localDa mesma
primários.
forma, um (tipicamente,
levantamentocom
de base em amostras
estudantes projetadooupara
nãoestimar
baseadas emdeamostras).
taxas prevalência Ade riscos
criação de
comportamentais umapopulação
numa informação queos
amostra permita atingir
é considerado como objetivos
uma fonteespecíficos
primária quando é
usado para este fim.
gerará dados primários. Por outras palavras, os indicadores são ditos
59
Figura 3. Vantagens e desvantagens das fontes de dados primárias e secundárias para a preparação e
amonitorização dos indicadores de saúde.
FONTES E DADOS
60
3.2 ATRIBUTOS AO CONSIDER NA SELEÇÃO DE FONTES DE DADOS SECUNDÁRIAS
62
A investigação pode, no entanto, fornecer a direção geral de uma tendência, com a ressalva
de que as limitações relevantes devem ser tidas em conta.
63
indicador baseado em amostras. A imprecisão pode surgir, por exemplo, no cálculo dos
intervalos de confiança que informam o utilizador (geralmente com 95% de confiança)
do valor plausível de um indicador aplicado à população a partir da qual a amostra foi
colhida. Os indicadores desenvolvidos a partir de fontes de censura, tais como recenseamentos
populacionais, fontes universais de dados, e sistemas de informação estatísticas vitais , etc.,
estão isentos de imprecisão.
64
• ACESSO AOS DADOS: Trata-se de garantir a disponibilidade de dados ao público através de
repositórios de dados nacionais e outros meios.
Abaixo está uma descrição das fontes de dados mais utilizadas para o desenvolvimento de indicadores de saúde:
Os dados de um recenseamento nacional incluem: a População total, sexo, idade e origem étnica; b
Aumento da população; c Distribuição rural e urbana da população; e (d) relação de dependência.
Além disso, os recenseamentos demográficos tornam-se dadossecundários, quando utilizados para
estabelecer os denominadores de muitos indicadores de saúde (taxas, proporções, rácios):
mortalidade; Incidência e prevalência de doenças, acidentes e atos violentos; Prevalência de fatores de
risco para acidentes e violência, bem como sequelas destes acontecimentos; e rácio de camas
hospitalares para a população.
65
Os pontos fortes dos recenseamentos são: (1) um grau elevado de
representatividade, uma vez que são um registo completo (ou quase
completo) da população total fazer país;
(2) Periodicidade -- embora a frequência da recolha de dados seja de dez
anos, a informação sensível ao tempo é útil, especialmente como ponto de
referência; (3) uma sustentabilidade elevada, uma vez que o recenseamento
é da competência de uma agência governamental que garantaos recursos
necessários e o enquadramento jurídico; (4) conhecimentos da distribuição
Com grandes alterações nos fatores que afetam a estrutura demográfica de um país , as
metodologias existentes podem tornar-se problemáticas, nomeadamente no que diz respeito às
projeções da população. Existe a dificuldade, por exemplo, de fazer projeções populacionais
adequadas com base nos recenseamentos demográficos a 10 anos , dada a queda acentuada das taxas
de fertilidade que ocorreram entre 1980 e 2010. As migrações populacionais resultantes de conflitos ou
fatores económicos também podem afetar as projeções da população. Além disso, osfatores de ese
podem afetar as estimativas dos indicadores de saúde, uma vez que os dados populacionais
provenientes dos recenseamentos demográficos e das projeções correspondentes são utilizados
como denominador. Por estas razões, para que os indicadores sejam monitorizados ao longo do
tempo, devem ser recalculados retrospetivamente à medida que forem feitas novas projeções
populacionais.
67
de atestado médico de causa de morte. Contém um conjunto mínimo de variáveis que
devem ser incluídas numa certidão de óbito. Estes incluem as causas subjacentes,
intermediárias e imediatas da morte. A maioria dos países utiliza a Classificação
Internacional das Doenças (ICD) (2) para codificar as causas da morte. Isto permite
comparações entre países e em diferentes pontos do tempo. Nalguns países,
especialmente em zonas remotas, o relato de mortes é incompleto, comprometendo assim a
representatividade das estatísticas da mortalidade. A proporção de subnotificação das mortes e
a proporção dediás por causas mal definidas são indicadores da qualidade das
estatísticas da mortalidade (3-5).
68
• Sistemas de vigilância da saúde pública: Segundo a OMS, "a vigilância da saúde pública é a
recolha contínua, sistemade recolha, análise e interpretação dos dados relacionados com a
saúde necessários para o planeamento, implementação e avaliação das práticas de saúde
pública". (7) Estes sistemas constituem fontes úteis de dados para o desenvolvimento de
indicadores de morbilidade no que respeita à prevenção e controlo de doenças
transmissíveis, doenças não transmissíveis, acidentes e violência. Os sistemas de vigilância
das doenças transmissíveis desempenham um papel fundamental na prevenção precoce de
possíveis ameaças à saúde pública e tornam possívelmonitorizar medidas e programas de
prevenção e controlo. Por conseguinte, os sistemas nacionais eficazes de vigilância e
resposta são essenciais para a segurança nacional, regional e global da saúde.
Nos últimos anos, os sistemas de vigilância têm sido utilizados para monitorizar um vasto
leque de condições de saúde, fatores de risco e outras questões de saúde pública. Alguns
países implementaram registos de vigilância para distúrbios não transmissíveis(cancro do
colo do útero, enfarte agudo do miocárdio, violência, diabetes, etc.) ou para problemas de
saúde causados por substâncias tóxicas no ambiente. Estes registos compilam informações
sobre todos os casos destas doenças através da rede de cuidados de saúde ou através de
unidades de vigilância sentinela. Estes sistemas são uma fonte de dados sobre indicadores de
morbilidade que são úteis nos esforços de prevenção e controlo da doença (8).
69
As vantagens notáveis da utilização de sistemas de vigilância como fontes
para o desenvolvimento de indicadores incluem: a) a representatividade,
embora pode existir variações baseadas nas características do sistema do
país; b) um elevado nível de sustentabilidade para o acompanhamento das
doenças sujeitas um regulação e/ou legislação; e c) periodicidade elevada à
• Registos de cancro baseados na população: Estes são os padrão de ouro para fornecer
informações sobre asua doença. Os registos oncológicos compilam, classificam, analisam e
reportam informações sobre todos os cancros que ocorrem numa população
geograficamente definida. A informação é recolhida a partir de uma multiplicidade de
fontes, incluindo hospitais, laboratórios de análise clínica e departamentos de estatísticas
vitais. O cálculo rotineiro das taxas (por 100.000 habitantes) produzido por registos de
cancro baseados na população fornece informações que podem ajudar as autoridades de
saúde pública a entender melhor a doença, o seu tratamento e a avaliar programas de
prevenção e controlo do cancro. Esta informação fornece uma base sólida para o planeamento e
implementação de programas para reduzir a carga do cancro, bem como fornecer contributos
para a investigação.
70
fontes de dados subnacionais, por província, região ou distrito que têm influência direta nas decisões
de gestão.
Uma vez que estas fontes de dados tendem a ser criadas para fins administrativos e não para
monitorização de eventos de saúde em si, os dados epidemiológicos que geram podem ter
preconceitos that afetam a sua cobertura, qualidade e utilidade. Em alguns países, estes
sistemas estão fragmentados e o intercâmbio de informações entre os sectores público e
privado é difícil, conduzindo a relatórios tardios, incompletos e/ou incorretos. Apesar destes
desafios, há razões para otimismo, dada a introdução crescente de novas tecnologias da informação
(registos médicos eletrónicos, etc.) com o potencial de melhorar substancialmente a qualidade e a
utilização dos dados para a tomada de decisões (9).
Os dados sobre os recursos humanos na saúde podem ser obtidos através de associações profissionais. No
entanto, os dados podem ser distorcidos se as informações sobre mortes, migração, tipo de formação e
ocupação atual, etc., não forem periodicamente atualizadas.
71
Os inquéritos à população tornaram-se uma importante fonte de informação sobre o estado de saúde
e sobre os determinantes sociais da saúde. Podem fornecer dados para várias finalidades, tais como
fatores de risco; acesso a (e utilização de) serviços; disponibilidade e utilização de medicamentos;
morbidity, saúde mental; violência e lesões; deficiência; abuso de drogas; saúde reprodutiva;
condições de trabalho; estilos de vida, etc.
Estes inquéritos podem estimar taxas de prevalência de doenças, fatores de risco, comportamento,
condições anteriores, situações de vulnerabilidade, knowledge, atitudes e hábitos relativos a várias práticas
relacionadas com a saúde, uso de serviços de saúde, etc. A população-alvo pode ser uma população
geral definida pela sua área geográfica, ou uma população específica definida por algum atributo
de interesse, tais como adolescentes, estudantes, mulheres em idade fértil, homens em grupos
etários específicos, pessoas privado de liberdade, etc.
Os dados do inquérito podem ser recolhidos através de vários tipos de comunicação, incluindo
entrevistas pessoais (inquéritos domésticos), entrevistas telefónicas e questionários preenchidos
pelos próprios sujeitos. Os inquéritos à população possibilitam monitorizar a população ao longo do
tempo usando amostras probabilísticas - um método que envolve menor custo e trabalho de campo
mais simples - ou usando um mais complexo e estrutura dispendiosa. Os inquéritos realizados nas
escolas têm sido utilizados globalmente e são uma forma simples e relativamente barata de inquirir
uma população. Isto contrasta com os inquéritos domésticos, que envolvem uma estrutura e
processo mais complexos.
A figura 4 mostra uma seleção de inquéritos nacionais e internacionais realizados na região das
Américas para fornecer informações sobre doenças não transmissíveis e fatores de risco.
73
Figura 4. Seleção de inquéritos nacionais e internacionais sobre doenças não transmissíveis e fatores de risco (1)
POPULAÇÃO-
ORGANIZAÇÕES
INQUÉRITO alvo (IDADE EM COMPONENTES-CHAVE ENVOLVIDAS
ANOS)
Fonte: OMS, Organização Mundial de Saúde, Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC); FCTC, Convenção-Quadro da OMS sobre o
74
Controlo do Tabaco; Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID); Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crime (UNODC); Organização dos Estados Americanos (OEA); Comissão Interamericla de Controlo de
Toxicodependência (CICAD); Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); vírus da imuno-deficiência humana (HIV).
75
3.4 MAPEAMENTO DE FONTES DE DADOS
• A construção de uma lista (por tipo) de todas as fontes de dados disponíveis utilizadas na
formulação de indicadores relacionados com a saúde no país, juntamente com o período de
tempo abrangido pelo conjunto de dados. Se for caso disso, preparar a mesma lista com fontes
adicionais a nível estatal, província e comunidade.
• Construir uma tabela com informações sobre o nível de desagregação de cada fonte, na
medida em que tal seja pertinente para a análise dos indicadores de saúde.
Figura 5. Exemplo da lista de fontes de dados disponíveis para gerar indicadores (utilizando dados fictícios)
ANO OU S DESAGREG
FONTE / TIPO DE POPULAÇÃO-ALVO INSTITUIÇÃO TIPO DE DA AÇÃO
AMOSTRA RESPONSÁVE RECOLHA DE RECOLHA RELEVANTE
L DADOS (POSSÍVEL)
DE DADOS
Recenseamento Nacional (universal) Instituto Periódico Rondas de 1990, Sexo, idade, unidade
populacional Nacional de (10 2000 e 2010 geográfica,
Estatística anos) escolaridade, origem
étnica
Sistema de Nacional (cuidados em Ministério da Contínuo Desde 1998 Sexo, idade, unidade
informação hospitais públicos Saúde geográfica,
hospitalar/censo exclusivamente) escolaridade
Levantamento Capitais (estudantes dos 10 Instituto Uma vez 2016 Sexo, idade, unidade
de alunos / aos 15 anos matriculados Nacional de geográfica, tipo de
Amostra em escolas públicas e Estatística e escola, grupo étnico,
representativa privadas) Universidades nível social
Sistema de Unidades sentinelas Ministério da Periódico (sem 2010, 2015, e Sexo, sexo orien-
vigilância de selecionadas (vítimas de Saúde intervalos 2017 tation, idade,
acidentes e acidentes e atos violentos definidos) localização do
violência/amo servidos em instalações evento, perfil do
stra não públicas selecionadas) agressor,
representativa escolaridade
76
LINKS RELACIONADOS
• Lista de institutos estatísticos nacionais na América Latina, disponível na página web do Centro
Demográfico Latino-Americano e das Caraíbas (CELADE).
http://www.cepal.org/celade/proyectos/censos2000/cen_ines00e.htm
• Reforço do registo civil e estatísticas vitais para nascimentos, mortes e causas de morte – Kit de
Recursos.
http://www.who.int/entity/healthinfo/CRVS_ResourceKit_2012.pdf?ua=1
• Melhorar a qualidade e o uso da informação sobre o nascimento, a morte e a causa da morte: orientação
para uma revisão baseada em normas das práticas nacionais.
http://www.who.int/healthinfo/tool_cod_2010.pdf
77
• Inquérito sobre abuso de drogas drogas.
http://cicad.oas.org/Main/template.asp?File=/oid/default_eng.asp%20&n/data-y-analysis/statistics/
drug-use.html%20http://www.unodc.oug/unodc/e
REFERÊNCIAS
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eventos vitais E.P.U. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda; 2005.
3. Organização Mundial de Saúde (OMS). Rede Métrica de Saúde. Normas-quadro para os sistemas de
informação de saúde do país. Genebra: OMS; 2007.
4. Organização Mundial de Saúde (OMS). Manual sobre a Monitorização da Desigualdade em Saúde com especial
enfoque nos países de baixo e médio rendimento. Genebra: OMS; 2013.
Disponível em: http://who.int/gho/health_equity/handbook/en/ [consultado a 9 de agosto de 2017].
5. Organização Mundial de Saúde (OMS). Estatísticas da mortalidade: uma ferramenta para melhorar a compreensão e
a qualidade. Genebra: OMS; 2013. Umvailável em: www.who.int/healthinfo/tool_cod_2010.pdf [consultado a 7
de junho de 2017].
6. Organização Mundial de Saúde (OMS). Melhorar a qualidade e o uso da informação sobre o nascimento, a morte e
a causa da morte: orientação para uma revisão baseada em normas das práticas nacionais . Genebra: OMS;
2010.
Disponível em: http://www.who.int/healthinfo/tool_cod_2010.pdf [consultado a 7 de junho de 2017].
7. Organização Mundial de Saúde (OMS). Relatório global sobre doenças não comunicaveis
2010. Disponível em: http://www.who.int/nmh/publications/ncd_report_full_en.pdf
8. McQueen D; Puska P. Vigilância global do fator de risco comportamental. Nova Iorque: Kluwer Academic/Plenum
Publishers; 2003.
9. Centros de Prevenção e Controlo de Doenças. Princípios da Epidemiologia na Prática de Saúde Pública, 3ª edição;
2006. Disponível em: https:// www.cdc.gov/ophss/csels/dsepd/ss1978/ss1978.pdf
10. Divisão de Statitics das Nações Unidas . Inquéritos à amostra de casa em países em desenvolvimento e
78
transição, 2005. Disponível em: https://unstats. un.org/unsd/hhsurveys/
79
SECÇÃO 4
Conteúdo
Critérios, processos, envolvimento das partes interessadas e estratégias práticas para avaliar um qualidade dos indi-
Objetivo
Discutir estratégias para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde
4.1 INTRODUÇÃO
A secção 1 detalhou os atributos de um bom indicador, salientando que os indicadores devem ser medidos,
exequíveis, válidos, oportunos, replicáveis, sustentáveis, relevantes e abrangentes. Além disso, os
indicadores devem ser estratificados por pessoa, lugar e tempo como desejável. Esta secção descreve
algumas estratégias práticas para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde. Sublinhe-se que as
fontes de dados de elevada qualidade contribuem para o desenvolvimento de indicadores de elevada
qualidade. Para além da qualidade das fontes e dos dados , o desempenho do indicador deve medir o
que se pretende medir.
Para avaliar um indicador, o seu propósito e atributos devem ser bem definidos. Isto envolve mais do que
simplesmente conhecer e descrever adequadamente o seu numerador e denominador (assumindo
que está estruturado dessa forma). Algumas publicações (RIPSA, UNAIDS,d a Lista global de referência da
OMS de 100 Indicadores Principais) são referências úteis para esta discussão. (1-3).
80
De acordo com estas publicações, os seguintes atributos do indicador devem ser claramente
especificados:
O anexo
1. fornece
O Nomeume exemplo
definiçãodefazer
atributos indicadores .
indicador
2. O objetivo e uma lógica fazer indicador (identificação fazer que deve ser medido)
3. O método de medição ou cálculo fazer indicador
4.3 PRINCIPAIS INTERVENIENTES
4. Como fontes NO PROCESSO
de dados (instituições DEdeAVALIAÇÃO
e sistemas informação DOS INDICADORES
envolvidos) DE SAÚDE
para o indicador
5. Um metodologia de recolha de recolha dados
A avaliação dos indicadores
6. A frequência da Recolhade saúde deve incluir, na medida do possível,
de dados os principais
intervenientes envolvidos
7. Os níveis na produção,
de desagregação análise
de dados e interpretação de dados e informações. Estas
necessários
pessoas
8. devem
Comoestar familiarizadas
orientações para com os processos envolvidos
um interpretação no acompanhamento
e utilização fazer indicador das tendências
e condições
9. Oslocais , regionais
pontos fortes, elimitações
nacionais. eNotavelmente,
desafios fazeraindicador
maioria dos dados de saúde eormação inf
são gerados a nível
10. Fontes localdepor
adicionais profissionais de saúde locais que são mais conhecedores das
informação
características, pontos fortes
11. Observações e limitações dos dados e da informação derivada. Assim, sempre que
explicativas
possível, é desejável que o pessoal a nível local participe na primeira fase do processo de avaliação.
Os produtores de dados, gestores e utilizadores devem promover uma cultura que valore a informação e
seja propícia à recolha de dados e à sua gestão. As iniciativas de formação em curso sobre recolha, gestão,
avaliação e análise de dados são muito importantes para melhorar as capacidades nacionais,
especialmente a nível local.
Como mencionado anteriormente, a qualidade dos indicadores depende, em grande medida, da qualidade
dos dados e das suas fontes. Todas as principais partes interessadas, incluindo os produtores de
dados e os gestores de sistemas de informação, devem ser encorajadas a desempenhar o papel dos
utilizadores e críticos, de modo a que possam conhecer os pontos fortes e fracos do sistema. Os
sistemas de informação em saúdenão podem fornecer os fundamentos para a tomada de decisões em
saúde contribuir para um desperdício de recursos escassos e para a escassez de informação fiável
81
no sector da saúde. Um sistema de informação de saúde eficiente gera produtos que são de valor
crescente para melhorias nos cuidados de saúde. A necessidade contínua de uma informação de saúde de
qualidade é um forte motivador para o fortalecimento e utilização dos sistemas nacionais de
informação em saúde, bem como para fornecer feedback sobre qualquer limitação inerente a estes
sistemas.
Uma vez que o sector da saúde é influenciado por um vasto leque de fatores, muitos dos quais estão
fora do setor da prestação de cuidados de saúde, é importante a colaboração com os sectores não-
saúde, como noutras entidades governamentais, universidades e centros de investigação. Alguns dos
interesses fundamentais dos sectores não-saúde requerem a definição, desenvolvimento, análise e
utilização de indicadores de saúde. Como tal, a colaboração intersectorial melhorará e otimizará a
qualidade e relevância dos indicadores de saúde, bem como promoverá decisões informadas em
todos os sectores.
Alguns autores propuseram orientações para a avaliação dos dados e indicadores de saúde (3-4). No
entanto, existem algumas considerações fundamentais que podem ser aplicadas na avaliação dos
indicadores de saúde, e estas são descritas nos seguintes passos:
Passo 1. Examinar a integridade dos dados completos e válidos em que o indicador se baseia
a. O indicador baseia-se em dados representativos da população-alvo? Examine minuciosamente a
população que os dados devem descrever. Evite generalizações indevidas (extrapolações). Esteja
atento a possíveis enviesamentos de seleção devido a distorções não respostas, procura e
indicação; verificar se algumas instalações geram mais relatórios do que outras (por exemplo,
instalações públicas versus privadas).
b. As variáveis utilizadas para calcular o indicador são completas, adequadas e suficientes? Calcular
e tabuar as características das variáveis utilizadas para desenvolver o indicador. Incluir proporções
de não resposta (se possível), respostas inválidas e outras perdas. Identificar problemas na
cobertura das variáveis relevantes, tendo em conta a baixa representatividade; possível enviesamento
de seleção num indicador; e cálculos baseados em dados não representativos.
82
definidos, calculados e compilados. Isto inclui uma revisão das definições de casos, a competência
do pessoal responsável pela recolha de dados, e a qualidade dos ents instrum (testes de diagnóstico,
equipamentos de medição, etc.) usado para recolher os dados.
83
Identificar problemas de validade nas variáveis relevantes e ter em conta o enviesamento de medição
em indicadores baseados em cálculos problemáticos.
I. Será que as discrepâncias que são descobertas podem ser oresultado de flutuações
aleatórias de pequenos números? Um número insuficiente de observações torna impossível
estimar precisamente um indicador.
II. As discrepâncias observadas podem ser o resultado de enviesamentos (erros sistemáticos
nas medições de indicadores) que comprometem a qualidade do indicador?
III. As discrepâncias observadas podem ser válidas? As discrepâncias entre valores esperados e
observados devem sercuidadosamente minadas de modo a não ignorar as variabilidades
reais atribuíveis às alterações locais.verdaderas debido a cambios o singularidades locais.
Passo 2. Examinar a consistência do indicador estimado no que diz respeito a atributos pessoais
Por exemplo, se o indicador for a mortalidade por doenças cardiovasculares, a distribuição observada
do indicador por sexo e a idade devem, no mínimo, refletir o maior risco associado a determinados grupos
(por exemplo, homens mais velhos). A confirmação de que os níveis mais elevados destes indicadores
são consistentes com os grupos que se espera que estejam em maior risco para a doença reforça a
confiança na qualidade do indicador.
Passo 3. Examinar a consistência do indicador estimado no que diz respeito aos atributos de colocação
O indicador é espacialmente consistente? Se possível, analise a sua distribuição espacial (por
município, estado, urbano versus residência rural, etc.). A maioria dos indicadores tem um padrão
espacial esperado que reflete a distribuição conhecida de importantes riscos defactos (por exemplo,
pobreza, jovens versus populações mais idosas, áreas mais ou menos urbanizadas, etc.). Examinar a
84
consistência do padrão do indicador no que diz respeito às expectativas e identificar sinais que
sugiram que a qualidade não é fiável.
85
O quadro 4 apresenta valores médios de indicadores selecionados para sub-regiões das Américas.
Estes valores podem ser utilizados como referência para avaliar a consistência dos indicadores nos
países. No final desta secção, existe uma ligação com a lista de indicadores centrais da OPAS e as
suas tendências.
NÃO-LA-
ISTMUS CARIB SOU- TIN
AS ÁREA CARIB-
DA LATIN THERN
AMÉRICAS
INDICADORES ANO
AMÉRICA AMÉRICA AMÉRICA
O- DE CONE BEAN
FEIJÃO
DO LATI CENT AN
NOR NA RAL DE
TE AN
Esperança de vida à nascença (anos) 2016 77.0 79.7 75.5 74.4 73.4 74.4 77.8 73.8
Passo 4. Examinar a consistência do indicador estimado no que diz respeito aos atributos temporais
O indicador é consistente com o tempo? Se possível, analise as suas tendências ao longo do tempo (anos,
meses, semanas, etc.). Alguns indicadores têm um padrão cíclico conhecido de variação, ou indicam
tendências históricas que podem servir de referência para a análise. Além disso, a maioria dos
indicadores mostra flutuações graduais nas tendências temporais , tais como um aumento ligeira ou
diminuído, mas sem grandes aumentos, exceto em situações especiais. Grandes flutuações temporais
podem indicar:
86
I. Verdadeiras flutuações devido a epidemias (eventos dramáticos que alteram o rumo de
um indicador). Um exemplo seria o aumento incomum de casos de microcefalia associados
à epidemia do vírus Zika em cidades do nordeste brasileiro.
II. Flutuações aleatórias devido aonúmero de casos do centro comercial s que ocorrem em locais
com populações pequenas (denominador) ou devido a um pequeno número de eventos
(como no caso de doenças pouco frequentes). Nestas situações, a adição ou subtração de
alguns casos (o numerador) pode produzir um grande aumento ou redução na taxa
resultante. Consequentemente, deve ser dada maior atenção a
87
o número absoluto de casos do que as taxas, uma vez que, nestas situações, as taxas
podem conduzir a interpretações falsas. Situações deste tipo surgem frequentemente,
mas são fáceis de detetar. Tudo o que é necessário é um exame do rácio de variação da taxa
em relação à dimensão da população de referência. Para evitar este fenómeno estatístico, os
dados relativos a períodos mais longos (por exemplo, períodos de três anos) podem ser
combinados; áreas geográficas (como municípios ou entidades semelhantes próximas umas
das outras) também podem ser combinadas. Estes ajustes tornam o indicador estável o
suficiente para ser significativo.
III. Flutuações devido a erros (não aleatórios): Erros sistemáticos na medição do denominador
e/ou numerador num dado momento podem gerar grandes variações num indicador.
Exemplos comuns deste fenómeno são alterações na definição de casos com a introdução de
novas técnicas de diagnóstico nos sistemas de vigilância; sub-contagem ou sobre-contagem de
casos a partir de um determinado momento; e problemas com os métodos utilizados para
estimar o tamanho da população entre recenseamentos (denominadores). Tal como acima
indicado, a comunicação e a parceria com os produtores dos dados em que o indicador se
baseou podem ser úteis para clarificar e/ou corrigir retrospetivamente o fenómeno que está a
ser observado.
Por exemplo, os resultados dos baixos rácios de mortalidade materna em países onde os cuidados
de saúde das mulheres durante a gravidez, o parto e o puerperium são precários e onde a qualidade
dos sistemas nacionais de vigilância não é elevada, devem pôr em causa a qualidade do indicador.
Compará-lo com países que têm melhores cuidados de saúde pode ajudar a clarificar adisparidade
ed.
88
4.5 AVALIAÇÃO DOS DADOS DA MORTALIDADE
AbouZahr et al. (4) Propostas as dez etapas seguintes para a avaliação dos dados relativos à mortalidade:
1. Preparar tabulações básicas de mortes por idade, sexo, origem étnica e causa de morte
2. Rever as taxas de mortalidade bruta
3. Rever mortalidade específica da idade e do sexo
4. Rever a distribuição etária das mortes
5. Rever as taxas de mortalidade infantil
6. Reveja a distribuição das principais causas de morte
7. Reveja o padrão de idade das principais causas de morte
8. Reveja as principais causas de morte
9. Rever o rácio de mortes de doenças não transmissíveis para mortes por doenças
transmissíveis
10. Rever as mortes por causas mal definidas
89
LINKS RELACIONADOS
2. Programa Conjunto deAções Unidas sobre VIH/SIDA (UNAIDS). Padrões indicadores: orientações operacionais para
selecionar os in-dicators para a resposta do HIV. Disponível em:
http://www.unaids.org/sites/predefinição/ficheiros/sub_landing/ficheiros/4_3_MERG_ Indicator_Standards.pdf
3. Organização Mundial de Saúde (OMS). Lista Global de Referência de 100 Indicadores de Saúde Core , 2014.
Disponível em: http:// www.who.int/healthinfo/indicators/2015/en/ [consultado março de 2017).
4. AbouZahr, C. et al. Estatísticas da mortalidade: uma ferramenta para melhorar a compreensão e melhorar a
qualidade. Diálogo de Saúde do Pacífico. 2012;18(1):247-70. Disponível em:
http://www.getinthepicture.org/sites/default/files/resources/Mortality%20statis- tics%20a%20tool%20to
%20improve%20understanding%20e%20quality.pdf [consultado março de 2017].
90
SECÇÃO 5
Conteúdo
Estimativa dos indicadores mais utilizados na saúde público
Objetivo
Para ganhar familiaridade com como estimativas dos indicadores de saúde mais comuns, como suas utilizações e li
Uma estimativa é um valor aproximado calculado com base nos dados incompletos ou disponíveis .
Nasosestatísticas
Quase todos cálculos dos eindicadores
na demografia,
de saúdeestimador
baseiam-se significado
emtimates es,determinar ou
independentemente de
os dados calcular o valor
terem sido de algo,
recolhidos porcom uma certa
medições margem
diretas ou pordetécnicas
imprecisão, quandoindiretas;
de medição um em
ambos os coisa
casosque está margem
há uma um ser examinada não é conhecida
de erro. Quando se trata dena suamedição
uma totalidade.
direta, as imprecisões
podem decorrer de erros aleatórios inerentes aos processos de amostragem ou de erros sistemáticos
devido aos procedimentos utilizados para selecionar a população, recolher os dados e a sua análise
subsequente. No caso de estimativas baseadas em técnicas de medição indireta que utilizam
modeloshemáticos ou estatísticos do tapete, a imprecisão também pode ocorrer devido a erros
inerentes à metodologia devido aos pressupostos e limitações do modelo. As suposições nestes
modelos são difíceis de avaliar. Isto é particularmente assim nas populações pequenas, onde os dados
e informações válidos e replicáveis são limitados e, especialmente na ausência de séries de tempos
suficientemente longas e fiáveis.
91
Esta secção utiliza a estimativa do termo para se referir à estimativa por métodos indiretos baseados
em hniques tec que empregam modelos matemáticos e estatísticos ou outras técnicas demográficas
para ajustar ou corrigir dados diretos. Assim, as estimativas dos indicadores por métodos indiretos
contrastam com o cálculo direto dos indicadores, que se baseiam exclusivamente em dados e
informações provenientes de fontes de informação primárias ou secundárias.
Na maioria dos países, os sistemas de informação e outras fontes de dados de saúde melhoraram
consideravelmente. No entanto, devido às lacunas de dados e aos desafios de medição, é
necessário calcular estimativas de indicadores de saúde utilizando diferentes metodologias
matemáticas, estatísticas e outras. Existem várias razões para utilizar estimativas para indicadores de
saúde da população. Seguem-se exemplos de situações deste tipo:
• Total ausência de sistemas de informação e outras fontes de dados para calcular indicadores
fundamentais de eventos de vida e outras informações essenciais para fins de gestão da
saúde.
• Situações em que existem dados e indicadores de saúde adequados, mas são derivados de
estudos com amostras probabilísticas (observação parcial de um todo), para as quais a variação
da Sampling deve ser incorporada através de um processo de estimativa (inferência
estatística).
92
A metodologia que um país utiliza para fazer estimativas através de métodos indiretos para facilitar a
compatibilidade entre o país e os indicadores globais que são calculados pelas organizações internacionais
deve ser encarada com cautela. Esta questão tem sido amplamente debatida (1, 2).
Existe um consenso de que os dados diretos devem, sempre que possível, seravaliados continuamente. A
utilização rotineira de dados diretos pode criar oportunidades para melhorar as fontes de dados. A
utilização indiscriminada de indicadores estimados pode comprometer a autenticidade dos dados e da
informação provenientes diretamente dos sistemas nacionais de informação sobre saúde. Uma
consequência possível poderia ser a eventual redução da atribuição de recursos para melhorar os sistemas
de informação em matéria de saúde, nomeadamente em países com escassos recursos para a saúde.
Muitos métodos de estimativa indireta (para dados demográficos ou outros) estão sujeitos a imprecisões,
especialmente em determinadas situações, como quando os dados nacionais raramente estão
disponíveis ou estão incompletos. No entanto, é precisamente nestas situações que se torna
necessário o cálculo das estimativas para os cators de saúde. Para ultrapassar o problema da
indisponibilidade de dados, os dados imputados são por vezes utilizados para gerar os dados
necessários para a estimativa indireta. Os limites inerentes à imputação são subestimados. Estes
incluem a falta de representatividade da diversidade de um país, a possível presença de erros
aleatórios não detetados, a possível presença de erros sistemáticos importantes, etc. (2). Tais erros
podem comprometer grandemente a precisão das estimativas indiretas e podem não ser
necessariamente uma melhoria sobre as limitações na qualidade de dados diretos. Outra questão
relevante é a capacidade limitada da maioria das técnicas indiretas de capturar com precisão
alterações significativas nos indicadores que estão a ser calculados. Um exemplo é o decline íngreme
nas taxas de fertilidade no Brasil e a incapacidade das técnicas de projeção populacional do governo
para explicar adequadamente o fenómeno, por exemplo, através de estimativas de nascimento vivo.
Por último, os processos de estimativa indireta tornaram-se cada vez mais complexos nos últimos
anos; isto traz consigo uma reduzida capacidade de comunicação e replicbilidade. Neste contexto, as
Diretrizes para a Elaboração de Estimativas De Saúde Exatas e Transparentes (GATHER) (3) representam um
esforço louvável para formular algumas linhas gu.
93
Estas orientações devem ser consideradas uma opção para abordar a escassez
de dados de saúde fiáveis em determinados contextos. No entanto, as suas
limitações e consequências para a comunicação exata e transparente dos
indicadores de saúdeseriam sempre tidos em conta .
As parcerias a nível local, nacional e global devem ser incentivadas a reforçar os sistemas nacionais
de informação sobre a saúde e a aumentar a capacidade de produção, análise e utilização de dados e
indicadores de saúde. Os esforços das organizações internacionais (OMS e outras entidades das
Nações Unidas), das instituições científicas e dos governos para apoiar a melhoria dos sistemas de
informação em saúde e capacidade analítica merece reconhecimento.
• Quando a qualidade dos dados não satisfaça as normas mínimas ou onde não exista
informação a nível nacional.
As principais fontes para estimativas estatísticas são: a Divisão de População das Nações Unidas e o
Gabinete de Censos dos Estados Unidos (para estimativas da população); o Banco Mundial (para
estimativas de indicadores de mortalidade socioeconómica e materna); OMS (para os números da
mortalidade, tabelas de mortalidade e mortalidade materna rates); UNICEF, UNFPA e CELADE (para
94
números e tabelas de mortalidade); e instituições académicas, utilizando uma variedade de outras
estimativas.
95
A OPAS, enquanto organização internacional, utiliza estimativas populacionais fornecidas pela
Divisão populacional das Nações Unidas e não dos recenseamentos nacionais dos seus Países
Membros. Esta abordagem garante a comparabilidade com os dados sobre a mortalidade materna e
infantil provenientes do Grupo Inter-agências das Nações Unidas para a Estimativa da Mortalidade
Infantil (IGME). Esta agência foi criada em 2004 para harmonizar as estimativas no sistema das Nações
Unidas; melhorar os métodos de estimativa da mortalidade infantil; reportar os progressos na
consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e agora os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável; e reforçara capacidade dos países de hen para realizarem cálculos oportunos e
devidamente avaliados sobre a mortalidade infantil. O IGME é liderado pela UNICEF e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), com a participação do Banco Mundial e da Divisão de População
das Nações Unidas (parte do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas).
Dada a necessidade de estabelecer uma linha de base para medir os progressos em direção ao
Objetivo de Desenvolvimento do Milénio 5 (ODM-5, e agora ODS-3), e a falta de dados fiáveis sobre
as tendências globais da mortalidade materna, foi necessário estimar também o número de mortes
maternas. como a relação mortalidade materna (MMR).
Muitos countries têm feito importantes avanços na deteção e gravação de mortes maternas e nascimentos
vivos; por isso, têm dados fiáveis, embora ainda imperfeitos. Ao mesmo tempo, a medição da mortalidade
materna continua a constituir um grande desafio. Em 2013, segundodados comunicados à OPAS dos Países
Membros, o número absoluto de mortes maternas para a América Latina e Caraíbas rondava os 6.000
por ano. O número real é provavelmente maior, uma vez que alguns países com um número absoluto
relativamente elevado de mortes maternas (Bolívia, Guiana, Haiti e Trinidad e Tobago) não
reportaram dados. No entanto, para o mesmo período, o Grupo inter-agências de Estimativa de
Mortalidade Materna (MMEIG), que inclui a OMS, a UNICEF, o FNUAP e o Banco Mundial, estimou
umaprobabilidade de 9.300 mortes maternas, enquanto que o O Instituto de Métricas e Avaliação de
Saúde (IHME) estimou em 7.600. Estes três números diferentes criam uma consternação considerável
entre os países inquiridos. Embora existam algumas semelhanças entre as metodologias utilizadas
por vários grupos para estimar as tendências da mortalidade materna, as causas das grandes
diferenças merecem explicação.
Devido à importância destes indicadores, duas metodologias que podem ser utilizadas para medir a
precisão da relação de mortalidade materna e das taxas de mortalidade infantil calculadas com
96
fontes de nível nacional serão discutidas.
97
5.3.1 METODOLOGIA UTILIZADA PELO GRUPO INTER-AGÊNCIAS DE ESTIMATIVA DA MORTALIDADE
MATERNA (MMEIG)
O MMEIG das Nações Unidas divide os países em três grupos, A, B e C. No entanto, os países da região das
Américas estão nos grupos A e B. O Grupo A é composto por países com bons dados vitais de registo.
Utilizando a metodologia MMEIG, o número de mortes maternas reportadas por um país é multiplicado
por um fator de correção de 1,5 para corrigir as classificações erradas, exceto nos casos em que o
país corrige as suas próprias informações com nacionais data de um estudo publicado sobre a
proporção de casos subnoticiados e mal classificados. O fator de correção 1,5 decorre de dois
estudos de Lewis London: Confidential Enquiry in Maternal and Child Health (2004 e 2007).
Os países do Grupo B carecem de dados vitais completos, mas utilizam outros tipos de fontes de
dados. Para estes países, a metodologia MMEIG estima a relação de mortalidade materna utilizando
um modelo com três fatores preditivos como medidas de exposição ao risco. Estes fatores são:
• Produto interno bruto per capita
• Taxa global de fertilidade (nascimentos vivos por mulher na faixa etária dos 15 aos 49 anos).
A proporção obtida é utilizada para estimar o número total de mortes de mulheres em idade fértil,
que é então dividida pelo número total de nascimentos para estimar a maternalidade. rácio de
mortalidade. Estes dois dados são extraídos da Divisão Estatística das Nações Unidas (UNSD).
5.3.2 A Dologmia METHO utilizada pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) O modelo
utilizado pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) não tem em conta as variações na
qualidade da informaçãon dos países, pelo que a metodologia é aplicada a todos os países países
sem distinção. As variáveis preditivas utilizadas são:
• Prevalência de HIV/SIDA (esta variável representa uma diferença em relação ao modelo utilizado
pelo MMEIG, que não considera esta variável; assim, uma estimativa da mortalidade devido
a esta causa é feita primeiro, e a estimativa é então corrigida).
98
O IHME corrige os problemas de subconscritoriação e de má qualidade multiplicando-se por um fator de
correção de 1.4.
A nível global, as estimativas são fornecidas pelas Nações Unidas. Grupo inter-agências para a
estimativa da mortalidade infantil (IGME), bem como pela IHME. As abordagens metodológicas
destas duas fontes diferem no que diz respeito aos dados básicos, ao seu tratamento e aos processos
de ajustamento utilizados. As discrepâncias mais importantes nos resultados são atribuíveis a
alterações na mortalidade nos países, correções ou ajustamentos aplicados, e aos modelos utilizados
para obter as estimativas em resposta a problemas na cobertura de estatísticas vitais.
Tal como acontece com outras fontes de dados, a utilidade das estatísticas da mortalidade, bem como
a exatidão dos dados, depende em grande parte da sua qualidade, que está associada
principalmente a um grau de cobertura superior ao.
A avaliação intercalar do Plano Regional para aSaúde Onatal incluiu uma análise da cobertura e
exatidão da informação sobre as mortes neonatais obtidas a partir de sistemas estatísticos vitais. A
avaliação foi feita com base na informação das bases de dados disponíveis para a OPAS Health
Information and Analysis team. As bases de dados incluíam informações sobre mortes neonatais,
infantis e crianças em 47 países da Região entre 1995 e 2010. Estas bases de dados geraram
indicadores de mortalidade neonatal, infantil e infantil, que foram comparados com estimativas
99
diretas baseadas em inquéritos DHS/RHS e OMS (OESE), bem como com estimativas indiretas de o
IGME, o IHME e o UNICEF (inquéritos MICS). Da mesma forma, as bases de dados da OPAS foram
usadas para obter
10
0
a distribuição de mortes neonatais, infantis e infantis por causas. Neste caso, a estimativa direta foi
complementada pela compilação de medidas produzidas pelo Grupo de Referência da Epidemiologia
da Saúde Infantil (CHERG).
Com base nas análises, a cobertura do total de mortes foi determinada como boa em 21 países,
satisfatória em seis, e justa para deficiente em 12. Assim, o nível médio de cobertura das mortes
totais é elevado (mediano de 94%). A coerência das estimativas é geralmente comparável com os
dados fornecidos pela UNSD durante anos próximos dos anos analisados, tanto no que diz respeito
aos países como um todo (mediano de 93,5%), e para a maioria dos países individualmente.
Existe uma relação inversa entre a percentagem de cobertura de mortes e a diferença relativa
entre as taxas obtidas por d irect e metodologias indiretas (quanto maior a primeira, a menor a
segunda). No que diz respeito à mortalidade infantil e infantil, as correlações entre a percentagem
de cobertura e a diferença relativa entre as taxas diretas e indiretamente estimadas foram
superiores às estimativas indiretas calculadas pela IHME. No caso da mortalidade neonatal, a
associação foi mais elevada em termos de relação entre a percentagem de cobertura e a diferença
relativa entre as taxas diretas e os calculados pela IGME.
É também evidente que as causas referidas nas declarações de morte nos países da região
são precisas a um grau aceitável, com as causas mal definidas a serem inferiores a 10%.
Assim, embora a qualidade da informação sobre a mortalidade na região tenha de ser melhorada, os
níveis de cobertura e de precisão são geralmente adequados. Quanto melhor forem as
medições, maior será o benefício da informação baseada em fontes diretas, versus indiretas.
10
1
REFERÊNCIAS
1. Boerma T, CD mathers. A Organização Mundial de Saúde e as estimativas globais de saúde: melhorar a colaboração e
o ca-pacity. BioMed Central - Medicina. 2015. DOI 10.1186/s12916-015-0286-7
https://bmcmedicine.biomedcentral.com/ artigos/10.1186/s12916-015-0286-7
2. Frias PG, Szwarcwald CL, Pis L. Estimação da mortalidade infantil no contexto de descentralização do Sistema Único
de Saúde (SUS). Rev. Bras. Saúde Matern. Uma criança. 2011;11(4): 463-70.
3. Stevens, GA, etc. Diretrizes para Relatórios De Estimativas de Saúde Precisas e Transparentes (GATHER) PLoS
Medicine, 28 de junho de 2016. Disponível em:
http://journals.plos.org/plosmedicine/article/file?id=10.1371/journal.pmed.1002056&- type=printable [consultado
a 9 de agosto de 2017].
4. Unam-se para a Visão. Estimativas Globais da Hea Ith. Disponível em: http://www.uniteforsight.org/public-health-
management/glo- bal-estimativas de saúde [consultado 5 de setembro de 2016].
10
2
ANEXO
Arquivo para descrever indicadores7
Nome do indicador Incluir o nome do indicador.
Finalidade do indicador Indique por que é importante utilizar o indicador proposto e/ou os seus parâmetros.
Tipo de indicador Indicar se a medição do indicador é um número absoluto, uma proporção, uma taxa, etc.
Frequência de medidas
Indicar com que frequência os dados do indicador são compilados e comunicados.
Período de referência Especifique o período de tempo, ou ponto no tempo, a que o indicador se refere.
Fonte de dados
Identifique a origem dos dados do indicador . Especifique a principal fonte de dados , se aplicável.
Limitações
Especifique os desafios ou constrangimentos na medição, utilização e interpretação do indicador.
Instituição responsável Incluir o nome da entidade ou unidade responsável pela geração, reporte e monitorização do indicador.
Incluir todas as questões relevantes relacionadas com a construção do indicador que possam dificultar a
Notas técnicas sua utilização e interpretação.
7 Adaptado dos Ficheiros Técnicos utilizados para os Dados de Saúde do Núcleo da OPAS e perfis de país. Unidade de
Informação e Análise de Saúde (OPAHO/ CHA/HA), Plano Estratégico da OPAS 2014-2019 e RIPSA.
10
3
ARQUIVO DE MODELOS
Código e nome do RIT 1.1.1. "COBERTURA DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (ART)"
indicador
Nome do indicador Número de países e territórios que têm 80% de cobertura de terapia antirretroviral (ART) nas
populações elegíveis.
Definição Este indicador mede a cobertura do acesso à terapia antirretroviral. A cobertura de 80% ou mais
de indicador entre as pessoas que cumprem critérios de tratamento é definida internacionalmente como acesso
universal.
Até meados de 2013, os critérios de elegibilidade eram as pessoas que viviam com HIV que
tinham uma contagem de CD4 de 350/ml ou menos. Com base nas novas orientações da OMS
publicadas em junho de 2013, o limiar recomendado para o início da terapia antirretroviral foi
elevado para uma contagem de CD4 de 500/ml ou menos, o que significa que o número de
pessoas elegíveis (o denominador) aumentará.
Várias fontes de dados são utilizadas, uma vez que nem todos os países estão incluídos nos
vários relatórios. A nível nacional, os dados collection são contínuos, com cálculo das coberturas
nacionais realizadas no final do ano.
Tipo de indicador Absoluto
10
4
Limitações Existem incertezas quanto à exatidão da modelação estatística no caso dos países mais
pequenos com epidemias concentradas.
• É difícil fazer um cálculo fiável dos denominadores para populações muito pequenas. Além
disso, para alguns países, incluindo os pequenos Estados insulares, a UNAIDS não gera
denominadores.
Este indicador mede a cobertura total da terapêutica antirretroviral, mas não mede as
desigualdades na cobertura, em particular porque afeta populações como oMSM, os trabalhadores
do sexo e as pessoas transgénero. Os problemas locais, como a imigração não documentada,
também influenciarão a exatidão do indicador. É essencial a monitorização contínua do acesso a
tratamento destes grupos-chave da população, bem como a qualificação dos cuidados.
Referências Hiv Continuum of Care Monitoring Framework. Adenda ao relatório da reunião: Consulta regional
sobre a informação epedimiológica do VIH na América Latina e Caraíbas. Organização Pan-
Americana da Saúde, 2014.
10
5
ISBN: 978-92-75-12005-7
10
6