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NUT 365

DNS – UFV

Renato Pereira da Silva


Questões iniciais sobre
planejamento...
 O que é planejar?
 Por que planejar?
 Quais os tipos de planejamento?
 Como planejar?
 O que é estratégia? O que é tática?
 E sobre planejamento no SUS?
 Como hierarquizar problemas?
 Como avaliar o planejamento?
... futuro...

Espera para ver o que irá acontecer.

Antecipação e preparação lógica para


enfrentá-lo.
Mais alguns conceitos...
 Atividade: conjunto de tarefas cujo somatório resulta
em uma ação que pode resolver um problema;
 Tarefa: unidade de trabalho que pode ser realizada por
um único trabalhador ou trabalhadores de uma mesma
categoria profissional, mas sua realização não vai
resolver o problema.
Deficiência do sistema de prestação de serviços
 Mudança nas necessidades e anseios de saúde por parte
da população, devido à mudanças de comportamento,
demografia e sociais
 Introdução de qualquer inovação tecnológica
 Demarcação de linha de ação
O que é planejar ?
Planejar é a arte de elaborar o plano de um processo
de mudança. Compreende um conjunto de
conhecimentos práticos e teóricos ordenados de
modo a possibilitar interagir com a realidade,
programar as estratégias e ações necessárias no
sentido de alcançar objetivos e metas.
(Tancredi e colaboradores, 1998)

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Planejamento
 Busca maior eficiência:
 Estudo da realidade;
 Definição de objetivos;
 Ordenação de recursos materiais e humanos;
 Estabelecimento de medidas de tempo, quantidade e
qualidade;
 Identificação de pontos críticos e de apoio e de
elementos de resistência à resolução dos problemas;
Planejamento
 Busca maior eficiência:
 Localização espacial das atividades;
 Obtenção de recursos;
 Viabilização e concretização do plano;
 Correção constante de rumos.
 Bem-estar da população.
Princípios do planejamento
 Racionalidade:
 Adequação dos meios aos fins;
 Eficiente na alocação de recursos para consecução dos
objetivos;
 Tipos: econômica, lógica (causa e efeito); social
(integração social), legal (moral e ético); política
(autoridade e responsabilidade).
Princípios do planejamento
 Universalidade:
 Inter-relação e integração de elementos de um sistema
determinam a necessidade de um conhecimento integral
do ambiente em que se opera;
 Unidade:
 Planejamento integrado e homogêneo;
 Coerência com a realização dos objetivos que preconiza.
Princípios do planejamento
 Flexibilidade:
 Passível de eventuais ajustes devido a imprevisibilidade.
 Inerência:
 Planejamento é inerente a toda atividade humana:
 Busca continua pela melhor maneira de alocar seus esforços
para alcançar seus objetivos.
 Previsão:
 Explicitar objetivos é um ato de previsão.
Planejamento
“Planejar exige compromisso com a política e a
“organização da gente”. São a política e a “gente” os
motores e os atores do planejamento. Na ausência destes,
o planejamento se abdica das possibilidades de mudança”
(Manfredini, 2009).
Planejamento em Saúde
 O que considerar?
 Princípios e diretrizes do SUS;
 Determinantes sociais de saúde;
 Políticas públicas em saúde;
 Legislação em saúde;
 Financiamento em saúde: custos fixos variáveis,
definição de instrumentos;
 ESF: critérios de risco social;
Planejamento em Saúde
 O que considerar?
 Acesso;
 Acolhimento;
 Vínculo;
 Resolutividade;
 Assistência ou atenção à saúde?
 Controle social;
 Sistemas de informação em saúde.
Planejamento Estratégico
“Planejamento estratégico é um processo contínuo e
corresponde ao estabelecimento de um conjunto de
providências a serem tomadas para a situação em que o
futuro tende a ser diferente do passado e desde que a
empresa tenha condições e meios de agir e influenciar
as variáveis e fatores de mudança”.

(Oliveira, 1997).
Momentos do Planejamento
Estratégico-Situacional
 Momento explicativo:
 Diagnóstico;
 Quais problemas?
 Por quê ocorrem?
 Foi, é, tender a ser...
 Participação de todos os atores envolvidos.
Momentos do Planejamento
Estratégico-Situacional
 Momento normativo:
 “Desenho do que deve ser” (desenho ou proposta da nova
realidade).
 Promover mudanças sociais deliberadas ou pretendidas,
projetadas para o futuro. Movimenta-se no plano de
como deve ser a realidade.

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Momentos do Planejamento
Estratégico-Situacional
 Momento estratégico:
 Procedimentos necessários a superação dos obstáculos
(políticos, legais, econômicos, financeiros, organizações,
comportamentais);
 Balanço entre o que deve ser e o que pode ser feito;
 Deve e pode ser...
 Como superar obstáculos:
 Poder político, econômico e capacidades organizativa e
institucional.
Momentos do Planejamento
Estratégico-Situacional
 Momento tático-operacional:
 Apreciação da situação presente, pré-avaliação das
decisões possíveis, tomada final de decisões e avaliação
da nova situação, correção de falhas e reorientação
permanentemente do planejamento;
 É o fazer, ação concreta.
Fases do planejamento
Deming (1990) •Corrigir defeitos, educar, retreinar
pessoal, executar novamente e melhor o
trabalho.
•Definir objetivos e metas
•Estabelecer métodos para
execução

•Intervenção no
processo de •Verificar efeitos do trabalho
execução dos executado
planos
Fases do planejamento
 Compreensão da realidade:
 Informações quantitativas e qualitativas adequadas do
quadro nosológico e dos serviços de saúde;
 Informações gerais: renda, escolaridade, organização do
sistema de saúde, oferta de profissionais, unidades de
saúde, instituições formadoras de RH;
 Condicionantes políticos e econômicos:
 Focos de resistência e restrição ao desenvolvimento das ações
desejadas;
 Núcleos de poder político, econômico, administrativo com
influência na superação dos problemas existentes e na
aprovação de programas alternativos.
Fases do planejamento
 Hierarquização dos problemas e definição de
prioridades:
 Prioridade e exclusividade são sinônimos?
 Prioridade:
 Enfoque epidemiológico, sociopolítico, administrativo, e
econômico;
 Quadro de morbidade;
 Opinião dos usuários;
 Factibilidade das ações pelo sistema de saúde;
 Custos financeiros.
Hierarquização dos problemas e
definição de prioridades
 Critérios:
 Magnitude: quantidade de população afetada pelo
problemas;
 Vulnerabilidade: existência de meios para combater o
problema;
 Eficácia: efeito dos meios que podem ser utilizados;
 Eficiência: relação entre os custos e os resultados das
medidas adotadas;
 Transcendência: gravidade e impacto do problema;
 Atitude da comunidade: grau de importância atribuído
pela comunidade ao problema.
Hierarquização dos problemas e
definição de prioridades
 Morley (1978):
 Conhecimento (C) da comunidade: atitudes
sentimentos, grau de urgência reconhecida,
preocupação com o problema;
 Prevalência (P): frequência com que o problema ocorre
em dado momento;
 Gravidade (G): efeitos danosos (destrutivos) sobre
indivíduos e comunidade;
 Suscetibilidade (S): resposta ao tratamento
(disponibilidade de métodos de controle, eficácia, custo
e dificuldades de aplicação).
Hierarquização dos problemas e
definição de prioridades
Exemplo: problemas de saúde infantil
Problema C P G S TOTAL
Desnutrição ++ +++ ++++ +++ 72
Pneumonia +++ ++ ++++ +++ 72
Miopia ++ +++ + +++ 18
Tuberculose ++ + ++++ +++ 24
Problemas ++ ++++ + + 8
odontológico
s
Catarro + + + + 1
comum
FONTE: Morley (1978)
Fases do planejamento
 Elaboração e execução da programação:
 Projeto:
 Reorientação de atividades em execução;
 Expansão
 Criação de novas linhas de trabalho.
Fases do planejamento
 Acompanhamento e avaliação:
 Correções necessárias se procedam no momento
oportuno;
 Objetivos e metas foram atingidos?
 Downer (1993): método SWOT (strenghts, weakeness,
opportunities, threats) verificação de equilíbrio.
Acompanhamento e avaliação
Avaliação de uma política de fluoretação da água de abastecimento público

S (vantagens/força) W (desvantagens O (oportunidades) T (ameaças,


/fraquezas) perigos)
Efetivo e seguro Possíveis Melhora da saúde Grupos
Eficiente e dificuldades técnicas bucal da população antifluoretação
barato/apoio da Dificuldades Redução dos custos Percepções de alguns
população políticas de tratamento dentistas
Benefícios Com índices muito Melhor Responsáveis pelo
redundantes (reduz baixos de cárie pode aparência/mastigaçã abastecimento
dor, exodontias) não ser o d’água pois o custo
financeiramente de tratamento fica
justificável mais alto

FONTE: Downer (1993)


Avaliação direta de programas de
saúde
 Esforço;
 Eficácia;
 Rendimento (eficiência);
 Adequação (cobertura);
 Qualidade (visão do usuário)
Sistema Aberto e Sistema de Saúde

“O sistema de saúde é um sistema aberto, complexo e dinâmico, sujeito às


influências dos fatores de um ambiente em constante e rápida mutação.
Assim, precisa ser planejado.”
(Chaves, 1977)
Dimensões do planejamento
 Nível organizacional:
 Macroplanejamento:
 Planejamento econômico e social.
 Microplanejamento:
 Planejamento empresarial ou problemas operacionais
específicos.
Características gerais do
planejamento
Planejamento tradicional PES
 Determinista (predições certas)  Indeterminista (predições
 Objetivo (diagnóstico) incertas)
 Subjetivo (apreciação
 Predições únicas situacional)
 Plano por setores  Várias apostas em cenários
 Certeza  Plano por problemas
 Cálculo técnico  Incerteza e surpresas
 Os sujeitos são agentes  Cálculo técnico-político
 Sistema fechado (metas  Os sujeitos são atores
únicas)  Sistema aberto (várias
 Teoria do controle de um possibilidades)
sistema  Teoria da participação em um
jogo.
Atender à demanda ou programar
a oferta?
 O que é mais importante?
 São atividades excludentes?
 No que isso implica?
 Quais as vantagens e problemas de cada atividade?
Atender à demanda
 Resolver problemas que aparecem:
 Pessoas já doentes;
 Forma tradicional de atenção:
 Planejamento simplificado:
 Dimensionamento de RH, materiais e tecnologia;
 Vantagem: atendimento imediato:
 Alívio da dor e sofrimento;
 Desvantagem:
 ineficaz no processo saúde-doença;
 Uso ineficiente de recursos: atividade curativas.
Atender à demanda
 Serviços de urgência e emergência são necessários!!!
 Índices de saúde não se alteram com atendimento à
demanda;
 Alto custo;
 Interessante para a inciativa privada, por representar
maior lucratividade;
 Pronto atendimento:
 Baixa resolutividade;
 Problemas não resolvidos.
Programação da oferta
 Programas de saúde:
 Enfretamento eficaz de problemas de saúde na
comunidade;
 Oferta estruturada de ações e serviços:
 Ações programáticas de saúde:
 imunizações, controle da tuberculose, hanseníase, saúde da
mulher.
 Enfoque epidemiológico;
 Hierarquização de problemas de saúde;
 Acolhimento: demanda espontânea + programação da
oferta.
PENSAMENTO ESTRATÉGICO
Gerenciamento estratégico de
sistemas de saúde
 Implementação:
 Motivação: comunicar claramente as metas e planos da organização;
 Diferenciação entre metas a curto e longo prazo;
 Assegurar que o pessoal conheça suas responsabilidades;
 Assegurar provisão de recursos adequados;
 Promover senso de envolvimento da equipe;
 Modificar a estrutura para alcançar as necessidades;
 Delegar autoridade, apontar responsabilidades;
 Promover coordenação interdepartamental e relações interpessoais;
 Promover capacidade de lidar com mudança;
 Revisar políticas na manutenção do progresso relativo as metas;
 Promover entendimento sobre mudança e resistência a mudança.
Gerenciamento estratégico de
sistemas de saúde
 Monitoramento:
 Avaliação da efetividade;
 Avaliação do desfecho, lições aprendidas;
 Revisão do plano estratégico;
 Transferir recursos de acordo com lições aprendidas.
Em suma:
 Gerenciamento inclui:
 Planejamento, direção, controle, organização, motivação
e tomada de decisão;
 Aplicação de recursos e pessoal para o alcance de metas.
 Estudo do uso de recursos, motivação e função dos
atores envolvido;
 Monitoramento e comunicação constantes;
“...a única coisa certa do futuro é
que ele definitivamente será
diferente do presente”.

(Rasmussen, 1990)
Bibliografia
1. Chiavenato I. Introdução à teoria geral da administração. 2ª ed. Revista e atualizada.
Rio de Janeiro: Campus, 2000.
2. Ackoff RL. Planejamento empresarial. tradução de Marco Túlio de Freitas. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1974 (Administração e Gerência, 17).
3. Paim JS. Planejamento em saúde para não especialistas. In: Campos GWS, Minayo
MCS, Akerman M, Drumond Júnior M, Carvalho YM. Tratado de saúde coletiva. 2ª ed.
São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2008.
4. Chaves MM. Planejamento. In: Chaves MM e cols. Odontologia social. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1977.
5. Pinto VG. Planejamento. In: Pinto VG e cols. Saúde bucal coletiva. 4ª ed. São Paulo:
Livraria Santos Editora Com. Imp. Ltda, 2000.
6. Manfredini MA. Planejamento em saúde bucal. In: Pereira AC e cols. Odontologia em
saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003.
7. Manfredini MA. Planejamento em saúde bucal e programação local. In: Pereira AC e
cols. Tratado de saúde coletiva em odontologia. Nova Odessa: Napoleão, 2009.
8. Tulchinsky TH, Varavikova EA. Planning and managing health systems. In: Tulchisnky
TH, Varavikova. The new public health. 2nd ed. Oxford: Elsevier Inc, 2009.
9. Bourget MMM. Programa saúde da família guia para planejamento local. São Paulo:
Martinari, 2005. (Coleção O Cotidiano do PSF).

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