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DISSERTAÇÃO DE ESTÁGIO
Anabela Teixeira
Estela Fernandes
Janeiro, 2022
RESUMO
2
ÍNDICE
1. Introdução.................................................................................................................................8
2. Caracterização.........................................................................................................................11
3. Enquadramento Teórico...........................................................................................................22
4. MAIEC......................................................................................................................................39
5. Metodologia............................................................................................................................39
5.6.2. Variáveis...............................................................................................................39
7. Conclusão................................................................................................................................39
Bibliografia..................................................................................................................................39
Anexos........................................................................................................................................39
3
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
4
LISTA DE ABREVIATURAS
5
1. Introdução
No âmbito da Unidade Curricular de Ensino Clínico I: Planeamento em Saúde e
Intervenção Comunitária, do Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem
Comunitária da Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa do Alto
Tâmega, no Ano Letivo de 2020/2022, foi desenvolvido um estágio no Agrupamento de
Centros de Saúde (ACES) do Alto Ave, na Unidade de Cuidados na Comunidade de Vizela
(UCC Vizela).
É igualmente referido no descritor da UC, que esta unidade curricular tem como
objetivos educacionais: aplicar a metodologia do planeamento em saúde; fazer o
diagnóstico de saúde da população residente da área de influência do centro de saúde;
identificar necessidades do utente, da família, do grupo específico e da comunidade em
cuidados de enfermagem especializados; delinear as estratégias de intervenção
em cuidados de enfermagem especializados em enfermagem comunitária à pessoa e – ou
família dentro e fora da instituição; proceder à execução dos cuidados planeados; planear,
executar e avaliar atividades no âmbito dos Programas Nacionais de Saúde; conceber,
planear, implementar e avaliar projetos de intervenção com vista à capacitação e
autonomia das comunidades na consecução dos seus projetos de saúde2.
1
Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária. Disponível em:
https://esecvpaltotamega.pt/pt/cursos/curso.php?idcurso=14. Consultado em: 09.09.2021.
2
Ibidem.
6
Com base no Regulamento das Competências Específicas “o enfermeiro especialista em
Enfermagem Comunitária assume um entendimento profundo sobre as respostas
humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde e uma elevada capacidade para
responder de forma adequada às necessidades dos diferentes clientes (pessoas, grupos ou
comunidade) proporcionando efetivos ganhos em saúde” (Regulamento nº 128/2011).
Neste enquadramento, foi então, o Ensaio Clínico desenvolvido na UCC VIZELA, integrada
no ACES ALTO AVE tendo como populações alvo os alunos do 7º ano de escolaridade do
3
Decreto-Lei nº 118/2014. Disponível em:
https://www.ordemenfermeiros.pt/noticias/conteudos/enfermeiro-de-fam%C3%ADlia-publicado-em-di
%C3%A1rio-da-rep%C3%BAblica/. Consultado em 12.09.2021.
4
Idem.
7
Agrupamento de Escolas de Infias, tendo sido integrado no projeto MAIEC já iniciado pela
equipa da UCC.
Este trabalho seguiu as normas do Plano Local de Saúde do ACES de acordo com as
prioridades estabelecidas na Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PNSE 5) de 2015 e de
acordo com as disponibilidades de recursos humanos existentes na UCC Vizela,
nomeadamente as relacionadas com a saúde escolar.
A metodologia seguida neste Ensino Clínico foi a do Planeamento em Saúde, tendo por
suporte o modelo teórico MAIEC (Modelo de Avaliação, Intervenção e Empoderamento
Comunitário).
O referido Ensaio Clínico foi conduzido segundo a metodologia de investigação
quantitativa, através da técnica exploratória descritiva realizada com adolescentes da
escola supra identificada. Em termos de procedimentos, os docentes procederam ao envio
de correio eletrónico do respetivo questionário, o qual contemplou o acesso ao conteúdo
do mesmo por parte dos encarregados de educação garantindo-se a confidencialidade e o
anonimato; procedeu-se a aplicação do instrumento de recolha dos dados. Como
5
PNSE | 2015. Disponível em: http://www.arsnorte.min-saude.pt/promocao-da-saude/programa-nacional-
de-saude-escolar/. Consultado em: 12.09.2021.
8
ferramenta de recolha de dados foi utilizado o instrumento designado por FANTASTICO6,
que será descrito no capítulo próprio. De forma sintética, trata-se de um questionário de
autopreenchimento e permite a avaliação e compreensão dos hábitos e dos
comportamentos dos adolescentes em relação ao seu estilo de vida.
O instrumento foi aplicado entre 12 de julho e 18 de dezembro de 2021, sob a orientação
da Enfermeira Especialista em Enfermagem Comunitária Bárbara Ferreira e sob a
coordenação da Docente Professora Doutora Cristina Moura.
No que diz respeito ao nosso trabalho de investigação, ele foi estruturado da seguinte
forma: Introdução, seguida de uma breve caraterização do ACES Alto Ave, incluindo
indicadores de saúde e o plano local de saúde. No segundo capítulo realiza-se a
caracterização da UCC Vizela e da Escola a cujos alunos foi aplicado o questionário. O
terceiro capítulo diz respeito ao enquadramento teórico; No quarto capítulo, descreve-se o
MAEIC, seguindo-se a metodologia no capítulo quinto e da apresentação e análise dos
resultados, terminando com as principais conclusões no capítulo sexto.
Este é um trabalho original, desenvolvido pelas autoras junto dos organismos descritos,
em colaboração com os alunos participantes, inscrito na escola mencionada.
6
FANTÁSTICO. Aplicação do questionário. Disponível em: https://www.rcaap.pt/detail.jsp?
locale=pt&id=oai:repositorio.esenfc.pt:5295. Consultado em: 12.09.2021.
9
Figura 1. - Mapa de influência do ACES Alto Ave
Fonte: Google Imagem- área influencia Aces alto ave
No ACES do Alto Ave, o grupo etário dos 0 aos 14 anos, apresentou uma proporção da
população residente superior (15,7%) à do grupo dos 65 e mais anos (14,63%),
apresentando maior percentagem de indivíduos jovens e menor percentagem de idosos
do que o Continente e a região Norte.
A faixa etária dos 10 aos 14 anos tem 12.079 utentes inscritos, 6.275 sexo masculino e
5.804 sexo feminino. O ACES Alto Ave é constituído por 31 unidades funcionais, com
273.011 utentes inscritos, integra 725 profissionais, dos quais, 235 enfermeiros, 167
médicos, 46 internos, 164 secretários clínicos e 113 outros profissionais 7.
7
Plano Local de Saúde – ACES ALTO AVE. Disponível em:
http://www.arsnorte.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/3/2019/12/PeLS2018_A4_AltoAve.pdf.
Consultado em 30.09.2021.
10
O ACES Alto Ave é constituído por 6 Centros de Saúde (CS), CS Professor Arnaldo Sampaio
– Guimarães, CS Taipas, CS Vizela, CS Fafe, CS Cabeceiras de Basto, CS Mondim de Basto.
Com a constituição das novas unidades funcionais designadas por Unidades de Saúde
Familiar (USF), Unidade de Saúde Pública (USP), Unidades de Cuidados na Comunidade
(UCC), Unidade de Cuidados Saúde Personalizados (UCSP), Unidade de Recursos
Assistenciais Partilhados (URAP) e Centro de Diagnóstico Pneumológico, o ACES tem
formadas as seguintes unidades8:
8
Concelhos de influência do ACES Alto Ave. Disponível em:
https://bicsp.minaude.pt/pt/biufs/1/10028/QUEM%20SERVIMOS/PeLS2016_A4_AltoAve.pdf. Consultado
em 30.09.2021.
11
Em relação ao Hospital de referência, o ACES tem o Hospital Senhora da Oliveira de
Guimarães9.
9
Idem.
12
2009, 2008-2010 e 2009-2011, os valores desta taxa no ACES foram inferiores aos
observados no Continente e na região Norte.
A análise efetuada da mortalidade proporcional por fases do ciclo da vida, ambos
os sexos, no triénio 2008-2010, no ex-ACES Guimarães/Vizela, as causas externas
de mortalidade contribuíram com um terço das mortes na faixa etária dos 5-24
anos (25%). O ex-ACES Terras de Basto, as causas externas de mortalidade
ocasionaram cerca de um terço das mortes na etária dos 5-24 anos (34%).
Da análise da taxa de internamento bruta por grupo etário, por todas as causas, no
ex-ACES Guimarães/Vizela e no ex-ACES Terras de Basto, nas faixas etárias
compreendidas entre as idades de 5 a 24 anos e de 25 a 44 anos, excluindo os
internamentos por gravidez parto e puerpério, predominaram as doenças do
aparelho digestivo. No ex-ACES Terras de Basto nas causas externas, os acidentes
de transporte foram responsáveis pelas maiores taxas brutas de internamento nos
grupos etários dos 65-74 anos e dos 5-24 anos.
O índice de envelhecimento (118,7 em 2015) é inferior ao da região norte (139,3) e
ao do Continente (149,6). A esperança de vida à nascença (81,4 anos no triénio
2013- 2015) tem aumentado em ambos os sexos e é inferior à da região norte (81,5
anos) e superior à do Continente (81,3 anos). A taxa de natalidade (7,5 nados vivos
por 1000 habitantes, em 2015) tem diminuído de forma mais acentuada do que na
região norte e no Continente, apresentando valores ligeiramente inferiores.
O nível de escolaridade da população melhorou entre 2001 e 2011, aproximando-
se da região norte e do Continente. A taxa de analfabetismo (5,4%) diminuiu em
todos os concelhos, sendo que em Guimarães e Vizela os valores são menores do
que na região norte (5,0%) e no Continente (5,2%)10.
10
Plano Local de Saúde do ACES Alto Ave 2014-2016. Disponível em: https://1nj5ms2lli5hdggbe3mm7ms5-
wpengine.netdna-ssl.com/files/2017/09/PLS-ACES-ALTO-AVE_2014_2016.pdf. Consultado em 05.10.2021.
13
2.2 Caraterização da UCC VIZELA
A UCC Vizela tem como missão contribuir para a melhoria do estado de saúde da
população da sua área geográfica de intervenção, visando a obtenção de ganhos em
saúde.
Trata-se de uma Unidade de referência, no que diz respeito à satisfação dos utentes que
integram a nossa comunidade, bem como dos profissionais de saúde, adequando os
cuidados de saúde às necessidades da nossa comunidade. Atua sempre com o foco no
cidadão, a sua família e comunidade em que está integrado.
― 10 Enfermeiros;
― 2 secretários clínicos;
― 1 Assistente Social;
― 1 psicólogo.
Gráfico 1 - Ilustração da pirâmide etária dos utentes abrangidos pela UCC Vizela,
Fonte: BI-CSP
14
A UCC Vizela, é uma unidade elementar de prestação de cuidados de saúde, apoio
psicológico e social, de âmbito domiciliário e comunitário, especialmente às pessoas,
famílias e grupos vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física e funcional
ou doença que requeira acompanhamento próximo. A atividade da UCC Vizela desenvolve-
se com autonomia organizativa e técnica, em intercooperação com as demais unidades
funcionais do ACES Alto Ave, sem prejuízo da necessária articulação interinstitucional,
indispensável ao cumprimento da sua missão11.
A UCC Vizela disponibiliza a sua carteira de serviços aos residentes, ainda que
temporariamente, na área geográfica dos Concelhos de Vizela e Guimarães que inclui as
seguintes freguesias:
1. Concelho de Vizela: União de Freguesias de Caldas de Vizela (S. João e S. Miguel),
Junta de Freguesia de Santa Eulália, Junta de Freguesia de Infias, União de Freguesias
de Tagilde e Vizela (S. Paio), Junta de Freguesia de Vizela (Santo Adrião).
2. Concelho de Guimarães: Moreira de Cónegos, Lordelo, Conde, S. Faustino, Nespereira,
Serzedelo, Gandarela, Guardizela, Gémeos.
― Vizela 24,7 Km2 , com uma população de 23.736 residentes3 e uma densidade
populacional de 960,7 hab/ Km2 .
― Guimarães 29,38 Km2 , com uma população de 11.516 residentes4 e uma
densidade populacional de 860,53 hab/ Km2 . · Com a reconfiguração da ECCI,
desde janeiro de 2017 a UCC Vizela passa a ter uma cobertura assistencial com uma
área total de 54.5 Km2 com uma população de 45.500 residentes.
― As freguesias de Nespereira, Serzedelo, Guardizela, Gandarela e Gémeos, a
cobertura assistencial da UCC só inclui o projeto da ECCI.
― A freguesia de S. Faustino está coberta por todos os programas da carteira de
serviços da UCC, exceto o projeto da Saúde Escolar.
11
Informação sobre a UCC Vizela. Disponível em:
https://bicsp.min-saude.pt/pt/biufs/1/10028/1031855/Pages/default.aspx. Consultado em: 05.10.2021.
15
Neste momento esta a decorrer reuniões para redistribuição da área geográfica a nível da
Saúde Escolar (SE) , Saúde Materna e Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI).
Instrumentos da UCC
Carteira de Serviços:
Horário de Funcionamento:
16
outros prestadores de cuidados; Educação para a saúde aos doentes, familiares e
cuidadores; Coordenação e gestão de casos com outros recursos de saúde e
sociais.
― A Saúde Escolar (SE) trabalha para a melhoria da saúde das crianças e dos jovens e
da restante comunidade educativa. As propostas das atividades estão assentes em
dois principais eixos definidos no PNSE|2015: vigilância e proteção da saúde e
aquisição de conhecimentos, capacidades e competências em promoção da saúde.
Na saúde escolar existem projetos de promoção da alimentação saudável (PASSE) e
atividade física, projeto na promoção da saúde Oral ( SOBE e Pasta nos Dentes),
projeto educação postural, projeto no âmbito dos afetos e sexualidade (PRESSE),
prevenções de acidentes (primeiros socorros), programa + Contigo proposto aos
alunos do 7º ano de um agrupamento de escolas.
12
Idem.
13
Despacho do Diretor Regional Adjunto de Educação do Norte, o Agrupamento de Escolas de Infias, Vizela
(código 100377). Disponível em: https://aeinfias.wixsite.com/aeinfias/sobre. Consultado em 25.10.2021.
14
Agrupamento de Escolas de Infias. Disponível em: https://aeinfias.wixsite.com/aeinfias/giae. Consultado
em 25.10.2021.
18
A missão do agrupamento tem subjacente uma visão clara do que se pretende para o
agrupamento:
― Promover uma educação focada nos valores de cidadania de forma a conduzir a
cidadãos responsáveis, com capacidade crítica e reflexiva, capazes de assumir, na
sua liberdade individual, o respeito pelos outros;
― Criar um clima de escola baseado num ambiente de humanismo e
responsabilidade, pautada por padrões de exigência, promotores de qualidade,
felicidade e bem-estar aos alunos;
― Promover uma Escola Inclusiva, criar condições que permitam, aos alunos, o
prosseguimento de estudos e integração no mundo do trabalho;
― Dotar os alunos de competências e conhecimentos que lhes permitam explorar
capacidades, tornando-os cidadãos autónomos;
― Promover ações que conduzam ao sucesso escolar e pessoal;
― Combater o abandono escolar15.
3.
15
Idem.
19
4. Enquadramento Teórico
Na década de 70, com a crise nos sistemas de saúde, foi reforçada a ideia de intervir não
só na cura, mas também na causa da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS), na
mesma década, realizou a primeira Conferência Mundial de Saúde, em Alma-Ata, onde foi
objetivada a meta "Saúde para todos no ano 2000” que pretendia a saúde como um
direito humano fundamental, isto é, que os indivíduos atinjam um nível de saúde que lhes
permita uma vida saudável e economicamente produtiva (OMS, 1978).
No final desta conferência foi sugerida a adoção de oito elementos fundamentais para a
saúde: educação, problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para a sua prevenção
e controlo, promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada, previsão
adequada de água de boa qualidade e saneamento básico, cuidados de saúde materno-
infantil e planeamento familiar, imunização contra as principais doenças infeciosas,
prevenção e controle de doenças localmente endêmicas, tratamento apropriado de
doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos essenciais (OMS, 1978).
20
O seu trabalho insere-se nos serviços da saúde escolar, criados pela reforma de 1933;
estes são herdeiros, por um lado, de um quadro legal moderno, em resultado da primeira
institucionalização dos serviços de inspeção médica nas escolas (1901-31) e, por outro, de
um campo médico-pedagógico que decorre da aplicação do discurso médico à escola de
massas do século XIX e à criança em espaço escolar. A saúde escolar de 1933 representa a
primeira reforma de conjunto promovida pela política educativa do Estado Novo,
integrando as suas três ideias-forças: a redução das aprendizagens, o primado da ação
educativa e fortes enquadramentos morais e religiosos (Maughan, 2017).
21
nos sistemas de saúde e de educação: novas estratégias, novas formas de gestão, novas
orgânicas em ambos os Ministérios.
Ainda de acordo com Faria & Carvalho (2004), o percurso da saúde escolar ao longo dos
anos em Portugal tem sofrido alterações significativas, sob a tutela de vários ministérios,
com predominância para os ministérios da educação e da saúde. A incorporação de
programas de educação em saúde em contexto escolar é cada vez mais comum nos países
europeus, uma vez que a ação preventiva tem vindo a ganhar muita importância para a
saúde pública. Assim, as escolas são os locais de maior acesso aos grupos de risco, neste
caso os jovens. É nas escolas que os profissionais de saúde conseguem encontrar soluções
simples e acessíveis, sem necessidade de grandes investimentos e recursos adicionais,
22
para estar mais perto destes jovens. No contexto escolar é possível ter uma abordagem
pouco dispendiosa, mais realista e viável.
As estratégias do PNSE estão relacionadas com a melhoria da saúde das crianças e dos
jovens e da restante comunidade educativa, com propostas de atividades assentes em dois
pressupostos: a vigilância e proteção da saúde e a aquisição de conhecimentos,
capacidades e competências em promoção da saúde. No desenvolvimento destas
atividades, as equipas de SE assumem um papel chave na gestão dos determinantes da
23
saúde da comunidade educativa, contribuindo para a obtenção de ganhos em saúde, a
médio e longo prazo, da população portuguesa.
No âmbito do PNSE, todos os fatores que influenciam a saúde, a nível individual e coletivo,
relacionam-se e articulam-se nos seguintes eixos:
Eixo 1. Capacitação;
Eixo 2. Ambiente escolar e saúde;
Eixo 3. Condições de saúde;
Eixo 4. Qualidade e Inovação;
Eixo 5. Formação e investigação em Saúde Escolar;
Eixo 6. Parcerias.
24
competências individuais e capacidades para a ação; parcerias; participação ativa da SE”
(DGS, 2015, p. 21).
25
Os enfermeiros enquanto profissionais de saúde possuem conhecimentos e competências
para intervir a nível da Saúde Escolar, otimizando capacidades de comunicação e
cooperação, tendo um papel determinante na operacionalização do PNSE. Os padrões de
qualidade dos cuidados de enfermagem, definidos pela Ordem dos Enfermeiros em 2001,
orientam para a importância da intervenção do enfermeiro enquanto agente de educação
para a saúde, ao referir que, na procura constante pela excelência no exercício
profissional, o enfermeiro ajuda os utentes a obterem o máximo potencial de saúde,
através da identificação da situação de saúde da população e dos recursos da pessoa,
família e comunidade (DGS, Programa Nacional de Saúde Escolar 2015 - PNSE, 2015).
26
Neste sentido, é da responsabilidade do enfermeiro responsável pela SE, a realização de
ações de Educação para a Saúde (EpS) que promovam o desenvolvimento de
competências das crianças e adolescentes, de forma a trabalhar e preparar a tomada de
decisão no âmbito da saúde. Relativamente a EpS, em idade escolar, destaca-se a
importância de dar a conhecer hábitos de vida, atitudes e condutas relacionadas com a
saúde, assim como fatores que influenciam a mesma (Hockenberry & Wilson, 2014).
Assim, para ser efetivo, um programa de EpS deve centrar-se em conceitos de saúde que
vão ao encontro às necessidades específicas de uma determinada população e deve
promover o envolvimento dos encarregados de educação, de forma a garantir que os
ensinos veiculados sejam reforçados em casa (Hockenberry & Wilson, 2014).
Na EpS, a relação que o profissional estabelece com o grupo é primordial, para garantir a
sua motivação. A capacidade de comunicar é fundamental para o estabelecimento dessa
relação, que deve ser empática, baseada no respeito pela individualidade, na privacidade,
na confidencialidade e na autonomia dos adolescentes. Além da motivação, o
envolvimento é um fator importante para a adoção de comportamentos saudáveis que
melhorem o estado de saúde, uma vez que havendo uma partilha ativa entre os
participantes há uma maior adesão (Antunes, 2008). Com o propósito de desenvolver
uma intervenção assertiva na promoção do desenvolvimento da criança e do adolescente,
o enfermeiro deve associar ao seu conhecimento o perfil de desenvolvimento do
indivíduo, uma vez que precisa de melhorar o nível de saúde, através de estratégias de EpS
mais eficazes (Ordem dos Enfermeiros, 2010).
Segundo Castiel e Vasconcellos-Silva citado in (Júnior & al, 2013, p. 73 ), o estilo de vida
pode ser entendido como um “conjunto integrado de práticas individuais orientadas para
necessidades utilitárias do agir e do ser, aparentemente automáticas, relativas à
alimentação, vestuário, formas de morar e modos de deslocar-se em espaços e ambiente
diversos”. O conceito de estilo de vida abrange todos os domínios de ação e pensamento
humano (educação, recreio/lazer, nutrição, paz, justiça, trabalho, família, habitação,
higiene, segurança, alimentação, recursos económicos/ambientais, tabagismo, alcoolismo,
comportamentos de risco em relação às drogas ilícitas e às infeções sexualmente
transmissíveis) como o modo típico de viver que carateriza um indivíduo ou grupo (Brito,
Gordia, & Quadros, 2014).
Vários autores, incluindo Nahas, destacam que os maiores riscos à saúde e ao bem estar
das populações dependem do comportamento individual às informações disponíveis, das
28 barreiras sociais e particularidades de cada grupo social (Júnior & al, 2013).
F – Família e Amigos;
A – Atividade física / Associativismo;
N – Nutrição;
T – Tabaco;
Á – Álcool e outras drogas ;
S – Sono / Stress ;
T – Tipo de personalidade / Escola;
I – Introspeção;
C – Comportamentos de Saúde;
O – Outros comportamentos.
Família e Amigos
A família e os amigos fazem parte do suporte social informal do indivíduo. O apoio social
tem sido visto como fundamental no processo de controlo de doenças, existindo dois tipos
ou fontes: a informal e a formal . A informal inclui familiares, amigos, vizinhos, grupos sociais
(e.g., clubes, igreja), entre outros, que são passíveis de fornecer apoio nas atividades diárias
em resposta a determinados acontecimentos. As redes de suporte social formais dizem
respeito a hospitais, serviços de saúde, profissionais de saúde, entre outros que se encontram
30
organizadas para conceder uma assistência ou ajuda aos indivíduos que delas necessitam
(Pais-Ribeiro, 2011).
Um estilo de vida sedentário tem vindo a enraizar-se nas sociedades desenvolvidas, com
efeito negativo ao nível da saúde, refletindo-se na taxa de mortalidade e de morbilidade
cardiovascular, bem como no risco acrescido de obesidade (Leite de Pinho, 2017).
Os benefícios da atividade física na saúde estão para além dos físicos, pois compreende-se
que outros domínios acabam por ser beneficiados, nomeadamente o afetivo, o social e o
cognitivo (Bailey, 2006), reforçando-se, aqui, a importância do associativismo enquanto
fator que promove maior interação, envolvimento e participação. O CDC sugere que o
exercício físico associado a uma alimentação saudável potencia a esperança de vida, a QdV
e reduz o risco de variadas doenças crónicas, com especial impacto ao nível económico, na
medida em que reduz os custos para a saúde17.
Nutrição
17
Center for Desease Control. Disponível em: https://www.cdc.gov/. Consultado em 01.12.2021.
31
Comer uma dieta saudável e equilibrada acompanhada de exercício físico regular é
essencial para manter a saúde física e mental e o bem-estar. Não só são eficazes na
prevenção do ganho excessivo de peso ou na manutenção da perda de peso, como estilos
de vida mais saudáveis estão também associados à melhoria do sono e do humor. A
atividade física melhora particularmente a função e os resultados relacionados com o
sistema nervoso. A obesidade infantil é um problema de saúde pública a nível mundial
preocupante, sendo um dos mais sérios desafios do século XXI.
A Direção Geral de Saúde refere que mais de 50% da população mundial será obesa em
2025, se a intervenção não for feita, já que ela é considerada uma epidemia do século XXI,
devido a estilos de vida sedentários18.
18
“Mais de 50% da população mundial será obesa em 2025”. Disponível em:
https://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/mais-de-50-da-populacao-mundial-sera-obesa-em-
2025. Consultado em: 08.12.2021
32
A obesidade é evitável e é o resultado de uma integração complexa e multifatorial de
fatores ambientais e sociais que influenciam os nossos padrões alimentares e de atividade
física. A falta de políticas de apoio levou à criação de um ambiente obesogénico que
simplesmente não permite que o público faça escolhas saudáveis facilmente.
Perante esta realidade, é importante recorrer a estratégias de prevenção que provoquem
mudanças nos hábitos alimentares, sendo os programas de Educação Alimentar (EA) uma
dessas estratégias. As intervenções neste âmbito devem integrar diferentes saberes e
incentivar decisões de consumo alimentar saudável e práticas de atividade física regular
desde idades precoces.
Tabaco
O consumo de tabaco é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte
prematura nos países mais desenvolvidos, contribuindo para seis das oito primeiras causas
de morte a nível mundial19.
A nicotina é o principal constituinte do tabaco, sendo responsável pela dependência criada
nos consumidores, assumida como uma substância psicoativa que cria dependência física
e psicológica. Para além do seu impacto na mortalidade, fumar contribui para a
incapacidade e retira anos de vida saudável20.
Álcool e Drogas
O consumo de bebidas alcoólicas, é uma componente da região do Mediterrâneo,
consumido tradicionalmente, em quantidade moderada e integrada no momento da
refeição. A ingestão moderada de vinho tinto parece encontrar-se associada, em certas
situações, à redução do risco de doenças cardiovasculares, particularmente devido a seu
teor em compostos bioativos, responsáveis por uma ação antioxidante no organismo
humano (Anderson & Baumberg, 2006).
19
Tobbaco. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/tobacco. Consultado em:
20.12.2021.
20
Idem.
33
Todavia, a par dos benefícios de consumo moderado de vinho tinto em certos grupos da
população, o consumo de álcool possui efeitos nefastos para a saúde, quando ingerido em
quantidades excessivas (Pinho, Rodrigues, Franchini, & Graça, 2016).
Neste sentido, o consumo excessivo de álcool é identificado como fator responsável por
diversas doenças de foro neuropsiquiátrico (e.g., perturbações depressivas, perturbações
da ansiedade e esquizofrenia), gastrointestinal (e.g., cirrose hepática e pancreatite),
cardiovascular (e.g., hipertensão, doença isquémica do coração), bem como diversas
doenças oncológicas21.
A prevenção destes consumos, em meio escolar, é mais efetiva, quanto maior for a
abordagem global, devendo envolver toda a comunidade educativa, e deve promover
relações positivas e um clima de escola favorável. Os fatores de risco e de proteção, de
natureza biológica, psicológica e social, internos ou externos aos indivíduos, atravessam os
vários domínios da vida e aumentam ou reduzem o potencial de consumo de substâncias
psicoativas e de comportamentos aditivos. Por isso, é fundamental priorizar intervenções
com caráter de continuidade, pedagogicamente adequadas ao nível de ensino e baseadas
na evidência científica
21
Alcohol use and your Health. CDC. Disponível em: https://www.cdc.gov/alcohol/fact-sheets/alcohol-
use.htm. Consultado em 20.12.2021.
34
Sono e Stress
O sono é tido como um processo dinâmico e reversível, traduzido num estado
comportamental de desligamento percetual e de não responsividade para com o
ambiente. Ele integra uma complexa amálgama de processos fisiológicos e
comportamentais (Carskadon & Dement, 2011).
O sono faz parte do ritmo biológico e cobre cerca de um terço da vida dos seres humanos,
sendo responsável pela restauração do corpo e da mente, pelo que é importante (ao nível
da quantidade e qualidade) para que as diversas atividades diárias possam ser realizadas
(Hill, Hogan, & Karmiloff-Smith, 2007).
Todos os indivíduos possuem uma duração de sono pessoal, estando esta associada a
fatores genéticos e podendo variar entre um mínimo de três a um máximo de dezasseis
horas. Sabe-se que um indivíduo dormiu o suficiente se acordar descansado e não tiver
vontade de dormir durante o dia, permanecendo em alerta (Júnior & al, 2013).
Assim, embora seja adequado dormir, para a maioria das pessoas, entre 7 a 8 horas por
noite, é comum encontrar necessidades que variam entre 4 a 10 horas (Ambrósio & Geib,
2008). Por outro lado, há indivíduos que necessitam de dormir entre 4 a 5 horas para se
manterem produtivos e ativos, designados de short-sleepers, enquanto outros necessitam
de dormir pelo menos 9 horas para fazerem a sua vida normal, designados de long-
sleepers (Rente & Pimentel, 2004).
35
Os fatores ambientais, como a temperatura, o ruído e a luz são igualmente tidos como
influenciadores do sono (Okamoto-Mizuno & Mizuno, 2012).
O trabalho é visto como um fator protetor para a saúde, todavia, poderá ser um fator de
risco, nomeadamente quando se encontra associado a condições precárias (Haisch &
Meyers, 2004). Neste sentido, se há indivíduos que pensam em deixar o seu trabalho,
outros permanecem no mesmo, sendo que a sua produtividade pode ficar aquém do real
potencial que têm para dar, ocasionando problemas ao nível da qualidade do trabalho que
desenvolvem (Cumbe, 2010).
36
Várias são as experiências vivenciadas na escola que têm repercussões na saúde de
crianças, jovens e adultos envolvidos, e que necessitam da compreensão e intervenção de
outras áreas de saber. A saúde mental, à luz da evidência científica atual, surge como área
prioritária de intervenção em meio escolar e traduzir-se-á em mais qualidade quanto
maior for a interação entre a criança ou jovem, a família, a escola e o meio sociocultural
em que se encontram inseridas/os. Em Portugal, o PNSE, considera prioritária, a promoção
da saúde mental, através do desenvolvimento de competências pessoais e sociais,
aumento da resiliência, promoção da autoestima e autonomia, com vista à prevenção de
comportamentos de risco. “A efetividade das intervenções de promoção da saúde mental
na escola revela-se na melhoria da ligação entre esta, a família e a comunidade, na
redução do abandono, do insucesso e dos comportamentos violentos em meio escolar,
com repercussões nos resultados académicos e nos ganhos em saúde da comunidade
educativa.” (DGS, 2016, pg. 13)
Introspeção
A introspeção é um outro aspeto associado à saúde e aos estilos de vida, na medida em
que se refere ao ato, através do qual, o indivíduo observa os conteúdos dos seus próprios
estados mentais, estando por isso associado à sua saúde física e mental e não deve ser
considerado um conceito meramente fisiológico, mas sim associado à consciência imediata
(Dishman, Heath, & Washburn, 2004).
Comportamento Saúde
37
Os comportamentos saúde , são um outro aspeto da saúde e dos estilos de vida, uma vez
que a estes se encontram associados determinados comportamentos de risco que podem
perigar a saúde (Silva, 2008).
Por comportamentos aditivos sem substância (jogo, internet e outros) entende-se toda a
conduta repetitiva que produz prazer e alívio tensional, sobretudo nas suas primeiras
etapas, e que leva a uma perda de controlo da mesma, perturbando severamente a vida
quotidiana, a nível familiar, laboral ou social, que pode acentuar-se no tempo e conduzir a
uma dependência.” (Pereira, Cunha, 2017). A boa utilização das Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) em contexto escolar pode ser uma oportunidade para inovar e
capacitar a comunidade educativa, mas o inverso torna-os mais expostos a adições,
provocações (cyber-bullying), intimidações e assédio e eventuais consequências,
imprevisíveis, de um ‘marco digital’ que pode ser explorado indevidamente.
A promoção da saúde é, assim, tarefa dos agentes nos diversos contextos de relação e de
crescimento que o indivíduo «habita», de que se podem destacar a Família e a Escola, mas
que implica necessariamente toda a comunidade onde se destaca a SE.
38
Estima-se que, no mundo, todos os anos existam mais de 750 000 mortes e mais de 20
milhões de feridos devido a acidentes rodoviários, sendo que 10 milhões padecem de
incapacidades permanentes. Reconhece-se uma importância crescente conferida às
medidas de prevenção de acidentes, bem como de promoção da educação para a saúde,
na modificação de comportamentos que possam reforçar a segurança e a prevenção de
acidentes. Estas medidas estão igualmente alinhadas com as competências específicas do
Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária (EEEC) e dos seus diversos níveis de
ação na promoção da saúde ao indivíduo, grupos e comunidade.
5. MAIEC
6. Metodologia
6.1. Planeamento em saúde
6.2. Diagnóstico de situação
6.3. Pertinência do estudo
6.4. Finalidade do estudo
6.5. Seleção do público-alvo
6.6. Instrumentos de recolha de dado
6.6.1. Descrição da recolha de dados
6.6.2. Variáveis
6.6.3. Análise dos resultados
7. Conclusão
22
Prevenção Rodoviária. Disponível em: https://www.psp.pt/Pages/atividades/TransitoPrev.aspx.Consultado
em 21.12.2021
39
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Anexos
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