Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Disciplina: 5
Políticas de Saúde
============================================================
============================================================
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
METODOLOGIA
Estratégias de ensino:
- Apresentação de estímulos
- Comunicação verbal
- Promoção de feedback
Recursos técnico-pedagógicos:
- Exposição dialogada
7
- Estudos em grupos
- Discussão de leituras
- Associação entre teoria e prática
- Seminários
AVALIAÇÃO
- Avaliação contínua, considerando aspectos como: freqüência, pontualidade, participação
efetiva nas aulas, organização na elaboração das atividades individuais e em grupo, integração
nas atividades em grupo.
- Avaliação Formal.
- Seminários
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................. ...................................................10
1.HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL COLÔNIA A
CONSTITUIÇÃO 1988..........................................................................................................11
1.1.As Políticas de Saúde Pública na República...................................................................13
1.2.Sistemas de saúde..............................................................................................................14
1.3.Constituição Federal de 1988 / Criação do SUS.............................................................18
8
1.4.Financiamento dos serviços de saúde..............................................................................18
2. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA CONSTRUÇÃO E
MANUTENÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL.........................................23
2.1.Instrumentos de participação: a conquista da participação social nos conselhos e
conferências de saúde...........................................................................................................25
2.2.Outros Mecanismos de Participação...............................................................................27
2.3.A Sociedade e a busca por Direitos..................................................................................27
2.4.Entraves e Desafios da Participação Social na Saúde..........................................;........28
3.MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE.............................................................................30
3.1.Conceito de modelos de atenção............................................................ ............31
3.2.A reforma sanitária brasileira e as mudanças do modelo assistencial.........................31
3.3.Modelo assistencial ou Modelo de atenção à saúde?......................................................34
4.ATENÇÃO PRIMÁCOMPLEXIDADERIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE...............................................................37
4.1.As redes de atenção à saúde como caminho para o fortalecimento do Sistema Único
de Saúde...................................................................................................................................41
5. PRIORIDADES POLÍTICAS DE SAÚDE DO GOVERNO FEDERAL, ESTADUAL
E MUNICIPAL ATUAL........................................................................................................43
5.1.Sistema Nacional de Saúde.....................................................................................................................................43
5.2.Estrutura do SUS..............................................................................................................43
5.3.Responsabilidade dos entes....................................................................................................45
5.4.Para entender o SUS..............................................................................................................47
5.5.Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde...............................................................................47
5.6.Entendendo princípios do SUS..............................................................................................48
5.7.Princípios organizativos...................................................................................................................................48
Glossário do Sus........................................................................................................................................................49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................52
APRESENTAÇÃO
No caso da lepra, os médicos eram chamados a dar seu parecer sobre o problema, de
formar uma ideia aproximada sobre o número de lázaros e de formalizar um plano de
combate. O combate à lepra se dava, na verdade, através do combate ao leproso e era
traduzido pelo isolamento, pela criação de Lazareto e pela inspeção dos navios. O combate à
lepra como doença é quase inexistente, limitando-se à aplicação de alguns remédios. A grande
medida é a exclusão do leproso da cidade para dar a ele, antes de tudo, num gesto de
"caridade", um abrigo, local intermediário entre a cidade e a sepultura. Na prática, a situação
12
desses Lazaretos - administrados, na maioria das vezes, por religiosos e auxiliados por
escravos, normalmente, criminosos com a pena a cumprir, não ofereciam condição mínima
para abrigo dos doentes, além de não contarem com a assistência de um médico.
No final do século XVIII, o enfoque é um pouco diferente. O poder colonial assume
como um dos objetivos a questão da recuperação do estado de saúde de seus habitantes. São
exemplos disso a separação dos escravos sadios dos doentes, e a distância entre o Hospital
Militar e o Leprosário. O Hospital Militar, com o objetivo primário de reintegração do
soldado à tropa, é um primeiro passo da transformação da própria instituição hospitalar.
O Leprosário aparece também transformado em entidade assistencial, presidida por
critérios médicos de localização, organização e funcionamento, em que o isolamento do
leproso incurável protege a cidade do perigo do "contágio". O negro e o leproso são então
circunscritos - como portadores de um perigo a ser evitado. Os armazéns de desembarque de
escravos são transferidos para locais afastados, objetivando separar os escravos sadios dos
doentes, e mesmo evitando contato imediato dos recém-chegados com a população.
Paralelamente a isso, ocorreram medidas de transformação urbana, como a abertura e o
calçamento de ruas, a construção de estradas, pontes e fontes, a secagem de pântanos e a
drenagem de águas estagnadas.
De 1500 a 1801, os poucos médicos de nível superior que chegaram ao Brasil, onde
saber ler já era execeção, eram demandados para afazeres afastados do atendimento de
doentes. Assim a maioria dos profissionais de saúde não tinha esta qualificação, ou melhor,
não tinha qualificação nenhuma. Assim, foram criados cursos apenas para formar cirurgiões,
ou seja, profissionais que não gozariam de nível superior. Para formá-los eram necessários
cirurgiões capacitados ou, se disponíveis, médicos. Isso não foi tão fácil, tanto que os cursos
de cirurgia do Rio e de São Paulo, não vingaram.
As políticas públicas de saúde no Brasil têm sofrido modificações ao longo dos anos, e
tais mudanças historicamente têm sido pelo menos aparentemente para adequarem-se aos
contextos políticos, econômicos e sociais. Somente com a chegada da família real, em 1808, é
que algumas normas sanitárias foram impostas para os portos, numa tentativa de impedir a
entrada de doenças contagiosas que pudessem colocar em risco a integridade da saúde da
realeza. Em 1822, com a Independência do Brasil, algumas políticas débeis de saúde foram
implantadas, tais políticas eram referentes ao controle dos portos e atribuía às províncias
quaisquer decisões sobre tais questões.
Até o século XIX, o número de médicos diplomados é mínimo, já que a proibição do
ensino superior era um ponto básico da política de Portugal com relação ao Brasil colonial.
13
Surge no Brasil a Polícia Médica, ideia formulada na Alemanha e muito difundida na
Europa nos séculos XVIII e XIX, definida como o conjunto de teorias, políticas e práticas que
se aplica à saúde e ao bem-estar da mãe e da criança, à prevenção de acidentes, ao controle e
prevenção de epidemias, à organização de estatísticas, ao esclarecimento do povo em termos
de saúde, à garantia de cuidados médicos, à organização da profissão médica e ao combate ao
charlatanismo. Porém, não conseguiu se estabelecer na sociedade, já que não contava com um
poder organizado, por fim, veio a fracassar. Pode-se destacar também, o trabalho da comissão
de moléstias reinantes, da comissão de vacina e da comissão de consultas gratuitas. A
Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro é a principal responsável pela elaboração
de toda a legislação sanitária da época.
A partir de 1849, com os primeiros casos de febre amarela no Rio de Janeiro, ficou
demonstrada a precariedade da organização sanitária municipal. Em 1850, foi criada a junta
de Higiene Pública, visando unificar os serviços sanitários do Império. Em 1885, era ainda
enfatizada a mesma situação sanitária precária do Rio de Janeiro. Consolidou-se, então, a
reforma dos Serviços Sanitários do Império, que foram divididos em Serviço Sanitário
Terrestre e Serviço Sanitário Marítimo. Esta foi mais uma organização de serviços que se
caracterizou por sua enorme ineficiência, já que correspondia a uma sociedade escravista
pouco preocupada com os problemas sanitários da força de trabalho.
1.1.As Políticas de Saúde Pública na República
O desenvolvimento da Saúde Pública no Brasil, a partir do final do século XIX,
significou, sem dúvida, uma profunda mudança nas práticas dominantes até então. A
organização sanitária foi viabilizada também devido à ameaça de doenças como a varíola, a
peste e a febre amarela, nas áreas urbanas, buscando criar condições básicas de existência das
cidades portuárias.
Em 1878 foi feita uma consulta pela Câmara aos médicos que gerou um documento,
no mesmo foram analisados aspectos como: doenças endêmicas e epidêmicas, clima,
urbanização, alimentação, citando também a ―imoralidade‖ como causa de doença. Com
relação a essa última causa soluções para evitar a vadiagem são propostas como, por exemplo,
enviar para o campo famílias que não têm condições econômicas de viver na cidade porque
comem, moram, dormem, enfim vivem pessimamente.
À medida que o processo imigratório se intensificou no estado de São Paulo, entre
1885-1889 surgiram as epidemias de febre amarela nas cidades do interior. Além disso, os
imigrantes traziam para esse Estado doenças relativamente raras na área, como a cólera, a
escarlatina e o tifo.
14
Somente com a Proclamação da República, em 1889, é que as práticas de saúde em
nível nacional tiveram início. Oswaldo Cruz e Carlos Chagas que estiveram à frente da
Diretoria Geral de Saúde pública (DGSP), implementaram um modelo sanitarista visando
erradicar epidemias urbanas e a criação de um novo Código de Saúde Pública, tornando-se
responsável pelos serviços sanitários e de profilaxia no país, respectivamente.
Em 1889, irrompe a epidemia de peste no Rio de Janeiro. A situação de crise sanitária,
assinalada pela presença da epidemia, acelerou a criação de instituições médicas dedicadas ao
combate da peste, da febre amarela e da varíola. Foi também essa a motivação imediata para a
organização do Instituto Soroterápico Municipal, em 1900, localizado na Fazenda
Manguinhos.
Algumas doenças foram consideradas de notificação compulsória, e a vacinação
obrigatória contra a varíola instituída para crianças até 6 meses de idade. Em 1890, foi
constituído o Conselho de Saúde Pública. Explicitaria, então, a preocupação com o espaço
urbano do Rio de Janeiro, sendo que uma inspetoria geral de Higiene ocupar-se-ia da inspeção
das habitações populares, do Serviço de Vacinação, da alimentação pública e do consumo e
fabrico de bebidas nacionais. É ainda dessa época as primeiras leis, ainda que tímidas, sobre
as condições de trabalho industrial.
Durante o surgimento da peste em Santos, em 1889, se organizaria um laboratório sob
direção de Vital Brasil, para fabricação de soros e vacinas contra a doença. Em 1892, foi
criado o Laboratório de Bacteriologia; em 1893, a inspetoria Geral de Saúde dos Portos e, em
1894, o Instituto Sanitário Federal com funções semelhantes ao Laboratório de Bacteriologia,
ou seja, de estudar a natureza, etiologia, tratamento e profilaxia das moléstias transmissíveis.
Em 1897, são unificados os serviços de saúde do Estado na Diretoria Geral de Saúde Pública.
O trabalho pioneiro de Emílio Ribas, a partir de 1897, traduziu os esforços em Saúde
Pública no estado de São Paulo. A ação de Emílio Ribas se estenderia até 1918, com larga
aplicação de medidas sanitárias e combate intensivo contra epidemias (em especial a febre
amarela) e doenças endêmicas.
Até 1900, a regularidade com que a febre amarela atacava o Rio de Janeiro, a grande
susceptibilidade dos estrangeiros à doença e o fracasso da Medicina em resolver o problema
deram ao Brasil a reputação de uma das áreas mais insalubres dos trópicos.
A partir de Oswaldo Cruz, que surgiu durante o Governo Rodrigues Alves (1902-
1906), os moradores de habitações insalubres eram obrigados a obedecer a medidas
preconizadas pelas autoridades. Antes das campanhas sanitárias de Oswaldo Cruz já se
impunha uma reforma urbana cujo alvo era a população pobre do centro da cidade. Essa
15
reforma urbana preparou (minou) o terreno por onde as campanhas sanitárias de Oswaldo
Cruz iriam se desenvolver.
Oswaldo Cruz assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública em 1903, com o objetivo
primeiro de eliminar a febre amarela do Rio de Janeiro. Para destruir os mosquitos, a Polícia
Sanitária instituída por Oswaldo Cruz teve que intervir nos domicílios, mesmo sem o
consentimento dos moradores. Mais do que fazer o papel de mandar retirar entulhos limpar os
depósitos de água e remover tudo o que pudesse servir de reservatório para o mosquito, ela
interferiu no espaço urbano com a demolição de várias habitações coletivas e casas de
cômodos. Isso tudo deflagrou grande resistência por parte de camadas populares urbanas e da
classe dominante. Aquelas por se verem, de uma hora para outra, expulsas de suas moradias e
mesmo pela violação de seu domicílio. Apesar das resistências, a campanha da febre amarela
se realizou no período de maio a dezembro de 1903, quando foi iniciada a campanha contra a
peste.
Todo esse descontentamento gerado nas campanhas contra a febre amarela e contra a
peste foi sendo guardado para ter seu desaguadouro na insurreição contra a campanha
sanitária da varíola, também executada por Oswaldo Cruz. Pois, embora não interviesse no
espaço urbano, intervinha no corpo das pessoas pela aplicação de uma vacina que a muitos
causaria temor até mesmo em autoridades médicas e civis.
Em 31 de outubro de 1904, foi aprovada a lei que instituía a vacinação obrigatória. O
que trouxe reação violenta por alguns parlamentares, militares, parte da imprensa e de setores
da sociedade civil (o grupo dos positivistas e camadas populares). O que se seguiu foi um
movimento de proporções jamais vistas na história da Saúde Pública Brasileira, por ter
envolvido sangue e violência.
Sufocada pela insurreição, a lei da vacina obrigatória deixou de ser posta em vigor,
tendo declinado significativamente o número de pessoas vacinadas nos períodos
subsequentes. A doença, no entanto, sofreu uma queda natural em sua incidência nos 3 anos
seguintes voltando a ter uma manifestação epidêmica em 1908, quando morreram mais de
9.000 pessoas com varíola no Rio de Janeiro. Oswado Cruz permaneceria à frente da Diretoria
Geral de Saúde Pública até 1908. Sua prática, orientada pelo modelo de Polícia Médica
elaborado em fins do século XIX, teve alto reconhecimento no meio estatal, por realmente
diminuir os índices de mortalidade de algumas doenças e por atender aos interesses das
classes dominantes. A partir de 1908, o Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos e
denominado Instituto Oswaldo Cruz, passou a assumir as decisões no campo da produção de
medicamentos para a Saúde Publica.
16
Apesar do pouco caso do Estado para com os problemas reais de saúde da população,
o agravamento desses problemas nos anos compreendidos entre 1910 - 1920 viriam a criar um
clima próprio para o surgimento de revoltas populares, principalmente no final desse período,
e para uma modificação da postura do Estado diante da situação, através da emergência de um
projeto de Organização Sanitária Nacional no início da década de 20.
O agravamento da situação de saúde da população deu-se principalmente em função
da crise econômica dos anos 10, com acentuamento da recessão por causa de início da
Primeira Guerra Mundial em 1914. As consequências se abateram sobre as classes populares,
que sofreram os efeitos do desemprego, da redução de salários, das más condições de trabalho
nas fábricas e da escassez de gêneros alimentícios no mercado interno. A ocorrência, em fins
de 1918, de uma extensa crise médico-sanitária, provocada por uma epidemia de gripe, "a
gripe espanhola", viria a demonstrar na prática, que as condições de vida das populações
urbanas tinham atingido níveis baixíssimos, pela alta mortalidade que a gripe ocasionou na
cidade do Rio de Janeiro e em praticamente todos os centros urbanos de importância
econômica no País. Todo esse movimento teria como consequência criação, em maio de 1918,
ainda no Governo de Wenceslau Brás, do Serviço de Profilaxia Rural, com o propósito de
controlar o que eram considerados as três grandes endemias das regiões agrárias do país: a
ancilostomose, a malária e a doença de Chagas. Esse contexto levaria o Estado a rever sua
posição diante da questão social. Assim, surge a primeira Lei de Acidentes de Trabalho, em
1919, e o Departamento Nacional de Saúde em 1920.
Em 1920 foi criado o Departamento Nacional de Saúde, cuja atuação se pautará por
campanhas sanitárias orientadas para problemas de saúde que ameacem concretamente as
relações de produção. Como por exemplo, campanhas contra a malária, especialmente em
momentos de expansão de fronteiras como na construção de estradas de ferro. Bem como, a
preocupação com a Amazônia, explicitada no trabalho de estabelecimento de bases da
profilaxia dessa área realizado também por Oswaldo Cruz, no período de 1912 - 1913.
Congresso Nacional. Dentro desse contexto ocorria, em 1986, a VIII Conferência Nacional de
Saúde (CNS) que tinha como presidente Sérgio Arouca e que, pela primeira vez, foi
verdadeiramente popular refletindo o momento pelo qual o país passava. O grande marco da
VIII Conferência Nacional de Saúde foi a criação do Sistema Único Descentralizado de Saúde
(SUDS), que posteriormente tornou-se Sistema Único de Saúde (SUS) além de ter
consolidado as ideias da Reforma Sanitária.
1.3.Constituição Federal de 1988 / Criação do SUS
18
A saúde ganhou espaço a partir de então com a Constituição Federal de 1988 (CF\88)
que criou o SUS rompendo, dessa forma, com o antigo modelo de saúde que era dominado
pelo sistema previdenciário. A saúde passou a ser direito de todos e dever do Estado. Os
princípios e diretrizes estabelecidos foram: descentralização, integralidade, participação da
comunidade, regionalização e hierarquização.
O SUS foi regulamentado em 1990, com a Lei Orgânica de Saúde (LOS), a Lei Nº
8.080 e a Lei Nº 8.142 onde se deu destaque para a construção de um modelo de atenção
fundamentado na epidemiologia, controle social, descentralização e regionalização com base
municipal. A primeira LOS regulamenta o SUS em todo o país definindo seus princípios e
diretrizes, que contemplam a universalidade, a integralidade da assistência, equidade,
descentralização e a participação da comunidade. Estabelece condições para o norteamento do
gerenciamento e sobre as condições para a promoção, proteção, recuperação da saúde,
organização e funcionamento dos serviços de saúde. A segunda regulamenta a participação da
sociedade na formulação das políticas de saúde, dispõe sobre as transferências
intergovernamentais de recursos através do Fundo Nacional de Saúde, que faria o repasse de
forma regular e automática para cada esfera.
1.4.Financiamento dos serviços de saúde
As Normas Operacionais Básicas (NOB’s) foram instituídas para nortear a
operacionalização do sistema, sendo a mais importante a NOB\SUS 01-96, pois a partir dela o
município tornou-se o principal responsável por atender às necessidades do cidadão com
requisitos de Gestão Plena da Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal, onde o
Município passou a ser responsável, dentre outras, pela elaboração da programação municipal
dos serviços básicos de saúde bem como pelos serviços de referência ambulatorial
especializada e hospitalar; executar ações básicas de vigilância sanitária e epidemiológica, de
média e alta complexidade; manter os sistemas de cadastros atualizados e avaliar o impacto
das ações do sistema sobre as condições de saúde da população e do meio ambiente.
VAMOS TREINAR?
1. (EBSERH/IDECAN/UPE) Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde
não era considerada um direito social. O SUS foi institucionalizado no Brasil com a:
A) Lei nº 8.080/90.
B) Lei nº 8.142/90.
C) Declaração de Alma-Ata.
D) Constituição Federal de 67.
21
E) Constituição Federal de 88.
2. (EBSERH/IADES/MCO/2014) Antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde atuava na
área de assistência à saúde por meio de alguns poucos hospitais especializados, além da ação
da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP), em regiões específicas do
País. Nesse período, a assistência à saúde mantinha uma vinculação muito próxima com
determinadas atividades e o caráter contributivo do sistema existente gerava uma divisão da
população brasileira em dois grandes grupos (além da pequena parcela da população que
podia pagar os serviços de saúde por sua própria conta). Considerando as informações
apresentadas, é correto afirmar que esses grupos são os (as) pequena parcela da população que
podia pagar os serviços de saúde por sua própria conta). Considerando as informações
apresentadas, é correto afirmar que esses grupos são os (as):
(A) profissionais de saúde e a população leiga.
(B) previdenciários e os não previdenciários.
(C) anarquistas e os socialistas.
(D) sindicalizados e os autônomos.
(E) populações propensas a endemias e as populações urbanas.
3.(Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH - 2013 – Enfermeiro) Na evolução
do sistema de saúde no Brasil, foram elaboradas legislações específicas governamentais que
―estruturaram‖ a formação do SUS, formando uma ―linha do tempo‖. Um órgão foi criado,
em 1977, e fez parte do Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SIMPAS).
Este órgão foi o grande prestador da assistência médica e funcionava à custa de compra de
serviços médicos hospitalares, do setor privado. O órgão referenciado no texto é o:
(A) SINAN.
(B) SIMPAS.
(C) INPS.
(D) INAMPS.
(E) SIN.
Certamente você já ouviu falar que o SUS tem suas raízes históricas nas lutas sociais
dos anos 70 e 80 do século XX e surge como uma conquista envolvendo movimentos
populares, trabalhadores da saúde, usuários, intelectuais, sindicalistas, militantes dos mais
diversos movimentos sociais fundamentados no paradigma da saúde pública. Acredite, esta
23
participação dos movimentos sociais comprometidos com a Saúde Pública extrapolou a
gênese do SUS e seguramente constituem uma rede de apoio e controle necessária para a
manutenção do SUS como política de Estado.
No início de 2006, a Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho Nacional de
Saúde aprovaram o Pacto pela Saúde 2006, composto por três componentes: o Pacto em
Defesa do SUS, o Pacto de Gestão e o Pacto pela Vida. Para nós, neste momento, basta
mencionar que o Pacto pela Saúde reafirmou a importância da participação e do controle
social nos processos de negociação e pactuação, sobretudo, reforçando a relevância dos
conselhos e conferencias de saúde. Desta forma, o Pacto pela Saúde 2006 trouxe novamente
para o cenário do SUS a necessidade dos diferentes atores e atrizes sociais (gestores,
prestadores de serviço, trabalhadores e usuários da saúde) reafirmarem o compromisso com os
princípios do ideário da Reforma Sanitária Brasileira: universalidade, equidade, integralidade
e participação social; retomando o esforço coletivo para a efetivação do SUS Constitucional
conquistado em 1988 (Brasil, 2006).
Entretanto, este não é um processo fácil, afinal, retomar o esforço coletivo requer a
―existência do coletivo‖. Fica a questão: O que é coletivo em relação ao SUS?
Cabe lembrar que o SUS traz em si todas as contradições e conflitos da sociedade
capitalista; sua defesa ou ataque representam ideários distintos presentes na sociedade
brasileira. A sociedade nos induziu a não pensar de forma coletiva. Fomos educados para a
competição, raramente para a solidariedade (não confunda com caridade: ajudar os podres é
diferente de interferir para minimizar a pobreza).
Políticas sociais abriram espaço para incontáveis experiências de participação popular
em arenas públicas de decisão de políticas; devido à criação da Constituição Federal de 1988,
que vinha para responder a mobilização da sociedade civil da época. O Sistema Único de
Saúde (SUS) nascia no Brasil para atender a necessidade de um modelo de saúde, que
considerasse as demandas da população diante daquele momento histórico de grandes
mudanças sociais e culturais. Embasado nos princípios da universalidade, integralidade,
conferências são de caráter consultivo. A criação dos conselhos e das conferências nas esferas
federal, estadual e municipal da administração pública não partiu, porém, de um vazio
institucional. Na maior parte dos casos, os conselhos originaram-se da adaptação das
comissões interinstitucionais já existentes, desde a segunda metade da década de oitenta. A
realização de conferências era tradição no setor, desde o início do século. A diferença foi a
introdução da relação de periodicidade e ao envolvimento de representantes da sociedade
civil. Com isso, se pretendia que o controle social assumisse lugar estratégico na definição e
27
execução das políticas de saúde.
2.2.Outros Mecanismos de Participação
Apesar do destaque dos diversos estudos sobre o fator de participação/controle social
dar-se principalmente no que se diz respeito aos Conselhos e as Conferências de Saúde, que
são de caráter obrigatório, existem, porém, outros dispositivos de participação, entre eles: o
Disque Saúde as caixas de queixas e sugestões, as ouvidorias de saúde e ainda os mecanismos
internos de agências reguladoras.
Em 2003, o Departamento de Ouvidoria Geral do SUS, criado por meio do Decreto nº
4.726, compôs a estrutura do Ministério da Saúde como parte integrante da Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa, abrindo um instrumento de articulação entre o cidadão que
exerce seu papel no controle social e a gestão pública de saúde, com o objetivo de melhorar a
qualidade dos serviços prestados pelo SUS. Entre suas atribuições estão de receber as
solicitações, reclamações, denúncias, elogios e sugestões encaminhadas pelos cidadãos e levá-
las ao conhecimento dos órgãos competentes. Serviu ainda como meio unificador dos vários
serviços já anteriormente oferecidos aos cidadãos, com a criação do número 0800 61 1997, no
Disque Saúde.
O Disque Saúde é a linha telefônica para prestar informações e receber denúncias
relativas à saúde. Já as ouvidorias de saúde têm a finalidade de receber reclamações de
qualquer cidadão, denúncias de quaisquer violações de direitos individuais ou coletivos
relativos à saúde, bem como qualquer ato de improbidade administrativa, praticados por
servidores públicos, apurar a veracidade dos fatos e providenciar as medidas cabíveis.
Contatada tanto pelo Disque Saúde, como por acesso ao site do Ministério da Saúde.
2.3.A Sociedade e a busca por Direitos
Do mesmo modo que se contempla a divulgação de informações sobre os mecanismos
de participação, devem-se contemplar as informações sobre os meios legais existentes para
exigir o cumprimento das leis, bem como das formas de atuação da sociedade para a obtenção
de seus direitos. Destaca-se a atuação, e pressão, da população sobre o Ministério Público, os
gratuitos de naturezas diversas que o Estado presta aos membros da comunidade. Da mesma
forma, encontra-se como definição do termo ―atenção‖ a aplicação cuidadosa da mente a
alguma coisa, concentração, reflexão, aplicação; ato ou palavras que demonstram
consideração; recomendação. Pode parecer num primeiro momento pouco significante este
jogo de palavras, mas, ao contrário, elas demonstram uma racionalidade subjacente que
permeia a luta e conquista da saúde como direito de cidadania.
Se modelo assistencial ou modelo de atenção é o modo como são organizadas, em uma
35
dada sociedade, as ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos e
assistenciais e é a forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos,
tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma
coletividade, cabe aprofundar o significado destas terminologias à luz da Constituinte.
O processo de implantação do SUS veio acompanhado de muitas reflexões sobre os
caminhos que melhor estruturassem o sistema dentro dos seus princípios finalísticos e
diretrizes estabelecidas. Uma das importantes reflexões refere-se ao direito de cidadania que
desde a VIII Conferência Nacional de Saúde está presente na agenda da Reforma Sanitária
Brasileira e que, apesar de assegurada pela Constituição de 1988, requer amplas mudanças
sociais, políticas, econômicas e culturais no país para sua efetivação.
No Brasil, a dívida política marcada pelo autoritarismo que dominou o país por duas
décadas, deixou importantes sequelas que estão refletidas na fragilidade do processo de
democratização da sociedade e de luta pela conquista de políticas sociais mais estáveis e
duradouras que atendam ao bem-estar da população. O direito de cidadania não está
incorporado ao cotidiano dos indivíduos e famílias que ainda necessitam lutar pela sua
sobrevivência mais do que por seus direitos humanos.
O direito à cidadania ainda é visto como privilégio de poucos e concessão do Estado e,
ainda, os direitos dos cidadãos aparecem como benesse, sujeitos ao controle de uma
burocracia que, por meio de normas, estabelece quem tem ou não direitos, configurando assim
o que se denomina de ―cidadania regulada‖, evidenciando a existência de fragilidades do
acesso aos direitos de cidadania que estão fortemente presentes no contexto brasileiro.
Diante dessas reflexões e das bases de criação do SUS, aos poucos o termo modelo
assistencial vem sendo substituído por modelo de atenção à saúde por se entender que a
denominação ―assistencial‖ traz, em seu bojo, a representação de cidadania considerada como
dádiva, como benevolência ou favor e não como direito de cidadania e responsabilidade do
Estado em garantir o acesso aos serviços públicos por meio de políticas sociais consistentes,
duradouras e de boa qualidade.
Infância, na qual a Atenção Primária à Saúde torna-se uma referência para a organização dos
serviços.
O Relatório de Alma Ata reafirma um conjunto de preceitos essenciais para a
reorganização dos serviços, tais como: saúde como direito humano fundamental;
responsabilidade dos governos pela saúde de sua população; adequação tecnológica, porta de
entrada do sistema, universalidade, participação da comunidade, acessibilidade; racionalidade
nos custos e continuidade no processo de assistência; e construção dos sistemas a partir dos
38
principais problemas de saúde, educação em saúde, serviços de promoção, prevenção, cura e
reabilitação, intersetorialidade e articulação com serviços de referência.
No Brasil, o referencial proposto em Alma Ata da Atenção Primária à Saúde não só
inspirou e fortaleceu as primeiras experiências empíricas de implantação dos serviços
municipais de saúde como trouxe aportes conceituais e práticos para a organização dos
serviços. Na década de 1980, vários fatores que contribuíram para a descentralização do
sistema na perspectiva da APS. Entretanto, naquele período vivia-se a discussão sobre o como
descentralizar os serviços de atenção médica do então Instituto Nacional de Assistência
Médica Previdenciária e Social (Inamps) por meio das Ações Integradas de Saúde (AIS). Por
um lado, havia experiências de organização dos serviços de atenção primária, centrados no
papel dos médicos generalistas, no trabalho em equipe, nas patologias delegadas aos
enfermeiros e auxiliares e nas ações de prevenção das doenças. Por outro lado, havia o debate
sobre a incorporação das especialidades médicas básicas nas Unidades de Saúde - da
Pediatria, da Ginecologia e Obstetrícia e da Clínica Geral como forma de ampliar o acesso,
tornar os serviços mais efetivos e aumentar a cobertura destas especialidades nos grupos mais
vulneráveis da população, principalmente crianças e mulheres na fase reprodutiva. Ao final, o
que predominou na organização dos serviços foi um mix de ambos os modelos, mas com
perda significativa para o processo de valorização do médico generalista, do papel do
enfermeiro e do trabalho em equipe em relação às atividades clínico-assistenciais no âmbito
dos serviços municipais de saúde.
As reformas decorrentes da reorganização da política nacional de saúde a partir das
Ações Integradas de Saúde não tiveram um impacto suficiente para melhorar a qualidade dos
serviços oferecidos à população. Elas transformaram a função e o papel das secretarias
estaduais, das regionais de saúde e dos municípios, mas, do ponto de vista do modelo de
atenção, estas reformas não quebraram a hegemonia do projeto privado nem a predominância
do enfoque curativo e medicalizante.
crônicos de saúde; 2) padrões de consumo e hábitos de vida não saudáveis cujo desfecho são
estilos de vida que também aumentam as condições crônicas; 3) a acumulação epidemiológica
caracterizada pela superposição de novas doenças infecciosas e o ressurgimento de doenças
que se acreditavam superadas e, 4) crescimento acelerado da violência e causas externas31.
Ainda, este complexo contexto de saúde tem sido definido, mais recentemente, como
situação das condições de saúde caracterizada pela tripla carga de doenças que envolve, ao
mesmo tempo, uma agenda ainda não concluída de problemas de saúde ainda não superados
42
(doenças infecciosas, desnutrição e problemas de saúde materno-infantil), os desafios das
doenças crônicas e de seus fatores de risco (tabagismo, alimentação inadequada,
sedentarismo, outros) e o forte crescimento da violência e das causas externas (homicídios,
acidentes de trânsito).
Os sistemas de saúde, como é o caso do SUS, não estão organizados para dar respostas
sociais a este novo quadro sanitário que caracteriza o mundo contemporâneo. A
desarticulação entre os diferentes serviços, níveis de complexidade e recursos de apoio social
tem sido fator de evidência da fragmentação do cuidado e da baixa resposta aos problemas de
saúde da população e do alto custo do sistema.
O funcionamento das Redes de Atenção pressupõe uma articulação entre todos os
pontos de atenção à saúde onde a Atenção Primária à Saúde ocupa papel importante na
coordenação e continuidade do cuidado mediante critérios de regionalização definidos a partir
dos territórios de saúde.
Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno
de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que
pode oferecer.
5.4.Para entender o SUS
Segundo a Cartilha “Entendendo o SUS”, existem 10 informações que são
importantes:
1. Todos os estados e municípios devem ter conselhos de saúde compostos por 46
representantes dos usuários do SUS, dos prestadores de serviços, dos gestores e dos
profissionais de saúde. Os conselhos são fiscais da aplicação dos recursos públicos em
saúde.
2. A União é o principal financiador da saúde pública no país. Historicamente, metade
dos gastos é feita pelo governo federal, a outra metade fica por conta dos estados e
municípios. A União formula políticas nacionais, mas a implementação é feita por seus
parceiros (estados, municípios, ONGs e iniciativa privada)
3. O município é o principal responsável pela saúde pública de sua população. A partir
do Pacto pela Saúde, assinado em 2006, o gestor municipal passa a assumir imediata ou
paulatinamente a plenitude da gestão das ações e serviços de saúde oferecidos em seu
território.
4. Quando o município não possui todos os serviços de saúde, ele pactua (negocia e
acerta) com as demais cidades de sua região a forma de atendimento integral à saúde de
sua população. Esse pacto também deve passar pela negociação com o gestor estadual.
5. O governo estadual implementa políticas nacionais e estaduais, além de organizar o
atendimento à saúde em seu território.
6. A porta de entrada do sistema de saúde deve ser preferencialmente a atenção básica
(postos de saúde, centros de saúde, unidades de Saúde da Família, etc.). A partir desse
primeiro atendimento, o cidadão será encaminhado para os outros serviços de maior
complexidade da saúde pública (hospitais e clínicas especializadas).
7. O sistema público de saúde funciona de forma referenciada. Isso ocorre quando o
gestor local do SUS, não dispondo do serviço de que o usuário necessita, encaminha-o
para outra localidade que oferece o serviço. Esse encaminhamento e a referência de
atenção à saúde são pactuados entre os municípios.
8. Não há hierarquia entre União, estados e municípios, mas há competências para cada
um desses três gestores do SUS. No âmbito municipal, as políticas são aprovadas pelo
10. Com o Pacto pela Saúde (2006), os estados e municípios poderão receber os recursos
federais por meio de cinco blocos de financiamento: 1 – Atenção Básica; 2 – Atenção de
Média e Alta Complexidade; 3 – Vigilância em Saúde; 4 – Assistência Farmacêutica; e
5 – Gestão do SUS. Antes do pacto, havia mais de 100 formas de repasses de recursos
financeiros, o que trazia algumas dificuldades para sua aplicação.
5.5.Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde
Assegura ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde, sejam
eles públicos ou privados.
Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer
discriminação.
Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus
direitos.
Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu trata- mento aconteça da
forma adequada.
Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os
princípios anteriores sejam cumpridos.
5.6.Entendendo princípios do SUS
Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao
Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a
48
todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características
sociais ou pessoais.
Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as
pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm
necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os
desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas
as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção
da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio
de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para
assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na
saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
5.7.Princípios organizativos
Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis
crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados
a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser
atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem,
visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de
níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade
requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região.
Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização
objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por
parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o
município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas,
administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da
descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de
Glossário do Sus
Assistência farmacêutica – é o processo de planejamento, aquisição, distribuição, 49
controle da qualidade e uso de medicamentos voltados para proteção e recuperação da
saúde.
Atenção à saúde – é tudo que envolve o cuidado com a saúde do cidadão, incluindo
atenção básica e especializa, ações e serviços de promoção, prevenção, tratamento e
reabilitação.
Ciência e tecnologia – ações de pesquisa, desenvolvimento, difusão e aplicação de
conhecimentos nas áreas de saúde, educação, gestão, informação, além de outras ligadas à
inovação e difusão tecnológica.
Educação em saúde – processo para aumentar a capacidade das pessoas no cuidado
da saúde e no debate com os profissionais e gestores, a fim de alcançar uma atenção à
saúde de acordo com suas necessidades.
Gestão do trabalho – é a organização das relações de trabalho baseada na
participação do trabalhador de saúde como sujeito e agente transformador do seu
ambiente.
Gestão participativa – atuação efetiva de cidadãos, conselheiros, gestores,
profissionais e entidades civis na formulação de políticas, na avaliação e na fiscalização
de ações de saúde.
Promoção da saúde – conjuntos de ações sanitárias integradas, inclusive com outros
setores do governo e da sociedade, que busca o desenvolvimento de padrões saudáveis de:
qualidade de vida, condições de trabalho, moradia, alimentação, educação, atividade
física, lazer entre outros.
Regulação – é o poder exercido pelo Estado para fiscalizar e estabelecer padrões,
normas e resoluções para serviços, produtos, estabelecimentos e atividades públicas ou
privadas em prol do interesse coletivo.
recursos próprios (mínimo de 15% de sua receita) e os repassados pela União e pelo estado.
Igualmente os municípios devem organizar e controlar os laboratórios e hemocentros. Os
serviços de saúde da cidade também são administrados pelos municípios, mesmo aqueles
mais complexos.
Distrito Federal
Em relação ao Distrito Federal, acumulam-se as competências estaduais e municipais,
aplicando o mínimo de 12% de sua receita, além dos repasses feitos pela União.
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores sociais.
www.ibge.gov.br (acessado em 20/01/2011).
2. FERREIRA MV. Pobreza e distribuição de renda no Brasil recente. Textos para
Discussão, Juiz de Fora, v.8, p.2-30, 2002.
3. UNICEF - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Pobreza e
Desigualdade. www.pnud.org.br (acessado em 20/01/2006).
52
4. REDE Interagencial de Informações para a Saúde. Indicadores e Dados Básicos para a
Saúde, 2003.
5. ABRUCIO FL. Reforma política e federalismo: desafios para a democratização
brasileira. In: Benevides MV, Vanuchi P e Kerche F, organizadores. Reforma Política e
Cidadania. São Paulo: Instituto Cidadania - Editora Fundação Perseu Abramo, 2003;
1:225-265.
6. PAIM J. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In: Rouquayrol MZ, Almeida
Filho N. Epidemiologia e saúde. 5ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999. p. 473-87.
7. COSTA WGA; MAEDA ST. Repensando a rede básica do SUS e o distrito sanitário.
Saúde Debate 2001; 25(57):15-29.
8. COSTA NR; RIBEIRO JM. Reforma do Estado. In: Barbosa PR, (org) Curso de
Especialização em autogestão em saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, v1, 2001.
9. MENDES EV. Uma agenda para a saúde. São Paulo HUCITEC, 1996.
10. ESCOREL S. Reviravolta na saúde: origem e articulação do movimento sanitário. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ, 1998.
11. OMS. Organização Mundial da Saúde; Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Relatório da conferência internacional sobre cuidados primários de saúde. Genebra;
1979.
12. BRASIL. Conferência Nacional de Saúde 8ª, 1986, Mar. 17-21; Brasília, DF. Brasil.
Relatório final: Saúde como direito inerente à personalidade e à cidadania; Reformulação
do sistema nacional de saúde e Financiamento setorial.
13. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília : Senado Federal,
1988.
14. GIL CRR. Práticas profissionais em Saúde da Família: expressões de um cotidiano em
construção. [Tese de Doutorado]Rio de Janeiro : Escola Nacional de Saúde Pública,
Fundação Oswaldo Cruz, 2006.
15. PAIM JS A reorganização das práticas de saúde em distritos sanitários. In: Mendes EV
organizador, Distrito sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do
Sistema Único de Saúde. São Paulo - Rio de Janeiro: HUCITEC-ABRASCO, 1993.
16. MENDES EV. Uma agenda para a saúde. São Paulo HUCITEC, 1996.
17. SANTOS WG. Cidadania e Justiça: a política social na ordem brasileira. Rio de Janeiro :
Editora Campus, 1979.
53
18. GIL, CRR. Atenção primária, atenção básica e saúde da família: sinergias e
singularidades do contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública [online]. 2006, vol.22, n.6, pp.
1171-1181.
19. CAMPOS FE. Resolutividade: uma abordagem à avaliação qualitativa dos serviços de
saúde. [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro : Escola Nacional de Saúde Pública,
Fundação Oswaldo Cruz, 1988.
20. ROCHA NSD. Análise do Programa Saúde da Família no município de Natal: inovações
assistenciais. 2000. [Dissertação de Mestrado]. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina
Social, Universidade Estadual do Rio de Janeiro; 2000.
21. GIOVANELLA LM.A Atenção Primária à Saúde nos países da União Européia:
configurações e reformas organizacionais na década de 1990. Trabalho de pós-doutorado.
Escola Nacional de Saúde Pública, 2005.
22. NEGRI B; WERTHEIN J. Apresentação. In: STARFIELD, Bárbara. Atenção primária:
equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, 2002.
23. PEREZ JRR. Avaliação do processo de implementação: algumas questões
metodológicas. In: Rico, EM (organizadora) Avaliação de políticas sociais: uma questão
em debate. São Paulo : Editora Cortez : Instituto de Estudos Especiais, 2001.
24. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Manual para a Organização da Atenção Básica. Brasília: DF, 1999.
25. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. O trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Brasília: DF, 2000.
26. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Secretaria de Gestão
Participativa. Pacto pela Saúde, Brasília : DF, 2006.
27. SCHRAIBER LB (organizadora). Programação em Saúde Hoje. São Paulo : HUCITEC,
1990.
28. MENDES EV. Os grandes dilemas do SUS. Salvador: Casa da Qualidade Editora, 2001.
29. PAIM JS. Políticas de descentralização e atenção primária à saúde. In: Rouquayrol MZ,
Almeida Filho N. Epidemiologia e saúde. 5ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1999.
30. CAMPOS GWS. A saúde pública e a defesa da vida, 2 ed, São Paulo : HUCITEC, 1992.
31. MENDES EV. As Redes de Atenção à Saúde. Belo Horizonte : ESP-MG, 2009.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!