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Escola Estadual de Educação Profissioanal [E.E.E.

P] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina: 5

Políticas de Saúde

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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem das Escolas


Estaduais de Educação Profissional – EEEP

Material elaborado/organizado pela professora Rafaelle Alves Diógenes Pontes -


2018

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Curso Técnico em Enfermagem – Políticas de Saúde


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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de...

1. Descrever a história das políticas de saúde no Brasil Colônia a


Constituição 1988;
2. Reconhecer o significado da participação social na construção
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da saúde no Brasil;
3. Definir modelos de atenção à saúde;
4. Identificar o Modelo de Atenção à Saúde no Brasil;
5. Identificar prioridades políticas de saúde do Governo Federal, Estadual e Municipal atual.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. História da Política de Saúde no Brasil;


2. Participação e Controle Social no SUS;
3. Modelos de Atenção à Saúde;
4. Atenção Primária à Saúde e Estratégia Saúde da Família, Média e
Alta Complexidade;
5. Planos de Governos Federal, Estadual e Municipal referente ao setor saúde na gestão atual.

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METODOLOGIA
Estratégias de ensino:
- Apresentação de estímulos
- Comunicação verbal
- Promoção de feedback
Recursos técnico-pedagógicos:
- Exposição dialogada
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- Estudos em grupos
- Discussão de leituras
- Associação entre teoria e prática
- Seminários

AVALIAÇÃO
- Avaliação contínua, considerando aspectos como: freqüência, pontualidade, participação
efetiva nas aulas, organização na elaboração das atividades individuais e em grupo, integração
nas atividades em grupo.
- Avaliação Formal.
- Seminários

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................. ...................................................10
1.HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL COLÔNIA A
CONSTITUIÇÃO 1988..........................................................................................................11
1.1.As Políticas de Saúde Pública na República...................................................................13
1.2.Sistemas de saúde..............................................................................................................14
1.3.Constituição Federal de 1988 / Criação do SUS.............................................................18
8
1.4.Financiamento dos serviços de saúde..............................................................................18
2. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA CONSTRUÇÃO E
MANUTENÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL.........................................23
2.1.Instrumentos de participação: a conquista da participação social nos conselhos e
conferências de saúde...........................................................................................................25
2.2.Outros Mecanismos de Participação...............................................................................27
2.3.A Sociedade e a busca por Direitos..................................................................................27
2.4.Entraves e Desafios da Participação Social na Saúde..........................................;........28
3.MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE.............................................................................30
3.1.Conceito de modelos de atenção............................................................ ............31
3.2.A reforma sanitária brasileira e as mudanças do modelo assistencial.........................31
3.3.Modelo assistencial ou Modelo de atenção à saúde?......................................................34
4.ATENÇÃO PRIMÁCOMPLEXIDADERIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE...............................................................37
4.1.As redes de atenção à saúde como caminho para o fortalecimento do Sistema Único
de Saúde...................................................................................................................................41
5. PRIORIDADES POLÍTICAS DE SAÚDE DO GOVERNO FEDERAL, ESTADUAL
E MUNICIPAL ATUAL........................................................................................................43
5.1.Sistema Nacional de Saúde.....................................................................................................................................43
5.2.Estrutura do SUS..............................................................................................................43
5.3.Responsabilidade dos entes....................................................................................................45
5.4.Para entender o SUS..............................................................................................................47
5.5.Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde...............................................................................47
5.6.Entendendo princípios do SUS..............................................................................................48
5.7.Princípios organizativos...................................................................................................................................48

Glossário do Sus........................................................................................................................................................49

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................52

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APRESENTAÇÃO

Este Manual Pedagógico aborda temas específicos da formação do Técnico em Enfermagem


integrado ao Ensino Médio. Cada Manual corresponde a uma disciplina, sendo este referente à
disciplina do módulo básico do curso – Políticas de Saúde, com carga horária de 40
horas/aula. No intuito de deixar claro o que é esperado do aluno ao final da disciplina, este
manual propõe os objetivos de aprendizagem referentes ao tema, acompanhado do conteúdo
10
de cada disciplina. O mesmo foi elaborado no intuito de qualificar o processo de ensino-
aprendizagem, sendo um instrumento pedagógico-mediador para facilitar a assimilação dos
conteúdos. Sua construção foi embasada em um método problematizador e dialógico que
aborda os conteúdos de forma tal que visa tornar o aluno protagonista do seu aprendizado,
facilitando a apropriação dos conceitos de forma crítica e responsável. Assim, espera-se
contribuir para a consolidação do compromisso e envolvimento de todos (professores e
alunos) na formação desse profissional tão importante para o cenário de saúde.

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1.HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL COLÔNIA A


CONSTITUIÇÃO 1988

Ao analisarmos as origens da Saúde Pública no Brasil, nos deparamos com inúmeras


situações, que se assemelham aos tempos atuais. Como por exemplo: a questão que nos é
relativamente nova e polêmica entre Medicina Preventiva e Curativa que vem ganhando corpo
desde o Brasil-Colônia; A volta de moléstias pestilenciais, como a febre amarela e o dengue;
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as más condições de trabalho, moradia e alimentação se impõem como fatores debilitantes da
saúde.
A Saúde Pública Brasileira teve seu nascimento no século XIX, nesse período a
principal preocupação da Coroa era com a saúde da Colônia, realizando um serviço de
fiscalização, através da chamada Fisicatura, esta visava punir os infratores com o objetivo de
reservar para a medicina o ato de exercê-la, sem que suas atribuições pudessem ser executadas
por outras pessoas.
A fisicatura também estabeleceu a relação entre saúde e sociedade, tendo como função
também a fiscalização da sujeira das ruas e o dever de zelar pela limpeza da cidade, do
comércio e de alimentos. Tais informações aparecem em alguns documentos.
O porto é um local da cidade privilegiado como objeto da ação municipal e da
fisicatura, já que é ponto de contato entre o interno e o externo e via de penetração de pestes.
Entretanto, a iniciativa de organizar o espaço social, visando impedir doenças ou aumentar o
nível de saúde, não consistia em uma prioridade.
Naquela época médicos recebiam um salário fixo da Câmara, tinha como atribuições
fazer ―visitas de saúde‖ aos navios, feitas, sobretudo quando há perigo de peste, além de ser o
médico dos oficiais das Câmaras e de suas famílias. Logo, não há nenhum caráter social de
preocupação desse médico com a saúde da população.
O que caracteriza, portanto, a Fisicatura e as Câmaras é a atribuição pura e simples de
fiscalizar seja o exercício da Medicina, seja o bom funcionamento da cidade baseada em
denúncia de irregularidade, visando impedir que um mal se propague, através da promulgação
de leis e punição dos infratores. Portanto, a administração portuguesa não se caracterizou,
pelo menos até a segunda metade do século XVIII pela organização do espaço social, não
combatia as causas da doença, agindo dentro de uma perspectiva mais de combater a doença
depois dela estar instalada. A saúde não aparece como algo que possa ser produzido,
incentivado, organizado, aumentado; só é percebida negativamente por causa da realidade
representada pela doença.

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No caso da lepra, os médicos eram chamados a dar seu parecer sobre o problema, de
formar uma ideia aproximada sobre o número de lázaros e de formalizar um plano de
combate. O combate à lepra se dava, na verdade, através do combate ao leproso e era
traduzido pelo isolamento, pela criação de Lazareto e pela inspeção dos navios. O combate à
lepra como doença é quase inexistente, limitando-se à aplicação de alguns remédios. A grande
medida é a exclusão do leproso da cidade para dar a ele, antes de tudo, num gesto de
"caridade", um abrigo, local intermediário entre a cidade e a sepultura. Na prática, a situação
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desses Lazaretos - administrados, na maioria das vezes, por religiosos e auxiliados por
escravos, normalmente, criminosos com a pena a cumprir, não ofereciam condição mínima
para abrigo dos doentes, além de não contarem com a assistência de um médico.
No final do século XVIII, o enfoque é um pouco diferente. O poder colonial assume
como um dos objetivos a questão da recuperação do estado de saúde de seus habitantes. São
exemplos disso a separação dos escravos sadios dos doentes, e a distância entre o Hospital
Militar e o Leprosário. O Hospital Militar, com o objetivo primário de reintegração do
soldado à tropa, é um primeiro passo da transformação da própria instituição hospitalar.
O Leprosário aparece também transformado em entidade assistencial, presidida por
critérios médicos de localização, organização e funcionamento, em que o isolamento do
leproso incurável protege a cidade do perigo do "contágio". O negro e o leproso são então
circunscritos - como portadores de um perigo a ser evitado. Os armazéns de desembarque de
escravos são transferidos para locais afastados, objetivando separar os escravos sadios dos
doentes, e mesmo evitando contato imediato dos recém-chegados com a população.
Paralelamente a isso, ocorreram medidas de transformação urbana, como a abertura e o
calçamento de ruas, a construção de estradas, pontes e fontes, a secagem de pântanos e a
drenagem de águas estagnadas.
De 1500 a 1801, os poucos médicos de nível superior que chegaram ao Brasil, onde
saber ler já era execeção, eram demandados para afazeres afastados do atendimento de
doentes. Assim a maioria dos profissionais de saúde não tinha esta qualificação, ou melhor,
não tinha qualificação nenhuma. Assim, foram criados cursos apenas para formar cirurgiões,
ou seja, profissionais que não gozariam de nível superior. Para formá-los eram necessários
cirurgiões capacitados ou, se disponíveis, médicos. Isso não foi tão fácil, tanto que os cursos
de cirurgia do Rio e de São Paulo, não vingaram.
As políticas públicas de saúde no Brasil têm sofrido modificações ao longo dos anos, e
tais mudanças historicamente têm sido pelo menos aparentemente para adequarem-se aos
contextos políticos, econômicos e sociais. Somente com a chegada da família real, em 1808, é

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que algumas normas sanitárias foram impostas para os portos, numa tentativa de impedir a
entrada de doenças contagiosas que pudessem colocar em risco a integridade da saúde da
realeza. Em 1822, com a Independência do Brasil, algumas políticas débeis de saúde foram
implantadas, tais políticas eram referentes ao controle dos portos e atribuía às províncias
quaisquer decisões sobre tais questões.
Até o século XIX, o número de médicos diplomados é mínimo, já que a proibição do
ensino superior era um ponto básico da política de Portugal com relação ao Brasil colonial.
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Surge no Brasil a Polícia Médica, ideia formulada na Alemanha e muito difundida na
Europa nos séculos XVIII e XIX, definida como o conjunto de teorias, políticas e práticas que
se aplica à saúde e ao bem-estar da mãe e da criança, à prevenção de acidentes, ao controle e
prevenção de epidemias, à organização de estatísticas, ao esclarecimento do povo em termos
de saúde, à garantia de cuidados médicos, à organização da profissão médica e ao combate ao
charlatanismo. Porém, não conseguiu se estabelecer na sociedade, já que não contava com um
poder organizado, por fim, veio a fracassar. Pode-se destacar também, o trabalho da comissão
de moléstias reinantes, da comissão de vacina e da comissão de consultas gratuitas. A
Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro é a principal responsável pela elaboração
de toda a legislação sanitária da época.
A partir de 1849, com os primeiros casos de febre amarela no Rio de Janeiro, ficou
demonstrada a precariedade da organização sanitária municipal. Em 1850, foi criada a junta
de Higiene Pública, visando unificar os serviços sanitários do Império. Em 1885, era ainda
enfatizada a mesma situação sanitária precária do Rio de Janeiro. Consolidou-se, então, a
reforma dos Serviços Sanitários do Império, que foram divididos em Serviço Sanitário
Terrestre e Serviço Sanitário Marítimo. Esta foi mais uma organização de serviços que se
caracterizou por sua enorme ineficiência, já que correspondia a uma sociedade escravista
pouco preocupada com os problemas sanitários da força de trabalho.
1.1.As Políticas de Saúde Pública na República
O desenvolvimento da Saúde Pública no Brasil, a partir do final do século XIX,
significou, sem dúvida, uma profunda mudança nas práticas dominantes até então. A
organização sanitária foi viabilizada também devido à ameaça de doenças como a varíola, a
peste e a febre amarela, nas áreas urbanas, buscando criar condições básicas de existência das
cidades portuárias.
Em 1878 foi feita uma consulta pela Câmara aos médicos que gerou um documento,
no mesmo foram analisados aspectos como: doenças endêmicas e epidêmicas, clima,
urbanização, alimentação, citando também a ―imoralidade‖ como causa de doença. Com

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relação a essa última causa soluções para evitar a vadiagem são propostas como, por exemplo,
enviar para o campo famílias que não têm condições econômicas de viver na cidade porque
comem, moram, dormem, enfim vivem pessimamente.
À medida que o processo imigratório se intensificou no estado de São Paulo, entre
1885-1889 surgiram as epidemias de febre amarela nas cidades do interior. Além disso, os
imigrantes traziam para esse Estado doenças relativamente raras na área, como a cólera, a
escarlatina e o tifo.
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Somente com a Proclamação da República, em 1889, é que as práticas de saúde em
nível nacional tiveram início. Oswaldo Cruz e Carlos Chagas que estiveram à frente da
Diretoria Geral de Saúde pública (DGSP), implementaram um modelo sanitarista visando
erradicar epidemias urbanas e a criação de um novo Código de Saúde Pública, tornando-se
responsável pelos serviços sanitários e de profilaxia no país, respectivamente.
Em 1889, irrompe a epidemia de peste no Rio de Janeiro. A situação de crise sanitária,
assinalada pela presença da epidemia, acelerou a criação de instituições médicas dedicadas ao
combate da peste, da febre amarela e da varíola. Foi também essa a motivação imediata para a
organização do Instituto Soroterápico Municipal, em 1900, localizado na Fazenda
Manguinhos.
Algumas doenças foram consideradas de notificação compulsória, e a vacinação
obrigatória contra a varíola instituída para crianças até 6 meses de idade. Em 1890, foi
constituído o Conselho de Saúde Pública. Explicitaria, então, a preocupação com o espaço
urbano do Rio de Janeiro, sendo que uma inspetoria geral de Higiene ocupar-se-ia da inspeção
das habitações populares, do Serviço de Vacinação, da alimentação pública e do consumo e
fabrico de bebidas nacionais. É ainda dessa época as primeiras leis, ainda que tímidas, sobre
as condições de trabalho industrial.
Durante o surgimento da peste em Santos, em 1889, se organizaria um laboratório sob
direção de Vital Brasil, para fabricação de soros e vacinas contra a doença. Em 1892, foi
criado o Laboratório de Bacteriologia; em 1893, a inspetoria Geral de Saúde dos Portos e, em
1894, o Instituto Sanitário Federal com funções semelhantes ao Laboratório de Bacteriologia,
ou seja, de estudar a natureza, etiologia, tratamento e profilaxia das moléstias transmissíveis.
Em 1897, são unificados os serviços de saúde do Estado na Diretoria Geral de Saúde Pública.
O trabalho pioneiro de Emílio Ribas, a partir de 1897, traduziu os esforços em Saúde
Pública no estado de São Paulo. A ação de Emílio Ribas se estenderia até 1918, com larga
aplicação de medidas sanitárias e combate intensivo contra epidemias (em especial a febre
amarela) e doenças endêmicas.

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Até 1900, a regularidade com que a febre amarela atacava o Rio de Janeiro, a grande
susceptibilidade dos estrangeiros à doença e o fracasso da Medicina em resolver o problema
deram ao Brasil a reputação de uma das áreas mais insalubres dos trópicos.
A partir de Oswaldo Cruz, que surgiu durante o Governo Rodrigues Alves (1902-
1906), os moradores de habitações insalubres eram obrigados a obedecer a medidas
preconizadas pelas autoridades. Antes das campanhas sanitárias de Oswaldo Cruz já se
impunha uma reforma urbana cujo alvo era a população pobre do centro da cidade. Essa
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reforma urbana preparou (minou) o terreno por onde as campanhas sanitárias de Oswaldo
Cruz iriam se desenvolver.
Oswaldo Cruz assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública em 1903, com o objetivo
primeiro de eliminar a febre amarela do Rio de Janeiro. Para destruir os mosquitos, a Polícia
Sanitária instituída por Oswaldo Cruz teve que intervir nos domicílios, mesmo sem o
consentimento dos moradores. Mais do que fazer o papel de mandar retirar entulhos limpar os
depósitos de água e remover tudo o que pudesse servir de reservatório para o mosquito, ela
interferiu no espaço urbano com a demolição de várias habitações coletivas e casas de
cômodos. Isso tudo deflagrou grande resistência por parte de camadas populares urbanas e da
classe dominante. Aquelas por se verem, de uma hora para outra, expulsas de suas moradias e
mesmo pela violação de seu domicílio. Apesar das resistências, a campanha da febre amarela
se realizou no período de maio a dezembro de 1903, quando foi iniciada a campanha contra a
peste.
Todo esse descontentamento gerado nas campanhas contra a febre amarela e contra a
peste foi sendo guardado para ter seu desaguadouro na insurreição contra a campanha
sanitária da varíola, também executada por Oswaldo Cruz. Pois, embora não interviesse no
espaço urbano, intervinha no corpo das pessoas pela aplicação de uma vacina que a muitos
causaria temor até mesmo em autoridades médicas e civis.
Em 31 de outubro de 1904, foi aprovada a lei que instituía a vacinação obrigatória. O
que trouxe reação violenta por alguns parlamentares, militares, parte da imprensa e de setores
da sociedade civil (o grupo dos positivistas e camadas populares). O que se seguiu foi um
movimento de proporções jamais vistas na história da Saúde Pública Brasileira, por ter
envolvido sangue e violência.
Sufocada pela insurreição, a lei da vacina obrigatória deixou de ser posta em vigor,
tendo declinado significativamente o número de pessoas vacinadas nos períodos
subsequentes. A doença, no entanto, sofreu uma queda natural em sua incidência nos 3 anos
seguintes voltando a ter uma manifestação epidêmica em 1908, quando morreram mais de

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9.000 pessoas com varíola no Rio de Janeiro. Oswado Cruz permaneceria à frente da Diretoria
Geral de Saúde Pública até 1908. Sua prática, orientada pelo modelo de Polícia Médica
elaborado em fins do século XIX, teve alto reconhecimento no meio estatal, por realmente
diminuir os índices de mortalidade de algumas doenças e por atender aos interesses das
classes dominantes. A partir de 1908, o Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos e
denominado Instituto Oswaldo Cruz, passou a assumir as decisões no campo da produção de
medicamentos para a Saúde Publica.
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Apesar do pouco caso do Estado para com os problemas reais de saúde da população,
o agravamento desses problemas nos anos compreendidos entre 1910 - 1920 viriam a criar um
clima próprio para o surgimento de revoltas populares, principalmente no final desse período,
e para uma modificação da postura do Estado diante da situação, através da emergência de um
projeto de Organização Sanitária Nacional no início da década de 20.
O agravamento da situação de saúde da população deu-se principalmente em função
da crise econômica dos anos 10, com acentuamento da recessão por causa de início da
Primeira Guerra Mundial em 1914. As consequências se abateram sobre as classes populares,
que sofreram os efeitos do desemprego, da redução de salários, das más condições de trabalho
nas fábricas e da escassez de gêneros alimentícios no mercado interno. A ocorrência, em fins
de 1918, de uma extensa crise médico-sanitária, provocada por uma epidemia de gripe, "a
gripe espanhola", viria a demonstrar na prática, que as condições de vida das populações
urbanas tinham atingido níveis baixíssimos, pela alta mortalidade que a gripe ocasionou na
cidade do Rio de Janeiro e em praticamente todos os centros urbanos de importância
econômica no País. Todo esse movimento teria como consequência criação, em maio de 1918,
ainda no Governo de Wenceslau Brás, do Serviço de Profilaxia Rural, com o propósito de
controlar o que eram considerados as três grandes endemias das regiões agrárias do país: a
ancilostomose, a malária e a doença de Chagas. Esse contexto levaria o Estado a rever sua
posição diante da questão social. Assim, surge a primeira Lei de Acidentes de Trabalho, em
1919, e o Departamento Nacional de Saúde em 1920.
Em 1920 foi criado o Departamento Nacional de Saúde, cuja atuação se pautará por
campanhas sanitárias orientadas para problemas de saúde que ameacem concretamente as
relações de produção. Como por exemplo, campanhas contra a malária, especialmente em
momentos de expansão de fronteiras como na construção de estradas de ferro. Bem como, a
preocupação com a Amazônia, explicitada no trabalho de estabelecimento de bases da
profilaxia dessa área realizado também por Oswaldo Cruz, no período de 1912 - 1913.

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A tuberculose foi, nessa época, uma das principais causas de mortalidade da


população. Entretanto, não se caracterizaria como doença transmissível que atacasse,
indiscriminadamente, as diversas classes sociais, predominando na população menos
favorecida economicamente. Daí a baixa importância conferida a ela, o que pode ser visto na
pouca aceitação de medidas de controle propostas pelo próprio Oswaldo Cruz, o qual, ao
trabalhar o controle da doença percebeu os limites do modelo sanitarista e propôs leis de
proteção aos trabalhadores, além de lhes proporcionar melhores condições de moradia e
17
alimentação.
O fracasso das propostas de Oswaldo Cruz revela que as políticas de Saúde Pública só
se tornaram realidade porque atenderam aos interesses das classes dominantes. O
desenvolvimento capitalista nessa época tornou-se possível sem que fosse necessário intervir
na alta mortalidade provocada pela tuberculose, o que não ocorria com as doenças epidêmicas
como a peste, a febre amarela e a varíola.
Durante a presidência de Artur Bernardes, os serviços de saúde tornaram-se ainda
mais centralizados sob a tutela federal, sendo exemplo disso as atividades de saneamento
entre 1923-1925, através das campanhas de Higiene Infantil e Antituberculose movidas pelo
Governo Federal.
1.2.Sistemas de saúde
O Estado brasileiro teve sua primeira intervenção em 1923, com a Lei Elói Chaves,
através da criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs), que asseguravam aos
trabalhadores e empresas assistência médica, medicamentos, aposentadorias e pensões. Foram
substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) passando a abranger uma
quantidade maior de trabalhadores.
Conforme refere Figueiredo; Tonini (2007), ao extinguir os IAPs, em 1967, o Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS) foi implantado, atendendo, também, trabalhadores
rurais por meio do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) e trabalhadores
com carteira assinada através do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS). Somente no final da década de 80 deixou de exigir carteira de trabalho
para atendimentos em hospitais, tornando a saúde menos excludente e mais universal.
Na década de 70 surgiu o Movimento da Reforma Sanitária que tinha como objetivo
conquistar a democracia para mudar o sistema de saúde. O conceito saúde – doença bem
como o processo de trabalho e a determinação social da doença foram rediscutidos. No final
da década de 80 o quadro social e político no país eram diferentes, onde o movimento de
redemocratização expandia-se pelos estados brasileiros e a oposição ganhava força no

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Congresso Nacional. Dentro desse contexto ocorria, em 1986, a VIII Conferência Nacional de
Saúde (CNS) que tinha como presidente Sérgio Arouca e que, pela primeira vez, foi
verdadeiramente popular refletindo o momento pelo qual o país passava. O grande marco da
VIII Conferência Nacional de Saúde foi a criação do Sistema Único Descentralizado de Saúde
(SUDS), que posteriormente tornou-se Sistema Único de Saúde (SUS) além de ter
consolidado as ideias da Reforma Sanitária.
1.3.Constituição Federal de 1988 / Criação do SUS
18
A saúde ganhou espaço a partir de então com a Constituição Federal de 1988 (CF\88)
que criou o SUS rompendo, dessa forma, com o antigo modelo de saúde que era dominado
pelo sistema previdenciário. A saúde passou a ser direito de todos e dever do Estado. Os
princípios e diretrizes estabelecidos foram: descentralização, integralidade, participação da
comunidade, regionalização e hierarquização.
O SUS foi regulamentado em 1990, com a Lei Orgânica de Saúde (LOS), a Lei Nº
8.080 e a Lei Nº 8.142 onde se deu destaque para a construção de um modelo de atenção
fundamentado na epidemiologia, controle social, descentralização e regionalização com base
municipal. A primeira LOS regulamenta o SUS em todo o país definindo seus princípios e
diretrizes, que contemplam a universalidade, a integralidade da assistência, equidade,
descentralização e a participação da comunidade. Estabelece condições para o norteamento do
gerenciamento e sobre as condições para a promoção, proteção, recuperação da saúde,
organização e funcionamento dos serviços de saúde. A segunda regulamenta a participação da
sociedade na formulação das políticas de saúde, dispõe sobre as transferências
intergovernamentais de recursos através do Fundo Nacional de Saúde, que faria o repasse de
forma regular e automática para cada esfera.
1.4.Financiamento dos serviços de saúde
As Normas Operacionais Básicas (NOB’s) foram instituídas para nortear a
operacionalização do sistema, sendo a mais importante a NOB\SUS 01-96, pois a partir dela o
município tornou-se o principal responsável por atender às necessidades do cidadão com
requisitos de Gestão Plena da Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal, onde o
Município passou a ser responsável, dentre outras, pela elaboração da programação municipal
dos serviços básicos de saúde bem como pelos serviços de referência ambulatorial
especializada e hospitalar; executar ações básicas de vigilância sanitária e epidemiológica, de
média e alta complexidade; manter os sistemas de cadastros atualizados e avaliar o impacto
das ações do sistema sobre as condições de saúde da população e do meio ambiente.

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A União passou a normalizar e financiar e os Municípios a executar as ações. Criou a


Programação Pactuada e Integrada (PPI), que tinha como objetivo alocar recursos de
assistência à saúde nos estados e municípios, como forma de universalizar o acesso da
população a todo tipo de assistência nos três níveis de complexidade. Também foi criado o
Piso de Atenção Básica (PAB), que alterou o financiamento das ações básicas, tornando
necessária uma avaliação da aplicação dos recursos e impactos.
A NOAS – SUS 01\2001 transformou o modelo vigente de gestão em Gestão Plena da
19
Atenção Básica – Ampliada (GPAB-A), ampliando o debate sobre a
municipalização\regionalização e instituindo o Plano Diretor de Regionalização (PDR), que
estabeleceu as diretrizes para uma assistência regionalizada, organizada, de forma que o
território estadual foi dividido em regiões e microrregiões de saúde tendo como base critérios
sanitários, epidemiológicos, geográficos, sociais, a oferta de serviços e a acessibilidade que a
população tem aos mesmos, bem como o diagnóstico dos problemas de saúde mais frequentes
e das prioridades de intervenção. E o Plano Diretor de Investimentos (PDI), que define as
prioridades e estabelece as estratégias no que se refere a investimentos dos recursos de modo
que seja prestada assistência em todos os níveis de complexidade.
Em 2006 com o Pacto pela Saúde, foram extintas essas formas de habilitação, através
da Portaria Nº 399\2006 passando a vigorar o Termo de Compromisso e Gestão (TCG) que
contemplava atribuições dos entes federados bem como os indicadores de monitoramento e
avaliação dos Pactos. Nas suas três dimensões, Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e Gestão
do SUS, foram estabelecidas no primeiro seis prioridades representando o compromisso entre
os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem impacto sobre a situação de
saúde da população brasileira, que são: Saúde do Idoso; Controle do câncer de colo do útero e
da mama; Redução da mortalidade infantil e materna; Fortalecimento da capacidade de
resposta às doenças emergentes e endêmicas, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose,
malária e influenza; Promoção da Saúde; Fortalecimento da Atenção Básica.
Em 2008 a Portaria do MS Nº 325\08 criou mais cinco prioridades no Pacto pela Vida
passando a totalizar onze prioridades. As cinco prioridades estabelecidas foram: Saúde do
Trabalhador; Saúde Mental; Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às
pessoas com deficiência; Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; Saúde
do Homem. O Pacto em Defesa do SUS expressa os compromissos entre os gestores com a
consolidação do processo da Reforma Sanitária Brasileira e o Pacto de Gestão do SUS
estabelece as responsabilidades dos entes federados para o fortalecimento da gestão em seus
eixos de ação.

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Já em 2011 com o Decreto Nº 7.508\2011 o TCG foi substituído pelo Contrato


Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP) tendo como objetivo a organização e a
integração das ações e serviços de saúde, sob responsabilidade dos entes federativos com a
finalidade de garantir a integralidade das ações e serviços de saúde a partir da definição de
responsabilidades, indicadores e metas de saúde, desempenho, recursos financeiros.
Reconhece a atenção básica como porta de entrada do sistema e como eixo principal das
Redes de Atenção a Saúde (RAS) que constitui um conjunto de ações e serviços de saúde
20
articulados em níveis de complexidade crescente com o intuito de garantir a integralidade
tendo como porta de entrada para tais ações a atenção primária; urgência e emergência;
atenção psicossocial e serviços especiais de acesso aberto e a partir destes partem as
referências para serviços de atenção ambulatorial e hospitalar especializado.
Por fim, o SUS representa o maior projeto de inclusão social no Brasil,
proporcionando aos que antes eram excluídos pelo sistema garantia de assistência à saúde.
Entretanto a despeito da mesma imponência do projeto gigantescas dificuldades são
encontradas em sua implementação relacionadas ao financiamento, regulação incipiente,
precárias condições de trabalho falhas na descentralização. Necessitando de um
fortalecimento no que se refere à regulação da assistência a saúde no país que apesar dos
avanços obtidos com a descentralização explicita problemas como leitos insuficientes para
atender a demanda da população que necessita de atendimentos, principalmente de média e
alta complexidade, que em sua maioria estão sob o poder do setor privado complementar e
filantrópico.
A Constituição Federal de 1988 deu nova forma à saúde no Brasil, estabelecendo-a
como direito universal. A saúde passou a ser dever constitucional de todas as esferas de
governo sendo que antes era apenas da União e relativo ao trabalhador segurado. O conceito
de saúde foi ampliado e vinculado às políticas sociais e econômicas. A assistência é concebida
de forma integral (preventiva e curativa). Definiu-se a gestão participativa como importante
inovação, assim como comando e fundos financeiros únicos para cada esfera de governo
(BRASIL, 1988). Antes da Constituição Federal de 1988, o Brasil não possuía um sistema de
saúde organizado, as ações e serviços de saúde eram excludentes e contributivos, ou seja,
apenas quem podia pagar a medicina privada e quem contribua com a previdência social /
INPS –Instituto Nacional da Previdência Social tinha acesso. À outra parte da população
cabia o atendimento nas Santas Casas de Misericórdia.

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VAMOS TREINAR?
1. (EBSERH/IDECAN/UPE) Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde
não era considerada um direito social. O SUS foi institucionalizado no Brasil com a:
A) Lei nº 8.080/90.
B) Lei nº 8.142/90.
C) Declaração de Alma-Ata.
D) Constituição Federal de 67.
21
E) Constituição Federal de 88.
2. (EBSERH/IADES/MCO/2014) Antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde atuava na
área de assistência à saúde por meio de alguns poucos hospitais especializados, além da ação
da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP), em regiões específicas do
País. Nesse período, a assistência à saúde mantinha uma vinculação muito próxima com
determinadas atividades e o caráter contributivo do sistema existente gerava uma divisão da
população brasileira em dois grandes grupos (além da pequena parcela da população que
podia pagar os serviços de saúde por sua própria conta). Considerando as informações
apresentadas, é correto afirmar que esses grupos são os (as) pequena parcela da população que
podia pagar os serviços de saúde por sua própria conta). Considerando as informações
apresentadas, é correto afirmar que esses grupos são os (as):
(A) profissionais de saúde e a população leiga.
(B) previdenciários e os não previdenciários.
(C) anarquistas e os socialistas.
(D) sindicalizados e os autônomos.
(E) populações propensas a endemias e as populações urbanas.
3.(Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH - 2013 – Enfermeiro) Na evolução
do sistema de saúde no Brasil, foram elaboradas legislações específicas governamentais que
―estruturaram‖ a formação do SUS, formando uma ―linha do tempo‖. Um órgão foi criado,
em 1977, e fez parte do Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SIMPAS).
Este órgão foi o grande prestador da assistência médica e funcionava à custa de compra de
serviços médicos hospitalares, do setor privado. O órgão referenciado no texto é o:
(A) SINAN.
(B) SIMPAS.
(C) INPS.
(D) INAMPS.
(E) SIN.

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4. EBSERH/IADES/MCO/2014: O momento inicial de responsabilização do Estado pela


regulação da concessão de benefícios e serviços, especialmente de assistência médica,
aconteceu com a:
(A) criação do Funrural.
(B) aprovação da Lei Eloy Chaves.
(C) criação da Consolidação das Leis de Trabalho.
(D) criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões.
22
(E) criação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos.
5. EBSERH/ASSISTENTE ADM/IADES/MCO/2014 Antes da criação do SUS, o Ministério
da Saúde (MS), apoiado por estados e municípios, desenvolvia basicamente quais tipos de
ações?
(A) Ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças, merecendo destaque as
campanhas de vacinação e controle de endemias.
(B) Assistência médico-hospitalar de alta complexidade e fabricação de vacinas e
medicamentos, com destaque para as drogas de combate ao vírus da Aids.
(C) Campanhas educacionais de prevenção de doenças, com incentivo à prática de exercícios
e à busca por uma alimentação saudável.
(D) Fiscalização das ações de saúde pelos estados e municípios, com a aplicação de multas
quando encontradas irregularidades na execução dos orçamentos contratados.
(E) O MS foi criado juntamente com o SUS. Antes desse período, as ações de saúde pública
eram executadas pelo Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social
(INAMPS).
GABARITO
1 2 3 4 5
E B D B A

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2. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA CONSTRUÇÃO E


MANUTENÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL

Certamente você já ouviu falar que o SUS tem suas raízes históricas nas lutas sociais
dos anos 70 e 80 do século XX e surge como uma conquista envolvendo movimentos
populares, trabalhadores da saúde, usuários, intelectuais, sindicalistas, militantes dos mais
diversos movimentos sociais fundamentados no paradigma da saúde pública. Acredite, esta
23
participação dos movimentos sociais comprometidos com a Saúde Pública extrapolou a
gênese do SUS e seguramente constituem uma rede de apoio e controle necessária para a
manutenção do SUS como política de Estado.
No início de 2006, a Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho Nacional de
Saúde aprovaram o Pacto pela Saúde 2006, composto por três componentes: o Pacto em
Defesa do SUS, o Pacto de Gestão e o Pacto pela Vida. Para nós, neste momento, basta
mencionar que o Pacto pela Saúde reafirmou a importância da participação e do controle
social nos processos de negociação e pactuação, sobretudo, reforçando a relevância dos
conselhos e conferencias de saúde. Desta forma, o Pacto pela Saúde 2006 trouxe novamente
para o cenário do SUS a necessidade dos diferentes atores e atrizes sociais (gestores,
prestadores de serviço, trabalhadores e usuários da saúde) reafirmarem o compromisso com os
princípios do ideário da Reforma Sanitária Brasileira: universalidade, equidade, integralidade
e participação social; retomando o esforço coletivo para a efetivação do SUS Constitucional
conquistado em 1988 (Brasil, 2006).
Entretanto, este não é um processo fácil, afinal, retomar o esforço coletivo requer a
―existência do coletivo‖. Fica a questão: O que é coletivo em relação ao SUS?
Cabe lembrar que o SUS traz em si todas as contradições e conflitos da sociedade
capitalista; sua defesa ou ataque representam ideários distintos presentes na sociedade
brasileira. A sociedade nos induziu a não pensar de forma coletiva. Fomos educados para a
competição, raramente para a solidariedade (não confunda com caridade: ajudar os podres é
diferente de interferir para minimizar a pobreza).
Políticas sociais abriram espaço para incontáveis experiências de participação popular
em arenas públicas de decisão de políticas; devido à criação da Constituição Federal de 1988,
que vinha para responder a mobilização da sociedade civil da época. O Sistema Único de
Saúde (SUS) nascia no Brasil para atender a necessidade de um modelo de saúde, que
considerasse as demandas da população diante daquele momento histórico de grandes
mudanças sociais e culturais. Embasado nos princípios da universalidade, integralidade,

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equidade; e estruturado em ações de resolutividade, humanização, racionalização de recursos,


hierarquização, regionalização, descentralização, co-responsabilização de todas as esferas de
governo; abria finalmente um espaço à participação comunitária; o que se destaca por grande
importância, pois é garantia de que a população participará do processo de formulação e
controle das políticas de saúde.
O SUS permitiu ainda a regulamentação de normas constitucionais que propiciariam
inovações institucionais como: conferências municipais, estaduais e nacionais temáticas e
24
conselhos gestores de políticas públicas de caráter permanente. Esses novos arranjos
institucionais ampliaram a influência de diversos atores sociais nas instituições políticas. A
falta de compreensão e aplicação dos princípios que norteiam o SUS, por parte dos usuários e
trabalhadores dos serviços de saúde, ainda centrados na concepção assistencialista de saúde,
constitui-se em um entrave à sua implantação efetiva.
De fato, entende-se que a implementação e a divulgação de informações dos princípios
não caracterizam necessariamente seu entendimento e mudança do comportamento cultural
pela população. Fazendo-se necessário mais do que informação, mas um esclarecimento que
permita a compreensão dos usuários sobre o serviço em saúde enquanto direito social e
obrigação do Estado. Para tal, é preciso entender o que ocorre hoje na saúde é o resultado de
toda a história do país, o processo que levou à estruturação do modelo atual. Pois a formação
do nosso sistema de saúde foi, e continua sendo, influenciada pelo contexto político-social e
econômico pelo qual o Brasil passou ao longo dos anos.
Vale ainda ressaltar que o SUS é tido como a política de maior inclusão social já
implementada no Brasil. E representa uma firmação política do compromisso do Estado
brasileiro para com seus cidadãos. Assim, sabe-se que os avanços do SUS são significativos,
mas persistem problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um sistema público
universal e equânime, sendo essencial que haja a participação da população.
A participação social vai além do acesso coletivo à tomada de decisões. Pode ser
definida como o controle sobre a própria situação e sobre o próprio projeto de vida, mediante
a intervenção em decisões, iniciativas e gestões que afetam o entorno onde tal situação e
projetos se desenvolvem.
A expressão ―controle social‖, tanto é empregada para designar o controle do Estado
sobre a sociedade, quanto para designar o controle da sociedade sobre as ações do Estado. E,
mesmo nestas duas acepções, existem diferenças devido ao entendimento da função do Estado
e da extensão do seu poder e/ou devido à forma como se concebe a sociedade civil. Esta
perspectiva de sociedade controlando o Estado é uma forma de atender aos interesses da

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maioria da população, em reverso ao período da ditadura de controle exclusivo do Estado


sobre a sociedade. Dito de outra maneira, o controle social também pode ser definido como a
capacidade que a sociedade civil tem de interferir na gestão pública, orientando as ações do
Estado e os gastos estatais na direção dos interesses da coletividade. É toda ação controladora
da sociedade sobre o Estado, objetivando as políticas de saúde.
Mas, acima de tudo, é partilhar poder e construir um processo político de conquista da
cidadania e de fortalecimento da sociedade. E essa ação de cidadania ocorre por meio de
25
canais institucionais de participação na gestão governamental, com a presença de novos
sujeitos coletivos (a própria sociedade) nos processos decisórios. Espaços que reúnem
representações de usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviços no setor da
saúde. Com esta composição, se constitui um espaço de mediação dos conflitos decorrentes
dos interesses em disputa, que pode ser superado pela construção de um pacto, um acordo, em
que preponderem os interesses públicos.
A participação/controle social não pode ser entendida como uma extensão burocrática
e executiva, mas como um processo contínuo de democratização, que implica no
estabelecimento em um novo espaço de cidadania, e, nesse sentido, o sujeito/cidadão deve ser
o centro do processo de avaliação das ações nos serviços de saúde. Assim, a participação
social é um campo com múltiplas possibilidades, que podem ir além do estabelecido em nossa
constituição, criado por meio de organizações independentes do Estado, tais como as
associações de moradores, conselhos e conferências de saúde, associação de docentes, grupos
de mulheres, um meio de confluir ou não suas intervenções para uma atuação direta junto aos
órgãos de controle previstos em Lei.
2.1.Instrumentos de participação: a conquista da participação social nos conselhos e
conferências de saúde
Com o SUS a saúde emerge como questão de cidadania e a participação política como
condição de seu exercício, perspectiva assegurada no princípio constitucional de ―participação
da comunidade‖. A participação da população é um dos eixos principais na estruturação do
SUS e está claramente definida dentro do marco legal da reforma do setor saúde (Constituição
Federal, de 1988; Leis 8.080 e 8.142, de 1990).
A Constituição Federal estabelece que seja um direito e um dever de todo cidadão
participar em todas as esferas de governo. Esta representação legal mostra uma concepção
democrática da participação em saúde, significando a integração, em parceria com o Estado,
dos diferentes setores da população na definição de políticas de saúde a serem implementadas,
bem como o monitoramento de sua implementação, incluindo os aspectos econômicos e

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financeiros. A regulamentação do preceito constitucional de participação comunitária no SUS


levou à criação de um sistema de conselhos de saúde em cada esfera do governo, ampliando
ainda mais as possibilidades de envolvimento de usuários no processo de decisão setorial, em
comparação com o que havia sido proposto por programas anteriores. Deveriam ser
constituídos conselhos de saúde permanentes, os quais deveriam ser compostos por
representantes do governo, de prestadores de saúde, de profissionais de saúde e de usuários.
Sendo metade do conselho formada por representantes dos usuários e a outra metade por
26
conselheiros oriundos dos demais segmentos sociais.
Como instância interna à estrutura do SUS suas deliberações são, em geral, resultados
de negociações com os órgãos executores (Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e
Municipal de Saúde), que devem ter como eixos orientadores a representatividade de seus
membros, a visibilidade de suas proposições, a transparência das relações e a articulação com
a sociedade para garantir o processo democrático e a qualidade das ações. Podem, portanto,
ser entendidos como um espaço deliberativo da máquina político-institucional do SUS, sendo
instrumento privilegiado para fazer valer os direitos dos cidadãos, rompendo com as
tradicionais formas de gestão e possibilitando a ampliação dos espaços de decisão e ação do
poder público. Estas instâncias impulsionam a constituição de esferas públicas democráticas,
transformando-se também em potenciais capacitadores dos sujeitos sociais para processos
participativos mais amplo.
A criação de conselhos servia, ainda, como um dos requisitos para que as secretarias
estaduais e municipais se habilitassem a receber recursos financeiros federais, de acordo com
as determinações legais. Como a provisão de serviços de saúde se tornara principalmente uma
obrigação municipal, devido ao processo de municipalização, os conselhos municipais
poderiam vir a ter controle sobre os cuidados de saúde, financiados com recursos públicos,
dentro do território da cidade.
Neste contexto, a criação dos conselhos de saúde no Brasil e a sua importância para a
participação da sociedade civil na tomada de decisão é elemento primordial no processo de
construção da cidadania, sendo, ainda, importante instrumento de controle social e mecanismo
estratégico na garantia do direito à saúde, fundamentado nos princípios da democratização do
poder decisório no SUS.
A mesma lei que originou os conselhos originou, também, as conferências de saúde, as
quais devem ter a mesma composição dos conselhos e ocorrer a cada quatro anos. A função
destas conferências é a de avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação da
política de saúde, assim, diferente dos conselhos que atuam em caráter decisório, as

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conferências são de caráter consultivo. A criação dos conselhos e das conferências nas esferas
federal, estadual e municipal da administração pública não partiu, porém, de um vazio
institucional. Na maior parte dos casos, os conselhos originaram-se da adaptação das
comissões interinstitucionais já existentes, desde a segunda metade da década de oitenta. A
realização de conferências era tradição no setor, desde o início do século. A diferença foi a
introdução da relação de periodicidade e ao envolvimento de representantes da sociedade
civil. Com isso, se pretendia que o controle social assumisse lugar estratégico na definição e
27
execução das políticas de saúde.
2.2.Outros Mecanismos de Participação
Apesar do destaque dos diversos estudos sobre o fator de participação/controle social
dar-se principalmente no que se diz respeito aos Conselhos e as Conferências de Saúde, que
são de caráter obrigatório, existem, porém, outros dispositivos de participação, entre eles: o
Disque Saúde as caixas de queixas e sugestões, as ouvidorias de saúde e ainda os mecanismos
internos de agências reguladoras.
Em 2003, o Departamento de Ouvidoria Geral do SUS, criado por meio do Decreto nº
4.726, compôs a estrutura do Ministério da Saúde como parte integrante da Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa, abrindo um instrumento de articulação entre o cidadão que
exerce seu papel no controle social e a gestão pública de saúde, com o objetivo de melhorar a
qualidade dos serviços prestados pelo SUS. Entre suas atribuições estão de receber as
solicitações, reclamações, denúncias, elogios e sugestões encaminhadas pelos cidadãos e levá-
las ao conhecimento dos órgãos competentes. Serviu ainda como meio unificador dos vários
serviços já anteriormente oferecidos aos cidadãos, com a criação do número 0800 61 1997, no
Disque Saúde.
O Disque Saúde é a linha telefônica para prestar informações e receber denúncias
relativas à saúde. Já as ouvidorias de saúde têm a finalidade de receber reclamações de
qualquer cidadão, denúncias de quaisquer violações de direitos individuais ou coletivos
relativos à saúde, bem como qualquer ato de improbidade administrativa, praticados por
servidores públicos, apurar a veracidade dos fatos e providenciar as medidas cabíveis.
Contatada tanto pelo Disque Saúde, como por acesso ao site do Ministério da Saúde.
2.3.A Sociedade e a busca por Direitos
Do mesmo modo que se contempla a divulgação de informações sobre os mecanismos
de participação, devem-se contemplar as informações sobre os meios legais existentes para
exigir o cumprimento das leis, bem como das formas de atuação da sociedade para a obtenção
de seus direitos. Destaca-se a atuação, e pressão, da população sobre o Ministério Público, os

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órgãos de proteção e defesa do consumidor, como o PROCON, os Conselhos Profissionais e


os meios de comunicação de massa. Vale lembrar, que nem sempre consensos são possíveis,
mas mantendo-se os conflitos, cabe então a interferência da sociedade sobre estes, atuando
como aliados na construção do SUS.
2.4.Entraves e Desafios da Participação Social na Saúde
O alicerce legal promoveu o desenvolvimento de uma estrutura institucional
abrangente para a participação dos cidadãos, entretanto alguns estudos e relatórios oficiais
28
registram a limitada participação da população, evidenciando o descompasso entre as
conquistas obtidas e a prática cotidiana dos serviços de saúde. Assim, a promessa de ampliar a
democracia pode estar comprometida por uma cultura política apoiada em uma tradição
autoritária ainda subsistente, por uma vida associativa frágil e por resistências, tanto dos
atores da sociedade civil como do Estado. Além da resistência dos burocratas em compartilhar
o poder.
Os conselhos de saúde, apontados com maior frequência em estudos que tratam da
participação social na saúde, funcionam como espaço estratégico de expressão de demandas e
expectativas. Contudo, trata-se de uma conquista recente, sendo compreensível que existam,
ainda, muitas questões a serem discutidas para sua atuação efetiva. Estudos apontam que o
funcionamento dos conselhos de saúde não são semelhantes em todo o país, visto que muitas
localidades apresentam inúmeras dificuldades para seu funcionamento.
Em decorrência do pouco tempo de funcionamento dos conselhos gestores locais, a
população ainda não se habituou a exercer este direito. Outros estudos apontam, ainda,
questões como a falta de capacitação técnica e política dos conselheiros, para ocupar os
espaços de negociação de políticas, com maior destaque ao segmento dos usuários. A questão
da composição versus a representação, os recursos e as desigualdades entre os conselhos,
também são apontados com destaque.
Observa-se que a composição dos conselhos não respeita os princípios da paridade, e
os critérios de escolha de seus membros são obscuros em muitos casos, principalmente
daqueles que representam os interesses dos usuários e, desta forma, estes acabam por não
representar verdadeiramente os interesses dos cidadãos comuns. Mesmo que a presença
quantitativa dos representantes da população seja assegurada juridicamente, não está
assegurada a capacidade de intervenção desse grupo. O reconhecimento de que apenas a
exigência legal para o controle social não tem se mostrado suficiente para sua legitimação no
país, levou à criação de algumas táticas de intervenção que visem à efetivação deste princípio
constitucional.

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Os cursos de capacitação de conselheiros que estão sendo desenvolvidos em convênio


entre instituições de ensino e pesquisa de vários estados, visam resolver um destes aspectos, o
da capacitação técnica. Neste sentido, processos educativos participativos poderiam ser
utilizados para capacitação dos diferentes segmentos envolvidos.
A cultura de não participação presente em nossa sociedade e o medo de discriminação
são fatores que contribuem para que a participação nos órgãos colegiados seja reduzida.
Numerosos estudos sobre os conselhos de saúde têm demonstrado que existem muitos
29
problemas de funcionamento, atribuídos, em boa medida, à falta de tradição de participação e
de cultura cívica no país. Diversos autores reconhecem que também há obstáculos à
participação, interpostos pelos próprios gestores: falta de transparência na apresentação de
relatórios; uso de linguagem demasiadamente técnica; falta de infraestrutura para o
funcionamento do conselho.

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3.MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE

Para melhor compreender os fatores que se entrelaçam na construção dos modelos de


atenção à saúde no Brasil é importante contextualizar a realidade do nosso país. O Brasil é um
país de dimensão geográfica continental, dados apresentados pelo IBGE mostram um
expressivo número de municípios — 5.565, sendo que destes, 48,1% (2.676) têm população
inferior a 10 mil habitantes e cerca de 90% do total de municípios (5.003) têm população de
30
até 50 mil revelando um país formado por um expressivo conjunto de municípios de pequeno
porte distribuídos nos 26 estados e no distrito federal da união. Com população de 50 a 100
mil habitantes estão 5,6% dos municípios (309), com mais de 100 e até 500 mil, 3,9% (219) e
com mais de 500 mil, apenas 0,6% (34).
Da mesma forma, ao se pensar nas cinco grandes regiões brasileiras fica evidente a
diversidade socioeconômica política e cultural entre elas, dando características singulares a
cada região do país. De acordo com os Indicadores e Dados Básicos para a Saúde — IDB
2003, a mortalidade infantil no país varia de 16/1000 nascidos vivos na região sul até 43/1000
nascidos vivos na região nordeste. Por sua vez, a proporção de pobres — percentual da
população com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, varia de 19% nas regiões
centro-oeste e sul até 53% na região nordeste.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2006), o
Brasil é o 10º país mais desigual numa lista de 126 países e territórios, estando melhor apenas
que a Colômbia, Bolívia, Haiti e seis países da África Subsaariana. Estes dados evidenciam
parte do retrato das desigualdades que caracterizam o país e que se refletem,
consequentemente, na situação de saúde da população e na forma como são organizados,
ofertados e mantidos os serviços nas diferentes regiões e suas localidades.
Por fim, cabe considerar ainda que a organização intergovernamental vigente no país,
a de Estado Federativo em que cada esfera de governo (união, estados e municípios) tem
autonomia de poder, é um sistema político complexo tanto do ponto de vista conceitual
quanto do ponto vista do funcionamento efetivo do sistema. Por sua vez, a Assembléia
Nacional Constituinte de 1988 redefiniu o arranjo federativo no país transferindo significativa
capacidade decisória, funções e recursos da união para estados e, principalmente, para
municípios.
Estes dados apresentados acima ajudam a compreender a complexidade dos
processos de negociação, pactuação e coalizão em torno das deliberações e tomadas de
decisão quando estão envolvidos os estados, o distrito federal e os municípios, todos com

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autonomia e responsabilidades compartilhadas de poder. Demonstram também as dificuldades


que nosso país encontra para a implementação de políticas públicas principalmente na
perspectiva do fortalecimento da democracia e consolidação das políticas sociais, como é o
caso do SUS.
Portanto, é neste contexto que se inserem as reflexões sobre os modelos de atenção à
saúde e é importante considerá-lo na análise sobre os modelos de atenção à saúde.
3.1.Conceito de modelos de atenção
31
Modelos de atenção à saúde são combinações tecnológicas estruturadas para a
resolução de problemas e para o atendimento das necessidades de saúde da população, sejam
elas individuais ou coletivas. Os modelos podem ser concebidos por meio de normas, padrões
e referências para o campo técnico-científico, para orientar escolhas técnicas, decisões
políticas e financiamentos. Concisamente, são as formas de organização tecnológica do
processo de prestação de serviços de saúde que resultam do estabelecimento de
intermediações entre o técnico e o político.
Portanto, refletir sobre modelos de atenção é refletir sobre as políticas públicas. Este é
um campo de conhecimento interdisciplinar que busca analisar as ações impulsionadas pelo
governo e que situa diversas partes do conhecimento em totalidades organizadas,
configurando um território de várias disciplinas comportando teorias, metodologias e modelos
analíticos. Nesses diversos olhares, as políticas públicas desenhadas e formuladas desdobram-
se em planos, programas, projetos, bases de dados, sistema de informação e pesquisas. A
formulação de políticas públicas constitui-se no movimento de transformação dos propósitos
em ações que produzirão mudanças no mundo real.
O SUS adquiriu status de uma das mais importantes políticas públicas governamentais
com as Leis Orgânicas da Saúde. A partir daí houve muitos desdobramentos a fim de traduzir
seus propósitos legais em recursos operacionalizáveis incluindo, necessariamente, aspectos
políticos, econômicos e sociais, estruturados com tecnologias apropriadas ao contexto das
práticas de cuidado à saúde, em especial na atenção básica. No entanto, vários foram os
contextos do setor saúde no Brasil antes do advento do SUS e é importante destacar nos
distintos tempos e políticas de saúde as principais características que delinearam os principais
modelos até se alcançar a expansão da ação estatal no setor saúde.
3.2.A reforma sanitária brasileira e as mudanças do modelo assistencial
Muitas foram as lutas para se chegar à conquista de criação e instituição do SUS e,
para muitos autores e pesquisadores, o SUS representa um grande avanço sociopolítico e
institucional, principalmente ao se considerar a realidade acima descrita do nosso país.

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As discussões sobre a necessidade de mudanças do modelo assistencial ganharam


força no final dos anos 70 com a emergência do movimento da Reforma Sanitária Brasileira.
A crítica ao modelo de saúde dominante no Brasil, altamente centralizado, fragmentado e
restrito às ações curativas apontava a necessidade de profundas transformações, evidenciando
a necessidade da descentralização dos serviços, humanização do atendimento e da atenção
integral garantindo o acesso à saúde para toda a população.
Cabe ressaltar que do início do século passado até meados da década de 1970, de
32
modo bastante resumido, a política de saúde passou por distintos períodos e modelos de
assistência. O período compreendido do início do século XX até 1929 (Primeira República),
caracterizado pela economia agro-exportadora e tendo o café como um dos principais
produtos de exportação originou na saúde pública, o modelo sanitarista campanhista
voltado essencialmente ao controle das endemias. A assistência à saúde individual era
prestada quase que exclusivamente de forma privada, excluindo o acesso de grande parte da
população que não podia pagar por estes cuidados, restando-lhes os serviços filantrópicos de
caridade.
O momento seguinte, compreendido entre aproximadamente 1920 a 1945, não marca
grandes transformações na saúde pública que continua voltado ao combate das doenças
endêmicas e, na assistência individual começa a se delinear o modelo médico assistencial
previdenciário com as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPS) e os Institutos de
Aposentadoria e Pensão (IAP) e que ganhará força no período seguinte.
De 1945 até meados da década de 1970 vários acontecimentos agravam as condições
sociais da população brasileira, em decorrência do período pós-guerra, da acelerada
urbanização, do assalariamento de parcelas crescentes da população e da reivindicação por
assistência médica e benefícios sociais. Com o golpe militar de 1964 e a intervenção do
Estado nos institutos (IAP), ocorre a unificação dos mesmos com a criação do Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS). Do ponto de vista de saúde pública, este novo quadro
substitui a ênfase na prevenção das doenças endêmicas pelas doenças de massa agravadas
pelas condições de vida e de trabalho e, na saúde individual, cresce o modelo médico
privatista centrado na assistência médica, nas práticas curativas altamente especializadas e
fragmentadas, no cuidado individual e na organização voltada ao complexo médico-
hospitalar.
É no final da década de 1970 que cresce a discussão em torno da necessidade de
mudanças dos modelos de assistência à saúde praticados no Brasil que, além de excludentes,
primavam pela dicotomia entre as ações preventivas e curativas. Este debate ganha expressão

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por meio de um movimento nacional suprapartidário composto por intelectuais, lideranças


políticas, profissionais e dirigentes de saúde e por representantes da sociedade civil
organizada que se articularam em torno desta temática configurando o movimento pela
Reforma Sanitária Brasileira (RSB).
Cabe ressaltar que no final dos anos 70, vários municípios brasileiros implantam
serviços de saúde organizados na perspectiva da descentralização do sistema. Campinas,
Londrina, Niterói e Montes Claros, entre outros, são exemplos de municípios pioneiros na
33
estruturação dos primeiros serviços municipais de saúde sob esta nova lógica. A grande
contribuição que trouxeram ao contexto da RSB foram os resultados advindos destas novas
formas de organização dos serviços com impactos positivos nos indicadores de saúde e na
cobertura à população desprovida de acesso aos serviços de saúde. Naquele período, em
âmbito mundial, ocorre a Conferência Internacional de Alma-Ata (1978) que traz para o
centro de discussão a Atenção Primária à Saúde (APS) como proposta de reordenamento dos
sistemas de saúde.
No transcorrer da década de 1980 vários acontecimentos contribuíram favoravelmente
para o crescimento de experiências estaduais e municipais de saúde. Com a severa crise
econômica da Previdência Social o modelo assistencial predominante revela sua ineficiência e
ineficácia por meio dos altos gastos com a prestação de serviços e da baixa qualidade dos
mesmos. Decorrente disso surge oportunidades de reorganização do sistema por meio das
Ações Integradas de Saúde (AIS) e do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde
(SUDS), ambas as propostas voltadas à descentralização fortalecendo a perspectiva de
municipalização dos serviços e de mudança do modelo assistencial.
Em 1986 ocorre a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS) que foi um marco de
referência para as mudanças no setor saúde. Ao propugnar a saúde como direito de todos e
dever do Estado, esta conferência reafirma e consolida as propostas do movimento sanitário
brasileiro e amplia o conceito de saúde conferindo-lhe o caráter de direito de cidadania.
Com a criação do SUS na Constituição de 1988 e sua instituição pelas Leis Orgânicas
da Saúde nº 8080/90 e nº 8142/90 ficam assegurados os princípios que devem reger a
organização do sistema de saúde brasileiro, a saber: descentralização, equidade, integralidade,
participação da população e universalização.
Como é possível observar, a necessidade de mudanças do modelo de atenção à saúde
tem sido reiteradamente discutida no Brasil antes inclusive da criação do SUS, numa
perspectiva de se criar um sistema de saúde que efetivamente valorize as ações de promoção
da saúde e de prevenção das doenças articulados com a atenção, recuperação e reabilitação

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das pessoas na perspectiva da integralidade do cuidado e do acesso aos serviços. Estes


pressupostos são identificados como vetores capazes de produzir impacto positivo na
construção de novos modelos, superando o anterior que permanece amalgamado na
supervalorização da doença, das práticas da medicina curativa, especializada e hospitalar e
que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, à
fragmentação do cuidado em saúde.
Portanto, a década de 1980 termina com muitos avanços para a saúde pública
34
brasileira, em especial para o nível primário de atenção que ganha nova visibilidade no
contexto brasileiro com a perspectiva de ampliação do acesso da população a estes serviços. A
instituição do arcabouço jurídico-legal do SUS no início dos anos 90 fortalece esta tendência
e inaugura a operacionalização do sistema por meio de normas, leis e decretos que visam
assegurar o cumprimento dos princípios e diretrizes do SUS na lógica das mudanças do
modelo de atenção.
Da mesma forma, a implantação do Programa Saúde da Família em 1994 com
diferentes tipos de incentivos operacionais e financeiros aos municípios contribuiu para a
ampliação do acesso e da descentralização das ações de saúde e inaugura novas reflexões
sobre o modo de fazer saúde e a necessidade de mudanças das práticas profissionais e
institucionais.
No final da década de 1990 e início dos anos 2000, a acelerada expansão da Saúde da
Família torna-se uma das principais estratégias de reorientação do modelo contribuindo para a
inauguração de um novo cenário nacional de organização dos serviços. Contudo, ainda que
com os incentivos e o crescimento de número de equipes, da cobertura populacional, da
criação dos mecanismos de apoio tanto para a formação de profissionais (cursos de
especialização e residências) e prestação do cuidado multiprofissional e interdisciplinar
(Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF), ainda são grandes os desafios para a
superação do modelo de saúde ainda hegemônico no país.
3.3.Modelo assistencial ou Modelo de atenção à saúde?
Esta pergunta é recorrente nos debates e reflexões sobre modelos. Embora não haja
estudos que apontem diferenças conceituais sobre estes dois termos, há referências empíricas
que evidenciam a necessidade de aprofundamento desta reflexão à luz da luta pela saúde
como direito de cidadania.
Ao se consultar o dicionário Aurélio, encontra-se por ―assistência‖ os seguintes
significados: proteção, amparo, arrimo; auxílio, ajuda; socorro médico; benefício concedido
àqueles que não podem demandar ou defender-se por falta de meios econômicos; serviços

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gratuitos de naturezas diversas que o Estado presta aos membros da comunidade. Da mesma
forma, encontra-se como definição do termo ―atenção‖ a aplicação cuidadosa da mente a
alguma coisa, concentração, reflexão, aplicação; ato ou palavras que demonstram
consideração; recomendação. Pode parecer num primeiro momento pouco significante este
jogo de palavras, mas, ao contrário, elas demonstram uma racionalidade subjacente que
permeia a luta e conquista da saúde como direito de cidadania.
Se modelo assistencial ou modelo de atenção é o modo como são organizadas, em uma
35
dada sociedade, as ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos e
assistenciais e é a forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos,
tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma
coletividade, cabe aprofundar o significado destas terminologias à luz da Constituinte.
O processo de implantação do SUS veio acompanhado de muitas reflexões sobre os
caminhos que melhor estruturassem o sistema dentro dos seus princípios finalísticos e
diretrizes estabelecidas. Uma das importantes reflexões refere-se ao direito de cidadania que
desde a VIII Conferência Nacional de Saúde está presente na agenda da Reforma Sanitária
Brasileira e que, apesar de assegurada pela Constituição de 1988, requer amplas mudanças
sociais, políticas, econômicas e culturais no país para sua efetivação.
No Brasil, a dívida política marcada pelo autoritarismo que dominou o país por duas
décadas, deixou importantes sequelas que estão refletidas na fragilidade do processo de
democratização da sociedade e de luta pela conquista de políticas sociais mais estáveis e
duradouras que atendam ao bem-estar da população. O direito de cidadania não está
incorporado ao cotidiano dos indivíduos e famílias que ainda necessitam lutar pela sua
sobrevivência mais do que por seus direitos humanos.
O direito à cidadania ainda é visto como privilégio de poucos e concessão do Estado e,
ainda, os direitos dos cidadãos aparecem como benesse, sujeitos ao controle de uma
burocracia que, por meio de normas, estabelece quem tem ou não direitos, configurando assim
o que se denomina de ―cidadania regulada‖, evidenciando a existência de fragilidades do
acesso aos direitos de cidadania que estão fortemente presentes no contexto brasileiro.
Diante dessas reflexões e das bases de criação do SUS, aos poucos o termo modelo
assistencial vem sendo substituído por modelo de atenção à saúde por se entender que a
denominação ―assistencial‖ traz, em seu bojo, a representação de cidadania considerada como
dádiva, como benevolência ou favor e não como direito de cidadania e responsabilidade do
Estado em garantir o acesso aos serviços públicos por meio de políticas sociais consistentes,
duradouras e de boa qualidade.

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Da mesma forma, considerando as diferentes realidades regionais brasileiras o termo


modelo ganhou pluralidade e cada vez é mais comum falar-se em modelos de atenção na
perspectiva de que o SUS, por meio de seus princípios e diretrizes, constitui-se em um
referencial ideológico norteador da organização dos serviços de saúde.
Portanto, no contexto da Reforma Sanitária Brasileira, quando se fala em mudança do
modelo de atenção à saúde é importante compreender que esta mudança é relativa ao modelo
ainda hegemônico no Brasil, ou seja, o modelo centrado nas ações médico-curativas,
36
excessivamente especializado, de alto custo e baixa resolutividade, com ênfase no cuidado
fragmentado e no ambiente hospitalar e, portanto, não estruturado, não centrado no cidadão.
O modelo idealizado para o SUS é o oposto haja vista que preconiza a integralidade do
cuidado, a garantia do acesso, a regionalização e descentralização dos serviços, as ações
humanizadas e resolutivas de saúde e voltadas às necessidades de toda a população por meio
de ações de planejamento e avaliação que respeitem as diferentes necessidades e problemas de
saúde locais e regionais. Para tanto, requer um processo de luta política e social visando
garantir avanços em direção às mudanças pretendidas.
Desta forma, há que se reconhecer que para mudar a lógica do modelo hegemônico
faz-se necessário promover mudanças também no lócus de prestação do cuidado, buscando
intervir nos problemas de saúde de forma mais precoce e longitudinal, ou seja, com
possibilidades de acompanhamento dos indivíduos em seus contextos familiares e territoriais.
Nesse sentido, a organização da rede básica de saúde representa uma oportunidade de
acúmulo de forças em direção à própria consolidação dos princípios e diretrizes do SUS.

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4. ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA, MÉDIA


E ALTA COMPLEXIDADE
Pode-se considerar como o marco zero da descentralização dos serviços de saúde no
Brasil o final da década de 1970, quando são inauguradas as primeiras experiências
municipais que se espelharam, pouco depois, na Atenção Primária à Saúde (APS). Desde
então, na trajetória da descentralização dos serviços de saúde no Brasil, os conceitos de
Atenção Primária e, posteriormente, de Atenção Básica e de Saúde da Família, foram
37
incorporados paulatinamente ao cenário da RSB.
No período anterior à criação do SUS, a APS representava um marco referencial para
a organização dos serviços, sendo considerada como uma das principais alternativas de
mudança do modelo assistencial. Por sua vez, desde a criação do SUS e do desenvolvimento
de seus mecanismos financeiros e operacionais, percebe-se que ora se utiliza o termo Atenção
Básica, ora Atenção Primária.
A gênese da Atenção Primária à Saúde encontra-se nas formulações de Bertrand
Dawson (Inglaterra) quando, no início do século XX, Abraham Flexner propõe, nos EUA, um
modelo polarizado de atenção à saúde, no qual, de um lado, estava o médico da comunidade,
cuja formação deveria ser generalista para atuar nas pequenas cidades americanas e, de outro,
o médico especialista cuja formação deveria ser mais qualificada para atender nos hospitais,
apontando, nesta proposição, uma superioridade dos médicos especialistas sobre os
generalistas. Em contraposição, Dawson, por meio de uma consistente crítica a este modelo,
propõe um sistema de saúde integrado, organizado por níveis de complexidade crescente, com
serviços regionalizados e realizados, basicamente, por médicos de formação generalista.
Os sistemas de saúde da Inglaterra, Canadá, Cuba e Espanha têm, nos serviços de
Atenção Primária, a porta de entrada promovendo cuidados primários contínuos para toda a
população atuando integradamente aos demais componentes do sistema. Neles, a APS
constitui a base do sistema que é universal, gratuito e público.
Nos anos de 1950, numa escala mundial, devido ao aumento generalizado dos gastos
com saúde decorrentes da demanda crescente por serviços cada vez mais especializados,
aumento das internações hospitalares, elevação contínua dos custos da assistência devido ao
envelhecimento e aumento da expectativa de vida da população, baixa qualidade da relação
médico-paciente e falta de acesso da população aos serviços de saúde, generaliza-se uma crise
setorial. Para superá-la, uma das estratégias internacionais foi a realização, em 1978, da
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde — Conferência de Alma Ata,
sob auspícios da Organização Mundial de Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a

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Infância, na qual a Atenção Primária à Saúde torna-se uma referência para a organização dos
serviços.
O Relatório de Alma Ata reafirma um conjunto de preceitos essenciais para a
reorganização dos serviços, tais como: saúde como direito humano fundamental;
responsabilidade dos governos pela saúde de sua população; adequação tecnológica, porta de
entrada do sistema, universalidade, participação da comunidade, acessibilidade; racionalidade
nos custos e continuidade no processo de assistência; e construção dos sistemas a partir dos
38
principais problemas de saúde, educação em saúde, serviços de promoção, prevenção, cura e
reabilitação, intersetorialidade e articulação com serviços de referência.
No Brasil, o referencial proposto em Alma Ata da Atenção Primária à Saúde não só
inspirou e fortaleceu as primeiras experiências empíricas de implantação dos serviços
municipais de saúde como trouxe aportes conceituais e práticos para a organização dos
serviços. Na década de 1980, vários fatores que contribuíram para a descentralização do
sistema na perspectiva da APS. Entretanto, naquele período vivia-se a discussão sobre o como
descentralizar os serviços de atenção médica do então Instituto Nacional de Assistência
Médica Previdenciária e Social (Inamps) por meio das Ações Integradas de Saúde (AIS). Por
um lado, havia experiências de organização dos serviços de atenção primária, centrados no
papel dos médicos generalistas, no trabalho em equipe, nas patologias delegadas aos
enfermeiros e auxiliares e nas ações de prevenção das doenças. Por outro lado, havia o debate
sobre a incorporação das especialidades médicas básicas nas Unidades de Saúde - da
Pediatria, da Ginecologia e Obstetrícia e da Clínica Geral como forma de ampliar o acesso,
tornar os serviços mais efetivos e aumentar a cobertura destas especialidades nos grupos mais
vulneráveis da população, principalmente crianças e mulheres na fase reprodutiva. Ao final, o
que predominou na organização dos serviços foi um mix de ambos os modelos, mas com
perda significativa para o processo de valorização do médico generalista, do papel do
enfermeiro e do trabalho em equipe em relação às atividades clínico-assistenciais no âmbito
dos serviços municipais de saúde.
As reformas decorrentes da reorganização da política nacional de saúde a partir das
Ações Integradas de Saúde não tiveram um impacto suficiente para melhorar a qualidade dos
serviços oferecidos à população. Elas transformaram a função e o papel das secretarias
estaduais, das regionais de saúde e dos municípios, mas, do ponto de vista do modelo de
atenção, estas reformas não quebraram a hegemonia do projeto privado nem a predominância
do enfoque curativo e medicalizante.

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A década de 1990 começa com algumas conquistas no plano político brasileiro – a


recém aprovação da Constituição Federal trazendo avanços na esfera social e a eleição direta
para presidência da República. Também inicia com a formulação das leis infraconstitucionais
do SUS, editadas em dezembro de 1990 (Leis Nº. 8.080/90 e Nº. 8.142/90). Estas leis
instituem o SUS de acordo com a concepção da saúde como um Direito Universal proposto na
Constituinte e, portanto, como uma condição de cidadania.
Naquele momento, os textos da Constituinte, das Leis 8.080 e 8.142 e das Normas
39
Operacionais Básicas (NOB 91 e 92) não fazem qualquer referência ao desenho de modelo de
atenção à saúde para nortear os municípios na estruturação dos seus sistemas de saúde e do
papel dos estados neste processo. Não há qualquer indicativo sobre as ações específicas a
serem asseguradas pelo SUS nos diferentes níveis de complexidade do sistema: primário (ou
básico), secundário (ou especializado) e terciário (ou hospitalar). Neles, tampouco, há uma
orientação explícita definindo o rol das ações de saúde de competência de cada nível. As
ações explicitamente citadas são as de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde
do trabalhador, alimentação e nutrição e saneamento básico. Da mesma forma, não há citação
sobre atenção primária ou atenção básica nem atividades correlatas, como responsabilidade do
primeiro nível de atenção.
O uso da terminologia ―Atenção Básica‖ parece surgir a partir dos documentos oficiais
com a NOB/96, a criação do Piso Assistencial Básico (PAB) e das novas modalidades de
gestão. Do ponto de vista do modelo de atenção, é nela que encontram-se as primeiras
citações sobre a necessidade de mudança do modelo de atenção à saúde apontando o
Programa Saúde da Família como alternativa estratégica para a organização dos serviços
básicos.
A instituição do PAB em suas modalidades – PAB fixo e variável é que define, pela
primeira vez, recursos a serem repassados aos municípios contemplando as ações básicas já
desenvolvidas (ou a ser desenvolvidas) pelos municípios, mediante financiamento per capita
(PAB fixo) e por incentivos específicos às áreas consideradas estratégicas para a Atenção
Básica (PAB variável) como os programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), de
Saúde da Família (PSF); de Combate às Carências Nutricionais; a Farmácia Básica e as Ações
Básicas de Vigilância Sanitária. E ainda, assegura incentivos à execução de experiências
inovadoras nos serviços municipais com aumento de transferências de recursos federais para
estados e municípios, estimulando a expansão dos Programas de Saúde da Família e de
Agentes Comunitários de Saúde e a organização de redes de referência em vários municípios
e estados.

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Ao que parece, a NOB 96 é a que dá um novo impulso à configuração de um novo


modelo de organização dos serviços de saúde ao prever, pela primeira vez desde a
implantação do SUS, recursos exclusivos para o financiamento da Atenção Básica assim
como o que já existia na assistência ambulatorial de média e alta complexidade. Desta forma,
a Atenção Básica deixa de ser apenas um conjunto de procedimentos da tabela SIA/SUS
(ações básicas) presentes nas Normas Operacionais Básicas anteriores, passando
gradativamente a representar um nível de organização dos serviços de saúde no SUS. Neste
40
momento, pode-se dizer que ocorre uma equivalência entre os conceitos de atenção básica e
de atenção primária em saúde.
Em 2006, é editado o Pacto pela Saúde composto por três dimensões: Pacto pela Vida,
Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão. Este Pacto apresenta propostas de importantes
mudanças para a efetivação do SUS entre elas a substituição do processo de habilitação
(gestão plena da atenção básica e gestão plena do sistema) por uma adesão solidária aos
Termos de Compromisso de Gestão; a Regionalização solidária e cooperativa como eixo
estruturante do processo de descentralização; a integração das várias formas de repasse dos
recursos federais e a unificação dos vários pactos existentes no âmbito do SUS.
A elaboração do Pacto pela Saúde envolveu dirigentes e técnicos do Ministério da
Saúde e atores políticos de instâncias importantes do SUS, como os representantes dos
conselhos nacionais de secretários estaduais e municipais de saúde e é hoje a diretriz vigente
nas pactuações do SUS em todas as esferas de governo. Na sua dimensão Pacto pela Vida
aponta claramente para o compromisso entre os gestores do SUS de seis prioridades, entre
elas o fortalecimento a Atenção Básica assumindo a estratégia Saúde da Família como a
prioritária para tal. A dimensão Gestão aponta cinco blocos de financiamento para o custeio
do SUS, sendo um deles o da Atenção Básica composto por dois pisos: da Atenção Básica e
da Atenção Básica Variável sendo que neste último está incluso o financiamento para a Saúde
da Família, Agentes Comunitários de Saúde, Saúde Bucal e outros.
O Pacto pela Saúde apresenta a Política Nacional de Atenção Básica aprovada pela
Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006 que traz toda a estruturação e competências
intergovernamentais para seu desenvolvimento. Em todo o documento constata-se a referência
à estratégia Saúde da Família como o eixo condutor da reorganização da Atenção Básica
dentro dos preceitos do SUS as não há referências sobre a APS.
Em síntese, o que se evidencia no cenário brasileiro é uma indefinição e imprecisão
dos referencias conceituais adotados na definição das políticas públicas, situação observada
nos principais documentos do Ministério da Saúde e dos órgãos e instâncias representativas

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do SUS (CONASS, CONASEMS e Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde). O


consenso existente é que a Estratégia Saúde da Família é o locus privilegiado da organização
do cuidado em saúde em ambos os referenciais.
O crescimento da Saúde da Família trouxe para a centralidade dos debates a
insuficiência dos arranjos organizacionais atuais e os limites das práticas profissionais e de
gestão no que se refere especificamente à mudança do paradigma que rege o tradicional
modelo de atenção à saúde. A Saúde da Família, embora esteja mais estruturada nos
41
referenciais da Vigilância em Saúde, referencial este que sustenta a Saúde da Família como
eixo estruturante da Atenção Básica ou da Atenção Primária à Saúde e que diverge, portanto,
das análises que entendem a Saúde da Família como a versão contemporânea da medicina
simplificada; como um programa; como medicina familiar ou apenas como atenção materno-
infantil, também incorpora aspectos das concepções apresentadas pelas propostas Em Defesa
da Vida e das Ações Programáticas.
Embora a Saúde da Família tenha crescido sobremaneira no país e enfrente vários
desafios para viabilizar-se como estratégia estruturante da APS nos municípios, é uma
estratégia com grande potencial para a produção de mudanças das práticas e, ao mesmo tempo
em que cresce, desvenda as fragilidades crônicas já presentes nos serviços e para as quais
ainda não foram dadas soluções concretas. Entre essas estão as práticas profissionais e as
práticas institucionais, ambas não atendendo adequadamente às novas necessidades que estão
colocadas para a saúde da população. Neste contexto, surge o modelo das redes de atenção
como proposta de articulação entre os diferentes modelos com vistas ao redesenho
organizacional dos serviços no SUS.
4.1.As redes de atenção à saúde como caminho para o fortalecimento do sistema único
de saúde
Como visto anteriormente, há necessidade de se avançar no processo da Reforma
Sanitária Brasileira. Isso fica evidente ao se constatar os limites das estratégias adotadas até
então para a superação do modelo e práticas de saúde ainda hegemônicas no Brasil. Muitos e
bons avanços ocorreram e estes avanços possibilitaram a produção de reflexões e proposições
voltadas ao enfrentamento dos nós críticos percebidos no desenvolvimento do SUS.
Atualmente, uma nova agenda política está colocada no contexto da saúde – a da
construção das Redes de Atenção. Esta proposta emerge a partir da avaliação da situação de
saúde da população que configura uma nova realidade sanitária vivida por muitos países onde
se entrelaçam fatores como: 1) a diminuição das taxas de fecundidade e o aumento da
expectativa de vida cujo desfecho é o envelhecimento da população e o aumento dos agravos

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crônicos de saúde; 2) padrões de consumo e hábitos de vida não saudáveis cujo desfecho são
estilos de vida que também aumentam as condições crônicas; 3) a acumulação epidemiológica
caracterizada pela superposição de novas doenças infecciosas e o ressurgimento de doenças
que se acreditavam superadas e, 4) crescimento acelerado da violência e causas externas31.
Ainda, este complexo contexto de saúde tem sido definido, mais recentemente, como
situação das condições de saúde caracterizada pela tripla carga de doenças que envolve, ao
mesmo tempo, uma agenda ainda não concluída de problemas de saúde ainda não superados
42
(doenças infecciosas, desnutrição e problemas de saúde materno-infantil), os desafios das
doenças crônicas e de seus fatores de risco (tabagismo, alimentação inadequada,
sedentarismo, outros) e o forte crescimento da violência e das causas externas (homicídios,
acidentes de trânsito).
Os sistemas de saúde, como é o caso do SUS, não estão organizados para dar respostas
sociais a este novo quadro sanitário que caracteriza o mundo contemporâneo. A
desarticulação entre os diferentes serviços, níveis de complexidade e recursos de apoio social
tem sido fator de evidência da fragmentação do cuidado e da baixa resposta aos problemas de
saúde da população e do alto custo do sistema.
O funcionamento das Redes de Atenção pressupõe uma articulação entre todos os
pontos de atenção à saúde onde a Atenção Primária à Saúde ocupa papel importante na
coordenação e continuidade do cuidado mediante critérios de regionalização definidos a partir
dos territórios de saúde.

PROPOSTAS PARA ESTUDO

 Quais são os principais modelos de atenção à saúde que antecederam o SUS?


 E quais os que vieram após a criação do SUS?
 Quais são as principais características que diferenciam os modelos nestes dois
momentos?
 Quais as contribuições que a estratégia Saúde da Família trouxe para o contexto dos
modelos de atenção?
 Quais são os principais desafios para a organização dos serviços de saúde no mundo
contemporâneo?
 Quais as possibilidades que se vislumbram para o avanço do SUS?

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5. PRIORIDADES POLÍTICAS DE SAÚDE DO GOVERNO FEDERAL, ESTADUAL


E MUNICIPAL ATUAL.
5.1.Sistema Nacional de Saúde
A Constituição brasileira de 1988 diz que a ―Saúde é direitos de todos e dever do
Estado‖ e criou o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos de
saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento para avaliação da pressão
arterial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda
43
a população do país. Amparado por um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado em
1988, pela Constituição Federal Brasileira, para ser o sistema de saúde dos mais de 200
milhões de brasileiros.
A saúde deve ser compreendida como qualidade de vida e não apenas como ausência
de doenças. Isso deve ser garantido por políticas sociais e econômicas, reduzindo o risco de
doenças e promovendo o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção,
proteção e recuperação da saúde. A gestão das ações e dos serviços deve ser participativa e
municipalizada.
Antes de 1988, o sistema público de saúde atendia a quem contribuía para a
Previdência Social. 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares. Quem não
tinha dinheiro dependia da caridade e da filantropia.
Com a criação do SUS para todos, sem discriminação, a atenção integral à saúde
passa a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestão e por toda a vida, com foco na
saúde com qualidade de vida.
O SUS é muito mais do que a assistência médico-hospitalar. Ele também se
desenvolve nas cidades e no interior, nas fronteiras, portos e aeroportos, em ações
importantes como a prevenção, a vacinação e o controle de doenças. Faz a vigilância
permanente nas condições sanitárias, no saneamento, nos ambientes, na segurança do
trabalho, na higiene dos estabelecimentos e nos serviços. Regula o registro de
medicamentos, insumos e equipamentos, controla a qualidade de alimentos e sua
manipulação. Normaliza serviços e define padrões para garantir maior proteção à saúde.
5.2.Estrutura do SUS
 Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações,
em articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no âmbito da Comissão
Intergestores Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua
estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais.

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 Secretaria Estadual de Saúde (SES)


Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos municípios em
articulação com o conselho estadual e participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
para aprovar e implementar o plano estadual de saúde.
 Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde em articulação
com o conselho municipal e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de
44
saúde.
 Conselho Nacional de Saúde (CNS)
O CNS propõe, delibera, monitora e avalia as políticas públicas e o plano de saúde adotados
nas três esferas de governo. É composto por 48 instituições, metade representando entidades
de usuários e movimentos sociais. Os conselhos de saúde garantem a participação da
população na fiscalização e formulação de estratégias da aplicação pública dos recursos de
saúde.
 Conselho de Saúde (municipal ou estadual)
São 26 conselhos estaduais, um do DF e 5.562 conselhos municipais (continua este
número?) que atuam como instância de participação social e controle das políticas e planos
de saúde.
 Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Entidade representante das secretarias estaduais de saúde e do DF, integra a CIT e atua em
prol de ações e serviços de saúde.
 Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)
Entidade representante das secretarias municipais de saúde, integra a CIT e atua em prol de
ações e serviços de saúde.
 Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
Representação estadual dos Conasems, integra a CIB, articula e mobiliza os secretários
municipais para o intercâmbio de experiências e fortalecimento das políticas de saúde.
 Comissão Intergestores tripartite (CIT)
Instância deliberativa que integra gestores municipais, estaduais e federais para o
planejamento, implementação e avaliação de políticas de planos de saúde.
 Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
Instância deliberativa que integra gestores estaduais e municipais para o planejamento,
implementação e avaliação de políticas e planos de saúde.
 Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS

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Criada em 2003, a MNNP-SUS reúne gestores e trabalhadores para negociação e


aperfeiçoamento da relação de trabalho no setor saúde.
5.3.Responsabilidade dos entes
Qual a responsabilidade financeira do governo federal na área de saúde?
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo federal é
o principal financiador da rede pública de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde
aplica metade de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, e
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estados e municípios, em geral, contribuem com a outra metade dos recursos. O Ministério
da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização
dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas,
etc.). • Também tem a função de planejar, criar normas, avaliar e utilizar instrumentos para
o controle do SUS.
Qual a responsabilidade do governo estadual na área de saúde?
 Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde.
 O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os
repassados pela União.
 Além de ser um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o
estado formula suas próprias políticas de saúde.
 Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal.
 Os gestores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento à saúde em
seu território.
Qual a responsabilidade do governo municipal na área de saúde?
 A estratégia adotada no país reconhece o município como o principal responsável pela
saúde de sua população.
 A partir do Pacto pela Saúde, de 2006, o gestor municipal assina um termo de
compromisso para assumir integralmente as ações e serviços de seu território.
 Os municípios possuem secretarias específicas para a gestão de saúde.
 O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União e pelo
estado.
 O município formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos parceiros
para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde.
 Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal
e o planejamento estadual.

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 Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno
de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que
pode oferecer.
5.4.Para entender o SUS
Segundo a Cartilha “Entendendo o SUS”, existem 10 informações que são
importantes:
1. Todos os estados e municípios devem ter conselhos de saúde compostos por 46
representantes dos usuários do SUS, dos prestadores de serviços, dos gestores e dos
profissionais de saúde. Os conselhos são fiscais da aplicação dos recursos públicos em
saúde.
2. A União é o principal financiador da saúde pública no país. Historicamente, metade
dos gastos é feita pelo governo federal, a outra metade fica por conta dos estados e
municípios. A União formula políticas nacionais, mas a implementação é feita por seus
parceiros (estados, municípios, ONGs e iniciativa privada)
3. O município é o principal responsável pela saúde pública de sua população. A partir
do Pacto pela Saúde, assinado em 2006, o gestor municipal passa a assumir imediata ou
paulatinamente a plenitude da gestão das ações e serviços de saúde oferecidos em seu
território.
4. Quando o município não possui todos os serviços de saúde, ele pactua (negocia e
acerta) com as demais cidades de sua região a forma de atendimento integral à saúde de
sua população. Esse pacto também deve passar pela negociação com o gestor estadual.
5. O governo estadual implementa políticas nacionais e estaduais, além de organizar o
atendimento à saúde em seu território.
6. A porta de entrada do sistema de saúde deve ser preferencialmente a atenção básica
(postos de saúde, centros de saúde, unidades de Saúde da Família, etc.). A partir desse
primeiro atendimento, o cidadão será encaminhado para os outros serviços de maior
complexidade da saúde pública (hospitais e clínicas especializadas).
7. O sistema público de saúde funciona de forma referenciada. Isso ocorre quando o
gestor local do SUS, não dispondo do serviço de que o usuário necessita, encaminha-o
para outra localidade que oferece o serviço. Esse encaminhamento e a referência de
atenção à saúde são pactuados entre os municípios.
8. Não há hierarquia entre União, estados e municípios, mas há competências para cada
um desses três gestores do SUS. No âmbito municipal, as políticas são aprovadas pelo

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Conselho Municipal de Saúde (CMS); no âmbito estadual, são negociadas e pactuadas


pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) – composta por representantes das
secretarias municipais de saúde e secretaria estadual de saúde – e deliberadas pelo
Conselho Estadual de Saúde (CES) – composto por vários segmentos da sociedade:
gestores, usuários, profissionais, entidades de classe, etc.; e, por fim, no âmbito federal,
as políticas do SUS são negociadas e pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite
(CIT) – composta por representantes do Ministério da Saúde, das secretarias municipais
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de saúde e das secretarias estaduais de saúde.
9. Os medicamentos básicos são adquiridos pelas secretarias estaduais e municipais de
saúde, dependendo do pacto feito na região. A insulina humana e os chamados
medicamentos estratégicos – incluídos em programas específicos, como Saúde da
Mulher, Tabagismo e Alimentação e Nutrição – são obtidos pelo Ministério da Saúde. Já
os medicamentos excepcionais (aqueles considerados de alto custo ou para tratamento
continuado, como para pós-transplantados, síndromes – como Doença de Gaucher – e
insuficiência renal crônica) são comprados pelas secretarias de saúde e o ressarcimento
a elas é feito mediante comprovação de entrega ao paciente. Em média, o governo
federal repassa 80% do valor dos medicamentos excepcionais, dependendo dos preços
conseguidos pelas secretarias de saúde nos processos licitatórios. Os medicamentos para
DST/Aids são comprados pelo ministério e distribuídos para as secretarias de saúde.

10. Com o Pacto pela Saúde (2006), os estados e municípios poderão receber os recursos
federais por meio de cinco blocos de financiamento: 1 – Atenção Básica; 2 – Atenção de
Média e Alta Complexidade; 3 – Vigilância em Saúde; 4 – Assistência Farmacêutica; e
5 – Gestão do SUS. Antes do pacto, havia mais de 100 formas de repasses de recursos
financeiros, o que trazia algumas dificuldades para sua aplicação.
5.5.Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde
Assegura ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde, sejam
eles públicos ou privados.
 Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
 Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
 Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer
discriminação.
 Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus
direitos.

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 Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu trata- mento aconteça da
forma adequada.
 Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os
princípios anteriores sejam cumpridos.
5.6.Entendendo princípios do SUS
 Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao
Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a
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todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características
sociais ou pessoais.
 Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as
pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm
necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os
desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
 Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas
as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção
da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio
de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para
assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na
saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
5.7.Princípios organizativos
 Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis
crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados
a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser
atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem,
visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de
níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade
requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região.
 Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização
objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por
parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o
município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas,
administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da
descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de

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governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios


gerais e a participação da sociedade.
 Participação Popular: a sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto,
devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular
estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.

Glossário do Sus
 Assistência farmacêutica – é o processo de planejamento, aquisição, distribuição, 49
controle da qualidade e uso de medicamentos voltados para proteção e recuperação da
saúde.
 Atenção à saúde – é tudo que envolve o cuidado com a saúde do cidadão, incluindo
atenção básica e especializa, ações e serviços de promoção, prevenção, tratamento e
reabilitação.
 Ciência e tecnologia – ações de pesquisa, desenvolvimento, difusão e aplicação de
conhecimentos nas áreas de saúde, educação, gestão, informação, além de outras ligadas à
inovação e difusão tecnológica.
 Educação em saúde – processo para aumentar a capacidade das pessoas no cuidado
da saúde e no debate com os profissionais e gestores, a fim de alcançar uma atenção à
saúde de acordo com suas necessidades.
 Gestão do trabalho – é a organização das relações de trabalho baseada na
participação do trabalhador de saúde como sujeito e agente transformador do seu
ambiente.
 Gestão participativa – atuação efetiva de cidadãos, conselheiros, gestores,
profissionais e entidades civis na formulação de políticas, na avaliação e na fiscalização
de ações de saúde.
 Promoção da saúde – conjuntos de ações sanitárias integradas, inclusive com outros
setores do governo e da sociedade, que busca o desenvolvimento de padrões saudáveis de:
qualidade de vida, condições de trabalho, moradia, alimentação, educação, atividade
física, lazer entre outros.
 Regulação – é o poder exercido pelo Estado para fiscalizar e estabelecer padrões,
normas e resoluções para serviços, produtos, estabelecimentos e atividades públicas ou
privadas em prol do interesse coletivo.

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 Sangue e hemoderivados – sangue é o líquido que circula no corpo humano e que


quando doado será utilizado em transfusões ou transformado em outros produtos, os
hemoderivados, como plasma e albumina.
 Saúde suplementar – é o sistema privado de assistência à saúde das operadoras de
planos de saúde e prestadores de serviços aos beneficiários, sob a regulação da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
 Vigilância em Saúde – Conjunto de atividades que proporcionam conhecimento,
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detecção, análise e monitoramento de doenças decorrentes, inclusive, de fatores
ambientais, com a finalidade de controlar e prevenir problemas na saúde humana.
 Vigilância Sanitária – Ações de controle, pesquisa, registro e fiscalização de
medicamentos, cosméticos, produtos de higiene pessoal, perfumes, saneantes,
equipamentos, insumos, serviços e fatores de risco à saúde e ao meio ambiente.
O Sistema Único de Saúde (SUS) faz parte de um dos maiores sistemas públicos de saúde do
mundo e é o único a garantir acesso integral, universal, igualitário e gratuito para toda a
população. O Sistema foi criado na Constituição de 1988, quando a saúde se tornou direito do
cidadão. Os gestores do SUS são o Ministro da Saúde, em nível nacional, o Secretário de
Estado da Saúde, em nível regional, e o Secretário Municipal de Saúde. Eles podem dividir
funções, mas todos devem ser parceiros para garantir a saúde da população.
Confira os compromissos de cada um:
União
É responsabilidade da União coordenar os sistemas de saúde de alta complexidade e de
laboratórios públicos. Por meio do Ministério da Saúde, a União planeja e fiscaliza o SUS em
todo o País. O MS responde pela metade dos recursos da área; a verba é prevista anualmente
no Orçamento Geral da União.
Estados
É papel dos governos estaduais criar suas próprias políticas de saúde e ajudar na execução das
políticas nacionais aplicando recursos próprios (mínimo de 12% de sua receita) além dos
repassados pela União. Os Estados também repassam verbas aos municípios. Além disso, os
estados coordenam sua rede de laboratórios e hemocentros, definem os hospitais de referência
e gerenciam os locais de atendimentos complexos da região.
Municípios
É dever do município garantir os serviços de atenção básica à saúde e prestar serviços em sua
localidade, com a parceria dos governos estadual e federal. As prefeituras também criam
políticas de saúde e colaboram com a aplicação das políticas nacionais e estaduais, aplicando

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recursos próprios (mínimo de 15% de sua receita) e os repassados pela União e pelo estado.
Igualmente os municípios devem organizar e controlar os laboratórios e hemocentros. Os
serviços de saúde da cidade também são administrados pelos municípios, mesmo aqueles
mais complexos.
Distrito Federal
Em relação ao Distrito Federal, acumulam-se as competências estaduais e municipais,
aplicando o mínimo de 12% de sua receita, além dos repasses feitos pela União.
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PARA SABER MAIS:


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Acessar www.saude.gov.br
Acessar www.opas.org.br
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2013/agosto/28/cartilha-entendendo-o-sus-
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http://www.ccs.saude.gov.br/SUS20Anos/mostra/index.html

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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