Você está na página 1de 4

TAREFA Unidade 2:

A partir da leitura do material da unidade 2 e do texto abaixo, assista ao vídeo que simula
uma sessão de TCC com Paulo Knapp e o personagem Dorian Gray (oscar Wilde),
ocorrido no Congresso de Cérebro e Comportamento, em Gramado, 2009. Assista em
https://www.youtube.com/watch?v=yHKfSQIhg2E (introdução),
https://www.youtube.com/watch?v=b9MBAnvkxOw&t=12s (somente TCC) ou
https://www.youtube.com/watch?v=xpvWBW4857Y&t=13s (Completo TCC e Psicanálise)

Identifique no vídeo os Princípios da Terapia Cognitiva por BECK, J. Terapia cognitiva:


Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2014.

SOUZA, F. 10 Princípios da Terapia Cognitiva – O quarto princípio é o mais importante.


Disponível em http://www.psicologiamsn.com/2014/03/10-principios-da-terapia-cognitiva-
o-quart-principio-e-o-mais-importante.html. Acesso em 26 mar 2018.

Hoje vamos falar a respeito dos 10 princípios da Terapia Cognitiva, conforme descritos por
Judith Beck, filha do criador desta abordagem e também terapeuta cognitiva, no livro:
“Terapia Cognitiva: Teoria e Prática”. Ao longo do texto, vou citar cada um dos princípios,
de acordo com a renomada autora e comentar com minhas palavras o significado de cada
um deles.

10 Princípios da Terapia Cognitiva

Princípio 1: A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo


desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos.

Em outras palavras, a avaliação psicológica feita pelo terapeuta cognitivo está sempre em
processo, sempre acontecendo, e evoluindo de acordo com as sessões. Ou seja, não há
uma formulação única e definitiva, uma forma fechada de ver o paciente como sendo X ou
como tendo o comportamento Y. A avaliação é constantemente revisada, levando-se em
conta, também, as mudanças que vão ocorrendo ao longo do tempo, com a sequência
das sessões.

Princípio 2: A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura

Isto significa que o terapeuta vai buscar criar um clima de confiança, para que o paciente
se sinta livre para se abrir e contar o que for necessário durante as consultas. Com isso, a
empatia, a atenção e o respeito verdadeiro por parte do terapeuta são fundamentais para
que as sessões possam fluir a contento. Com a experiência de mais de cinco décadas, a
abordagem da terapia cognitiva afirma que, enquanto alguns pacientes tem facilidade de
confiar, outros podem apresentar extrema dificuldade, o que torna as sessões não
somente mais lentas, mas faz com que a aliança terapêutica segura exija uma
preocupação maior.

Princípio 3: A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e participação ativa

Em cada sessão, o terapeuta e o paciente estão com colaboração e isto quer dizer que
ambos decidem o conteúdo que será trabalhado, o número de sessões semanais que é
ideal para a eficácia do tratamento, se é adequado ou não uma determinada “tarefa de
casa” a ser realizada pelo paciente. Portanto, o terapeuta tem uma participação ativa no
processo da terapia, propondo o seguimento das próximas consultas, bem como o
resumo final em cada uma delas. Enfim, há sempre o encorajamento de que as consultas
sejam em mútuo acordo, com o objetivo último de dar cada vez mais autonomia para
quem buscou o tratamento.

Princípio 4: A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas

Este é um dos principais princípios da terapia cognitiva, em minha opinião, pois


demonstra que há um foco, há uma meta, há um objetivo no tratamento como um todo,
mas também em cada sessão deste. O quarto princípio está claramente em distinção com
toda a linha terapêutica que vem da psicanálise e é chamada de psicodinâmica, ou seja,
todas as outras linhas que não são diretivas e deixam que o conteúdo surja a partir do
inconsciente.

Assim, na terapia cognitiva já na primeira sessão há o levantamento completo do porquê


do tratamento, o que vai ser tratado, qual é o problema específico a ser resolvido a fim de
que ao final possa ser feita uma avaliação se foi positivo ou negativo, se foi eficaz ou
ineficaz – o que nem sempre é possível em outros tratamentos psicológicos. Evidente,
que a terapia cognitiva já demonstrou a sua eficácia, mas é sempre interessante saber
que, no final, há a possibilidade de saber em detalhes o que ocorreu, como ocorreu e para
que.

Portanto, há uma orientação a ser buscada no consultório para cada um, há um foco, um
objetivo, uma meta (ou várias). Com isso, o terapeuta pode se organizar para utilizar as
melhores estratégias para resolver os problemas, ajudando o paciente a mudar de
pensamento e agir de formas mais funcionais.

Princípio 5: A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente

Este princípio também é importantíssimo para a terapia cognitiva. O que é interessante de


observarmos é que, para a grande maioria dos pacientes, o problema está localizado no
momento presente, embora seja projetado em causas do passado ou ideias sobre o
futuro.

Se em todas as hipóteses, o único tempo que temos disponível para mudar é o presente,
há uma grande ênfase sobre o momento atual, enfrentamento da realidade como ela é, e
não como é imaginada ou temida.

Apenas pelo fato de ter o seu centro no presente, já pode-se notar (com algumas
sessões) uma grande mudança por parte do paciente. Afinal, ficar preso no passado não
ajuda ninguém, nem ficar temendo mil situações que não aconteceram e provavelmente
não vão acontecer.

Entretanto, é importante deixar claro que a terapia cognitiva não desconsidera a história
de vida do paciente, mas enfatiza o presente pois quer provocar mudanças aqui-e-agora.
O passado é trazido em três situações típicas: quando o paciente tem grande interesse
nele; quando o foco no presente não provoca mudanças significativas ou quando há a
necessidade de entender a relação de causas e efeitos entre o passado e o presente.

Princípio 6: A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio
terapeuta e enfatiza prevenção da recaída
Dependendo de cada caso, o terapeuta vai também dar um suporte educativo sobre o
problema que está sendo enfrentado no momento. Por exemplo, se o paciente tem um
determinado transtorno ou um sintoma específico, cabe ao terapeuta informar ao paciente
sobre o seu significado, sobre a natureza do transtorno ou sintoma, sobre o caminho a ser
trilhado e sobre possíveis dificuldades (como recaídas no comportamento anterior) que
podem ocorrer após o final da terapia.

Mas, mais do que isso, há no tratamento da terapia cognitiva a explicação a respeito do


modelo cognitivo (como o modo de pensar influencia as emoções e ações). Em outras
palavras, o paciente não só aprende como funciona a sua própria personalidade, mas
também aprende a criar a sua própria mudança comportamental, para que em situações
futuras possa ser sua própria o próprio terapeuta, o terapeuta de si mesmo.

Princípio 7: A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado

Este princípio é autoexplicativo: mesmo em situações de transtornos mais graves, existe


um limite para a conclusão do tratamento, pois, a partir de estatísticas e modelos das
sessões, é possível saber quanto tempo é necessário para que cada situação, para que
cada problema, para que cada transtorno seja tratado. Por exemplo, pacientes com
sintomas depressivos são tratados, em média, em 4 a 14 sessões.

Apesar disso, como na psicologia sempre lidamos com o indivíduo, é possível que, em
alguns casos, o tempo seja aumentado a fim de tratar mais a fundo os padrões mentais
rígidos e fixos mais complexos.

Princípio 8: As sessões de terapia cognitiva são estruturadas

Independe do problema ou sintoma de cada paciente, há um estrutura definida em cada


sessão. Em geral, há a avaliação do humor do paciente, uma avaliação dos dias que se
passaram entre a última sessão e a atual, bem como cria-se a definição do que será
tratado nesta, em comum acordo entre terapeuta e paciente e o estabelecimento de uma
“tarefa de casa” para ser feita até a sessão seguinte.

Ao longo de todo o tratamento, as sessões seguem este padrão de avaliação do humor,


revisão do tempo desde o último encontro, definição do problema a ser tratado na sessão
atual e criação de uma atividade a ser realizada para sanar o problema específico do
presente.

Princípio 9: A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a


seus pensamentos e crenças disfuncionais

Tendo em vista o princípio 6, a terapia cognitiva auxilia o paciente a observar os próprios


sentimentos, a avaliar suas crenças e pensamentos que estão influenciando o seu agir e
o seu humor para que, entre as sessões e apos o fim da terapia, haja a possibilidade de
autoavaliação, de autonomia, de conseguir lidar com as próprias dificuldades e
problemas.

Por exemplo, com o tempo, o paciente consegue notar que está se sentindo pra baixo por
causa de um problema que não está conseguindo resolver. Ele conseguirá descrever o
problema, avaliar o pensamento que está por trás de sua dificuldade e propor alternativas
ou saídas práticas para solucioná-lo, ainda que esteja sozinho ou não esteja tendo mais
auxílio profissional.
Princípio 10: A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar
pensamento, humor e comportamento

O terapeuta cognitivo tem à sua disposição centenas de técnicas para serem utilizadas
em cada caso como, por exemplo, o questionamento socrático, descoberta orientada,
técnicas de outras abordagem como as usadas na terapia comportamental ou mesmo a
gestalt, tendo, claro, por base sempre o modelo cognitivo.

Neste sentido, a habilidade do terapeuta não reside apenas em conhecer centenas de


técnicas, mas saber utilizadas nos momentos apropriados e para os pacientes quando
delas precisarem.

Você também pode gostar