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DOI: 10.1590/1413-81232020251.

27702019 37

Reflexões sobre a formação em Enfermagem no Brasil

Artigo Article
a partir da regulamentação do Sistema Único de Saúde

Reflections on Brazilian Nursing Education from the regulation


of the Unified Health System

Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto (https://orcid.org/0000-0002-7905-9990) 1


David Lopes Neto (http://orcid.org/0000-0002-0677-0853) 2
Isabel Cristina Kowal Olm Cunha (https://orcid.org/0000-0001-6374-5665) 3
Marcos Aguiar Ribeiro (https://orcid.org/0000-0001-7299-8007) 3
Neyson Pinheiro Freire (https://orcid.org/0000-0002-9038-9974) 3
Carmen Elizabeth Kalinowski (https://orcid.org/0000-0002-1324-7710) 3
Eliany Nazaré Oliveira (https://orcid.org/0000-0002-6408-7243) 1
Izabelle Mont’Alverne Napoleão Albuquerque (https://orcid.org/0000-0003-0856-5607) 1,3

Abstract The paper reflected on the Brazilian Resumo O artigo refletiu sobre a formação em
Nursing education from the regulation of Uni- Enfermagem no Brasil a partir da regulamentação
fied Health System in a comparative historical do Sistema Único de Saúde numa perspectiva his-
perspective of the evolutionary processes of the tórica comparada dos processos evolutivos das es-
Anglo-American and French schools, influencing colas anglo-americana e francesa, influenciadoras
Brazilian nursing education, as well as the gui- do ensino de Enfermagem no Brasil, bem como o
ding aspect of nursing education for the Unified aspecto orientador da formação em Enfermagem
Health System. Thus, nursing training initiatives para o Sistema Único de Saúde. Neste sentido, são
guided by the National Curriculum Guidelines desenvolvidas inciativas de formação em Enfer-
are developed to provide meaningful experiences magem, orientadas pelas Diretrizes Curriculares
in the Unified Health System’s daily routine, as Nacionais, com vistas a propiciar vivências signi-
well as the transforming movement of Permanent ficativas no cotidiano do Sistema Único de Saú-
Health Education in the context of the world of de, assim como o movimento transformador da
work. Therefore, overcoming training challenges Educação Permanente em Saúde no contexto do
must consider the social, political, and cultural mundo do trabalho. Dessa maneira, a superação
path of the profession in order to allow changes dos desafios da formação precisa considerar a tra-
that affect pedagogical projects, course offerings, jetória social, política e cultural da profissão, de
teaching-learning methodologies, and daily work. modo a possibilitar mudanças que impactam nos
Key words Nursing, Education, Unified Health projetos pedagógicos, na oferta de cursos, nas me-
System, Work management todologias de ensino-aprendizagem e no cotidiano
do trabalho.
1
Universidade Estadual Palavras-chave Enfermagem, Educação em En-
Vale do Acaraú. Av. Comte. fermagem, Sistema Único de Saúde, Gestão do
Maurocélio Rocha Pontes Trabalho
150, Derby. 62042-
280 Sobral CE Brasil.
rosemironeto@gmail.com
2
Universidade Federal do
Amazonas. Manaus AM
Brasil.
3
Escola Paulista de
Enfermagem, Universidade
Federal de São Paulo. São
Paulo SP Brasil.
38
Ximenes Neto FRG et al.

Introdução A Formação em Saúde e Enfermagem

O processo de institucionalização do Sistema Nas últimas décadas, a formação em saúde


Único de Saúde (SUS), com posterior regula- no Brasil ganhou especial atenção, por conta da
mentação pela Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº necessidade de atender as demandas do SUS e
8.080/19901 e descentralização administrativo- acompanhar as mudanças nos perfis demográfi-
financeira, fomentou avanços e mudanças por co e epidemiológico da população. A formação
conta da necessidade de um modelo de atenção dos profissionais para o Setor Saúde, segundo
à saúde que garantisse acesso a ações e serviços Machado et al.6 deve envolver um conjunto de
para a população, com base nas diretrizes e prin- variáveis que permitam aliar o domínio técnico
cípios que estrategicamente estabeleceram uma com a capacidade de agir, garantindo o fortaleci-
episteme doutrinária e uma lógica organizativa. mento dos princípios e diretrizes do SUS, de ma-
Tal processo influenciou fortemente o mercado neira a considerar os marcos dos direitos sociais e
de trabalho em saúde, caracterizado pela produ- da atenção integral à saúde, com equidade e uni-
ção de serviços consumidos quando produzidos, versalidade. Assim, a formação dos profissionais
com a subjetividade própria do cuidado prestado é essencial para o desenvolvimento e manuten-
por cada trabalhador, que afeta e é afetado, com ção do sistema público de saúde7.
sentidos e sentimentos próprios. A preocupação com a formação em saúde no
O mercado de trabalho em saúde no setor Brasil advém do período do Movimento pela Re-
público se expandiu, tanto numa perspectiva de forma Sanitária. Os Anais da 8a Conferência Na-
escala (quantitativo de trabalhadores), quanto de cional de Saúde (VIII CNS), realizada em 1986,
escopo (ampliação do campo de atuação, do rol apontavam que a política de formação em nível
de práticas e do protagonismo das profissões). de graduação e pós-graduação deveria ser refor-
Por conta da implantação de novas políticas, mulada, no tocante a ampliação da oferta de va-
programas, ações e serviços de saúde, foram am- gas e abertura de novos cursos, a qualificação dos
pliados os postos de trabalho, de maneira que o projetos políticos e pedagógicos, a superação de
eixo geográfico do trabalho em saúde passou a dicotomias entre ciclos básicos e clínicos/teoria e
se deslocar dos grandes centros para o interior e prática e os currículos estruturados com base nos
os municípios se consolidam como os principais diferentes níveis de atenção à saúde, buscando a
empregadores do setor2. Com isso, o SUS deman- integração entre ensino e serviço8.
dou mudanças conceituais, técnicas e ideológicas, À semelhança da VIII CNS, a 1ª Conferência
de modo que a educação na saúde passa a confi- Nacional de Recursos Humanos em Saúde, reali-
gurar-se como ferramenta para a transformação zada também em 1986, apontou que os profissio-
da práxis e da (re)organização dos serviços3. nais não atendiam às reais necessidades do Setor
Quanto à formação da Enfermagem, detento- Saúde, devido formação distorcida e divorciada
ra do maior contingente de trabalhadores do se- da prática9.
tor saúde, tem-se vivenciado significativas trans- Com o processo de redemocratização do
formações, de modo a acompanhar o contexto país, a Constituição Federal de 198810 demarca
histórico, político, econômico e social4 que reper- em seu Artigo 200 o ordenamento da formação
cute na produção sanitária e, consequentemen- na saúde, de maneira que essa responsabilidade
te, na qualidade de vida da população brasileira. do SUS foi posteriormente consubstanciada na
Para que isso ocorra e o processo de trabalho em LOS nº 8.080/19901 e na Norma Operacional
Enfermagem seja coerente com as demandas so- Básica sobre Recursos Humanos do SUS (NOB/
ciais, a formação de Enfermeiros com qualidade é RH-SUS)11, ratificada por meio da criação, no
condição sine qua non para a aquisição de conhe- Ministério da Saúde, da Secretaria de Gestão do
cimentos científicos, habilidades técnicas, racio- Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)12.
cínio crítico-reflexivo e atitudes5, imprescindíveis Da criação e regulamentação do SUS até a
para o desenvolvimento do cuidado holístico e atualidade, alguns problemas relacionados à for-
humanizado voltado para as demandas de saúde mação em saúde ainda não foram superados, a
individual e coletiva. exemplo da inadequação dos profissionais para
Destarte, o presente ensaio tem como objeti- atuar no sistema; a dificuldade para o desenvol-
vo refletir sobre a formação em Enfermagem no vimento de práticas promotoras da saúde e de
Brasil a partir da regulamentação do SUS. prevenção de riscos, agravos e doenças; a defasa-
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gem entre ensino e realidade e os aspectos peda- Vertentes influenciadoras do ensino de
gógicos; incluindo ainda, a grande expansão do Enfermagem no Brasil
ensino privado2,5,6.
Tais debilidades na formação das diversas ca- A formação em Enfermagem no Brasil, em
tegorias de profissionais da saúde, em especial da uma perspectiva histórica comparada e que dis-
Enfermagem, fragilizam o processo de implanta- tingue os fenômenos sociais em suas temporali-
ção e implementação de políticas públicas como dades com o intuito de desvelar as diacronias e as
a Estratégia Saúde da Família (ESF)/Atenção Pri- veredas expansionistas pelo mundo, é influencia-
mária à Saúde (APS), dentre outras, que requer da a partir dos processos evolutivos das escolas
profissionais com um olhar sensível para o terri- anglo-americana e francesa17.
tório-sanitário, o “território usado, com toda sua A construção identitária do ensino de Enfer-
simbologia, identidade, sentimento de pertenci- magem brasileiro remonta a 1890, na cidade do
mento, relações sociedade-natureza, historicida- Rio de Janeiro, com a criação da Escola Profis-
de e organicidade local”13 para o desenvolvimento sional de Enfermeiros e Enfermeiras (Escola de
de um cuidado cartografado entre desejos, senti- Enfermagem Alfredo Pinto), com a finalidade de
mentos, vontades e necessidades das famílias, su- formar enfermeiros e enfermeiras para trabalhar
jeitos e comunidades em sua plenitude. nos estabelecimentos assistenciais psiquiátricos
Dentre os principais obstáculos (político, ide- e hospitais civis e militares, em substituição às
ológico e cognitivo-tecnológico) para a implan- irmãs de caridade. Para tanto foram contratadas
tação da APS, Mendes14 apontou que ideologica- 40 enfermeiras francesas da Escola de Salpétrière,
mente deveria ocorrer uma mudança na cultura elas atuavam como formadoras de cuidadores
sanitária, que rompesse o paradigma flexneriano em um curso de Enfermagem com duração de
e buscasse estruturar um sistema de serviços, dois anos, com componentes curriculares teóri-
com base no paradigma da produção social da co-práticos biomédico, hospitalocêntrico e gene-
saúde, influindo em mudanças na educação das ralista, influenciados pela constituição do corpo
profissões, na produção do cuidado e na organi- docente predominante de médicos18,19.
zação da atenção. Em 1923, uma nova tendência na formação
O ensino na saúde com as bases pedagógicas de enfermeiras foi implantada com a criação da
atuais ainda é reflexo do modelo proposto por Escola de Enfermeiras do Departamento Nacio-
Abraham Flexner, que buscou resolver o proble- nal de Saúde Pública (DNSP – atual Escola de
ma da qualidade do ensino médico americano no Enfermagem Anna Nery). Era pautada no mo-
início do Século XX normatizando-o a partir do delo curricular anglo-americano20,21, conhecido
método científico, o que levou de forma paradig- como Nightingaleano, trazido ao Brasil por uma
mática à sua hegemonia, tendo no especialismo missão de enfermeiras da Fundação Rockfeller
(o mecanicismo, o biologismo, o individualismo para colaborar na implantação da reforma sa-
e a ênfase no curativismo) um de seus elementos nitária idealizada por Carlos Chagas. O modelo
fundamentais, como modus de desenvolvimento repercutiu na modernização da profissão, na for-
da atenção à saúde7,15. mação e na organização social e política da cate-
Na Enfermagem isso pode ser constatado ao goria, mas não conseguiu agregar ao enfermeiro
se analisar o modelo fragmentado de currículo da uma posição social e sanitária, a partir de uma
maioria dos cursos. Estes currículos se caracteri- racionalidade profissional, de uma categoria li-
zam pela existência de um núcleo de disciplinas beral que produz cuidado para um mercado de
básicas e outro de profissionalizantes, com foco trabalho com agregação da saúde e da doença22.
na especialidade, além de práticas centradas na O modelo de formação francês trouxe como
clínica hospitalar e ambulatórios especializados, premissa a feminização, com evidente posição da
priorizando o atendimento às condições agudas profissão na estratificação social e a predominân-
e a agudização das doenças crônicas7,16, levando cia funcionalista e hierárquica interprofissional,
a uma formação distante da lógica do mercado, estando a Enfermagem em uma posição de sub-
ao passo que se deveria pensar e incentivar esta missão e subalternidade à hegemonia médica. Em
aproximação logo na graduação, com o incenti- contrapartida, o modelo de formação anglo-a-
vo de metodologias de ensino apropriadas para o mericano coaduna práxis com componentes es-
desenvolvimento de conhecimento, habilidades e senciais para a construção alinhada da Ciência e
atitudes6. Profissão de Enfermagem, sendo o conhecimento
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Ximenes Neto FRG et al.

científico teórico e prático os componentes curri- um modelo híbrido de ensino, sem aprofunda-
culares essenciais e obrigatórios para a formação. mento epistemológico da realidade das práticas
Esses dois modelos hegemônicos se refletem tan- sanitárias.
to nos projetos pedagógicos das escolas, com uma As metodologias ativas são compreendidas
formação escolar sistematizada, como no modelo nesse texto como um conjunto de procedimen-
de assistência em enfermagem23 até os dias atuais. tos didáticos, representados por seus métodos e
A história da educação da Enfermagem mun- técnicas de ensino, que têm o intuito de alcançar
dial e brasileira aponta o caminho percorrido por os objetivos do ensino e de aprendizagem, com a
diferentes estágios e marcos históricos de uma máxima eficácia26, por meio de atividades que ne-
profissão que busca, constantemente, de forma cessitam de reflexão de ideias e desenvolvimento
organizada e disciplinada, envolver diferentes for- da capacidade de usá-las27, com o foco no desen-
mas de teorização para consolidação das práticas volvimento da autonomia do discente26, conside-
clínicas, sociais e antropológicas, ainda fortemen- rando sua singularidade e seu contexto28.
te pautadas na visão biologista, hospitalocêntrica Na Enfermagem, o processo de implantação
e reducionista do saber. das DCN, ocorreu coletivamente com base nas
Para romper com esta visão tradicional do políticas de educação e saúde, com o intuito de
ensino é necessário atuar nos Programas de Pós- aproximar a formação ao SUS, o que vem indu-
Graduação em Enfermagem, especialmente para zindo e contribuindo para uma mudança para-
implantar e criar propostas de formação centra- digmática que envolve “o reconhecimento da
das nas demandas do setor da saúde, e produzir multidimensionalidade da prática profissional
conhecimentos específicos para o fortalecimento (técnica/científica, ética, social, política) como
da ciência da Enfermagem, transformando a sua forma de superar o pensar simplificado e frag-
prática social. mentado da realidade; a adoção da ótica pluralis-
ta das concepções de ensino, integrando a diver-
As Diretrizes Curriculares e a Mudança sidade dos campos do conhecimento e uma visão
na Graduação em Enfermagem global da realidade; estímulo à indissociabilida-
de entre as bases biológicas e sociais da atenção
A institucionalização das Diretrizes Curricu- à saúde/enfermagem; fomento à articulação da
lares Nacionais (DCN), em 2001, pelo Ministério pesquisa com o ensino e a extensão contemplan-
da Educação, estimulou os cursos de graduação do a integração teoria e prática; fomento à produ-
a reformularem seus projetos pedagógicos e cur- ção do conhecimento próprio e inovador, voltado
rículos, estabelecendo um perfil do formando/ para uma assistência de qualidade; diversificação
egresso/profissional, as competências educacio- de cenários de práticas de saúde/enfermagem;
nais e a descrição dos conteúdos curriculares, adoção de metodologias ativas de ensino-apren-
estágios e atividades complementares, carga ho- dizagem, tendo o aluno como sujeito do seu pro-
rária, dentre outras24, que seriam o eixo formador cesso de formação; adoção da flexibilidade curri-
dos graduandos. cular evitando a rigidez dos pré-requisitos e dos
As DCN além de nortear as Instituições de conteúdos obrigatórios”29 (p. 99).
Ensino Superior (IES) para a construção de seus O impacto produzido pelas DCN apresen-
projetos pedagógicos, contribuíram para o des- ta alguns agravantes e desafios: a expansão dos
velar das bases filosóficas, conceituais, políticas cursos, na modalidade presencial ou a distân-
e metodológicas do processo de formação25, ace- cia (EaD), gerando o “boom” de escolas; como
nando para a melhoria da qualidade do ensino. a Enfermagem pode “controlar” a possibilidade
Os projetos pedagógicos passaram a ser cons- de acesso ao ensino, ao mesmo tempo que este é
truídos com base nas necessidades locais, o que uma necessidade mundial devido a inexistência
tem sido um avanço, uma vez que aproximam a do enfermeiro em locais remotos; ser um ensino
formação dos problemas reais da população, além transformador, que estimule o enfermeiro a pro-
de agregarem conteúdos vindos com o SUS e suas por mudanças ou ser protagonista na implanta-
políticas setoriais. ção de políticas de saúde e no fortalecimento dos
Com todos os avanços proporcionados pelas princípios da integralidade, universalidade e a
DCN, ainda há uma tendência na formação em equidade.
saúde de se manter o modelo tradicional de en- A formação em Enfermagem ao basear-se
sino flexneriano (positivista), ou ao agregá-lo a num currículo por competências, na aprendiza-
novas pedagogias, a exemplo das metodologias gem significativa e centrada no estudante e nos
ativas de ensino-aprendizagem, criando assim docentes sendo facilitadores da aprendizagem,
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visa preparar, motivar e empoderar os enfer- Projeto Vivências e Estágios na Realidade do SUS
meiros para assumirem o protagonismo junto (VER-SUS), o Programa Nacional de Reorien-
às políticas de saúde, fortalecendo a garantia do tação da Formação Profissional em Saúde (Pró-
acesso da população aos sistemas universais e a Saúde), o Programa de Educação pelo Trabalho
produção do cuidado global, com um nível de para a Saúde (PET-Saúde)33-35, entre outros, que
liderança transformacional, num contexto inter- buscam fomentar a mudança nas graduações na
profissional. saúde, a exemplos de áreas como a Enfermagem
Compreendemos que a aprendizagem signifi- e a Medicina. Muitas dessas estratégias podem ser
cativa estimula o estudante a adquirir uma nova visualizados na Figura 1.
informação que se relaciona e se ancora significa- Tais programas, projetos e ações contribu-
tivamente aos conhecimentos que já lhe perten- íram para o aprimoramento da formação ao
cem, de modo natural, sem arbitrariedade30. Esta estimularem a relação entre ensino-serviço-co-
concepção dialoga com o pensamento de outros munidade, uma vez que os estudantes passaram
educadores contemporâneos, como Paulo Freire, a vivenciar os desafios da materialização do SUS36
na perspectiva em que nenhum aprendente deve em cenários reais, resultando em egressos mais
ser tratado como um receptáculo vazio, de modo preparados para atuarem nos serviços públicos
que o pré-conhecimento deve ser considerado e de saúde.
explorado31. No contexto do trabalho em saúde, para su-
Por fim, corroboramos com a Diretriz estra- prir a deficiência dos trabalhadores oriunda da
tégica para a Enfermagem na Região das Amé- formação universitária, o Ministério da Saúde,
ricas da Organização Pan-Americana da Saúde em fevereiro de 2004, lançou a Política Nacional
(OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS) de Educação Permanente em Saúde, uma estra-
ao apontar que “investir em enfermagem signifi- tégia para a transformação das práticas de for-
ca avançar rumo ao acesso e cobertura universais mação, atenção, gestão, formulação de políticas,
de saúde, o que terá um profundo efeito sobre a participação popular e controle social no SUS37.
saúde e o bem-estar global. Além disso, investir Dessa forma, a educação permanente em saúde
na formação de profissionais motivados e com- movimentaria e transformaria a práxis, de modo
prometidos com os valores da equidade e da so- que representa uma prática de ensino-aprendiza-
lidariedade pode contribuir para fechar as atuais gem e uma política de educação na saúde38. Edu-
lacunas no acesso aos serviços de saúde pela po- cação permanente que produz sentidos e ressig-
pulação”32 (p. viii). nifica a práxis.
Compreendemos que a atuação nos diver-
Gestão da Educação em Saúde sos níveis de atenção à saúde, em especial na
e Enfermagem APS, exige dos profissionais uma diversidade de
saberes e práticas em áreas relacionadas à ges-
A gestão do trabalho em saúde aponta como tão sanitária, ao cuidado às famílias, sujeitos e
desafios essenciais o fortalecimento da articula- comunidades, ao manejo das determinações e
ção entre as IES e o SUS, bem como a ampliação consequências sociais2, às concepções e práticas
dos processos de mudança na graduação, de ma- de saúde. Isso se deve aos avanços teóricos, orga-
neira a garantir uma formação coerente às neces- nizacionais, tecnológicos e políticos ocorridos e à
sidades da população e do SUS33. diversidade, tanto do campo da atenção, como da
Quanto à formulação das políticas orientado- gestão no território, o que impõe, diariamente,
ras da formação, em 2003, o Ministério da Saú- novas situações a serem enfrentadas39, portanto a
de assume o protagonismo, a partir da criação educação permanente e a prática interprofissio-
da SGTES, e, em 2004, apresentou o documento nal são importantes estratégias para a evolução
“Política de Educação e Desenvolvimento para o do modelo de atenção à saúde.
SUS: Caminhos para a Educação Permanente em
Saúde: Polos de Educação Permanente em Saúde”, Demandas Profissionais do SUS e os
nele se propõe a adoção da educação permanente Caminhos da Formação em Enfermagem
como estratégia para a recomposição das práticas
de formação, atenção, gestão, formulação de polí- O processo de implantação e implementação
ticas e controle social no setor da saúde12. de diversas políticas e ações, principalmente, no
A partir de então, foram estimuladas iniciati- nível da APS, a exemplo da ampliação do núme-
vas no campo da formação de profissionais para ro de equipes da ESF, da criação das Equipes de
o SUS, dentre elas destacamos, o AprenderSUS, o Saúde Bucal (ESB), do Centro de Especialida-
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Ximenes Neto FRG et al.

Figura 1. Estratégias para reorientação da formação profissional e fortalecimento da Gestão da Educação na


Saúde.

des Odontológicas (CEO), do Núcleo de Apoio 249.958 estão no setor privado e 35.139 no setor
à Saúde da Família, atual Núcleo Ampliado de público40-42.
Saúde da Família (NASF), demandou a necessi- O Gráfico 1 apresenta os dados da formação
dade de formação de uma nova força de trabalho em Enfermagem do período de 1991 (ano seguin-
e influenciou a abertura de cursos em várias áre- te da regulamentação do SUS) a 2017. Os cursos
as como Enfermagem, Medicina e Odontologia2. presenciais no período de 1997 a 2017 passaram
Com isso, a ESF passou a ser a garantia do pri- de 123 a 984, um aumento de 800%38-42, eviden-
meiro emprego de muitos profissionais, a exem- ciando um “boom” de escolas de Enfermagem,
plo da Enfermagem e Medicina, e anos depois, a com a participação majoritária do ensino pri-
partir da década de 2000, os de Odontologia22 e, vado2. Nesse período, o ensino de Enfermagem
atualmente, das diversas outras categorias. em IES privadas passou de 52 para 827 escolas,
Tais políticas proporcionaram o alargamen- um aumento de 1.590%. Já nas universidades pú-
to do mercado de trabalho em saúde, por con- blicas passaram de 71 para 157, um aumento de
seguinte motivou o atual fenômeno da mer- 221%. O ensino de Enfermagem em IES privadas
cantilização do ensino na saúde22, tanto que no mantêm-se em franca expansão, enquanto que
período de 20 anos, os cursos de graduação na nas públicas houve uma discreta redução de 4%,
modalidade de formação presencial, das quatorze de 2016 para 201740-42.
profissões da área da saúde no país, passaram de Em decorrência do crescente mercado edu-
1.032 cursos em 1995, para 5.222 em 2015, um cacional em Enfermagem, a pesquisa “Perfil da
crescimento de 506%40-42. Enfermagem no Brasil”, apontou que: 57,4%
Quanto aos Cursos de Enfermagem, segundo dos enfermeiros foram formados em IES priva-
dados do Censo da Educação Superior (CES) de das; com o significativo aumento do número de
2017, existem em 795 IES, 102 (12,8%) são públi- concluintes, a força de trabalho vivencia um pro-
cas e 693 (87,16%) privadas, ofertando um total cesso de rejuvenescimento; apesar do volume de
de 990 cursos entre presenciais e à distância, sen- escolas existentes, há escassez de enfermeiros em
do 157 (15,9%) públicos e 833 (84,1%) privados. determinadas regiões e localidades, provocando
Quanto ao número de matrículas em cursos pre- um desequilíbrio entre oferta e demanda de pro-
senciais, registra-se um total de 285.097, destes fissionais no país43.
43

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Gráfico 1. Evolução do Número dos Cursos de Enfermagem, 1991 a 2017.

Fonte: Adaptado de Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)40,42. Haddad et al.44; Pierantoni
et al.33. Dados de cursos presenciais.

Quanto à distribuição dos Cursos de Enfer- ofertadas, 32.490 apresentaram candidatos, com
magem presenciais e a distância (bacharelado e ingresso no ano de 2017 de 9.597. O CES aponta
licenciatura), por categoria administrativa (pú- ainda 10.029 estudantes matriculados e 127 con-
blico e privado) das IES, segundo as Regiões cluíntes42.
Administrativas da Federação, a região Sudeste A Enfermagem necessita de aulas e vivências
concentra 41,7% dos cursos, 37% das matrículas práticas que propiciem o significativo encontro
e 36,2% do concluintes; seguida da região Nor- do aprendente com outros estudantes, com do-
deste, com 24,9% dos cursos, 31% das matrículas centes e com a comunidade para o desenvolvi-
e 32,8% do concluintes. Apesar da região Sudeste mento de conhecimentos, habilidades e atitudes.
possuir 59,8% a mais de cursos do que a região Assim, buscar fazê-lo na modalidade EaD não
Nordeste, o número de concluintes é apenas supre as demandas da formação, pois esta exi-
9,4% superior42. ge uma base teórica sólida e o desenvolvimen-
Com o EaD, com a liberalização do ensino to de habilidades adquiridas com a prática das
universitário e sua expansão na inciativa privada, técnicas41, numa complexidade crescente tanto
cursos como Serviço Social, Fisioterapia, Edu- de conteúdos como na hierarquização dos ser-
cação Física, Ciências Biológicas e Enfermagem viços onde devem ser desenvolvidas as práticas.
passaram a ser ofertados de modo à distância, Entende-se, pois, que a formação EaD na saúde
o que põe em risco a qualidade destes2 e, conse- representa um risco para as profissões e, prin-
quentemente, a vida da população a ser cuidada cipalmente, para a população brasileira que fica
por profissionais que não experimentaram e/ou vulnerável sendo assistida por profissionais com
vivenciaram uma rotina de práticas durante a formação questionável, em cursos que não apre-
formação universitária. sentam critérios mínimos de qualidade.
O EaD na área da Saúde no Brasil contabiliza Destarte, apesar da ordenação da “formação
341.759 vagas ofertadas, sendo: 62.739 (18,36%) de recursos humanos na área de saúde”10 estar
na Enfermagem; 132.895 (38,89%) no Servi- previsto constitucionalmente como sendo res-
ço Social; 118.749 (34,75%) na Educação Físi- ponsabilidade do SUS, vem ocorrendo um ver-
ca; 19.392 (5,67%) na Nutrição; 3.700 (1,1%) tiginoso crescimento dos cursos de graduação,
na Farmácia; e, 1.617 (0,47%) Fisioterapia. Das em sua maioria no setor privado. Percebe-se que
341.759 vagas ofertadas na Saúde, 222.264 apre- o crescente fenômeno da privatização da educa-
sentaram candidatos, mas somente obteve 79.264 ção superior na saúde, com a mercantilização do
ingressos. Na Enfermagem, das 62.739 vagas ensino, está privilegiando o mercado em detri-
44
Ximenes Neto FRG et al.

mento da real necessidade da população e de seu ter a lógica flexneriana; a prática didática voltada
perfil epidemiológico, contrariando a legislação para a expertise do docente e não para a aprendi-
sanitária e a normatização do Conselho Nacional zagem significativa e as demandas do sistema de
de Saúde2. saúde e da população; a descontextualização dos
Esse crescimento deve-se, principalmente, à projetos pedagógicos com o cotidiano do mundo
expansão do ensino superior, estimulada pela Lei do trabalho e com os contextos sociais, econômi-
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº cos, políticos, culturais e ambientais; a qualidade
9.394/1996)45, o que possibilitou o aumento do da formação questionável devido ao predomínio
número de vagas nos grandes centros urbanos de excesso de conteúdo teórico, em detrimento às
e a interiorização do ensino, a criação de insti- vivências práticas nos territórios sanitários; for-
tuições, além do fomentado à intensificação do mações uniprofissionais que não consideram o
processo de privatização do ensino e consequen- processo de desenvolvimento e aprendizado co-
te mercantilização deste2. Tal processo foi in- laborativo e interprofissional; e a fragmentação
crementado também pelos Planos Nacionais de entre ensino teórico, extensão e pesquisa.
Educação (PNE) de 2001 a 2010 e de 2014 a 2024. Pode-se depreender que embora tenhamos
Vale destacar que o mercado educacional, significativos avanços na área da formação em
aproveitando-se da flexibilização/liberalização Saúde e Enfermagem, ainda convive-se com im-
proporcionada pela LDB, fez com que rapida- portantes desafios, tais como: os currículos com
mente se desse a implantação de inúmeros cursos restritos conteúdos do campo das Ciências So-
de graduação, em diferentes regiões do país que ciais e Humanas, para instrumentalizar os profis-
por vezes não os comportavam. sionais no manejo de questões políticas, sociais,
culturais e econômicas no território sanitário;
fragilidade na qualificação do desenvolvimento
Algumas Considerações de uma práxis humanizada, ética, crítica, ativa e
integral aos usuários do SUS, buscando a inte-
A formação na Saúde e na Enfermagem apresen- gração da universidade à APS e desta com todo
ta uma tendência crescente do ensino privado e o sistema de serviços que compõe a RAS; pouco
EaD, sem o correspondente controle e regulação estímulo ao desenvolvimento docente como prá-
estatal, o que contribui para a manutenção da tica social humanizadora, além de não valorizar
iniquidade regional brasileira na oferta de vagas, e experimentar novas metodologias de ensino
o que afeta diretamente a disponibilidade e dis- -aprendizagem dialógicas e participativas e o uso
tribuição dos profissionais nos diversos prontos de Tecnologias de Informação e Comunicação
da RAS, desde os grandes conglomerados urba- (TIC), entre outros.
nos, a exemplo das regiões metropolitanas, até Grandes questões estão postas à Enfermagem,
municípios de pequeno porte, áreas rurais e na essencialmente na formação do Enfermeiro, que
Amazônia Legal, que apresentam maior dificul- necessita vivenciar uma base de conhecimento
dade de fixar profissionais. sólida, como a inserção de uma abordagem mais
Apesar das diversas políticas, os avanços pro- significativa, transformadora e que potencialize
porcionados com a implantação das DCN e as a construção de práticas inovadoras e de exce-
estratégias de Gestão da Educação na Saúde es- lência à sociedade, transcendendo o instituído
tabelecidas nas últimas décadas, a formação em para consolidar-se enquanto profissão e ciência
Enfermagem ainda é um grande desafio, vivencia do cuidado e assumir o protagonismo junto aos
problemas e dificuldades históricas e contempo- sistemas e políticas de saúde, com uma liderança
râneas, tais como: as fragilidades estruturais nos competente, e com isso ter o devido reconheci-
currículos universitários, que insistem em man- mento social.
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Ciência & Saúde Coletiva, 25(1):37-46, 2020


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