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ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL [EEEP] ENSINO MÉDIO INTEGRADO À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Disciplina:

Introdução à Profissão e Legislação e Bioética

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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem das


Escolas Estaduais de Educação Profissional – EEEP

Material elaborado pela professora Rafaelle Alves Diógenes Pontes - 2018

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – INTRODUÇÃO À PROFISSÃO, LEGISLAÇÃO E BIOÉTICA


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SUMÁRIO

PARTE I - INTRODUÇÃO À PROFISSÃO


1. O PROCESSO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM....................................... 5
1.1. A Evolução da Assistência à Saúde nos Períodos Históricos............................... 7
- Período Pré-Cristão...................................................................................................... 7
- Egito............................................................................................................................... 8
- Índia............................................................................................................................... 8
- Assíria e Babilônia........................................................................................................ 8
- China............................................................................................................................. 8
- Japão............................................................................................................................. 9
- Grécia............................................................................................................................ 9
- Roma.............................................................................................................................. 9
2. ENFERMAGEM MODERNA.................................................................................. 10
2.1. Período Florence Nightingale.......................................................................... 10
3. PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM................................................. 11
3.1 Sistema Nightingale de Ensino.............................................................................. 12
4. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL................................................... 12
4.1 Anna Nery............................................................................................................... 13
4.2 Desenvolvimento da educação em Enfermagem no Brasil (Séc. XIX)............... 13
4.3 Cruz Vermelha Brasileira...................................................................................... 14
4.4 Primeiras escolas de Enfermagem no Brasil........................................................ 14
- Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto".................................................................. 14
- Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro........................................................... 15
- Escola Anna Nery....................................................................................................... 15
- Escola de Enfermagem Carlos Chagas..................................................................... 15
- Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac"........................................................... 16
- Escola Paulista de Enfermagem................................................................................ 16
- Escola de Enfermagem da USP................................................................................. 16

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5. ENTIDADES DE CLASSE...................................................................................... 16
5.1 Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn................................................... 16
5.2 Sistema Cofen/Coren’s........................................................................................... 17
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 19
PARTE II - LEGISLAÇÃO DE ENFERMAGEM
1.ÉTICA......................................................................................................................... 20
1.1 Moral...................................................................................................................... 20
2.CÓDIGOS DE ÉTICA.............................................................................................. 21
2.1.Ética profissional.................................................................................................... 22
3. LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL DOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM..... 22
4.CEPE........................................................................................................................... 24
5.PERFIL PROFISSIONAL DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM....................... 38
6.ÁREAS DE ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM........................... 39
7.ATRIBUIÇOES DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM........................................ 39
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 40
PARTE III - BIOÉTICA
1.O QUE É BIOÉTICA?.............................................................................................. 41
2.BIOÉTICA x ABORTO............................................................................................ 44
3.BIOÉTICA x EUTANÁSIA...................................................................................... 46
4.BIOÉTICA E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS...................................................... 46
5.BIOÉTICA x PENA DE MORTE............................................................................ 47
6.BIOÉTICA x TRANSGÊNICOS............................................................................. 48
7.BIOÉTICA x BIOPIRATARIA............................................................................... 49
CARTA DOS DIREITOS AOS USUÁRIOS DA SAÚDE........................................ 50
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 59

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APRESENTAÇÃO
Este Manual pedagógico aborda temas específicos da formação do Técnico em
Enfermagem integrado ao Ensino Médio. Esta disciplina possui uma carga horária de 60
horas. Elaborado no intuito de qualificar o processo de formação, este Manual é um
instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar o processo de
ensino-aprendizagem em sala de aula, embasado em um método problematizador e
dialógico que aborda os conteúdos de forma lúdica, participativa tornando o aluno
protagonista do seu aprendizado facilitando a apropriação dos conceitos de forma crítica
e responsável. Espera-se através deste material contribuir para consolidação do
compromisso e envolvimento de todos (professores e alunos) na formação desse
profissional tão importante para os serviços de saúde.

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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de...
1. Descrever o processo histórico da profissão de enfermagem e sua participação na
saúde brasileira;
2. Identificar o perfil profissional do Técnico em enfermagem;
3. Identificar as áreas de atuação do Técnico em enfermagem;
4. Relacionar o papel das instituições representativas da categoria de enfermagem;
5. Discutir os princípios do Código de Ética da Enfermagem em sua prática
profissional;
6. Reconhecer as implicações do trabalho em saúde para o trabalhador da saúde.
7. Entender os fundamentos da Bioética e sua relação com a Enfermagem.

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PARTE I - INTRODUÇÃO À PROFISSÃO

1. O PROCESSO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM


A Enfermagem está diretamente ligada a arte de cuidar, consistindo em um misto de
ciência e arte que tem como pilar profissional o cuidado humano. Ao pensarmos dessa forma
pode-se afirmar que a história da Enfermagem está ligada a história do próprio homem. Sendo
assim, o aprimoramento da profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de
5
saúde no decorrer dos períodos históricos. O cuidar sempre esteve vinculado a dois períodos
de vida em que a dependência a outras pessoas é evidente: a infância e a velhice. Cuidados
relacionados com o início do ciclo vital, com o atendimento na hora do parto e a satisfação
das necessidades básicas da velhice podem ter sido os primeiros sinais do surgimento da
profissão de Enfermagem na antiguidade. O vínculo da mulher com o cuidado e o início do
ciclo de vida propicia o aparecimento de mulheres que se dedicam ao cuidado além do
realizado em seu próprio domicílio.
As práticas de saúde instintivas foram as primeiras formas de prestação de assistência.
Num primeiro estágio da civilização, estas ações garantiam ao homem a manutenção da sua
sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino, caracterizado pela
prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como base as concepções
evolucionistas e teológicas. Mas, como o domínio dos meios de cura passaram a significar
poder, o homem, aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se
dele.
A Enfermagem, como ciência, não é descrita diretamente nos tempos antigos, as
únicas referências concernentes à época em questão estão relacionadas com a prática
domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres de classe social elevada que
dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes.
As práticas de saúde mágico-sacerdotais abordavam a relação mística entre as práticas
religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período
corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica
que ocorre por volta do século V a.C. Essas ações permanecem por muitos séculos
desenvolvidas nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde
os conceitos primitivos de saúde eram ensinados. Posteriormente, desenvolveram-se escolas
específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos
grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa.

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Naquelas escolas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do corpo


humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas, que, por muito tempo, marcaram a fase
empírica da evolução dos conhecimentos em saúde, o ensino era vinculado à orientação da
filosofia e das artes. As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relacionam a evolução das
práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se
baseavam nas relações de causa e efeito, inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os
primeiros séculos da Era Cristã.
6
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta
nova fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no
raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças - e na
especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos fenômenos,
limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos anatomofisiológicos. Essa
prática individualista volta-se para o homem e suas relações com a natureza e suas leis
imutáveis. Este período é considerado pela medicina grega como período hipocrático,
destacando a figura de Hipócrates que propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a
arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da
inspeção e da observação. Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta
época.
As práticas de saúde monástico-medievais focalizavam a influência dos fatores
socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as
relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem
como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido
entre os séculos V e XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que,
com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como
característica inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e
outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de
sacerdócio. A relação entre as enfermeiras e a religião dava ao seu trabalho um sentido
espiritual, em que predominavam os sentimentos como reflexo de vocação. A enfermeira,
subsidiária dos religiosos, não tinha opção a aumentar os seus conhecimentos e por isso era
considerado um trabalho doméstico, sem valoração social.
Historicamente, o cuidar, como ato feminino, iniciou-se com a difusão do cristianismo
em Roma, levando muitas damas distintas a se dedicarem aos pobres e enfermos e a
transformarem seus palácios em hospitais. Desta maneira a prática de enfermagem passou a

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ser realizada exclusivamente pela Igreja e a falta de fervor religioso, que ocorreu em meados
da Revolução Protestante, levou-a a uma parcial decadência (PAIXÃO, 1979).
As práticas de saúde pós-monásticas evidenciam a evolução das ações de saúde e, em
especial, do exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da
Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do
século XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a
evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
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Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito
tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das
conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre
depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências,
amontoados em leitos coletivos.
Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões
morais que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as
mulheres de casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a
Enfermagem, permaneceu por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que
alguns movimentos reformadores, que partiram, principalmente, de iniciativas religiosas e
sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.
As práticas de saúde no mundo moderno analisam as ações de saúde e, em especial, as
de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade capitalista.
Ressaltam o surgimento da Enfermagem como atividade profissional institucionalizada. Esta
análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina com o surgimento da
Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX.
A Enfermagem é concebida como parte integrante da prática médica e como prática
social, mediada pela estrutura das sociedades e, portanto determinada econômica, política e
ideologicamente. Possui seu caráter histórico, pois se transforma e é determinada socialmente
(MELO et al.,1987).
1.1. A Evolução da Assistência à Saúde nos Períodos Históricos
- Período Pré-Cristão
Neste período as doenças eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam do poder
do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiras acumulavam funções de médicos e
enfermeiros. O tratamento consistia em aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por
meio de sacrifícios. Usavam-se: massagens, banhos de água fria ou quente, purgativos,
substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes adquiriam conhecimentos
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sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros


e farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições, monumentos, livros de orientações políticas e
religiosas, ruínas de aquedutos e outras descobertas nos permitem formar uma idéia do
tratamento dos doentes.
- Egito
Os egípicios deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida em sua época.
As receitas médicas deviam ser tomadas acompanhadas da recitação de fórmulas religiosas.
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Pratica-se o hipnotismo, a interpretação de sonhos; acreditava-se na influência de algumas
pessoas sobre a saúde de outras. Havia ambulatórios gratuitos, onde era recomendada a
hospitalidade e o auxílio aos desamparados.
- Índia
Documentos do século VI a.C. nos dizem que os hindus conheciam: ligamentos,
músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns tipos de envenenamento e o
processo digestivo. Realizavam alguns tipos de procedimentos, tais como: suturas,
amputações, trepanações e corrigiam fraturas. Neste aspecto o budismo contribui para o
desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Os hindus tornaram-se conhecidos pela
construção de hospitais. Foram os únicos, na época, que citaram enfermeiros e exigiam deles
qualidades morais e conhecimentos científicos. Nos hospitais eram usados músicos e
narradores de histórias para distrair os pacientes. O bramanismo fez decair a medicina e a
enfermagem, pelo exagerado respeito ao corpo humano - proibia a dissecação de cadáveres e
o derramamento de sangue. As doenças eram consideradas castigo.
- Assíria e Babilônia
Entre os assírios e babilônios existiam penalidades para médicos incompetentes, tais
como: amputação das mãos, indenização, etc. A medicina era baseada na magia - acreditava-
se que sete demônios eram os causadores das doenças. Os sacerdotes-médicos vendiam
talismãs com orações usadas contra ataques dos demônios. Nos documentos assírios e
babilônicos não há menção de hospitais, nem de enfermeiros. Conheciam a lepra e sua cura
dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão. "Vai, lava-te
sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará limpa".(II Reis: 5, 10-11)
- China
Os doentes chineses eram cuidados por sacerdotes. As doenças eram classificadas da
seguinte maneira: benignas, médias e graves. Os sacerdotes eram divididos em três categorias
que correspondiam ao grau da doença da qual se ocupava. Os templos eram rodeados de
plantas medicinais. Os chineses conheciam algumas doenças: varíola e sífilis. Procedimentos:
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operações de lábio. Tratamento: anemias indicavam ferro e fígado; doenças da pele aplicavam
o arsênico. Anestesia: ópio. Construíram alguns hospitais de isolamento e casas de repouso. A
cirurgia não evoluiu devido a proibição da dissecação de cadáveres.
- Japão
Os japoneses aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era fetichista e a única
terapêutica era o uso de águas termais.
- Grécia
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As primeiras teorias gregas se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol, era o deus da
saúde e da medicina. Usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos, faziam ataduras e
retiravam corpos estranhos, também tinham casas para tratamento dos doentes. A medicina
era exercida pelos sacerdotes-médicos, que interpretavam os sonhos das pessoas. Tratamento:
banhos, massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro, água pura mineral. Dava-se valor à beleza
física, cultural e a hospitalidade. O excesso de respeito pelo corpo atrasou os estudos
anatômicos. O nascimento e a morte eram considerados impuros, causando desprezo pela
obstetrícia e abandono dos doentes graves. A medicina tornou-se científica, graças a
Hipócrates, que deixou de lado a crença de que as doenças eram causadas por maus espíritos.
Hipócrates é considerado o Pai da Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico,
prognóstico e a terapêutica. Reconheceu doenças como: tuberculose, malária, histeria,
neurose, luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na terapêutica consistia em "não
contrariar a natureza, porém auxiliá-la a reagir". Tratamentos usados: massagens, banhos,
ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios, purgativos e calmantes, ervas medicinais e
medicamentos minerais.
- Roma
A medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era exercida por
escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo, essencialmente guerreiro. O indivíduo
recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a tornar-se bom guerreiro, audaz e
vigoroso. Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e
abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na via Ápia. O
desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência do povo grego. O cristianismo
foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu positivamente através da reforma dos
indivíduos e da família. Os cristãos praticavam a caridade, que movia os pagãos: "Vede como
eles se amam". Desde o início do cristianismo os pobres e enfermos foram objeto de cuidados
especiais por parte da Igreja.

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2. ENFERMAGEM MODERNA
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na
reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal
responsável por esta reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e
seus reflexos na Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então.
Naquela época, estiveram sob piores condições, devido à predominância de doenças
infecto-contagiosas e a falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Os ricos
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continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem
esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências que resultariam num maior
conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada.
É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale é
convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar junto aos soldados feridos em
combate na Guerra da Criméia.
2.1. Período Florence Nightingale
Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía
inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança - o que lhe
permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas idéias.
Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano, além do grego e latim.
No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma,
estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e
decide servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas.
Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda
insuficiente. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs de Misericórdia, Ordem
Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São
Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.
Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a
França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se
no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.
Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de
diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e
principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem
dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de
lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo
e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida.
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Através de Florence Nightingale houve a instrumentalização do cuidado de


enfermagem, surgiu a preocupação com o meio ambiente do paciente, a necessidade de luz, ar
fresco, silêncio e principalmente higiene. Segundo Florence "a doença encontra-se fora do
corpo do doente, cabe à enfermeira retirar os obstáculos para que a natureza possa agir".
Dedica-se, porém, com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia,
recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é
a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1959.
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Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint
Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas
posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola
nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um
ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos. Em "Notes on Nursing",
de sua autoria, ela evidencia a necessidade de uma preparação formal e sistemática das
enfermeiras. Tais mudanças, que são chamadas de "A Enfermagem Moderna" foram
implementadas nos Estados Unidos e em toda a Europa.
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa qualificada
para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das
enfermeiras. Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de
Enfermagem. Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica,
desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social
institucionalizada e específica.
3. PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM
Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar,
devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se
espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi
criada em 1873. Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a
domicílio em New York.
As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola Florence
Nightingale, baseada em quatro idéias-chave:
1- O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto
qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.
2- As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais,
mas manter sua independência financeira e administrativa.
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3- Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de


pessoas não envolvidas em Enfermagem.
4- As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à
disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital.
3.1 Sistema Nightingale de Ensino
As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais estabelecidos: 1º.
Direção da escola por uma Enfermeira; 2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas
12
ocasional; 3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão
profissional
4. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL
A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período colonial e
vai até o final do século XIX. A profissão surge como uma simples prestação de cuidados aos
doentes, realizada por um grupo formado, na sua maioria, por escravos, que nesta época
trabalhavam nos domicílios. Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das
Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal.
A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida,
ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto
Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza
Cristina.
No que diz respeito à saúde do povo brasileiro, merece destaque o trabalho do Padre
José de Anchieta que não se limitou ao ensino de ciências e catequeses, foi além, atendia aos
necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos
estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais comuns.
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais, minuncioasamente descritas.
Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas
treinadas por eles, porém não há registro a respeito.
Outra figura de destaque é Frei Fabiano Cristo, que durante 40 anos exerceu atividades
de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro (Séc. XVIII).
Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos
doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa dos
Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade
que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio Andrada e Silva.
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 organizou-se o
ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A escola de parteiras
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da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira


parteira formada no Brasil.
No começo do século XX, grande número de teses médicas foram apresentadas sobre
Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo horizontes e novas
realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não teve influência imediata sobre a
Enfermagem.
Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de
13
destacaram e, entre eles, merece especial menção o de Anna Nery.
4.1 Anna Nery
Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade de Cachoeira, na
Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Nery, enviuvando aos 30 anos.
Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, são convocados a servir a
Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes. O mais
jovem aluno do 6º ano de Medicina oferece seus serviços médicos em prol dos brasileiros.
Anna Nery não resiste à separação da família e escreve ao Presidente da Província,
colocando-se à disposição de sua Pátria. Em 15 de agosto parte para os campos de batalha,
onde dois de seus irmãos também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no
atendimento aos feridos.
Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor, recebe uma
coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no edifício do Paço
Municipal. O governo imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de
campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880.
A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu o nome de Anna Nery
que, como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que faziam da mulher
prisioneira do lar.
4.2 Desenvolvimento da educação em Enfermagem no Brasil (Séc. XIX)
Ao final do século XIX, apesar de o Brasil ainda ser um imenso território com um
contigente populacional pouco e disperso, um processo de urbanização lento e progressivo já
se fazia sentir nas cidades que possuíam áreas de mercado mais intensas, como São Paulo e
Rio de Janeiro.
As doenças infecto-contagiosas, trazidas pelos europeus e pelos escravos africanos,
começam a propagar-se rápida e progressivamente. A questão saúde passa a constituir um
problema econômico-social. Para deter esta escalada que ameaçava a expansão comercial
brasileira, o governo, sob pressões externas, assume a assistência à saúde através da criação
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de serviços públicos, da vigilância e do controle mais eficaz sobre os portos, inclusive


estabelecendo quarentena revitaliza através da reforma Oswaldo Cruz introduzida em 1904, a
Diretoria-Geral de Saúde Pública, incorporando novos elementos à estrutura sanitária, como o
Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção e o
Instituto Soroterápico Federal, que posteriormente veio se transformar no Instituto Oswaldo
Cruz.
Mais tarde, a Reforma Carlos Chagas (1920), numa tentativa de reorganização dos
14
serviços de saúde, cria o Departamento Nacional de Saúde Pública, que durante anos, exerceu
ação normativa e executiva das atividades de Saúde Pública no Brasil.
A formação de pessoal de Enfermagem para atender inicialmente aos hospitais civis e
militares e, posteriormente, às atividades de saúde pública, principiou com a criação, pelo
governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras (nos moldes existentes em
Salpetriere), no Rio de Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos
Negócios do Interior. Para organizar essa escola são chamadas irmãs de caridade francesas.
Desta maneira, o preparo das enfermeiras é considerado como um sacerdócio. Esta escola,
que é de fato a primeira escola de Enfermagem brasileira, foi criada pelo Decreto Federal nº
791, de 27 de setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto,
pertencendo à Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO.
4.3 Cruz Vermelha Brasileira
A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins de 1908,
tendo como primeiro presidente o médico Oswaldo Cruz. Destacou-se pela sua atuação
durante a I Guerra Mundial (1914-1918).
Durante a epidemia de gripe espanhola (1918), colaborou na organização de postos de
socorro, hospitalizando doentes e enviando socorristas a diversas instituições hospitalares e a
domicílio. Atuou também socorrendo vítimas das inundações, nos Estados de Sergipe e
Bahia, e as secas do Nordeste. Muitas das socorristas dedicaram-se ativamente à formação de
voluntárias, continuando suas atividades após o término do conflito.
4.4 Primeiras escolas de Enfermagem no Brasil
- Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto"
Esta escola é a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi reformada por Decreto de 23 de
maio de 1939. O curso passou a três anos de duração e era dirigida por enfermeiras
diplomadas. Foi reorganizada por Maria Pamphiro, uma das pioneiras da Escola Anna Nery.

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- Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro


Começou em 1916 com um curso de socorrista, para atender às necessidades
prementes da 1ª Guerra Mundial. Logo foi evidenciada a necessidade de formar profissionais
(que se desenvolveu somente após a fundação da Escola Anna Nery) e o outro para
voluntários. Os diplomas expedidos pela escola eram registrados inicialmente no Ministério
da Guerra e considerados oficiais. Esta encerrou suas atividades.
- Escola Anna Nery
15
No início dos anos 20 surge a necessidade de preparar mais profissionais para,
principalmente, controlar as endemias. Cria-se o Serviço de Enfermeiras do Departamento
Nacional de Saúde Pública, supervisionado por enfermeiras americanas.
A primeira diretoria foi Miss Clara Louise Kienninger, senhora de grande capacidade
e virtude, que soube ganhar o coração das primeiras alunas. Com habilidade fora do comum,
adaptou-se aos costumes brasileiros. Os cursos tiveram início em 19 de fevereiro de 1923,
com 14 alunas. Instalou-se pequeno internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis,
onde seriam feitos os primeiros estágios. Em 1923, durante um surto de varíola, enfermeiras e
alunas dedicaram-se ao combate à doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de
mortalidade atingia 50%, desta vez baixou para 15%. A primeira turma de Enfermeiras
diplomou-se em 19 de julho de 1925. Em 1926 o Serviço passa a denominar-se Escola de
Enfermeiras Dona Ana Neri, sendo elevada, por decreto, à escola oficial padrão (OLIVEIRA,
1979).
Destacam-se desta turma as Enfermeiras Lais Netto dos Reys, Olga Salinas Lacôrte,
Maria de Castro Pamphiro e Zulema Castro, que obtiveram bolsa de estudos nos Estados
Unidos. A primeira diretora brasileira da Escola Anna Nery foi Raquel Haddock Lobo,
nascida a 18 de junho de 1891. Foi a pioneira da Enfermagem moderna no Brasil, esteve na
Europa durante a Primeira Grande Guerra, incorporou-se à Cruz Vermelha Francesa, onde se
preparou para os primeiros trabalhos. De volta ao Brasil, continuou a trabalhar como
Enfermeira. Faleceu em 25 de setembro de 1933.
- Escola de Enfermagem Carlos Chagas
Por Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933 e iniciativa de Dr. Ernani Agrícola,
diretor da Saúde Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado a Escola de Enfermagem
"Carlos Chagas", a primeira a funcionar fora da Capital da República. A organização e
direção dessa Escola couberam a Laís Netto dos Reys, sendo inaugurada em 19 de julho do
mesmo ano. A Escola "Carlos Chagas", além de pioneira entre as escolas estaduais, foi a
primeira a diplomar religiosas no Brasil.
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- Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac"


Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de caridade, a Escola de Enfermagem
Luisa de Marillac representou um avanço na Enfermagem Nacional, pois abria largamente
suas portas, não só às jovens estudantes seculares, como também às religiosas de todas as
Congregações. É a mais antiga escola de religiosas no Brasil e faz parte da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
- Escola Paulista de Enfermagem
16
Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria, foi a pioneira da
renovação da enfermagem na Capital paulista, acolhendo também religiosas de outras
Congregações. Uma das importantes contribuições dessa escola foi início dos Cursos de Pós-
Graduação em Enfermagem Obstétrica. Esse curso que deu origem a tantos outros, é
atualmente ministrado em várias escolas do país.
- Escola de Enfermagem da USP
Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP) em
1944, faz parte da Universidade de São Paulo. Sua primeira diretora foi Edith Franckel, que
também prestara serviços como Superintendente do Serviço de Enfermeiras do Departamento
de Saúde. A primeira turma diplomou-se em 1946.
Atualmente, são muitas as escolas de Enfermagem existentes no Brasil, tanto de nível
médio como superior. Gradativamente a profissão foi tomando espaço na sociedade e hoje a
classe da Enfermagem é essencial em qualquer Instituição de Saúde. A profissão buscou
especializações e aprimoramentos e o seu caráter científico resultou na publicação de
inúmeros estudos.
5. ENTIDADES DE CLASSE
5.1 Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn
Sociedade civil sem fins lucrativos que congrega enfermeiras e técnicos em
enfermagem, fundada em agosto de 1926, sob a denominação de "Associação Nacional de
Enfermeiras Diplomadas Brasileiras". É uma entidade de direito privado, de caráter científico
e assistencial regida pelas disposições do Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial
em 1929, no Canadá, na Cidade de Montreal, a Associação Brasileira de Enfermagem, foi
admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N.). Por um espaço de tempo a
associação ficou inativa. Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu reerguê-la com o nome
Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas. Seus estatutos foram aprovados em 18 de
setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais, Coordenadorias de Comissões. Ficou
estabelecido que em qualquer Estado onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, poderia
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ser formada uma Seção. Em 1955, esse número foi elevado a 10 (dez). Em 1952, a
Associação foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52. Em 21 de agosto
de 1964, foi mudada a denominação para Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, com
sede em Brasília, funciona através de Seções formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as
quais, por sua vez, poderão subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades
Federativas da União.
- Finalidades da ABEn: Congregar os enfermeiros e técnicos em enfermagem, incentivar o
17
espírito de união e solidariedade entre as classes; Promover o desenvolvimento técnico,
científico e profissional dos integrantes de Enfermagem do País; Promover integração às
demais entidades representativas da Enfermagem, na defesa dos interesses da profissão.
- Estrutura ABEn (É constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional): a)
Assembléia de delegados; b) Conselho Nacional da ABEn (CONABEn); c) Diretoria Central;
d) Conselho Fiscal.
- Realizações da ABEn:
- Congresso Brasileiro em Enfermagem: Uma das formas eficazes que a ABEn utiliza para
beneficiar a classe dos enfermeiros, reunindo enfermeiros de todo o país nos Congressos para
fortalecer a união entre os profissionais, aprofundar a formação profissional e incentivar o
espírito de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos.
- Revista Brasileira de Enfermagem: A Revista Brasileira de Enfermagem é Órgão Oficial,
publicado bimestralmente e constitui grande valor para a classe, pois trata de assuntos
relacionados à saúde, profissão e desenvolvimento da ciência. A idéia da publicação da
Revista surgiu em 1929, quando Edith Magalhães Franckel, Raquel Haddock Lobo e Zaira
Cintra Vidal participaram do Congresso do I.C.N. em Montreal, Canadá. Numa das reuniões
de redatoras da Revista, Miss Clayton considerou indispensável ao desenvolvimento
profissional a publicação de um periódico da área. Em maio de 1932 foi publicado o 1º
número com o nome de "Anais de Enfermagem", que permaneceu até 1954. No VII
Congresso Brasileiro de Enfermagem foi sugerida e aceita a troca do nome para "Revista
brasileira de enfermagem"- ABEn (REBen). Diversas publicações estão sendo levadas a
efeito: Manuais, Livros didáticos, Boletim Informativo, Resumo de Teses, Jornal de
Enfermagem.
5.2 Sistema Cofen/Coren’s
- Histórico: Criação- Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os
Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto Autarquias
Federais, vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. O Conselho Federal e os
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Conselhos Regionais são Órgãos disciplinadores do exercício da Profissão de Enfermeiros,


Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Em cada Estado existe um Conselho Regional, os
quais estão subordinados ao Conselho federal, que é sediado no Rio de Janeiro e com
Escritório Federal em Brasília.
- Direção: Os Conselhos Regionais são dirigidos pelos próprios inscritos, que formam uma
chapa e concorrem a eleições. O mandato dos membros do COFEN/CORENs é honorífico e
tem duração de três anos, com direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do
18
COFEN é composta pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos CORENs.
- Receita: A manutenção do Sistema COFEN/CORENs é feita através da arrecadação de
taxas emolumentos por serviços prestados, anuidades, doações, legados e outros, dos
profissionais inscritos nos CORENs.
- Finalidade: O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem e
cumprimento da Lei do Exercício Profissional. O Sistema COFEN/CORENs encontra-se
representado em 27 Estados Brasileiros, sendo este filiado ao Conselho Internacional de
Enfermeiros em Genebra.
- Competências:
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN): Normatizar e expedir instruções, para
uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; Esclarecer
dúvidas apresentadas pelos CORENs; Apreciar Decisões dos COREns; Aprovar contas e
propostas orçamentárias de Autarquia, remetendo-as aos Órgãos competentes; Promover
estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional; Exercer as demais atribuições que
lhe forem conferidas por lei.
Conselho Regional de Enfermagem (COREN): Deliberar sobre inscrições no Conselho e seu
cancelamento; Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais
do COFEN; Executar as instruções e resoluções do COFEN; Expedir carteira e cédula de
identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão, a qual tem validade em todo
o território nacional; Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo
as penalidades cabíveis; Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento
interno, submetendo-os a aprovação do COFEN; Zelar pelo conceito da profissão e dos que a
exercem; Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do exercício profissional; Eleger sua
Diretoria e seus Delegados a nível central e regional; Exercer as demais atribuições que lhe
forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN.

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- Sistema de Disciplina e Fiscalização: O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício


Profissional da Enfermagem, instituído por lei, desenvolve suas atividades segundo as normas
baixadas por Resoluções do COFEN. O Sistema é constituído dos seguintes objetivos:
a) Área disciplinar normativa: Estabelecendo critérios de orientação e aconselhamento
para o exercício da Enfermagem, baixando normas visando o exercício da profissão, bem
como atividade na área de Enfermagem nas empresas, consultórios de Enfermagem,
observando as peculiaridades atinentes à Classe e a conjuntura de saúde do país.
19
b) Área disciplinar corretiva: Instaurando processo em casos de infrações ao Código
de Ética dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos profissionais inscritos e, no caso
de empresa, processos administrativos, dando prosseguimento aos respectivos julgamentos e
aplicações das penalidades cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de
alçada destas.
c) Área fiscalizatória: Realizando atos e procedimentos para prevenir a ocorrência de
Infrações à legislação que regulamenta o exercício da Enfermagem; inspecionando e
examinando os locais públicos e privados, onde a Enfermagem é exercida, anotando as
irregularidades e infrações verificadas, orientando para sua correção e colhendo dados para a
instauração dos processos de competência do COREN e encaminhando às repartições
competentes, representações.

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PARTE II - LEGISLAÇÃO DE ENFERMAGEM


1. ÉTICA
A palavra ética é de origem grega, derivada de ethos, que por sua vez diz respeito ao
costume ou mesmo aos hábitos dos homens, aos princípios que sustentam as bases da
moralidade social e da vida individual além de tratar-se de uma reflexão sobre o valor das
ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo quanto no âmbito individual. É também
denominada como “um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta
20
humana na sociedade”. A ética é uma parte da filosofia (e também pertinente às ciências
sociais) que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da
moralidade social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o
valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual,
sendo ainda definida como um estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo
ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas
para as regras propostas pela Moral e pelo Direito.
Pode-se dizer que a ética é construída por uma sociedade com base nos valores
históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Além do mais, ela “serve para
que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia
prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social”.
Importante destacar o que muitos dizem que a Ética não serve de base somente às
relações humanas mais próximas. Ela trata de relações sociais dos homens, pois alguns
filósofos consideram a ética como a base do direito ou da justiça, isto é, das leis que regulam
a convivência entre todos os membros de uma sociedade.
Assim, a ética pode ser:
a) descritiva, caracterizando-se pela exposição do que é praticado;
b) normativa, preocupada com as normas e regras do agir para o bem;
c) meta, dedicada às definições e à conceituação;
d) deontológica, orientada pela insistência no dever;
e) teleológica, que se volta para os fins do agir.
1.1 Moral
A palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos
costumes”. A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de
garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante uma
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identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral
comum.
A Moral tem por objeto o comportamento humano regido por regras e valores morais,
que se encontram gravados em nossas consciências, comportamento resultante de decisão da
vontade, que torna o homem, por ser livre, responsável por sua culpa quando agir contra as
regras morais, tem relações muito próximas com o Direito. A Justiça, valor jurídico
fundamental é valor moral.
21
Por exemplo, a forma concreta como a ética é vivida, depende de cada cultura que é
sempre diferente da outra. Um indígena, um chinês, um africano vivem do seu jeito o amor, o
cuidado, a solidariedade e o perdão. Esse jeito diferente chamamos de moral. Ética existe uma
só para todos. Moral existem muitas, são as maneiras diferentes como os seres humanos
organizam a vida. Exemplificando: Importante é ter uma casa (ética). O estilo e a maneira de
construí-la pode variar (moral). Pode ser simples, rústica, moderna, colonial, gótica, contanto
que seja casa habitável. Assim é com a ética e a moral (LEONARDO BOFF).
2.CÓDIGOS DE ÉTICA
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por
exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude
pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos de não utilização de animais para estes
fins. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética.
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética
de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica,
ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética
jornalística, ética na política, etc.
Num contexto geral, podem ser citados aqui alguns pontos importantes para o dia a dia
da organização e ao ambiente do trabalho no sentido ético que buscam melhor e maior
aproveitamento do profissional:
- Maior nível de produção na empresa;
- Favorecimento para a criação de um ambiente de trabalho harmonioso, respeitoso e
agradável;
- Aumento no índice de confiança entre os funcionários.
Importante destacar ainda alguns exemplos de atitudes éticas que todo trabalhador
deve ter o cuidado e praticar o ambiente de trabalho, mais especificamente:
- Educação e respeito entre os funcionários;
- Cooperação e atitudes que visam à ajuda aos colegas de trabalho;
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- Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades realizadas


na empresa;
- Respeito à hierarquia dentro da empresa;
- Busca de crescimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho;
- Ações e comportamentos que visam criar um clima agradável e positivo dentro da empresa
como, por exemplo, manter o bom humor;
- Realização, em ambiente de trabalho, apenas de tarefas relacionadas ao trabalho;
22
- Respeito às regras e normas da empresa.
2.1.Ética profissional
A atuação profissional deve ser lembrada de maneira pessoal, mas ressaltando-se o
trabalho em equipe, haja vista que muito dificilmente a coletividade não irá influenciar na
relação de trabalho. Nesse sentido, devemos lembrar que a forma de atuar profissionalmente
requer princípios gerais que norteiam não apenas uma pessoa, mas sim grupos de pessoas que
atuam no âmbito profissional.
Assim pode-se definir ética profissional como “conjunto de atitudes e valores
positivos aplicados no ambiente de trabalho. A ética no ambiente de trabalho é de
fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações
de trabalho entre os funcionários”.
3. LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL DOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM
Cada profissão possui seus códigos específicos. Não porque uma área de atuação é
melhor do que a outra, mas sim pelo fato de que as peculiaridades de cada profissão exigem
normas e legislações direcionadas.
Além do Código de Ética, que veremos a seguir, temos também outras legislações que
falam sobre a profissão do Técnico de Enfermagem, como por exemplo, a LEI Nº 5.905, DE
12 DE JULHO DE 1973 que “Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem e dá outras providências”.
A LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 1986 que “Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da enfermagem e dá outras providências”. Vale destacar nessa legislação alguns
artigos que tratam especificamente dos profissionais Técnicos em enfermagem:
Art. 2º A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na
área onde ocorre o exercício.

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Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de


Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus
de habilitação.
(...)
Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:
I- o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com
a legislação e registrado pelo órgão competente;
23
II- o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso
estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
como diploma de Técnico de Enfermagem.
(...)
Art. 12 O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no
planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
a) participar da programação da assistência de enfermagem;
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado
o disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.
(...)
Art. 15 As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quando exercidas em instituições de
saúde, públicas e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
orientação e supervisão de Enfermeiro.
Já o Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987 trata sobre a regulamentação da Lei
7.498/1986 “que dispõe sobre o exercício da Enfermagem e dá outras providências”. Entre os
diversos artigos, destacaremos apenas o que nos interessa nesse momento:
(...)
Art. 10 O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico,
atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I- assistir o Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de
Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;

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c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância


epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes
durante a assistência de saúde;
f) na execução dos programas referidos nas letras "i" e "o" do item II do Art. 8º.
II- executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do Enfermeiro
24
e as referidas no Art. 9º deste Decreto:
III- integrar a equipe de saúde.
(...)
Art. 14 Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:
I- cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem;
II- quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de
Enfermagem, para fins estatísticos;
Art. 15 Na administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito
Federal e dos Territórios será exigida como condição essencial para provimento de cargos e
funções e contratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, a prova de inscrição no
Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Parágrafo único. Os órgãos e entidades compreendidos neste artigo promoverão, em
articulação com o Conselho Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à adaptação das
situações já existentes com as disposições deste Decreto, respeitados os direitos adquiridos
quanto a vencimentos e salários.
4.NOVO CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM (CEPE)
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atribuições que lhe são
conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia,
aprovado pela Resolução Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei 5.905, de 12 de julho de
1973, compete ao Cofen elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo,
quando necessário, ouvidos os Conselhos Regionais;
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem deve submeter-se aos
dispositivos constitucionais vigentes;
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e adotada pela Convenção de Genebra (1949),
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cujos postulados estão contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfermeiras


(1953, revisado em 2012);
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (2005);
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do Conselho Federal de
Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (1993, reformulado
em 2000 e 2007), as normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de
Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, e as normas internacionais
25
sobre pesquisa envolvendo seres humanos;
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, consolidada na 1ª Conferência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª
CONEENF, ocorrida no período de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada
pelo Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comissão Nacional de
Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, instituída pela Portaria
Cofen nº 1.351/2016;
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) que cria
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º
do art. 226 da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, que
estabelece a notificação compulsória, no território nacional, nos casos de violência contra a
mulher que for atendida em serviços de saúde públicos e privados;
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente;
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto
do Idoso;
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental;
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes;
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Extraordinária de Presidentes
dos Conselhos Regionais de Enfermagem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito
Federal, no dia 18 de julho de 2017, e
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Federal de Enfermagem em sua
491ª Reunião Ordinária,
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RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, conforme o anexo
desta Resolução, para observância e respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser
consultado através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de
Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem como aos atendentes de Enfermagem.
Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
26
Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por proposta
de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos
Conselhos Regionais.
Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de ampla discussão com a
categoria, coordenada pelos Conselhos Regionais, sob a coordenação geral do Conselho
Federal de Enfermagem, em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferências
Regionais.
Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias a partir da data de sua
publicação no Diário Oficial da União, revogando-se as disposições em contrário, em especial
a Resolução Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
Brasília, 6 de novembro de 2017.
ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
PREÂMBULO
O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem – CEPE, norteou-se por princípios fundamentais, que representam imperativos
para a conduta profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática
social, indispensável à organização e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como
responsabilidades a promoção e a restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o
alívio do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à coletividade; organiza suas
ações e intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com outros profissionais da área;
tem direito a remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possibilitem um
cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, esses princípios fundamentais
reafirmam que o respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que
inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segurança pessoal, à
livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor,
crença religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação
sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social.
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Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Federal de Enfermagem, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de
1973, aprova e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de Enfermagem à
sua fiel observância e cumprimento.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do cuidado prestado nos
diferentes contextos socioambientais e culturais em resposta às necessidades da pessoa,
27
família e coletividade.
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em consonância com os
preceitos éticos e legais, técnico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com
competência para promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Princípios
da Ética e da Bioética, e participa como integrante da equipe de Enfermagem e de saúde na
defesa das Políticas Públicas, com ênfase nas políticas de saúde que garantam a
universalidade de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da
autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentralização
político-administrativa dos serviços de saúde.
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento próprio da profissão e nas
ciências humanas, sociais e aplicadas e é executado pelos profissionais na prática social e
cotidiana de assistir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar.
CAPÍTULO I – DOS DIREITOS
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança técnica, científica e ambiental,
autonomia, e ser tratado sem discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e
pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos.
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violências física e
psicológica à saúde do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos
dos profissionais de enfermagem.
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, do
exercício da cidadania e das reivindicações por melhores condições de assistência, trabalho e
remuneração, observados os parâmetros e limites da legislação vigente.
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar com
responsabilidade, autonomia e liberdade, observando os preceitos éticos e legais da profissão.
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organizações da Categoria e Órgãos de
Fiscalização do Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais.

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Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos,


históricos e culturais que dão sustentação à prática profissional.
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, família e coletividade, necessárias
ao exercício profissional.
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, medidas
cabíveis para obtenção de desagravo público em decorrência de ofensa sofrida no exercício
profissional ou que atinja a profissão.
28
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, quando
impedido de cumprir o presente Código, a Legislação do Exercício Profissional e as
Resoluções, Decisões e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem.
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às diretrizes políticas, normativas
e protocolos institucionais, bem como participar de sua elaboração.
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enfermagem, bem como de comissões
interdisciplinares da instituição em que trabalha.
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão
de seu exercício profissional.
Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não
oferecer condições seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente,
ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua
decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional
de Enfermagem.
Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento metodológico para planejar,
implementar, avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e coletividade.
Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer
área direta ou indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem.
Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão que envolvam pessoas e/ou
local de trabalho sob sua responsabilidade profissional.
Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, respeitando a
legislação vigente.
Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesquisa, extensão e produção
técnico-científica.

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Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais e meios eletrônicos para


conceder entrevistas, ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de sua
competência e/ou divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha habilidades e competências
técnico-científicas e legais.
Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias sociais durante o
desempenho de suas atividades profissionais.
29
Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica,
científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à
coletividade.
Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação profissional/usuários quando
houver risco à sua integridade física e moral, comunicando ao Coren e assegurando a
continuidade da assistência de Enfermagem.
CAPÍTULO II – DOS DEVERES
Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade,
competência, responsabilidade, honestidade e lealdade.
Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na
diversidade de opinião e posição ideológica.
Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem e demais normativos do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho
de atividades em organizações da categoria.
Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem e aos órgãos
competentes fatos que infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício
profissional e a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.
Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de Enfermagem, fatos que envolvam
recusa e/ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do
profissional em cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notificações, citações, convocações e
intimações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício profissional e prestar
informações fidedignas, permitindo o acesso a documentos e a área física institucional.
Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, com jurisdição na área onde
ocorrer o exercício profissional.
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Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conselho Regional de Enfermagem


de sua jurisdição.
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao Conselho Regional de
Enfermagem de sua jurisdição.
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, número e categoria de
inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos,
quando no exercício profissional.
30
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, número e categoria de inscrição no
Coren, devendo constar a assinatura ou rubrica do profissional.
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura deverá ser certificada, conforme
legislação vigente.
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e
indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e
sem rasuras.
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem, em consonância
com sua competência legal.
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à
continuidade da assistência e segurança do paciente.
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito dos direitos, riscos, benefícios e
intercorrências acerca da assistência de Enfermagem.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e consequências
decorrentes de exames e de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa
ou de seu representante legal.
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação de qualquer natureza.
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu representante legal
na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto,
bem-estar, realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne às decisões
sobre cuidados e tratamentos que deseja ou não receber no momento em que estiver
incapacitado de expressar, livre e autonomamente, suas vontades.
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo seu ciclo vital e
nas situações de morte e pós-morte.

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Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que ofereçam segurança, mesmo em


caso de suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da
categoria.
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos de movimentos
reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que garantam uma
assistência segura, conforme a complexidade do paciente.
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia,
31
negligência ou imprudência.
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem
assinatura e número de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e
emergência.
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e
Médica em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com
o prescritor ou outro profissional, registrando no prontuário.
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância,
exceto em casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente.
Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de
membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia,
negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade.
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e
família no processo do nascer, viver, morrer e luto.
Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com risco iminente de
morte, em consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos
disponíveis para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade
da pessoa ou de seu representante legal.
Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade em casos de emergência,
epidemia, catástrofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, quando convocado.
Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimento prévio do paciente,
representante ou responsável legal, ou decisão judicial.
Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja capacidade de decisão por
parte da pessoa, ou na ausência do representante ou responsável legal.
Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais,
independentemente de ter sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, imprudência
ou negligência, desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
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Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a responsabilidade será atribuída na
medida do(s) ato(s) praticado(s) individualmente.
Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade
profissional, exceto nos casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o
consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de
falecimento da pessoa envolvida.
32
§ 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à dignidade, na
defesa própria ou em atividade multiprofissional, quando necessário à prestação da
assistência.
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha deverá comparecer perante a
autoridade e, se for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de responsabilização criminal,
independentemente de autorização, de casos de violência contra: crianças e adolescentes;
idosos; e pessoas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabilização criminal em casos de
violência doméstica e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, independentemente
de autorização, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com
conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão quanto ao conteúdo e imagem
veiculados nos diferentes meios de comunicação e publicidade.
Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento técnico-científico, ético-
político, socioeducativo e cultural dos profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e
coordenação.
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos e
culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvimento de atividades de ensino,
pesquisa e extensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas.
Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos.
Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no processo de pesquisa, em todas
as etapas.
Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se julgar técnica, científica e
legalmente apto para o desempenho seguro para si e para outrem.

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Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente relativa à preservação do


meio ambiente no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
CAPÍTULO III – DAS PROIBIÇÕES
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Ética e à legislação que
disciplina o exercício da Enfermagem.
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal
ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
33
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a
legislação e princípios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem.
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de
violência contra a pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão.
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência de fatos que envolvam recusa
ou demissão motivada pela necessidade do profissional em cumprir o presente código e a
legislação do exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego ocupado
por colega, utilizando-se de concorrência desleal.
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de qualquer instituição ou
estabelecimento congênere, quando, nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas
na legislação.
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, família e coletividade, além do
que lhe é devido, como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou
benefícios de qualquer natureza para si ou para outrem.
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanismos de coação, omissão ou
suborno, com pessoas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor ou induzir ordens,
opiniões, ideologias políticas ou qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem contra
a dignidade da pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional.
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para praticar atos tipificados como crime
ou contravenção penal, tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que
não a exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais.
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família,
membros das equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem,
trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional.
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que
infrinja postulados éticos e legais, no exercício profissional.
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Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto


nos casos permitidos pela legislação vigente.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de
acordo com a sua consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade
da assistência.
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa.
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergência ou naquelas expressamente
34
autorizadas na legislação, desde que possua competência técnica-científica necessária.
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia,
desastre e catástrofe, desde que não ofereça risco a integridade física do profissional.
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à saúde sem o consentimento
formal da pessoa ou de seu representante ou responsável legal, exceto em iminente risco de
morte.
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de
administração e potenciais riscos, respeitados os graus de formação do profissional.
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em programas de saúde
pública e/ou em rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a
segurança da pessoa.
Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso
de emergência, ou que estiverem expressamente autorizados na legislação vigente.
Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas
vinculadas, no descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos,
esterilização humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio
moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer
membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras.
Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título que não possa comprovar.
Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patrimônio das organizações da
categoria.
Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de conteúdo duvidoso sobre
assunto de sua área profissional.

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Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e inserir imagens que possam
identificar pessoas ou instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.
Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas sobre a assistência de
Enfermagem prestada à pessoa, família ou coletividade.
Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir
que suas ações sejam assinadas por outro profissional.
Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a terceiros que não estão
35
diretamente envolvidos na prestação da assistência de saúde ao paciente, exceto quando
autorizado pelo paciente, representante legal ou responsável legal, por determinação judicial.
Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações sobre o exercício profissional
quando solicitado pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de
Enfermagem.
Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da equipe de
Enfermagem, exceto nos casos de emergência.
Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da equipe de
saúde.
Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enfermagem, previstas na legislação, para
acompanhantes e/ou responsáveis pelo paciente.
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos da atenção domiciliar para o
autocuidado apoiado.
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência prestada aos pacientes sob seus
cuidados realizados por alunos e/ou estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, público ou particular, que
esteja sob sua responsabilidade em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como
desviá-lo em proveito próprio ou de outrem.
Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, em que os direitos
inalienáveis da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer
tipos de riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e
coletividade.
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como usá-los para fins diferentes
dos objetivos previamente estabelecidos.
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o participante do estudo e/ou
instituição envolvida, sem a autorização prévia.
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Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-científica ou instrumento de


organização formal do qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e
colaboradores.
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não publicadas, sem referência do
autor ou sem a sua autorização.
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, das quais tenha ou não
participado como autor, sem concordância ou concessão dos demais partícipes.
36
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome como autor ou
coautor em obra técnico-científica.
CAPÍTULO IV – DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, bem como a aplicação das
respectivas penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em
outros dispositivos legais.
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omissão ou conivência que implique
em desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/Conselhos Regionais
de Enfermagem.
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infração ética e/ou disciplinar, que
cometer ou contribuir para sua prática, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver
benefício.
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da análise do(s) fato(s), do(s)
ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), e do(s) resultado(s).
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos do Código de
Processo Ético-Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de
Enfermagem, conforme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973,
são as seguintes:
I – Advertência verbal;
II – Multa;
III – Censura;
IV – Suspensão do Exercício Profissional;
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, de forma reservada, que será
registrada no prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas.
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§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da


anuidade da categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas publicações oficiais do Sistema
Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação.
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissional da Enfermagem por um
período de até 90 (noventa) dias e será divulgada nas publicações oficiais do Sistema
Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada aos
37
órgãos empregadores.
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem por um período de
até 30 anos e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de
Enfermagem e em jornais de grande circulação.
§ 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no prontuário do infrator.
§ 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional terá sua carteira retida no ato da
notificação, em todas as categorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento
da pena e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, multa, censura e suspensão do
exercício profissional, são da responsabilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão
registradas no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação do direito ao
exercício profissional é de competência do Conselho Federal de Enfermagem, conforme o
disposto no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73.
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal de
Enfermagem e nos casos de cassação do exercício profissional, terá como instância superior a
Assembleia de Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.
Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se:
I – A gravidade da infração;
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
III – O dano causado e o resultado;
IV – Os antecedentes do infrator.
Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a
natureza do ato e a circunstância de cada caso.
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental ou moral de
qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da
categoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou financeiros.

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§ 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem debilidade temporária de


membro, sentido ou função na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais,
patrimoniais ou financeiros.
§ 3º São consideradas infrações graves as que provoquem perigo de morte, debilidade
permanente de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as
que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem a morte, debilidade
38
permanente de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa.
Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com
eficiência, evitar ou minorar as consequências do seu ato;
II – Ter bons antecedentes profissionais;
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ameaça;
IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos fatos.
Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
I – Ser reincidente;
II – Causar danos irreparáveis;
III – Cometer infração dolosamente;
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outra
infração;
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo ou
função ou exercício profissional;
VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstrução de fato que se relacione
com o apurado na denúncia durante a condução do processo ético.
CAPÍTULO V – DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas,
cumulativamente, quando houver infração a mais de um artigo.
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de infrações ao que está
estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48,
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47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, 82,
83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101 e 102.
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos
artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63,
64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88,
89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos
39
artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71,
73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99, 100,
101 e 102.
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável nos casos de infrações ao
que está estabelecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69,
70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95.
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional é aplicável nos casos de
infrações ao que está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.
5.PERFIL PROFISSIONAL DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
De acordo com dados do COFEN, é uma profissão que possui maioria feminina,
embora nos últimos anos o número de homens atuando na área tenha aumentado. A classe dos
Técnicos em Enfermagem apresenta maioria em relação aos enfermeiros. A maior parcela dos
profissionais tem entre 31-35 anos de idade. A região sudeste do Brasil concentra o maior
número desses profissionais. Há forte identificação dos profissionais com sua área de atuação,
vendo nela a origem de seu crescimento pessoal e intelectual. Ser técnico, portanto, é o
mesmo que ser auxiliar e, ocasionalmente, desempenhar algumas funções do enfermeiro. A
diferença apontada entre o auxiliar e o técnico é apenas no nível de conhecimentos teóricos, o
que faz com que este último seja consequentemente, mais qualificado.
6.ÁREAS DE ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
O Técnico em Enfermagem é o profissional que atuará, em conjunto com o
enfermeiro, na prestação de cuidados aos pacientes em situações críticas e emergenciais, em
todas as unidades hospitalares como: Centro obstétrico, Centro cirúrgico, UTI e sala de
emergência. Esse profissional é responsável ainda pelo apoio a tarefas administrativas, como
por exemplo, elaboração de escalas de trabalho. Os campos de atuação são: Hospitais,
clínicas, redes ambulatoriais, Unidades Básicas de Saúde, consultórios médicos, laboratórios
de análises clínicas e unidades de diagnóstico, creches, SPA’s, instituições de ressocialização,
abrigos, casas de repouso, dentre outros.
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7.ATRIBUIÇOES DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Os limites das atividades dos profissionais de enfermagem (auxiliar, técnico e
enfermeiro) estão definidos no Decreto N° 94.406/87, que regulamenta a Lei N° 7.498/86,
sobre o exercício profissional da Enfermagem. As atividades do técnico de enfermagem, no
artigo 10° do referido decreto.
As funções são divididas por níveis de complexidade e cumulativas, ou seja, ao
técnico competem as suas funções específicas e as dos auxiliares, enquanto que o enfermeiro
40
é responsável pelas suas atividades privativas, outras mais complexas e ainda pode
desempenhar as tarefas das outras categorias.
Às três categorias incube integrar a equipe de saúde e a promover a educação em
saúde, sendo que a gestão (atividades como planejamento da programação de saúde,
elaboração de planos assistenciais, participação de projetos arquitetônicos, em programas de
assistência integral, em programas de treinamento, em desenvolvimento de tecnologias
apropriadas, na contratação do pessoal de enfermagem), a prestação de assistência ao parto e a
prevenção (de infecção hospitalar, de danos ao paciente, de acidentes no trabalho) são de
responsabilidade do enfermeiro.
Dessas atividades, cabe ao técnico de enfermagem assistir o enfermeiro no
planejamento das atividades de assistência, no cuidado ao paciente em estado grave, na
prevenção e na execução de programas de assistência integral à saúde e participando de
programas de higiene e segurança do trabalho, além, obviamente, de assistência de
enfermagem, excetuadas as privativas do enfermeiro.

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PARTE III - BIOÉTICA


1.O QUE É BIOÉTICA?
Bioética (ética da vida) é parte da filosofia que se dedica a estudar a moral e as
obrigações humanas. Assim, surge uma nova reflexão para a ética tradicionalista, que vincula
as relações humanas com a vida, saúde e integridade física de todos os seres humanos,
sensibilizando o desenvolvimento social.
O termo bioética tem origem com o oncologista e biólogo americano Van Rensselaer
41
Potter no seu livro “Bioethics: bridge to the future” (Bioética: ponte para o futuro) de 1971.
Potter usou o termo para se referir à importância das ciências biológicas na melhoria de vida,
ou seja, aplicada à sobrevivência do planeta.
Segundo a Encyclopedia of Bioethics, editada por Reicht em 1978, a “bioética é o
estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e dos cuidados da saúde,
na medida em que esta conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais”. A
bioética não possui novos princípios, mas emprega os já tratados pela ética na consideração
de novas questões impostas pela ciência e pela tecnologia. Pode-se dizer que a bioética
representa um passo dado pelo agente moral que não é outro senão o homem, na direção da
consideração moral de outros seres ou da natureza em geral.
Seu nome indica uma forma especial de ética em que se conjugam o aspecto biológico
e as relações de deveres profissionais. Importante saber que a Bioética não trata somente da
relação entre médico e paciente, mas também se preocupa com especialidades vinculadas ao
campo da Medicina, tais como a Biotecnologia, a Engenharia Genética, experiências com
seres humanos e animais em geral, saúde dos pacientes mentais, questões sobre início e fim
de vida – como a interrupção da gravidez frente a um diagnóstico de um feto com múltiplas
malformações congênitas, transplantes de órgãos, eutanásia, clonagem humana e outros
temas.
Incorpora também, diversos temas sociais como Saúde Pública, meio ambiente e
relações jurídicas, entre outros. No século XX, o paciente avançou na conquista de um
direito humano tido como fundamental, que é sua autonomia para tomar decisões em
situações relacionadas à própria saúde. Saiu de uma condição passiva para assumir papel
ativo no relacionamento com profissionais de Saúde. No cenário de dilemas morais, a
Bioética chama para si a responsabilidade de refletir sobre questões e valores que surgem em
decorrência do avanço da Biotecnologia sobre a vida humana.
O “fazer” da Enfermagem, por estar ligado diretamente a processos invasivos nos
pacientes, desperta nos profissionais questões como “Que atitude deve ser tomada?”, “Até
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onde o profissional de enfermagem deve ir com o intuito de salvar vidas?” ou ainda, “Que
fazer diante de pacientes que recusam determinados tratamentos ou medicamentos?”.
A Bioética possui como uma de suas características principais a de ser uma ciência na
qual o Homem é sujeito e não somente objeto. Funda-se em quatro princípios: autonomia,
beneficência, justiça e não-maleficência.
Beneficência: trata-se do critério mais antigo da ética médica. Resume-se em fazer o
bem ao paciente. Este princípio impõe ao profissional da área da saúde o dever de promover
42
o bem ao paciente por meio do desempenho de suas funções. Pautado nesse princípio o
profissional deve promover atitudes, práticas e procedimentos em benefícios do outro.
Autonomia: um dos norteadores da Bioética. Trata-se da capacidade de decisão do
paciente. Decidir em não aceitar determinado tratamento ou mesmo medicação. Também
pode decidir o melhor horário para o seu banho no leito. A autonomia dá ao ser humano a
capacidade para agir de acordo com sua vontade por meio de escolhas que estão ao seu
alcance e diante de objetivos por ele estabelecidos. Para que os profissionais de saúde
exerçam esse principio é necessário respeitar o indivíduo, sua cultura, ideias e crenças. Nós
da enfermagem, temos o dever de sermos educadores. A proximidade que temos com o
paciente propicia a criação de elo e confiança, o que nos ajuda nesse processo. Cabe a nós
a responsabilidade de fornecer informações claras e consistentes para auxiliar na tomada de
decisão. Estamos diretamente envolvidos no processo de empoderamento dos pacientes para
que os mesmos possam exercer cada vez mais sua autonomia.
Justiça: todo ser humano merece atenção e cuidado e deve ser tratado com igualdade,
imparcialidade e toda atenção a atenção necessária nos serviços de saúde. Precisa-se de muita
cautela para que não haja injustiça social. Este conceito fundamenta-se na premissa de que as
pessoas têm direito a terem suas necessidades de saúde atendidas livres de preconceitos ou
segregações sociais. O princípio da justiça fortalece- se na lei 8080 que dispõe: “a saúde é
um direito fundamental do ser humano, devendo o estado prover condições indispensáveis ao
seu pleno exercício”.
Não-maleficência: ou a obrigação de não causar danos, e beneficência ou a obrigação
de prevenir danos, retirar danos e promover o bem. Esse princípio determina a obrigação de
não infligir dano intencionalmente. Ou seja, o desempenho das atribuições dos profissionais
de saúde não devem ocasionar nenhum dano ao paciente assistido.
Ao profissional de enfermagem cabe prestar assistência individualizada e holística,
respeitando as peculiaridades de cada ser. Nas ações em saúde, respeitar ao outro, significa

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colocar em prática os princípios da bioética. Denominam-se infrações éticas quando esses


princípios são violados.
A bioética prima pelo ideal de que a ética na assistência à saúde não deve estar contida
em uma ação pontual, mas sim estender-se a uma postura profissional. Quando se fala em
bioética não podemos deixar de falar: dos seus 4 princípios (descritos acima); das infrações
éticas (imperícia, imprudência e negligência); do código de ética da enfermagem e
dos órgãos reguladores (Cofen-Coren)
43
Infrações éticas
A Resolução COFEN – Conselho Federal de Enfermagem, n. 311 de 2007, que
normatiza o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, em seus artigos:
Art. 12. (Responsabilidades e Deveres) É responsabilidade e dever assegurar à pessoa, família
e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência
ou imprudência.
 Imperícia: consiste na falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para
executar determinada atribuição;
 Imprudência: consiste em agir com descuido ou sem de cautela e causar um dano que
poderia ter sido previsto e evitado;
 Negligência: consiste no ato omisso de deixar de fazer o que é necessário gerando
resultados prejudiciais.
Para estabelecer a bioética na Enfermagem, regulamentado pelo COFEN, surge
o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), que rege os princípios, direitos,
responsabilidades e proibições pertinentes a conduta ética dos profissionais da categoria. E
para normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem, surge o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e seus respectivos
Conselhos Regionais (COREN).
São esses os órgãos responsáveis por analisar as ocorrências éticas. As consequências
oriundas de imperícia, imprudência e negligência podem variar de acordo com a presença ou
não do dano.
As penalidades são atribuídas pelos Conselhos Regional e Federal de Enfermagem,
conforme determina a o art. 18, da Lei nº 5.905, são as seguintes: advertência verbal, multa,
censura, suspensão do exercício profissional e cassação do direito ao exercício
profissional. Ao COREN cabe impor ao profissional as penalidades descritas acima,
salientando que determinadas penalidades só podem ser aplicadas pelo COFEN.

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2.BIOÉTICA x ABORTO
De acordo com estudos realizados no contexto da Bioética, o aborto é um dos temas
que absorve maior atenção no sentido das produções científicas, dos debates e dos congressos
realizados, a fim de manifestar a diferença entre moral e ética.
Mas o que vem a ser um aborto? É a interrupção da gravidez antes do seu término
natural, com a morte do concepto.
Tipos de Aborto:
44
Espontâneo: Acontece sem intervenção humana.
Provocado: Desencadeado por atitude humana intencional ou não.
Abortamento direto: É toda ação ou intervenção que tenha como fim ou como meio a
expulsão do concepto inviável.
Abortamento indireto: É toda intervenção que indiretamente tenha como efeito a expulsão do
concepto inviável.
Abortamento criminoso: É a expulsão voluntária, provocada, do concepto inviável.
Aspecto subjetivo: Intenção de provocar o aborto.
Aspecto objetivo: Expulsão e a morte do concepto.
O aborto e o código penal brasileiro
Art. 124: Provocar aborto em si mesma ou consentir que outro lho provoque. Pena: Detenção
de 1 a 3 anos.
Art. 125: Provocar aborto sem o consentimento da gestante. Pena: Reclusão de 3 a 10 anos.
Art. 126: Provocar aborto com o consentimento da gestante. Pena: Reclusão de 1 a 4 anos.
Parágrafo único: Aplica-se a pena dos 2 artigos anteriores se a gestante não é maior de 14
anos ou é alienada ou débil mental ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência.
Art. 127: As penas cominadas nos 2 artigos anteriores são aumentadas de 1/3 se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave, e são duplicadas se por qualquer dessas causas lhe sobrevêm a
morte.
Art. 128: Não se pune aborto provocado por médico: 1) se não há outro meio de salvar a vida
da mãe; 2) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
O aborto e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
Art. 45: “É proibido provocar aborto ou cooperar em prática destinada a interromper a
gestação.”
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“Nos casos previstos em Lei, o profissional deverá decidir, de acordo com sua consciência,
sobre sua participação ou não no ato abortivo.”
Basicamente, pode-se reduzir as situações de aborto a quatro grandes tipos:
1. Interrupção eugênica da gestação (IEG): são os casos de aborto ocorridos em nome
de práticas eugênicas, isto é, situações em que se interrompe a gestação por valores racistas,
sexistas, étnicos, etc. Comumente, sugere-se o praticado pela medicina nazista como exemplo
de IEG quando mulheres foram obrigadas a abortar por serem judias, ciganas ou negras.
45
Regra geral, a IEG processa-se contra a vontade da gestante, sendo esta obrigada a abortar;
2. Interrupção terapêutica da gestação (ITG): são os casos de aborto ocorridos em
nome da saúde materna, isto é, situações em que se interrompe a gestação para salvar a vida
da gestante. Hoje em dia, em face do avanço científico e tecnológico ocorrido na medicina, os
casos de ITG são cada vez em menor número, sendo raras as situações terapêuticas que
exigem tal procedimento;
3. Interrupção seletiva da gestação (ISG): são os casos de aborto ocorridos em nome
de anomalias fetais, isto é, situações em que se interrompe a gestação pela constatação de
lesões fetais. Em geral, os casos que justificam as solicitações de ISG são de patologias
incompatíveis com a vida extra-uterina, sendo o exemplo clássico o da anencefalia;
4. Interrupção voluntária da gestação (IVG): são os casos de aborto ocorridos em nome da
autonomia reprodutiva da gestante ou do casal, isto é, situações em que se interrompe a
gestação porque a mulher ou o casal não mais deseja a gravidez, seja ela fruto de um estupro
ou de uma relação consensual. Muitas vezes, as legislações que permitem a IVG impõem
limites gestacionais à prática.
Com exceção da IEG, todas as outras formas de aborto, por princípio, levam em
consideração a vontade da gestante ou do casal em manter a gravidez. Para a maioria dos
bioeticistas, esta é uma diferença fundamental entre as práticas, uma vez que o valor-
autonomia da paciente é um dos pilares da teoria principialista, hoje a mais difundida na
Bioética. Assim, no que concerne à terminologia, trataremos mais especificamente dos três
últimos tipos de aborto, por serem os que mais diretamente estão em pauta na discussão
bioética.

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3.BIOÉTICA x EUTANÁSIA
Definição de eutanásia:1) Morte serena, sem sofrimento. 2) Prática, sem amparo legal, pela
qual se busca abreviar sem dor ou sofrimento a vida dum enfermo incurável e
terminal. Fonte: Míni Aurélio, 6ª edição revista e atualizada (2004).
Suicídio assistido: Ocorre quando uma pessoa, que não consegue concretizar sozinha sua
intenção de morrer, solicita o auxílio de outro indivíduo. Tal prática é feita, geralmente, por
atos, como prescrição de doses altas de medicação e/ou indicação de uso.
46
A eutanásia é praticada por terceiros, e geralmente em casos nos quais o indivíduo está
inconsciente. Ela e o suicídio assistido não são aceitos no Brasil. Outros termos importantes
são:
- Ortotanásia, que se refere à morte que ocorre de forma natural. Em alguns casos, ela está
relacionada à suspensão de procedimentos em casos de pacientes terminais permitindo, por
exemplo, que voltem para casa.
- Distanásia, que seria o prolongamento do momento da morte, por meio da utilização de
fármacos e aparelhagens.
Sugestão de filme para assimilação dos conhecimentos: “You Don't Know Jack”, sobre a vida
de Jack Kevorkian: o famoso doutor morte.
4.BIOÉTICA E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
A obtenção de órgãos de doador vivo tem sido muito utilizada, ainda é útil, porém é
igualmente questionável desde o ponto de vista ético. Este tipo de doação somente tem sido
aceito quando existe relação de parentesco entre doador e receptor. A utilização de órgãos de
doadores cadáveres tem sido a solução mais promissora para o problema da demanda
excessiva. O problema inicial foi o estabelecimento de critérios para caracterizar a morte do
indivíduo doador. A mudança do critério cardiorrespiratório para o encefálico possibilitou um
grande avanço neste sentido. Os critérios para a caracterização de morte encefálica foram
propostos, no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina através da resolução CFM 1480/97.
Na doação de órgãos por cadáver muda-se a discussão da origem para a forma de
obtenção: doação voluntária, consentimento presumido, manifestação
compulsória ou abordagem de mercado.
Em 16 de janeiro de 1997, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, após uma longa
discussão, a nova lei de transplantes ( Lei 9434/97), sancionada pelo Presidente da República
em 4 de fevereiro de 1997, que altera a forma de obtenção para consentimento presumido. A
legislação anteriormente vigente (Lei 8489/92 e o Decreto 879/93) estabeleciam o critério da
doação voluntária. Em março de 2001 houve uma nova mudança, através da lei 10211, que dá
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plenos poderes para a família doar ou não os órgãos de cadáver. Todas as manifestações de
vontade constantes em documentos foram tornadas sem efeito.
Ao longo de poucos anos, houve uma mudança muito grande na abordagem desta
questão no Brasil . No período de 1968 a 1997 era válida a vontade do individuo, na sua
ausência a família poderia se manifestar. A partir de 1997 houve a mudança para a
possibilidade da utilização dos cadáveres sem a participação da família, salvo manifestação
individual em contrário. Desde março de 2001, apenas a família tem poderes para permitir ou
47
não a doação, sem que haja espaço legal para a manifestação do indivíduo. Recentemente foi
apresentada uma proposta inusitada. Um projeto de lei, de junho de 2004, propõe a utilização
intervivos de órgãos de condenados a penas superiores a 30 anos de reclusão.
A alocação dos órgãos para transplante, assim como de outros recursos escassos deve
ser feita em dois estágios. O primeiro estágio deve ser realizado pela própria equipe de saúde,
contemplando os critérios de elegibilidade, de probabilidade de sucesso e de progresso à
ciência, visando a beneficência ampla. O segundo estágio, a ser realizada por um Comitê de
Bioética, pode utilizar os critérios de igualdade de acesso, das probabilidades estatísticas
envolvidas no caso, da necessidade de tratamento futuro, do valor social do indivíduo
receptor, da dependência de outras pessoas, entre outros critérios mais.
5.BIOÉTICA x PENA DE MORTE
É bastante comum sermos surpreendidos com algum relato de pena de morte nos
meios de comunicação, sobretudo quando a sentença está prestes a acontecer. Recentemente
nos deparamos com a execução do brasileiro Rodrigo Goulart (foi preso em julho de 2004
após tentar entrar no país com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe) na
Indonésia. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, pediu clemência diante do caso, mas não
foi atendida. Esse fato desencadeou mais uma vez a discussão sobre a legitimidade da pena de
morte. Todavia desde tempos primórdios o ser humano pretendendo fazer justiça tira a vida
seu semelhante. Cenas como a crucificação de Cristo, a morte de Sócrates e até a execução de
Tiradentes surgem imediatamente no campo da memória do povo. O assunto já foi debatido
no mundo todo na medida em que se aparecem novas execuções. Alguns países ainda hoje
não abrem mão desta prática letal. Estados Unidos, Indonésia e China são os mais citados.
Realizam tais atos por acharem que essa pedagogia diminui a criminalidade.
No Brasil a pena de morte foi definitivamente banida pelo Imperador Dom Pedro II,
em virtude do enforcamento equivocado de um fazendeiro. Para crimes comuns, porém,
apenas a partir da Proclamação da República a pena capital foi definitivamente abolida. Para

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crimes de caráter militar a pena de morte ainda continuou a vigorar, nos casos de guerra
declarada, até hoje.
6.BIOÉTICA x TRANSGÊNICOS
Os organismos geneticamente modificados (OGMs), ou transgênicos, são aquele que
tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo inseridos em seu código genético. O
processo consiste na transferência de um ou mais genes responsáveis por determinada
característica num organismo para outro organismo ao qual se pretende incorporar estas
48
características, por exemplo:“ Salmão, truta e arroz que contêm um gene humano introduzido;
batatas com um gene de galinha; pepino e tomates com genes de vírus e bactérias.”
Quando surgiram os primeiros transgênicos?
As primeiras plantas transgênicas, ou seja, obtidas por engenharia genética,
começaram a ser testadas em campo no início da década de 80. relata-se que os estudos em
biotecnologia se desenvolveram a partir do final do século XVIII e do início do século XIX.
Mas já na Antiguidade o homem utilizava microoganismos para fazer pão, cerveja e vinho.
Este é o início da utilização de microorganismos para criar novos e diferentes alimentos. A
partir do século XIX, com o progresso da técnica e da ciência, especialmente da
microbiologia, aconteceram grandes avanços na tecnologia das fermentações.
Principais alimentos transgênicos
Os principais cultivos de transgênicos hoje são o de soja, milho, algodão e batata.
Entretanto já existem em fase de testes banana, brócolis, café, cenoura, morango e trigo. No
Brasil, a Embrapa estuda os transgênicos desde 1981. O primeiro projeto introduziu genes da
castanha-do-pará no feijão para aumentar seu valor nutricional. Hoje a Embrapa trabalha com
soja, banana, algodão, abacaxi, batata, entre outros.
Rótulo para transgênicos
Os produtos que contenham mais de 1% de matéria-prima transgênica não devem ser
consumidos. A rotulação, além de possibilitar ao cidadão o direito de saber o que está
consumindo, permite identificar com mais facilidade a causa de problemas de saúde, caso
venham a ocorrer após o consumo.
“Alimento Seguro” x “Segurança Alimentar”
Esta talvez seja a questão mais importante quando falamos de bioética. Frente a isto,
há duas incômodas questões: a primeira é a de que, como aprendizes, poderemos sofrer as
consequências de um conhecimento parcial, ao superestimar nossa capacidade de prever e
controlar as cadeias causais que se iniciarão a partir da aplicação das novas biotecnologias. A
outra questão está no âmbito dos valores que guiam nossas ações. Ou seja, mesmo que
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tenhamos assegurado total controle sobre as aplicações biotecnológicas, precisamos continuar


a nos perguntar, se estamos preparados para fazer frente a todas as implicações que elas
podem causar seja em seres humanos ou em ecossistemas.”
7.BIOÉTICA x BIOPIRATARIA
Biopirataria consiste na apropriação indevida de recursos diversos da fauna e flora,
levando à monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao
uso desses recursos. Em outras palavras, biopirataria é a exploração, manipulação, exportação
49
ou comercialização internacional de recursos biológicos que constam nas normas da
Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992.
Os biopiratas geralmente se fazem passar por turistas ou biólogos, portando passaporte
e em alguns casos, com aval governamental. Todavia, sempre com intenções bem definidas,
como a exploração e o tráfico de mudas, sementes, insetos, e toda a sorte de interesses
na biodiversidade. Biopiratas procuram pessoas para orientá-los, como índios, madeireiros ou
camponeses pelo fato de conhecerem as riquezas da natureza local.
A biopirataria no Brasil começou logo após o seu descobrimento pelos portugueses em
1500, quando estes iniciaram a exploração do pau-brasil. Outro caso de biopirataria foi o
contrabando de 70.000 sementes da árvore de seringueira, Hevea brasiliensis, da região de
Santarém, no Pará, no ano de 1876, pelo inglês Henry Wickham.
As sementes foram contrabandeadas para o Royal Botanic Garden, em Londres e daí,
após seleção genética, levadas para a Malásia, África e outras destinações tropicais. Após
algumas décadas, a Malásia passou a ser o principal exportador mundial de látex,
prejudicando economicamente o Brasil
Dos animais silvestres comercializados no Brasil, estima-se que 30% sejam
exportados. Grande parte da fauna silvestre é contrabandeada diretamente para países
vizinhos, através das fronteiras fluviais e secas. Destes países fronteiriços seguem para países
do primeiro mundo.
Algumas espécies brasileiras patenteadas por empresas estrangeiras
- Andiroba: A árvore (Carapa guianensis) é de grande porte, comum nas várzeas
da Amazônia. O óleo e extrato de seus frutos foram registrados pela empresa francesa Yves
Roches, no Japão, França, União Europeia e Estados Unidos, em 1999. E pela empresa
japonesa Masaru Morita, em 1999.
- Copaíba: A copaíba (Copaifera sp.) é uma árvore da região amazônica. Teve sua patente
registrada pela empresa francesa Technico-flor, em 1993, e em 1994 na Organização Mundial

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de Propriedade Intelectual. A empresa norte-americana Aveda tem uma patente de Copaíba,


registrada em 1999.
- Cupuaçu: Fruto da árvore (Theobroma grandiflorum), que pertence à mesma família do
cacaueiro. Existem várias patentes sobre a extração do óleo da semente do cupuaçu e a
produção do chocolate da fruta. Quase todas as patentes registradas pela empresa Asahi
Foods, do Japão, entre 2001 e 2002. A empresa inglesa de cosméticos Body Shop também
tem uma patente do cupuaçu, registrada em 1998.
50
- Espinheira-Santa (Maytenus ilicifolia) é nativa de muitas partes da América do Sul e sudeste
do Brasil. A empresa japonesa Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se
utiliza do extrato da espinheira santa, desde 1996.
- Jaborandi (Pilocarpos pennatifolius) só encontrada no Brasil, o jaborandi tem sua patente
registrada pela indústria farmacêutica alemã Merk, em 1991.

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CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA SAÚDE


A carta que você tem nas mãos baseia-se em seis princípios básicos de cidadania.
Juntos, eles asseguram ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde,
sejam eles públicos ou privados. A carta é também uma importante ferramenta para que você
conheça seus direitos e possa ajudar o Brasil a ter um sistema de saúde com muito mais
qualidade.
PRINCÍPIOS DESTA CARTA*
51
1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer
discriminação.
4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e
seus direitos.
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da
forma adequada.
6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os
princípios anteriores sejam cumpridos.
Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde
Considerando o art. 196 da Constituição Federal, que garante o acesso universal e
igualitário a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. Considerando
a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes. Considerando a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre
a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Considerando a
necessidade de promover mudanças de atitude em todas as práticas de atenção e gestão que
fortaleçam a autonomia e o direito do cidadão. O Ministério da Saúde, o Conselho Nacional
de Saúde e a Comissão Intergestora Tripartite apresentam a Carta dos Direitos dos Usuários
da Saúde e convidam todos os gestores, profissionais de saúde, organizações civis,
instituições e pessoas interessadas para que promovam o respeito destes direitos e assegurem
seu reconhecimento efetivo e sua aplicação.
O PRIMEIRO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o acesso ordenado e organizado aos
sistemas de saúde, visando a um atendimento mais justo e eficaz.

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Todos os cidadãos têm direito ao acesso às ações e aos serviços de promoção, proteção
e recuperação da saúde promovidos pelo Sistema Único de Saúde:
I. O acesso se dará prioritariamente pelos Serviços de Saúde da Atenção Básica
próximos ao local de moradia.
II. Nas situações de urgência/emergência, o atendimento se dará de forma incondicional,
em qualquer unidade do sistema.
III. Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser assegurada a remoção do usuário
52
em condições seguras, que não implique maiores danos, para um estabelecimento
de saúde com capacidade para recebê-lo.
IV. O encaminhamento à Atenção Especializada e Hospitalar será estabelecido em função
da necessidade de saúde e indicação clínica, levando-se em conta critérios de
vulnerabilidade e risco com apoio de centrais de regulação ou outros mecanismos
que facilitem o acesso a serviços de retaguarda.
V. Quando houver limitação circunstancial na capacidade de atendimento do serviço de
saúde, fica sob responsabilidade do gestor local a pronta resolução das condições
para o acolhimento e devido encaminhamento do usuário do SUS, devendo ser
prestadas informações claras ao usuário sobre os critérios de priorização do acesso
na localidade por ora indisponível. A prioridade deve ser baseada em critérios de
vulnerabilidade clínica e social, sem qualquer tipo de discriminação ou privilégio.
VI. As informações sobre os serviços de saúde contendo critérios de acesso, endereços,
telefones, horários de funcionamento, nome e horário de trabalho dos
profissionais das equipes assistenciais devem estar disponíveis aos cidadãos nos
locais onde a assistência é prestada e nos espaços de controle social.
VII. O acesso de que trata o caput inclui as ações de proteção e prevenção relativas a riscos
e agravos à saúde e ao meio ambiente, as devidas informações relativas às ações
de vigilância sanitária e epidemiológica e os determinantes da saúde individual e
coletiva.
VIII. A garantia à acessibilidade implica o fim das barreiras arquitetônicas e de
comunicabilidade, oferecendo condições de atendimento adequadas,
especialmente a pessoas que vivem com deficiências, idosos e gestantes.
O SEGUNDO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o tratamento adequado e efetivo para
seu problema, visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados.

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É direito dos cidadãos ter atendimento resolutivo com qualidade, em função da


natureza do agravo, com garantia de continuidade da atenção, sempre que
necessário, tendo garantidos:
I. Atendimento com presteza, tecnologia apropriada e condições de trabalho adequadas para os
profissionais da saúde.
II. Informações sobre o seu estado de saúde, extensivas aos seus familiares e/ou acompanhantes,
de maneira clara, objetiva, respeitosa, compreensível e adaptada à condição cultural,
53
respeitados os limites éticos por parte da equipe de saúde sobre, entre outras: a) hipóteses
diagnósticas; b) diagnósticos confirmados; c) exames solicitados; d) objetivos dos
procedimentos diagnósticos, cirúrgicos, preventivos ou terapêuticos; e) riscos, benefícios
e inconvenientes das medidas diagnósticas e terapêuticas propostas; f) duração prevista
do tratamento proposto; g) no caso de procedimentos diagnósticos e terapêuticos
invasivos ou cirúrgicos, a necessidade ou não de anestesia e seu tipo e duração, partes do
corpo afetadas pelos procedimentos, instrumental a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos
ou conseqüências indesejáveis, duração prevista dos procedimentos e tempo de
recuperação; h) finalidade dos materiais coletados para exames i) evolução provável do
problema de saúde; j) informações sobre o custo das intervenções das quais se beneficiou
o usuário.
III. Registro em seu prontuário, entre outras, das seguintes informações, de modo legível e
atualizado: a) motivo do atendimento e/ou internação, dados de observação clínica,
evolução clínica, prescrição terapêutica, avaliações da equipe multiprofissional,
procedimentos e cuidados de enfermagem e, quando for o caso, procedimentos cirúrgicos
e anestésicos, odontológicos, resultados de exames complementares laboratoriais e
radiológicos; b) registro da quantidade de sangue recebida e dados que permitam
identificar sua origem, sorologias efetuadas e prazo de validade; c) identificação do
responsável pelas anotações.
IV. O acesso à anestesia em todas as situações em que for indicada, bem como a medicações
e procedimentos que possam aliviar a dor e o sofrimento.
V. O recebimento das receitas e prescrições terapêuticas, que devem conter: a) o nome genérico
das substâncias prescritas; b) clara indicação da posologia e dosagem; c) escrita impressa,
datilografadas ou digitadas, ou em caligrafia legível; d) textos sem códigos ou
abreviaturas; e) o nome legível do profissional e seu número de registro no órgão de
controle e regulamentação da profissão; f) a assinatura do profissional e data.

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VI. O acesso à continuidade da atenção com o apoio domiciliar, quando pertinente,


treinamento em autocuidado que maximize sua autonomia ou acompanhamento em
centros de reabilitação psicossocial ou em serviços de menor ou maior complexidade
assistencial.
VII. Encaminhamentos para outras unidades de saúde, observando: a) caligrafia legível ou
datilografados/digitados ou por meio eletrônico; b) resumo da história clínica, hipóteses
diagnósticas, tratamento realizado, evolução e o motivo do encaminhamento; c) a não
54
utilização de códigos ou abreviaturas; d) nome legível do profissional e seu número de
registro no órgão de controle e regulamentação da profissão, assinado e datado; e)
identificação da unidade de referência e da unidade referenciada.
O TERCEIRO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o atendimento acolhedor e livre de
discriminação, visando à igualdade de tratamento e a uma relação mais pessoal e
saudável.
É direito dos cidadãos atendimento acolhedor na rede de serviços de saúde de forma
humanizada, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em função de idade,
raça, cor, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, características genéticas,
condições econômicas ou sociais, estado de saúde, ser portador de patologia ou pessoa
vivendo com deficiência, garantindo-lhes:
I. A identificação pelo nome e sobrenome, devendo existir em todo documento de
identificação do usuário um campo para se registrar o nome pelo qual prefere ser
chamado, independentemente do registro civil, não podendo ser tratado por número,
nome da doença, códigos, de modo genérico, desrespeitoso ou preconceituoso.
II. Profissionais que se responsabilizem por sua atenção, identificados por meio de
crachás visíveis, legíveis ou por outras formas de identificação de fácil percepção.
III. Nas consultas, procedimentos diagnósticos, preventivos, cirúrgicos, terapêuticos e
internações, o respeito a: a) integridade física; b) privacidade e conforto; c)
individualidade; d) seus valores éticos, culturais e religiosos; e) confidencialidade de
toda e qualquer informação pessoal; f) segurança do procedimento; g) bem-estar
psíquico e emocional.
IV. O direito ao acompanhamento por pessoa de sua livre escolha nas consultas, exames e
internações, no momento do pré-parto, parto e pós-parto e em todas as situações
previstas em lei (criança, adolescente, pessoas vivendo com deficiências ou idoso).
Nas demais situações, ter direito a acompanhante e/ou visita diária, não inferior a duas
horas durante as internações, ressalvadas as situações técnicas não indicadas.
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V. Se criança ou adolescente, em casos de internação, continuidade das atividades


escolares, bem como desfrutar de alguma forma de recreação.
VI. A informação a respeito de diferentes possibilidades terapêuticas de acordo com sua
condição clínica, considerando as evidências científicas e a relação custo-benefício das
alternativas de tratamento, com direito à recusa, atestado na presença de testemunha.
VII. A opção pelo local de morte.
VIII. O recebimento, quando internado, de visita de médico de sua referência, que não
55
pertença àquela unidade hospitalar, sendo facultado a esse profissional o acesso ao
prontuário.
O QUARTO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o atendimento que respeite os valores e
direitos do paciente, visando a preservar sua cidadania durante o tratamento.
O respeito à cidadania no Sistema de Saúde deve ainda observar os seguintes direitos:
I. Escolher o tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, de acordo com as exigências
mínimas constantes na legislação, e ter sido informado pela operadora da existência e
disponibilidade do plano referência.
II. O sigilo e a confidencialidade de todas as informações pessoais, mesmo após a morte,
salvo quando houver expressa autorização do usuário ou em caso de imposição legal,
como situações de risco à saúde pública.
III. Acesso a qualquer momento, do paciente ou terceiro por ele autorizado, a seu
prontuário e aos dados nele registrados, bem como ter garantido o encaminhamento de
cópia a outra unidade de saúde, em caso de transferência.
IV. Recebimento de laudo médico, quando solicitar.
V. Consentimento ou recusa de forma livre, voluntária e esclarecida, depois de adequada
informação, a quaisquer procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos,
salvo se isso acarretar risco à saúde pública. O consentimento ou a recusa dados
anteriormente poderão ser revogados a qualquer instante, por decisão livre e
esclarecida, sem que lhe sejam imputadas sanções morais, administrativas ou legais.
VI. Não ser submetido a nenhum exame, sem conhecimento e consentimento, nos locais
de trabalho (pré-admissionais ou periódicos), nos estabelecimentos prisionais e de
ensino, públicos ou privados.
VII. A indicação de um representante legal de sua livre escolha, a quem confiará a tomada
de decisões para a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sua autonomia.
VIII. Receber ou recusar assistência religiosa, psicológica e social.

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IX. Ter liberdade de procurar segunda opinião ou parecer de outro profissional ou serviço
sobre seu estado de saúde ou sobre procedimentos recomendados, em qualquer fase do
tratamento.
X. Ser prévia e expressamente informado quando o tratamento proposto for experimental
ou fizer parte de pesquisa, decidindo de forma livre e esclarecida, sobre sua
participação.
XI. Saber o nome dos profissionais que trabalham nas unidades de saúde, bem como dos
56
gerentes e/ou diretores e gestor responsável pelo serviço.
XII. Ter acesso aos mecanismos de escuta para apresentar sugestões, reclamações e
denúncias aos gestores e às gerências das unidades prestadoras de serviços de saúde e
às ouvidorias, sendo respeitada a privacidade, o sigilo e a confidencialidade.
XIII. Participar dos processos de indicação e/ou eleição de seus representantes nas
conferências, nos conselhos nacional, estadual, do Distrito Federal, municipal e
regional ou distrital de saúde e conselhos gestores de serviços.
O QUINTO PRINCÍPIO assegura as responsabilidades que o cidadão também deve ter
para que seu tratamento aconteça de forma adequada.
Todo cidadão deve se comprometer a:
I. Prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas consultas e nas internações sobre
queixas, enfermidades e hospitalizações anteriores, história de uso de medicamentos
e/ou drogas, reações alérgicas e demais indicadores de sua situação de saúde.
II. Manifestar a compreensão sobre as informações e/ou orientações recebidas e, caso
subsistam dúvidas, solicitar esclarecimentos sobre elas.
III. Seguir o plano de tratamento recomendado pelo profissional e pela equipe de saúde
responsável pelo seu cuidado, se compreendido e aceito, participando ativamente do
projeto terapêutico.
IV. Informar ao profissional de saúde e/ou à equipe responsável sobre qualquer mudança
inesperada de sua condição de saúde.
V. Assumir responsabilidades pela recusa a procedimentos ou tratamentos recomendados
e pela inobservância das orientações fornecidas pela equipe de saúde.
VI. Contribuir para o bem-estar de todos que circulam no ambiente de saúde, evitando
principalmente ruídos, uso de fumo, derivados do tabaco e bebidas alcoólicas,
colaborando com a limpeza do ambiente.
VII. Adotar comportamento respeitoso e cordial com os demais usuários e trabalhadores da
saúde.
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VIII. Ter sempre disponíveis para apresentação seus documentos e resultados de exames
que permanecem em seu poder.
IX. Observar e cumprir o estatuto, o regimento geral ou outros regulamentos do espaço de
saúde, desde que estejam em consonância com esta carta.
X. Atentar para situações da sua vida cotidiana em que sua saúde esteja em risco e as
possibilidades de redução da vulnerabilidade ao adoecimento.
XI. Comunicar aos serviços de saúde ou à vigilância sanitária irregularidades relacionadas
57
ao uso e à oferta de produtos e serviços que afetem a saúde em ambientes públicos e
privados.
XII. Participar de eventos de promoção de saúde e desenvolver hábitos e atitudes saudáveis
que melhorem a qualidade de vida.
O SEXTO PRINCÍPIO assegura o comprometimento dos gestores para que os
princípios anteriores sejam cumpridos.
Os gestores do SUS, das três esferas de governo, para observância desses
princípios, se comprometem a:
I. Promover o respeito e o cumprimento desses direitos e deveres com a adoção de medidas
progressivas para sua efetivação.
II. Adotar as providências necessárias para subsidiar a divulgação desta carta, inserindo
em suas ações as diretrizes relativas aos direitos e deveres dos usuários, ora
formalizada.
III. Incentivar e implementar formas de participação dos trabalhadores e usuários nas
instâncias e nos órgãos de controle social do SUS.
IV. Promover atualizações necessárias nos regimentos e estatutos dos serviços de
saúde, adequando-os a esta carta.
V. Adotar formas para o cumprimento efetivo da legislação e normatizações do
sistema de saúde.
I – RESPONSABILIDADE PELA SAÚDE DO CIDADÃO Compete ao município
“prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do estado, serviços de
atendimento à saúde da população” – Constituição da República Federativa do Brasil,
art. 30, item VII.
II – RESPONSABILIDADES PELA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE –
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 A. DOS GOVERNOS MUNICIPAIS
E DO DISTRITO FEDERAL:
1 – Gerenciar e executar os serviços públicos de saúde.
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2 – Celebrar contratos com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem


como avaliar sua execução.
3 – Participar do planejamento, programação e organização do SUS em articulação com
o gestor estadual.
4 Executar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, de alimentação e nutrição,
de saneamento básico e de saúde do trabalhador.
5 – Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros.
58
6 – Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de
saúde, assim como controlar e avaliar sua execução.
7 – Participar do financiamento e garantir o fornecimento de medicamentos básicos.
B. DOS GOVERNOS ESTADUAIS E DO DISTRITO FEDERAL:
1– Acompanhar, controlar e avaliar as redes assistenciais do SUS.
2 – Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios.
3– Executar diretamente ações e serviços de saúde na rede própria.
4 – Gerir sistemas públicos de alta complexidade de referência estadual e regional.
5– Acompanhar, avaliar e divulgar os seus indicadores de morbidade e mortalidade.
6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir os
medicamentos de alto custo em parceria com o governo federal.
7– Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços de vigilância
epidemiológica, vigilância sanitária, alimentação e nutrição e saúde do trabalhador.
8 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com a
União e municípios.
9 – Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros.
C. DO GOVERNO FEDERAL:
1 – Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, municípios e Distrito Federal.
2 – Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde.
3 – Formular, avaliar e apoiar políticas nacionais no campo da saúde.
4 – Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de alta complexidade de rede de
laboratórios de saúde pública, de vigilância sanitária e epidemiológica.
5 – Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras
em parceria com estados e municípios.
6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir
para os estados os medicamentos de alto custo.

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7 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com


estados e municípios.
8 – Participar na implementação das políticas de controle das agressões ao meio ambiente,
de saneamento básico e relativas às condições e aos ambientes de trabalho.
9 – Elaborar normas para regular as relações entre o SUS e os serviços privados contratados
de assistência à saúde.
10 – Auditar, acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as
59
competências estaduais e municipais.

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REFERÊNCIAS
Article printed from Cofen – Conselho Federal de Enfermagem: http://www.cofen.gov.br
URL to article: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html
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http://novo.portalcofen.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/resolucao_311_anexo.pdf
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FONTES DE LEITURA SUGERIDAS
Revista Bioética
Cadernos de Bioética
www.ufrgs.br/bioetica

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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