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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Relatório das Atividades Desenvolvidas Durante o Estágio Supervisionado I:


UMS Tavares Bastos

Wend Maira de Lima Lobato

BELÉM-PA
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

NOME: Wend Maira de Lima Lobato


MATRÍCULA: 17030613
ÁREA DO ESTÁGIO: Nutrição Social
LOCAL: UMS Tavares Bastos
PERÍODO: 12/04/2023 - 25/05/2023
CARGA HORÁRIA: 220h
ORIENTADOR: Profª Ma Rayanne Vieira da Silva
PRECEPTOR: Profª Ma Rayanne Vieira da Silva
SUPERVISOR: Nutricionista Priscila Pinho

BELÉM-PA
2023
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO ESTÁGIO ........................................................................ 4


2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
3 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 5
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 5
4 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 6
4.1 ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO LOCAL DE ESTÁGIO ... 6
4.2 ROTINA DOS ESTAGIÁRIOS E DA PRECEPTORA ..................................... 9
4.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................. 11
4.4 ELABORAÇÃO DE FOLDERS ..................................................................... 12
4.5 RESOLUÇÃO DE CASOS CLÍNICOS ......................................................... 12
4.6 FICHAMENTO DE ARTIGOS ...................................................................... 13
4.7 AULA SOBRE AUTISMO ............................................................................. 13
4.8 AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE ............................................................ 13
4.8.1 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA MUNDIAL DA SAÚDE E NUTRIÇÃO ...... 14
4.8.2 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E
COMBATE À HIPERTENSÃO ARTERIAL ......................................................... 15
4.8.3 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA MUNDIAL DE HIGIENE DAS MÃOS ....... 17
5 CASO CLÍNICO ................................................................................................. 18
5.1 EXAMES BIOQUÍMICOS ALTERADOS: ..................................................... 19
5.2 CONDUTA NUTRICIONAL .......................................................................... 20
5.3 FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO....................................................... 20
5.4 FISIOPATOLOGIA DO HIPOTIREOIDISMO ............................................... 22
5.5 FISIOPATOLOGIA DA DISLIPIDEMIA......................................................... 24
5.6 FISIOPATOLOGIA DA DIABETES............................................................... 25
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 27
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 27
APÊNDICES ...................................................................................................... 31
ANEXOS ............................................................................................................ 34
4

1 APRESENTAÇÃO DO ESTÁGIO

O estágio foi desenvolvido na Unidade Municipal de Saúde Tavares Bastos


(FIGURA 1), localizada na avenida Rodolfo Chermont, nº170, no bairro da Marambaia
no município de Belém – PA, onde funciona das 07h às 19h, de segunda à sexta. O
estágio supervisionado em nutrição social possui carga horária de 220h, distribuídos
entre atividades realizadas na UMS, como a triagem dos pacientes, onde se mede a
altura e afere-se o peso, atendimentos nutricionais, onde são feitas ações de
educações nutricionais, onde os pacientes recebem orientação nutricional e entre
atividades extracurriculares, como casos clínicos, elaboração de folders.

Figura 1: fachada da UMS

Fonte: Vanilde Lima (2023).

2 INTRODUÇÃO

No Brasil, o direito à saúde e à alimentação são garantias constitucionais


implantadas entre os direitos sociais. A alimentação apropriada é uma condição
básica para a promoção e a proteção da saúde, sendo aprovada como um fator
determinante e condicionante da situação de saúde de indivíduos e coletividades1.
A alimentação e a nutrição, como área temática no Ministério da Saúde,
participaram energicamente dos debates da reforma sanitária e fixação do Sistema
5

Único de Saúde (SUS)2. Segundo a Lei Orgânica da Saúde, estão dentro do campo
de atuação do SUS a vigilância nutricional e a orientação alimentar1.
A Atenção Primária à Saúde (APS) envolve o conjunto de ações de saúde
instituídas de forma regionalizada e próxima aos indivíduos, às famílias e às
comunidades, considerando singularidades e inserção sociocultural, para desenvolver
uma atenção integral e humanizada 6.
Destaca-se a relevância da atuação do nutricionista no campo de educação em
Saúde Coletiva, para a concretização de iniciativas em Segurança Alimentar e
Nutricional e Promoção da Saúde7. Nesta perspectiva, além de suas competências e
atribuições específicas no planejamento, na execução e na avaliação de atividades
de educação alimentar e nutricional, há necessidade de desenvolver atividades
terapêuticas e educativas interdisciplinares, para tratar da complexidade de
fenômenos relacionados às práticas alimentares e de saúde8,9.
Nessa perspectiva, nutricionistas e toda a equipe de saúde desempenham
papel central em diferentes frentes de ação, tais como vigilância alimentar e
nutricional, atenção ao pré-natal e puerpério, saúde da criança, prevenção e controle
de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e saúde do idoso. Os processos de
trabalho e as possibilidades de atuação interdisciplinar para o cuidado integral nas
diferentes fases da vida, além da articulação de redes, constituem os aspectos mais
frágeis e que necessitam ser enfrentados pela equipe de saúde para atender aos
preceitos de integralidade na atenção à saúde no Brasil 10,11,12,13 O nutricionista,
inserido na equipe multiprofissional na Atenção Primária à Saúde, possui
competências e atribuições para atuar em diferentes frentes de ação, de caráter
universal e específico14 15.

3 OBJETIVO GERAL

O presente relatório tem como objetivo descrever detalhadamente as atividades


realizadas pela aluna de nutrição do 7º semestre do Centro Universitário Maurício de
Nassau, durante o estágio de nutrição social, com a finalidade de tratar a importância
do nutricionista na atenção primária à saúde e relatar os aprendizados absorvidos.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Ampliar os conhecimentos acerca da Atenção Primária à Saúde;
6

• Realizar avaliação antropométrica;


• Atender os pacientes com o suporte da preceptora;
• Executar ações de promoção à saúde;
• Expandir os conhecimentos aprendidos em sala de aula.

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO LOCAL DE


ESTÁGIO

A UMS Tavares Bastos se localiza na avenida Rodolfo Chermont, nº170, no


bairro da Marambaia no município de Belém – PA. No consultório de nutrição existe
uma mesa que oferece suporte a um computador (FIGURA 2), um armário (FIGURA
3), uma pia (FIGURA 4), uma mesa antropométrica (FIGURA 5), há 3 banners no
consultório: o primeiro ilustra as medidas caseiras (FIGURA 6), o segundo ilustrando
o processamento de alimentos (FIGURA 7) e o terceiro contem dicas para uma
alimentação saudável durante a sua gestação (FIGURA 8). Houve um problema com
a eletricidade, por causa desse evento aparelhos eletrônicos como ar-condicionado
(FIGURA 9) e computador não funcionam, o que torna a situação das consultas um
pouco complicado, o que nos levaram a uma mudança periódica para o consultório 8,
que fica na mesma UMS, onde as condições climáticas são melhores e resulta em
uma melhor experiência, para a nutricionista e estagiários, e para os pacientes
também. A unidade possui 2 andares, o térreo é constituído pela recepção, secretaria,
sala de acolhimento, farmácia, o consultório onde são realizados os testes do pezinho,
um consultório voltado para realização de PCCU’s, uma área destinada ao isolamento
da covid-19, uma sala de acolhimento para a vacinação e a sala onde são feitas as
vacinações, o consultório da odontologia e 6 consultórios gerais, para clínico geral,
pediatria, enfermagem e nutrição, e dois banheiros. O segundo andar é constituído
pela copa, enfermagem de doenças transmissíveis, arquivo, sala de produção e
auditório.
7

Figura 2: mesa e Figura 3: armário


computador

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).

Figura 4: pia Figura 5: mesa antropométrica

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).


8

Figura 7: banner com os processamentos


Figura 6: banner com as medidas caseiras dos alimentos

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).

Figura 8: banner com dicas para uma


Figura 9: ar-condicionado
alimentação saudável durante a gestação

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).


9

4.2 ROTINA DOS ESTAGIÁRIOS E DA PRECEPTORA

A rotina consistia em chegar ao estágio às 13h, o estagiário devia se apresentar


vestidos de calça, sapatos fechados, jaleco e crachá. Logo depois, o estagiário
começava a triagem dos pacientes (FIGURA 10/FIGURA11), usando uma balança da
marca Welmy (FIGURA 12), que para pesar precisa de no mínimo 2kg e no máximo
150kg, para medir a altura, foi colada na parede duas fitas métricas (FIGURA 13). Os
pacientes carregavam consigo uma fichinha, onde tinha escrito o nome da
nutricionista/preceptora (FIGURA 14), costumava-se colocar no verso da ficha o peso,
altura e o cálculo do IMC. Pelo fato da UMS atender majoritariamente prioridades
(gestantes, crianças e idosos), os atendimentos eram iniciados por ordem de chegada.
Os estagiários da Uninassau tinham frequências diárias para assinar, então no
final do dia concluído, os mesmos eram devidamente assinados. Além da UMS
receber os alunos da Uninassau, também eram acolhidos os alunos da Estácio. No
total eram 9 estagiários e a preceptora atuando no consultório. Pela quantidade de
alunos as tarefas diárias eram revezadas, como a triagem para as medidas
antropométricas, evolução do prontuário físico e anamnese nutricional, onde era
questionada a qualidade e quantidade das refeições, consumo de água, avaliação de
exames bioquímicos e se o paciente realizava atividades físicas.
A preceptora ajudava-nos, oferecendo orientação e suporte para a consulta
com o paciente ser concluída com êxito. Contudo, ela sempre exigia autonomia da
nossa parte, para adquirirmos confiança, considerando que logo exerceremos o cargo
de nutricionista.
10

Figura 10: estagiária verificando o peso do Figura 11: estagiária medindo a altura do
paciente paciente

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).

Figura 12: balança usada para aferir o Figura 13: fitas métricas usadas para verificar a
peso altura

Fonte: autoria própria (2023). Fonte: autoria própria (2023).


11

Figura 14: ficha distribuída para os


pacientes

Fonte: autoria própria (2023).

4.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O protocolo para o agendamento de consultas começa quando o paciente


procura a recepção com o cartão do SUS e o RG e é verificado se ele é cadastrado
na UMS. A rotina dos atendimentos começava com as avaliações das medidas
antropométricas, onde acontecia a verificação do peso e estatura. No início da
consulta (FIGURA 15) eram preenchidos a ficha de atendimento individual (ANEXO
A). Em seguida, perguntava-se ao paciente se ele tinha alguma queixa como tontura,
visão turva, dor, se ele não tivesse nenhuma queixa, ele era considerado BEG (Bom
estado geral), depois havia o questionamento se o paciente possuía as funções
fisiológicas presentes. Após isso, realizava-se a anamnese nutricional, onde buscava-
se conhecer o consumo alimentar do paciente, na maioria das vezes, os hábitos
alimentares deles eram inadequados. Se o paciente tivesse consigo os exames
bioquímicos, esse era analisado, e solicitado, caso o paciente não tivesse, usando o
formulário de requisição de exames laboratoriais (ANEXO B) para ser checado no
retorno da consulta. Seguidamente, era feito as orientações e intervenções, seguindo
a lógica das necessidades e dos ciclos da vida (como para hipertensos, diabéticos,
gestantes, crianças e idosos). Frequentemente eram realizados a prescrição de
suplementos, para isso era utilizado o receituário (ANEXO C). No final da consulta,
era evoluído o prontuário físico (ANEXO D), onde era descrita a conduta nutricional
abordada com o paciente. Frequentemente preenchíamos a caderneta da gestante
(ANEXO E) e a caderneta da criança (ANEXO F). A unidade fornece atendimento para
o Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso; Programa Nacional de Controle da
12

Tuberculose; Programa De Promoção À Saúde Com Práticas Integrativas E


Complementares - PROSPIC; Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes
(HIPERDIA); Programa pré-natal; Programa Nacional de Suplementação de Vitamina
A; Programa Nacional de Suplementação de Ferro.

Figura 15: estagiária consultando a


paciente

Fonte: Rayanne Vieira


(2023).

4.4 ELABORAÇÃO DE FOLDERS

A elaboração dos folders tem como objetivo auxiliar as orientações nutricionais,


onde tem uma linguagem clara e coloquial destinada para a população que é atendida
na UMS. Os estagiários da Uninassau elaboraram 3 folders com os seguintes temas:
desnutrição (APÊNDICE A), intolerância à lactose (APÊNDICE B), e aproveitamento
integral dos alimentos (APÊNDICE C), temas esses considerados relevantes pois
foram percebidos esses problemas nos pacientes da UMS.

4.5 RESOLUÇÃO DE CASOS CLÍNICOS

Os casos clínicos apresentados foram baseados em pacientes reais atendidos


na UMS. Nos casos clínicos havia doenças como obesidade, desnutrição, anemia,
dislipidemia e diabetes. A resolução dos casos foi feita em um dia em que não tinha
chegado nenhum paciente, cada estagiário resolveu 1 caso, onde foram dados os
13

diagnósticos baseados nos exames bioquímicos, além de fornecer orientação


nutricional de acordo com o ciclo da vida e as necessidades do paciente.

4.6 FICHAMENTO DE ARTIGOS

A preceptora solicitou-nos fichamentos sobre dois temas proeminentes no


estágio de nutrição social:
• A importância da atuação do nutricionista na atenção básica;
• Atuação do nutricionista na Atenção Básica à Saúde em um grande
centro urbano.
No documento foi feito resumo sobre os artigos e no final dele foi relatada a
opinião sobre os temas, o que havia-nos entendido. Os artigos foram de suma
importância para a melhor compreensão da atuação dos nutricionistas na saúde
pública no Brasil, assim como os seus desafios.

4.7 AULA SOBRE AUTISMO

Considerando o fato de que na UMS é comum irem pacientes com transtornos


mentais como TEA (Transtorno do Espectro Autista), a preceptora, que tem mestrado
em neurociência, achou interessante abordar esse tema em uma aula rica em
conhecimento em como tratar o paciente através da alimentação, mostrando-nos as
dietas que podem auxiliá-los, assim como as cores e as texturas em que o paciente
com TEA podem demonstrar preferências.

4.8 AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE

A educação em saúde é entendida como um processo educativo de construção


de conhecimentos, que visa à apropriação da temática pela população. Refere-se a
um conjunto de práticas que contribuem para o aumento da autonomia individual e
coletiva das pessoas e para o debate com os profissionais e os gestores, de modo a
alcançar uma atenção à saúde de acordo com as necessidades dos indivíduos e das
comunidades, melhorando a qualidade de vida e saúde da população 16.
14

4.8.1 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA MUNDIAL DA SAÚDE E NUTRIÇÃO

A primeira ação de promoção à saúde ocorreu no dia 20 de abril de 2023. A


ação fez menção ao Dia Mundial da Saúde e Nutrição, que ocorre no dia 31 de março.
Foi organizada pelos estagiários da Uninassau e da Estácio. Teve como público-alvo
os pacientes e acompanhantes que estavam na sala de espera aguardando a consulta
com a médica clínica-geral da UMS Tavares Bastos. O objetivo da ação foi informar
os benefícios e os prejuízos acerca dos alimentos que os pacientes costumam
consumir, usando como metodologia uma explicação clara e direta e 2 banners
(FIGURA 16), o primeiro descrevia os 10 passos para uma alimentação adequada e
saudável e o segundo era um banner lúdico com o título de “Semáforo dos Alimentos”,
uma forma de ilustrar as etapas de processamento dos alimentos que são divididos
em in natura ou minimamente processados, processados e ultraprocessados. Os
tópicos abordados foram os seguintes:
• Conceito de saúde;
• Diferença dos alimentos in natura/minimamente processado, processado e
ultraprocessado;
• O que é o guia alimentar para a população brasileira?;
• 10 passos para uma alimentação saudável.
Além disso, houve uma dinâmica em que os estagiários mostraram ao público
alguns alimentos e suas respectivas etapas de processamento:
In natura/Minimamente Processado Ultraprocessado
processado
Tomate Molho de tomate Ketchup
Sardinha Sardinha em lata Patê de atum
Batata Seleta de legumes Batata ondulada
Morango Geleia de morango Iogurte sabor morango
Milho Milho enlatado Salgadinho de milho
A dinâmica consistia em verificar se a explicação envolvendo os 10 passos da
alimentação e processamento dos alimentos havia sido compreendida pelos ouvintes.
Distribuiu-se balões em 3 cores: verde, amarela e vermelho e os que estavam
presentes tinham que levantar segundo as cores do semáforo dos alimentos in natura
ou minimamente processado, processado e ultraprocessado, respectivamente. De
15

acordo com os acertos dos que participaram da dinâmica, entendeu-se que eles
saíram da UMS entendendo mais sobre o assunto discutido. No final da ação, foram
distribuídos brindes contendo uma maçã e uma tangerina e folders com o título “10
Passos para uma alimentação adequada e saudável” produzidos pelos alunos da
Estácio (APÊNDICE D).
Figura 16: banners, alimentos e brindes
utilizados na ação.

Fonte: Evely Gomes (2023).

4.8.2 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E


COMBATE À HIPERTENSÃO ARTERIAL

A segunda ação de promoção à saúde ocorreu no dia 4 de maio de 2023.


Teve como inspiração o dia nacional de prevenção e combate à hipertensão arterial,
que é acontece no dia 26 de abril. A ação foi organizada pelos estagiários da
Uninassau e da Estácio. Teve como público-alvo os pacientes e acompanhantes que
estavam na sala de espera aguardando a consulta com a médica clínica-geral da
UMS. A ação tinha como objetivo esclarecer dúvidas a respeito da hipertensão assim
como mostrar os alimentos que contribuem para o aparecimento da doença e abordou
os seguintes tópicos:
16

• O que é hipertensão?;
• Fatores de risco;
• Sinais e sintomas;
• Diagnóstico;
• Tratamento e prevenção;
• Alimentação na hipertensão;
• Como reduzir o consumo de sal/sódio.
Durante o tópico de alimentação e hipertensão, foram apresentados ao público
os alimentos (FIGURA 17) que mais possuem teor de sódio, o que consequentemente
aumenta a pressão arterial, o que causa a hipertensão. Os alimentos apresentados
foram: macarrão instantâneo; pipoca para microondas; charque; tempero pronto;
molho shoyu; amendoim tipo japonês; salgadinho de milho.
Para a execução da dinâmica, foram utilizadas plaquinhas escritas “Verdadeiro”
ou “Falso” impressas em folhas de papel A4 e coladas em hastes de plástico. A
dinâmica consistia em fazer afirmações à plateia com dúvidas que surgem no
cotidiano da população, por exemplo: “Basta retirar o sal da comida para evitar o
aumento da pressão arterial”, após isso, pedia-se para os ouvintes levantarem as
placas que eles achavam corretas, se correta, eles levantavam “verdadeiro”, se
errada, eles levantavam “falso”, após essa etapa, era feita a explicação da afirmação.
Concluiu-se que os ouvintes estavam com muitas dúvidas a cada vez que trazíamos
as informações corretas, considerando que eles faziam muitas perguntas para tirar as
dúvidas. No desfecho, foram entregues como brinde sal de ervas e instruções de como
fazê-los (FIGURA 18) e folders com o título “Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
(APÊNDICE E)” produzido pelos alunos da Uninassau e da Estácio.

Figura 17: mesa com alimentos com alto teor de sódio, brindes e folders

Fonte: autoria própria (2023).


17

Figura 18: receita de sal de ervas

Fonte: Evely Gomes (2023).

4.8.3 AÇÃO EM ALUSÃO AO DIA MUNDIAL DE HIGIENE DAS MÃOS

A terceira ação de promoção à saúde foi elaborada usando como referência o


dia mundial de higiene das mãos que ocorreu no dia 5 de maio. A ação foi organizada
pelos estagiários da Uninassau e da Estácio. Teve como público-alvo os pacientes e
acompanhantes que estavam na sala de espera aguardando a consulta com a médica
clínica-geral da UMS Tavares Bastos. O objetivo da ação era explicar a importância
da higienização correta dos alimentos, assim como seus prejuízos caso a higienização
não seja realizada com êxito. Os estagiários trataram dos seguintes assuntos:
• O que é DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos) e quais são os
sintomas?;
• Formas de prevenção;
• Tipos de higienização das mãos;
• A importância da lavagem das mãos;
• Diferença entre limpeza e desinfecção/sanitização;
• Passo a passo da lavagem das mãos;
• Produtos que não são adequadas para higienizar alimentos;
18

• Passo a passo da higienização dos alimentos.


A realização da dinâmica ocorreu em duas partes. Na primeira fase da
dinâmica, foram distribuídas folhas de papel A4 e canetas para a plateia escrever
como elas costumam higienizar os alimentos, alguns citaram sabão, vinagre e água
sanitária. A partir das respostas foram explicadas as formas corretas e retiradas as
dúvidas sobre a higienização correta. A segunda fase foi para explicar a diferença da
lavagem correta e incorreta, nesse caso, duas estagiárias fizeram a comparação
usando luvas e tinta guache para ilustrar a lavagem correta e incorreta, além disso
fizeram o passo a passo da lavagem correta (FIGURA 19). Os estagiários distribuíram
para os pacientes hipoclorito de sódio e folders com orientações para higienização
correta dos alimentos (APÊNDICE F).
Figura 19: alunas demonstrando a
lavagem correta das mãos

Fonte: Rayanne Vieira (2023).

5 CASO CLÍNICO

J. S. S., masculino, 80 anos.


2
Peso: 65 kg. Altura: 1,59 m. IMC: 25,79 kg/m . Diagnóstico: Estado Nutricional

Eutrofia.
19

Paciente procurou atendimento nutricional relatando dor lombar e nas pernas.


Relatou poliúria noturna. Faz uso de medicamentos: Losartana Potássica, usado para
tratamento de hipertensão arterial, Puran T4, terapia de reposição hormonal em
pacientes com hipotireoidismo e Sinvastatina, indicado para o controle dos níveis de
colesterol. Funções fisiológicas presentes. Na anamnese nutricional, o paciente
relatou que no café da manhã ele consumia pão com ovo frito no óleo de soja, café
com leite integral/desnatado e açúcar. No lanche da manhã, ele comia por volta de 10
bolachas tipo rosquinha. No almoço, ele ingeria 2 pedaços de frango, temperado com
ervas naturais, 3 colheres de servir de arroz e 3 colheres de servir de feijão, temperado
com embutidos como chouriço, bacon e charque. No lanche da tarde, ele consumia
biscoitos, banana com leite, refrigerante e sucos de frutas como maracujá e goiaba.
No jantar, geralmente ele comia a mesma refeição do almoço. Na ceia, ele ingeria
biscoitos e bolacha. Consome pouco volume hídrico durante o dia. Não realiza
atividades físicas.

5.1 EXAMES BIOQUÍMICOS ALTERADOS:

Exame Valor do paciente Valor de referência


Hemácias 4,30 mi/mm3 4,5 – 5,5 mi/mm3
Hemoglobina 12,6 g/dL 13,0 – 18,0 g%
Hematócrito 37,8% 42-52%
VPM 12,0 fL 6,2-11,0 fL
Colesterol Total 194 mg/dL <190 mg/dL
HDL 32 mg/dL >40 mg/dL
Triglicerídeos 202 mg/dL <150 mg/dL (Com jejum de 12h)
<175 mg/dL (Sem jejum de 12h)

Creatinina 1,44 mg/dL 0,40 – 1,40 mg/dL


Hemoglobina glicada 6,0% 5,7-6,4% (Pré diabetes)
TSH Ultra Sensível 4,95 UI/mL 0,27-4,20 UI/mL

Os resultados do exame hematológicos mostram uma possível anemia por


deficiência de vitamina B12. O nível alto de creatinina pode ser um alerta de que os
rins não estão realizando suas funções de forma eficaz, o que caracteriza uma
insuficiência renal. Os exames de perfil lipídico como colesterol total, HDL e
20

triglicerídeos que não estavam de acordo com os valores de referência apresentaram


dislipidemia, o que é precursor para doenças cardiovasculares. O exame de
hemoglobina glicada revela que o paciente está pré-diabético. O TSH está alto o que
demonstra hipotireoidismo, que é o estado em que a concentração de hormônios no
corpo está inferior ao adequado.

5.2 CONDUTA NUTRICIONAL

Na conduta nutricional foram dadas as seguintes orientações: pela manhã,


consumir pão francês com alguma proteína, que pode ser carne moída, frango
desfiado, queijo branco, que possuem menos gordura, ou ovo, 1 xícara de café com
leite desnatado, onde tenha nessa xícara mais leite do que café. No lanche da manhã,
consumir frutas como pera, maçã, melão, mamão e melancia. Para o almoço,
consumir 2 colheres de sopa de arroz, 1 concha de feijão, que contenha vegetais como
abóbora ou couve e sem adição de embutidos ou de temperos industrializados, carnes
menos gordurosas, e salada crua com alface, tomate e pepino. Para o lanche da tarde,
crepioca, onde tenha 1 colher de sopa de tapioca e 1 ovo, 1 colher de requeijão light,
e 1 proteína como frango desfiado ou carne moída. Na janta, ele pode comer ou o
mesmo do almoço, em menor quantidade, mingau de aveia, mingau de milho, sem
adição de leite condensado ou creme de leite. Na ceia, ele pode consumir ¼ de
mamão com aveia. É recomendável que ele beba 2,275 l de água, com maior suporte
hídrico durante o dia, e menos ingesta de água ao final do dia, para que ele vá menos
ao banheiro durante a noite.

5.3 FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das causas mais comuns de


doenças cardiovasculares, afetando aproximadamente 30% da população adulta no
Brasil. A doença é um fator de risco para o desenvolvimento da doença coronária,
acelera o processo de aterosclerose e pode ser um fator determinante para o
surgimento prematuro de morbidade e mortalidade cardiovascular associado a doença
coronária, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular encefálico e doença
renal terminal17. A hipertensão arterial é uma síndrome poligênica e compreende
aspectos genéticos, ambientais, vasculares, hormonais, renais e neurais.
21

Fatores Genéticos: a hereditariedade desempenha papel fundamental na


gênese da hipertensão. A hipertensão arterial é, pois, quantitativa, complexa e
poligênica sendo o resultante final da influência dos fatores ambientais sobre a
expressão de certos genes. Assim como em várias doenças, objetiva-se identificar os
genes participantes da gênese da hipertensão arterial.
Fatores Ambientais: Inquestionavelmente, o ambiente influi de forma
considerável, visto que mudanças de hábitos alteram o comportamento da pressão
arterial. São clássicos os estudos de indivíduos pertencentes a grupos populacionais
que não apresentam hipertensão arterial e que, ao mudarem para locais de alta
prevalência de hipertensão, tornam-se hipertensos18.
O sal tem importância na gênese da HAS em indivíduos geneticamente
predispostos. O excesso de sal na alimentação e a incapacidade dos rins de excretar
a sobrecarga de sódio induzem hipertensão por aumento do volume plasmático, da
pré-carga e, consequentemente, do débito cardíaco. A sensibilidade ao sal é variável
e pode ser avaliada pela variação da pressão arterial quando se faz uma carga salina.
Os indivíduos chamados de resistentes ao sal, a despeito do excesso de sal ingerido,
não apresentam maior elevação da PA, ao contrário daqueles sensíveis. Os negros e
os idosos são, em geral, os mais sensíveis ao sal entre os hipertensos 19.
Fatores Vasculares: Segundo os conceitos clássicos da hemodinâmica, a
pressão arterial é determinada pelo débito cardíaco multiplicado pela resistência
vascular periférica total. Esses determinantes dependem da interação de uma série
de fatores. A hipertensão arterial pode surgir por anormalidades em um deles ou em
ambos. A constrição funcional da musculatura lisa é considerada um dos principais
mecanismos envolvidos na hipertensão arterial. A elevada resistência vascular
periférica determinada pela hipertrofia da parede vascular terá como consequência o
aumento na contratilidade da musculatura lisa dos vasos. A disfunção endotelial tem
também participação na gênese da hipertensão arterial. Sabemos que o endotélio
atua na regulação do tônus vascular e da resistência vascular periférica, sintetizando
substâncias vasoativas, tais como o vasodilatador óxido nítrico e o peptídeo
vasoconstritor endotelina.
Rins: Está bem estabelecido que uma elevação da pressão de perfusão arterial
renal resulta em aumento da excreção de sódio e água. Quando a PA se eleva, a
ativação do fenômeno pressão-natriurese promove excreção de sódio e água até que
ela seja reduzida a valores normais. Portanto, os rins servem como feedback negativo
22

para a regulação, em longo prazo, da pressão arterial pelo ajuste do volume


plasmático. A hipertensão arterial pode, então, se desenvolver quando se altera a
capacidade renal de excretar sódio e água. Essa hipótese é corroborada pela ação
dos antihipertensivos que promovem excreção de sódio e água, resultando em
controle da PA.
Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona: A renina é uma enzima que, sob
a ação de alterações na pressão da arteríola aferente renal e concentração de sódio
na mácula densa, é liberada do aparelho justaglomerular e, ao interagir com seu
substrato plasmático angiotensinogênio, transforma-se em angiotensina I. A
angiotensina I, uma substância inativa do ponto de vista vascular, por sua vez,
principalmente sob a ação de uma enzima conversora, nos pulmões, transforma-se
em angiotensina II, essa com forte ação sobre os vasos. A angiotensina II promove
vasoconstrição, aumenta o tônus simpático, estimula a secreção de aldosterona,
estimula a reabsorção de sódio e concorre para a liberação de hormônio antidiurético.
Sistema nervoso simpático: Há fortes evidências de que o sistema nervoso
simpático desempenhe um papel importante por meio de sua atividade aumentada na
gênese e na sustentação da HAS 20. Em geral isso é mais frequentemente observado
em indivíduos jovens hipertensos, que se caracterizam por apresentar débito cardíaco
e frequência cardíaca aumentados, enquanto a resistência periférica é normal ou
mesmo reduzida.
Obesidade: A obesidade central está frequentemente associada à dislipidemia
e intolerância à glicose. Estudos epidemiológicos demonstram claramente a relação
entre a obesidade e hipertensão arterial21. Ainda não estão definidos os mecanismos
exatos. Acredita-se que esteja relacionada à hiperinsulinemia secundária à resistência
insulínica, além de estimulação simpática. Também há correlação com a retenção de
fluidos.
Insulina: A associação de hiperinsulinemia e hipertensão arterial foi analisada
em vários estudos clínicos. A resistência insulínica e a hiperinsulinemia estão
presentes em metade dos pacientes não obesos hipertensos e em pacientes obesos
e portadores de diabetes tipo II.

5.4 FISIOPATOLOGIA DO HIPOTIREOIDISMO


23

Hipotireoidismo refere-se à condição patológica da insuficiência da ação dos


HT. Pode ser classificado como hipotireoidismo primário, central (secundário e
terciário) e periférico. A forma mais frequente é o hipotireoidismo primário, manifesto
ou clínico, e consiste em doença da glândula tireoide. Bioquimicamente é definido
como concentrações séricas elevadas de TSH e concentrações livres de T4 e T3
abaixo do intervalo de referência22. O hipotireoidismo secundário é caracterizado pela
deficiência de TSH, o terciário, pela deficiência de TRH, enquanto o periférico é
extratireoidiano, causado por uma super expressão da enzima desiodase tipo III 23.
O hipotireoidismo primário acomete cerca de 5% dos indivíduos (sendo apenas
50% diagnosticados), normalmente mulheres e idosos (>65 anos), com menor
frequência em homens e crianças. O hipotireoidismo central e o periférico são raros,
representando menos de 1% dos casos24. A causa mais comum de hipotireoidismo
primário é a doença autoimune conhecida como tireoidite de Hashimoto (TH), cuja
patogênese ainda não está clara, contudo, de acordo com especialistas, os hábitos
nutricionais têm impacto em seu desenvolvimento. Entre as prováveis causas, a
principal é a deficiência de iodo na dieta, além da deficiência de vitamina D e selênio,
e fatores genéticos23,25. A TH é caracterizada pela alteração da imunidade mediada
pelas células T provocando a destruição do tecido tireoidiano24. O diagnóstico baseia-
se na ocorrência do hipotireoidismo e na presença de anticorpos anti-peroxidase (anti-
TPO) e anticorpos antitireoglobulina (anti-Tg) no sangue22. A TH afeta pessoas em
todas as faixas etárias, incluindo crianças, mas principalmente entre 30 a 65 anos,
com maior prevalência em mulheres22,25. O hipotireoidismo subclínico ou leve, que
geralmente é considerado um sinal de falência tireoidiana precoce, com ausência de
sintomas clínicos, é definido pelas concentrações de TSH acima do intervalo de
referência e pelas concentrações livres de T4 e T3 dentro da referência23,24. O HS tem
elevada prevalência no Brasil, particularmente entre mulheres, idosos e populações
deficientes em iodo27. As manifestações clínicas do hipotireoidismo variam de nenhum
sintoma a risco de morte, e incluem fadiga, cansaço, sensibilidade ao frio,
extremidades frias, ganho de peso, constipação, perda de cabelo, unhas quebradiças,
pele e cabelos secos, voz rouca, memória prejudicada e dificuldade de concentração,
fluxo menstrual anormal, infertilidade, edema, e inúmeras outras 22,23,24.
Adicionalmente podem estar presentes disfunção mitocondrial e do metabolismo dos
carboidratos, dislipidemia e risco de doença cardiovascular, evidenciando a
24

importância de uma avaliação clínica mais profunda, principalmente a investigação de


deficiências nutricionais 26.

5.5 FISIOPATOLOGIA DA DISLIPIDEMIA

Na atualidade, considera-se doença aterosclerótica (DA) uma das mais


relevantes razões de morbidade e mortes no mundo. Trata-se de uma doença de meia
idade, a qual atinge com sua forma mais letal os homens a partir dos 45 anos e
mulheres partir dos 55 anos. No entanto, o processo aterosclerótico pode ter início
muito antes dos primeiros sintomas clínicos (infarto do miocárdio, acidente vascular
cerebral, doença vascular periférica)28. A aterosclerose é um processo progressivo
que se inicia muitas vezes na infância, e até mesmo na vida intrauterina, e a
dislipidemia pertence ao grupo de fatores de risco que aceleram sua evolução. A
aterosclerose é uma das principais causas de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e do
Acidentes Vascular Cerebral (AVC)29. O conceito de aterosclerose pode ser definido
por uma afecção de artérias de grande e médio calibre caracterizada pela presença
de lesões com aspectos de placas ou ateromas. A arterioloesclerose é a ocorrência
desta afecção nas arteríolas e é a lesão típica da hipertensão arterial. Considera-se
atualmente como uma doença inflamatória crônica, com princípio multifatorial, em
resposta à agressão endotelial, acometendo sobretudo a camada íntima de artérias
de médio e grande calibre30.
As primeiras lesões relacionadas à dislipidemia são as placas gordurosas,
formações planas, amareladas e sem repercussão clínica na parede dos vasos. Essas
lesões podem progredir para a formação das chamadas placas fibrolipídicas, que são
formações elevadas na superfície da camada íntima da artéria que pode se associar
com complicações como fissuras, trombose, roturas, calcificação e necrose; podem
ser estáveis ou instáveis30.
A dislipidemia pode ser definida como uma condição na qual há níveis
circulantes anormais de lipídeos ou lipoproteínas, devido a alterações em sua
produção, catabolismo ou clearance da circulação, em consequência de fatores
genéticos e/ou ambientais. Entre os fatores ambientais que exercem influência na
determinação do perfil lipídico, a dieta merece destaque 28.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a partir da Diretriz Brasileira de
Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013), apresenta a classificação das
25

dislipidemias como primárias, quando relacionadas a bases genéticas, e como


secundárias, quando relacioandas a outras enfermidades, ao uso de fámacos e/ou
aos hábitos de vida da pessoa31,32.
A produção em excesso ou deficiente no acrisolamento dos triglicerídeos e do
LDL, ou ainda a produção escassa ou depuração excessiva do HDL (dislipidemias
genéticas), estão entre as causas primárias, identificadas como mutações genéticas
singulares ou multifacetadas33. Quanto às dislipidemias secundárias, as quais são
causadas por outras doenças ou uso de medicamentos, pode-se relacionar:
hipotireoidismo, diabetes melito (DM), síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica,
obesidade, alcoolismo, icterícia obstrutiva, uso de doses altas de diuréticos,
betabloqueadores, corticosteróides, anabolizantes32. Sejam as causas da dislipidemia
primárias ou secundárias, elas colaboram em diferentes graus para o agravamento do
quadro clínico. A exemplo, a hiperlipidemia familiar combinada, sua manifestação
ocorrerá somente a partir de causas secundárias relevantes e significativas 33. As
diferentes manifestações clínicas que as dislipidemias podem são dependentes do
tipo de lípide envolvido. Pacientes com aumento de LDL-colesterol podem apresentar
xantelasma e xantomas tendíneos; já os xantomas eruptivos são mais comuns nas
grandes hipertrigliceridemias e a lipemia retinal em pacientes com
hiperquilomicronemia30.
As dislipidemias estão entre os mais importantes fatores de risco da doença
cardiovascular aterosclerótica, integrando o conjunto das doenças crônico-
degenerativas com história natural prolongada, tais como a hipertensão, a obesidade
e o diabetes melito34.
Fatores externos e internos podem influenciar a evolução de doenças do
coração, além de intensificar as modificações metábolicas e mudar as placas de
ateroma nos vasos sanguíneos, resultando na dislipidemia aterogênica. A dislipidemia
aterogênica invariavelmente não tem um curso favorável devido ao seu diagnóstico
tardio e início assintomático. Entende-se por aterogênico todo processo capaz de
produzir alterações degenerativas nas paredes das artérias35.

5.6 FISIOPATOLOGIA DA DIABETES

A resistência à ação da insulina a nível do músculo e do fígado e o compromisso


na secreção de insulina pelas células β dos ilhéus de Langerhans são os principais
26

defeitos fisiopatológicos envolvidos na génese da diabetes tipo 2. A menor capacidade


secretora é o resultado da morte celular programada (apoptose) das células β, do
efeito de glicotoxicidade e lipotoxicidade sobre as células β remanescentes e da
resistência daquelas à ação estimulatória do péptido 1 semelhante ao glucagon
(glucagon-like peptide 1 [GLP-1]). Por outro lado, a diabetes tipo 2 carateriza-se pela
presença de uma hiperglucagonemia relativa (níveis de glucagon mais elevados do
que seria presumível face aos níveis de glicose circulante) e um aumento na
sensibilidade hepática ao glucagon, resultando em aumento na produção hepática de
glicose. A insulinorresistência periférica, a nível dos adipócitos, resulta em aumento
da lipólise e consequente aumento dos níveis de ácidos gordos livres circulantes
(FFA). Estes vão agravar a resistência à ação da insulina a nível muscular e hepática
e exercem um efeito tóxico (lipotoxicidade) sobre a capacidade secretora das células
β pancreáticas. A maior reabsorção renal de glicose por aumento da atividade dos
cotransportadores tipo 2 de sódio-glicose (SGLT2), com consequente aumento do
limiar renal de glicose, contribui para o aumento da glicemia. Também, o processo
inflamatório subclínico e a resistência vascular à ação vasodilatadora da insulina (com
compromisso na chegada da glicose e da insulina aos tecidos) comprometem a
normal resposta à ação da insulina, a nível dos vários tecidos e órgãos-alvo. Por outro
lado, também se verifica uma resistência à ação inibidora do apetite exercida pela
insulina, leptina, GLP-1, amilina e péptido YY, bem como uma diminuição nos níveis
de dopamina e aumento nos de serotonina a nível do sistema nervoso central (SNC)
contribuem para o aumento de peso, exacerbando a insulinorresistência 36.
A diabetes tipo 2 tem, na sua fisiopatologia, uma alteração na resposta
periférica à ação da insulina e encontra-se, frequentemente, associada a outras
condições associadas a insulinorresistência: obesidade de tipo central; hipertensão
arterial; dislipidemia aterogénica; esteatose hepática/esteato- -hepatite não-alcoólica
e aceleração no fenómeno aterogénico, entre outras. A maior probabilidade de
apresentação concomitante, num mesmo indivíduo, de patologias que têm na
insulinorresistência o seu denominador comum, deu origem ao conceito de síndrome
metabólica. A marcada associação entre obesidade e diabetes tipo 2 traduz-se na
evidência de que, após a influência da hereditariedade, a primeira condição seja o
principal fator de risco para o aparecimento da segunda. Por outro lado, mais de 80%
das pessoas com diabetes tipo 2 apresenta obesidade/pré-obesidade. A diabetes tipo
2 também pode ocorrer como parte de várias síndromes hereditárias, incluindo as
27

síndromes de Turner, Klinefelter, Prader-Willi, Down e Wolfram, entre outras. Os


defeitos genéticos e metabólicos envolvidos são heterogéneos mas, geralmente,
resultam em deficiência da função das células β pancreáticas. A insulinorresistência
secundária à obesidade (condição frequentemente associada a muitas dessas
síndromes) também contribui37.

6 CONCLUSÃO

É primordial a importância da entrada do graduando na rotina da unidade de


saúde pública, e ter contato com várias realidades diferentes, porque é nessa ocasião
que ele começa a ter conhecimento da vivência da instituição e possui maior
familiaridade com a sua profissão. E o mais importante ainda é que é no estágio que
o universitário começa a construção da sua identidade profissional, colocando os
conhecimentos aprendidos em sala de aula em ação e descobrindo-se dia a dia como
um novo profissional da saúde e merecedor de seu ofício.
Por intermédio da realização dos estágios, compreende-se o quão fundamental
é esta disciplina para o curso de nutrição e realizá-lo foi uma oportunidade
incomparável e essencial para adição de novos conhecimentos para os acadêmicos
e futuros nutricionistas.
Outrossim, não podendo deixar de citar as dificuldades em questão da
realidade da UMS, o fator da distância do local de moradia até a locação do estágio,
o uso do transporte público, etc. Todavia, o esforço, a perseverança de concluir essa
etapa e entregar o melhor de si, leva a uma maior qualificação, como graduanda,
futura profissional da área, e como ser humano.

7 REFERÊNCIAS

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condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
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8 APÊNDICES

APÊNDICE A

Figura 20. Folder sobre desnutrição.


32

APÊNDICE B

Figura 21. Folder sobre intolerância à lactose.

APÊNDICE C

Figura 22. Folder sobre aproveitamento integral de alimentos.


33

APÊNDICE D

Figura 23. Folder utilizado na ação em alusão ao dia mundial da saúde e nutrição.
APÊNDICE E

Figura 24. Folder utilizado na ação em alusão ao dia nacional de prevenção e combate
`hipertensão arterial.
34

APÊNDICE F

Figura 25. Folder utilizado na ação em alusão ao dia mundial de higiene das mãos.

9 ANEXOS

ANEXO A

Figura 26. Ficha de Atendimento Individual.


Fonte: Internet (2023).
35

ANEXO B

Figura 27. Formulário de Requisição de Exames Laboratoriais.


Fonte: Autoria própria (2023).
ANEXO C

Figura 28. Receituário.


Fonte: Autoria própria (2023).
36

ANEXO D

Figura 29. Prontuário físico.


Fonte: autoria própria (2023).
ANEXO E

Figura 30. Caderneta da Gestante.


Fonte: Internet (2023).
37

ANEXO F

Figura 31. Caderneta de Saúde da Criança.


Fonte: Internet (2023).

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