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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS


CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO
COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO

ALDAISA PEREIRA LOPES


JOYCE KELLY DE OLIVEIRA E
SILVA RITA DE CÁSSIA DE SOUSA
VIEIRA
ROSANA CONCEIÇÃO RODRIGUES LEAL RAMOS
SAARA DA COSTA SANTOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

PICOS – PI
2023
ALDAISA PEREIRA LOPES
JOYCE KELLY DE OLIVEIRA E
SILVA RITA DE CÁSSIA DE SOUSA
VIEIRA
ROSANA CONCEIÇÃO RODRIGUES LEAL RAMOS
SAARA DA COSTA SANTOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

Trabalho de conclusão de Estágio do Curso de


Bacharelado em Nutrição, da Universidade Federal
do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de
Barros, apresentado como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Estágio Supervisionado
em Nutrição Clínica.
Orientador (a): Msc. Laís Lima de Castro Abreu
Supervisores de campo: José Michael de Sá e
Silva; Marina Maria de Oliveira; Rowenny Karla
Moura Ramos; Leiliane de Sousa Luz; Vanici
Maria de Costa Sá; Kaoma Suzamar Silva Lacerda.

PICOS – PI
2023
RESUMO

A promoção da saúde consiste num conjunto de estratégias focadas na melhoria da qualidade


de vida dos indivíduos e coletividades. Diante disso, a alimentação está diretamente
relacionada com o processo de saúde, doença, cuidado e recuperação. Sendo assim, para os
pacientes hospitalizados, a alimentação passa a ter uma relevância ainda maior, pois pode ser
decisiva durante a recuperação e o tratamento das diversas patologias. O estágio é de grande
relevância, pois possibilita ao universitário conhecimentos teórico-práticos auxiliando assim
na formação profissional. O Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica foi realizado no
Hospital Regional Justino Luz, da cidade de Picos-PI, com início no dia 18 de fevereiro e
término dia 03 de abril de 2023. Foi possível acompanhar diariamente o trabalho de
recuperação da saúde através do acompanhamento nutricional nas mais variadas patologias,
bem como melhorar o conhecimento teórico-prático obtido ao longo da graduação,
identificando os principais cuidados e orientações necessárias para cada paciente
hospitalizado. Apesar deste curto período de estágio, diante de tantas atividades e
possibilidades que podem ser desenvolvidas e aprimoradas, as experiências adquiridas por
meio do estágio foram de suma importância para a formação dos universitários.

Palavras-chave: Nutrição Clínica. Dietoterapia. Dieta Hospitalar.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Organograma hierárquico do setor de nutrição do HRJL.......................................13

Figura 2 - Caracterização dos pacientes hospitalizados no HRJL quanto ao sexo.................19

Figura 3 - Público atendido no HRJL no dia 09 de março......................................................20

Figura 4 - Levantamento das patologias dos pacientes assistidos no HRJL...........................21


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

HRJL - Hospital Regional Justino Luz


UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição
UTI - Unidade de Terapia
Intensiva SPA - Serviço Pronto
Atendimento SUS - Sistema Único
de Saúde
SND - Serviço de Nutrição e Dietética
FEPISERH - Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares
PAC - Pneumonia Adquirida na Comunidade
HDA - História da Doença Atual
HPP - História Patológica Pregressa
DC - Densidade Calórica
DRI’s - Dietary Reference Intakes
TGI - Trato Gastrointestinal
VET - Valor Energético
Total PI - Peso Ideal
DM1 - Diabetes Mellitus tipo 1
IOM - Institute of Medicine
DRI’s - Dietary Reference Intakes
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................08

2 OBJETIVOS........................................................................................................................10

2.1 Objetivo Geral....................................................................................................................10

2.1 Objetivos............................................................................................................................10

3 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E


DIETÉTICA...........................................................................................................................11

3.1 Identificação da instituição.................................................................................................11

3.2 Aspectos Físicos.................................................................................................................11

3.3 Público-alvo.......................................................................................................................12

3.4 Estrutura operacional.........................................................................................................12

3.5 Recursos humanos..............................................................................................................13

3.6 Caracterização das dietas...................................................................................................13

3.6.1 Suporte Nutricional Enteral............................................................................................14

3.6.2 Suporte Parenteral..........................................................................................................14

3.6.3 Quanto à Consistência....................................................................................................14

3.6.3.1 Dieta Livre...................................................................................................................15

3.6.3.2 Dieta Branda................................................................................................................15

3.6.3.3 Dieta Pastosa...............................................................................................................15

3.6.3.4 Dieta Líquida Completa...............................................................................................15

3.6.3.5 Dieta Líquida Restrita..................................................................................................15

3.6.4 Quanto à Composição Nutricional.................................................................................16

3.6.4.1 Dieta Padrão/Geral.....................................................................................................16

3.6.4.2 Dieta Hipoglicídica......................................................................................................16

3.6.4.3 Dieta Hiposódica.........................................................................................................16


3.6.4.4 Dieta Hipercalórica.....................................................................................................16

3.6.4.5 Dieta Hiperproteica.....................................................................................................17

3.6.4.6 Dieta Isenta de Lactose................................................................................................17

3.6.4.7 Dieta Laxativa..............................................................................................................17

3.6.4.8 Dieta Constipante........................................................................................................17

4 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES..................................................................18

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................19

5.1 Perfil dos Pacientes............................................................................................................19

5.2 Casos Clínicos....................................................................................................................21

5.2.1 Caso Clínico 1 - Pneumonia Adquirida na Comunidade...............................................21

5.2.2 Caso Clínico 2 - Diabetes Mellitus tipo 1......................................................................34

5.2.3 Caso Clínico 3 - Infarto Agudo do Miocárdio................................................................49

5.2.4 Caso Clínico 4 - Acidente Vascular Encefálico Isquêmico.............................................64

5.2.5 Caso Clínico 5 - Diabetes Mellitus Tipo 1, Nefropatia diabética, anemia, Hipertensão
Arterial.....................................................................................................................................81

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................91

7 SUGESTÕES E IMPRESSÕES DO CAMPO DE ESTÁGIO........................................92

7.1 Sugestões para o campo de estágio....................................................................................92

7.2 Impressões do campo de estágio........................................................................................92

8 CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL.....................................93

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................94

APÊNDICES..........................................................................................................................98
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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Obrigatório Supervisionado tem a capacidade de proporcionar ao estudante,


o contato direto com a realidade de cada ambiente de trabalho que o então aluno poderá se
deparar posteriormente como profissional, permitindo assim que os conhecimentos teóricos
adquiridos ao longo da graduação, sejam colocados em prática. Além disso, possui a
capacidade de estimular o aluno a buscar a compreensão dos desafios enfrentados pela
profissão, a fim de desenvolver habilidades que sejam determinantes em relação ao seu papel
profissional na sociedade (CASTRO et al., 2018; RESTELLATO; DALLACOSTA, 2018;
SANTOS; MUNIZ; SILVA, 2020).
Tomando por base, a legislação da lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, o estágio
é considerado um ato educativo, realizado no ambiente de trabalho específico, que tem por
finalidade, preparar os estudantes em variados níveis de ensino, de maneira que não haja
vínculo empregatício. Para isso, deve ser orientado por um professor da instituição a qual o
estudante faz parte, juntamente com o supervisor de campo. Sendo assim, os estágios podem
ser divididos em duas modalidades, podendo ser não obrigatórios, onde o aluno realiza-o
voluntariamente para aquisição de experiências e obrigatório, sendo este, pré-requisito parcial
para obtenção do diploma (BRASIL, 2008).
Em 7 de novembro de 2001, entrou em vigor a resolução do Conselho Nacional de
Educação, onde institui as diretrizes curriculares nacionais relacionadas ao curso de
Bacharelado em Nutrição, onde foi estabelecido que a formação profissional do nutricionista
deve passar a garantir o acontecimento de estágios curriculares com supervisão docente,
assim como de nutricionistas presentes nos mais variados campos de estágio. Deste modo, a
carga horária mínima, fica compreendida em 20% da carga horária total destinada ao curso,
onde é distribuída em três áreas de atuação: Administração em Unidades de Alimentação e
Nutrição (UAN), Nutrição Clínica e Nutrição Social (BRASIL, 2001).
Tratando-se da Nutrição Clínica, o serviço de Nutrição e Dietética é responsável por
acompanhar desde a produção, até a distribuição das refeições, sendo encarregado ainda de
avaliar a adesão à dieta, bem como desenvolver atividades de educação nutricional e
orientações nutricionais, sempre que necessário. Posto isso, o nutricionista clínico, avalia o
estado nutricional dos pacientes, com o intuito de identificar os riscos nutricionais que possam
estar atrelados a cada um deles, onde a partir disso, será capaz de tomar a conduta adequada e
fornecer o tratamento dietoterápico mais adequado (OLIVEIRA; FREIRE; TEIXEIRA,
2020).
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A Nutrição Clínica em específico, pode ainda desempenhar um papel decisivo na


prevenção de doenças, bem como na manutenção e recuperação de indivíduos enfermos,
sendo indispensável no tratamento de doenças, sejam elas agudas ou crônicas. A modalidade
de atendimento clínico, pode ocorrer a nível ambulatorial ou hospitalar (DUTRA et al., 2020).
Diante do exposto, fica nítido que o estágio supervisionado representa um momento
crucial na formação acadêmica, sendo capaz de fundir todo o conhecimento teórico à
experiência prática, permitindo aos estudantes a melhor compreensão das responsabilidades
do profissional nutricionista dentro da realidade clínica, além de proporcionar o
aperfeiçoamento de suas habilidades, promovendo experiências que permearão por toda a
vida.
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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Aperfeiçoar e ampliar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da graduação, a


medida em que atividades que competem ao profissional nutricionista da área clínica, são
desenvolvidas, além de promover o contato direto com a realidade do profissional.

2.2 Objetivos Específicos

● Avaliar o estado nutricional de pacientes internados;


● Calcular as recomendações nutricionais de acordo com a necessidade de cada
paciente;
● Desenvolver planos alimentares individualizados (sempre que necessário para
pacientes que não estão aptos a consumir a dieta padrão);
● Avaliar a evolução clínica do paciente;
● Confeccionar materiais educativos a serem entregues aos pacientes.
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3 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E


DIETÉTICA

3.1 Identificação da instituição

A construção do Hospital Regional Justino Luz - HRJL, ocorreu entre os anos de 1974
e 1977, sob a direção do então governo de Dirceu Arcoverde e fica localizado na cidade de
Picos, Piauí. O primeiro diretor a assumir a gestão do presente hospital foi o Dr. José Carlos
Brito, que deu essa nomeação ao hospital em homenagem a uma liderança política
estabelecida nessa época.
Atualmente o Hospital Regional Justino Luz (HRJL) – Governo do Estado do Piauí
(CNPJ: 06.553.564/0102-81), fica localizado na Rua Luis Nunes, Nº 184, Bairro Bomba,
no município de Picos-PI, CEP 64600.000. Tem como Diretor Geral Tércio Luz Barbosa e
a Coordenadora de Nutrição Roberta Borges Costa. Telefone para contato: (89) 3422 –
1224.

3.2 Aspectos físicos

A instituição é constituída por quatro clínicas de internação, sendo elas a Pediatria,


Obstetrícia, a Clínica Médica e Cirúrgica, como também possui os leitos de observação, a
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estabilização e Serviço Pronto Atendimento (SPA).
A instituição possui também na sua estrutura física outras dependências, como
cozinha, refeitório, ouvidoria, sala da nutrição, recepção, farmácia, postos de enfermagem,
salas de ultrassonografia e radiografia, salas de repouso para os profissionais nas diferentes
alas, copas próprias nas UTI´s, centro cirúrgico, serviço de hemocentro e estacionamento para
os usuários e funcionários.
O setor de nutrição é composto pela sala dos nutricionistas, que em virtude do pouco
espaço, também comporta a coordenação do setor, acolhendo assim, os nutricionistas de UAN
e clínicos. Essa mesma sala, funciona ainda como depósito de itens descartáveis que são
utilizados diariamente pelo setor de UAN na distribuição de refeições para os funcionários e
também para os pacientes, além de contar também com 2 freezers, os quais se destinam à
conservação de frangos congelados e outro que acomoda polpa de frutas e sucos. Há também
uma estante, onde são acondicionadas as fórmulas industrializadas prontas para uso, além de
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um armário com portas e estantes que acomoda alguns arquivos e EPI 's de uso dos
nutricionistas.
Além disso, esse setor ainda se divide entre uma cozinha, onde é produzida todas as
refeições, tanto de pacientes como de funcionários, um almoxarifado da nutrição, local onde é
feito o estoque dos produtos, um refeitório, que é para o uso de funcionários da instituição nos
momentos das refeições, e uma outra sala para o pessoal da limpeza do setor da nutrição.

3.3 Público-alvo

O hospital em questão é responsável por atender a demanda de toda a macrorregião


que abrange o Vale do Guaribas, aproximadamente 500 mil habitantes de 59 municípios
circunvizinhos tanto do Piauí como do Ceará e Pernambuco. O hospital oferece uma
diversidade de serviços de saúde gratuitos, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O seu
teto de receita é determinado pela Fundação Estadual da Secretaria de Saúde do Estado do
Piauí, em virtude da densidade demográfica do município em que o hospital se encontra
localizado.
Seu público-alvo abrange todos os ciclos de vida, desde o recém-nascido, até o idoso.
Além disso, seu público de forma geral é integrado por pacientes, acompanhantes e
funcionários. Os pacientes têm direito a 6 refeições diárias (desjejum, lanche da manhã,
almoço, lanche da tarde, jantar e ceia), os acompanhantes têm direito apenas as 3 refeições
principais (desjejum, almoço e janta) e os funcionários da instituição recebem 4 refeições
(desjejum, almoço, jantar e ceia) e essas refeições possuem algumas distinções das que são
ofertadas aos pacientes.

3.4 Estrutura operacional

O setor de Nutrição é caracterizado por ter um papel de fundamental importância


para o funcionamento da instituição como um todo. Deste modo, é subordinado à
autoridade do diretor geral hospitalar, bem como dos nutricionistas. O quadro de
nutricionista nesta instituição, é composto por 14 nutricionistas no total, os quais se dispõe
de uma coordenadora do setor de nutrição, 1 nutricionista de UAN e 12 nutricionistas
responsáveis pela nutrição clínica, onde estes se dividem por plantões, e em cada dia
trabalham 3 nutricionistas, um ficando responsável pela UTI e os outros 2 se dividem entre
maternidade, pediatria, Alas B e C, SPA e estabilização. Cabe ressaltar ainda que 15
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funcionários compõem a área da cozinha, se dividindo entre cozinheiros, auxiliares de


cozinha e copeiros, seguindo uma hierarquia demonstrada que é demonstrada na Figura 1.
Os nutricionistas responsáveis pelo setor clínico, diariamente se deslocam até os
postos de enfermagem para verificar as prescrições médicas e colher a dieta de cada
paciente prescrita para o dia em questão. Logo após, é realizado o preenchimento da ficha
de atendimento e carimbo das mesmas, concluindo essa etapa com as visitas às alas e
atendimento nutricional a todos os pacientes admitidos que estão internados no hospital
para explicar sobre a terapia nutricional adotada. Além disso, quando há necessidade são
realizadas observações nas preparações ou cardápios específicos a serem repassados ao
pessoal responsável pela produção da cozinha.

Figura 1: Organograma hierárquico do setor de nutrição do HRJL

Fonte: autoria própria (2023).

3.5 Recursos humanos

Atualmente os nutricionistas e demais funcionários do setor de nutrição do HRJL são


admitidos por meio de seleção, realizada pela empresa FEPISERH (Fundação Estatal
Piauiense de Serviços Hospitalares), empresa gestora do hospital. As capacitações são
realizadas pela coordenadora do serviço de nutrição e dietética, e pelos nutricionistas da
instituição quando necessário.

3.6 Caracterização das dietas


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A dieta hospitalar é importante para prover o aporte de nutrientes ao paciente


internado e assim preservar seu estado nutricional pelo seu papel coterapêutico em
enfermidades agudas e crônicas. Estas dietas podem variar e costumam sofrer alterações
conforme as necessidades exigidas por determinados profissionais de saúde, como médicos,
por exemplo, além do estado de saúde e patologias dos pacientes da instituição. (MANUAL
DE DIETAS HOSPITALARES, 2012).
Portanto, com o objetivo de atender às determinações referentes ao cuidado
nutricional dos indivíduos enfermos, os serviços de alimentação e nutrição institucionais
oferecem refeições nutricionalmente equilibradas e seguras do ponto de vista da qualidade
higiênico-sanitária e, adicionalmente, para a recuperação ou manutenção da saúde dos
mesmos.

3.6.1 Suporte Nutricional Enteral

A terapia nutricional enteral é indicada para pacientes que não devem ou conseguem
se alimentar por via oral, como em casos de cirurgia da região da cabeça e do pescoço,
esôfago, estômago, etc. A ingestão dos alimentos pode ser feita por meio de uma sonda,
posicionada ou implantada no tubo digestivo. Nesse âmbito, os alimentos devem estar na
forma líquida ou em pó (diluído em água), estes têm o mesmo valor nutricional que seria
possível obter pelo consumo de alimentos, além de serem digeridos da mesma maneira,
contendo tudo que é necessário diariamente.

3.6.2 Suporte Parenteral

A terapia nutricional parenteral administra nutrientes pela via endovenosa. Indicada


em situações extremas, quando o trato gastrointestinal está indisponível ou quando a
necessidade nutricional não pode ser atendida completamente por via oral ou enteral. Na
nutrição parenteral são utilizados micro e macronutrientes, tanto pela via periférica quanto
pela central. Portanto, pode-se ministrar glicose, aminoácidos, eletrólitos, vitaminas e água.
Mantendo ,assim, os controles clínicos, antropométricos e bioquímicos, reduzindo o impacto
de doenças e suas complicações.

3.6.3 Quanto à Consistência


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3.6.3.1 Dieta Livre

Dieta indicada para pacientes que não necessitam de modificações em nutrientes e/ou
consistência, e que apresentam funções de mastigação e gastrointestinais preservadas. A
mesma apresenta quantidade normal de todos nutrientes. Neste tipo de dieta pode-se consumir
todo tipo de alimentos, como: cereais, arroz, massas, leguminosas e seus produtos integrais,
pobres em gorduras; hortaliças e frutas frescas; leite, iogurte e queijo com pouca gordura e
sal, entre outros.

3.6.3.2 Dieta Branda

Dieta indicada quando houver dificuldade de mastigação, deglutição ou outras


perturbações orgânicas e funcionais do trato gastrointestinal. Retirar alimentos gordurosos,
frituras, condimentos picantes, conservas, bebidas alcoólicas. Abrandar todos os alimentos.
Alimentos indicados: arroz papa, carne macia, saladas cozidas, sopas.

3.6.3.3 Dieta Pastosa

Dieta recomendada quando houver alterações da boca ou esôfago, dificuldade de


mastigação e deglutição, em alguns pós-operatórios e idosos com danos neurológicos ou sem
arcada dentária. Alimentos indicados: sopa em consistência de creme, purê, mingau, carne
batida ou triturada e fruta na forma de purê.

3.6.3.4 Dieta Líquida Completa

Aconselhado para pacientes com problemas de deglutição, mastigação e digestão, com


anorexia, que estão se preparando para exames ou pós-operatórios. Também é indicada em
casos de graves infecções e transtornos gastrointestinais. Alimentos indicados: sucos diluídos
e/ou coados, gelatina, chá e iogurte.

3.6.3.5 Dieta Líquida Restrita

Dieta altamente restritiva isenta de fibras e nutricionalmente inadequada em


nutrientes. Indicada no pré e pós-operatório do trato gastrointestinal e no pré-preparo de
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determinados exames (colonoscopia, endoscopia). Não deve ser utilizada por mais de 3 dias
por fornecer quantidade inadequada de caloria. Alimentos indicados: água filtrada, água de
coco, sucos coados e claros.

3.6.4 Quanto à Composição Nutricional

3.6.4.1 Dieta Padrão/ Geral

Dieta que não necessita de restrições ou modificações quanto a sua composição ou


modo de preparo dos alimentos, é nutricionalmente adequada e equilibrada. Visa preservar o
estado nutricional do paciente na ausência de alterações metabólicas significativas ou risco
nutricional.

3.6.4.2 Dieta Hipoglicídica

Dieta pobre em açúcares simples, tendo como principal objetivo diminuir a quantidade
destes, sem, contudo, diminuir, necessariamente, as calorias, indicado em casos de diabetes
tipo 1 e 2 ou pacientes com glicemia elevada devido a outras patologias. Visa o controle da
taxa de glicose sanguínea e prevenir, retardar ou tratar complicações derivadas da progressão
da doença. Deve ser rica em fibras, cereais integrais, aveia, frutas e verduras cruas, leite e
iogurtes desnatados.

3.6.4.3 Dieta Hipossódica

A dieta hipossódica é adequada para controlar a hipertensão arterial, para pacientes


com retenção hídrica e insuficiência arterial. Ela consiste na redução da ingestão de alimentos
com alto teor de sódio. Desse modo, exclui alimentos processados, enlatados, conservas,
embutidos, temperos e molhos industrializados.

3.6.4.4 Dieta Hipercalórica

É um tipo de dieta com alto valor calórico e maior aporte de nutrientes. Indicada para
pacientes que sofrem de desnutrição, problemas renais agudos, câncer, politrauma, diarreia
aguda, broncoaspiração, etc. O principal objetivo dessa dieta é combater a desnutrição,
17

portanto, geralmente são compostas por alimentos ricos em carboidratos e gorduras boas,
além de normalmente serem utilizados suplementos alimentares.

3.6.4.5 Dieta Hiperproteica

A dieta hiperproteica favorece o consumo de proteínas e gorduras em relação ao de


carboidratos, com o objetivo de reduzir a resposta catabólica da doença, potencializar a
recuperação da desnutrição e produzir balanço nitrogenado positivo. São comumente
indicadas para casos de desnutrição, cicatrização, recuperação do sistema imune, entre outros.

3.6.4.6 Dieta Isenta de Lactose

Essa dieta é indicada para o paciente que apresenta intolerância à lactose, ou seja, o
organismo tem dificuldade para digerir e absorver o açúcar do leite (lactose). Portanto, essa
dieta tem como objetivo suprir as necessidades nutricionais dos pacientes excluindo a
presença de alimentos que contenham lactose.

3.6.4.7 Dieta Laxativa

A dieta laxativa é recomendada para pacientes com dificuldade de evacuação e nos


pós-cirúrgicos ginecológicos. Tem como objetivo compor as necessidades nutricionais dos
pacientes e regular o trânsito intestinal, auxiliando na formação de fezes mais macias e
estimulando o peristaltismo, através de uma maior oferta hídrica, consumo de fibras
insolúveis e alimentos integrais.

3.6.4.8 Dieta Constipante

Esta é uma dieta indicada para pacientes com diarreia. Com isso, visando melhorar o
trânsito intestinal, prevenir a desidratação e perda de peso, deve-se haver uma predominância
de fibras solúveis, oferta de líquidos e eletrólitos para repor as perdas intestinais. Recomenda-
se também evitar alimentos que contém lactose, alimentos ricos em gordura, alimentos
integrais e frutas e hortaliças laxantes.
18

4 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O estágio foi realizado no Hospital Regional Justino Luz (HRJL), por uma dupla e um
trio cada turno, sendo um no período da manhã (07:00h às 13:00h) e outro no período da tarde
(13:00h às 19:00h), totalizando 6 horas por dia, 5 dias por semana, entre 19/02/2023 e
03/04/2023. No decorrer desse período foram apresentados o Serviço de Nutrição e Dietética
(SND), as repartições da instituição e a rotina das atividades desenvolvidas pelos
nutricionistas. Além disso, os grupos foram divididos, onde cada estagiário (a) ficou
responsável por duas alas (Ala A – Pediatria e maternidade; Ala B – Clínica médica; Ala C –
Cirúrgica, Ortopedia e Neurologia; e SPA), com rodízio semanal de forma que todos (as)
pudessem acompanhar a rotina de cada ala.
De acordo com a necessidade observada no campo de estágio, foram desenvolvidas
lâminas educativas sobre Alimentação complementar (Apêndice A e B), para facilitar o
entendimento dos responsáveis nesse momento tão importante do desenvolvimento da
criança. Nesse sentido, o material elaborado foi entregue para as mães da maternidade e do
Centro de Parto Normal, como forma de auxílio ao iniciar a introdução alimentar da criança.
Além disso, as estagiárias ressaltaram a importância da continuação do aleitamento materno,
visto os benefícios para a mãe e o bebê.
Cabe destacar que as informações contidas no material, são orientações oriundas do
próprio Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, e devem ser adaptadas
segundo as necessidades de cada criança, considerando seus gostos e preferências. Além
disso, até por volta dos dois anos de vida, o leite materno continua sendo o principal alimento
para a criança, sendo uma importante fonte de nutrientes essenciais para o seu pleno
desenvolvimento, atuando como uma proteção natural contra doenças infecciosas. Estima-se
que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida, é capaz de fornecer quase
toda a necessidade das vitaminas C e A, além das proteínas e energia necessária (BRASIL,
2019).
Ademais, visto o grande número de pacientes portadores de Diabetes, Hipertensão e
Dislipidemias, foram desenvolvidas lâminas educativas com os principais cuidados acerca
dessas patologias. Os materiais desenvolvidos continham informações sobre efeitos colaterais
causados pelos medicamentos, instruções importantes e informações pertinentes no
tratamento de cada patologia (Apêndice C, D e E).
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O serviço de Nutrição e Dietética realizado no Hospital Regional Justino Luz (HRJL)


atua prestando assistência nutricional, atentando para a especificidade e bem-estar de cada
paciente, buscando atender a pedidos especiais dentro das possibilidades que o hospital pode
oferecer. Observando as condutas destinadas a cada paciente e corrigindo imediatamente
falhas que possam ocorrer durante a rotina diária.
Dessa forma, a alimentação do paciente hospitalizado deve, atender as necessidades
nutricionais adaptadas à enfermidade, às condições clínicas e aos princípios ativos dos
alimentos que tenham papel funcional, além de promover acolhimento durante o período de
internação hospitalar, respeitando aspectos simbólicos e culturais (RATTRAY et al., 2017).
Com isso, para melhor entendimento de como é feita a escolha dos cardápios e dos
gêneros alimentícios, foi realizado pelas estagiárias uma busca ativa no mapa do nutricionista,
onde continham informações a respeito do perfil e condição clínica de cada paciente.

5.1 Perfil dos pacientes

No decorrer dos atendimentos nutricionais acompanhados nas alas frequentadas no dia


09/03/2023, no Hospital Regional Justino Luz, foi realizada a coleta de dados de 104
pacientes assistidos, através de um Formulário (Apêndice F), com faixa etária entre 1 a 92
anos. A maioria dos indivíduos atendidos (Figura 1) era do sexo masculino, correspondendo a
um percentual de 53,8% (n = 56), já os do sexo feminino corresponderam a um percentual de
46,2% (n = 48).

Figura 2 - Caracterização dos pacientes hospitalizados no HRJL quanto ao sexo

Fonte: autoria própria (2023).


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Ademais, nota-se que o público que estava internado no dia 09 de março variou entre
crianças, puérperas, adultos e idosos, sendo que a maior parte dele foi composto por adultos,
correspondendo a 44,2% (n = 46), seguido de idosos 30,8% (n = 32), puérperas 14,4% (n =
15) e crianças 10,6% (n = 11), como mostra a figura abaixo:

Figura 3 - Público atendido no HRJL no dia 09 de março

Fonte: autoria própria (2023).

Ao realizar a pesquisa referente às patologias dos pacientes assistidos no referido


campo de estágio, notou-se uma variedade de doenças, bem como necessidades nutricionais e
acompanhamento específico para cada uma destas. Os pacientes da Ala B (Clínica Médica),
apresentaram em sua maioria diagnóstico de Diabetes Mellitus, Erisipela e Hipertensão
Arterial Sistêmica. Já os pacientes da Ala C (Clínica Cirúrgica), em sua maioria apresentaram
fraturas e problemas relacionados ao trato gastrointestinal de modo predominante. No que se
refere aos pacientes da Pediatria, a maioria das crianças assistidas apresentava diagnóstico de
Pneumonia e Síndrome Nefrótica. A Figura 3 demonstra a diversidade de patologias, além das
supracitadas, que foram encontradas no HRJL no dia da coleta de dados.
21

Figura 4 - Levantamento das patologias dos pacientes assistidos no HRJL

Fonte: autoria própria (2023)

5.2 Casos Clínicos

5.2.1 Caso Clínico 1 - Pneumonia Adquirida na Comunidade -

PAC Introdução

A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) é definida como uma complicação


infecciosa envolvendo as vias respiratórias inferiores e acomete o paciente fora de unidades
específicas de atendimento à saúde, ou ainda, que surge em até 48 horas após uma internação
hospitalar (SCHWARTZMANN, et al., 2010). Oliveira (2021), caracteriza a PAC como uma
inflamação aguda do parênquima pulmonar, onde há o surgimento de sintomas respiratórios,
como tosse seca ou produtiva, dor torácica e dispnéia, podendo ainda surgir sinais sistêmicos
como febre, calafrios, confusão mental e mialgia.
22

A PAC é a principal causa de mortalidade listada entre as condições infecciosas no


mundo e acarreta cerca de 1 milhão de internações hospitalares, causando enorme impacto
nos recursos de saúde e representando um desafio em termos do diagnóstico e do tratamento.
Sua incidência e mortalidade estão associadas ao aumento da idade e do surgimento de
comorbidades. No Brasil, a PAC é a principal causa de internação no Sistema Único de
Saúde. Em 2017, houve 598.668 internações e 52.776 óbitos por PAC (GOMES, 2018).
Apesar da introdução de novas drogas, do melhor conhecimento da farmacocinética e dos
mecanismos de ação dos antibióticos, não houve, nas últimas décadas, uma repercussão
significativa na redução da mortalidade desta doença (CAVALCANTI, 2006).
Ademais, o diagnóstico definitivo das PAC baseia-se na identificação do agente
etiológico em espécimes, tais como: sangue; aspirado pulmonar, obtido diretamente do foco
de doença; líquido pleural; fragmento de pulmão; e, ainda, em métodos imunológicos ou de
biologia molecular, a exemplo das sondas genéticas. Além disso, a radiografia do tórax é
essencial para diagnóstico, avaliação da extensão do comprometimento pulmonar e da
gravidade; identificação de complicações; monitorização da evolução e da resposta ao
tratamento (MIRANDA, 2018).
Outrossim, os pacientes com enfermidade pulmonar em estágios mais avançados ou na
fase crônica da doença apresentam com frequência perda de peso progressiva. Essa perda de
peso na doença pulmonar aumenta a morbimortalidade dos pacientes e contribui ainda mais
para uma diminuição do seu estado funcional (GRIBOSKI e MARSHALL, 2013).
Sendo assim, o objetivo do presente estudo é acompanhar o estado nutricional de uma
paciente internada no Hospital Regional Justino Luz, no município de Picos- PI,
diagnosticada com pneumonia adquirida na comunidade - PAC, estabelecendo assim um
plano nutricional individualizado e suas devidas orientações, para a melhora do quadro clínico
e qualidade de vida da mesma.

Avaliação clínica

● Identificação

Paciente L.J.A., sexo feminino, 23 anos, doméstica, natural do município de Simões,


Piauí, com ensino médio incompleto, foi admitida na clínica médica (ala B) do Hospital
Regional Justino Luz no dia 10/02/2023.

● Queixa principal
23

Dispneia, dor torácica e dor no local de inserção do dreno.

● História da Doença Atual (HDA)

Paciente chega ao HRJL com pneumonia e derrame pleural, ambos diagnosticados no


hospital de Araripina. A paciente possui um dreno não funcionante a qual relata dor no seu
local de inserção.

● Sinais clínicos

Paciente consciente, orientada, deambulando normalmente, hemodinamicamente


estável, abdômen plano e indolor a palpação, diurese espontânea (urina escura / alaranjada),
evacuação normal, dispneia ao se alimentar.

● Dados socioeconômicos

Renda mensal inferior a um salário mínimo para cinco membros da família.

● Medicamentos prescritos e a interação droga nutriente

2.6.1 Ceftriaxona

Dosagem de 1 ampola administrada por via endovenosa, de 12 em 12 horas, por 3


dias. A ceftriaxona é um antibiótico injetável de amplo espectro que é utilizado para eliminar
o excesso de bactérias no organismo. Quanto à interação droga nutriente, a ceftriaxona inibe a
síntese de vitamina K e vitamina B12. Dessa forma, é importante inserir na dieta da paciente
produtos que contenham pré e probióticos, como iogurtes, produtos lácteos fermentados e
alimentos ricos em fibras.

2.6.2 Dipirona
24

Dosagem de 2 ml a 8 ml, administrado por via endovenosa, de 8 em 8 horas. Este


medicamento é indicado como analgésico e antitérmico. Seu uso prejudica a absorção e a
formação da forma coenzimática da vitamina B1.

2.6.3 Tramadol

Dosagem de 100 mg + 100 ml de soro fisiológico 0,9%, administrado por via


endovenosa de 12 em 12 horas. O tramadol é um analgésico indicado para o alívio da dor de
intensidade moderada a grave. Há uma interação negativa quando associado ao consumo de
álcool, podendo levar à potencialização das reações adversas relativas ao SNC. Recomenda-
se não administrar soluções orais durante a administração.

2.6.4 Omeprazol

Dosagem de 40 mg por dia, administrado por via endovenosa. O omeprazol é um


medicamento indicado para o tratamento das doenças do estômago com a acidez gástrica. O
uso do mesmo inibe a secreção gástrica dificultando a absorção de vitamina B12, por isso é
importante aumentar a ingestão de alimentos ricos nessa vitamina, como ovos, leite e
derivados.

● Hábitos de vida

A paciente em questão relata não consumir álcool, nem fazer uso de tabaco; consome
uma quantidade moderada de café pela manhã e pela tarde, aproximadamente 200 ml
diariamente; não faz uso de condimentos industrializados nas preparações, apenas temperos
naturais; relata ainda, sentir-se estressada de vez em quando; não pratica nenhum tipo de
atividade física e não faz uso de nenhum medicamento em casa, não havendo necessidade.

Avaliação bioquímica

Quadro 01: Resultados dos exames bioquímicos da paciente L.J.A. do dia 28/02.
Parâmetro Referência Valor encontrado Diagnóstico

Hemácias 4,2 a 5,9 milhões/uL 3,85 milhões/uL Baixo

Hemoglobina 12 a 17,5 mg/dL 9,2 mg/dL Baixo


25

Hematócrito 40 a 52 mg/dL 29,8 mg/dL Baixo

Creatinina 0,55 mg/dL 0,4 a 1,3 mg/dL Normal

Ureia 27 mg/dL 15 a 40 mg/dL Normal


Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

De acordo com os três primeiros parâmetros apresentados, a paciente apresenta um


quadro de anemia, uma vez que é possível observar que as taxas de células vermelhas
encontram-se bem abaixo dos valores de referência. No entanto, os níveis de creatinina e
ureia encontram-se dentro da normalidade.

Avaliação antropométrica

TABELA 01 : Descrição das medidas antropométricas da paciente


L.J.A. Peso Atual (PA): 42 kg % Perda de Peso: 6,7 % / mês → Perda grave

Peso Usual (PU): 45 kg Altura do Joelho: 48 cm

Peso Ideal: 52,5 kg Circunferência Panturrilha (CP): 28 cm

Altura (cm): 158 cm Circunferência do Braço (CB): 20,1 cm

IMC atual: 16,8 → Magreza grau II Adequação da CB: 75,5% → Desnutrição moderada

% Adequação do Peso: 80% → Semi-envergadura: 79 cm


Desnut. Moderada
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Devido a condição em que a paciente se encontrava não foi possível realizar a


circunferência da cintura e do quadril, pois a mesma fazia uso de um dreno torácico. Além
disso, não foi possível aferir nenhuma dobra cutânea devido a limitação dos instrumentos.
Ademais, a altura foi obtida por meio da medida da semi-envergadura.

Avaliação nutricional

● Diagnóstico nutricional

Ao analisar os parâmetros clínicos, bioquímicos e antropométricos, observa-se que a


paciente encontra-se em um quadro de desnutrição moderada a grave, além de um possível
quadro de anemia. Dessa forma, o acompanhamento nutricional tem como objetivo principal
reverter o quadro de déficit nutricional em que a paciente se encontra, oferecendo-lhe um
suporte adequado de energia e nutrientes a fim de suprir suas necessidades, diminuindo o
26

processo infeccioso e inflamatório causado pela doença de base e, melhorando


consequentemente a sua qualidade de vida.

● Anamnese alimentar

A paciente relata que consome cinco refeições diariamente. Faz uso do óleo de soja
nas preparações, onde o consumo mensal é de aproximadamente 900 ml, correspondente a
uma garrafa. Relata ainda que faz uso de pouco sal, ingere aproximadamente 1,5 L de água
por dia, considera seu apetite e funcionamento intestinal normais. Além disso, o horário de
maior disposição alimentar é o almoço, nega intolerâncias ou alergias alimentares, no entanto
tem aversão a peixe e carne moída.
Desta forma, o quadro abaixo apresenta a distribuição das refeições habituais da
paciente, segundo relato da mesma.

QUADRO 02: Dieta habitual da paciente L.J.A.

REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE


Café com leite 1 xic. de chá 200 ml
Desjejum Cuscuz 4 colheres de 72 g
Ovo frito sopa 1 unidade 50 g
Arroz 2,5 conchas média 250 g
Feijão cheia 1 concha 140 g
Almoço Frango cozido 1,5 colh. de servir 60 g
Repolho ½ xíc. picado 35 g
Tomate ½ xíc. em cubos 90 g

Lanche da tarde Suco em pó 1 copo médio 200 ml


Biscoito club social 1 pacote 50 g
Arroz 2 conchas média cheia 200 g
Feijão ½ concha 70 g
Jantar Frango 1 colh. de servir 40 g
cozido ½ xíc. picado 35 g
Repolho ½ xíc. em cubos 90 g
Alface
Tomate
Ceia Leite de vaca integral 1 xícara 200 ml
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Em síntese, observa-se que se trata de uma dieta economicamente acessível, que


condiz com a renda mensal da família e é composta em sua maioria por alimentos de alto
valor nutritivo. No entanto nota-se a presença de alguns alimentos industrializados ricos em
sódio, açúcares e de gordura saturada. Sendo assim, a tabela abaixo apresenta os valores
encontrados em cada refeição.
27

TABELA 02 : Descrição dos valores dos macronutrientes presentes na dieta habitual da paciente L.J.A. de
acordo com anamnese alimentar.

Fonte: Dietbox, 2023.

De acordo com os valores obtidos de gramas por quilo de peso é possível observar que
trata-se de uma dieta normocalórica, hiperproteica, normoglicídica e normolipídica. Quanto à
densidade calórica (DC), o valor obtido foi de 0,92, estando assim, dentro dos valores de
referência segundo as recomendações da World Cancer Research Fund/American Institute for
Cancer Research (2007). Já a proporção de quilocalorias por grama de peso ficou de 36,42
kcal/kg. No que diz respeito aos micronutrientes, a tabela abaixo apresenta os valores
encontrados.

Tabela 03: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes na dieta habitual da paciente L.J.A.
conforme anamnese alimentar:

Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado


Zinco 7,31 mg 8 mg 40 mg Adequado
Ferro 11,21 mg 18 mg 45 mg Baixo
Sódio 2.659,4 mg 2.300 mg 2,3 g Elevado
Selênio 71,02 mcg 55 mcg 400 mcg Baixo
Vitamina B12 1,18 mcg 2,4 mcg - Baixo
Vitamina B9 368,12 mcg 400 mcg 1.000 mcg Adequado
Vitamina B6 1,4 mg 1,3 mg 100 mg Adequado
Vitamina C 52,36 mg 75 mg 2.000 mg Baixo
Vitamina A 154,27 mcg 700 mcg 3.000 mcg Baixo
Fibra Alimentar 19,62 g 25 g - Baixo
Colesterol 282,25 mg < 10% do VET - Elevado
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Ao realizar a análise conforme os parâmetros estabelecidos pelas DRI’s (Dietary


Reference Intakes) apenas os seguintes nutrientes encontram-se adequados: Zinco, Vitamina
28

B9 e Vitamina B6. Os demais micronutrientes expostos na tabela acima encontram-se fora


dos valores de referência. Vale ressaltar que o sódio apresenta um valor acima do
recomendado, isso pode ser favorecido devido a presença de alguns alimentos
ultraprocessados presentes na alimentação habitual da paciente.

Evolução clínica e dieta prescrita pela instituição

O acompanhamento da evolução clínica da paciente ocorreu durante três dias, em


todos eles a via de alimentação foi oral e mantendo a mesma consistência dos alimentos. A
tabela abaixo mostra a evolução clínica da paciente de acordo com a dieta ofertada, além da
aceitação e alterações no trato gastrointestinal (TGI).

TABELA 04: Evolução clínica da paciente L.J.A. conforme prescrição dietoterápica.


DATA DIETA PRESCRITA ACEITAÇÃO ALTERAÇÕES NO TGI
26/02 Livre Boa Sem alterações
27/02 Livre Boa Sem alterações
28/02 Livre Boa Sem alterações
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Ao analisar a evolução clínica da paciente, nota-se que a aceitação da dieta foi boa e
sem indicações de alterações no TGI. Ademais, como a paciente não tinha nenhuma restrição
específica, o tipo de dieta prescrita permaneceu a mesma em todos os dias.
Dessa forma, ao considerar a dieta livre ofertada como a mais semelhante à dieta
habitual da paciente, foi realizada a sua caracterização e avaliação, conforme o quadro 03 e a
tabela 05 expostos logo abaixo.

QUADRO 03: Composição da dieta livre ofertada a paciente L.J.A.

REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE


Desjejum Pão com margarina 1 unidade 60 g
Café com leite 1 copo 180 ml
Lanche da manhã Mingau de arroz 1 copo 200 ml
Arroz 1 concha rasa 80 g
Feijão 1 concha cheia 140 g
Almoço Bife ao molho 1 bife 100 g
Batata inglesa 2 colheres de sopa 50 g
cozida Beterraba cheia 2 colheres de sopa 36 g
cozida Vagem rasa 1 colher de sopa 20 g
Banana 1 unidade 90 g
Lanche da tarde Suco de maracujá 1 copo 180 ml
Biscoito 5 unidades 30 g
29

Arroz 1 concha rasa 80 g


Feijão 1 concha cheia 140 g
Jantar Frango ao molho 1 pedaço 140 g
Batata inglesa 2 colheres de sopa 50 g
cozida Cenoura cheia 2 colheres de sopa 36 g
cozida Orégano rasa À gosto -
Ceia Mingau de cremogema 1 copo 200 ml
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Observa-se que a dieta ofertada pela instituição possui um valor nutritivo bem maior
que a dieta habitual da paciente, uma vez que é composta por um número maior de refeições,
além de possuir uma maior oferta e variedades de frutas e verduras, melhorando assim o valor
nutricional das refeições.

TABELA 05 : Descrição dos valores dos macronutrientes presentes na dieta ofertada pela instituição para a
paciente L.J.A.

Fonte: Dietbox, 2023.

Os valores obtidos conforme análise do Dietbox, indicam uma dieta normocalórica,


normoglicídica, normolipídica e hiperproteica. A densidade calórica correspondeu a 1,14,
estando dentro dos valores de referência. Já a proporção de quilocalorias por grama resultou
em 48,42 kcal/kg. Quanto aos micronutrientes, a tabela abaixo apresenta os valores
encontrados.

Tabela 06: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes da dieta oferecida pela instituição.
Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado
Zinco 16,53 mg 8 mg 40 mg Adequado
Ferro 10,13 mg 18 mg 45 mg Baixo
Sódio 1.812,78 mg 2.300 mg 2,3 g Baixo
Selênio 43,93 mcg 55 mcg 400 mcg Baixo
Vitamina B12 2,11 mcg 2,4 mcg - Baixo
Vitamina B9 44,72 mcg 400 mcg 1.000 mcg Baixo
Vitamina B6 1,08 mg 1,3 mg 100 mg Baixo
30

Vitamina C 30,56 mg 75 mg 2.000 mg Baixo


Vitamina A 290,92 mcg 700 mcg 3.000 mcg Baixo
Fibra Alimentar 36,2 g 25 g - Adequado
Colesterol 232,41 mg < 10% do VET - Elevado
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Os micronutrientes apresentados na tabela acima em sua grande maioria encontram-se


fora dos valores de referência, estando adequada apenas a ingestão de fibras alimentares, que
mesmo apresentando um valor acima do recomendado, continua sendo benéfica ao
organismo. Vale ressaltar que essas inadequações podem se dar pelo fato de ser a análise de
apenas uma refeição, sendo assim, à medida que a alimentação vai sendo ofertada durante
toda a semana, suas variações fazem com que alguns micronutrientes cheguem ao seus
valores de normalidade.

Prescrição dietoterápica sugerida

Diante do diagnóstico nutricional da pela paciente, onde encontra-se em um quadro


acentuado de desnutrição e, devido a patologia apresentada pela mesma, na qual cujo o
processo inflamatório dificulta mais ainda o ganho de peso, sugere-se uma dieta
normocalórica, hiperproteica, normoglicídica e normolipídica, que atenda as necessidades
nutricionais da mesma, a fim de favorecer o ganho de peso e consequentemente, melhora da
patologia e dos sinais e sintomas associados.
Desta maneira, a partir do PI foi estipulado o Valor Energético Total (VET) de acordo
com a calculadora das DRI’s, onde foi encontrado um VET de aproximadamente 2.000 kcal,
tendo um aumento em torno de 400 kcal em cima do valor calórico total da dieta habitual da
paciente.
Visando a melhor distribuição dos macronutrientes para alcançar os propósitos
estabelecidos, o cálculo das necessidades ocorreu em acordo com os valores estabelecidos de
gramas/kg/dia, correspondendo a uma dieta normocalórica, hiperproteica, normoglicídica e
normolipídica.
PTN: 2,4 g x 52,5 kg = 125 g x 4 kcal = 500 kcal = 25%
CHO: 5,2 g x 52,5 kg = 275 g x 4 kcal = 1.100 kcal = 55%
LIP: 0,8 g x 52,5 kg = 44 g x 9 kcal = 396 kcal = 20%
31

A partir disso, foi elaborado um plano alimentar para a paciente em questão, levando
em consideração a condição socioeconômica da família, além da utilização dos alimentos que
já fazem parte da dieta habitual da paciente.

QUADRO 04: Prescrição dietoterápica sugerida pela estagiária para a paciente L.J.A.

REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE


Tapioca 1 unidade 50 g
Ovo 1 unidade 70 g
Café da manhã Leite em pó 2 colheres de sopa 28 g
integral Café ½ xícara 100 ml
infusão Mamão 1 fatia 50 g
Aveia em flocos 1 colher de sopa 15 g
Lanche da manhã Manga 1 xícara de chá picado 150 g
Arroz 5 colheres de sopa 100 g
Feijão 1 concha 140 g
Frango 4 pedaços 180 g
Almoço cozido Couve 1 colher de 40 g
Tomate servir 5 fatias 60g
Beterraba média 60 g
cozida Laranja 3 fatias média 60 g
1 unidade
Banana 1 unidade 100 g
Lanche da tarde Leite em pó 1,5 colheres 21 g
integral Aveia em 1 colher de sopa 15 g
flocos
Arroz 4 colheres de sopa 80 g
Feijão 1 concha 140 g
Jantar Frango 3 pedaços 100 g
cozido Couve 1 colher de 40g
Tomate servir 5 fatias 60 g
média
Ceia Goiaba 1 unidade 100 g
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Em suma, foi feito uma melhor distribuição dos alimentos em todo o plano alimentar
da paciente. O fracionamento das refeições é de suma importância por se tratar de um
cardápio que tem como objetivo aumentar o ganho de peso da mesma. Foi adicionado assim
um lanche na parte da manhã, uma vez que na dieta habitual a paciente não tinha o costume
de fazer.
De modo geral, as escolhas alimentares compostas no cardápio foram pensadas de
acordo com o quadro clínico em que a paciente se encontra. Alguns alimentos que estão
bastante presentes no plano alimentar, são as frutas e verduras, que além de serem fontes de
vitaminas, minerais, compostos bioativos e fitoquímicos, são também fontes de fibras que
ajudam na modulação intestinal em conjunto com o consumo adequado de água, além de
auxiliarem na diminuição do processo inflamatório causado pela doença de base. Foram
priorizados ainda, alimentos fontes de Ferro, Vitamina B12, Ácido fólico, entre outros, que
32

irão melhorar o quadro de anemia da mesma. Sendo assim, segue abaixo a análise dos
macronutrientes presentes na dieta:

TABELA 07: Caracterização da dieta sugerida pela estagiária para a paciente L.J.A. de acordo com os
macronutrientes e valores de referência.

REFEIÇÃO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDEOS CALORIAS QUANTIDADE


Desjejum 20,31g (15%) 64,89g (23%) 15,06g (37%) 477kcal (24%) 268g (15%)
Lanche da manhã 0,77g (1%) 25,67g (9%) 0,41g (1%) 98kcal (5%) 151g (8%)
Almoço 50,39g (37%) 72,66g (26%) 10,67g (26%) 585kcal (29%) 639g (35%)
Lanche da tarde 9,05g (7%) 51,72g (18%) 7,12g (17%) 291kcal (14%) 136g (7%)
Jantar 54,70g (40%) 56,98g (20%) 7,47g (18%) 523kcal (26%) 522g (29%)
Ceia 1,09g (1%) 13,01g (5%) 0,44g (1%) 54kcal (3%) 100g (6%)
TOTAL 136,31g (26,5%) 284,94g (55,5%) 41,16g (18,0%) 2.028kcal 1.816g
g/kg de peso 2,60g/kg 5,43g/kg 0,78g/kg 38,6g/kg DC: 0,9
Referência 2,4g/kg 5,2g/kg 0,8g/kg 38,1g/kg < ou = 1,25
Adequação 108,3% 104,4% 97,5% 101,3% Adequado
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Conforme os valores de macronutrientes, energia e densidade calórica obtidos com o


plano alimentar da paciente, é possível observar que todos estão dentro dos valores de
referência de adequação (90 a 110%). Dessa forma, espera-se que a paciente consiga alcançar
suas necessidades energéticas e nutricionais diárias, por meio de uma alimentação equilibrada
e satisfatória qualitativamente e quantitativamente. Com relação a análise dos
micronutrientes, foram obtidos os seguintes resultados:

Tabela 07: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes na dieta prescrita pela estagiária da
paciente L.J.A.

Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado


Zinco 10,96 mg 8 mg 40 mg Adequado (UL)
Ferro 16,5 mg 18 mg 45 mg Adequado
Sódio 604,32 mg 2.300 mg 2,3 g Baixo
Selênio 55,63 mcg 55 mcg 400 mcg Adequado
Vitamina B12 2,35 mcg 2,4 mcg - Adequado
Vitamina B9 440,88 mcg 400 mcg 1.000 mcg Adequado
Vitamina B6 2,12 mg 1,3 mg 100 mg Adequado (UL)
Vitamina C 339,63mg 75 mg 2.000 mg Adequado (UL)
Vitamina A 1.729,87 mcg 700 mcg 3.000 mcg Adequado (UL)
Fibra Alimentar 37,23 g 25 g - Elevado
Colesterol 282,25 mg < 10% do VET - Elevado
33

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Observa-se que a maior parte dos micronutrientes estão adequados ou dentro do valor
da UL. Apenas o sódio encontra-se abaixo dos valores de referência, no entanto, não é
considerado um ponto negativo, uma vez que esse mineral em altas concentrações prejudica o
organismos. Ademais, a fibra alimentar e o colesterol encontram-se um pouco elevados.

Orientações e recomendações

● Dar preferência a alimentos ricos em ferro, ácido fólico e vitamina B12, com o intuito
de melhorar o possível quadro de anemia.
● Evitar alimentos ultraprocessados, pois em sua maioria são ricos em sódio e
conservantes e podem causar malefícios à saúde;
● Aumentar o consumo de frutas e verduras, elas facilitam o trânsito do intestino e
fornecem quantidade adequada de vitaminas e minerais;
● Beber pelo menos 2,5 litros de água por dia;
● Realizar até seis refeições por dia: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e um
lanche antes de dormir. Pois, o maior fracionamento permite uma melhor alimentação,
além de conseguir controlar o apetite e evitar efeitos gastrointestinais adversos;
● No momento da refeição, procurar um local tranquilo e aconchegante, comer devagar
e mastigar bem os alimentos, isso ajuda no processo de digestão e faz com que tenha
fome nas próximas refeições;
● Preferir alimentos grelhados, cozidos ou assados ao invés dos fritos. Evitar também
frituras em geral e gorduras de origem animal como banha, manteiga, nata, carnes
gordas e pele de aves;
● Consumir sal com moderação, dê preferência a temperos naturais;
● Evitar o consumo de refrigerantes e sucos industrializados, além dos demais alimentos
ultraprocessados;
● Praticar atividade física pelo menos 3 vezes por semana.

Considerações finais

O desenvolvimento do caso clínico foi uma experiência enriquecedora, onde foi


possível ver na prática, o que já tinha sido visto na teoria. Ademais, reforça a importância da
34

nutrição durante e após a internação hospitalar, assim como a de toda a equipe


multiprofissional.
No que diz respeito a doença de base da paciente em questão, devido a desnutrição ser
um achado frequente, afetando principalmente a capacidade funcional do paciente, o que
favorece a um pior prognóstico da doença, maior tempo e frequência das hospitalizações,
piora da qualidade de vida e maior risco de mortalidade, é de extrema importância a
realização de uma triagem/avaliação nutricional neste grupo de pacientes, para se iniciar uma
terapia nutricional precoce, a fim de minimizar os efeitos de uma desnutrição já instalada ou
evitar seu aparecimento.

5.2.2 Caso Clínico 2 - Diabetes Mellitus tipo 1

Introdução

Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica, genética, resultante da


destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação
de anticorpos pelo próprio organismo contra este tipo celular levando a deficiência de
insulina (SBD, 2019). É mais comum na infância e adolescência e atualmente ocupa o
terceiro lugar quanto à prevalência mundial da doença, com o quantitativo de 51.500
crianças e adolescentes pertencentes à faixa etária de 0 a 14 anos (IDF, 2019).
O Diabetes mellitus tipo 1 ocorre habitualmente em crianças e adolescentes,
entretanto, pode manifestar-se também em adultos, geralmente de forma mais insidiosa. A
doença geralmente se apresenta com um quadro clínico de hiperglicemia, podendo ocorrer
também cetoacidose diabética, sendo caracterizada pela infiltração linfocítica e destruição das
células secretoras de insulina das ilhotas de Langerhans. A destruição das células beta-
pancreáticas acarreta na deficiência de insulina que por sua vez, leva à hiperglicemia e outras
complicações metabólicas secundárias. Esta destruição é mediada por respostas auto-imunes
que lesam irreversivelmente as células, levando ao aumento da glicose no sangue, por déficit
absoluto de produção de insulina. Nesse sentido os principais marcadores imunológicos do
comprometimento pancreático são os auto-anticorpos anti-ilhota (antiICA), anti-insulina
(anti-IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), anti tirosina fosfatase (IA2 e
IA2B) e antitransportador de zinco e estão presentes em 90% dos pacientes por ocasião do
diagnóstico (Chiang et al., 2014).
35

Os sintomas clássicos do DM1 em decorrência do aumento da glicemia são: polidipsia


(sede excessiva), poliúria (aumento do volume urinário), polifagia (fome excessiva), e perda
involuntária de peso. Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza,
tonturas e infecções de repetição (BRASIL, 2019).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2019), ao receber o diagnóstico de
DM1, ocorrem inúmeras mudanças com a criança e sua dinâmica familiar, pois todos devem
procurar seguir o tratamento rigorosamente, que consite em administração da insulina,
alimentação saudável, equilibrada e adequada, bem como a prática de atividade física.
Inicialmente, nesse momento de adaptação, a monitorização da glicemia é um processo
desconfortável para o portador, visto que a utilização de agulhas pode causar dor, medo e
insegurança com o tratamento.
No DM1, ocorre uma situação de especial complexidade, em que aos pais é exigido
lidar, adicionalmente, com a transição para o exercício de papel de cuidador de um filho com
uma doença crônica que exige uma resposta que não pode ser adiada e que se espera que seja
adaptativa, promotora de estabilidade e bem-estar para todos os elementos da família
(SOUSA; ANDRADE; OLIVEIRA, 2022).
O cuidado integral é de responsabilidade da família, até que a criança saiba e
tenha ciência do autocuidado. É importante enfatizar que o diagnóstico da DM1 infantil
causa impacto, sentimentos negativos que dominam as emoções e os tornam parte do
problema, o estado emocional dos familiares quando fragilizado agrava a situação,
dificultando a autoaceitação e o tratamento do paciente (OCHOA et al., 2016).
Nesse sentido, é essencial que o apoio profissional se estenda à família, auxiliando no
entendimento da doença, estimulando a necessidade de mudança de hábitos e insulinoterapia,
a fim de gerar autonomia em saúde para toda a rede de apoio da criança e adolescente
(SOARES et al., 2018).
Diante do exposto, o objetivo do presente estudo é avaliar e monitorar o estado
nutricional de um paciente internado no Hospital Regional Justino Luz, no município de
Picos-PI, diagnosticado com DM1, a fim de realizar prescrição nutricional individualizada,
bem como as recomendações necessárias para a melhora do quadro clínico e qualidade de
vida do paciente.

Avaliação clínico nutricional


36

● Identificação do paciente

Paciente D.S.R., sexo masculino, 14 anos, natural da zona rural do município de São
José do Piauí, com ensino fundamental incompleto, admitido na Clínica Pediátrica do
Hospital Regional Justino Luz no dia 27/02/2023.

● Queixa principal

Hiperglicemia e cetoacidose diabética

● História Patológica Pregressa (HPP)

Paciente relata ser usuário de álcool e maconha. Nega patologias.

● História da Doença Atual (HDA)

Paciente deu entrada no serviço de saúde com quadro de hiperglicemia e mal estar.
Refere ter recebido o diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo I há poucos dias e não
compreende a doença. Ademais, esta é sua terceira internação hospitalar recente com quadro
de hiperglicemia e histórico de cetoacidose diabética.

● Sinais clínicos

Bom estado geral, orientado, consciente, deambulando, eupneico, poliúria, polidipsia,


polifagia, evacuações regulares. Nega alteração do peso e do apetite. Nega febre. Nega
vômitos ou dor abdominal. Nega diarréia ou constipação.

● Dados socioeconômicos

Renda mensal inferior a um salário mínimo para cinco membros da família.

● Hábitos de vida
37

Usuário de álcool e maconha; consome cerca 150 mL de café diariamente; consome


preparações condimentadas todos os dias; costuma ficar estressado ou tenso; a atividade física
que realiza é nos jogos de futebol, 2x na semana; não faz uso de medicamentos em casa.

Medicamentos prescritos e interação droga-nutriente

2.8.1 Insulina

Medicamento indicado para o tratamento do DM, que se ingerido em dosagens


inadequadas ou houver descontinuação do tratamento, especialmente no DM1, pode levar à
ocorrência de hiperglicemia, evoluindo até o quadro de cetoacidose diabética, que é
potencialmente letal. Dentre as interações ao uso desse medicamento, cabe destacar o
consumo de álcool que é capaz de intensificar e prolongar o efeito hipoglicêmico da insulina,
o que não é interessante, sobretudo para o paciente adolescente em questão.
Os riscos associados ao consumo de álcool incluem hipoglicemia (particularmente
para quem faz uso de insulina ou secretagogos de insulina), ganho de peso e hiperglicemia
(para quem consome quantidades excessivas). Desse modo, indivíduos com diabetes devem
ser informados sobre reconhecimento e gestão de hipoglicemia tardia, sendo maior a
necessidade de automonitoramento da glicemia nesses indivíduos após o consumo de bebidas
alcoólicas (ADA, 2017).

Avaliação bioquímica

Segundo os parâmetros apresentados no Quadro 01, o paciente apresentou algumas


elevação nos exames de ureia, potássio e cálcio, enquanto apresentou um resultado inferior ao
parâmetro do sódio recomendado, mas não acarreta nenhum prejuízo à saúde do paciente.
Entretanto, cabe ressaltar a ausência de anemia, visto o resultado do hemograma.

Quadro 01 - Resultados dos exames bioquímicos do paciente D.S.R., no dia


28/02
VALOR NORMAL MONITORIZAÇÃO BIOQUÍMICA
PARÂMETROS
MASC FEM VALOR DIAGNÓSTICO
Hemoglobina (mg/dL) 13,5 - 18 12-16 12,7 Normal
Hematócrito (%) 40 - 50 35 - 45 35,5 Normal
Ureia sanguínea (mg/dl) 10 - 45 54 Elevado
Creatinina (mg/dl) 0,8 - 1,2 0,6 - 1,0 0,73 Normal
38

Sódio (mEq/L) 137 - 145 114,6 Baixo


Potássio (mEq/L) 3,6 - 5,0 5,4 Elevado
Cálcio (mg/dL) 8,6 - 10,3 13,6 Elevado
Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Avaliação antropométrica

● Peso atual (Kg): 42 Kg


● Peso usual (Kg): 44,4 kg
● Peso ideal (Kg): 51 Kg
● IMC: 15,24 kg/m²
IMC para idade → Magreza (Percentil > 0,1 e > Escore-z -
3) Estatura-para-idade → Estatura adequada para idade
● Altura (cm): 166 cm
● Altura do joelho (cm): 51 cm
● Circunferência do braço (cm): 24 cm
● Circunferência da panturrilha (cm): 28 cm
● Circunferência do quadril (cm): 76 cm
● Circunferência da cintura (cm): 67 cm

O paciente apresentava condições favoráveis para realização das medidas


antropométricas para auxiliar na visão geral do quadro e diagnóstico nutricional de precisão.
O peso usual foi referido pelo paciente e o peso atual foi estimado segundo os parâmetros
aferidos. Ademais, cabe destacar que o peso ideal encontrado baseou-se nos requerimentos
estimados para adolescentes do sexo masculino, conforme o IOM (2006).

Avaliação nutricional

● Anamnese Alimentar segundo a Dieta Habitual

Ao realizar a anamnese alimentar, o paciente relata realizar as seis refeições diárias,


conforme demonstra o Quadro 02. Ademais, para obtenção de todas as informações, o pai do
paciente auxiliou nos questionamentos, e ambos relataram o consumo de óleo de algodão,
mas não souberam estimar a quantidade utilizada diariamente e mensalmente. Relataram
ainda, o consumo de sal de forma moderada, nenhuma intolerância ou aversão alimentar,
apetite e
39

funcionamento do intestino normais. No que se refere a ingestão de líquidos, o paciente relata


o consumo de sete a oito copos de 240mL/dia, o equivalente a aproximadamente 1,7 litros de
água diariamente. As preferências alimentares destacadas por ele incluíam frituras, doces, fast
foods e “comida de panela”. Relatou também que o horário de maior disposição alimentar era
durante a noite.

Quadro 02 - Dieta Habitual do paciente D.S.R


REFEIÇÃO E ALIMENTOS E MEDIDA QUANTIDADE
LOCAL
HORÁRIO PREPARAÇÃO CASEIRA (g/mL)

Cuscuz com ovo e


café com leite
DESJEJUM Cozinha (vendo TV
(08:00) Cuscuz de milho 1 prato cheio 360 g ou celular)
Ovo de galinha 1 unidade 50 g
Café com leite 1 xícara 180 mL

LANCHE Fruta Cozinha (vendo TV


1 unidade 50 g
(10:00) (Maçã ou ou celular)
banana)
Arroz com feijão,
frango frito e suco
ALMOÇO Cozinha (vendo TV
Arroz cozido 2 conchas 200 g
(12:30) ou celular)
Feijão carioca 1 concha 86 g
Frango frito 2 bifes 140 g
Suco de pacote 1 copo americano 150 mL

Cuscuz com ovo e


café com leite
LANCHE Cozinha (vendo TV
(16:00) ou celular)
Cuscuz de milho 1 prato cheio 360 g
Ovo de galinha 1 unidade 50 g
Café preto 1 xícara 100 mL

Arroz com feijão,


frango frito e suco
JANTAR Cozinha (vendo TV
Arroz cozido 3 conchas 300 g
(20:00) ou celular)
Feijão carioca 1 concha 86 g
Frango frito 2 bifes 140 g
Suco de pacote 1 copo americano 150 mL

CEIA Pipoca de saco 1 unidade 70 g Cozinha (vendo TV


(22:30) Suco de pacote 1 copo cheio 150 mL ou celular)
Fonte: autoria própria (2023)

Diante do exposto, observa-se a necessidade de realizar algumas modificações de


hábitos alimentares e incentivar a permanência daqueles que já são positivos, como o
consumo de frutas e alimentos minimamente processados. Ademais, é essencial destacar que
a dieta habitual relatada pelo paciente e o acompanhante responsável, condizem com a
condição
40

financeira da família e devem ser respeitadas, mesmo diante do consumo de alimentos que
apresentam baixo valor nutricional. Entretanto, realizou-se a análise da dieta relatada (Tabela
01), a fim de determinar se o consumo de macronutrientes estava adequado segundo as
necessidades do paciente.

TABELA 01 - Caracterização da Dieta Habitual do paciente conforme anamnese alimentar


REFEIÇÃO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDEOS Kcal QUANTIDADE
Desjejum 11,49 g (9%) 31,69 g (4%) 11,63 g (19%) 278 Kcal (6%) 303g (14%)
Lanche 1,14 g (1%) 23,36 g (3%) 0,06 g 88 Kcal (2%) 90g (4%)
1.303 Kcal
Almoço 47,42 g (38%) 251,24 g (29%) 10,36 g (17%) 586 g (26%)
(29%)
Lanche 11,94 g (9%) 31,69 g (4%) 11,63 g (19%) 278 Kcal (6%) 303 g (14%)
1.355 Kcal
Jantar 48,43 g (38%) 262,47 g (31%) 10,45 g (17%) 626g (28%)
(30%)
1.214 Kcal
Ceia 5,27g (4%) 260,01 g (30%) 18,62 g (30%) 320 g (14%)
(27%)
TOTAL 126,14 g (11,2%) 860,46 g (76,3%) 62,74 g (12,5%) 4.517 kcal 2.228 g
107,54
g/Kg de peso 3 g/Kg 20,49 g/Kg 1,49 g/Kg Kcal/Kg DC: 2,02
Fonte: Dietbox (2023)

Conforme a caracterização da dieta habitual do paciente, observa-se uma dieta


hipercalórica, hiperproteica, hiperglicídica e hipolipídica. Ademais, destaca-se a quantidade
elevada de carboidratos na dieta analisada, visto o elevado consumo de alimentos
ultraprocessados, ricos em açúcares simples, prejudiciais à saúde, sobretudo para a situação
patológica do adolescente. As quantidades referidas no momento no da anamnese alimentar,
foram adicionadas ao software Dietbox, e os valores de macronutrientes encontrados
anteriormente foram obtidos através da análise do próprio site. A análise das refeições de
modo individualizada, indica elevado consumo de alimentos de maior densidade energética
nos horários do almoço e jantar, principalmente excesso de carboidratos.
Os micronutrientes da dieta habitual também foram analisados e os resultados
encontrados estão descritos na Tabela 02.

TABELA 02 - Micronutrientes encontrados na Dieta Habitual analisada

VALOR
MICRONUTRIENTE RECOMENDAÇÃO (DRI) UL RESULTADO
ATUAL
Retinol 158,35 mcg > 900 mcg 2,800 mcg Inadequado
Ácido ascórbico 21,19 mg > 75 mg 1,800 mg Inadequado
Cálcio 347,04 mg > 1.300 mg 3,000 mg Inadequado
Ferro 8,6 mg > 11 mg 45 mg Inadequado
Sódio 2.635,19 mg < 1,500 mg 2.300 mg Inadequado
41

Potássio 3.043,64 mg > 4.700 mg - Inadequado


Zinco 7,87 mg > 11 mg 34 mg Inadequado
Fibras 23,45 g >38 g - Inadequado
Colesterol 710,54 mg <10% - Inadequado
Fonte: Dietbox(2023)

Diante do exposto, observa-se a inadequação de todos os micronutrientes da dieta,


segundo os parâmetros estabelecidos pelas DRI’s (Dietary Reference Intakes) para homens de
14 a 18 anos de idade. Tais resultados são preocupantes, tendo em vista a necessidade de
nutrientes na fase da adolescência e o quadro clínico do paciente.

● Diagnóstico Nutricional Conclusivo

Diante todos parâmetros bioquímicos, antropométricos e clínicos obtidos, o paciente


em questão apresenta-se com magreza, segundo o percentil > 0,1 e > escore-z -3, e estatura
adequada para a idade, mas com risco nutricional associado devido a patologia de base. Nesse
sentido, torna-se necessário realizar o acompanhamento nutricional, integrando o regime de
insulinoterapia à alimentação, de modo a melhorar o fracionamento e quantidade de
carboidratos ingeridos, baseando-se nas proporções de insulina/carboidratos, além de
proporcionar a ingestão adequada de energia e nutrientes para promover qualidade de vida
para o adolescente.

Evolução clínica e dieta prescrita pela instituição

O acompanhamento nutricional ocorreu durante sete dias de internação do paciente na


instituição. A dieta hipoglicêmica prescrita pelos nutricionistas, por via de alimentação oral,
não apresentou alteração na consistência dos alimentos oferecidos, visto que não houveram
alterações no sistema gastrointestinal do paciente, conforme demonstra os dados da Tabela
03.

Tabela 03 - Evolução clínica do paciente conforme prescrição dietoterápica


DATA DIETA PRESCRITA ADESÃO À DIETA ALTERAÇÕES NO TGI
27/02/2023
(1º dia de internação) Hipoglicêmica Baixa Sem alterações
28/02/2023
(2º dia de internação) Hipoglicêmica Razoável Sem alterações
01/03/2023
(3º dia de internação) Hipoglicêmica Boa Sem alterações
02/03/2023
(4º dia de internação) Hipoglicêmica Ótima Sem alterações
42

03/03/2023
(5º dia de internação) Hipoglicêmica Ótima Sem alterações
04/03/2023
(6º dia de internação) Hipoglicêmica Ótima Sem alterações
05/03/2023
(7º dia de internação) Hipoglicêmica Ótima Sem alterações
Fonte: autoria própria (2023)

A prescrição dietoterápica que foi oferecida pela instituição, difere do padrão


alimentar habitual relatado pelo paciente na anamnese alimentar, uma vez que a dieta
indicada pelos nutricionistas responsáveis, foi hipoglicêmica para DM1. Essa modificação
afetou diretamente a aceitação e adesão da dieta, pois, inicialmente, o paciente mostrou-se
irritado com as quantidades oferecidas,consequentemente, com baixa adesão do cardápio
proposto. No segundo dia de internação, a aceitação melhorou razoavelmente, com aumento
da quantidade oferecida e adição de lanche extra após o horário da ceia.
A partir do terceiro dia de internação, conforme orientações nutricionais e
aconselhamento da equipe multiprofissional, e, compreendendo melhor a patologia, o
paciente demonstrou melhor adesão à dieta e a fim de melhorar seu aporte de fibras
alimentares, aceitou provar arroz integral, excelente para o seu quadro e melhora do perfil
glicêmico.
A composição da dieta prescrita pelo nutricionista de forma individualizada para o
paciente D.S.R., no dia 27/02 (1º dia de internação), a fim de reduzir o quadro de
hiperglicemia e cetoacidose diabética, está descrita no Quadro 03.

Quadro 03 - Composição da Dieta prescrita pela instituição para o paciente D.S.R. no dia 27/02
REFEIÇÃO E ALIMENTOS E QUANTIDADE
MEDIDA CASEIRA
HORÁRIO PREPARAÇÃO (g/mL)

Biscoitos e café com leite


DESJEJUM
(06:30) Biscoitos integrais 4 unidades 20 g
Café com leite 1 copo pequeno 180 mL

Fruta e aveia
LANCHE
15 g
(09:30) Mamão e melão em cubos 3 fatias pequenas
15 g
Aveia em flocos 1 colher de sopa
7g
rasa
Arroz com feijão, peito de
frango, salada e laranja
80 g
Arroz cozido 4 colheres de 78 g
ALMOÇO
Feijão carioca sopa 3 colheres 140 g
(11:30)
Frango ao molho de sopa 2 pedaços

Salada crua: repolho, cenoura, À vontade 10 g


tomate 12 g
43

18 g

Laranja 1 unidade 60 g

Suco com biscoitos


LANCHE
(15:00) Suco de fruta 1 copo 180 mL
Biscoitos integrais 4 unidades 20 g

Arroz com feijão, peito de


frango, salada

Arroz cozido 4 colheres de 80 g


JANTAR
Feijão carioca sopa 3 colheres 78 g
(18:00)
Frango ao molho de sopa 2 pedaços 140 g

Salada crua: repolho, À vontade 10 g


cenoura, tomate 12 g
18 g

Mingau de aveia
CEIA
1 copo 200 mL
(20:00) Leite desnatado
Aveia em
flocos
ADICIONAL
Maçã 1 unidade 50 g
(22:30)
Fonte: autoria própria (2023)

É evidente que a dieta prescrita pela instituição é nutricionalmente mais equilibrada


que a dieta habitual do paciente, pois há redução na quantidade de macronutrientes, melhor
fracionamento, variedade e aporte de frutas e verduras que auxiliam na melhora da glicemia e
dos sintomas causados pelo quadro de hiperglicemia. A caracterização do cardápio prescrito
foi avaliado também no Dietbox, e os resultados obtidos estão dispostos na Tabela 04.

TABELA 04 - Caracterização da Dieta Hospitalar do paciente D.S.R.

REFEIÇÃO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDEOS Kcal QUANTIDADE


139 Kcal
Desjejum 5,40 g (5%) 16,79 g (10%) 6,25 g (17%) 200g (14%)
(10%)
0,61 g
Lanche 1,31 g (1%) 9,24 g (5%) 45 Kcal (3%) 62g (4%)
(2%)
444 Kcal
Almoço 47,13 g (42%) 38,46 g (23%) 10,23 g (27%) 398 g (27%)
(30%)
195 Kcal
Lanche 2,97 g (3%) 40,28 g (24%) 3,46 g (9%) 200 g (14%)
(13%)
417 Kcal
Jantar 46,54 g (42%) 31,58 g (19%) 10,17 g (27%) 338 g (23%)
(29%)
190 Kcal
Ceia 7,64 g (7%) 25,60 g (15%) 6,62 g (18%) 200 g (14%)
(13%)
44

Lanche extra 0,11 g (0%) 8,29 (5%) 0,12 g (0%) 31 Kcal (2%) 50 g (3%)
TOTAL 11,09 g (30,4%) 170,25 g (46,6%) 37,47 g (23,1%) 1.461 kcal 1.448 g
34,78
g/Kg de peso 2,64 g/Kg 4,05 g/Kg 0,89 g/Kg DC: 1
Kcal/Kg
Fonte: autoria própria (2023)

Diferente dos valores obtidos na análise da dieta habitual, o cardápio da instituição


demonstra diminuição de todos os macronutrientes e melhora do fracionamento das refeições
e redução do aporte energético, a fim de evitar picos de glicemia. Os micronutrientes
analisados na Dieta Hospitalar do paciente D.S.R., encontram-se na Tabela 05.

TABELA 05 - Micronutrientes encontrados na Dieta Hospitalar do paciente D.S.R., conforme análise do


cardápio prescrito pela instituição

MICRONUTRIENT
VALOR ATUAL RECOMENDAÇÃO (DRI) UL RESULTADO
E
Retinol 99,01 mcg > 900 mcg 2,800 mcg Inadequado
Ácido ascórbico 123,45 mg > 75 mg 1,800 mg Adequado
Cálcio 446,65 mg > 1.300 mg 3,000 mg Inadequado
Ferro 7,28 mg > 11 mg 45 mg Inadequado
Sódio 1.843,49 mg < 2.300 mg - Adequado
Potássio 2.196,67 mg > 4.700 mg - Inadequado
Zinco 6,46 mg > 11 mg 34 mg Inadequado
Fibras 20,67 g >38 g - Inadequado
Colesterol 260,8 mg <10% - Adequado
Fonte: Dietbox (2023)

Assim, em comum com a dieta habitual, percebe-se uma inadequação dos valores
encontrados em relação aos estabelecidos nas DRI’s. Entretanto, as quantidades expressas
para ácido ascórbico e colesterol são condizentes com valores estabelecidos na prática clínica,
e as demais estão na faixa de adequação imposta pelos valores inferiores a Ingestão Máxima
Recomendada (UL).

Prescrição dietoterápica sugerida pelo estagiário

Mediante a análise do diagnóstico nutricional, exames bioquímicos e


acompanhamento nutricional do paciente no Hospital Regional Justino Luz, sugere-se uma
dieta normocalórica, hipoglicídica, hiperproteica e normolipídica, a fim de melhorar o estado
nutricional e a qualidade de vida, bem como o quadro do paciente D.S.R., favorecendo o
controle glicêmico.
45

Nesse sentido, para prescrição dietoterápica (Quadro 04), utilizou-se o peso ideal do
paciente e o nível de atividade física para determinação do Valor Energético Total (VET),
conforme a Calculadora das Dietary Reference Intakes. A recomendação estimada encontrada
para melhora do estado nutricional do paciente e atingir eutrofia foi de 2.300 Kcal/dia, que
deve ser combinada a insulinoterapia prescrita pelo médico.

Quadro 04 - Dieta prescrita pela estagiária para o paciente D.S.R.


REFEIÇÃO E ALIMENTOS E MEDIDA QUANTIDADE
HORÁRIO PREPARAÇÃO CASEIRA (g/mL)

Biscoitos e café com leite


DESJEJUM
(07:00) Biscoitos integrais 6 unidades 20 g
Café com leite 1 copo 200 mL

Fruta e aveia
LANCHE
Mamão e melão em cubos 3 fatias pequenas 15 g
(09:30)
Aveia em flocos 1 colher de sopa 15 g
Semente de linhaça 1 colher de chá rasa 5g

Arroz com feijão, frango


grelhado, salada e
laranja
Arroz integral cozido 5 colheres de 100 g
Feijão cozido (50% grão/caldo) sopa 1 concha 90 g
Filé de frango grelhado 2 pedaços 140 g
ALMOÇO
(12:00) Salada crua: 1 colher de sopa 10 g
Repolho 2 colheres de sopa 24 g
branco Cenoura 1 colher de sopa 18 g
Tomate 1 colher de 5 mL
Azeite de oliva sobremesa

Laranja 1 unidade 60 g

Vitamina de mamão com


biscoitos
LANCHE
1 copo americano 150 mL
(15:30)
Vitamina de mamão com 5 unidades 25 g
aveia Biscoitos integrais

Arroz com feijão, frango, salada


crua

Arroz integral cozido 5 colheres de 100 g


Feijão cozido (50% grão/caldo) sopa 1 concha 90 g
JANTAR Filé de frango grelhado 2 pedaços 140 g
(18:30)
Salada crua: 1 colher de sopa 10 g
Repolho 2 colheres de sopa 24 g
branco Cenoura 1 colher de sopa 18 g
Tomate 1 colher de 5 mL
Azeite de oliva sobremesa
46

Mingau de aveia
CEIA
1 xícara 250 mL
(21:00) Leite desnatado com aveia em
flocos e adoçante

ADICIONAL
Maçã 1 unidade 50 g
(22:30)
Fonte: autoria própria (2023)

Optou-se pela manutenção do fracionamento das refeições do cardápio prescrito pela


instituição, visto a ótima adesão do paciente e controle dos picos de glicemia combinado ao
esquema de insulinoterapia. Nesse sentido, as fibras alimentares foram priorizadas, pois são
descritas na literatura como benéficas para redução do índice glicêmico dos
alimentos,retardando a absorção de carboidratos e evitando picos de glicemia.
Os efeitos das fibras ainda incluem aumento da saciedade, melhora do funcionamento
intestinal, redução da absorção de colesterol e, consequentemente, menor risco cardiovascular
(OLIVEIRA; VENCIO, 2016). Além disso, os alimentos escolhidos com baixo índice
glicêmico como feijão, cereais integrais, aveia e frutas como maçã, melão, mamão e laranja,
foram priorizados.
O automonitoramento dos níveis de glicose sanguínea é importante para manutenção
da saúde do paciente, visto que possibilita a identificação de flutuações na glicose sanguínea.
Atualmente, os sistemas mais modernos consistem em uma pequena agulha que deve ser
inserida na gordura abdominal subcutânea, com um sensor que realiza a leitura das
concentrações de glicose. Esse procedimento também pode ser realizado no dedo, o que, em
alguns casos, pode causar desconforto. Além disso, os pacientes que realizam o
automonitoramento apresentam menor risco de complicações relacionadas com o diabetes
(AMENDEZO, et al., 2017).

TABELA 06 - Caracterização da dieta sugerida pela estagiária para o paciente D.S.R.


REFEIÇÃO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDEOS Kcal QUANTIDADE
Desjejum 6,89 g (4%) 23,39 g (11%) 8,19 g (12%) 187 Kcal (9%) 230 g (12%)
2,91 g
Lanche 3,13 g (2%) 16,74 g (8%) (4%) 102 Kcal (5%) 75g (4%)
801 Kcal
Almoço 91,08 g (54%) 47,41 g (22%) 25,60 g (36%) (37%) 626 g (34%)
283 Kcal
Lanche 8,59 g (5%) 44,63 g (21%) 8,80 g (12%) (13%) 190 g (10%)
517 Kcal
Jantar 48,97 g (29%) 40,10 g (19%) 16,83 g (24%) (24%) 426 g (23%)
238 Kcal
Ceia 9,55 g (6%) 32 g (15%) 8,286,62 g (12%) (11%) 250 g (14%)
Lanche extra 0,11 g (0%) 8,29 (4%) 0,12 g (0%) 31 Kcal (1%) 50 g (3%)
47

TOTAL 168,33 g (31,2,4%) 221,06 g (43,4%) 67,90 g (25,4%) 2.168,56 kcal 1847 g
g/Kg de peso 3,3 g/Kg 4,17 g/Kg 1,3 g/Kg 42,52 Kcal/Kg DC: 1,16
Fonte: Dietbox (2023)

Conforme o exposto na tabela acima, também foi realizada a caracterização da dieta


sugerida, onde obteve-se o percentual de adequação (90-110%) em todos os macronutrientes
do planejamento dietoterápico. E no que se refere aos micronutrientes, os resultados obtidos
encontram-se dispostos na Tabela 07.

TABELA 07 - Micronutrientes encontrados na Dieta sugerida pela estagiária para o paciente D.S.R.
MICRONUTRIENTE VALOR ATUAL RECOMENDAÇÃO (DRI) UL RESULTADO
Retinol 754 mcg > 900 mcg 2,800 mcg Inadequado
Ácido ascórbico 86,16 mg > 75 mg 1,800 mg Adequado
Cálcio 1.320 mg > 1.300 mg 3,000 mg Adequado
Ferro 12,09 mg > 11 mg 45 mg Adequado
Sódio 1.949,89 mg < 2.300 mg - Adequado
Potássio 3.329,65 mg > 4.700 mg - Inadequado
Zinco 11,38 mg > 11 mg 34 mg Adequado
Fibras 39,54 g >38 g Adequado
Colesterol 222,19 mg <10% do VET 230g Adequado
Fonte: Dietbox (2023)

Fica claro através dos resultados, que o cardápio prescrito consegue apresentar
adequação na maioria dos micronutrientes relevantes para o paciente, segundo as DRI’s,
exceto o potássio e o retinol, mas ambos apresentaram valores inferiores a UL, sendo,
portanto, aceitáveis para o quadro de saúde, sem causar nenhum prejuízo. Portanto, a dieta
está apta para a manutenção do seu atual estado de saúde e agregar melhorias na qualidade de
vida.

Orientações nutricionais e recomendações

● Para evitar episódios de hipoglicemia, devido ao jejum prolongado, conheça seu


esquema insulínico e faça o fracionamento da dieta de 5 a 6 refeições diárias, a cada
três horas;
● Acrescente alimentos integrais, frutas, vegetais, leguminosas (feijões, soja, lentilhas,
ervilha, grão de bico) e farelos como o de aveia à alimentação, uma vez que estes são
ricos em fibras solúveis e ajudam a controlar a glicemia;
● Para melhorar o papel das fibras é de grande importância aumentar o consumo de água
(6 a 8 copos por dia);
48

● Evite consumir refrigerantes, doces, mel, açúcar mascavo, pois estes aumentam
rapidamente a glicemia;
● Consuma diariamente legumes e verduras (3 a 5 porções) no almoço e jantar.
Prefira as versões integrais dos pães, torradas, biscoitos, arroz e massas e consuma
com moderação;
● Comece a refeição preferencialmente pela salada para aumentar a saciedade;
● Evite o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, pois estas além de serem bastante
calóricas, podem gerar hipoglicemia prolongada;
● Evite frituras e alimentos gordurosos como: banha ou toucinho de porco, pele de
animais, carnes gordas e com gorduras aparentes. Prefira preparações assadas,
grelhadas ou cozidas;
● Evite nata de leite, maionese, creme de leite, manteiga, embutidos (salame, presunto,
mortadelas, salsichas, bacon, linguiça);
● Mastigue bem os alimentos e aprenda a saboreá-los: a mastigação estimula o centro
da saciedade (localizado no cérebro) e este processo demora cerca de 20 minutos para
ocorrer, tempo mínimo que você deve dedicar à sua refeição. Saboreie os alimentos e
coma com prazer!
● Continuação das atividades físicas, por pelo menos três vezes por semana, com
duração de 60 minutos.

Considerações finais

O desenvolvimento do caso clínico possibilitou a compreensão da abordagem de um


adolescente portador de uma doença crônica em uma fase da vida de grandes mudanças, a
adolescência. Ficou evidente, a necessidade do acompanhamento da equipe multiprofissional
de saúde, no atendimento humanizado, empático e acolhedor para o paciente e os
responsáveis. O acompanhamento nutricional desde a internação, foi um fator chave para a
melhora do quadro clínico do paciente até o momento da alta, onde ressaltou-se a necessidade
de continuação do tratamento.

5.3.3 Caso Clínico 3 - Infarto Agudo do Miocárdio


49

Introdução

As doenças cardiovasculares (DCV) estão entre as principais causas de


morbimortalidade, representando 31% das mortes globais. Estas doenças levam a
complicações, incapacidade significativa e produtividade reduzida, sendo considerada uma
patologia onerosa para o sistema de saúde com elevados custos à sociedade (KAPTOGE et
al., 2019).
De acordo com dados recentes do relatório da Organização Mundial da Saúde
(OMS), 17,9 milhões de pessoas morrem anualmente de DCV, e prevê-se que até 2030 os
óbitos chegarão a 25 milhões por ano, tornando-se a principal causa de morte no mundo
(“WHO | Cardiovascular Diseases (CVDs),” 2019). No Brasil, dentre as doenças
cardiovasculares, o IAM é responsável pela primeira causa de morte no Brasil (SOMUNCU
et al., 2019).
Com isso, muitas hipóteses surgiram sobre a origem da atual epidemia de DCV, mas
entre as explicações, a mais aceita é atribuída à industrialização iniciada em 1700 (MANN et
al., 2014). A adoção de uma dieta rica em carboidratos, gorduras saturadas, comidas
processadas, o aumento no tabagismo e a redução da atividade física, levaram a um aumento
de fatores de risco modificáveis, como a hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes
mellitus. Ademais, o. existem ainda fatores de hereditariedade, como sexo, idade e histórico
familiar que não são modificáveis e, portanto, independe do paciente. Estes fatores de risco
continuaram nos séculos XX e XXI, resultando nos valores crescentes da doença nos dias
atuais (DALEN et al., 2014).
Além disso, o diagnóstico do IAM dá-se com o Eletrocardiograma (ECG), história
clínica e análise das enzimas cardíacas CK-MB, Mioglobina e Troponina. O cateterismo,
outra forma de diagnóstico na possibilidade do IAM, é um exame percutâneo que detecta
localização e gravidade obstrutiva das artérias do coração (GONZALES et al., 2021).
Detectar a doença precocemente é a melhor maneira de ajudar no tratamento, que
acontece de vários ângulos: por meio de fibrinolíticos e antitrombóticos usados para
dissolver o trombo que ocluir a artéria por meio da reperfusão da angioplastia primária que é
uma intervenção menos invasiva ou por implante de stent na parede do vaso tratando vários
tipos de obstruções (WANG et al., 2017).
Em suma, o objetivo do presente estudo é acompanhar o estado nutricional de um
paciente internado no Hospital Regional Justino Luz, no município de Picos- PI,
diagnosticado com infarto agudo do miocárdio, estabelecendo um plano nutricional
individualizado e suas devidas orientações, para a melhora do quadro clínico e qualidade de
50

vida deste.

Avaliação clínica

● Identificação

Paciente F.P.S., sexo masculino, 62 anos, pardo, agricultor, residente da zona rural
do município de Santana do Piauí, com ensino fundamental incompleto, foi admitido na ala
urgência do Hospital Regional Justino Luz no dia 10/02/2023.

● Queixa principal

O paciente relatou que apresenta dor epigástrica há 3 dias.

● História da Doença Atual (HDA)

Paciente descreveu que está com dor epigástrica há 3 dias. Assim, foram realizados
os seguintes procedimentos: anamnese, exame físico, exames laboratoriais e
ecocardiograma. De acordo com os resultados dos exames realizados o paciente foi
diagnosticado com infarto agudo do miocárdio e submetido ao tratamento medicamentoso
de infarto agudo do miocárdio e aguarda procedimento cardíaco cateterismo. Além disso,
apresenta história patológica pregressa (HPP) de diabetes e hipertensão.

● Sinais clínicos

Com relação ao sistema nervoso o paciente mostra-se orientado tempo/espaço, no


que diz respeito ao aparelho respiratório apresenta-se eupneico, os olhos isocóricos, o
sistema cardiocirculatório normotenso e normocárdico. Além disso, o sistema
gastrointestinal apresenta evacuação normal, o sistema genito urinário sem alterações com
diurese normal, eupneico, abdome doloroso à palpação, sono e repouso satisfatórios, pele e
mucosas normocoradas.

● Dados socioeconômicos
51

A renda mensal corresponde a um salário mínimo para 4 membros da família.

● Medicamentos prescritos e a interação droga nutriente

● AAS

Dosagem de 100 mg, um comprimido após o almoço. O AAS atua como


antiagregante plaquetário, inibe a enzima ciclooxigenase, reduzindo a produção de
tromboxano A2, um estimulador da agregação plaquetária. Isso interfere com a formação de
trombos, reduzindo assim o risco de IAM.
Além disso, estudos apontam que o AAS reduz a absorção e aumenta a excreção da
vitamina C, uma vez que há uma redução da captação pelos tecidos, inclusive com uma
redução significativa de suas reservas nas plaquetas (GOMES et al., 2015). O AAS também
produz depleção das reservas orgânicas de vitamina K e aumenta a excreção renal de
tiamina e ácido fólico, bem como a excreção urinária de aminoácidos(SCHWEIGERT et al.,
2016).
Portanto, seria recomendado que a administração do AAS fosse feita uma hora antes
ou duas horas após as dietas dos pacientes com alimentos ricos em ácido fólico, tiamina e
vitaminas C e K, uma vez que quando feita administração próxima ou durante as refeições
ocorre um aumento da excreção desses nutrientes.

● Clexane

Dosagem de 40 mg, de 12 em 12 horas, durante 8 dias. Trata-se de uma droga que


diminui o risco de desenvolvimento de uma trombose venosa profunda e sua consequência
mais grave, a embolia pulmonar. Clexane previne e trata estas duas patologias, evitando sua
progressão ou recorrência, além de tratar angina instável e o infarto do miocárdio. Não
possuem interação importante com alimentos, portanto não há restrição alimentar e nem
dieta específica para as pessoas que os utilizam.

● Clopidogrel

Dosagem de 75 mg, 1 comprimido ao dia. Ademais, é um medicamento que age no


sangue evitando que ocorra a formação de trombos (coágulos). Por isso, é prescrito pelo
médico para prevenir a ocorrência de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral
52

isquêmico (“derrame”) ou outras doenças decorrentes da obstrução dos vasos sanguíneos.


Não há registro de interações com nutrientes, descrito em literatura.

● Captopril

Dosagem de 25mg, 1 comprimido se PAS 160 mmhg ou PAD > 110 mmhg. Este
medicamento é indicado para o tratamento da hipertensão, por reduzir a pressão arterial
nesses casos. Outrossim, é utilizado como terapia pós-infarto do miocárdio em pacientes
clinicamente estáveis com disfunção ventricular esquerda assintomática ou sintomática para
melhorar a sobrevida e retardar o início da insuficiência cardíaca sintomática, além de
reduzir internações por insuficiência cardíaca e diminuir a incidência de infarto do
miocárdio recorrente e as condutas de revascularização coronariana.
Além disso, o captopril é indicado para o tratamento de nefropatia diabética
(proteinúria >500 mg/dia) em pacientes com diabetes mellitus insulinodependentes. Nestes
pacientes, o captopril previne a progressão da doença renal e reduz sequelas clínicas
associadas (diálise, transplante renal e morte).
Peixoto et al.10 recomendam que o Captopril seja ingerido com estômago vazio
(uma hora antes ou duas horas após as refeições), pois o alimento diminui sua absorção em
30- 50% e não é absorvido adequadamente quando administrado próximo ou durante as
refeições.
Dessa forma, é de suma importância o acompanhamento dos pacientes hospitalizados
pelos profissionais de saúde durante a prescrição e/ou administração dos medicamentos,
bem como se faz necessária uma orientação farmacológica aos pacientes usuários de
medicamentos para o tratamento de patologias crônicas, a fim de minimizar as reações
adversas e as interações medicamentosas.

Avaliação bioquímica

Quadro 01: Resultados dos exames bioquímicos do paciente F.P.S. no dia 15/02/2023.
Parâmetro Referência Valor Diagnóstico
Hemácias 26 - 34 mi/uL 27,49 mi/uL Normal
Hemoglobina 12 -17,5 mg/dL 11,3 mg/dL Normal
Hematócrito 40 - 52 mg/dL 43 mg/dL Normal
Creatinoquinase cardíaca Até 7 ng/ml 51,33 ng/ml Inadequado
(CKMB)
53

Creatinina 0,4 a 1,3 mg/dl 0,89 mg/dl Adequado


Ureia 15 a 40 mg/dl 38,0 mg/dl Adequado
Potássio 4,5 a 5,5 ui 4,64 ui Adequado
Sódio 130 a 145 ui 137,88 Adequado
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

De acordo com o hemograma, o paciente não apresenta quadro de anemia visto que
as taxas de células vermelhas encontram-se dentro da normalidade. Os resultados de ureia,
potássio e sódio estão adequados. Porém, ao analisar as concentrações da CKMB no sangue,
indicam elevado grau de dano às fibras musculares cardíacas do paciente, possibilitando
assim que o médico avalie o grau de lesão miocárdica presente.

Avaliação antropométrica

TABELA 01: Descrição das medidas antropométricas do paciente F.P.S obtidas durante visita no dia 24/02/23.

Peso Atual (PA): 75 kg Peso ideal: 66 kg

Peso usual (PU): 77 kg Circunferência do quadril: 95 cm

Altura (cm): 1,64 cm Circunferência da cintura: 101 cm

IMC atual: 27,9 kg/m2 Circunferência do braço (CB): 29 cm

%Adequação do peso: 113 (Sobrepeso) %Adequação do CB: 119,3 (Sobrepeso)

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

O paciente apresenta peso atual de 75 kg, após verificação do índice de massa


corporal o paciente foi diagnosticado com sobrepeso, pois apresentou um (IMC) de 27,9
Kg/m2, este provavelmente está relacionado à ingestão excessiva de energia e sedentarismo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1998), o percentual de adequação da
circunferência do braço é de 119,3%, demonstrando um quadro de sobrepeso.
Ademais, apresenta 101 cm de circunferência cintura, indicando risco muito alto para
complicações metabólicas, pois essa medida é sabidamente utilizada como preditor de risco
cardiovascular, diabetes e hipertensão, uma vez que é capaz de refletir acúmulo de gordura
intra-abdominal ou visceral (ROSSI, 2013). Outrossim, a relação cintura-quadril apresentou
o
54

valor de 0,84 (≥ 1,07 - Alto risco) que também está associado ao desenvolvimento de doenças
crônicas não transmissíveis.

Avaliação nutricional

● Diagnóstico nutricional

De acordo com os parâmetros bioquímicos o paciente não apresenta quadro de


anemia visto que as taxas de para células vermelhas encontram-se dentro da normalidade.
Com relação aos dados antropométricos e clínicos, o paciente apresenta-se com sobrepeso e
com risco nutricional associado, para desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis. Portanto, o acompanhamento nutricional objetiva redução do peso e
manutenção das condições fisiológicas atuais, assegurando uma boa recuperação do infarto
agudo do miocárdio e posterior melhora na qualidade de vida.

● Anamnese alimentar

O paciente descreveu que costuma realizar 5 refeições por dia, não apresenta alergias
ou intolerância alimentar, consome óleo e sal de forma moderada. Ademais, apresenta
apetite normal e horário de maior disposição alimentar é durante o almoço, também relatou
que não possui preferências alimentares. Sua ingestão hídrica varia de 2,5 a 3 litros de água.
Com relação à função intestinal apresenta trânsito intestinal normal, sem alterações. Deste
modo, conforme o obtido em diálogo com o paciente, o quadro 02 apresenta a composição
das refeições citadas como componentes da sua dieta habitual.

QUADRO 02: Dieta habitual do paciente F.P.S.

REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE

Desjejum Tapioca com manteiga 2 unidade 100g


7h e Café
1 xícara 50g

Almoço Arroz 4 conchas 180g


12h30min Feijão 2 concha 75g
Carne de bode 3 pedaços 210g
Macarrão alho e óleo 1 concha 110g
Suco
1 copo 240 ml
55

Lanche da tarde Bolo frito 4 unidades 100 g


15h

Jantar Arroz 3 conchas 200g


18h Feijão 1 concha 100g
Ovo 2 ovos 100g
Macarrão alho e óleo 2 colheres de sopa 30g
Suco 1 copo
200ml
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Em suma, visualiza-se uma dieta economicamente acessível, condizente com a


condição financeira da família composta por pouca variedade de carboidratos, proteínas,
gorduras, vitaminas, minerais e fibras. Além disso, apresenta um baixo valor qualitativo e
nutricional devido a recorrente utilização de alimentos com alto valor calórico, o que poderá
levar a um desequilíbrio energético. Dessa forma, a tabela 02 traz os valores encontrados de
acordo com a avaliação da dieta e sua respectiva caracterização.

TABELA 02: Caracterização da dieta habitual do paciente F.P.S conforme anamnese alimentar, de acordo com
os macronutrientes e valores de referência.
Refeição Proteínas Carboidratos Lipídeos Calorias Quantidade

Café da 0,15 g 63,83 g (22,44%) 10,92g 348 kcal 150 g


manhã (0,15%) (24,29%) (17,71%)

Almoço 75,61 g 122,68 g (43,13%) 19,27 g 985 kcal 815 g


(74,5%) (42,86%) (50,14%)

Lanche da 0,22 g 4,19 g (1,72%) 0,72 g 23,43 kcal 8 g tf


tarde (0,22%) (1,60%) (1,19%)

Jantar 25,50 g 93,71 g (32,94%) 14,04 g 608 kcal 590 g


(25,13%) (31,23%) (30,95%)

Total 101,48 284,41 (57,82 %) 44,95 (20,59 1964,43 kcal 1555


(20,66%) %)

g/kg de peso 1,3 g/kg 3,8 g/kg 0,59 g/kg 26,19 g/kg DC: 1,26
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Os valores obtidos conforme a relação de gramas por quilo de peso indicam uma
dieta normocalórica, normoproteica, normoglicídica e normolipídica, sendo condizente com
a sua situação do paciente e assegurando a manutenção de peso, adequada em relação a
densidade energética, fornecendo subsídios para realização de sua ocupação no trabalho.
Em relação ao aporte oferecido quanto os principais micronutrientes, encontrou e os
56

resultados expostos na tabela 03.

TABELA 03: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes na dieta habitual do paciente F.P.S
conforme anamnese alimentar.
Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 229,47 mcg 900 cmg 3.000 mcg Inadequado

Ácido ascórbico 229,47 mcg 90 mg 2.000 mg Inadequado

Cálcio 313,16 mg 1.000 mg 2.000 mg Inadequado

Ferro 21,99 mg 8 mg 45mg Inadequado

Fibras 17,99 mg 30 g - Inadequado

Sódio 1.348,92 mg 1.500 mg 2.300mg Inadequado

Colesterol 576,16 mg <10% - Inadequado


Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Ao realizar a análise conforme os parâmetros estabelecidos pelas DRI’s (Dietary


Reference Intakes) todos os nutrientes encontram-se inadequados para homens com idade
de homens de 51-70 anos.

Evolução clínica e dieta prescrita pela instituição

O acompanhamento ocorreu durante os três dias que o mesmo esteve internado na


instituição, em todos dias, a via de alimentação foi oral, havendo apenas variabilidade em
relação aos cardápios ofertados, para melhor aceitação dos alimentos, conforme prescrição
médica. A tabela 04 exemplifica a evolução clínica do paciente conforme a dieta ofertada,
adesão e alterações no TGI.

TABELA 04: Evolução clínica do paciente F.P.S. conforme prescrição dietoterápica:

Data Dieta prescrita Adesão Alterações no TGI

27/02/2023 Dieta hipossódica e para Boa Sem alterações


diabetes

28/02/2023 Dieta hipossódica e para Boa Sem alterações


diabetes

01/03/2023 Dieta hipossódica e para Boa Sem alterações


diabetes
Fonte: Dados da pesquisa,2023.
57

Portanto, o paciente em questão apresentou uma boa aceitação à dieta ofertada, fato
que atua contribuindo para melhorar valores nutricionais, funcionais e fisiológicos do
paciente. Neste caso, as preparações ofertadas em cada tipo de dieta corresponderam aos
padrões utilizados na instituição, sem necessidade de uma elaboração de cardápio específico,
visto que o paciente não apresentava preferências que exigissem tal atuação. Sendo assim, foi
realizada a caracterização e avaliação da dieta hipossódica ofertada ao paciente, conforme o
quadro 03 e a tabela 05.

QUADRO 03: Composição da dieta hipossódica ofertada ao paciente F.P.S. no dia 01/03/2023.
REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE

Desjejum Pão com margarina e 1 unidade 60 g


café com leite
1 copo 200 ml

Lanche da manhã Suco de laranja e 1 copo 200ml


Biscoito 4 unidades 20 g

Almoço Arroz Integral 3 Escumadeira média 177 g


(cozido) 1 Concha
Feijão (cozido) 1 filé médio 59 g
Filé de Frango 140 g
Grelhado 1 colher de servir
Alface 1 colher de sopa 16 g
Tomate 1 colher de sopa 15 g
Pepino 1 unidade 29 g
Banana 150 g

Lanche da tarde Suco de Laranja e 1 copo 180 ml


Biscoito 4 unidades 20 g

Jantar Arroz Integral com 3 colher de arroz 189 g


Carne moída e salada
de 1 colher de servir 60 g
chuchu com
abobrinha 1 colher de servir 45 g
1 colher de sopa 30 g

Ceia Mingau de aveia 1 copo 200 ml

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

A dieta ofertada pela instituição sobressai a habitual consumida pelo paciente. Além
disso, é caracterizada por aumentar o fracionamento das refeições e por disponibilizar uma
maior variedade cereais integrais, hortaliças folhosas, frutas, leguminosas, oleaginosas/óleos
vegetais ricos em ômega-6, laticínios com baixo teor de gordura, que possui um papel
58

importante na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis como


hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares (SANTOS; FREITAS, 2018).

TABELA 05: Caracterização da dieta hospitalar do paciente E.S.O conforme anamnese alimentar, de acordo
com os macronutrientes e valores de referência:
Refeição Proteínas Carboidratos Lipídeos Calorias Quantidade

Café da 19,36 g (17,4 31,11 g 9,50 g (21,1%) 290 kcal 324 g


manhã %) (16%) (16,9%)

Lanche da 3,71 g (3,3%) 35,71 g (18,4%) 3,55 g 183 kcal 260 g


manhã (7,9%) (10,7%)

Almoço 49,87 72,16 g (37,2%) 13,63 g 606 g 586 g


(44,8%) (30,3%) (35,5%)

Lanche da 5,7 g (5,1%) 24,05 g 7,04 g 179,96 kcal 230 g


tarde (12,4%) (15,7%) (10,5%)

Jantar 19,36 g 31,11 g 9,50 g 290 kcal 324 g


(17,4%) (16%) (21,1%) (16,9%)

Ceia 13,26 g 22,86 g 1,69 g 160 kcal 77 g


(11.91%) (11,8%) (3,8%) (9,4%)

Total 111,26 g 194,14 g 44, 91 g 1708,96 kcal 1801 g

g/kg de peso 1,5 g/kg 2,6 g/kg 0,59 g/kg 22,8 g/kg DC: 0,94
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Neste caso, a dieta apresenta-se com teor normocalórico, normoproteico,


hipoglicídico e normolipidico, de acordo com os valores de gramas por quilo de peso. A
proporção de quilocalorias por grama encontra-se adequada, indicando um bom aporte
energético. Portanto, é parcialmente adequada para a atual condição clínica do paciente. A
quantidade e o valor calórico são condizentes com densidade energética baixa das refeições
ofertadas. No que condiz aos micronutrientes relevantes em condições patológicas gerais,
obteve-se os resultados descritos na tabela 06.

TABELA 06: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes na dieta hospitalar do paciente F.P.S
conforme descrita no cardápio:
Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 481,25 mcg 900 mcg 3.000 mcg Inadequado

Ácido ascórbico 111,97 mg 90 mg 2.000 mg Inadequado

Cálcio 1.024,11 mg 1.500 mg 2.000 mg Adequado

Ferro 9,27 mg 8 mg 45mg Adequado


59

Fibras 25 g 30 g - Adequado

Sódio 2.787,9 mg 1.500 mg 2.300mg Inadequado

Colesterol 202,82 mg <10% do VET - Inadequado


Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Assim, em comum com a dieta habitual, percebe-se uma inadequação dos valores
encontrados em relação aos estabelecidos nas DRI’s. Entretanto, as quantidades expressas
para fibras e ferro são condizentes com valores estabelecidos na prática clínica, e as demais
estão na faixa de adequação imposta pelos valores inferiores a Ingestão Máxima
Recomendada (UL).

Prescrição dietoterápica sugerida

Diante do diagnóstico nutricional, a condição fisiológica atual do paciente e as


necessidades impostas pelo diabetes, hipertensão e infarto agudo do miocárdio, sugere-se uma
dieta normocalórica, normoglicídica com ênfase no consumo de produtos integrais e ingestão
de 20 a 30 gramas/dia de fibras, normoproteica e normolipídica com preferência às gorduras
mono e poliinsaturadas. Deste modo, a partir do PI foi estipulado o Valor Energético Total
(VET) de acordo com a fórmula de bolso a seguir, considerando o valor de referência de 20 a
30 kcal/kg/dia para a atingir as necessidades energéticas do paciente.

VET: Peso Ideal x kcal


desejável VET: 66 kg x 28 kcal
VET: 1.848 kcal/dia

Visando a melhor distribuição dos macronutrientes para alcançar os propósitos


estabelecidos, o cálculo das necessidades ocorreu em acordo com os valores estabelecidos de
gramas/kg/dia, correspondendo a uma dieta normocalórica, normoproteica, normoglicídica e
normolipídica.

PTN: 1,47 g x 66 kg = 97,02 g x 4 kcal = 388,08 kcal = 21 %


CHO: 3,80 g x 66 kg = 250,8 g x 4 kcal = 1003,2 kcal = 54 %
LIP: 0,81 g x 66 kg = 53,5 g x 9 kcal = 481,5 kcal = 25 %

Associado a isto, a elaboração da prescrição leva em consideração a condição


econômica do paciente, a disponibilidade de horários para realização das refeições, o
60

favorecimento da sua saúde no pós-alta e a longo prazo.

QUADRO 04: Prescrição dietoterápica sugerida pela estagiária para o paciente F.P.S:
REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE

Desjejum Café com leite 1 caneca 250 ml


desnatado e
Pão integral 2 fatias 50 g
Ovo e 2 unidade 90 g
Mamão 1 fatia 170 g

Lanche da manhã Abacate com Aveia 2 fatias 180 g


1 colher de sopa 15 g

Almoço Arroz Integral 1 colher de arroz 63 g


Feijão Branco 1 concha 75 g
Filé de Frango 1 filé médio 140g
grelhado
Salada e
Acelga com Tomate e 1 colher de servir 10 g
azeitonas 2 colher de sopa 60 g
Abacaxi 1 colher de sopa 25 g
1 fatia pequena 50 g

Lanche da tarde Suco de Goiaba com 1 copo médio 240 ml


Torradas 3 unidades 30 g

Jantar Sopa (legumes e 1 prato raso 325 g


carne)
suco de melão 1 copo 150 ml

Ceia Vitamina de banana 1 copo médio 200ml


com aveia e 1 banana 42 g
linhaça 1 colher de sopa 16 g
2 colher de chá 8g
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

O fracionamento em seis refeições diárias é uma maneira de evitar o excesso de fome,


fornecendo ao corpo um fluxo constante de nutrientes para que não haja exageros na hora das
refeições, além de garantir maior saciedade ao longo do dia e melhorar na absorção dos
nutrientes para manter a qualidade do estado nutricional do paciente. A opção por usar o leite
desnatado foi devido ao reduzido teor de gorduras, para evitar o desenvolvimento e
agravamento de doenças como as dislipidemias. O leite desnatado também contém vitaminas
A e C, as quais combatem o envelhecimento precoce da pele. As vitaminas são ótimas aliadas
do sistema imunológico. Além disso, o cálcio presente no leite ajuda na prevenção da
osteoporose e na regulação da pressão arterial. Os sais minerais e vitaminas têm uma eficácia
contra diabetes, doenças cardíacas e até problemas de visão.
61

Apesar do alto valor calórico, o abacate é um dos melhores alimentos para controlar o
colesterol, pois é uma fruta rica em fitoesteróis provenientes das gorduras poli-insaturadas e
monoinsaturadas, que ajuda a diminuir os marcadores sanguíneos que aumentam o risco de
doenças cardíacas, reduzindo o colesterol total, os triglicerídeos e o colesterol "mau", o LDL.
Ademais, favorece a síntese do colesterol "bom", o HDL, evitando o acúmulo de placas de
gordura nas artérias e promovendo a saúde do coração.

O arroz integral é um cereal rico em carboidratos complexos, fibras, vitaminas e


minerais, assim como outras substâncias que possuem propriedades antioxidantes, como os
polifenóis, fitoesteróis e carotenóides. Assim, o consumo regular de arroz integral pode ajudar
a prevenir doenças como diabetes e alterações cardiovasculares. A carne de frango é uma
fonte rica em vitaminas A e dos complexos B, C, D, E e K, o peito de frango grelhado é um
perfeito aliado para fortalecer e gerar mais energia ao organismo, prevenindo doenças,
aumentando a imunidade, controlando os níveis de colesterol no sangue e, até mesmo,
favorecendo a perda de peso.

O uso do suco goiaba foi devido ela ser uma fruta rica em fibras, antioxidantes e
outros nutrientes, como as vitaminas A, B e C, ajudando a melhorar a saúde gastrointestinal, é
rica em fibras solúveis como a pectina e em vitamina C. As fibras solúveis facilitam a
eliminação do colesterol através das fezes, reduzindo sua absorção, diminuindo sua
quantidade no sangue e favorecendo sua excreção na bile. Além disso, como contém
antioxidantes, ajuda a prevenir a oxidação do colesterol LDL, assim como aumentar os níveis
de HDL, também conhecido como colesterol bom.

A utilização do suco de melão foi devido ser uma fruta com propriedades diuréticas e
antioxidantes, ajudando a diminuir a retenção de líquidos e a prevenir o envelhecimento
precoce da pele. Além disso, é rico em nutrientes como cálcio, potássio e fibras, ajuda a
fortalecer os ossos e dentes, reduzir a pressão arterial e favorecer a perda de peso.

Além disso, a semente de linhaça foi usada na vitamina de banana por conter boas
quantidades de ômega 3, vitamina E e magnésio, nutrientes com propriedades relaxantes e
anti-inflamatórias, que melhoram o relaxamento dos vasos sanguíneos e diminuem a
inflamação das artérias, ajudando a prevenir o surgimento de doenças, como pressão alta,
aterosclerose e infarto. Além do mais, por ser rica em fibras, a semente de linhaça diminui a
velocidade de absorção do açúcar dos alimentos, ajudando a controlar os níveis de glicose no
sangue, prevenindo, assim, a resistência à insulina e a diabetes. Dessa maneira, a tabela 07
traz os valores encontrados de acordo com a análise dos macronutrientes presentes na dieta
foram descritos na Tabela 07:
62

TABELA 07: Caracterização da dieta sugerida pela estagiária para o paciente E.S.O de acordo com os
macronutrientes e valores de referência:
Refeição Proteínas Carboidratos Lipídeos Calorias Quantidade

Café da 24,17 g 47,31 g 11,55 g 388 kcal 525 g


manhã (23,9%) (18,5%) (19,9%) (20,6%)

Lanche da 6,41 g 24,13 g 19,05 g 274 kcal 195 g


manhã (6,3%) (9,4%) (32,8%) (14,5%)

Almoço 51,02 g 51,02 g 14,69 g 521 kcal 423 g


(50,4%) (19,9%) (25,3%) (27,7%)

Lanche da 4,89 g 59,48 g 1,33 g 259 kcal 270 g


tarde (4,8%) (23,2%) (2,3%) (13,7%)

Jantar 6,26 g 24,38 g 2,77 141 kcal 475 g


(6,2%) (9,5%) (4,8%) (7,5%)

Ceia 8,47 g 49,55 g 8,67 g 300 kcal 248 g


(8,4%)4 (19,4%) (14,9%) (15,9%)

Total 101,25 g 255,87 g 58,06 g 1883 kcal 1863 g

g/kg de peso 1,5 g/kg 3,8 g/kg 0,9 g/kg 28,5% DC: 1,01 g

Referência 1,2 a 1,5 g/kg 4,0 g/kg 0,9 g/kg 20 a 30 kcal/kg 1,4 a 2,5g/kcal

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Logo, conforme os valores estabelecidos anteriormente, a dieta consegue atingir suas


metas conforme a distribuição dos macronutrientes, estando adequada na margem de
referência de 90 a 110% de adequação, em relação a densidade calórica, e sendo suficiente
para alcançar as necessidades energéticas diárias, através de uma alimentação equilibrada e
satisfatória qualitativamente e quantitativamente. Em relação aos micronutrientes
anteriormente descritos (tabelas 03 e 06) obteve-se os seguintes resultados (tabela 07):

TABELA 08: Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes na dieta prescrita pela estagiária para o
paciente E.S.O, conforme as DRI’s:

Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 241,25 mcg 900 mcg 3.000 mcg Adequado

Ácido ascórbico 257,8 mg 90 mg 2.000 mg Adequado

Cálcio 1601,2 mg 1.500 mg 2.000 mg Adequado

Ferro 19,37 mg 8 mg 45mg Adequado

Fibras 30,1 g 30 g - Adequado


63

Sódio 1426,2 mg 1.500 mg 2.300mg Adequado

Colesterol 215 mg <10% do VET - Adequado


Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

Assim, é válido ressaltar que ao considerar apenas o valor de Ingestão Recomendada


Diária (RDA) apenas o cálcio, sódio e colesterol estariam adequados. Entretanto, ao
considerar os valores inferiores UL como uma quantidade aceitável e que não acarreta em
prejuízos à saúde, os demais micronutrientes estão adequados. Portanto, a dieta está apta para
a manutenção da condição clínica do paciente e para agregar melhorias na qualidade de vida.

Orientações e recomendações

● Realize até seis refeições por dia: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e uma
ceia antes de dormir. Pois, o maior fracionamento permite que você se alimente
melhor, consiga controlar o seu apetite e evite efeitos gastrointestinais adversos;
● No momento da refeição, procure um local tranquilo e aconchegante, coma devagar e
mastigue bem os alimentos, isso ajuda no processo de digestão e faz com que você
tenha fome nas próximas refeições;
● Utilizar óleos vegetais, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades;
● Prefira os alimentos grelhados, cozidos ou assados no lugar dos fritos. Evite também
frituras em geral e gorduras de origem animal como banha, manteiga, nata, carnes
gordas e pele de aves;
● Evite alimentos ultraprocessados, pois em sua maioria são ricos em sódio e
conservantes e podem causar malefícios à saúde.
● Consuma alimentos que são fontes de ômega 3 como linhaça, chia,peixes, sardinha,
castanhas e óleos vegetais.
● Aumente o consumo de frutas e verduras, elas facilitam o trânsito do intestino e
fornecem quantidade adequada de vitaminas e minerais;
● Beba muita água durante o dia, pelo menos três litros;

Conclusão

O IAM é a principal causa de morte no mundo, com diminuição significativa da


qualidade de vida entre os sobreviventes. Seu diagnóstico, bem como tratamentos, devem ser
64

os mais precoces possíveis. Sobre as implicações teóricas e/ou práticas dos resultados é de
importância frisar que o IAM é uma doença desencadeada por fatores intrínsecos e
extrínsecos, podendo-se modificar esse panorama a partir de medidas preventivas por meio do
controle efetivo dos fatores de risco identificados, estratégias de promoção à saúde, mudanças
de hábitos de vida da população, abandono de rotinas, como alimentação inadequada,
sedentarismo, obesidade, estresse da vida moderna, abuso de drogas ilícitas, consumo de
tabaco e álcool, para dessa forma ocorra redução na incidência e mortalidade

5.3.4 Caso Clínico 4 - Acidente Vascular Encefálico

Isquêmico Introdução

Uma das principais causas de morte no mundo todo são as doenças cardiovasculares.
Dentre essas doenças, pode-se destacar o Acidente Vascular Encefálico (AVE), que desde
1960 vem sendo constatado na população brasileira como causa principal de internações,
mortalidade e disfuncionalidade, acometendo principalmente pessoas com a faixa etária acima
de 40 anos, superando, até mesmo o câncer e as doenças cardíacas (GOMES; SENNA, 2008).
O AVE é definido como uma síndrome clínica caracterizada pelo rápido
desenvolvimento de sinais de distúrbio focal ou até mesmo global de funções neurológicas
com duração maior de 24 horas. A doença ocorre quando há uma interrupção no fluxo
sanguíneo, por bloqueio ou rompimento de um vaso, não ocorrendo a adequada oxigenação
do cérebro, resultando em lesões e morte neuronal (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2005).
A Associação Americana de AVE define que essa doença pode ocorrer devido à
hemorragia intracerebral, hemorragia subaracnóide e infarto do sistema nervoso central
(SNC), incluindo cérebro, medula espinhal e morte de células da retina devido à isquemia. O
consenso da Associação Americana também observa que essa doença pode ser causada por
trombose venosa cerebral em que há hemorragia ou infarto de cérebro, medula espinhal ou
retina devido à trombose de uma estrutura venosa cerebral (SACCO et al., 2013).
No que diz respeito aos fatores de risco do AVE destacam-se: hipertensão arterial
sistêmica, hábito de fumar, Diabetes Mellitus, dislipidemia, fibrilhação auricular, estenose
carotídea, doença das células falciformes, álcool, obesidade, distribuição abdominal da
gordura corporal, sedentarismo, terapia hormonal de substituição, além da alimentação
inadequada. Sendo essa última considerada uma das principais causas de doenças
65

cardiovasculares (FERREIRA et al., 2006)


De acordo com Leite e Zetola (2012), investigando alguns desses fatores de risco das
doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, dislipidemias, hiperuricemia e
obesidade, nota-se uma relação importante entre uma dieta equilibrada e a prevenção da
Doença Vascular Cerebral (DVC). Portanto, na prática, observando a ligação entre esses
fatores, fica evidente a necessidade de adaptação de intervenções nutricionais para o controle
e prevenção dos riscos vasculares. Além disso, é importante salientar também que estudos
mostram que doentes com AVE têm um elevado risco de desnutrição devido à ingestão
alimentar inadequada, possibilidade de disfagia, elevado nível de dependência e necessidades
energéticas aumentadas durante o período de recuperação.
Diante disso, o presente estudo visa acompanhar um paciente internado no Hospital
Regional Justino Luz no município de Picos - PI, diagnosticado com Acidente Vascular
Encefálico, avaliando o seu estado nutricional durante o período de internação e elaborando
um plano alimentar individualizado e as orientações necessárias, para a manutenção da saúde
e melhora do quadro clínico.

Avaliação clínica

● Identificação

Paciente F.S.L., sexo masculino, 69 anos, aposentado, natural da zona rural do


município de Pimenteiras, Piauí, com ensino fundamental incompleto, foi admitido na ala
clínica médica do Hospital Regional Justino Luz no dia 03/03/2023.

● Queixa principal

Paciente com paralisia do lado esquerdo do corpo e desorientado.

● História da Doença Atual (HDA)

Paciente dá entrada com quadro de hemiplegia à esquerda, disartria e desorientação a


cerca de 1 hora. Nega uso de medicações. Diagnosticado com AVC isquêmico, com
ateromatose parietal calcificada nas artérias carótidas internas.
66

● História Patológica Pregressa (HPP)

O paciente relatou não possuir.

● Sinais Clínicos

Data de admissão: desorientado, nenhuma percepção sensorial, confinado à cadeira,


eupneico, acianótico, abdome globoso, diurese espontânea, evacuações regulares, dieta via
oral, pele íntegra, sono e repouso satisfatórios.

Dia anterior à alta: Orientado, consciente, afebril, deambulando com apoio, eupneico,
normocorado, abdome plano, normocárdico, diurese espontânea, evacuações regulares, dieta
via oral, pele íntegra, sono e repouso satisfatórios.

● Dados Socioeconômicos

O paciente relata morar sozinho e possui uma renda de 1 salário mínimo, decorrente
de sua aposentadoria.

● Medicamentos prescritos e a interação droga nutriente

Logo abaixo estão descritos todos os medicamentos prescritos no hospital durante o


período de internação do paciente (Quadro 1). Segundo a avaliação da interação droga
nutriente, é possível observar que o paciente não encontra-se em risco de depleção de
nutrientes pelo uso dos medicamentos listados abaixo. Alguns medicamentos, como a
Clexane e Bromoprida não possuem interação com nenhum nutriente, segundo a literatura.

Quadro 1 - Medicamentos prescritos para o paciente F.S.L.


Medicamento Reações adversas comuns Interações fármaco nutriente

Sinvastatina 40mg Distúrbios digestivos, fraqueza, cefaléia, A principal alteração é deficiência


1 comp. VO à problemas no fígado e hipersensibilidade, da coenzima Q10, responsável por
noite fraqueza muscular, hematomas incomuns, sintomas como cansaço e
erupções cutâneas e inchaço, urticária, febre, desânimo.
rubor, falta de ar (dispneia) e mal-estar.

AAS 100mg Náuseas ou vômitos, raramente podem Reduz a absorção e aumenta a


1 comp. VO à noite ocorrer sangramentos e úlceras do estômago, excreção da vitamina C, além de
67

reações alérgicas com dificuldade para ocasionar depleção das reservas


respirar, reações na pele, anemia após uso de vitamina K e aumenta a
prolongado, alterações da função do fígado e excreção renal de tiamina, ácido
dos rins e queda do nível de açúcar no fólico e aminoácidos.
sangue.

Clexane 40mg Manifestações hemorrágicas,


SC 24/24 hrs trombocitopenia, equimoses no local das
injeções, manifestações alérgicas e elevação _
das transaminases. Raramente podem
ocorrer hematoma intra-espinhal após
punção diagnóstica, febre, náuseas, anemia
hipocrômica, edema.

Captopril 25mg Erupções cutâneas (frequentemente com Alimentos em geral diminui a


1 comp. VO prurido, e algumas vezes com febre, absorção do fármaco, por isso
artralgia e eosinofilia), há casos de lesão deve-se administrar uma hora
(reversível) do tipo bolhosa e reações de antes ou duas horas após as
fotossensibilidade, hipotensão, taquicardia, refeições
dores no peito e palpitações, neutropenia,
angioedema, alteração do paladar, tosse.

Dipirona Além da possibilidade de reação alérgica, a Interage com alimentos assados na


1 amp + AD EV 6/6 hrs reação adversa mais relatada costuma ser a brasa, pois estes liberam
queda da pressão arterial, principalmente nos hidrocarbonetos policíclicos que
pacientes desidratados ou com problemas são indutores enzimáticos e
cardíacos descompensados. Além disso, há podem reduzir
alguns relatos de pacientes que o efeito da dipirona.
desenvolveram agranulocitose (queda
abrupta no número dos granulócitos).

Bromoprida Este medicamento pode causar inquietação,


1 amp + AD EV 8/8 hrs sonolência, fadiga e lassidão. Além de
náuseas, distúrbios intestinais, galactorréia,
ginecomastia, erupções cutâneas, urticária, _
insônia, cefaléia, tontura e sintomas
extrapiramidais.

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

● Hábitos de vida

O paciente em questão relatou não consumir álcool há mais de 10 anos; não faz o uso
de tabaco há quase 1 ano; ingere café diariamente ao acordar, aproximadamente 100 ml;
consome alimentos elaborados com condimentos todos os dias; não é um paciente estressado;
não pratica nenhuma atividade física, apenas trabalhos domésticos; Não relatou fazer uso de
medicamento.
68

Avaliação bioquímica

● Hemograma

De acordo com o Quadro 2 pode-se observar dados do hemograma do paciente em


questão, e com isso identificar um possível quadro de anemia, tendo em vista que os níveis de
eritrócitos e hematócrito estão abaixo dos valores de referência. Os demais parâmetros
encontram-se dentro da normalidade.

Quadro 2: Resultados do hemograma do paciente F.S.L. no dia 06/03.


Parâmetro Referência Valor Diagnóstico

Eritrócitos 4,5 a 5,9 milhões/mm³ 3,96 Abaixo dos valores de referência, podendo
milhões/mm³ indicar anemia

Hemoglobina 12,0 a 17,5g% 12,6g% Dentro dos valores de referência.

Hematócrito 40 a 52% 35,9% Abaixo dos valores de referência, podendo


indicar anemia

Leucócitos 4.500 a 11.000/mm³ 6.230mm³ Dentro dos valores de referência.

Plaquetas 150.000 a 400.000 245.000 Dentro dos valores de referência.


Fonte: Dados da pesquisa 2023.

● Mineralograma

Com o objetivo de identificar a quantidade de minerais essenciais e tóxicos no


organismo, o Quadro 3 mostra o mineralograma do paciente. Sendo possível identificar a
presença de níveis baixos de potássio, o qual pode causar fraqueza muscular, cãibras,
contrações ou até paralisia e até mesmo ritmos cardíacos anormais.

Quadro 3: Resultados dos exames bioquímicos do paciente F.S.L. no dia 06/03.


Parâmetros Referência Valor Diagnóstico

Cálcio 8,6 a 10,3 mg/dL 9,83 mg/dL Dentro dos valores de referência.

Creatinina 0,4 a 1,3 mg/dL 0,66 mg/dL Dentro dos valores de referência.

Magnésio 1,9 a 2,5 mg/dL 2,20 mg/dL Dentro dos valores de referência.

Potássio 4,5 a 5,5 mmol/L 3,69 mmol/L Abaixo dos valores de referência

Sódio 130 a 145 mmol/L 139,3 mmol/L Dentro dos valores de referência.
Fonte: Dados da pesquisa 2023.
69

Avaliação antropométrica

Levando em conta o quadro do paciente e os instrumentos acessíveis na avaliação


antropométrica, é possível notar na tabela 1 que o paciente se encontra em estado de eutrofia,
segundo o IMC. Mesmo assim, quando calculado o percentual de perda de peso, observou-se
que o paciente teve uma perda de peso grave, pois durante o período de 8 dias que ficou
internado, perdeu em média 2,2 quilos. Isso se deve ao fato de que a dieta prescrita durante a
hospitalização foi predominantemente pastosa. Além disso, o resultado da RCQ mostrou um
risco aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, já a adequação da
circunferência do braço indicou desnutrição leve. As demais circunferências encontram-se
adequadas.

Tabela 1: Medidas antropométricas do paciente F.S.L obtidas durante visita no dia 07/03.
Parâmetros Valores

Peso atual (kg) 62,6 kg

Peso usual (kg) 64,8 kg

Peso ideal (kg) 63,3 kg

Altura (cm) 162 cm

IMC (kg/m²) 23,6 kg/m²

Perda de peso / período 2,2/8 dias

% PP 3,4

Circunferência da panturrilha (cm) 31 cm

Circunferência do quadril (cm) 92 cm

Circunferência da cintura (cm) 93 cm

RCQ 1,02

Circunferência do braço (cm) 26 cm

Adequação da CB 83,6 %
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Avaliação nutricional

● Diagnóstico nutricional
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Tendo em vista todos os parâmetros bioquímicos, antropométricos e clínicos


analisados anteriormente, é possível notar que o paciente além de seu quadro de AVEI, se
encontra com risco nutricional associado, uma vez que, perdeu muito peso em um curto
período de tempo, está com um possível quadro de anemia e nível de potássio sérico abaixo
do indicado, além de apresentar parâmetros antropométricos inadequados. Com isso, o
acompanhamento nutricional tem como objetivo monitorar os parâmetros antropométricos e
bioquímicos do paciente, bem como as condições fisiológicas, garantindo uma boa
recuperação e melhora na qualidade de vida.

● Anamnese alimentar

O paciente relata realizar no máximo cinco refeições diárias, o quadro 4 apresenta a


composição das refeições citadas como componentes da sua dieta habitual. Além disso,
declara consumir aproximadamente 3 ml de óleo de soja por dia em decorrência da utilização
nas preparações, ingerir em média 2 litros de água diariamente, ter como refeição de maior
disposição alimentar o almoço, e não apresentar alergias ou intolerâncias, além de não ter
preferências e nem aversões alimentares.

Quadro 4 - Dieta habitual do paciente.


Refeição Alimentos Medida caseira Quantidade (g/ml)

Cuscuz 1 prato raso 180g


Café da manhã Ovo frito 1 unidade 50g
Café c/ leite 1 copo americano 150ml

Lanche da manhã – – –

Arroz 2 col de 170g


Almoço Feijão servir 1 col 70g
Carne bovina assada de servir 1 135g
Salada crua bife G 45g
3 col de sopa
Lanche da tarde Paçoca de carne de sal 3 col de sopa 50g

Jantar Arroz 1 col de servir 85 g


Feijão 1/ col de 25g
Carne bovina assada servir 1 bife 90g
Salada crua M 30g
2 col de sopa
Ceia Queijo prato 2 fatias 40g
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.
71

De acordo com a dieta habitual e o que foi relatado pelo paciente durante a anamnese,
é possível observar que o mesmo apresenta uma dieta pouco variada, com horários
irregulares, uma vez que nem sempre se alimenta no lanche da tarde e ceia. Além disso, não
tem o hábito de consumir frutas em nenhuma das refeições, o que é um ponto negativo, pois
as frutas fornecem vitaminas, minerais e fibras essenciais à saúde. Outro ponto negativo é o
consumo frequente de gorduras animais e carnes vermelhas processadas (como a linguiça),
que podem levar ao maior risco de AVE, segundo conclusões observacionais. Desse modo,
conforme a anamnese alimentar, o quadro 5 e o gráfico 1 trazem a caracterização da dieta
habitual do paciente, de acordo com os macronutrientes e valores de referência.

Quadro 5 - Caracterização da dieta habitual do paciente conforme anamnese alimentar.


Refeição Proteínas Carboidratos Lipídios Calorias Quantidade

Café da manhã 15,29g (15%) 51,89g (34%) 16,99g (22%) 426kcal (24%) 380g (33%)

Almoço 41,76g (41%) 51,51g (34%) 26,91g (34%) 629kcal (36%) 420g (37%)

Lanche da tarde 8,40g (8%) 17,20g (11%) 6g (8%) 156kcal (9%) 40g (4%)

Jantar 27,14g (26%) 29,97g (20%) 17,60g (22%) 395kcal (23%) 255g (22%)

Ceia 10g (10%) 0,58g (0%) 11,12g (14%) 143kcal (8%) 40g (4%)

Total 102,6g (23,8%) 151,15g (35,1%) 78,61g (41,1%) 1.749kcal 1.135g


Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Gráfico 1 - Análise da dieta habitual


72

Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Os valores obtidos conforme os percentuais dos macronutrientes em relação à ingestão


total de energia indicam, de acordo com a RDA, uma dieta normocalórica, hiperproteica,
hipoglicídica e hiperlipídica. Não sendo, portanto, totalmente condizente e adequada à
situação patológica do paciente. Em relação ao aporte ofertado dos principais micronutrientes,
é possível analisar seus resultados expostos no quadro 6.

Quadro 6: Quantidades de micronutrientes encontrados na dieta habitual do paciente conforme anamnese


alimentar.
Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 197,78 mcg 900mcg 3.000mcg Inadequado

Ácido ascórbico 12,34 mg 90mg 2.000mg Inadequado

Cálcio 907,02 mg 1.200mg 2.500mg Inadequado

Ferro 8,86 mg 8mg 45mg Adequado

Sódio 2.280,65 mg 2.300mg 2.300mg Inadequado

Potássio 1.651,27 mg 4.700mg - Inadequado

Fibras 10,6 g 30g - Inadequado

Colesterol 400,94 mg <10% - Inadequado


Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Realizando a análise conforme os parâmetros estabelecidos pelas DRI’s (Dietary


Reference Intakes), em homens com idade entre 51 e 70 anos, apenas o ferro encontra-se
adequado.

Evolução clínica e dieta prescrita pela instituição


73

O acompanhamento da paciente ocorreu durante os 8 dias em que o paciente esteve


internado na instituição. Durante esse tempo, a via de alimentação foi oral, sendo alterada
apenas a consistência dos alimentos, para melhor aceitação em virtude da condição clínica
apresentada pela mesma, conforme prescrição médica. O quadro 7 mostra a evolução clínica
do paciente durante 8 dias de internação, de acordo com a prescrição dietoterápica.

Quadro 7 - Evolução clínica da paciente F.S.L., conforme prescrição dietoterápica.


Data Dieta prescrita Adesão Alterações do TGI

03/03/23 Pastosa hipossódica Adesão razoável Sem alterações


1° dia de internação

04/03/23 Pastosa hipossódica Adesão razoável Sem alterações


2º dia de internação

05/03/23 Pastosa hipossódica Boa adesão Sem alterações


3° dia de internação

06/03/23 Pastosa hipossódica Boa adesão Sem alterações


4°dia de internação

07/03/23 Pastosa hipossódica Boa adesão Sem alterações


5º dia de internação

08/03/23 Branda hipossódica Boa adesão Sem alterações


6º dia de internação

09/03/23 Branda hipossódica Boa adesão Sem alterações


7° dia de internação

10/03/23 Branda hipossódica Boa adesão Sem alterações


8° dia de internação
Fonte: Dados da Pesquisa. 2023.

No decorrer dos 8 dias de internação que foram observados, a dieta do paciente


evoluiu uma única vez, passando de pastosa hipossódica para branda hipossódica. Nos dois
primeiros dias de internação o paciente apresentou uma aceitação razoável, tendo em vista seu
quadro de hemiplegia, o que ocasiona uma dificuldade para se alimentar. No entanto, notou-
se que ao longo dos dias de acompanhamento o paciente apresentou uma melhora
considerável da sua condição clínica, o que explica a evolução da dieta. Cabe ressaltar ainda
que durante os dias de observação, não houve nenhuma alteração do TGI. Isso demonstra que
a conduta nutricional utilizada foi adequada.
Ao considerar a evolução da dieta do paciente, que nos últimos dias se apresentou
como branda hipossódica, sem necessidade de uma elaboração de cardápio específico, visto
que o paciente teve boa adesão e não relatou preferências que exigissem tal atuação. Foi
74

realizada, dessa forma, a caracterização e avaliação dessa dieta, conforme observa-se no


quadro 8, 9 e gráfico 2.

Quadro 8 - Dieta prescrita pela instituição.


Refeição Alimentos Medida caseira Quantidade (g/ml)

Café da manhã Pão com margarina 1 unidade 60g


Café c/ leite 1 copo americano 150ml

Lanche da manhã Vitamina de banana 1 copo 180ml


Biscoito água e sal 4 unidades 32g

Arroz 2 col de 120g


Feijão servir 1 col 60g
Frango ao molho de servir 2 80g
Almoço Salada cozida: col de servir
Batata 25g
Beterraba 1 ½ col de sopa 20g
Vagem 1 ½ col de 15g
Sobremesa (laranja) sopa 1 col de 90g
sopa
1 unidade
Lanche da tarde Suco de maracujá 1 copo 180ml
Biscoito água e sal 4 unidades 32g

Arroz 1/2 col de 100g


Jantar Carne moída com abóbora servir 2 col de 90g
Salada de cozida com servir
orégano: Batata 20g
Cenoura 1 col de sopa 15g
1 col de sopa
Ceia Mingau de aveia 1 copo 150ml
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Compreende-se observando o quadro acima que a dieta ofertada pela instituição se


distingue da habitual, por restringir o consumo de frituras e alimentos com alto teor de sódio,
aumentar o fracionamento das refeições e por disponibilizar uma maior variedade de frutas,
verduras e preparações que não estão incluídas na rotina do paciente, e com isso amplia o
valor nutricional das refeições.
Quadro 9 - Caracterização da dieta prescrita pela instituição.
Refeição Proteínas Carboidratos Lipídios Calorias Quantidade

Café da manhã 6,67g (9%) 33,24g (15%) 12,13g (25%) 269kcal (16%) 210g (16%)

Lanche da manhã 7,33g (10%) 50,84g (22%) 8,96g (19%) 306kcal (19%) 212g (16%)

Almoço 30,89g (40%) 52,81g (23%) 5,96g (13%) 392kcal (24%) 391g (29%)
75

Lanche da tarde 4,09g (5%) 47,40g (21%) 5,12g (11%) 247kcal (15%) 212g (16%)

Jantar 24,23g (31%) 31,56g (14%) 12,16g (26%) 340kcal (21%) 225g (17%)

Ceia 3,82g (5%) 12,80g (6%) 3,31g (7%) 95kcal (6%) 100g (7%)

Total 77,03g (18,7%) 228,65g (55,4%) 47,64g (26,0%) 1.649kcal 1.350g

Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Gráfico 2 - Análise da dieta fornecida pelo hospital

Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Como observado no quadro 9 e gráfico 1, a dieta apresenta-se com teor


normocalórico, hiperproteico, normoglicidico e normolipidico, de acordo com os percentuais
de macronutrientes em relação à ingestão total de energia. A proporção de quilocalorias por
grama encontra-se adequada, indicando um aporte energético adequado. Quando calculado o
percentual de adequação dos carboidratos, proteínas, lipídios e VET, obteve-se
respectivamente os seguintes valores: 104,4%, 96,25%, 108,27% e 103,38%. Estando,
portanto, todos os valores dentro da faixa de adequação (90-110%). Já no que diz respeito aos
micronutrientes relevantes em condições patológicas gerais, obteve-se os resultados descritos
no quadro 10.

Quadro 10 - Quantidades de micronutrientes encontradas na dieta hospitalar da paciente F.S.L., conforme a


descrição do cardápio.
76

Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 569,42 mcg 900mcg 3.000mcg Inadequado

Ácido ascórbico 95,07 mg 90mg 2.000mg Adequado

Cálcio 1.007,02 mg 1.200mg 2.500mg Inadequado

Ferro 7,98 mg 8mg 45mg Adequado

Sódio 1.580,35 mg 1.300mg 2.300mg Adequado

Potássio 3.314,8 mg 4.700mg - Inadequado

Fibras 28,13 g 30g - Adequado

Colesterol 163,05 mg <10% - Adequado


Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Realizando a análise conforme os parâmetros estabelecidos pelas DRI’s (Dietary


Reference Intakes), em homens com idade entre 51 e 70 anos, apenas os minerais retinol,
cálcio, potássio encontram-se inadequados.

Prescrição dietoterápica sugerida

Levando em consideração a condição clínica, o diagnóstico nutricional, a idade e os


dados bioquímicos do paciente, recomenda-se uma dieta normocalórica, normoglicídica,
hiperproteica e normolipídica. Permitindo, assim, um aporte de nutrientes adequado e
favorecendo a qualidade de vida, a manutenção da saúde e do peso, tendo em vista que de
acordo com a adequação da circunferência do braço, o paciente é classificado como
desnutrido. Além disso, deve-se realizar uma dieta com aporte adequado de potássio, uma vez
que o paciente apresenta nível sérico desse mineral abaixo do recomendado.
Desse modo, tomando como referência o Peso Ideal do paciente, foi feito um cálculo a
partir da fórmula de FAO/OMS (2001), onde foi estipulado o Valor Energético Total (VET)
de 1595 kcal para manutenção do peso. A distribuição dos macronutrientes foi feita da
seguinte forma: proteínas 20%, carboidratos 55% e lipídios 25%. A prescrição da dieta levou
em consideração a condição econômica da paciente, os hábitos alimentares e a condição de
saúde.

Quadro 11 - Prescrição dietoterápica sugerida pela estagiária


Refeição Alimentos Medida caseira Quantidade (g/ml)
77

Café da manhã Tapioca com


linhaça: 4 col de sopa 80g
Tapioca 1 col de sopa 10g
Linhaça 1 unidade 50g
Ovo mexido 1 xícara 150ml
Café c/ leite
Lanche da manhã Vitamina de abacate 1 copo 200ml

Arroz 2 col de servir 120g


Feijão 1 col de servir 50g
Peixe ao molho 2 col de servir 100g
Almoço Salada cozida:
Batata 1 ½ col de sopa 25g
Beterraba 1 ½ col de sopa 20g
Espinafre 1 col de sopa 15g
Azeite de oliva 1 col de café 2 ml

Lanche da tarde Salada de fruta (laranja, 1 xícara 250g


banana, mamão, melão, maçã)

Aveia 2 col de sopa 10g

Cuscuz Prato raso 180g


Jantar Frango desfiado 2 col de servir 70g
Tomate 2 rodelas 20g
Coentro 1 col de sopa 8g
Suco de laranja 1 copo 180ml

Ceia Chá verde 1 xícara 150ml


Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Seguir uma dieta saudável e equilibrada, que dê prioridade ao consumo de alimentos


ricos em fibras, frutas, verduras e legumes, moderar o consumo de sódio, evitar alimentos
ricos em colesterol e gorduras saturadas e controlar o consumo de açúcar são alguns dos
hábitos que devem fazer parte da rotina do paciente.
Como é possível analisar, houve um fracionamento em seis refeições diárias, com o
objetivo de adequar o aporte calórico e a sensação de saciedade. Foram introduzidos verduras,
legumes e frutas em grande parte das refeições, já que o paciente não tem o hábito, mas é
necessário que seja construído, pois de acordo com estudos apresentados, o aumento na
ingestão desses alimentos fornecem inúmeros nutrientes importantes e está associado com a
diminuição do risco de AVE. Sendo importante priorizar o consumo de abacate que é rico em
potássio, ajuda no controle da pressão arterial, reduzindo o risco de AVE. Além disso, é fonte
de gorduras insaturadas, que trabalham no controle das taxas de colesterol no sangue.
78

Foi aumentado o aporte de fibras na dieta, que auxiliam no controle das taxas de
colesterol e glicose. Foram colocados alimentos fontes de proteína nas refeições principais,
restringindo o consumo de carnes vermelhas gordurosas e priorizando carnes brancas magras
como frango e peixes ricos em ferro e ômega 3, que diminui os riscos de ataque cardíaco,
graças ao aumento do colesterol bom (HDL) no sangue e à queda nos níveis de triglicérides.
Além disso, foi introduzido na salada o azeite de oliva, na salada, por ser fonte de ômega 9,
uma gordura insaturada que também auxilia no aumento das taxas de HDL.
Importante ressaltar ainda que estudos relatam que a combinação de chá verde e café
contribui para redução do risco de AVC, com isso foi adicionado o café pela manhã e um chá
verde na ceia. Portanto, de forma geral, esse é um cardápio bastante completo,
economicamente acessível, com preparações fáceis e com alimentos que o paciente consome.
Isto posto, a análise dos macronutrientes presentes na dieta foram descritos no quadro 12.

Quadro 12 - Caracterização da dieta sugerida pela estagiária.


Refeição Proteínas Carboidratos Lipídios Calorias Quantidade

Café da manhã 11,48g (15%) 59,64g (25%) 10,75g (23%) 79kcal (23%) 272g (16%)

Lanche da 6,65g (9%) 13,41g (6%) 13,70g (29%) 192kcal (12%) 230g (14%)
manhã

Almoço 25,48g (33%) 41,97g (18%) 14,10g (30%) 404kcal (24%) 327g (20%)

Lanche da tarde 3,44g (4%) 39,10g (16%) 1,42g (3%) 170kcal (10%) 260g (16%)

Jantar 30,89g (40%) 83,98g (35%) 6,62g (14%) 520kcal (30%) 458g (27%)

Ceia 0g (0%) 0,45g (0%) 0g (0%) 5kcal (1%) 120g (7%)

Total 77,93g (18,5%) 238,09g (56,6%) 46,59g (24,9%) 1.665kcal 1.667g


Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Gráfico 3 - Análise do cardápio prescrito pela estagiária.


79

Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Conforme os valores estabelecidos, quando calculado o percentual de adequação das


proteínas, carboidratos, lipídios e VET, obteve-se respectivamente os seguintes valores:
97,41%, 108,6%, 105,88% e 104,38%. Portanto, a dieta consegue atingir suas metas
conforme a distribuição dos macronutrientes, já que todos os valores se encontram dentro da
faixa de adequação (90-110%), sendo suficiente para alcançar as necessidades energéticas
diárias, através de uma alimentação saudável e equilibrada qualitativamente e
quantitativamente. Já em se tratando dos micronutrientes, o quadro 13 mostra os seguintes
resultados:

Quadro 13 - Quantidades de micronutrientes encontradas na dieta prescrita


Micronutriente Quantidade Recomendação UL Resultado

Retinol 575,35 mcg 900mcg 3.000mcg Inadequado

Ácido ascórbico 95,4 mg 90mg 2.000mg Adequado

Cálcio 907,02 mg 1.200mg 2.500mg Inadequado

Ferro 8,71 mg 8mg 45mg Adequado

Sódio 1.275,86 mg 1.300mg 2.300mg Adequado

Potássio 4.676,8 mg 4.700mg - Adequado

Fibras 28,13 g 30g - Adequado


80

Colesterol 363,05 mg <10% - Adequado


Fonte: Resultados obtidos pelo DietBox, 2023.

Analisando os resultados obtidos, pode-se perceber que o retinol e o cálcio não se


encontram dentro da faixa de recomendação. No entanto, esse resultado isoladamente não
deve ser tomado como base, uma vez que se trata apenas de refeições de um dia. Dessa forma,
o plano se encontra adequado, favorecendo a qualidade de vida e a manutenção da saúde do
paciente.

Orientações e recomendações

● Refeições fracionadas e em horários regulares (seis refeições ao dia);


● Aumentar a ingestão de água durante o dia (no mínimo 2 litros);
● Evitar o consumo de carnes processadas (linguiças, salsichas, bacon, presunto,
mortadela);
● Evitar alimentos gordurosos, fritos, empanados e gorduras de origem animal como
banha, manteiga, carnes gordas e pele de aves. Preferir alimentos cozidos, assados e
grelhados;
● Dar preferência a alimentos mais naturais (frutas, verduras, legumes, cereais,
oleaginosas);
● Reduzir o consumo de alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras (refrigerante,
margarina, temperos industrializados);
● Substituir temperos industrializados por temperos naturais, tais como o açafrão, a
páprica, o manjericão e outros (sal com moderação);
● Dar preferência ao queijo branco, ao invés de queijos amarelos
● Manter a alimentação sempre variada;
● Criar o hábito de praticar atividade física regularmente.
81

5.3.5 Caso Clínico 5 - Diabetes Mellitus Tipo 1, Nefropatia diabética, anemia,


Hipertensão Arterial

Introdução

Segundo Gross e colaboradores (2016), a Diabetes Mellitus (DM) é uma condição


clínica frequente que acomete principalmente a população adulta, com idade entre 30 e 69
anos. É uma patologia caracterizada por alterações de tolerância à glicose, sendo diretamente
relacionada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares. Em virtude de sua alta
prevalência e altas complicações, a DM necessita de investimentos em saúde que priorizem
sua prevenção e controle, por meio de um conjunto de ações que sejam oportunas e efetivas,
visando a redução de complicações, hospitalizações e óbitos (MUZY et al., 2023).
A nefropatia diabética (ND), pode ser compreendida como uma complicação crônica
microvascular que é compreendida em estágios evolutivos. Essa condição é comum em
pacientes acometidos pela Diabetes Mellitus tipo 1, onde o seu pico de incidência é
usualmente encontrado entre 10 a 20 anos de prevalência da DM. O diagnóstico para ND é
realizado a partir do rastreamento que comumente leva em consideração 5 anos de
diagnóstico da doença, ou antes para pacientes descompensados por um longo período de
tempo ou que estejam na fase da adolescência (MURUSSI et al., 2018). Em suma, a
fisiopatologia da nefropatia diabética não está bem elucidada, onde se faz necessário mais
estudos voltados para as bases moleculares da doença, mediadores da lesão renal e
terapêutica, sem deixar de considerar o componente genético (PEREZ et al., 2019).
De acordo com Silva e Bousfield (2016), a HAS consiste em uma condição clínica
multifatorial que pode ser expressa por uma pressão arterial sistólica maior ou igual a 140
mmHg, associada a uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos
que não fazem o uso de medicação anti-hipertensiva.
Atualmente, as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de
morbimortalidade no mundo. Deste modo, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), é
considerada como um dos maiores fatores de risco cardiovascular, podendo causar
consequências graves em alguns órgãos, principalmente o coração, cérebro, rins e vasos
sanguíneos, além de ser considerada um grave problema de saúde pública, em virtude de sua
cronicidade (CARVALHO et al., 2013).
Deste modo, o presente estudo teve por objetivo acompanhar o estado nutricional de
uma paciente internada no Hospital Regional Justino Luz – HRJL, no município de Picos,
82

Piauí, diagnosticada com Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus tipo 1, Nefropatia
diabética e Anemia ferropriva.

Avaliação clínica

● Identificação

Paciente M.H.S., sexo feminino, 51 anos, natural da zona rural do município de Picos,
Piauí, com ensino fundamental incompleto, foi admitida na Ala B do Hospital Regional
Justino Luz no dia 05/03/2023.

● Queixa principal

Pielonefrite (dor associada a infecção nos rins, sendo uma dor lombar unilateral
geralmente associada a febre e calafrios, queda do estado geral, náuseas e vômitos), além de
fraqueza.

● História da Doença Atual (HDA)

Paciente relata pielonefrite constante, associada a fraqueza muscular e falta de apetite


constante. Além disso, é diagnosticada com Diabetes Mellitus tipo 1, Nefropatia diabética e
Hipertensão Arterial.

● Sinais Clínicos

Consciente, orientada, hidratada, acianótica, anictérica e eupnéica. Dorme bem,


alimenta-se bem, evacuações presentes, ausculta cardiopulmonar normais.

● Dados socioeconômicos

Renda total de um salário mínimo para sete membros da família.

● Medicamentos prescritos e interações Droga-nutriente

2.6.1 Furosemida

Dosagem de 100mg/ml, 1 amp. EV de 6/6 horas. É um medicamento diurético,


intensificador da excreção de urina e sódio pelo organismo. Sendo um inibidor de indicação
e,
83

consequentemente, usado na remoção de edema devido a problemas cardíacos, hepáticos ou


renais.

2.6.2 Heparina

Dosagem de 5000 UI/ml, 01 ml SC de 12/12 horas. É um polissacarídeo polianiônico


pertencente à família dos glicosaminoglicanos. É composta por unidades dissacarídeas
repetidas, compostas por ácido urônico e um açúcar aminado. Possui ação farmacológica
atuando como medicamento anticoagulante utilizado em várias patologias.

2.6.3 Anlodipino

Dosagem de 5mg, 01 comp. VO de 12/12 horas. É uma molécula do grupo dos


bloqueadores dos canais de cálcio, usado na medicina como vasodilatador coronário e
hipotensor.

2.6.4 Hidralazina

Dosagem de 50mg, 01 cmp. de 12/12 horas. É um fármaco vasodilatador, utilizado em


casos de hipertensão arterial e pulmonar, assim como insuficiência cardíaca congestiva.
Possui ação principal em artérias e arteríolas provocando queda na pressão arterial e em
seguida, taquicardia reflexa e elevação do débito cardíaco.

2.6. 4 Dipirona

Dosagem 02ml/08ml AD EV, se dor ou tax> 37,8°C. É um medicamento utilizado


principalmente como analgésico e antipirético.

2.6.5 Ondansetrona

Dosagem de 4 mg, VO tomar 40 gotas, se náuseas ou vômitos. Pertence a um grupo de


medicamentos chamados antieméticos e bloqueia a ação dessa substância, evitando, portanto,
os sintomas de náuseas e vômitos.

● Hábitos de vida

Paciente não etilista; não tabagista; não consome café com frequência; não faz o
consumo de preparações muito condimentadas; relata sentir estresse facilmente; relata ainda
84

não praticar atividade física atualmente, em virtude de sentir muita fraqueza, mas que possuía
o hábito de praticar caminhadas todos os dias da semana, faz uso de medicamentos em casa.

Avaliação bioquímica

QUADRO 1. Resultado dos exames bioquímicos da paciente M.H.S no dia 08/03:


PARÂMETRO REFERÊNCIA VALOR DIAGNÓSTICO

Eritrócitos 4,5 a 5,9 milhões/mm 2,60 milhões /mm ABAIXO DO


RECOMENDADO

Hemoglobina 12,0 a 17,5 g% 6,9 g% ABAIXO DO


RECOMENDADO

Leucócitos 4.500 a 11.000/mm 21.870 mm ACIMA DO


RECOMENDADO

Plaquetas 150.000 a 400.000 202.00/mm ADEQUADO

Creatinina 0,4 a 1,3 mg/dl (soro) 4,70 mg/dl ACIMA DO


RECOMENDADO

Magnésio 1,9 a 2,5 mg/dl 1,60 ADEQUADO

Potássio 4,5 a 5,5 4,70 ui ADEQUADO

Sódio 130 a 145 129, 37 ui ADEQUADO

Ureia 15 a 40 mg/dl 100 mg/dl ACIMA DO


RECOMENDADO
Fonte: Dados da pesquisa, 2023

De acordo com os dados obtidos acerca das células sanguíneas, a paciente encontra-se
com os valores de eritrócitos e hemoglobina abaixo do recomendado, que é indicativo de
anemia. Além disso, os valores de leucócitos apresentam-se acima do recomendado, podendo
ser indicativo de infecção bacteriana, leucemia, traumatismos ou estresse.
Quanto aos resultados bioquímicos referentes a função renal, a paciente encontra-se
com os níveis de Creatinina e Ureia acima do recomendado, sendo indicativo de problemas de
dispersão de resíduos metabólicos e doença renal crônica, onde os rins não são capazes de
filtrar os resíduos do organismo e excreta-los pela urina, respectivamente.

Avaliação antropométrica

Quadro 2. Descrição das medidas antropométricas da paciente M.H.S obtidas durante a visita
85

Peso atual (PA): 62 kg Peso Usual (PU): 55 kg

Peso ideal (PI): 64 kg Adequação do peso (%): 96,8 - eutrofia

IMC atual: 23,13 - eutrofia Circunferência da Cintura (CC): 87 cm - risco


aumentado para saúde

Circunferência do braço (CB): 28,5 cm Adequação da CB (%): 88,23 - desnutrição leve

Circunferência do quadril (CQ): 98 cm Relação Cintura Quadril (RCQ): 0,88 - risco para
Doença Cardiovascular
Fonte: Dados da pesquisa, 2023

De acordo com as condições da paciente e os instrumentos disponibilizados no


momento, optou-se pela avaliação a partir de dados auto referidos de peso e altura e os
demais contidos na tabela acima, foram aferidos a partir de uma fita métrica.

Avaliação nutricional

● Diagnóstico nutricional

Paciente portadora de HAS, entretanto com PA dentro da normalidade, com uso de


Captopril e HGT corrigido com insulina. De acordo com os achados bioquímicos e
antropométricos, a paciente encontra-se com anemia ferropriva, funções renais prejudicadas,
desnutrição leve, de acordo com a circunferência do braço e risco aumentado para doença
cardiovascular, de acordo com a relação cintura-quadril.

● Anamnese alimentar

A paciente relata fazer de cinco a seis refeições por diárias, não sabendo estipular
exatamente a quantidade de óleo utilizada, em virtude do preparo ser feito por outro membro
da família. Relata possuir apetite reduzido, onde seu horário de maior disposição alimentar é
o almoço. Possui funcionamento intestinal normal; sem alergias e/ou intolerância alimentar.

Quadro 3. Dieta habitual da paciente M.H.S


86

REFEIÇÃO/HORÁRIO ALIMENTOS/ MEDIDA QUANTIDADE


PREPARAÇÃO CASEIRA

Desjejum - 08:00 Cuscuz Colher de sopa 3


Leite Copo americano 1

Lanche da manhã - 10:00 Banana Unidade média 1

Almoço - 12:00 Salada crua - -


Arroz Colher de sopa 3
Feijão Colher de sopa 2
Frango ao molho Pedaço 2
Macarrão Garfada 2

Lanche da tarde - 15:30 Biscoito de sal, tipo Unidade 4


Cream Cracker
Leite Copo americano 1

Jantar - 19:00 Sopa Concha 2

Ceia - 21:00 Leite Copo americano 1


Fonte: Dados da pesquisa, 2023

De acordo com o recordatório alimentar, nota-se uma dieta economicamente acessível,


que está de acordo com a situação socioeconômica da família. Entretanto, a dieta possui baixo
valor qualitativo devido a escolha de alguns alimentos de baixo valor nutritivo. Deste modo, a
tabela abaixo apresenta os valores encontrados de acordo com a avaliação da dieta e sua
respectiva caracterização.

Quadro 4. Caracterização da dieta habitual da paciente M.H.S conforme anamnese alimentar, de acordo com os
macronutrientes e valor de referência.

REFEIÇÃO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDIOS CALORIAS

Café da manhã 6, 57g 41,51g 6,08g 246,19 Kcal

Lanche da 0,78 17,55g 0,36g 69,0 Kcal


manhã

Almoço 22,23g 59,64g 12,14g 450,13 Kcal

Lanche da tarde 7,16g 48,0 g 9,60g 304,0 Kcal

Jantar 5,55g 6,40g 6,29g 103,85 Kcal


87

Ceia 5,0g 32,0 g 6,0g 200,0 Kcal

TOTAL 47,28g (13,8%) 205,10g (59,7%) 40,46 g 1373 Kcal


(26,5%)
Fonte: Dados da pesquisa, 2023

Ao comparar os valores de macronutrientes encontrados na dieta, com as Dietary


Reference Intakes (DRI’s), conclui-se que a dieta da paciente em questão, apresenta-se
normocalórica e normolipídica. Entretanto, a sua distribuição está inadequada para as
necessidades das patologias associadas, sendo ela, hipoproteica e hiperglicídica, não sendo
favorável ao catabolismo proteico acelerado em virtude da condição renal, bem como a
hiperglicemia associada a Diabetes.

Quadro 5. Quantidades encontradas dos seguintes micronutrientes da paciente M.H.S de acordo com a
anamnese alimentar.
MICRONUTRIENTE QUANTIDADE RECOMENDAÇÃO UL RESULTADO

Ferro 7,51 mg 8 mg 45 mg INADEQUADO

Vitamina A 1.086,44 mcg 700 mcg 3000 mcg INADEQUADO

Ácido fólico 184,47 mcg 400 mcg 1000 mcg INADEQUADO

Fósforo 265,03 mcg 700 mg 4000 mg INADEQUADO

Potássio 1015, 64 mg 4700 mg - INADEQUADO

Vitamina B12 8,24 mcg 2,4 mcg - INADEQUADO

Vitamina C 85,95 mg 75, 0 mg 2000 mg INADEQUADO


Fonte: Dados da pesquisa, 2023

Assim, em comum com a dieta habitual, percebe-se uma inadequação dos valores
encontrados em relação aos estabelecidos nas DRI’s.

Evolução clínica e dieta prescrita pela instituição


O acompanhamento se deu durante três dias entre o período em que a paciente esteve
internada no hospital, onde em todos eles, a alimentação foi livre para HAS, DM e nefropatia,
não havendo alterações.

Quadro 6. Composição da dieta livre ofertada a paciente M.H.S

REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE


88

Desjejum Pão com margarina Unidade 1


Café com leite Copo 1

Lanche da manhã Mingau de multicereais Copo 1


Biscoito de sal Unidade 4

Almoço Salada crua - -


Peixe ao molho Pedaço 1
Arroz Concha rasa 2
Feijão Concha rasa 1
Laranja Unidade 1

Lanche da tarde Vitamina de banana Copo 1


com Neston

Biscoito de sal Unidade 4

Jantar Salada crua - -


Peixe ao molho Pedaço 1
Arroz Concha rasa 2

Ceia Mingau de aveia Copo 1


Fonte: Dados da pesquisa, 2023

A dieta ofertada pela instituição sobressai a habitual, por aumentar o fracionamento


das refeições e por disponibilizar uma maior variedade de frutas, verduras e preparações que
não estão inclusas na rotina da paciente, deste modo, faz com que o valor nutricional das
refeições seja elevado.

Prescrição dietoterápica sugerida

Diante do diagnóstico nutricional, situação fisiológica e patológica em que a paciente


se encontra, sugere-se uma dieta normocalórica, normoproteica, normolipídica e
hipoglicídica, em função da manutenção da homeostase.
Sendo assim, considerou-se a alguns aspectos individuais, tais como: quantidade de
insulina administrada, micronutrientes essenciais a manutenção da saúde, ganho de peso para
89

atingir o peso adequado (mais dois quilogramas), etc. Para isso o cálculo energético e
distribuição de macro e micronutrientes, foram feitos a partir do aplicativo DietBox.

Quadro 7. Prescrição dietoterápica sugerida pela estagiária para paciente M.H.S


REFEIÇÃO PREPARAÇÃO MEDIDA CASEIRA QUANTIDADE

Café da manhã - 08:00 Tapioca de Unidade Pequena 1


goma Semente Colher de chá 1
de chia Queijo Grama 50g
coalho Maçã Unidade pequena 1

Lanche da manhã - Banana Unidade grande 1


10:00

Almoço - 12:30 Salada crua (coentro, - -


tomate e pepino)
Azeite de oliva Colher de chá 3
Batata doce cozida Unidade média 2
Feijão cozido Colher de sopa 2
Frango ao molho Gramas 70

Lanche da tarde - Vitamina de maçã Copo grande 1


15:30

Jantar - 19:00 Sopa de macarrão, carne Concha rasa 3


e legumes

Ceia - 21:00 Chá de camomila Xícara 1


Fonte: Dados da pesquisa, 2023

Buscou-se fracionar as refeições, concentrando a maior quantidade de alimentos no


horário do almoço, pois a paciente relata que é o seu horário de maior disposição alimentar.
Além disso, a distribuição de carboidratos está bem dividida, calculada de acordo com a
ingestão diária de insulina da paciente.
Para os micronutrientes, priorizou-se um baixo aporte de fósforo e potássio, em
virtude da doença renal associada, buscando ainda uma ingestão adequada de Ferro, Ácido
fólico, Vitamina B12, Vitamina C e Vitamina A, buscando restaurar a homeostase sanguínea,
cessando o quadro de anemia, com o objetivo de melhorar a sensação de cansaço e fadiga
relatado pela paciente.
90

Orientações e recomendações

● Respeitar sempre o fracionamento das refeições, obedecendo os devidos horários e


quantidades;
● Buscar sempre um local tranquilo e aconchegante para realizar as refeições;
● Evitar a ingestão de carboidratos simples (bolos e biscoitos);
● Evitar alimentos ultraprocessados (salsicha, linguiça, mortadela, salame, etc);
● Evitar preparações muito condimentadas, priorizando sempre o uso de temperos
naturais;
● Evitar refrigerantes e sucos industrializados;
● Evitar frituras, optando sempre por preparações cozidas ou grelhadas;

● Adotar uma garrafinha de água para tê-la durante todo o dia e consequentemente,
aumentar a ingestão hídrica (pelo menos três litros ao dia).
91

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização do estágio, as experiências vivenciadas foram fundamentais para


a formação profissional e pessoal das estagiárias. Além disso, puderam conhecer e vivenciar a
realidade em que o nutricionista que trabalha na Nutrição Clínica está inserido. Ademais, foi
possível acompanhar diariamente o trabalho de recuperação da saúde através do
acompanhamento nutricional nas mais variadas patologias, bem como melhorar o
conhecimento teórico-prático obtido ao longo da graduação, identificando os principais
cuidados e orientações necessárias para cada paciente hospitalizado. Apesar deste curto
período de estágio, diante de tantas atividades e possibilidades que podem ser desenvolvidas e
aprimoradas, o Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica foi de grande importância para o
futuro profissional, uma vez que proporciona a integração entre os saberes construídos ao
longo da graduação e a realidade vivenciada.
92

7 SUGESTÕES E IMPRESSÕES DOS CAMPOS DE ESTÁGIO

7.1 Sugestões para o campo de estágio

● Elaboração de material impresso com orientações nutricionais para os pacientes no


momento da alta hospitalar;
● Realizar backup diário do mapa das alas para evitar perder toda a documentação, visto
que só é salvo no computador do SND;
● Fixar a escala dos funcionários no mural ao alcance de todos;
● Acompanhamento das atividades do SND na UTI;
● Utilização de balança, fita métrica e adipômetro para avaliação dos pacientes;
● Desenvolvimento de orientações sobre aleitamento materno para as nutrizes.

7.2 Impressões do campo de estágio

As estagiárias foram bem acolhidas por toda a equipe do hospital durante a realização
do Estágio Curricular Obrigatório em Nutrição Clínica. Os nutricionistas supervisores
demonstraram-se dedicados para auxiliar os graduandos quanto à realidade da prática da
profissão, facilitando a familiarização com a área, explicando o funcionamento da rotina
hospitalar em cada uma das alas, transmitindo seus conhecimentos, sanando dúvidas e
orientando em relação à determinadas condutas. Ademais, possibilitaram a participação direta
das estagiárias durante o atendimento nutricional e visitas aos leitos, incentivando a
autonomia para o contato direto com os pacientes, bem como através de sugestões quanto às
prescrições dietoterápicas. De forma geral, as experiências adquiridas por meio do estágio
foram de suma relevância para a formação dos universitários.
93

8 CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Através da vivência de estágio, foi possível relacionar os conhecimentos obtidos ao


longo de toda a graduação com a prática profissional vivenciada na área da Nutrição Clínica.
As visitas aos leitos, orientações nutricionais e contato direto com os pacientes,
proporcionaram além da concretização do aprendizado, habilidades interpessoais para além
do que é visto em sala de aula, estimulando sempre abordagens humanas e empáticas com
cada um dos pacientes atendidos nos campos de estágio. Portanto, o Estágio Supervisionado
em Nutrição Clínica, aprimorou os conhecimentos teórico-práticos das graduandas,
auxiliando assim na formação profissional.
94

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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Avoiding heart attacks and strokes: don’t be


a victim - protect yourself. Geneva, 2005. 45 p.
98

APÊNDICES
99

APÊNDICE A - LÂMINA EDUCATIVA SOBRE ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS


DE 6 A 8 MESES DE IDADE.

FONTE: autoria própria (2023).


100

APÊNDICE B - LÂMINA EDUCATIVA SOBRE ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS


DE 9 MESES A 2 ANOS DE IDADE.

FONTE: autoria própria (2023).


101

APÊNDICE C - LÂMINA EDUCATIVA SOBRE OS PRINCIPAIS CUIDADOS NO


DIABETES MELLITUS.

FONTE: autoria própria (2023).


102

APÊNDICE D - LÂMINA EDUCATIVA SOBRE OS PRINCIPAIS CUIDADOS NA


HIPERTENSÃO.

FONTE: autoria própria (2023).


103

APÊNDICE E - LÂMINA EDUCATIVA SOBRE OS PRINCIPAIS CUIDADOS NA


DISLIPIDEMIA.

FONTE: autoria própria (2023).


104

APÊNDICE F - FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS PACIENTES


DO HOSPITAL REGIONAL REGIONAL JUSTINO LUZ.
105

Fonte: autoria própria (2023).

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