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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE NUTRIÇÃO EMÍLIA DE JESUS FERREIRO

BRUNA REZENDE DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA E MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS


EM IDOSOS ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM ATENÇÃO A
SAÚDE DO IDOSOS (CRASI) EM NITERÓI- RJ

NITERÓI
2022
BRUNA REZENDE DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA E MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS


EM IDOSOS ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM ATENÇÃO A
SAÚDE DO IDOSOS (CRASI) EM NITERÓI- RJ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Nutrição da Faculdade de Nutrição Emília
de Jesus Ferreiro da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial ao
título de Bacharel em Nutrição.

Orientadora:
PROF.ª DR.ª SILVIA MARIA CUSTÓDIO DAS DORES

Niterói, RJ
2022
BRUNA REZENDE DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA E MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS


EM IDOSOS ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM ATENÇÃO A
SAÚDE DO IDOSOS (CRASI) EM NITERÓI- RJ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Nutrição da Faculdade de Nutrição Emília
de Jesus Ferreiro da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial ao
título de Bacharel em Nutrição.

Aprovado em 24 de janeiro de 2022

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Silvia Maria Custódio das Dores - UFF


Orientador(a)

Prof. Dr. Sérgio Girão Barroso - UFF

Prof. Manuela de Abreu Nascimento - UFF

Niterói
2022
A minha família, pelo amor e dedicação.
Ao meu noivo, companheiro de todos os
momentos a quem tenho grande amor.
Agradecimentos

Agradeço a Deus, que me sustentou e deu forças para superar todos os momentos difíceis.
Aos meus pais Lúcia e Arly, que sempre me incentivaram e não mediram esforços para que eu
chegasse até aqui.
Aos meus tios Paulo César e Simone, pelo apoio e carinho.
Ao meu noivo Wellington, por todo incentivo e por acreditar que eu era capaz. Obrigada pelo
companheirismo e parceria em todos os momentos.
Aos amigos que fiz durante o curso, que compartilharam os inúmeros desafios da graduação,
pelo companheirismo e troca de experiências que me permitiram crescer como pessoa e
profissional.
Agradeço a minha orientadora, professora Silvia Maria Custódio, por todo apoio e valiosas
contribuições para esse trabalho. Obrigada pela paciência e pelas experiências compartilhadas.
A Universidade Federal Fluminense e ao corpo docente do curso de Nutrição, pelo ensino de
alta qualidade.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente com a minha formação acadêmica, muito
obrigada.
Resumo
Introdução: O aumento da população idosa acarreta em aumento do consumo de medicamentos
e polifarmácia, com consequentes mudanças no perfil de atenção à saúde. Objetivos: Estimar
a prevalência de polifarmácia em idosos atendidos no Centro de Referência em Atenção à Saúde
do Idoso (CRASI). Métodos: Este é um estudo observacional, retrospectivo, com pacientes de
idade superior a 60 anos e de ambos os sexos. Foram utilizados dados secundários presentes
nas fichas de atendimento nutricional arquivadas no Ambulatório de Nutrição da Unidade. A
polifarmácia foi definida como o uso de 4 ou mais medicamentos, sua prevalência foi estimada
e realizados testes de correlação. Resultados: A prevalência de polifarmácia encontrada foi de
74% com tendência de aumento no consumo de medicamentos com o avanço da idade. A
amostra foi composta predominantemente por mulheres, com baixa escolaridade e excesso de
peso. Os medicamentos mais utilizados pertenceram a classe que atua no sistema
cardiovascular, entre esses os anti-hipertensivos (73,2%) e os medicamentos para terapia
cardíaca (54,5%), seguidos dos antidepressivos (42,9%). Conclusões: Os achados mostram
elevada prevalência de polifarmácia nos idosos, que são um grupo suscetível aos efeitos
adversos dos medicamentos. Isso evidencia a necessidade de ações para o uso adequado e
seguro de medicações, assim como de práticas de controle e prevenção de doenças, reduzindo
a necessidade do uso de medicamentos.
Palavras-chave: Envelhecimento; Uso de medicamentos; Polimedicação.
Abstract
Introduction: The increase in elderly population leads to changes in health care profile, with a
consequent medications consumption increase and polypharmacy. Objectives: Estimate the
prevalence of polypharmacy in the elderly attended at the Reference Center for Health Care for
the Elderly (CRASI). Methods: An observational retrospective study with patients over 60
years of age and of both sexes. Secondary data present in the nutritional care records, archived
at the Unit's Nutrition Clinic, were used. Polypharmacy was defined as the use of 4 or more
medications, its prevalence was estimated and correlation tests were performed. Results: The
prevalence of polypharmacy found was 74%, with a tendency to increase medications
consumption with advancing age. The sample was predominantly composed of women with
low education and overweight. The most used medications belonged to the class acting on
cardiovascular system, including antihypertensives (73.2%) and cardiac therapy medications
(54.5%), followed by antidepressants (42.9%). Conclusions: The findings show a high
prevalence of polypharmacy in the elderly, a group susceptible to adverse drug effects,
highlighting the need for actions for the proper and safe use of medications. As well as disease
control and prevention practices, decreasing medications requirement.
Keywords: Aging; Drug Utilization; Polypharmacy.
Lista de figuras

Figura 1: Distribuição da amostra conforme estado nutricional, segundo Índice de Massa


Corporal (IMC).........................................................................................................................26
Lista de tabelas

Tabela 1: Medidas descritivas das variáveis relacionadas à caracterização da amostra............24

Tabela 2: Média e desvio padrão das variáveis descritivas segundo gênero..............................25

Tabela 3: Medicamentos mais frequentemente utilizados pelos idosos segundo classe


terapêutica.................................................................................................................................26

Tabela 4: Prevalência e associação entre polifarmácia com variáveis sociodemográficas em


idosos atendidos no ambulatório de nutrição geriátrica UFF....................................................27

Tabela 5: Correlações entre número de medicamentos e variáveis antropométricas por


gênero........................................................................................................................................28
Lista de quadros

Quadro 1: Classificação do estado nutricional segundo IMC...................................................22

Quadro 2: Classificação do risco de complicações metabólicas segundo circunferência da


cintura para homens e mulheres.................................................................................................23
Lista de abreviaturas e siglas

ATC Anatomical Therapeutic Chemical Classification System

CRASI Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso

DCNT Doenças Crônicas não Transmissíveis

DCT Dobra Cutânea Tricipital

DP Desvio Padrão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Índice de Massa Corporal

OMS Organização Mundial da Saúde

PAb Perímetro Abdominal

PB Perímetro do Braço

PP Perímetro da Panturrilha

PNAD Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Contínua

SUS Sistema Único de Saúde

WHO Word Health Organization


Sumário

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
2 OBJETIVO ............................................................................................................................. 14
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................... 14
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................ 15
3.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL ..................................................................................... 15
3.2 ALTERAÇÕES DO ENVELHECIMENTO ................................................................................... 16
3.3 ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DE MEDICAMENTOS.......................................................... 17
3.3.1 FARMACOCINÉTICA.......................................................................................................... 17
3.3.2 FARMACODINÂMICA ........................................................................................................ 18
3.4 INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE ..................................................................................... 19
3.5 POLIFARMÁCIA ................................................................................................................... 20
4 METODOLOGIA..................................................................................................................... 23
4.1 VARIÁVEIS .......................................................................................................................... 23
4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................................ 24
5 RESULTADOS ........................................................................................................................ 25
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................ 25
5.2 POLIFARMÁCIA ................................................................................................................... 27
6 DISCUSSÃO............................................................................................................................ 30
7 CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 33
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 34
1 Introdução
A população brasileira vem passando por um importante processo de envelhecimento,
conforme dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Contínua (PNAD) (IBGE,
2020), apontando que os idosos representam 15,7% da população. Esse aumento se deve a
elevação da expectativa de vida e diminuição da taxa de fecundidade (OLIVEIRA, 2019). A
alteração na estrutura etária da população acarreta em mudanças no perfil de atenção à saúde,
visto que o processo de envelhecimento está associado ao surgimento de doenças crônicas não
transmissíveis, redução da capacidade funcional, enfraquecimento, alterações fisiológicas e
nutricionais que, consequentemente, levam ao aumento do consumo de medicamentos
(SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010; SILVA et al., 2012).
Os medicamentos têm papel importante no tratamento das doenças e na recuperação,
porém os idosos podem sofrer mais com os efeitos adversos das medicações, pois estes
apresentam diferenças na metabolização desses fármacos e maior risco de interações
medicamentosas (SECOLI, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
polifarmácia, pode ser definida pelo uso concomitante e de forma contínua de quatro ou mais
medicamentos (WHO, 2017) e, estudos apontam aumento do consumo de medicamentos e da
prevalência de polifarmácia entre idosos (CARVALHO et al., 2005; RAMOS et al., 2016).
A polifarmácia é um problema clínico comum entre idosos, aproximadamente 50%
dos adultos mais velhos nos Estados Unidos utilizam cinco ou mais medicamentos, o que pode
levar a efeitos adversos desfavoráveis, erros nas prescrições, interações medicamentosas e
nutricionais e aumento dos custos de saúde. A multimorbidade, a presença de vários prescritores
e as prescrições em cascata elevam o risco de polifarmácia nos idosos (KIM; PARISH, 2021).
Algumas estratégias podem ser adotadas a fim de evitar o uso inadequado de fármacos e
melhorar a qualidade de vida dos idosos, tais como o monitoramento das interações entre as
medicações, a revisão frequente dos medicamentos utilizados e a avaliação de potencial
desprescrição. Além disso, o uso de terapias não medicamentosas, como a terapia nutricional,
são estratégias importantes no controle e na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT), reduzindo a necessidade do uso de medicamentos e consequentemente a polifarmácia
(NASCIMENTO et al., 2017).
14

2 Objetivo

2.1 Objetivo geral


Estimar a prevalência de polifarmácia em idosos atendidos no Centro de Referência
em Atenção à Saúde do Idoso (CRASI).

2.2 Objetivos específicos

 Traçar o perfil sociodemográfico e antropométrico dos idosos atendidos no CRASI;


 Analisar a relação entre o uso de medicamentos e as variáveis sociodemográficas;
 Determinar as classes de medicamentos mais utilizados por essa população de acordo
com o Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC), da Organização
Mundial de Saúde (OMS);
 Correlacionar a realização da polifarmácia com os marcadores antropométricos e o
estado nutricional.
15

3 Fundamentação teórica

3.1 Envelhecimento populacional


O envelhecimento pode ser definido como um processo contínuo de mudanças
morfológicas, funcionais e psicológicas, ocasionadas pela passagem do tempo desde o
nascimento até a morte, que leva a redução da capacidade de adaptação ao ambiente e maior
vulnerabilidade do indivíduo (FREITAS, 2013).

O processo de envelhecimento da população é uma realidade em todo o mundo. No


Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os idosos somavam
25,4 milhões de pessoas no ano de 2012, chegando a 32,8 milhões em 2019, representando
15,7% da população do país (IBGE, 2017, 2020)

Segundo a OMS, o número de idosos em 2050 será de 2 bilhões, com 80% destes
vivendo em países em desenvolvimento. Esse processo de envelhecimento vem acontecendo de
forma muito mais rápida que no passado, enquanto em países desenvolvidos tal processo levou
um século para ocorrer, em países em desenvolvimento como o Brasil, esse processo tem
ocorrido em poucas décadas (WHO, 2002).

O envelhecimento populacional pode ser explicado pela redução da taxa de natalidade,


que leva a um aumento na proporção de idosos em relação ao número de jovens, além da
elevação da expectativa de vida devido a melhorias nas condições de saúde (OLIVEIRA, 2019).

No início do século XX, o Brasil apresentava elevadas taxas de mortalidade e baixa


expectativa de vida ao nascer, causadas principalmente por doenças infectocontagiosas. Além
disso, apresentava altas taxas de fecundidade (OLIVEIRA, 2019). A partir da segunda metade
do século, com o desenvolvimento dos antibióticos e melhorias nas condições sanitárias e de
saúde da população, observou-se a diminuição da taxa de mortalidade no país que, junto à alta
natalidade, iniciou processo de transição demográfica, com grande número de jovens compondo
a população (CHAIMOWICZ et al., 2013).

A partir da década de 60, o Brasil passou por mudanças socioculturais que incluem a
urbanização e a disponibilidade de métodos contraceptivos, o que levou a declínio da taxa de
fecundidade. O número de filhos por mulher passou de 6,2 na década de 60 para 2,3 nos anos
2000 (IBGE, 2010). Com isso, houve o declínio da proporção de crianças levando,
16

consequentemente, ao aumento da proporção de adultos e posteriormente de idosos,


provocando um envelhecimento progressivo da população (OLIVEIRA, 2019).

3.2 Alterações do envelhecimento


De acordo com o Estatuto do Idoso, são considerados idosos indivíduos a partir de 60
anos (BRASIL, 2017). Com o avanço da idade, são observadas alterações que podem prejudicar
a precisão da avaliação antropométrica dos idosos. Ocorre uma perda de estatura, em razão do
achatamento das vértebras, escolioses, arqueamento dos membros inferiores, diminuição dos
discos vertebrais e osteopenia. Além disso, observa-se redução do peso corporal do idoso em
função da diminuição da massa óssea e muscular, além da queda de apetite (SAMPAIO, 2004).

A sarcopenia, caracterizada pela perda e massa, força e função muscular é comum nos
idosos. Tem origem multifatorial, incluindo fatores nutricionais, sociais, metabólicos e
hormonais. A sarcopenia por vezes vem acompanhada pela desnutrição, resultante da baixa
ingestão alimentar por dificuldades de mastigação e deglutição ou por dificuldades de acesso
aos alimentos. Também está relacionada com alterações na mobilidade e no equilíbrio, podendo
levar a quedas e fraturas (DEMOLINER; DALTOÉ, 2021).

A disfagia é uma alteração frequentemente encontrada nos idosos, sendo esta uma
condição que dificulta ou compromete a deglutição de alimentos. Além disso, a xerostomia, a
perda de paladar e da dentição e o uso de próteses dentárias mal adaptadas contribuem para que
o idoso reduza a ingestão alimentar, levando a perda de peso e desnutrição. A existência de
comorbidades e o uso de alguns medicamentos também podem levar a redução da ingestão de
alimentos e contribuir para a perda de peso e de massa magra. Como exemplo, o uso de
antiobióticos e antiparkinsonianos podem ter como efeito adverso a anorexia e o uso de anti-
hipertensivos está relacionado a disgeusia (FREITAS, 2013).

O aumento da gordura corporal com acúmulo na região abdominal é outra mudança


observada nos idosos. Considera-se que tal aumento seja em função da redução da atividade
física, a queda da taxa metabólica basal e do gasto energético associado a uma ingestão
energética estável. Além disso, destaca-se a influência de hormônios como a diminuição do
hormônio do crescimento (GH) e da testosterona, e a diminuição da resposta do organismo a
leptina e aos hormônios tireoidianos que levam a maior acúmulo de gordura corporal.
(FALSARELLA et al., 2014). A adiposidade abdominal e visceral está relacionada ao aumento
do risco de desenvolvimento de doenças crônicas, tais como hipertensão arterial sistêmica,
17

diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, doenças essas que se associam também ao maior
uso de medicamentos (SILVA et al., 2020).

O avanço da idade leva também a alterações no funcionamento de órgãos e sistemas.


Pode-se observar alterações cardiovasculares como o espessamento e rigidez das paredes
cardíacas e arteriais, alterações na caixa torácica, com diminuição da elasticidade pulmonar,
prejudicando a função respiratória e a oxigenação sanguínea, diminuição da capacidade
funcional renal e da taxa de filtração glomerular, podendo levar a infecções do trato urinário e
a insuficiências renais. Observa-se ainda alterações no sistema imunológico, deixando os idosos
mais suscetíveis a infecções e o declínio da capacidade cognitiva, da memória e do
processamento de informações (FECHINE; TROMPIER, 2012; MALTA et al., 2019; TONET;
NÓBREGA, 2008).

3.3 Alterações no metabolismo de medicamentos


As alterações causadas pelo envelhecimento afetam a farmacocinética e
famacodinâmica dos medicamentos modificando o efeito desejado do medicamento (BENSON,
2017).

3.3.1 Farmacocinética

A farmacocinética trata dos processos de absorção, distribuição, metabolização e


excreção de medicamentos.

Absorção

O processo de absorção consiste na passagem do medicamento do local administrado


até a corrente sanguínea. Com o avanço da idade, são observadas alterações fisiológicas como
a diminuição da secreção gástrica que eleva o pH estomacal, podendo afetar a ionização,
solubilização e absorção de algumas drogas. Além disso, há redução da capacidade de absorção
do intestino delgado e da motilidade e esvaziamento gástrico podendo alterar a absorção dos
fármacos. Essas alterações reduzem também a absorção de vitamina B12, cálcio e ferro,
podendo ocasionar carências nutricionais (MANGONI; JACKSON, 2003).

Distribuição

Com o avanço da idade, ocorre o aumento da gordura corporal e a diminuição da água


corporal. O aumento de tecido adiposo pode elevar o volume de distribuição de fármacos
lipofílicos, aumentando seu tempo de meia vida, levando a um efeito mais prolongado da ação
18

do fármaco e aumentando a susceptibilidade à toxicidade. Já os fármacos hidrossolúveis podem


ter aumento da sua concentração sérica em razão do menor volume de água corporal (SHI;
KLOTZ, 2011).

Outro fator envolvendo a distribuição dos fármacos é a redução da concentração de


proteínas plasmáticas como a albumina, que são responsáveis por manter na corrente sanguínea
um equilíbrio entre a porção de fármaco ligado a proteína (inativa) e a porção livre (ativo). Com
a redução da quantidade de albumina, ocorre aumento na porção livre dos fármacos, podendo
intensificar seus efeitos. Além disso, alguns medicamentos podem competir pelo sítio de
ligação proteico, sendo necessária atenção as interações medicamentosas e as doses
administradas em idosos (OLIVEIRA; CORRADI, 2018).

Metabolização

O processo de metabolização dos fármacos é realizado principalmente pelo fígado.


Com o aumento da idade, ocorre a diminuição do volume hepático e de seu fluxo sanguíneo,
assim como a redução de enzimas hepáticas, presentes principalmente no metabolismo de fase
1. Isso resulta em uma menor metabolização, por aumentar a biodisponibilidade e meia vida
das drogas, sendo necessária atenção as doses administradas em idosos a fim de evitar
toxicidade (BENSON, 2017).

Excreção

A excreção dos fármacos ocorre principalmente por via renal e, com o passar dos anos,
observa-se a progressiva perda de função desse órgão, com redução da massa renal e dos
glomérulos. Ocorre ainda a redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular,
gerando a diminuição da capacidade de eliminar os fármacos e consequentemente o
prolongamento de seu efeito no organismo (OLIVEIRA; CORRADI, 2018).

3.3.2 Farmacodinâmica

A farmacodinâmica estuda os efeitos da ação dos fármacos e o modo de resposta do


organismo a esse estímulo. O processo de envelhecimento torna o organismo mais sensível aos
efeitos dos medicamentos, o que é observado principalmente em medicamentos que afetam os
sistemas cardiovasculares e nervoso central (WOOTEN, 2012). A farmacodinâmica pode sofrer
alterações em função das mudanças homeostáticas e fisiológicas do envelhecimento, tais como
a hipotensão ortostática, alterações na barorregulação, a redução do fluxo cerebral e queda da
capacidade cognitiva, dificuldades na termorregulação e alterações metabólicas. Além disso,
19

alterações na interação entre os fármacos e os receptores comuns em idosos, podem afetar a


ação final do medicamento (OLIVEIRA; CORRADI, 2018).

3.4 Interação fármaco-nutriente


Com o envelhecimento, observa-se redução das necessidades energéticas em razão da
diminuição da taxa metabólica basal e do gasto energético, assim como redução na absorção de
vitaminas e minerais (SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010).

Os nutrientes estão presentes nos alimentos e são substâncias que desempenham


funções específicas no organismo humano, tais como o fornecimento de energia, funções
estruturais e reguladoras. Já os fármacos, desempenham funções no controle e possível
erradicação de doenças nos indivíduos. Quando utilizado de forma conjunta, deve-se observar
as possíveis interações entre ambos (LIMA et al., 2017).

Uma interação entre fármaco-nutriente acontece quando um nutriente interfere nas


reações farmacocinéticas ou farmacodinâmicas de um dado fármaco, ou quando um
medicamente interfere nas funções do nutriente no organismo. Essa interação pode resultar em
aumento ou redução da eficácia da droga, ou também o surgimento de reação adversas. Pode
ainda levar a perdas nutricionais, aumentando o risco de deficiências (LIMA et al., 2017;
VENTURINI et al., 2020).

As interações são comuns com várias classes de medicamentos. Os antibióticos


causam diminuição da microbiota intestinal e as bactérias ali presentes são responsáveis pela
síntese de vitaminas K e B12. Com isso, os antibióticos reduzem a disponibilidade dessas
vitaminas. Além disso, os medicamentos dessa classe podem interagir com o cálcio, formando
complexos insolúveis, evitando sua absorção, sendo recomendado a ingestão de fontes desse
mineral como leite e derivados, em horários diferentes da administração do fármaco (BUSHRA;
ASLAM; KHAN, 2011; LOPES et al., 2013).

Os anti-inflamatórios reduzem a absorção de vitaminas A, C, B1, B6, B9, cálcio,


potássio, fósforo, magnésio e zinco, não sendo recomendado o consumo próximo as refeições
ricas nesses compostos. Porém, no caso de anti-inflamatórios não-esteroidais, que reduzem a
síntese de prostaglandinas responsáveis pela produção de muco, é recomendado que esse
medicamento seja ingerido junto com as refeições, mesmo reduzindo a absorção de nutrientes,
a fim de evitar lesões estomacais (LOMBARDO; ESERIAN, 2014; LOPES et al., 2013).
20

Com relação aos anti-hipertensivos, observa-se que a absorção dos inibidores de ECA
é melhor quando ingeridos em jejum e o suco de laranja, pode reduzir a absorção do Celiprolol
(Beta-Bloqueador). Além disso, o uso de diuréticos está relacionado com a perda de minerais.
Outras interações importantes de serem destacadas, são as que podem alterar o efeito do
anticoagulante da Varfarina, como o consumo de alimentos ricos em vitamina K, o suco de
cranberry e dietas hiperproteicas, que podem aumentar o risco de sangramentos e os níveis de
albumina sérica (BANERJEE, 2020; BUSHRA; ASLAM; KHAN, 2011).

Entre os antidepressivos, pode-se observar a interação entre os inibidores de


monoamina oxidase (IMAOs) e o aminoácido tiramina, que é encontrada em queijos, vinhos,
carnes curadas como salames e bacon e em frutas e vegetais maduros. A enzima monoamina
oxidase é responsável pela degradação monoaminas endógenas como a dopamina e a serotonina
e exógenas como a tiramina. Os IMAOs, inibem a ação dessa enzima, levando a aumento dos
neurotransmissores e levando a melhora do quadro depressivo. Porém, também ocorre aumento
de tiramina na corrente sanguínea, que é captada por neurônios adrenérgicos, desencadeando
crise hipertensiva, sendo recomendado a restrição de alimentos fontes de tiramina durante o
tratamento com essa classe de medicamentos (BUSHRA; ASLAM; KHAN, 2011).

Tendo em vista que as interações entre fármacos e nutrientes são comuns, é necessária
maior compreensão desses mecanismos pelos profissionais de saúde, possibilitando melhor
orientação aos pacientes e redução dos efeitos adversos e deficiências que as interações podem
causar (LOPES et al., 2013).

3.5 Polifarmácia
A literatura sugere várias definições para a polifarmácia, desde a simples contagem
numérica dos medicamentos até sua contagem associada ao tempo de uso e condição clínica.
As definições encontradas variam de dois ou mais medicamentos a onze ou mais medicamentos,
sendo a definição mais observada a de cinco ou mais medicamentos (MASNOON et al., 2017).
A OMS define a polifarmácia como o uso de 4 ou mais medicamentos de forma concomitante
e contínua, definição que será utilizada no presente estudo (WHO, 2017).

A multimorbidade, caracterizada como a presença de duas ou mais condições crônicas,


é comum em idosos. A presença de múltiplas condições clínicas impacta na qualidade de vida
e está associado ao maior uso de medicamentos, visto que podem ser usados um ou mais
medicamentos para o tratamento de cada enfermidade (SALIVE, 2013).
21

O uso de múltiplos medicamentos está associado ao maior risco de reações adversas e


de interações medicamentosas. Uma interação medicamentosa ocorre quando um medicamento
influencia a ação de outro. Estudos apontam que o risco de interações aumenta de acordo com
aumento do número de medicamentos usados. Foi observado um risco de 13% de interações
em idosos que usavam dois medicamentos e esse número aumentou para 82% com uso igual
ou superior a sete (DELAFUENTE, 2003).

A prescrição e dispensação de medicamentos têm aumentado nos últimos anos, o que


tem contribuído para o aumento da prevalência de polifarmácia. Estudos realizados na Escócia
(GUTHRIE et al., 2015) e Irlanda (MORIARTY et al., 2015), avaliaram, a partir de bancos de
dados de dispensação de medicamentos no país, o aumento no consumo de medicamentos com
o passar dos anos e, observou-se aumento significativo no consumo de medicamentos
principalmente em idosos. Moriarty e colaboradores (2015) observaram, entre indivíduos com
mais de 65 anos, aumento de 17,8% para 60,4% de polifarmácia entre os anos de 1997 a 2012.

Entre os fatores que podem contribuir para a utilização de vários medicamentos pode-
se citar a presença de múltiplos prescritores e a fragmentação do cuidado, que por vezes pode
resultar em prescrições excessivas, incorretas ou insuficientes, aumentando risco de reações
adversas. Além disso, pode contribuir para uma prescrição em cascata, quando um novo
medicamento é prescrito para tratar um efeito adverso do primeiro. Esse fato ressalta a
necessidade do cuidado integral e da boa comunicação entre os profissionais, a fim de evitar
condutas inapropriadas (FREITAS, 2013; WHO, 2017).

Tendo em vista o aumento do uso de medicamentos e da polifarmácia, assim como a


ocorrência de efeitos adversos principalmente nos idosos, faz-se necessário o estudo de
estratégias terapêuticas para o processo de descontinuação, com a retirada de medicamentos
desnecessários e inapropriados. A literatura sugere ferramentas clínicas usadas para reduzir as
prescrições em excesso e inadequadas, assim como os efeitos adversos causados por elas. Os
Critérios de Beer são uma dessas ferramentas, são baseados em um consenso de especialistas
com base na revisão da literatura, e apresentam uma lista de medicamentos potencialmente
inapropriados para uso em idosos, assim como as interações medicamentosas e as drogas que
devem ser usadas com cautela (BEERS, 1997; CAMPANELLI, 2012).

Além disso, deve-se buscar alternativas não medicamentosas para a prevenção e o


tratamento de patologias. No caso de doenças crônicas como a hipertensão arterial sistêmica e
a diabetes mellitus, o tratamento pode começar com intervenções não medicamentosas, com o
22

início da terapia nutricional e a prática de exercícios, inserindo a terapia medicamentosa


posteriormente se necessário. Essas intervenções melhoram a qualidade de vida dos pacientes
e possibilitam controle das condições. (NASCIMENTO et al., 2017; ROZENFELD;
FONSECA; ACURCIO, 2008).
23

4 Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, de pacientes acompanhados no
Ambulatório de Nutrição do Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (CRASI) -
Serviço de Geriatria da Universidade Federal Fluminense (UFF). O estudo empregou as
informações contidas nas fichas de atendimento nutricional, arquivadas no Ambulatório, de
pacientes idosos, com idade igual ou superior a 60 anos, homens e mulheres, atendidos
regularmente, com no mínimo uma consulta anual, nos últimos 10 anos. Todos os dados foram
manejados e analisados de forma anônima, sem identificação nominal dos participantes de
pesquisa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal
Fluminense seguindo as regras da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

4.1 Variáveis
A variável dependente analisada foi a polifarmácia, estabelecida pela OMS como o
uso de 4 ou mais medicamentos de forma contínua (WHO, 2017). Foram analisados a relação
entre a polifarmácia e as seguintes variáveis independentes:
Sociodemográficas: Sexo (feminino e masculino), idade, cor da pele e nível de escolaridade.
Estado nutricional: Peso, altura, índice de massa corporal (IMC), perímetro da panturrilha (PP),
perímetro abdominal (PAb), perímetro do braço (PB) e dobra cutânea tricipital (DCT)
Características relacionadas à utilização dos medicamentos: Classe de medicamentos
utilizados.
Para avaliação do estado nutricional foi utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC)
segundo pontos de corte estabelecidos pela OMS (Quadro 1) (WHO, 2000).
Quadro 1: Classificação do estado nutricional segundo IMC
Classificação IMC (Kg/m²)
Baixo Peso <18,5
Peso Normal 18,5-24,9
Sobrepeso ≥25
Pré-obeso 25-29,9
Obesidade grau 1 30-34,9
Obesidade grau 2 35-30,9
Obesidade grau 3 ≥40
Fonte: WHO, 2000.
24

O perímetro abdominal (PAb) foi classificada conforme os pontos de corte propostos


pela OMS (Quadro 2) (WHO, 2000).

Quadro 2: Classificação do risco de complicações metabólicas segundo perímetro abdominal


para homens e mulheres
Risco de complicações Perímetro Abdominal
metabólicas
Homens Mulheres
Risco aumentado ≥ 94 ≥ 80
Risco muito aumentado ≥ 102 ≥ 88
Fonte: WHO, 2000.

O perímetro da panturrilha (PP) foi avaliada de acordo com o ponto de corte


estabelecido pela OMS, sendo considerada normal >31cm (WHO, 1994).

Os medicamentos utilizados foram divididos e classificados de acordo com o


Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC) (WHO, 2022), da OMS. Essa
classificação consiste em dividir os fármacos em grupos e subgrupos de acordo com os órgãos
e sistemas em que atuam e em suas propriedades químicas, farmacêuticas e terapêuticas.

4.2 Análise Estatística


Foi realizada estatística descritiva das variáveis contínuas, apresentadas na forma de
média e desvio padrão. As mesmas foram testadas para distribuição de normalidade utilizando
o teste Shapiro-Wilk, e foram feitas associações através da correlação de Spearman. Teste de
Mann-Whitney ou teste T foi utilizado na comparação de grupos independentes. Foi-se
utilizado o programa Graph Pad Prism 7.0, sendo considerado como significativo um p 0,05.
25

5 Resultados

5.1 Caracterização da amostra


Das 112 fichas analisadas, 76,8% eram mulheres e 23,2% eram homens. As Tabelas 1
e 2 apresentam os dados de caracterização da amostra. A faixa etária de 80 a 89 anos foi a mais
frequente, com 44,6%. Quanto a escolaridade, observa-se que 6,2% são analfabetos e 37,5%
apresentam o ensino fundamental incompleto, demonstrando a baixa escolaridade nessa
população.

Tabela 1: Medidas descritivas das variáveis relacionadas à caracterização da amostra

VARIÁVEL CATEGORIA N %
Gênero Feminino 86 76,8
Masculino 26 23,2
Faixa etária (anos) 60-69 25 22,3
70-79 31 27,7
80-89 50 44,6
> 90 6 5,4
Escolaridade Analfabeto 7 6,2
4 anos 42 37,5
8 a 9 anos 9 8,1
11 a 12 anos 16 14,3
15 a 16 anos 14 12,5
Sem 24 21,4
informação
Etnia Branca 34 30,3
Parda 4 3,6
Negra 13 11,6
Sem 61 54,5
informação
Medicamentos ≥4 83 74
˂4 29 26
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
26

A idade variou de 61 a 94 anos, com média de 78,5 anos para as mulheres e 77 anos
para os homens. A Figura 1 apresenta os dados de estado nutricional da população analisada,
demonstrando alta prevalência de excesso de peso, com 30,4% de sobrepeso e 31,3% de
obesidade.

Tabela 2: Média e desvio padrão das variáveis descritivas segundo gênero

Feminino Masculino p-valor


Idade (anos)
Média±Dp 78,5±8,1 77,0±9,4
0,540
Min-Máx (62-94) (61-92)
Peso corporal
Média±Dp 65,1±14,5 75±08
0,005
Min-Máx (37,6-108,4) (44,5-112,8)
Estatura
Média±Dp 1,51±1,5 1,66±(0,07)
>0,001
Min-Máx (1,39-,69) (1,49-1,81)
IMC (kg/m²)
Média±Dp 28,1±6,0 26,94±5,8
0,387
Min-Máx (15,7-43,4) (16,8-38,2)
PAb (cm)
Média±Dp 93,13±2,47 103,0±8,7
0,057
Min-Máx (65-120) (90-120,5)
PP (cm)
Média±Dp 34,88±4,80 35,5±4,06
0,931
Min-Máx (24,4-43,2) (31-46,5)
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
IMC = Índice de massa muscular; PAb = perímetro abdominal; PP= perímetro da panturrilha
27

Figura 1: Distribuição da amostra conforme estado nutricional, segundo Índice de Massa


Corporal (IMC)

Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

5.2 Polifarmácia
Os idosos pesquisados estavam em uso de 1 a 17 medicamentos, com consumo médio
de 6 medicamentos por idoso. Os medicamentos mais utilizados na amostra analisada
pertencem a classe que atua no sistema cardiovascular, sendo esses os anti-hipertensivos
(73,2%) e os medicamentos para terapia cardíaca (54,5%), seguidos dos antidepressivos
(42,9%), pertencentes a classe dos medicamentos que atuam no sistema nervoso (Tabela 3).

Tabela 3: Medicamentos mais frequentemente utilizados pelos idosos segundo classe


terapêutica
CLASSE TERAPÊUTICA N %
Trato alimentar e metabolismo
Antiácidos, antiulcerosos 22 19,6
Antidiabéticos 30 26,8

Sistema cardiovascular
Terapia cardíaca 61 54,5
Anti-hipertensivos 82 73,2

Sistema nervoso
Antidepressivos 48 42,9
Drogas anti-demência 20 17,9
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
28

A prevalência de polifarmácia foi 74% na amostra analisada. A Tabela 4 apresenta a


classificação da polifarmácia na população estudada. Entre as mulheres, a prevalência foi de
78,3% e entre os homens de 69,2%. Segundo a faixa etária, a prevalência foi de 62,8% dos
idosos com 60 a 74 anos, 77,4% entre os idosos com 75 a 90 anos e 83,3% entre os maiores de
90 anos. Segundo o IMC, a maior prevalência foi encontrada entre indivíduos com excesso de
peso, representando 96%. Em resumo, pode-se observar que o público que utiliza a polifarmácia
no presente estudo é do sexo feminino, maiores de 75 anos e com excesso de peso.

Tabela 4: Prevalência e associação entre polifarmácia com variáveis sociodemográficas em


idosos atendidos no ambulatório de nutrição geriátrica UFF
Prevalência Número de
Avaliados N (%) Polifarmácia Medicamentos p-valor
N (%) Média±Dp
SEXO
Feminino 83 (77) 65 (78,3) 6,24±3,15
0,352
Masculino 25 (23) 18 (69,2) 5,48±2,93
IDADE
60-74 35 (31) 22 (62,8)
75-90 71 (63) 55 (77,4) 5,52±3,62 0,198
>90 6 (6) 5 (83,3) 6,29±2,90
ETNIA 6,50±2,07
Brancos 33 (66) 30 (91) 6,72±0,44
0,547
Não-Brancos 17 (34) 14 (82) 6,23±0,74
IMC
Normal 29 (28) 25 (86) 5,97±3,23
0,253
Excesso Peso 73 (72) 70 (96) 6,72±2,96
Baixo
PPPeso 7 3 (43) 4,71±2,81
<31 cm 9 (8) 6 (67) 5,11±2,75
0,457
>31 cm 99 (92) 77 (77) 6,15±3,13
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
IMC = Índice de massa muscular; PP= perímetro da panturrilha

A Tabela 5 apresenta os dados de correlação entre o número de medicamentos


utilizados e as variáveis antropométricas. Pode-se observar através dela que houve uma
tendência a correlação positiva entre o número de medicamentos utilizados e a idade, ou seja,
com o aumento da idade há uma tendência de maior consumo de medicamentos.
29

Tabela 5: Correlações entre número de medicamentos e variáveis antropométricas por gênero

VARIÁVEIS TOTAL HOMENS MULHERES


r (P) r (P) r (P)

Nº medicamentos x 0,17 (0,064) 0,31 (0,122) 0,10 (0,368)


Idade
Nº medicamentos x IMC -0,16 (0,275) -0,17 (0,418) -0,09 (0,418)

Nº medicamentos x PAb --- -0,24 (0,530) -0,15 (0,818)

Nº medicamentos x PP -0,22 (0,677) -0,27 (0,370) -0,31 (0,447)

Nº medicamentos x PB --- -0,11 (0,767) ----

Nº medicamentos x DCT --- ---- -0,46 (0,389)

Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

IMC = Índice de massa muscular; PAb = perímetro abdominal; PP= perímetro da panturrilha
PB= perímetro do braço; DCT= dobra cutânea tricipital
30

6 Discussão
As características sociodemográficas encontradas no presente trabalho refletem as
características gerais da população idosa, observando-se maior presença feminina, fato que
pode ser explicado pelo predomínio de mulheres na população brasileira, principalmente acima
da faixa etária de 60 anos, visto que estas apresentam maior expectativa de vida (IBGE, 2020).
Além disso, as mulheres apresentam maior preocupação com a saúde e tendem a buscar mais
os serviços de atendimento, sendo mais sujeitas ao uso de medicamentos (COBO; CRUZ;
DICK, 2021).

Quanto a escolaridade, pode-se observar que a população estudada apresenta poucos


anos de estudo, com 6,2% de analfabetos e 37,5% dos idosos com o ensino fundamental
incompleto. A baixa escolaridade influencia de forma negativa na compreensão e no
cumprimento das prescrições de medicamentos, podendo levar a erros na utilização ou a troca
de medicamentos (BERTOLDI et al., 2004).

O excesso de peso e a obesidade são considerados um problema mundial, visto que


sua prevalência tem aumentado em níveis alarmantes na população (WHO, 2014). Estudos
apontam que a modificação no padrão alimentar e aumento do consumo de produtos
industrializados nas últimas décadas estão associados com o aumento de peso e o surgimento
de doenças crônicas (BARROS et al., 2021). A análise do estado nutricional revela alta
prevalência de excesso de peso (30,4%) e obesidade (31,3%) nos idosos estudados, além de
maior média de IMC nas mulheres (28,1Kg/m²). Entre os idosos o excesso de peso tem crescido
e os valores encontrados no presente estudo são coerentes com os observados na literatura
(CARDOZO et al., 2017; CHAIMOWICZ et al., 2013; MASTROENI et al., 2010; TAVARES;
ANJOS, 1999), evidenciando os riscos nutricionais e de desenvolvimento de doenças crônicas
nessa população e consequentemente maior chance de utilização de fármacos.

Foi observado elevado uso de medicamento na amostra, com média de 6


medicamentos por idoso. Esse valor é superior ao encontrado em outros estudos que tiveram
média de utilização entre dois e cinco medicamentos por idoso (LOYOLA; UCHOA; COSTA,
2006; MORIN et al., 2018; RAMOS et al., 2016; RIBEIRO et al., 2008). As evidências
científicas são consensuais sobre o fato de doenças crônicas e comorbidades influenciarem na
polifarmácia, sendo o mais importante fator de risco identificado, muitas vezes um fenômeno
não evitável (CARNEIRO et al., 2018). O uso de terapias não medicamentosas, como a terapia
nutricional e a prática de exercícios físicos, são importantes estratégias no controle e prevenção
31

das doenças crônicas. A implementação de hábitos alimentares saudáveis e manutenção do


estado nutricional adequado, possibilitam melhora da qualidade de vida e podem contribuir na
redução da necessidade do uso de medicamentos (LIRA; GOULART; ALONSO, 2017;
NASCIMENTO et al., 2017).

O uso de medicamentos deve ser reavaliado frequentemente, considerando os riscos,


benefícios e a necessidade da prescrição. Além disso, deve-se avaliar as interações
medicamentosas e a potencial desprescrição, estratégia que tem sido utilizada para reduzir a
polifarmácia e os riscos associados à sua prática, cujas evidências tem surgido de ensaios
clínicos randomizados e estudos observacionais. Seu processo consiste na redução gradual ou
interrupção dos medicamentos desnecessários, sem eficácia ou potencialmente inapropriados,
com o objetivo de obter o mínimo de medicamentos prescritos, reduzindo os efeitos adversos e
melhorando a qualidade de vida. Além de possibilitar redução na procura as unidades de saúde
para tratamento de efeitos adversos, diminuindo o impacto no sistema de saúde (SCOTT et al.,
2015). Tal prática pode ser implementada através de ações no âmbito do SUS, como a
qualificação de profissionais e estruturação de equipes interprofissionais, garantindo cuidado
integral e abrangente ao usuário (NASCIMENTO et al., 2017).

Com relação às classes terapêuticas, os medicamentos que atuam no sistema


cardiovascular foram os mais utilizados, seguidos dos antidepressivos. Dentre a classe dos
medicamentos cardiovasculares, o subgrupo mais utilizado foram os anti-hipertensivos. Tais
achados estão em concordância com os observados na literatura (NEVES et al., 2013; RIBEIRO
et al., 2008; ROZENFELD; FONSECA; ACURCIO, 2008). As doenças cardiovasculares são a
principal causa de mortes e hospitalizações no Brasil, sendo responsáveis por 27,3% do total de
mortes registradas no ano de 2017 (BARROSO et al., 2021). O aumento das doenças crônicas
na população, como os problemas cardiovasculares e a hipertensão tem contribuído para o
aumento no número de medicamentos utilizados, como foi observado na presente pesquisa.

Foi observado ainda tendência de aumento do consumo de medicamentos com o


avanço da idade. Tal dado está em concordância com o observado em outros estudos
(CARVALHO et al., 2012; LOYOLA; UCHOA; COSTA, 2006; SILVA et al., 2012). Esse
achado pode ser explicado pelo aumento da necessidade do uso de medicamentos em função
das alterações causadas pelo envelhecimento, assim como o aparecimento de enfermidades ser
aumentado com o avanço da idade (SILVA et al., 2012).
32

No presente estudo, foi possível identificar uma alta prevalência de polifarmácia em


idosos (74%). O percentual encontrado foi superior a outros estudos realizados no Brasil, que
apresentaram 36% em São Paulo (CARVALHO et al., 2012), 32,7% no Rio de Janeiro
(ROZENFELD; FONSECA; ACURCIO, 2008), 18,1% em uma pesquisa realizada nos serviços
de atenção primária à saúde em âmbito nacional (NASCIMENTO et al., 2017), 35,4% em um
inquérito nacional denominado Perfil de Utilização de Medicamentos por Aposentados
Brasileiros (SILVA et al., 2012) e internacionais com 25% na Finlândia (LINJAKUMPU et al.,
2002), 69% no Canadá (MCPHERSON et al., 2012) e 44% na Suécia (MORIN et al., 2018). A
prevalência de polifarmácia em idosos apresenta-se variada nos estudos e, as divergências
podem ser explicadas em razão do número reduzido da amostra, que quando comparado aos
demais estudos de base populacional, levaram a um aumento do percentual. Além disso, o ponto
de corte para polifarmácia foi distinto. No presente trabalho foi utilizado o ponto de corte
estabelecido pela OMS, de 4 medicamentos e os demais estudos utilizaram 5 medicamentos.
Entretanto, mesmo considerando 5 ou mais medicamentos no presente estudo, teríamos uma
prevalência de 64% o que ainda é considerada bastante elevada.

Esse estudo possui algumas limitações, tais como o viés de memória com possível
omissão do consumo de mais medicamentos e a ausência de receitas médicas em todas as
consultas. O presente estudo mostrou que a polifarmácia é frequente entre os idosos atendidos
no Ambulatório de Nutrição do Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (CRASI) e
isso deve ser considerado na assistência ao idoso objetivando minimizar o risco de agravos à
saúde.
33

7 Conclusão
No presente trabalho, foi encontrada prevalência de polifarmácia de 74% dos idosos
estudados e observou-se tendência de aumento do consumo de medicamentos com o avanço da
idade. A predominância na amostra foi de mulheres, com baixa escolaridade e excesso de peso,
em uso de medicamentos das classes que atuam no sistema cardiovascular e antidepressivos.
Não houve correlação do número de medicamentos com parâmetros antropométricos.

A polifarmácia em idosos é uma realidade no Brasil e em diversos países. A


preocupação com o uso em excesso de medicamentos se dá em razão do maior risco de reações
adversas nos idosos, sendo necessárias estratégias para que o uso seja feito de maneira adequada
e segura. Além disso, devem ser implementadas medidas preventivas de atenção à saúde, a fim
de melhorar a qualidade de vida e evitar o aparecimento de doenças crônicas, reduzindo assim
a necessidade do uso de medicamentos.
34

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