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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CAROLINE FERREIRA SIMÕES

LETRAMENTO EM SAÚDE PARA PACIENTES IDOSOS COM HIPERTENSÃO


ARTERIAL: revisão de escopo

RIO DE JANEIRO
2023
CAROLINE FERREIRA SIMÕES

LETRAMENTO EM SAÚDE PARA PACIENTES IDOSOS COM HIPERTENSÃO


ARTERIAL: revisão de escopo

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de bacharel em
Farmácia.

Orientadora: Aline Leal Cortes


Coorientadora: Lucienne da Silva Lara
Morcillo

RIO DE JANEIRO
2023
CIP - Catalogação na Publicação

Simões, Caroline Ferreira


S593l Letramento em saúde para pacientes idosos com
hipertensão arterial: revisão de escopo / Caroline
Ferreira Simões. -- Rio de Janeiro, 2023.
58 f.

Orientadora: Aline Leal Cortes.


Coorientadora: Lucienne da Silva Lara Morcillo.
Trabalho de conclusão de curso (graduação) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade
de Farmácia, Bacharel em Farmácia, 2023.

1. Letramento em saúde. 2. Educação em saúde. 3.


Hipertensão. 4. Idosos. I. Cortes, Aline Leal,
orient. II. Morcillo, Lucienne da Silva Lara,
coorient. III. Título.

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos


pelo(a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais


(Edineide e Paulo) e minha irmã (Juliana) que
sempre me apoiaram, incentivaram e
contribuíram para que eu chegasse até aqui.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me sustentado e me confortado durante toda a


graduação. E por ter me dado a oportunidade de chegar até aqui.

Aos meus pais, Edineide e Paulo, por todo suporte, dedicação, presença, incentivo e
por não medirem esforços para que eu realizasse os meus sonhos. Sem eles, não
seria possível chegar até aqui.

À minha irmã, Juliana, pelo companheirismo, ajuda e incentivo, tornando meus dias
mais leves.

À minha avó, Maria do Carmo, pelas orações e presença em todos os momentos da


minha vida.

Aos meus avós, Lia (in memoriam) e João (in memoriam) por todo carinho e cuidado.

A todos os meus amigos, pela amizade, apoio e por serem fortaleza em todos os
momentos.

A todos os meus familiares por todo carinho e torcida por mim.

À minha orientadora, Aline, por todos os ensinamentos durante minha passagem


como monitora na Farmácia Universitária UFRJ. E pela confiança, paciência,
orientação e sugestões oferecidas para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de
Curso. E à minha coorientadora, Lucienne, por ter topado o desafio de auxiliar na
construção deste estudo.

Ao Luis Phillipe, pela disponibilidade, tempo e aprendizados que contribuíram para


melhor compreensão sobre o universo científico, sobretudo, revisões da literatura.

À Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Faculdade de Farmácia, por me


proporcionar tantos conhecimentos, me permitir vivenciar momentos incríveis e me
dar a oportunidade de conhecer profissionais exemplares os quais me inspiram.
EPÍGRAFE

“A mente que se abre a uma nova ideia,


jamais voltará ao seu tamanho original”.
(Albert Einstein)
RESUMO

SIMÕES, Caroline Ferreira. LETRAMENTO EM SAÚDE PARA PACIENTES IDOSOS


COM HIPERTENSÃO ARTERIAL: revisão de escopo. Rio de Janeiro, 2023. Trabalho
de conclusão de curso (graduação em Farmácia) - Faculdade de Farmácia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.

Para os próximos anos, projeta-se que a proporção de pessoas com idade de 65 anos

ou mais deverá aumentar globalmente. A hipertensão arterial é a doença crônica que

mais acomete essa população, sendo considerada o principal fator de risco

modificável para doenças cardiovasculares. Com um nível de letramento em saúde

satisfatório, pessoas e comunidades são capazes de tomarem decisões adequadas

que visem seu bem-estar e segurança, alcançando melhores resultados de saúde.

Objetivo: Descrever as estratégias de letramento em saúde utilizadas para

pacientes idosos com hipertensão arterial. Método: Trata-se de uma revisão de

escopo da literatura científica realizada através das recomendações descritas pelo

PRISMA Extension for Scoping Reviews (TRICCO et al., 2018) com busca em três

bases de dados. Os estudos foram identificados e exportados para a plataforma

Rayyan - Intelligent Systematic Review. Por meio dos critérios de elegibilidade, os

artigos foram analisados por título e resumo por 3 revisores e, posteriormente,

avaliados na íntegra por 2 revisores. Os critérios de inclusão consistiram em estudos

primários, idosos hipertensos em uso de pelo menos um anti-hipertensivo,

descrição de pelo menos uma estratégia de letramento em saúde e todas as

localizações geográficas foram elegíveis. Estudos divergentes dos critérios de

inclusão e que não apresentaram resultados exclusivos para idosos hipertensos foram

excluídos. Resultados: Por meio da busca eletrônica, 6442 artigos foram

identificados nas bases de dados, dos quais 1486 eram duplicatas e foram

removidos automaticamente pelo Rayyan. Com base nos títulos e resumos, 4887
artigos foram excluídos e 59 foram eliminados por análise de texto na íntegra. 10

estudos foram incluídos nesta revisão de escopo. Analisando-os, verificou-se que

as estratégias utilizadas para os idosos hipertensos foram: sessões educativas

em grupo presencial, sessões educativas individual presencial, uso de material

educativo escrito, sessões educativas via aparelhos eletrônicos e/ou computador,

aconselhamento individual, exercício físico e diário de saúde pessoal. Nas

sessões educativas, diversos temas foram abordados, destacando-se a natureza da

hipertensão, nutrição e exercício físico. Os ambientes nos quais as intervenções

foram aplicadas mostraram a importância do envolvimento de uma equipe

multidisciplinar nas estratégias voltadas para o letramento em saúde para idosos

hipertensos. Conclusão: Diferentes intervenções, por meio de estratégias isoladas ou

combinadas, foram utilizadas nos estudos. Todas elas apresentaram resultados

positivos, apesar de nem todos os parâmetros terem sido estatisticamente

significativos. As estratégias que mais se destacaram foram “sessões educativas em

grupo” e “uso de material escrito”. E os desfechos mais observados entre os idosos

foram aumento da compreensão sobre a doença, redução da pressão arterial e

melhora na adesão ao tratamento.

Palavras-chave: Letramento em saúde. Educação em saúde. Hipertensão. Idosos.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Relação entre o letramento em saúde e os determinantes sociais da saúde


associada aos resultados de médio e longo prazo ------------------------------------------13

Figura 2 – Proporção de pacientes internados em 1994 e 1995 de acordo com o nível


de letramento em saúde ----------------------------------------------------------------------------14

Figura 3 – Idosos residentes em municípios com os mais altos níveis de letramento


em saúde experimentaram melhores resultados de saúde comparado a municípios
com menores níveis de letramento em saúde ------------------------------------------------ 19

Figura 4 – Fluxograma do processo de inclusão e exclusão dos estudos por meio da


busca eletrônica nas bases de dados ---------------------------------------------------------- 27
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das características dos principais instrumentos de avaliação do


letramento em saúde -------------------------------------------------------------------------------- 13

Quadro 2 – Atendimento no SUS referente ao ano de 2016 ------------------------------ 16

Quadro 3 – Mortalidade por hipertensão entre os anos 2006 e 2016 ------------------ 17

Quadro 4 – Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados ----------------------- 24

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país,


população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados ------------------------------- 28

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente


assistencial segundo autor ------------------------------------------------------------------------ 34

Quadro 7 – Categorização das estratégias utilizadas nas intervenções dos estudos,


exceto intervenções indiretas --------------------------------------------------------------------- 41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVE Acidente Vascular Encefálico


BVS Biblioteca Virtual em Saúde
CDC Centers for disease control and prevention
DAC Doença Arterial Coronária
Dant Doenças e Agravos Não Transmissíveis
DeCS Descritores em Ciências da Saúde
DAOP Doença Arterial Obstrutiva Periférica
DCNT Doença Crônica Não Transmissível
DCV Doenças Cardiovasculares
DRC Doença Renal Crônica
FA Fibrilação Atrial
HA Hipertensão Arterial
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Insuficiência Cardíaca
LS Letramento em Saúde
MeSH Medical Subject Headings
mmHg Milímetro de mercúrio
NAAL National Assessment of Adult Literacy
ONU Organização das Nações Unidas
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PA Pressão Alta
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
QATHAS Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial
Sistêmica
REALM Rapid Estimate of Adult Literacy in Medicine
SUS Sistema Único de Saúde
TOFHLA Test of Functional Health Literacy in Adults
VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico
WHO World Health Organization
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
1.1 LETRAMENTO EM SAÚDE 12
1.2 HIPERTENSÃO ARTERIAL 15
1.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA 18
2 QUESTÃO NORTEADORA E OBJETO 20
2.1 QUESTÃO NORTEADORA 20
2.2 OBJETO 20
3 OBJETIVO 21
3.1 OBJETIVO GERAL 21
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21
4 JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA 22
5 METODOLOGIA 23
5.1 TIPO DE ESTUDO 23
5.2 FONTE DE DADOS 23
5.3 ESTRATÉGIA DE BUSCA 23
5.4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE 24
5.4.1 Critérios de inclusão 24
5.4.2 Critérios de exclusão 24
5.5 SELEÇÃO DOS ARTIGOS 25
5.6 EXTRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 25
5.7 CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS 26
6 RESULTADO E DISCUSSÃO 27
6.1 SELEÇÃO DAS FONTES DE EVIDÊNCIA 27
6.2 CARACTERÍSTICAS DAS FONTES DE EVIDÊNCIA 28
6.3 INTERVENÇÕES E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 34
6.4 CATEGORIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS 41
6.5 ELABORAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS COMO SUPORTE 44
6.6 TEMATIZAÇÃO E AMBIENTE ASSISTENCIAL 45
7 CONCLUSÃO 47
8 REFERÊNCIAS 48
9 APÊNDICE 53
10 ANEXOS 55
12

1 INTRODUÇÃO

1.1 LETRAMENTO EM SAÚDE

Letramento em saúde (LS) representa o conhecimento e as competências


pessoais que se acumulam por meio das atividades diárias, interações sociais e entre
gerações no âmbito da saúde (WHO, 2021). Esses conhecimentos e competências
são “mediados por estruturas organizacionais e disponibilidade de recursos que
permitem que as pessoas acessem, compreendam, avaliem e utilizem informações e
serviços, de forma que promovam e mantenham a boa saúde e o bem-estar” (WHO,
2021, p.6). O LS, trata-se de um resultado observável da educação em saúde, sendo
considerado fundamental para tomada de decisões informadas capacitando pessoas
e comunidades (BRÖDER et al., 2018; WHO, 2021).
Para Centers for disease control and prevention - CDC (2022), o LS é
indispensável para todos os indivíduos, pois cuidar da saúde faz parte do cotidiano e
não, apenas, quando se visita hospitais ou clínicas. Mesmo as pessoas com nível de
LS satisfatório ou que costumam se sentir confiantes para resolver problemas de
saúde podem, em algum momento, se deparar com termos médicos ou informações
técnicas que tenham dúvidas (CDC, 2022).
De acordo com a World Health Organization, o letramento em saúde

não é responsabilidade exclusiva dos indivíduos. Todos os provedores de


informação, incluindo governo, sociedade civil e serviços de saúde devem
permitir o acesso a informações confiáveis de forma compreensível e
acionável para todas as pessoas. Esses recursos sociais para o letramento
em saúde incluem regulamentação do ambiente de informação e mídia (oral,
imprensa, radiodifusão e digital) em que as pessoas obtêm acesso e usam
informações de saúde (WHO, 2021, p.7)

Magnani et al. (2018) reforça a importância do LS e acrescenta que os


determinantes sociais da saúde estão fortemente relacionados a ele (Figura 1).
Segundo WHO (2021), esses determinantes se tratam das “condições sociais,
culturais, políticas, econômicas e ambientais nas quais as pessoas nascem, crescem,
vivem, trabalham e envelhecem”. Com isso, o LS deve ser inclusivo e equitativo à
educação de qualidade (PASSAMAI et al., 2012, WHO, 2021).
13

Figura 1 – Relação entre o letramento em saúde e os determinantes sociais da saúde associada aos
resultados de médio e longo prazo.

Fonte: Adaptado de Magnani et al. (2018).

Para determinação do nível de letramento em saúde, segundo Marques e


Lemos (2017), diversos instrumentos podem ser utilizados, dentre os destaques estão
o TOFHLA (Test of Functional Health Literacy In Adults) e o REALM (Rapid Estimate
of Adult Literacy in Medicine), cuja classificação é dada por pontuações específicas
conforme descrito no Quadro 1.

Quadro 1 – Síntese das características dos principais instrumentos de avaliação do letramento em


saúde.

Instrumento Principais características

Método de avaliação: Autoadministrado, com orientações verbais


prévias. Para os itens de compreensão de leitura, são apresentadas
sentenças com palavras ausentes. Os avaliados selecionam uma
entre quatro opções de resposta para o preenchimento das lacunas.
Os textos utilizados são de materiais reais do contexto da saúde,
como formulários médicos e instruções quanto a exames. Para os
itens de numeramento, são apresentados materiais relativos a
Test of Functional prescrições médicas e é solicitado que o paciente responda
Health Literacy in Adults verbalmente às perguntas.
(TOFHLA) Itens de avaliação: 50 itens de compreensão de leitura e 17 de
habilidades numéricas.
Tempo de aplicação: 22 minutos
Classificação dos resultados: pontuação varia de 0 a 100 (0 a 50
para compreensão de leitura, o mesmo para o numeramento). Os
resultados estabelecem níveis de letramento funcional em saúde:
Inadequado (0-59 pontos), marginal (60-74 pontos) e adequado
(75-100 pontos).

Continua
14

Quadro 1 – Síntese das características dos principais instrumentos de avaliação do letramento em


saúde (continuação)
Instrumento Principais características

Método de avaliação: O paciente lê em voz alta uma lista de 66


termos médicos, organizados em ordem crescente de dificuldade.
Cada palavra pronunciada corretamente equivale a 1 ponto.
Itens de avaliação: 66 termos da área da saúde.
Rapid Estimate of Adult
Tempo de aplicação: 2 a 3 minutos.
Literacy in Medicine
Classificação dos resultados: A pontuação varia de 0 a 66 e
(REALM)
identifica o letramento em saúde como inadequado (0-44 acertos),
limitado (45-60 acertos) e adequado (61-66). O REALM atribui 1
entre 4 graus de letramento estimados: 1) 3 ª série e abaixo
(pontuação de 0 a 18), 2) 4ª a 6ª série (19 a 44 pontos), 3) 7ª a 8ª
série (45 a 60 pontos) e 4) 9ª série e acima (61 a 66 pontos).
Fonte: adaptado de Marques e Lemos (2017)

Os pacientes com baixo letramento em saúde, segundo CDC (2020), estão


sujeitos a maior probabilidade de internação hospitalar, maiores chances de visitas a
salas de emergência, menores taxas de adesão terapêutica e maiores taxas de
mortalidade.
Segundo Griffey et al. (2014), em um estudo conduzido no pronto-socorro
acadêmico, utilizando-se registros eletrônicos de um repositório central de dados, foi
visto que dentro de 14 dias, pacientes com LS inadequado tiveram maior reincidência
(36,8%), comparado com pacientes em níveis marginal (33,3%) e adequado (24,9%).
Em um outro estudo, segundo Baker et al. (1998), verificou-se que durante 1994 e
1995, pacientes com letramento inadequado foram 2 vezes mais propensos a serem
hospitalizados do que pacientes com letramento adequado (31,5% vs 14,9%).

Figura 2 – Proporção de pacientes internados em 1994 e 1995 de acordo com o nível de letramento
em saúde.

Fonte: Adaptado de Baker et al. (1998)


15

Com isso, diversas intervenções são utilizadas, a fim de alavancar o LS dos


indivíduos e promover melhor qualidade de vida (PASSAMAI et al., 2012). Segundo
Kaplún (2003), Paiva e Vargas (2017), dentre essas intervenções, pode-se incluir
diferentes materiais educativos como cartilhas, folhetos, folders, livros e vídeos. Com
a modernidade, o formato digital tem ganhado espaço e dessa forma, sites, aplicativos
e jogos interativos também têm sido utilizados como instrumentos para educação em
saúde (KUWABARA; SU; KRAUSS, 2019). Contudo, para que uma pessoa seja
considerada letrada, não basta apenas que ela saiba acessar sites ou ler panfletos
(PASSAMAI et al., 2012; WHO, 2021). É preciso que o indivíduo tenha a capacidade
de compreender, exercer o julgamento crítico, interagir e expressar as necessidades
pessoais e sociais relacionadas à saúde (MOREIRA; NÓBREGA; SILVA, 2003;
PASSAMAI et al., 2012; WHO, 2021).
Para Van Der Heide et al. (2018), o LS desempenha um papel fundamental na
gestão de doenças crônicas, visto que para um manejo eficaz, o autocuidado é
primordial. Sendo necessário, então, que os pacientes tenham acesso a medidas
educativas e sejam capazes de utilizar corretamente as informações de saúde em seu
dia a dia (PASSAMAI et al., 2012).

1.2 HIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial (HA) se trata de uma doença crônica não transmissível


(DCNT) de condição clínica multifatorial caracterizada pela elevação sustentada da
pressão sanguínea nas artérias (BARROSO et al., 2021; BRASIL, 2022). O
diagnóstico pode ser definido quando a pressão arterial sistólica (PAS) do paciente é
≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) é ≥ 90 mmHg (UNGER et al.,
2020). Dentre os principais fatores de risco para a doença, destacam-se a genética, o
sexo, a etnia, o envelhecimento, o sobrepeso, o aumento de ingestão de sódio, o
sedentarismo, o consumo de álcool e o baixo poder socioeconômico (MALACHIAS et
al., 2016).
Frequentemente, a doença não apresenta sinais e sintomas de alerta, sendo
considerada uma “silent killer”, em português “assassina silenciosa” (WHO, 2021;
FDA, 2021). Porém, quando aparecem, costumam ser em casos mais graves de HA,
quando a doença está avançada e a pressão já está muito elevada. Os principais
16

sintomas são dores no peito, dores de cabeça, tonturas, zumbido nos ouvidos,
fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal (BRASIL, 2021).
A HA mantém forte associação com distúrbios metabólicos, alterações
estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvos como coração, encéfalo, rins e sistema
arterial (RIO DE JANEIRO, 2016). É considerada o principal fator de risco modificável
para doenças cardiovasculares, doença renal crônica (DRC) e morte prematura,
tendo-se um impacto significativo no número de internações e custos médicos, devido
às complicações nesses órgãos (BARROSO et al., 2021). Dentre as complicações,
destacam-se doença arterial coronária (DAC), insuficiência cardíaca (IC), acidente
vascular encefálico (AVE) e doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), além da
DRC, que pode se agravar e levar o paciente a necessitar de terapia dialítica
(BARROSO et al., 2021).
As DCV são o principal motivo de óbito nas Américas, sendo a hipertensão
arterial responsável por mais de 50% dos casos como fator desencadeador (OPAS,
2022). Segundo os indicadores da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2022), no
Brasil, por dia ocorrem mais de 1100 óbitos por DCV, por hora são cerca de 46 mortes
e a cada 90 segundos, 1 pessoa morre.
Em âmbito mundial, estima-se que 1,28 bilhão de adultos com idades entre 30
e 79 anos tenham hipertensão arterial, sendo que aproximadamente apenas 1 em
cada 5 adultos (21%) têm a doença sob controle (WHO, 2021). No Brasil, segundo o
VIGITEL 2021, a prevalência de hipertensão autorreferida foi de 26,3%. Em ambos os
sexos, observou-se que a frequência de diagnóstico aumentou com a idade, chegando
em 2021, a 61% entre os adultos com 65 anos ou mais (BRASIL, 2022).
De acordo com as estatísticas em 2016, foram registrados um total de 983.256
internações e atendimentos ambulatoriais no SUS, gerando um custo de cerca de
R$61,2 milhões (BRASIL, 2022).

Quadro 2 – Atendimento no SUS referente ao ano de 2016

Frequência Valor
Internações (SIH) 83.688 R$ 37.416.706,61

Atendimento Ambulatorial (SAI) 899.568 R$ 23.839.365,70

TOTAL 983.256 R$ 61.256.072,31


Fonte: Adaptado de BRASIL (2022)
17

Em relação a mortalidade por HA, registros mostraram que entre 2006 e 2016,
ocorreram um total de 489.848 óbitos (BRASIL, 2022).

Quadro 3 – Mortalidade por hipertensão entre os anos 2006 e 2016

Ano do óbito Masculino Feminino Total


2006 17.164 19.543 36.707
2007 18.468 20.859 39.327
2008 20.303 22.724 43.027
2009 21.082 23.180 44.262
2010 21.190 23.862 45.052
2011 21.699 24.967 46.666
2012 21.212 24.085 45.297
2013 22.031 24.796 46.827
2014 21.382 24.386 45.768
2015 21.893 25.387 47.280
2016 23.529 26.106 49.635
Total 229.953 259.895 489.848
Fonte: Adaptado de BRASIL (2022)

O tratamento para hipertensão pode ser não farmacológico como controle de


peso, hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas,
abandono do tabagismo, restrição do consumo de sódio e prática de atividade física
regular. Bem como farmacológico, realizado por meio do uso de anti-hipertensivos,
como diuréticos, inibidores adrenérgicos, vasodilatadores diretos, bloqueadores dos
canais de cálcio e inibidores da ECA (MALACHIAS et al., 2016).
Segundo a ONU e a OMS, idosos são todos aqueles que possuem 60 anos ou
mais em países em desenvolvimento, ou 65 anos ou mais em países desenvolvidos
(apud BARROSO et al., 2020). Para essa faixa etária, segundo as Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020), a preocupação é ainda maior, uma vez que
com o avançar da idade, ocorre o envelhecimento vascular caracterizado por
alterações na microarquitetura da parede dos vasos, e consequente enrijecimento e
perda da elasticidade.
18

1.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Para os próximos anos, projeta-se que a proporção de pessoas com idade de


65 anos ou mais deverá aumentar globalmente, passando de 10% em 2022 para 16%
em 2050 (NAÇÕES UNIDAS, 2022). No Brasil, segundo o IBGE (2022), a
porcentagem de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 11,3% em 2012 para 14,7%
em 2021, correspondendo em números absolutos a 22,3 milhões e 31,2 milhões,
respectivamente. Até 2025, segundo WHO (2005), o Brasil será o sexto país do mundo
em número de idosos.

A transição demográfica é acompanhada pela transição epidemiológica,


caracterizada pelo aumento progressivo da prevalência de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), sendo a população idosa a mais exposta a essas
condições. Tal como em outros países, no Brasil as doenças crônicas não
transmissíveis também se constituem como o problema de saúde de maior
magnitude, sendo responsáveis por 72% das causas de mortes, com
destaque para doenças do aparelho circulatório, câncer, diabetes e doenças
respiratórias crônicas. Estas atingem indivíduos de todas as camadas
socioeconômicas e, de forma mais intensa, aqueles pertencentes a grupos
vulneráveis, como as pessoas idosas e os de baixa escolaridade e renda
(BRASIL, 2022, p.4)

Com isso, diante do crescimento dessa faixa etária, será possível notar um
aumento significativo de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na população
(BRASIL, 2022). Dentre as DCNTs, segundo Boccolini e Camargo (2016), a
hipertensão arterial é a que mais acomete os idosos. Sendo considerada, de acordo
com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020), o principal fator de risco modificável
para doenças cardiovasculares (DCV) e morte prematura.
Em uma publicação de 2003, a National Assessment of Adult Literacy - NAAL
demonstrou a preocupação dos idosos serem a faixa etária que mais apresentam
doenças crônicas e mais utilizam os serviços de saúde, porém apresentam a menor
proporção de pessoas letradas e maior proporção de pessoas com nível abaixo do
básico (apud CDC, 2009).
Sabendo-se que o LS limitado é considerado um obstáculo à prestação de
cuidados da saúde (MAGNANI et al., 2018), em um relatório publicado em 2020, a
UnitedHealth Group EUA, ilustrou a importância do letramento em saúde como
19

componente-chave para o alcance de melhores desfechos clínicos, sobretudo em


idosos. Nesta pesquisa, conforme Figura 3, foi visto que a população idosa residente
dos municípios com os mais altos níveis de LS apresentaram melhores resultados de
saúde comparado aqueles com menor nível de LS. Em números absolutos, se todos
os municípios tivessem letramento em saúde adequado, cerca de 1 milhão de visitas
por ano a hospitais seriam evitadas e $25,4 bilhões/ano poderiam ser economizados
(UnitedHealth Group EUA, 2020).

Figura 3 – Idosos residentes em municípios com os mais altos níveis de letramento em saúde
experimentaram melhores resultados de saúde comparado a municípios com menores níveis de
letramento em saúde.

Fonte: Adaptado de UnitedHealth Group (2020)

Portanto, para NAAL (2003), é fundamental que esforços sejam demandados,


a fim promover melhores níveis de letramento em saúde e qualidade de vida para a
população idosa (apud CDC, 2009).
20

2 QUESTÃO NORTEADORA E OBJETO

2.1 QUESTÃO NORTEADORA

A questão norteadora desta revisão da literatura consistiu em: “Quais são as


estratégias de letramento em saúde utilizadas para pacientes idosos com hipertensão
arterial?”

2.2 OBJETO

Letramento em saúde para pacientes idosos hipertensos.


21

3 OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

Descrever as estratégias de letramento em saúde utilizadas para pacientes


idosos com hipertensão arterial.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Identificar a relevância do letramento em saúde para pacientes idosos com


hipertensão arterial
● Mapear e descrever as medidas educativas utilizadas para pacientes idosos
hipertensos, visando à farmacoterapia
● Categorizar as intervenções educativas
22

4 JUSTIFICATIVA/RELEVÂNCIA

Esta revisão da literatura é relevante por sintetizar o conhecimento e as


intervenções acerca do letramento em saúde para pacientes idosos com hipertensão
arterial. Por meio deste estudo, será possível proporcionar aos pesquisadores e
profissionais de saúde um maior nível de evidência científica para tomada de decisões
sobre estas intervenções.
23

5 METODOLOGIA

5.1 TIPO DE ESTUDO

Este estudo se trata de uma revisão de escopo da literatura científica. De


acordo com Tricco et al. (2018), esse modelo de revisão corresponde a um tipo de
síntese do conhecimento que adota uma abordagem para mapear evidências sobre
um determinado tema. Podendo, assim, identificar conceitos, hipóteses e lacunas de
pesquisas existentes. Para a condução desta revisão, foram seguidas as
recomendações descritas em PRISMA Extension for Scoping Reviews (TRICCO et
al., 2018).

5.2 FONTE DE DADOS

As buscas pelos artigos científicos foram realizadas nas seguintes bases de


dados eletrônicas: PubMed em 13 de junho de 2022, Embase em 18 de julho de 2022
e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) em 18 de julho e 05 de setembro de 2022.

5.3 ESTRATÉGIA DE BUSCA

A busca dos artigos foi conduzida através das palavras-chaves (letramento em


saúde, educação em saúde, idosos e hipertensão) e seus sinônimos presentes no
Medical Subject Headings (MeSH) e nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).
Os termos mencionados foram descritos em inglês, português e espanhol. Para
relacioná-los, foram utilizados os operadores booleanos “AND” e “OR”, conforme
descrito no Quadro 4. Devido às características particulares de cada base de dados,
as estratégias de busca foram adaptadas. Nenhum filtro adicional foi aplicado.
24

Quadro 4 – Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados

Base de dados Estratégias de busca

((("Health Literacy"[Mesh]) OR ("Health Education"[Mesh])) AND


PubMed
("Hypertension"[Mesh])) AND ("Aged"[Mesh])

#1 'literacy, health' OR 'health literacy'/exp OR 'health literacy' OR 'health


education'/exp OR 'health education' OR 'education, health'/exp
OR 'education, health' OR 'community health education' OR 'education,
community health' OR 'health education, community'

Embase #2 hypertension OR 'blood pressure, high' OR 'blood pressures,


high' OR 'high blood pressure' OR 'high blood pressures'

#3 aged OR elderly

#1 AND #2 AND #3
((‘Literacy, Health’ OR ‘Health Literacy’ OR ‘Health Education’ OR
‘Education, Health’ OR ‘Community Health Education’ OR ‘Education,
Community Health’ OR ‘Health Education, Community’) ) AND
((Hypertension OR ‘Blood Pressure, High’ OR ‘Blood Pressures, High’
Biblioteca Virtual em OR ‘High Blood Pressure’ OR ‘High Blood Pressures’) ) AND ((Aged OR
Saúde (BVS) Elderly))
“Letramento em Saúde” OR “Alfabetización en Salud” OR “Educação em
Saúde” OR “Educación en Salud” AND Hipertensão OR Hipertensión
AND Idoso OR Anciano
Fonte: Autoria própria

5.4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

5.4.1 Critérios de inclusão

● Estudos primários (observacional ou experimental);


● Estudos cuja população incluía pacientes idosos hipertensos em uso de pelo
menos um anti-hipertensivo;
● Estudos que descreviam pelo menos uma estratégia de letramento em saúde;
● Todas as localizações geográficas foram elegíveis, não havendo restrição.

5.4.2 Critérios de exclusão

● Estudos que abordavam assuntos divergentes do objetivo deste estudo;


● Estudos cuja população não incluía pacientes idosos com hipertensão arterial
utilizando pelo menos um anti-hipertensivo;
25

● Estudos que não apresentaram resultado exclusivo para a população idosa


hipertensa;
● Revisões, cartas, editoriais, resumos de conferência e publicações com
impossibilidade de acesso online;
● Estudos indisponíveis nos idiomas inglês, espanhol e português (idiomas
compreensíveis pelos revisores).

5.5 SELEÇÃO DOS ARTIGOS

Após a aplicação da estratégia de busca em cada base de dados, os artigos


foram exportados para a plataforma Rayyan - Intelligent Systematic Review para que
fossem gerenciados e triados. As duplicidades foram identificadas pela ferramenta e
eliminadas.
Em seguida, com base nos critérios de elegibilidade, dois revisores (SIMÕES,
C.F. e CORTES, A.L.), de forma independente, realizaram a triagem dos estudos por
meio da leitura dos títulos e resumos utilizando a plataforma Rayyan. Posteriormente,
um terceiro revisor (LOPES, L. F. N.) avaliou os artigos que apresentaram
divergências na análise e definiu quais artigos iriam para a próxima etapa.
No passo seguinte, utilizou-se um atalho metodológico validado que consistiu
em um revisor (SIMÕES, C.F.) realizar a leitura completa dos estudos triados
anteriormente e avaliar com base nos critérios de elegibilidade. Em seguida, o terceiro
revisor (LOPES, L. F. N.) avaliou se concordava e, em caso negativo, um consenso
foi estabelecido para determinar quais artigos seriam incluídos na revisão. Nessa
última etapa, a análise foi realizada através do preenchimento de uma tabela em Excel
com os critérios de inclusão.

5.6 EXTRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Assim como no passo anterior, a extração e análise dos dados foi realizada por
um revisor (SIMÕES, C.F.) e conferido pelo terceiro revisor (LOPES, L. F. N.). Esse
procedimento consistiu em criar uma tabela em Excel e preenchê-la com as variáveis
do banco de dados. As informações coletadas e compiladas na planilha foram: autor,
ano, título, população, nome da estratégica educativa, resultados, desenho do estudo,
objetivo do estudo, limitações metodológicas e conclusão.
26

5.7 CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS

Por fim, as estratégias educativas identificadas nos artigos foram categorizadas


como: sessões educativas em grupo presencial, sessões educativas individual
presencial, uso de material educativo escrito, sessões educativas via aparelhos
eletrônicos e/ou computador, aconselhamento individual, atividade prática de
exercício físico e diário de saúde pessoal.
27

6 RESULTADO E DISCUSSÃO

6.1 SELEÇÃO DAS FONTES DE EVIDÊNCIA

Por meio da busca eletrônica, 6442 artigos foram identificados nas bases de
dados, dos quais 1486 eram duplicatas e foram removidos automaticamente pelo
Rayyan. Em seguida, com base nos títulos e resumos, 4887 artigos foram excluídos
e 59 foram eliminados por análise de texto na íntegra. Sendo, esses últimos, excluídos
pelos motivos descritos na Figura 4 ou pela combinação entre eles. Por fim, 10
registros foram considerados elegíveis e incluídos na revisão.

Figura 4 – Fluxograma do processo de inclusão e exclusão dos estudos por meio da busca eletrônica
nas bases de dados.

Fonte: Adaptado de PRISMA Extension for Scoping Reviews (TRICCO et al., 2018).
28

6.2 CARACTERÍSTICAS DAS FONTES DE EVIDÊNCIA

No Quadro 5, encontram-se os 10 estudos incluídos nesta revisão, juntamente com a síntese sobre a população-alvo, tipo de
estudo, objetivo e resultado. As limitações de cada estudo estão descritas no Apêndice A. Nota-se, em termos de localização
geográfica, que 3 estudos são dos EUA, 2 do Brasil, 1 do Irã, 1 da Espanha, 1 da Argentina, 1 da China e 1 da Coréia do Sul. Sendo
estes, publicados entre 1982 e 2020.

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados.

Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País

Pacientes idosos (60 a 75 Depois de 10 meses de intervenção, 57,2% dos idosos


anos) diagnosticados com Avaliar o efeito de um alcançaram controle da pressão arterial (P = 0,000) e a
hipertensão essencial e programa piloto de redução média foi de 26,6 mmHg (P < 0,0001) para pressão
Aguiar, P. M. apresentaram PA de 140/90 assistência farmacêutica arterial sistólica; 10,4 mmHg (P < 0,0001) para pressão
Estudo quase-
mmHg ou mais; ou
2012, Brasil experimental desenvolvido para idosos arterial diastólica e 15,7 mmHg (P < 0,0001) para pressão de
hipertensão sistólica isolada
(PAS ≥ 140 mmHg com com hipertensão não pulso. A adesão à medicação também melhorou (P = 0,0000);
pressão arterial diastólica controlada. no entanto, os índices antropométricos permaneceram
[PAD] < 90mm Hg). inalterados.

Continua
29

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados (continuação)

Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País

Idosos com idade > 60 anos


com diagnóstico definitivo de
hipertensão primária não
controlada (PA de 140/90 Após a intervenção, as comparações entre os grupos
Avaliar os efeitos da
mmHg ou mais), uso de anti- ajustadas para os escores pré-teste mostraram uma redução
hipertensivo, ausência de educação em autogestão
Ensaio clínico significativa na pontuação média da pressão arterial sistólica
Delavar, F. distúrbios cognitivos ou adaptada ao letramento em
controlado e diastólica e aumento da adesão ao medicamento devido à
2020, Irã psiquiátricos e letramento em saúde sobre a adesão
randomizado intervenção (P <0,05). No entanto, as proporções de pressão
saúde inadequado medicamentosa e controle
determinado por uma arterial sistólica e diastólica controladas não foram
da pressão arterial.
pontuação inferior a 66% com estatisticamente diferentes entre os grupos (P > 0,05).
base na escala de Health
Literacy for Iranian Adults
(HELIA).

Os dados foram coletados no início, 8 semanas e 16 semanas


em 146 participantes que demonstraram aumentos
estatisticamente significativos no conhecimento relacionado à
hipertensão, desde o início até 8 semanas que persistiram em
Melhorar o autocontrole da
16 semanas. Bem como melhorias significativas no estágio de
hipertensão entre os
Residentes da comunidade de prontidão para mudar comportamentos. Além disso, foram
residentes rurais com mais
um condado rural dos observadas reduções clinicamente significativas em todas as
Dye, C. J. Estudo série de de 60 anos por meio da
Apalaches diagnosticados com medidas de resultado, com alterações estatisticamente
2015, EUA casos educação e apoio oferecido
hipertensão arterial com mais significativas na pressão arterial sistólica (-5,781 mmHg; p =
de 60 anos. por voluntários
0,001), peso (-2,475 lb; p < 0,001) e glicose (-5,096 mg/ dl; p
comunitários treinados
=0,004) após ajuste para comparações múltiplas. Após 16
chamados Health Coaches.
semanas, a proporção de participantes com HA controlada
(PAS média inferior a 140 mmHg e PAD média inferior a 90
mmHg”) definida pelo Healthy People 2020 aumentou de
40,4% para 51,0%.

Continua
30

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados (continuação)

Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País

Avaliar a eficácia de uma


intervenção educativa para
idosos hipertensos em uma
unidade de Medicina
Hipertensos com mais de 65
Interna, proporcionando a Ao final da intervenção educacional, observou-se um aumento
anos de idade com diagnóstico
estes pacientes um melhor na porcentagem de respostas corretas, com diferenças
de hipertensão arterial e Ensaio clínico
Estrada, D. conhecimento sobre estatisticamente significativas quanto ao grupo controle a
tratamento farmacológico controlado
2012, Espanha hipertensão e risco respeito dos conhecimentos sobre a hipertensão, fatores de
estável em seu processo agudo randomizado
cardiovascular, de modo risco associados a ela, riscos de ter a pressão arterial elevada
de internação e sem alterações
que tenham elementos e controle da medicação.
neurológicas.
suficientes que lhes
permitam um melhor
envolvimento em seu
processo terapêutico.
A diferença da variação média na pressão arterial sistólica
entre os grupos foi de 7,1 mmHg (intervalo de confiança de
95%, 4–10 mmHg). 67% dos pacientes no grupo de
intervenção foram bem controlados, assim como 51% dos
Melhorar o controle da pacientes no grupo de controle (p<0,001). Os pacientes que
Figar, S. Estudo quase- pressão arterial elevada da participaram das sessões educativas apresentaram a menor
Hipertensos idosos com faixa de
2004, Argentina experimental população onde a razão de probabilidade (0,25; intervalo de confiança de 95%,
idade entre 65 e 91 anos.
intervenção foi aplicada. 0,11–0,54) para pressão arterial acima de 140/90 mmHg na
análise multivariada após ajuste para idade, sexo, nível inicial
de pressão arterial sistólica e alterações na tratamento anti-
hipertensivo. Esses resultados apoiam a eficácia do programa
de intervenção.

Continua
31

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados (continuação)
Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País
Após 18 meses de tratamento, houve uma taxa
Comparar a taxa de significativamente maior de controle da PA nos participantes
Pacientes com HA
controle da pressão arterial do grupo RAMP do que nos participantes individuais do
diagnosticados pelo médico por
dos participantes após RAMP (78,9% vs 36,5%, P < 0,001). A PA sistólica foi
mais de 6 meses. PAS clínica
atendimento no Programa reduzida em 19,7 mmHg (95% IC −22,03, −17,40, P < 0,001)
superior a 140 mmHg (para
Ensaio clínico de Avaliação e Gestão de e a PA diastólica em 8,1 mmHg (95% IC −9,66, −6,61, P <
Fu, S. N. aqueles com idade <80) e
controlado Riscos (Risk Assessment 0,001) no grupo RAMP, enquanto o RAMP individual
2020, China superior a 150 mmHg (para
randomizado and Management Program demonstrou redução 9,3 mmHg (95% IC −12,1, −6,4, P <
aqueles com idade ≥80) ou PAD
- RAMP) em grupo com 0,001) na PA sistólica sem qualquer diferença significativa na
superior a 90 mmHg em suas
aqueles atendidos no PA diastólica. O peso corporal (PC) e o índice de massa
duas consultas clínicas mais
RAMP de atendimento corporal (IMC) dos participantes do grupo RAMP não tiveram
recentes.
habitual (individual). alterações significativas, enquanto os participantes do RAMP
individual tiveram um aumento significativo no PC e no IMC.
Alcançar a PA ideal,
Indivíduos que não tinham
aumentar o conhecimento
previamente participado de um
e autoeficácia sobre as Os resultados sugerem que a satisfação do usuário idoso foi
estudo de programa de
interações alta. A pressão arterial reduziu durante as quatro visitas para
educação pessoal, tivessem
medicamentosas 82% dos participantes. PEP-NG teve um grande efeito no
pelo menos 60 anos de idade
decorrentes das práticas de aumento do conhecimento e autoeficácia para evitar
(por autorrelato), pontuação de
automedicação, reduzir comportamentos adversos de automedicação. O escore de
Neafsey, P. J. alfabetização em saúde de pelo Estudo série de
comportamentos adversos risco comportamental não mudou significativamente, mas foi
2008, EUA menos 44 como medida pela casos
autorrelatados associados significativamente correlacionado com a pressão arterial
ferramenta Rapid Estimate of
a possíveis interações sistólica na quarta visita. Os resultados positivos encontrados
Adult Literacy in Medicine
medicamentosas e nesta pequena amostra sugerem que a PEP-NG pode
(REALM), uso de anti-
demonstrar satisfação desempenhar um papel central na facilitação da comunicação
hipertensivo prescrito e
usando o PEP-NG paciente-profissional e adesão à medicação.
funcionamento físico e cognitivo
(Personal Education
independente.
Program - Next Generation)
Continua
32

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados (continuação)

Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País

Verificar a eficácia do
Envelhecimento Saudável
Após a intervenção, a pressão arterial sistólica do grupo
Indivíduos com idade maior ou e Envelhecimento Feliz
experimental diminuiu significativamente em relação ao grupo
Park, Y. H. igual a 65 anos, frequência Ensaio clínico (Healthy Aging and Happy
controle. Os escores de autoeficácia do exercício, saúde
2011, Coréia do regular no centro de idosos e controlado Aging - HAHA), programa
geral, vitalidade, funcionamento social e saúde mental no SF-
Sul diagnóstico de hipertensão há randomizado integrado de educação em
36 (formulário) foram estatisticamente maiores do que os do
mais de 1 ano. saúde e exercícios para
grupo controle.
idosos com hipertensão
residentes na comunidade.

Apesar do fato de que os pacientes idosos tinham mais


doenças crônicas, mais complicações de hipertensão e
estavam recebendo terapias medicamentosas mais
complexas do que os pacientes mais jovens expostos às
Investigar os efeitos de um mesmas intervenções experimentais, eles demonstraram
Pacientes ambulatoriais com programa de educação em níveis significativamente mais altos de adesão à terapia
Ensaio clínico
Morisky, D. E. hipertensão. A população saúde sobre o controle da medicamentosa, níveis significativamente mais altos de
controlado
1982, EUA consistiu em: jovens (<65 anos) pressão arterial elevada no comparecimento às consultas e nenhuma diferença na
randomizado
e idosos (≥ 65 anos). idoso proporção de controle da PA em dois anos de seguimento.
Dados longitudinais coletados em cinco anos de
acompanhamento indicaram nenhum efeito de decaimento.
Esses resultados indicam que o programa pode ser
implementado com sucesso e igualmente eficaz para uma
população idosa.

Continua
33

Quadro 5 – Caracterização dos estudos incluídos segundo autor, ano, país, população, tipo de estudo, objetivo e principais resultados (continuação)

Primeiro autor
População Estudo Objetivo Resultado
Ano, País

Após os Círculos de Cultura no grupo intervenção (GI),


verificou-se mudança de nível na escala de adesão ao
tratamento da HAS, expressa pelo aumento do percentual de
idosos no nível 100, que passou de 27,6% para 41,4%. Além
disso, constatou-se diferença significativa na média de
pontuação atingida pelos idosos ao responder o questionário
de adesão ao tratamento da hipertensão arterial sistêmica -
QATHAS (Anexo A) depois do Círculo de Cultura. Quanto
Idosos com hipertensão arterial Analisar o Círculo de
aos níveis de LS, o nível conceitual foi prevalente nos dois
sem comorbidades cadastrados Cultura como promotor do
Machado, A. L. G. Estudo quase- grupos antes e depois dos Círculos. O desempenho do GI
no SISHIPERDIA e letramento em saúde e
2015, Brasil experimental apresentou melhora nos níveis funcional e empoderamento
acompanhados em 2 unidades adesão terapêutica em
após as intervenções, mas ao comparar os grupos, o GI
da ESF sorteadas no estudo. idosos com hipertensão.
apresentou melhor resultado que o grupo controle (GC)
apenas no nível conceitual no período pós-intervenção. Os
aspectos das dimensões do LS em que o GI apresentou mais
expressividade em relação ao GC após participação nos
Círculos de Cultura foram: compreensão das informações,
habilidade para buscar informações, atitudes para resultados
e apoio social. O Círculo da Cultura apresentou efeito positivo
na adesão ao tratamento de HA e no LS dos idosos.
Fonte: Adaptado de AGUIAR, P. M. et al. (2012), DELAVAR, F.; PASHAEYPOOR, S.; NEGARANDEH, R. (2020); DYE, C. J.; WILLIAMS, J. E.; EVATT, J.H.
(2015), ESTRADA, D. et al. (2012), FIGAR, Silvana et al. (2004), FU, S. N. et al. (2020), NEAFSEY, P. J. et al. (2008), PARK, Y. H. et al. (2011), MORISKY, D. E.
et al. (1982) e MACHADO, A. L. G. (2015)
34

6.3 INTERVENÇÕES E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

As intervenções utilizadas nos estudos e a síntese das suas principais características podem ser encontradas no Quadro 6,
bem como o ambiente assistencial onde a intervenção foi aplicada.
Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Uso de intervenções educativas verbais e visuais por meio de um programa de atenção farmacêutica focado em
educação em saúde e monitoramento de problemas relacionados a medicamentos (PRM)
➢ Formato presencial com visitas mensais do programa de 40 a 60 minutos
Farmácia
➢ Materiais utilizados: apresentações interativas com slides, manuscritos, folhetos informativos e tabelas de medicamentos
comunitária
(Anexo B).
pertencente
➢ Assuntos dos materiais: hipertensão (natureza, causas e tratamento), autogestão de medicamentos (reações adversas,
Aguiar, P. M. à rede
administração e armazenamento) e mudanças no estilo de vida.
Farmácias
➢ Durante o programa, o farmacêutico identificou e resolveu os problemas relacionados a medicamentos (PRMs), Populares do
classificando-os de acordo com o método estabelecido na propedêutica farmacoterapêutica: necessidade, efetividade, Brasil
segurança e adesão
➢ As intervenções do farmacêutico em relação às mudanças na farmacoterapia foram encaminhadas aos médicos
verbalmente ou escritos por meio de relatórios.

Sessões educativas para autogestão adaptadas de acordo com o letramento em saúde


➢ 2 sessões educativas semanais de 30 a 45 minutos (presencial)
➢ 4 sessões educativas, duas vezes na semana de 15 minutos (por telefone)
Clínica
➢ Foi utilizado materiais educativos com temas relacionados à hipertensão (definição da doença, fatores de risco,
Delavar, F. cardiovas-
complicações, medicamentos, efeitos colaterais, adesão medicamentosa e importância de visitas médicas regulares para
cular
monitoramento da pressão arterial). Todos os materiais foram adaptados de acordo com o letramento em saúde do
paciente. Para isso, 1 especialista em terapia intensiva e 3 especialistas em promoção da saúde avaliaram os materiais.
➢ Uso do método teach bach (método “ensinar de volta” em português) nas sessões educativas presenciais e por telefone.

Continua
35

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Sessões educativas e desenvolvimento de um diário pessoal de saúde por meio de um programa focado em educação
para autogestão (Health Coaches for Hypertension Control - HCHC)

➢ Sessões educativas em grupo compostas por 8 módulos principais e 8 módulos suplementares de 1h30 cada.

Módulos básicos: 1) Discussão inicial sobre plano de ação individual e monitoramento de comportamentos utilizando um diário
de saúde pessoal; 2) Noções básicas de controle da hipertensão: visão geral sobre comportamentos e estilo de vida, incluindo
gestão de medicamentos para o controle da hipertensão. Os pacientes receberam um monitor de pressão arterial e foram
ensinados de como utilizar; 3) Nutrição: módulo focado no controle de peso e a dieta DASH; 4) Atividade Física: abordagem
sobre controle do peso e planos personalizados para aumentar a atividade física; 5) Uso de tabaco: materiais e informações
sobre programas sobre cessação do tabagismo; 6) Gestão do Stress: técnicas de relaxamento recomendadas para gerir o stress
e melhorar a pressão arterial. Os participantes recebem um CD de gerenciamento de estresse; 7) Gestão de medicamentos:
Dye, C. J. abordagem sobre como funcionam os medicamentos de hipertensão e desenvolvimento de um plano personalizado de gestão Comunidade
de medicamentos; 8) Plano de ação de longo prazo: desenvolvimento de um plano de ação pessoal de longo prazo para
continuar as atividades de controle da hipertensão nas próximas 8 semanas.
Módulos suplementares: 1) 6 aulas semanais de nutrição: ênfase no desenvolvimento de habilidades na leitura dos rótulos dos
alimentos, na compra e na preparação de alimentos saudáveis. Incentivo: uso de livro de receita; 2) 2 aulas de atividade física:
ênfase no módulo principal e no desenvolvimento de habilidades para estabelecer um plano de atividade física personalizado
visando a redução do risco de lesões e manutenção das atividades físicas. Incentivo: Pedômetro para estabelecer metas e
autoavaliação.
➢ Os módulos foram adaptados para os indivíduos com baixa escolaridade e letramento em saúde.
➢ Os participantes receberam um notebook para atividades interativas.
➢ Materiais utilizados nas sessões educativas: Disease Control and Prevention CHW sourcebook; A Training Manual for
Preventing Heart Disease and Stroke; National Institutes of Health; Your Heart, Your Life: A Lay Health Educator’s Manual
(2013); National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI).

Continua
36

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Sessões educativas verbais e escritas


Unidade de
Estrada, D. ➢ Durante a internação, os pacientes receberam um tríptico que incluía a definição de hipertensão, fatores de risco que podem medicina
interna de
favorecer o aparecimento da doença, problemas subsequentes que podem surgir com a pressão alta e formas de controle. um hospital
➢ A entrega do tríptico foi complementada com a explicação verbal de um dos investigadores do estudo.

Realização de 2 intervenções indiretas (mudança organizacional e médicos de cuidados primários) e 1 intervenção


direta (sessões educativas verbais e escritas) no Programa Complexo Anti-hipertensivo em Idosos (Complex
Antihypertensive Program in the Elderly - CAPE)

1. Mudança organizacional (indireta): Adição de um consultório dedicado exclusivamente para o programa. Durante a visita,
os pacientes tiveram sua pressão arterial medida e registrada. E em seguida, eram relembrados de realizar a PA
semanalmente, manter as mudanças no estilo de vida e cumprir com o tratamento farmacológico. O lembrete era verbal e
com folhetos especialmente elaborados para idosos.
Fígar, S. Hospital
2. Médicos de atenção primária (indireta): A fim de alcançar um maior nível de comprometimento, estabeleceu-se a
participação ativa dos médicos da atenção primária, especialistas em hipertensão e epidemiologistas. Receberam apoio da
gestão e tiveram encontros focados em: fatores associados ao mau controle da PA, benefícios das pequenas reduções na
PA em idosos, relação médico-paciente em doenças crônicas e intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Os
médicos recebiam lembretes eletrônicos cada vez que abriam o prontuário eletrônico podendo observar os registros de PA
dos pacientes.

3. Sessões educativas (direta): 4 sessões educativas que ofereciam aprendizagem e participação ativa: tópicos com ênfase
às mudanças comportamentais. As sessões foram conduzidas por especialistas em hipertensão.

Continua
37

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Adição da estratégia educação em grupo no Programa de Gerenciamento e Avaliação de Risco (Risk Assessment and
Management Program - RAMP)

➢ No programa habitual do RAMP, as enfermeiras clínicas eram treinadas para realizarem avaliação de risco, aconselhamento
pessoal de estilo de vida e encaminhamento para serviços de saúde multidisciplinares (exemplo: fisioterapeuta, nutricionista
e terapia ocupacional). Como intervenção, ofereceu-se um programa de educação em grupo após o expediente.
➢ Etapas da educação em grupo:
○ Palestra educacional de 30 minutos, com foco nas modificações do estilo de vida para hipertensão, como evitar fatores
de risco e atividades físicas aeróbicas regulares de pelo menos média intensidade.
Fu, S. N. ○ Os participantes tiveram 15 a 30 minutos para discutir entre si sobre como implementar mudanças em sua vida diária. Clínica
○ Exibição de um vídeo autoexplicativo de 5 minutos com as etapas da HBPM.
○ Demonstração interativa de 20 minutos, com foco na seleção e no uso de manguitos branquiais e dispositivos de HBPM.
Houve, também, a demonstração de um registro apropriado das leituras de HBPM.
○ Após algumas semanas, os pacientes foram orientados a trazer de volta os medicamentos e o dispositivo de HBPM para
verificar o aparelho e a adesão aos medicamentos.
➢ Materiais utilizados: apresentações e folhetos educativos. Os materiais foram elaborados especialmente para pacientes
idosos com conteúdo escritos de forma simples, sucinta, sem jargões, palavras com tamanho de fonte de pelo menos 14
pontos e uso maximizado de diagramas e imagens. Os tópicos tinham ênfase na gestão do autocuidado.
➢ 2-3 profissionais de saúde auxiliando na demonstração e no treinamento prático de HBPM durante a educação em grupo.

Continua
38

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Uso de um programa de computador/tablet sensível ao toque: Programa de Educação Pessoal - Próxima Geração
(Personal Education Program-Next generation - PEP-NG)

➢ Por meio de um programa de computador/tablet sensível ao toque, os comportamentos de automedicação dos pacientes
eram registrados. O programa analisava as informações inseridas pelos pacientes e fornecia apenas o conteúdo interativo
aplicável aos seus comportamentos.
➢ O programa incluía animações, perguntas interativas e uma impressão que listava os comportamentos e estratégias
corretivas sugeridas junto com uma ilustração da interação medicamentosa.
➢ Resumos dos sintomas autorrelatados do paciente, uso de medicamentos (incluindo frequência/tempo), interações
medicamentosas e as estratégias corretivas eram impressos separadamente para o paciente e para o profissional que
Neafsey, P. J. Comunidade
deveria inserir no prontuário médico.
➢ Os 3 comportamentos adversos de automedicação identificados com os pesos de maior prioridade eram abordados na
educação personalizada fornecida pelo tablet.
➢ No caso de menos de 3 comportamentos adversos relatados, o PEP-NG oferecia um conjunto de até três padrões sobre
adesão à medicação, analgésicos de venda livre que podem ser tomados com segurança com anti-hipertensivos e perigos
da combinação de analgésicos.
➢ O PEP-NG utilizava letras grandes (fonte Arial Black de tamanho 20), nível 6ª série, imagens de 3 cm de altura, barras de
rolagens largas e menus que facilitam a manobra de um usuário que pode ter articulações rígidas e/ou tremor fino. A
velocidade da exibição, os movimentos do objeto e a sequência de animação foram reduzidos para acomodar
adequadamente a capacidade de processamento visual e cognitivo dos idosos.

Continua
39

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Programa integrado de educação em saúde e exercícios para idosos hipertensos denominado Envelhecimento
Saudável e Envelhecimento Feliz (Healthy Aging and Happy Aging - HAHA) utilizando 3 intervenções (educação em
grupo, aconselhamento e exercício)

1. Educação em saúde em grupo: Sessões semanais ministradas por duplas de enfermeiras treinadas. Tópicos de cada sessão:
Introdução, definição e sintomas de hipertensão, complicações da hipertensão, medicamentos, verificação da pressão arterial,
dieta, exercício, gestão do estresse, atendimento de emergência, tabagismo e álcool, estratégia de autogestão e avaliação do
programa.
2. Aconselhamento individual: Aconselhamento individual de saúde por enfermeira treinada para encorajar a iniciação e
Park, Y. H. Comunidade
manutenção de comportamentos de autogestão e para identificar quaisquer problemas potenciais no programa. O tempo para
cada participante era de 1 hora.
3. Exercícios de elástico personalizados para o paciente: O exercício com elástico foi realizado por 12 semanas (2 vezes por
semana). Os fisioterapeutas classificaram os participantes em vários grupos com nível de condicionamento físico semelhante e
2–3 séries de 12–15 tipos de exercícios (15–25 repetições/série) foram realizadas usando um elástico (Thera-band).
Aquecimento: Alongamento leve, 15 min, 1 série; Exercício principal: desenvolvimento de ombros, encolhimento de ombros,
elevação frontal, elevação lateral, rosca bíceps, extensão tríceps, retrocesso, remada curvada, remada sentada, supino, leg
press, agachamento, rosca abdominal, elevação pélvica, tempo 40 min, 15–25 repetições, 2–3 séries com elástico;
Desaquecimento: Alongamento leve, 5 min, 1 série.

Programa de educação em saúde no manejo da hipertensão em idosos utilizando 3 intervenções (aconselhamento,


apoio ao paciente e sessões em grupo)

1. Aconselhamento: Entrevista de aconselhamento de 5 a 10 minutos com o paciente imediatamente após a consulta médica, Ambulatório
Morisky, D. E.
para ajudar a esclarecer e enfatizar a importância do regime terapêutico; hospitalar
2. Apoio ao paciente: Compreensão familiar, apoio e reforço para o paciente;
3. Sessões em grupo: Série de três sessões em grupo de 1 hora, para aumentar a compreensão do paciente e os sentimentos
de autoconfiança sobre seu problema, particularmente em relação ao gerenciamento e adesão.

Continua
40

Quadro 6 – Síntese das principais características das intervenções e ambiente assistencial segundo autor (continuação)

Primeiro Local da
Intervenção e suas principais características
autor intervenção

Círculo de Cultura (CC) realizado em 3 etapas: investigação temática, tematização e problematização

1. Investigação temática: Os temas geradores discutidos no CC foram escolhidos por representar o universo vocabular e
coletivo dos idosos através de entrevistas com os participantes.
2. Tematização: Uso de técnicas de sensibilização e acolhimento com o uso de pulseiras e/ou balões coloridos, a fim de
estimular a aproximação entre os idosos e a expressão de sentimentos em relação às experiências com anti-hipertensivos
para tratamento. Utilizou-se, também, a produção de desenhos, textos e trabalhos manuais com massa de modelar. Um
vídeo sobre hipertensão e imagens sobre o tratamento em projetor multimídia foram utilizados para estimular a participação Unidades da
dos idosos. E em seguida, os participantes foram convidados a escrever ou desenhar o que vinha à mente após ter assistido Estratégia
o vídeo e visualizado as imagens. Saúde da
Machado, A. 3. Problematização: Nessa etapa, utilizou-se o recurso da encenação. As dramatizações eram situações-problemas que Família
deveriam ser discutidas e solucionadas pelos idosos. Os participantes foram estimulados a relatar se já vivenciaram situações (ESF)
L. G.
Atenção
semelhantes. Uma caixa de medicamento confeccionada pela pesquisadora com diferentes doses de um anti-hipertensivo
primária à
foi utilizada para ilustrar as cenas. saúde
○ Primeira situação-problema: encenação de uma idosa que apresentava dificuldade em realizar cálculos matemáticos
simples para tomar a dose correta do medicamento anti-hipertensivo prescrito. Além disso, também se esquecia de
tomar o medicamento nos mesmos horários.
○ Segunda situação-problema: encenação de uma idosa que não comparecia com regularidade às consultas com o
médico e/ou o enfermeiro para acompanhamento do tratamento de hipertensão por não compreender o que eles diziam.
A personagem não compreendia as palavras e expressões utilizadas pelos profissionais da saúde e, por isso, apenas
ia à unidade de saúde pegar os anti-hipertensivos.
Por fim, os idosos avaliaram a intervenção com placas com expressões faciais de dúvida, alegria e tristeza.

Fonte: Adaptado de AGUIAR, P. M. et al. (2012), DELAVAR, F.; PASHAEYPOOR, S.; NEGARANDEH, R. (2020); DYE, C. J.; WILLIAMS, J. E.; EVATT, J.H.
(2015), ESTRADA, D. et al. (2012), FIGAR, Silvana et al. (2004), FU, S. N. et al. (2020), NEAFSEY, P. J. et al. (2008), PARK, Y. H. et al. (2011), MORISKY, D. E.
et al. (1982) e MACHADO, A. L. G. (2015)
41

As intervenções se basearam nas seguintes durações de tempo ou acompanhamento: 10 meses de duração (AGUIAR et
al., 2012); 6 semanas de duração (DELAVAR; PASHAEYPOOR; NEGARANDEH, 2020); dados coletados no início do estudo,
8 semanas e 16 semanas (DYE; WILLIAMS; EVATT, 2015); aplicação e resultados dos questionários no momento inicial, na alta e
aos 30 dias (ESTRADA et al., 2012); resultados medidos após 12 meses (FIGAR et al., 2004); a PA de consultório e os parâmetros
clínicos foram avaliados aos 6, 12 e 18 meses (FU et al., 2020); resultados da intervenção foram relatados com base em 4 visitas
mensais (NEAFSEY et al., 2008); 12 semanas de duração (PARK et al., 2011); as medidas que avaliaram os efeitos do programa
educativo foram coletados em 2 e 5 anos de acompanhamento (MORISKY et al.,1982) e reaplicação dos instrumentos QATHAS e
LS pós-teste aplicado 2 a 4 meses após a intervenção educativa (MACHADO, 2015).

6.4 CATEGORIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS

A partir da análise das intervenções de cada estudo, as estratégias utilizadas a fim de promover e/ou melhorar o nível de
letramento em saúde em idosos hipertensos foram categorizadas de acordo com o Quadro 7.

Quadro 7 – categorização das estratégias utilizadas nas intervenções dos estudos, exceto intervenções indiretas.

Sessões Sessões
Sessões educativas via Aconse- Atividade Diário de
educativas em educativas Uso de material
Primeiro autor aparelhos eletrônicos lhamento prática de saúde
grupo individual educativo escrito
e/ou computador individual exercício físico pessoal
presencial presencial

Aguiar, P. M.

Delavar, F.*

Continua
42

Quadro 7 – categorização das estratégias utilizadas nas intervenções dos estudos, exceto intervenções indiretas (continuação)

Sessões Sessões
Sessões educativas via Aconse- Atividade Diário de
educativas em educativas Uso de material
Primeiro autor aparelhos eletrônicos lhamento prática de saúde
grupo individual educativo escrito
e/ou computador individual exercício físico pessoal
presencial presencial

Dye, C. J.*

Estrada, D.

Figar, S.

Fu, S. N.*

Neafsey, P. J.*

Park, Y. H.

Morisky, D. E.

Machado, A. L. G.*

TOTAL 6 3 5 3 2 1 1

Fonte: Autoria própria


*Autores que relataram que personalizam o conteúdo de acordo com o letramento em saúde
43

Por meio da categorização, pôde-se notar que a maioria dos autores utilizaram
combinações de estratégias em suas intervenções, ao invés de utilizá-las
isoladamente. Dentre elas, as “sessões educativas em grupo presencial” e “uso de
material escrito” foram as mais aplicadas.
Em um estudo com pacientes em tratamento oncológico ambulatorial e seus
acompanhantes, notou-se que os materiais impressos como os folhetos educativos
tiveram uma boa recepção e foram capazes de auxiliar na tomada de decisões em
domicílio, principalmente, quando elaborados com clareza na linguagem
(NASCIMENTO et al., 2015).
Segundo Freitas e Cabral (2008), em um estudo sobre o uso de material
impresso como fonte de educação para pacientes traqueostomizados, esse tipo de
material facilita o processo educativo tanto do paciente quanto de seus familiares. Isso
porque após as consultas, leituras podem ser feitas

possibilitando a superação de eventuais decodificações e de rememorização.


Assim sendo, para esse processo, o material escrito apresenta funções que
reforçam as informações orais, serve como guia de orientações para casos
de dúvidas posteriores e auxilia nas tomadas de decisões (FREITAS;
CABRAL, 2008, p. 86)

Em relação às sessões educativas em grupo, um ensaio clínico randomizado


com indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, comparou o uso de estratégias
de educação em grupo e individual, notando-se que ambas foram efetivas, entretanto
apenas na educação em grupo a diferença na redução nos níveis de HbA1c
apresentou significância estatística (p= 0,012) (TORRES et al., 2009).
Bem como, Silva et al. (2014), também abordou, em uma pesquisa descritiva
qualitativa que a maioria dos participantes (pacientes com hipertensão arterial,
inclusive idosos, assistidos por uma equipe da Estratégia de Saúde da Família)
relataram que a educação em grupo, sobretudo as palestras, foram positivas ou
determinantes para o entendimento acerca da hipertensão e demais assuntos
relacionados à saúde.
Para Wilson (1997), combinações de estratégias como o uso de contato
telefônico e aconselhamento individual após ou entre sessões em grupo podem ser
benéficas para gerenciamento de doenças. Visto que, as atividades em grupo por
meio da convivência e descontração, podem motivar o aprendizado possibilitando a
44

partilha de ideias e experiências no âmbito da saúde (SILVA et al., 2014). Ao mesmo


tempo que as atividades individualizadas também têm o seu valor, uma vez que por
mais que exista um subgrupo relativamente homogêneo, determinados pacientes
podem apresentar problemas específicos e as instruções em formato individual
auxiliam na solução de suas necessidades (WILSON, 1997).

6.5 ELABORAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS COMO SUPORTE

Diversos recursos foram utilizados como suporte nas estratégias, dentre eles
estão slides, folhetos informativos, manuscritos, tabela de medicamentos, tríptico,
vídeos, demonstrações interativas, palestras e exercícios. Conforme observado no
Quadro 6, metade dos estudos (DELAVAR; PASHAEYPOOR; NEGARANDEH, 2020;
DYE; WILLIAMS; EVATT, 2014; FU et al., 2020; NEAFSEY et al., 2008; MACHADO,
2015) mencionaram a preocupação em adaptar os conteúdos dos materiais de acordo
com o LS dos usuários como ponto chave.
Os pacientes que possuem letramento em saúde inadequado, frequentemente,
relatam que os médicos usam palavras incompreensíveis, falam muito rápido, não
fornecem informações suficientes quanto ao seu estado de saúde e não se certificam
se a mensagem transmitida foi compreendida (RUDD et al., 2005; SCHILLINGER et
al., 2004, apud PASSAMAI et al., 2012, p. 307). E por isso, segundo Rudd et al. (2005),
é importante que os profissionais da saúde tenham habilidade na comunicação e
utilizem vocabulários simples (apud PASSAMAI et al., 2012, p. 307). Ainda mais, que
somado ao baixo letramento em saúde, muitas vezes o paciente se encontra com
condições físicas e cognitivas prejudicadas pelo adoecimento ou apresenta algum
desconforto que lhe cause constrangimento (RDD et al., 2005 apud PASSAMAI et al.,
2012, p. 307).
Em 2009, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), divulgou um
guia de como desenvolver materiais eficazes de comunicação em saúde, com o
objetivo de promover o letramento em saúde de forma efetiva. Conforme observado
no Quadro 6, algumas das principais orientações abaixo citadas pelo CDC estão
descritas nas intervenções dos estudos:
Etapas pré-elaboração e envolvimento dos usuários:
● Identificar o público-alvo e definir os principais problemas de saúde;
45

● Envolver o público-alvo para determinar quais são suas necessidades,


crenças/valores, interesses e nível de conhecimento sobre o tópico de saúde
que será abordado. Isso permite construção de materiais mais direcionados;
● Elaborar um rascunho do material e pré-testar com o público-alvo. Isso ajuda a
definir o formato e o design mais eficazes para o material;
● Ajustar o rascunho de acordo com o feedback;
● Publicar, distribuir os materiais e avaliar a satisfação do público e sua
compreensão;
Etapa de elaboração de materiais com mensagens claras e relevantes apropriadas
para o público-alvo:
● Fornecer as informações mais importantes primeiro;
● Limitar o número de mensagens, concentrando-se nas mensagens principais;
● Limitar o uso de jargão, linguagem técnica ou científica;
● Usar analogias familiares ao público;
● Informar os benefícios das informações;
● Usar tamanhos de fontes entre 12 e 14 pontos.
● Usar fotografias e ilustrações simples e familiares ao público.
● Organizar as ideias na ordem em que seu público usará.

6.6 TEMATIZAÇÃO E AMBIENTE ASSISTENCIAL

Os estudos abordaram áreas temáticas variadas em suas intervenções, visto


que a HA é uma doença multifatorial e dentre os principais fatores de risco estão o
tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, elevado consumo
de sal, níveis altos de colesterol e falta de atividade física (BRASIL, 2022).
Os tópicos que mais se destacaram nas intervenções foram: autogestão,
natureza da hipertensão (definição, tratamento, complicações e interações
medicamentosas) e mudanças comportamentais (alimentação e atividade física).
Todos os estudos envolveram em seu escopo, o interesse em capacitar os pacientes
e estimular o pensamento crítico permitindo que fossem capazes de tomar decisões
adequadas em relação à sua própria saúde.
Em um estudo realizado em duas Estratégias Saúde da Família, Gewehr et al.
(2018) verificou que os pacientes hipertensos com menor adesão terapêutica
apresentaram maiores valores pressóricos frente aos aderentes. Notando-se que os
46

fatores associados à baixa adesão terapêutica foram: baixa renda, uso de dois ou
mais anti-hipertensivos e dificuldades para ler a embalagem dos medicamentos
(GEWEHR et al. 2018).
Segundo Palmeira et al. (2022), em uma pesquisa descritiva com pacientes
hipertensos em uso de anti-hipertensivos, os resultados mostraram que os seguintes
fatores estão relacionados com a não adesão ao tratamento: esquema terapêutico,
quantidade de medicamentos, efeitos colaterais, condições financeiras, dificuldade de
acesso ao medicamento, desconhecimento da doença e esquecimento. Ao passo que
o conhecimento da doença e terapêutica; sentimentos de medo da morte e
complicações; participação dos profissionais e familiares; e facilidade de acesso aos
medicamentos foram relatados como fatores que favoreciam a adesão ao tratamento
(PALMEIRA et al. 2022).
Com isso, nota-se que a adesão aos medicamentos anti-hipertensivos é uma
questão complexa influenciada por vários aspectos, devendo-se entender a
interferência de cada para melhores cuidados à saúde (PALMEIRA et al. 2022). Nesta
revisão da literatura, conforme Quadro 6, notou-se que as intervenções aplicadas, a
fim de promover maior letramento em saúde em idosos hipertensos, se preocuparam
em solucionar a maior parte desses problemas. Permitindo então, desta forma, que
os pacientes alcançassem um maior nível de conscientização, adesão terapêutica e
melhores resultados de saúde.
As intervenções estiveram presentes em diferentes contextos da saúde, o
número de estudos de acordo com o ambiente assistencial foi: (1) farmácia popular,
(3) ambiente hospitalar, (2) clínica, (3) comunidade e (1) unidade de Estratégia Saúde
da Família (ESF). Em 7 estudos, as intervenções fizeram parte da criação de um
programa de saúde ou foram adicionadas em um programa já existente. Verificando-
se, assim, a importância de uma equipe multidisciplinar com farmacêuticos, médicos
e enfermeiros, por exemplo, na construção do saber relacionados à saúde.
47

7 CONCLUSÃO

Diferentes intervenções, por meio de estratégias isoladas ou combinadas,


foram utilizadas nos estudos visando aumentar o nível de letramento em saúde em
idosos hipertensos. Todas elas apresentaram resultados positivos, apesar de nem
todos os parâmetros terem sido estatisticamente significativos. As estratégias que
mais se destacaram foram “sessões educativas em grupo” e “uso de material escrito”.
Dentre os resultados, os mais evidentes foram: aumento da compreensão sobre a
doença, redução da pressão arterial e melhora na adesão ao tratamento.
As intervenções com medidas mistas foram as mais utilizadas entre os autores
e têm se mostrado eficazes. Visando auxiliar no desenvolvimento de novas
intervenções, utilizando-se esta mesma proposta, uma sugestão é que novos estudos
sejam elaborados com o objetivo de analisar o impacto de cada estratégia
separadamente. Desta forma, os profissionais de saúde poderão de maneira mais
assertiva e direcionada, escolher as estratégias que melhor irão compor um
determinado programa, por exemplo, e que de forma sinérgica irão ser capazes de
promover melhores resultados ao público-alvo.
E por fim, esta revisão mostrou que os diferentes ambientes assistenciais como
clínicas, hospitais e farmácias, bem como o envolvimento de uma equipe
multidisciplinar são fundamentais na melhoria da relação do paciente e sua doença.
O acesso à informação, o incentivo à capacidade crítica e o estímulo à autogestão
permitiram que os pacientes tivessem a doença mais controlada. Entretanto, estudos
que relacionam letramento em saúde e idosos com hipertensão arterial ainda são
escassos, necessitando-se de novas pesquisas.
48

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53

9 APÊNDICE

APÊNDICE A – Síntese das limitações dos estudos incluídos na revisão de escopo segundo os autores.

Primeiro autor Limitações

A farmácia escolhida para este estudo foi a única representante da rede governamental federal de Farmácias Populares do
Brasil no município. Assim, como este estudo foi realizado em um local e vários pacientes foram perdidos no seguimento ou
Aguiar, P. M. excluídos de acordo com o protocolo, o tamanho da amostra foi pequeno. Esses fatores dificultaram o desenho de um estudo
randomizado com grupo controle. Além disso, o farmacêutico da pesquisa fez todas as leituras de pressão arterial. Medidas
feitas por pacientes, médicos ou enfermeiros não fizeram parte do estudo. Acredita-se que essa abordagem pode garantir maior
confiabilidade ao método e reduzir variações nos resultados.

Delavar, F. As limitações deste estudo foram relacionadas aos curtos períodos de intervenção e acompanhamento. E ainda, respostas
provavelmente irrealistas relacionadas à adesão de alguns participantes.

Dye, C. J. Não aplicável

Um mês após a alta, a maioria dos pacientes esqueceram parte do conhecimento adquirido. No entanto, devido ao pequeno
número de pacientes pesquisados, essa conclusão pode limitar a avaliação deste estudo. Outra limitação do estudo, tanto pela
Estrada, D. confiabilidade do instrumento utilizado quanto pelo conhecimento adquirido, foi que os pacientes incluídos foram apenas pacientes
internados e com idade superior a 65 anos. Seria desejável a realização de mais estudos em que os grupos de pacientes incluídos
fossem de todas as idades e sua procedência, além da internação, fosse também da Atenção Primária.
Figar, S. Não aplicável
Em primeiro lugar, apenas a PA do consultório foi registrada em todas as medidas de resultado. Para avaliar uma leitura de PA
mais abrangente, os resultados do estudo podem incluir leituras de PA ambulatoriais ou leituras de PA caseiras por dispositivo
HBPM com memória digital ou funções de transmissão sem fio. Em segundo lugar, como tinha um número limitado de aparelhos
Fu, S. N.
de HBPM, os participantes tiveram que se revezar para usar os aparelhos de HBPM durante o período do estudo. Os pacientes
poderiam descontinuar a HBPM porque tiveram acesso limitado ao dispositivo HBPM. Em terceiro lugar, embora se tenha tentado
minimizar a contaminação por estudo controlado randomizado por cluster, a contaminação potencial ainda pode existir devido à
rotação de pessoal de grupos de intervenção para grupos de controle.

Continua
54

APÊNDICE A – Síntese das limitações dos estudos incluídos na revisão de escopo segundo os autores (continuação).

Primeiro autor Limitações


As limitações deste estudo piloto incluíram uma amostra pequena e homogênea, desenho dentro dos sujeitos, uso autorrelatado
de medicamentos, falta de dados devido ao mau funcionamento do hardware na visita 1 e poder inadequado para detectar
significância estatística. Além disso, a escala Healthcare Relationships foi uma pesquisa de papel e lápis administrada antes da
visita 1 e antes da visita 4 com foco na relação do prestador de cuidados primários em geral, sem identificar se o prestador era
Neafsey, P. J.
um médico, APRN (enfermagem de prática avançada) ou médico assistente. Embora as limitações do teste beta do PEP-NG
(personal education program – next generation) impeçam a generalização para a população de adultos mais velhos, os grandes
efeitos obtidos são achados positivos e sugerem que um estudo em maior escala provavelmente mostrará efeitos benéficos do
uso do PEP-NG.
As limitações potenciais do estudo foram: Primeiro, o estudo compreendeu um período de intervenção relativamente curto de 12
semanas e seria necessário avaliar os efeitos durante um período de intervenção mais longo (por exemplo, 1 ano). Em segundo
lugar, foram incluídos apenas idosos que tinham interesse em controlar a hipertensão. Esses idosos podem estar mais motivados
Park, Y. H.
do que os outros menos interessados em controlar sua PA. Por fim, este estudo foi feito na Coréia e o benefício do programa
Envelhecimento Saudável e Envelhecimento Feliz (HAHA - Healthy Aging and Happy Aging) pode ser diferente em outros países
devido às diferenças culturais.
Morisky, D. E. Não aplicável
A pesquisa apresentou algumas limitações, tais como o acompanhamento dos idosos num curto espaço de tempo após a
intervenção educativa e o reduzido número de Círculos de Cultura realizados com cada idoso, o que torna recomendável a
realização de novos estudos para avaliação dos desfechos investigados com acompanhamento mais prolongado e realização de
mais encontros para que o efeito da intervenção seja mais duradouro. Outra limitação para a realização do estudo foi o espaço
físico restrito para realizar a intervenção educativa na unidade. Essa condição trouxe para o pesquisador a reflexão de que a
realização dos Círculos de Cultura requer planejamento não apenas junto à equipe e aos participantes, mas também uma
Machado, A. L. G.
articulação com outros equipamentos sociais da comunidade, como escolas, igrejas ou outros ambientes onde possam ser
realizadas as intervenções. A ausência de transporte público para que os idosos fossem levados à unidade de saúde para
participar da intervenção educativa também se mostrou como uma dificuldade durante a realização da pesquisa. Considera-se
relevante observar que nem todos os idosos apresentam condições locomotoras preservadas e isso pode comprometer sua
participação nos Círculos, o que requer a co-participação dos sujeitos e maior articulação da unidade de saúde da família com
outros setores sociais para que mais idosos tenham acesso a essas atividades.
Fonte: Adaptado de AGUIAR, P. M. et al. (2012), DELAVAR, F.; PASHAEYPOOR, S.; NEGARANDEH, R. (2020); DYE, C. J.; WILLIAMS, J. E.; EVATT, J.H.
(2015), ESTRADA, D. et al. (2012), FIGAR, Silvana et al. (2004), FU, S. N. et al. (2020), NEAFSEY, P. J. et al. (2008), PARK, Y. H. et al. (2011), MORISKY, D. E.
et al. (1982) e MACHADO, A. L. G. (2015)
55

10 ANEXOS

ANEXO A – Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (QATHAS)

Continua
56

ANEXO A – Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (QATHAS)


(continuação)

Continua
57

ANEXO A – Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (QATHAS)


(continuação)

Fonte: Adaptado de http://www.qathas.com.br/Questionario


58

ANEXO B – Tabela de medicamentos utilizada no estudo de Aguiar et al. (2012)

Fonte: Adaptado de Aguiar et al. (2012)

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