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MÉDICO-CIRÚRGICA
MÉDICO-CIRÚRGICA
Orientadora: Professora Doutora, Isabel Maria Pinheiro Borges Moreira, Professora Adjunta
da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Enfermagem Médico-Cirúrgica
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AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Isabel Moreira queria agradecer pela forma como acolheu o
tema, pelas suas palavras sábias e oportunas, críticas construtivas, sugestões e pela
disponibilidade demonstrada.
Ao Professor Doutor José Carlos Martins pela disponibilidade e pelo seu contributo.
À Instituição de Saúde, na pessoa dos seus Exmos. Diretores que acolheram este
projeto. A todos os colegas da Consulta Externa, em especial aos da Consulta de
Enfermagem da Diabetes pela forma que me acolheram e pelos seus ensinamentos e
conselhos sábios.
Aos Diabéticos que aceitaram participar no estudo, pois sem a vossa colaboração este
não seria possível.
Aos meus pais, Leonel e Maria do Carmo, pelo seu amor incondicional, pela
educação, pelo apoio, compreensão e palavras sábias em todos os momentos em que
delas necessitei.
Ao meu irmão, Nuno, pelo seu apoio e conhecimentos informáticos que foram
fundamentais para a conclusão deste projeto.
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LISTA DE SIGLAS
DM – Diabetes Mellitus
DP – Desvio padrão
M – Média
Nº - Frequência absoluta
RT – Regime terapêutico
Xmáx – Máximo
Xmin – Mínimo
% - Frequência relativa
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RESUMO
A amostra foi constituída por 127 participantes com uma média de idade de 63,6 anos,
sendo a maioria do sexo feminino (55,9%), reformados (63,8%), casados (73,2%) e
residiam com o cônjuge (51,2%).
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ABSTRACT
The main aims of the study are to measure the self-care with diabetes, assess the
knowledge about diabetes and assess the motivation for treatment in people with Type
2 Diabetes Mellitus.
The sample consisted of 127 participants with a mean age of 63.6 years, the majority
was female (55.9%), retired (63.8%), married (73.2%) and living with the partner
(51.2%).
The results show that the self-care activities that participants adhered more were
medication, blood glucose monitoring and alimentation, while the foot care and
exercise are those that they have more difficulty in integrating them into daily life.
Participants show reasonable knowledge about diabetes and high levels of motivation
for treatment, and the mean values of intrinsic motivation were higher than extrinsic
motivation. Knowledge about diabetes is related in a very weak manner and not
statistically significant with motivation for treatment.
These results highlight the need to continue studying strategies that cover the
involvement of the diabetic and significant others so that they can get health profits.
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ÍNDICE DE GRÁFICOS
Pág.
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ÍNDICE DE TABELAS
Pág.
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ÍNDICE
Pág.
INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………......17
2.1. CONCEITO..……………………………………………………………………………..39
3. METODOLOGIA…………………………………………………………………………...65
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4. RESULTADOS……………………………………………………………………….……75
5. DISCUSSÃO………………………………………………………………….……………91
CONCLUSÃO…………………………………………………………………….…………107
BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………..………111
APÊNDICES
APÊNDICE IV – Questionário
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INTRODUÇÃO
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crónica que se caracteriza por um
aumento da glicémia capilar. A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD)
menciona que a sua incidência e prevalência tem vindo a aumentar consideravelmente
nos últimos anos, o que constitui um sério problema em termos de saúde pública
mundial pela sua morbilidade e redução da esperança de vida (SPD, 2013).
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É neste contexto que se torna importante quantificar em que medida as pessoas
cumprem estas atividades de autocuidado, ou seja, a sua adesão ao regime
terapêutico (ART).
A ART implica, por parte do diabético, uma atitude ativa que visa a mudança de
comportamento e que deve contar com a colaboração do profissional de saúde e,
neste âmbito, o estudo sobre o que motiva o doente a adotar determinados tipos de
comportamentos é fundamental para uma melhor compreensão deste fenómeno.
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de compreender melhor o fenómeno da adesão, assim como os fatores que a
influenciam, entre os quais se encontram aqueles que este trabalho se irá centrar - os
conhecimentos sobre a patologia e a motivação para o tratamento.
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Parte I
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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1. DIABETES MELLITUS: UMA DOENÇA CRÓNICA
Neste sentido, esta doença crónica tem vindo a ser alvo de preocupações e ações
oficiais, quer no nosso país, quer a nível internacional, de onde se pode destacar a
Declaração de St. Vicent (da OMS e International Diabetes Federation) e os
programas dela decorrentes, entre os quais posso destacar o Programa Nacional de
Prevenção e Controlo da Diabetes, elaborado pela Direção Geral de Saúde).
A doença crónica pode ser definida como a “enfermidade de curso prolongado, com
evolução gradual dos sintomas e com aspetos multidimensionais, potencialmente
incapacitante, que afeta as funções psicológicas, fisiológicas ou anatómicas” (Dias et
al., 2011, p. 206).
As doenças crónicas caracterizam-se por não terem cura, serem de longa duração e,
por esse facto, necessitam de uma gestão constante, tanto por parte do doente como
por parte da equipa de saúde. Para além disso, estas doenças podem ou não interferir
na longevidade do doente, têm um prognóstico pouco favorável, os sintomas podem
ser constantes ou ter períodos de ausência variáveis, podem acontecer em todas as
fases da vida e há aquelas que implicam pequenas alterações na vida quotidiana e
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outras que provocam grandes modificações e limitações na vida dos doentes (Kralik,
Paterson & Coates, 2010).
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Pelo referido anteriormente, compreende-se que as doenças crónicas possuem
particularidades que as distinguem das doenças agudas, pelo que exigem uma
mudança e inovação no paradigma vigente da organização de prestação de cuidados,
sendo que a prevenção e gestão das doenças crónicas é um dos problemas urgentes
no que respeita aos cuidados de saúde (Guerra, 2009; Henriques, 2011). Assim,
através da utilização de estratégias adequadas e com o empenho de todos os grupos
de profissionais de saúde, é possível aumentar a adesão aos planos de cuidados,
proporcionar uma melhoria da qualidade de vida e reduzir a mortalidade e morbilidade
das pessoas com doença crónica (Henriques, 2011).
No espetro das doenças crónicas, a DM é uma das doenças cuja prevalência tem
vindo a aumentar em todo mundo, o que faz dela uma preocupação para os sistemas
de saúde.
No que diz respeito a dados em Portugal, a SPD (2012) refere que a prevalência da
DM, em 2010, era de 12,4% da população portuguesa com idades compreendidas
entre os 20 e os 79 anos. A mesma fonte menciona que, em 2012, esse valor já tinha
subido para 12,9% da população na mesma faixa etária. Torna-se importante referir
que desta prevalência total da diabetes, 7,3% corresponde à prevalência da diabetes
diagnosticada e 5,6% à prevalência da diabetes não diagnosticada (SPD, 2013).
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Existe uma diferença significativa na prevalência desta patologia entre homens e
mulheres, sendo que, entre a população diagnosticada, 8,4% são homens e 6,2% são
mulheres. Verifica-se a existência de uma relação direta entre a idade e a sua
prevalência, sendo que no escalão dos 60-79 anos, mais de um quarto da população
portuguesa tem diabetes. Torna-se também importante referir que existe uma relação
entre o índice de massa corporal e a diabetes e que cerca de 90% da população com
esta patologia apresenta excesso de peso ou obesidade (SPD, 2013).
Desta forma, é importante continuar a luta contra a expansão desta patologia e, para
isso, é fundamental tomar medidas consistentes e programadas em termos de
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento.
A diabetes tem vindo a ser documentada desde a Grécia Antiga e atualmente continua
a ser alvo do interesse da comunidade científica internacional e de diversas
organizações e sistemas de saúde.
O diagnóstico desta patologia não deve ter por base um único valor anormal de
glicémia de jejum ou de HbA1c, pelo que este deve ser confirmado noutra análise.
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frequentemente, permanece sem sintomas expressivos e sem ser diagnosticada
durante vários anos. Na maioria dos casos é diagnosticada após a realização de
exames de rotina, no decurso de uma hospitalização por outra causa ou aquando do
aparecimento das complicações tardias (Ministério da Saúde, 2011). A prevalência da
DM2 está a aumentar e esse facto fica a dever-se às mudanças sociais e culturais, ao
envelhecimento da população, à crescente urbanização, às alterações alimentares, ao
sedentarismo, a estilos de vida pouco saudáveis e a outros padrões comportamentais
(SPD, 2012).
Existem ainda outros tipos específicos de diabetes e que são: defeitos genéticos da
célula ß, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino,
endocrinopatias, diabetes induzida por químicos ou fármacos, infeções, formas
comuns de diabetes autoimune e outras síndromes genéticas associados à diabetes
(ADA, 2010).
Sendo a DM uma doença crónica para a qual ainda não existe cura, o seu tratamento
visa o controlo da homeostase da glicose que é a única forma de evitar o
aparecimento de complicações.
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2009; SPEDM, 2011). Todas elas implicam risco de vida, caso o doente não seja
tratado a tempo.
O coma hiperosmolar é uma situação clínica grave, observada na DM2, sendo mais
frequente nos idosos tratados com ADO ou insulina mas mal compensados ou em
indivíduos que desconheciam ser diabéticos. O coma hiperosmolar caracteriza-se por
uma hiperglicémia persistente, hiperosmolaridade, desidratação grave, ausência de
acidose, alterações do estado de consciência (que podem ir desde a sonolência ao
coma) e hipotensão. Pode ser originada por infeções, redução de insulina ou ADO,
ingestão de medicamentos (corticosteróides, diuréticos, …) (SPEDM, 2011).
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período de tempo e incluem doença coronária e cerebral, HTA, aterosclerose, AVC,
problemas circulatórios nos membros inferiores, retinopatia, glaucoma, cataratas,
nefropatia, neuropatia, “pé diabético” e disfunção sexual (Vieira, 2009; SPD, 2013).
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supressão da sensibilidade sensitiva (térmica, dolorosa e tátil) e motora (motricidade
muscular). Estima-se que cerca de 50% dos diabéticos desenvolvem neuropatia ou
polineuropatia - neuropatia sensitiva e motora (SPEDM, 2011).
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perturbação metabólica dinâmica e permanente que se encontra sujeita a constantes
variações decorrentes da medicação hipoglicemiante, do exercício físico, da
alimentação, do stresse e de doenças intercorrentes (Correia, 2007).
A prática de exercício físico regular, para além de ser uma das medidas preventivas do
desenvolvimento da DM2, tem também um papel preponderante na própria terapêutica
da diabetes, contribuindo para o melhor controlo metabólico. Esta tem efeitos
benéficos a longo e médio prazo: diminui a glicémia durante e após o exercício, facilita
a perda de peso, melhora a condição física, aumenta a massa muscular, melhora o
perfil lipídico, aumenta a sensibilidade à insulina, diminui os valores de tensão arterial,
tem benefícios psicossociais e melhora a qualidade de vida (International Diabetes
Federationb, 2013).
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intervenção cirúrgica. Por sua vez, nos diabéticos tipo 2, estão indicados os ADO
embora, por vezes, também necessitem de insulina (Longo et al., 2011).
No que respeita aos ADO, existem diversos grupos de fármacos com diferentes ações,
nomeadamente as biguinas, as tiazolidinedionas ou glitazonas, os inibidores das alfa-
glucosidases, as sulfonilureias, as meglinidas ou glinidas e as incretinas.
O momento em que o diabético deve iniciar insulina é uma das decisões mais
importantes e difíceis de tomar no tratamento destes doentes. Os resultados de alguns
estudos comprovam que, por um lado existe algum grau de resistência por parte dos
médicos em iniciar a terapêutica com insulina e, por outro, o adiamento também se
fica a dever ao facto de existir preocupação pela dificuldade de adesão do doente ao
tratamento (SPEDM, 2011).
Após tudo o que foi referido acerca da terapêutica associada a esta patologia, é fácil
compreender que existe uma enorme diversidade de esquemas terapêuticos possíveis
e a sua escolha deve ser sempre individualizada, prestando atenção às necessidades
individuais de cada doente.
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terapêuticos definidos com a colaboração dos profissionais de saúde, a fim de serem
capazes de gerir de forma eficaz os processos de saúde-doença (Petronilho, 2012).
Este conceito é definido por Orem (2001) como a prática de atividades que os
indivíduos iniciam e executam, em seu proveito com o intuito da manutenção da vida,
da saúde e bem-estar.
De acordo com Bastos (2012) o autocuidado, na perspetiva dos doentes, engloba uma
série de atividades que visam capacitar a pessoa para lidar com alterações
emocionais, aderir a um RT, lidar com o impacto de uma situação crónica ou
duradoura na sua vida e manter as coisas básicas da vida como a família, trabalho e
atividade social.
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sempre que necessário, de forma a adquirir capacidades para cuidar do indivíduo
(Orem, 2001; Tomey & Alligood, 2003; Cunha, Cardoso & Oliveira, 2005; Taylor &
Renpenning, 2011).
Por último, na teoria do autocuidado, Orem parte do pressuposto que o indivíduo tem a
capacidade para se autocuidar por possuir habilidades, conhecimentos e vivência
adquirida ao longo do ciclo vital, sendo este denominado de agente de autocuidado
(self-care agent), no entanto, quando este não tem esta capacidade, necessita que o
cuidado seja realizado por outras pessoas, passa a denominar-se de agente
dependente de autocuidados. Um outro conceito importante que Orem desenvolve diz
respeito à capacidade de o ser humano se envolver no autocuidado e denomina-se
agência de autocuidado ou ação de autocuidado (self-care agency). Assim, a prática
de atividades ou ações iniciadas e executadas única e exclusivamente pelos
indivíduos com o objetivo da manutenção da vida, do funcionamento saudável e da
continuação do desenvolvimento pessoal e bem-estar designa-se por comportamentos
de autocuidado (self-care behaviour) (Orem, 2001; Cunha, Cardoso & Oliveira, 2005;
George, 2011; Taylor & Renpenning, 2011; Meleis, 2012).
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que promovem o desenvolvimento, compromisso no autodesenvolvimento e a
capacitação para ultrapassar os efeitos das condições e situações que afetam
adversamente o desenvolvimento. Por fim, os requisitos de autocuidado de desvio de
saúde são requisitos adicionais decorrentes de doença ou lesão, assim como do seu
tratamento (Orem, 2001). No que se refere autocuidado numa doença crónica como a
diabetes, referimo-nos fundamentalmente a esta tipologia de requisitos, embora seja
importante ter em conta que as limitações impostas pela doença podem afetar o
desempenho do indivíduo, o que vai impor limitações aos requisitos universais de
autocuidado (Bastos, 2012).
A perspetiva da ação de enfermagem envolve pelo menos cinco métodos através dos
quais os indivíduos vão compensar ou ultrapassar as limitações relacionadas com a
saúde, sendo eles agir ou fazer pelo outro, orientar, providenciar apoio físico e
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psicológico, providenciar e manter um ambiente que suporte o desenvolvimento
pessoal e o ensino (Orem, 2001).
A diabetes é uma das patologias mais exigentes com que atualmente nos deparamos
e que envolve alteração dos estilos de vida, múltiplas tomadas de decisão com
escolhas, riscos e consequências, o que constitui um desafio que apenas pode ser
superado com o empenho de doentes e profissionais de saúde (SPEDM, 2011).
São vários os fatores que têm impacto na forma como a pessoa gere a DM. Alguns
dos fatores internos à pessoa que têm impacto no autocuidado são o conhecimento e
a compreensão dos tratamentos prescritos e do plano de autocuidado, prioridades,
autoestima, autoeficácia e habilidades inatas para organizar e planear, resolver
problemas e lidar com o stresse. Fatores externos à pessoa como o suporte social e a
situação laboral e fatores ambientais como o preço da comida, cultura e acesso a
cuidados de saúde, influenciam também a gestão da DM (Weinger & Carver, 2009).
Assim, e tal como refere Correia (2007), realizar a autovigilância da glicémia capilar,
adequar e adaptar a alimentação, ajustar o consumo de medicação e efetuar
corretamente a sua toma, realizar exercício físico regularmente, fazer uma vigilância
regular dos pés, vigiar regularmente a saúde e ainda realizar outros comportamentos
que incluem uma higiene cuidada da pele e dentes, utilização de roupa adequada, são
algumas das atividades de autocuidado solicitadas ao diabético.
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No sentido de identificar alguns dos fatores que explicam os comportamentos de
autocuidado Bai, Chiou e Chang (2009) analisaram um grupo de 165 indivíduos
tailandes. Os resultados demonstram que fatores como o género, nível de educação,
status económico e crenças religiosas afetam de forma significativa os
comportamentos de autocuidado. A depressão e os comportamentos de autocuidado
tiveram uma correlação negativa. Para além disso, o tempo de duração da DM, a
educação e o apoio social afetaram de forma expressiva os comportamentos de
autocuidado.
Stafford et al. (2005) desenvolveram um estudo que incluiu uma amostra de 1482
participantes norte americanos cujo objetivo era conhecer o tempo que os
participantes despendiam com os comportamentos de autocuidado relacionados com
a diabetes. Como principais resultados realçaram que em média os participantes
despendiam uma média de 58 minutos por dia com comportamentos de autocuidado.
Cerca de 38% dos indivíduos revelaram não prestar os cuidados inerentes aos pés e
37,7% não praticavam exercício físico. Os participantes que não realizavam a
autovigilância da glicémia capilar, eram os que praticavam menos exercício físico,
cuidavam menos dos pés, despendiam menos tempo a comprar/preparar a comida e
eram propensos a gastar menos de 30 minutos a autocuidar-se do que os
participantes que avaliavam frequentemente a glicémia capilar.
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2. ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO
A ART tem sido abordada na literatura desde os tempos de Platão, no entanto, até aos
anos 70, foi atribuída pouca importância a esta temática, sendo que foi a partir desta
data que ocorreu uma proliferação de pesquisa na área (Fitzpatrick & Kazer, 2011).
2.1. CONCEITO
Reiners apud Silva (2010, p. 44) define a ART como “… atitudes e comportamentos do
cliente que condizem com o conjunto de medidas terapêuticas prescritas para o
controle da doença (medidas farmacológicas e não farmacológicas) …”.
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são cumpridas, podem conduzir a benefícios para a saúde. No entanto, de acordo com
Pereira e Costa (2011), a definição de ART neste sentido apresenta-se como um
conceito unidirecional, na medida em que o profissional de saúde decide o melhor
para o doente. Neste contexto, mais recentemente têm surgido novas definições de
ART como a de King apud Pereira e Costa (2011) que conceptualiza a adesão como o
nível de participação obtido, num regime comportamental, mediante o acordo de
participação. Esta definição, mais ampla, incorpora a importância da cooperação entre
profissional de saúde e utente.
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As medidas diretas têm como objetivo confirmar a realização dos autocuidados
terapêuticos como o cumprimento do regime medicamentoso, os cuidados alimentares
e realização de exercício físico tornando-se, por isso, mais fidedignas, mais
dispendiosas e menos fáceis de aplicar e incluem:
A preocupação com a ART, não sendo uma temática recente, promoveu, ao longo dos
anos, o desenvolvimento de vários estudos por técnicos de diferentes áreas e com
diferentes perspetivas. Tendo como referência as distintas variáveis que interagem no
processo de adesão, bem como a dificuldade em explicar as razões que implicam que
um indivíduo opte por determinados comportamentos, são questões exploradas no
desenvolvimento de várias teorias/correntes teóricas ou modelos.
São várias as teorias que têm procurado explicar a ART e que tentam identificar os
fatores que determinam a disposição dos indivíduos para aderirem às recomendações
dos profissionais de saúde. De acordo com Leventhal e Cameron (1987), os estudos
sobre a adesão seguem uma das cinco principais orientações teóricas: biomédica,
comportamental, comunicacional, cognitiva e autorregulação.
A perspetiva cognitiva envolve diversos modelos que têm sido aplicados aos
comportamentos de adesão: o modelo de crenças de saúde, a teoria da aprendizagem
social de Bandura, a teoria do comportamento planeado e a teoria da motivação
protetora de Rogers (Machado, 2009), sendo que de seguida irei fazer uma breve
abordagem ao Modelo de crenças de saúde.
O Modelo de crenças de saúde (Becker apud Machado, 2009, p. 34) foi o “primeiro
modelo desenvolvido para explicar o comportamento de saúde e doença, e tem sido o
mais utilizado nos programas de intervenção”. Inicialmente foi desenvolvido por
Rosenstock em 1966 e depois por Becker e Maiman, em 1975 (Zani, 2002). O primeiro
propunha que a probabilidade de um indivíduo ter um determinado comportamento
saudável está relacionado com as suas crenças pessoais acerca da ameaça
percebida da doença e da avaliação do risco/benefício para praticar a ação
recomendada. Os segundos introduziram a componente de um estímulo que pode
desencadear determinado comportamento, podendo este ser interno ou externo. Este
modelo baseia-se em três variáveis: a suscetibilidade percebida de uma ameaça à
saúde, a gravidade atribuída à doença ou condição de saúde e os benefícios e
dificuldades do tratamento. Mais tarde, o conceito de autoeficácia foi incluído nas
variáveis chave deste modelo (Machado, 2009). Este modelo torna-se mais eficaz
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quando é utilizado como modelo para comportamentos preventivos, especificamente
em rastreios.
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Paralelamente a estes aspetos e com o aumento das doenças crónicas, as questões
relacionadas com a ART continuam a assumir grande destaque, tendo em conta os
avultados gastos que envolve a não adesão, bem como a perda de não obtenção de
ganhos em saúde e qualidade de vida. Por forma a dar resposta a estas problemáticas
foram, mais recentemente, desenvolvidos outros modelos para melhor compreender e
explicar o fenómeno da ART no âmbito das doenças crónicas, nomeadamente:
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outros perante a mesma situação) e o comportamento (engloba as competências e
habilidades que garantem que o indivíduo é capaz de executar as capacidades
instrumentais inerentes ao comportamento esperado e dispõe de suporte social e de
estratégias pessoais de auto regulação necessárias) (Machado, 2009).
Essas ações envolvem mudanças no estilo de vida que incluem seguir uma dieta
adequada, realizar exercício físico regular e apropriado às capacidades de cada
doente, tomar medicação (ADO e/ou insulina) quando indicado, monitorizar os valores
de glicémia capilar, responder e tratar adequadamente os sintomas, seguir as
orientações relativamente aos cuidados com os pés e procurar os melhores cuidados
de saúde apropriados à sua doença e a outras comorbilidades que possa possuir
(Weinger & Carver, 2009). Este regime ainda se torna mais complexo pela
necessidade de integrar todos estes comportamentos de autocuidado na rotina diária
do diabético.
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acompanhá-los regularmente de forma a capacitá-los e retirar dúvidas, envolvê-los no
tratamento, colocar lembretes para a toma da medicação e o reforço positivo aquando
do aumento da adesão e da resposta ao tratamento são algumas das medidas que
têm tido efeitos positivos na adesão e nos resultados clínicos.
Numa investigação desenvolvida por Boas et al. (2011) que se centrava na avaliação
da adesão à dieta e ao exercício físico em 162 participantes com DM2, os autores
chegaram à conclusão que existe uma baixa adesão às recomendações relativas à
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dieta e ao exercício físico. Para além disso, observaram uma menor adesão nos
participantes com maior escolaridade. Não houve relação estatisticamente significativa
entre adesão ao autocuidado e sexo, idade, estado civil, rendimentos, tempo de
diagnóstico, tipo de tratamento e presença de complicações/comorbilidades.
Tendo como foco avaliar a ART do diabético portador de pé diabético, Melo et al.
(2011) conduziram um estudo com 45 participantes com pé diabético cujos principais
resultados indicaram que 40% dos participantes associaram a doença às suas
complicações, 20% à presença de açúcar no sangue, 11,1% aos sintomas presentes e
2,2% não possuíam nenhum conceito sobre a doença, 26,6% dos participantes
referiram já ter abandonado o tratamento devido a: atividade profissional, dificuldades
de deslocamento para a instituição, descrença no tratamento e dificuldades no
agendamento da consulta, 84% dos participantes seguiam as recomendações dos
profissionais de saúde e 15,6% não seguiam todas as orientações. As dificuldades
referidas para a não adesão foram: dieta, cuidados com os pés, penso, atividade e
ocupação, abandono do álcool e tabagismo, impossibilidade de realizar atividade
física, compreensão acerca da importância da insulinoterapia e ADO.
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medicamentoso, 58,6% ao exercício físico e 3,1% ao plano alimentar. Não existiu
associação entre ART e as variáveis género, idade, escolaridade e tempo de
diagnóstico.
Com o objetivo de determinar obstáculos à ART em pessoas com DM2, Vermeire et al.
(2007) realizaram um estudo em sete países europeus que envolveu 246
participantes. Neste sentido, concluíram que os obstáculos à adesão são comuns a
todos os países envolvidos no estudo e parecem estar menos relacionados com o
sistema de saúde e mais com os conhecimentos do doente acerca da diabetes,
crenças e atitudes e a relação que se estabelece com os profissionais de saúde.
Por sua vez, Nascimento do Ó e Loureiro (2007) no seu estudo com 310 diabéticos,
pretenderam conhecer a ART nas diferentes vertentes. Neste estudo verificou-se uma
baixa ART, sendo que os níveis de adesão à medicação prescrita foram os mais
elevados e os níveis de adesão à alimentação foram os mais baixos.
A não ART é um problema que tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos,
sobretudo no que diz respeito à pessoa com doença crónica, acarretando grandes
implicações financeiras e sociais, estimando-se que entre 30 a 50% das pessoas,
independentemente da doença, do tratamento e do prognóstico, não aderem ao RT,
facto que implica custos significativos em termos médicos e sociais (Dias et al., 2011).
Entre os diabéticos, existe também uma baixa ART, o que permite criar uma ideia do
desperdício económico em medicação e tratamento, e também das consequências em
termos de recaídas, retorno aos serviços de saúde, perdas de dias de trabalho e
novas prescrições (Nascimento do Ó e Loureiro, 2007).
A não ART foi reconhecida pela North American Nursing Diagnosis Association como
diagnóstico de enfermagem, em 1973 e está relacionada com fatores relativos ao
profissional de saúde, tratamento, patologia e pessoa. A não ART pode ter diversas
causas e fatores associados e, pode ser classificada em dois grandes grupos: a não
adesão intencional e a não adesão não intencional. A primeira é considerada como um
processo ativo, onde a pessoa escolhe desviar-se do RT prescrito, apesar de o
conhecer, podendo estar associada a uma decisão racional, que pondera os riscos e
benefícios do tratamento com os seus efeitos adversos. A segunda é considerada
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como um processo passivo em que a pessoa, por esquecimento ou dificuldade em
gerir ou compreender o RT, acaba por não aderir ao mesmo (OMS, 2003).
Os principais tipos de não ART são: falta a consultas, não adesão à medicação, não
adesão à dieta recomendada, não adesão aos estilos de vida recomendados e a não
adesão a medidas de prevenção em saúde. Relativamente à falta a consultas, esta
pode acarretar sérias consequências para a pessoa e para os serviços de saúde,
contribuindo para a ineficiência do sistema. No que se refere à não adesão à
medicação prescrita, esta pode assumir diversas formas, como a sobredosagem da
prescrição, a recusa da medicação e a variação dos horários de toma prescritos,
factos que potenciam diversas consequências (descompensação de doenças crónicas,
promoção da resistência microbiana a antibióticos, aumento da recorrência aos
serviços de saúde). Em relação à não adesão à dieta, aos estilos de vida e medidas
de prevenção em saúde recomendados, estas assumem particular importância,
enquanto medidas que permitem controlar algumas condições (HTA, peso, …) ou
prevenir potenciais situações de doença (Falvo, 2011).
Para além da necessidade em organizar e classificar a não ART, a fim da sua melhor
compreensão, surge também a necessidade de conhecer os fatores que interferem e
potenciam este problema. Neste sentido, a OMS (2003) identificou cinco principais
grupos de fatores que interferem com a ART: fatores individuais relativos à pessoa,
fatores relacionados com os profissionais e serviços de saúde, fatores relacionados
com a condição de saúde da pessoa, fatores relacionados com o tratamento prescrito
e fatores sociais, económicos e culturais.
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habitacionais, o preço dos transportes e dos medicamentos e a distância dos locais de
tratamento (Ribeiro, 2010).
A não ART é responsável por efeitos dramáticos nos sistemas de saúde. Nos Estados
Unidos da América, as consequências estimadas envolvem cerca de 125000 mortes,
pelo menos 10% das hospitalizações, um aumento substancial da morbilidade e
mortalidade e um custo financeiro entre 100 a 289 biliões de dólares anuais
(Viswanathan et al., 2012).
Identificar os fatores relacionados com a ART tem constituído uma preocupação que
está patente nos estudos apresentados no subcapítulo anterior, uma vez que o seu
conhecimento contribui para uma melhor compreensão das razões que levam o ser
humano a aderir ou não a um determinado RT.
Ao longo dos anos têm sido propostas diversas variáveis pessoais, situacionais e
sociais para explicar os comportamentos de adesão a tratamentos de saúde (Almeida
et al., 2007). Na bibliografia encontram-se fatores relacionados com o ser humano e
com o ambiente, em que a abrangência destes últimos se ramifica em aspetos como o
tipo de tratamento, efeitos secundários, expectativa face aos resultados, tempo de
tratamento, complexidade do tratamento, situações de stresse, …
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No que diz respeito aos fatores sociais e económicos, um status socioeconómico
baixo, a pobreza, os baixos níveis de educação, o desemprego, a falta de redes de
apoio, a distância dos centros de tratamento, as guerras, o elevado custo dos
transportes e da medicação, pertencer a uma família disfuncional e as crenças
culturais sobre a doença e tratamento parecem influenciar de forma negativa os
comportamentos de adesão. As variáveis sociodemográficas como a idade, o sexo, a
ocupação, a religião, a etnia, o estado civil, a escolaridade e a condição de saúde têm
efeitos variáveis na adesão (Machado, 2009; Dias et al., 2011).
Existem outros autores que abordam esta temática, nomeadamente Almeida et al.
(2007) que mencionam que os fatores que influenciam os comportamentos de adesão
podem ser divididos em fatores externos e internos ao doente, e fatores relacionais.
Os primeiros incluem o acesso aos medicamentos e às características da doença e do
53
RT. Os fatores relacionais incluem o apoio social e a relação entre os profissionais de
saúde e o doente. Por último, os internos dizem respeito às características
sociodemográficas da pessoa (idade, sexo, nível socioeconómico, escolaridade, …) e
fatores psicológicos (problemas psiquiátricos, ansiedade, autoestima, crenças,
atitudes, valores, expetativas, crenças de saúde, …).
Para além destes fatores, Meichenbaum e Turk apud OMS (2003) salientam a
existência de quatro fatores independentes que têm um papel importante nos
comportamentos de adesão e que o défice de qualquer um deles contribui
grandemente para a não adesão e eles são: conhecimentos e capacidades, as
crenças, a motivação e a ação.
Relacionando a tipologia da doença com a ART, Silva (2010) refere que se regista
maior adesão do ser humano em situações de doença aguda sintomática
comparativamente a situações de prevenção e regimes terapêuticos que não exigem
alterações significativas ao nível do comportamento.
Pelo exposto percebe-se que neste processo de transição a pessoa tem de apreender
e integrar conhecimentos e habilidades que o conduzam à construção de
competências que lhe permita gerir no quotidiano os sintomas e as limitações
inerentes à situação de doença. Muitos são os indivíduos que conseguem integrar a
doença na sua vida ajustando-se aos novos hábitos de saúde. No entanto, para que
se atinja este objetivo é fundamental que detenham conhecimentos acerca da sua
saúde/doença e que estejam capacitados para a tomada de decisão na resolução de
problemas (Sousa, 2003).
Reconhece-se que a DM2 pode ser prevenida, assim como as suas complicações,
mas, mesmo quando as pessoas sabem o que fazer e até o querem fazer, nem
54
sempre o fazem. A solução para esta problemática passa por conseguir que os
diabéticos se envolvam no seu próprio tratamento. Neste sentido, os conhecimentos
que o indivíduo possui acerca desta patologia, o reforço das atitudes adequadas e um
processo contínuo de motivação são fundamentais no processo de mudança de
comportamentos e atitudes. Torna-se, por isso, essencial educar estes indivíduos
capacitando-os e dando-lhes as ferramentas necessárias para que consigam gerir a
sua doença, permitindo-lhes a autonomia (SPEDM, 2011).
Por sua vez, por parte do doente, espera-se que este seja capaz de se tornar o mais
independente possível, reduzir o número de internamentos, prevenir situações agudas,
55
evitar complicações tardias e que saiba gerir de forma adequada a sua doença
(Ministério da Saúde, 2007).
Num estudo que envolveu 181 participantes australianos cujo objetivo era determinar
os fatores que se encontravam associados aos conhecimentos dos doentes com DM2,
Fenwick et al. (2013) obtiveram como principais resultados que os participantes com
mais habilitações literárias, que foram ao oftalmologista e que falavam inglês em casa,
tinham um conhecimento acerca da DM significativamente melhor do que aqueles com
menos habilitações literárias, que não foram ao oftalmologista e que falavam outra
língua em casa que não o inglês, respetivamente. Os participantes que eram seguidos
na National Diabetes Service Scheme e que tiveram consultas com um educador de
diabetes revelaram melhores conhecimentos acerca da diabetes. Níveis elevados de
HbA1c foram associados a baixos conhecimentos acerca da DM.
56
diabetes foram preditores de vários componentes da adesão. Quanto ao efeito do
género e da idade, verificou-se que as mulheres demonstraram maior
desconhecimento acerca da diabetes e que as pessoas mais velhas aderem mais à
alimentação aconselhada.
Num estudo desenvolvido por Smalls et al. (2012) onde examinaram a relação entre o
coping emocional e os conhecimentos acerca da diabetes, adesão à medicação e
comportamentos de autocuidado em 378 adultos norte americanos com DM2,
concluiram que não existiu relação entre os conhecimentos relacionados com a DM e
a adesão à medicação.
Os dados deste último estudo permitem inferir que existe uma grande distância entre
aquilo que são os conhecimentos do doente acerca desta patologia e o que são
ensinados a fazer e aquilo que realmente fazem, ou seja, o conhecimento sobre a
patologia não é, por si só, um preditor da adesão. O papel da informação é
fundamental para que os diabéticos possam melhorar os seus conhecimentos acerca
da doença e, dessa forma, conseguirem com maior facilidade adaptar-se e gerir a sua
patologia, no entanto, este fator, por si só, não se tem demonstrado suficiente.
Para que os diabéticos sejam capazes de gerir de forma adequada o seu autocuidado,
necessitam de ter conhecimentos sobre os aspetos que estão relacionados com a
doença e respetivo RT, que seja aplicável ao quotidiano do diabético, transmitidos em
linguagem compreensível e deve ser, de preferência, alargado à família, cuidador e
pessoas significativas. A educação e o aconselhamento deve ser um processo
contínuo e vitalício para um autocuidado eficaz e é um aspeto essencial na gestão
desta doença (Dunning & Ward, 2008).
57
Nos últimos anos, têm sido desenvolvidos diversos modelos teóricos que têm sido
utilizados na tentativa de explicar, compreender e prever a participação e os
comportamentos dos indivíduos (Serra, 2010). O mesmo autor menciona a existência
de, pelo menos, trinta e duas teorias distintas sobre a motivação, sendo que apenas
irei abordar a Teoria da Autodeterminação (TAD) pela importância que esta apresenta
no enquadramento deste trabalho.
A TAD (Self-Determination Theory) foi criada em 1985 por Deci e Ryan, sendo uma
das abordagens teóricas da motivação mais contemporânea, é utilizada em diversos
contextos, nomeadamente na saúde, desporto, educação, trabalho, política, … (Serra,
2010). Na área da saúde, esta teoria foi já adaptada a diversas situações no que
respeita à promoção de hábitos de vida saudáveis como por exemplo perda de peso,
prática de exercício físico, cessação de hábitos tabágicos, controlo adequado da
glicémia capilar em pessoas com DM (Apóstolo et al., 2007).
Nesta teoria os seus autores começam por diferenciar tipos de motivação por
considerarem que o tipo ou a qualidade da motivação da pessoa seria mais importante
que o total de motivação para predizer resultados importantes como a saúde
psicológica e bem-estar, desempenho eficaz, resolução de problemas criativos e
aprendizagem profunda ou conceptual (Deci & Ryan, 2008).
58
um comportamento e estão em contraste com a amotivação, termo que se refere à
falta de intenção e motivação para agir (Deci & Ryan, 2008).
Na DM, a ART implica, por parte do diabético, uma atitude ativa que visa a mudança
de comportamento e que deve contar com a colaboração do profissional de saúde.
No estudo de Osborn e Egede (2010) que contou com 130 participantes norte
americanos e cujo objetivo era compreender as alterações nos comportamentos para
fornecer orientação para desenhar, implementar e avaliar os programas de
autocuidado com a DM em várias populações, os autores obtiveram como principais
resultados que ter mais informação/conhecimentos acerca da DM, motivação pessoal
e social foram preditores independentes e diretos dos comportamentos de autocuidado
e estes comportamentos foram os únicos preditores do controlo glicémico.
59
Com o objetivo de avaliar a eficácia do modelo de informação, motivação e
comportamento na melhoria de comportamentos de autocuidado em doentes com
DM2, Gavgani, Poursharifi e Aliasgarzadeh (2010) realizaram um estudo que contou
com a participação de 30 diabéticos iranianos que foram divididos em dois grupos –
grupo de intervenção e grupo de controlo e obtiveram como principais resultados que
a intervenção melhorou significativamente a adesão aos autocuidados dieta e
exercício físico e não houve melhoria significativa nos autocuidados monitorização da
glicémia capilar e cuidados com os pés.
No estudo de Santos et al. (2012) que teve como objetivo verificar quais os motivos
dos indivíduos com DM2 a frequentarem um programa de exercício físico
supervisionado e que teve 19 participantes, obtiveram como principais resultados que
as motivações intrínsecas apresentaram uma frequência elevada e estavam
maioritariamente relacionados com fatores psicossociais e de saúde e qualidade de
vida. No que respeita aos motivos extrínsecos, os que apresentaram maior frequência
foram fatores interpessoais, o que demonstra a importância do apoio das pessoas que
convivem com os diabéticos na sua adesão ao tratamento. Os autores referem
também que a motivação intrínseca, sobretudo nos aspetos cognitivos e de mudança
de comportamento, são fatores determinantes na ART não farmacológico.
60
Em síntese, daquilo que foi anteriormente referenciado, importa reconhecer a
importância da ART na pessoa com DM2. O aumento da incidência e prevalência de
doenças crónicas como a diabetes tem vindo a levantar desafios a doentes,
profissionais e sistemas de saúde pelo impacto que a patologia e suas complicações
acarretam tanto na vida pessoal e familiar, como nos custos sociais.
São diversos os fatores descritos na literatura que estão relacionados com a ART e no
presente trabalho abordo os conhecimentos dos diabéticos sobre a patologia e a sua
motivação para o tratamento.
61
62
PARTE II
ESTUDO EMPÍRICO
63
64
3. METODOLOGIA
Por forma a dar resposta a esta inquietação, a investigação que neste momento se
apresenta tem como principais objetivos:
65
do autocuidado a que as pessoas com DM2 aderem? De que modo, os conhecimentos
sobre a diabetes influenciam a motivação para o tratamento em pessoas com DM2?
De que modo a idade, o sexo e as habilitações literárias influenciam os conhecimentos
sobre a diabetes e a motivação para o tratamento em pessoas com DM2?
3.3. HIPÓTESES
66
3.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA
Assim, para o presente estudo defini como critérios de inclusão: ter diagnóstico de
DM2, pertencer à consulta de diabetes há mais de um ano, ter recorrido a mais do que
uma consulta no último ano, ter instituído terapêutica farmacológica e que aceitasse
participar no estudo. Por sua vez, foram considerados critérios de exclusão: ter
diagnóstico de diabetes gestacional ou tipo 1, ter perturbações do estado de
consciência, não compreender nem falar a língua portuguesa e possuir elevada
dependência funcional que comprometesse os comportamentos de autocuidado.
n Xmin Xmáx M DP
Idade (anos)
127 36 89 63,6 11,38
67
A maioria dos participantes é casado ou vive em união de facto (73,2%).
Aproximadamente um quarto dos participantes é, viuvo (12,6%), solteiro (8%) ou
divorciado/separado (6,3%).
Os indivíduos inquiridos têm uma baixa escolaridade, só 11% têm mais de 10 anos de
escolaridade e a maioria frequentou o enino básico (71,7%).
Caracterização sociodemográfica nº %
≤ 55 anos 32 25,2
56 - 65 anos 33 26
Faixa etária
66 - 75 anos 46 36,2
> 75 anos 16 12,6
Masculino 56 44,1
Sexo
Feminino 71 55,9
Solteiro 10 8
Casado/união de facto 93 73,2
Estado Civil
Divorciado/separado 8 6,3
Viúvo 16 12,6
Empregado 27 21,3
Atividade Desempregado 14 11
profissional/ocupação Reformado 81 63,8
Outros 5 3,9
≤ 1º Ciclo 91 71,7
2º Ciclo 9 7,1
Habilitações literárias 3º Ciclo 13 10,2
Secundário 5 3,9
Superior 9 7,1
Cônjuge/companheiro 65 51,2
Família restrita 36 28,3
Com quem vive Família alargada 1 0,8
Sozinho 17 13,4
Outros 8 6,3
68
3.5. INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS
69
é parametrizada em dias da semana, numa escala de 0 a 7, o que corresponde aos
comportamentos adotados nos últimos sete dias, em que o zero é a situação menos
favorável e sete a mais desejável. Por forma a obter consistência na direção das
respostas, tornou-se necessário recodificar as variáveis que pontuariam pela negativa,
por exemplo, o álcool (assim, 0=7, 1=6, 2=5 ... 7=0). Os hábitos tabágicos foram
considerados separadamente das restantes variáveis por estarem codificados de
forma diferente, sendo considerado para efeitos de análise o número de fumadores e o
número de cigarros consumidos por dia (Bastos, 2004; Bastos, Severo e Lopes, 2007).
Por fim, a Escala de Motivação para o Tratamento - EMT foi criada por Apóstolo et al.
(2007), resultando de uma adaptação do “Treatment Self-Regulation Questionnaire” -
TSRQ para a diabetes, sendo que esta escala foi criada para explicar a Teoria da
Autodeterminação (teoria que é fundada na motivação humana). Esta é uma escala de
likert constituída por um total de 19 itens, sendo que 13 avaliam a motivação intrínseca
(itens 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11, 12, 13, 16, 17, 18 e 19) para o tratamento e 6 avaliam a
motivação extrínseca (itens 1, 5, 8, 9, 14 e 15) para o tratamento. Este instrumento
visa medir as motivações autónomas e controladas no que respeita à adoção de
estilos de vida saudáveis relacionados com o tratamento da diabetes, controlo da
70
glicémia capilar e prática de exercício físico. Nesta escala as possibilidades de
resposta oscilam entre concordo fortemente e discordo fortemente e as respostas são
organizadas de 1 a 7 pontos. No que respeita à análise dos dados obtidos, o score de
cada dimensão é obtido através da soma das respostas aos itens que compõem cada
uma das dimensões (intrínseca e extrínseca) e pelo total. Esta escala tem mostrado
boa consistência interna, com valores de α=0,78; 0,88 e 0,86 respetivamente para a
motivação total, motivação extrínseca e intrínseca (Apóstolo et al., 2007). Na amostra
em estudo os valores de consistência interna foram de α=0,82; 0,83 e 0,80 para a
motivação total, motivação intrínseca e motivação extrínseca, respetivamente.
Neste sentido, após ter definido o estudo que pretendia realizar, em Maio de 2013,
enviei, por escrito (Apêndice I), ao presidente do Conselho de Administração do
71
Centro Hospitalar do Oeste, o pedido formal para autorização da realização da
investigação, que foi concedido.
Foi também solicitada autorização aos autores das escalas (por correio eletrónico),
tendo a mesma sido concedida por estes (Apêndice II).
Após a colheita de dados, estes foram colocados numa base de dados e processados
e tratados através do programa estatístico Statistical Program for Social Sciences
(SPSS) – versão 21.0.
72
Para obter e consistência interna das escalas utilizadas utilizei o coeficiente “alpha de
Cronbach”.
Para a decisão dos testes estatísticos (paramétricos ou não paramétricos) a utilizar fiz
a análise da distribuição dos valores das variáveis em estudo através do teste
Kolmogorov-Smirnov com a correção de Liliefors e, como a distribuição não era normal
para todas as variáveis em estudo, optei por utilizar testes não paramétricos.
73
74
4. RESULTADOS
No que diz respeito ao tipo de medicação utilizado para controlar a diabetes, como se
pode observar no gráfico 1, 65 participantes (66,9%) fazem terapêutica mista (ADO +
insulina), 29 participantes (22,8%) utilizam ADO e 13 participantes (10,2%) encontram-
se medicados exclusivamente com insulina.
75
Gráfico 1 - Distribuição da amostra segundo o tipo de medicação que faz para
controlar a diabetes
77
semana; DP = 2,87) e a prática de exercício físico (M = 2,10 dias por semana; DP =
2,68).
M DP Xmin Xmáx
Alimentação 5,32 2,43 0 7
Atividade física 2,10 2,68 0 7
Cuidados com os pés 4,54 2,87 0 7
Medicação 6,73 0,84 0 7
Monitorização da glicémia 6,35 1,6 0 7
78
Quando questionados acerca do consumo de pão a acompanhar as principais
refeições (almoço ou jantar), a média da adesão ao comportamento de não comer pão
às principais refeições situa-se nos 4,98 dias por semana, sendo que 44,9% dos
participantes indicam não comer pão ao almoço e jantar nenhum dia por semana,
enquanto que 14,2% dos participantes mencionam comer todos os dias pão a
acompanhar as principais refeições.
Relativamente à prática de exercício físico, tal como já referi, foi o autocuidado com
uma adesão mais baixa. Como se observa na tabela 5, a adesão média a atividades
físicas contínuas durante pelo menos 30 minutos (relacionadas por exemplo com
atividades domésticas, …) é de 2,07 dias por semana, sendo que apenas 15% dos
participantes adere totalmente. Por sua vez, quando questionados acerca da prática
de exercício físico específico (nadar, caminhar, andar de bicicleta, …), a média de
adesão é semelhante à anterior (2,13 dias por semana), o que corresponde a uma
adesão total de 13,4%.
79
No que concerne aos cuidados diários com os pés (tabela 5), mais especificamente se
os participantes costumam examinar os pés, a adesão média a este autocuidado é de
3,66 dias por semana, sendo que 22,8 % dos participantes dizem examinar os pés
diariamente, enquanto que 18,9% referem nunca o fazer. Quanto a inspecionar o
interior dos sapatos antes de os calçar, a adesão média a este autocuidado é de 1,84
dias por semana, verificando-se uma adesão total de apenas 13,4%.
Aproximadamente metade dos participantes (53,5%) mencionam nunca inspecionar o
interior do calçado antes de o calçar. A adesão média aos autocuidados lavar os pés e
secar os espaços interdigitais é de, respetivamente, 6,76 e 5,89 dias por semana, com
uma adesão total para os cuidados de higiene aos pés de 92,9% e de secagem dos
espaços interdigitais de 70,9%.
% (nº) % (nº)
M (DP) Adesão 7 dias Adesão 0 dias
por semana por semana
Alimentação saudável 5, 24 (2,24) 29,9 (38) 2,4 (3)
Alimentação recomendada 5,45 (1,70) 22,8 (29) 3,9 (5)
Fruta e vegetais 1,70 (2,48) 10,2 (13) 59,1 (75)
Carnes vermelhas 4,61 (1,55) 8,7 (11) 1,6 (2)
Pão às refeições 4,98 (2,51) 44,9 (57) 14,2 (18)
Mistura de hidratos de carbono 6,04 (1,56) 57,5 (73) 2,4 (3)
Bebidas alcoólicas à refeição 6,61 (1,22) 87,4 (111) 1,6 (2)
Bebidas alcoólicas fora da refeição 6,72 (0,89) 85,8 (108) 0,8 (1)
Consumo de alimentos doces 5,90 (1,21) 38,6 (49) 2,4 (3)
Adoçar as bebidas 5,97 (2,28) 79,5 (101) 10,2 (13)
Atividade contínua 2,07 (2,69) 15,0 (19) 55,9 (71)
Exercício físico específico 2,13 (2,70) 13,4 (17) 55,1 (70)
Examinar os pés 3,66 (2,57) 22,8 (29) 18,9 (24)
Interior dos sapatos 1,84 (2,51) 13,4 (17) 53,5 (68)
Lavar os pés 6,76 (0,94) 92,9 (118) 0 (0)
80
Secar espaços interdigitais 5,89 (2,08) 70,9 (90) 6,3 (8)
ADO, insulina ou ambos 6,73 (0,84) 85,0 (108) 0,8 (1)
Ao analisar os hábitos tabágicos nos últimos sete dias, 7,9% dos participantes diz
fumar todos os dias, sendo que entre estes, o consumo diário de cigarros variou entre
1 e 25 cigarros (M = 10,6 cigarros por dia). Dos restantes 116 participantes que não
fumam atualmente, 79 indicam nunca ter fumado, 35 fumaram o último cigarro há mais
de dois anos atrás, 1 fumou o último cigarro entre quatro a doze meses atrás e dois
participantes fumaram o último cigarro entre um a três meses atrás.
No que respeita à identidade da doença, 92,9% dos participantes acreditam que comer
muito açúcar e alimentos doces é uma causa da diabetes e 73,2% sabem que a causa
comum da diabetes é a falta ou resistência à insulina no corpo. Os principais tipos de
diabetes são reconhecidos por 85,8% dos participantes. Apenas 64,6% sabem que a
81
insulina não é produzida nos rins. A quase totalidade dos inquiridos (93,7%) admitem
que quando a diabetes não é tratada o valor da glicémia, normalmente, sobe. A
maioria dos participantes (91%) reconhece que os seus filhos têm um maior risco de
virem a ser diabéticos, por serem filhos de um diabético. É ainda importante destacar
que cerca de 23% dos participantes consideram que a melhor maneira de avaliar a
diabetes é fazendo testes à urina.
82
Tabela 6 - Resultados da aplicação do Questionário de Conhecimentos sobre a
Diabetes (DKQ-24)
83
Os diabéticos devem ter cuidados
especiais, quando cortam as unhas dos 97,6 (124) 0,8 (1) 1,6 (2)
dedos dos pés
A Diabetes pode prejudicar os rins 90,6 (101) 3,9 (5) 5,5 (7)
84
Embora os participantes apresentem valores elevados de motivação, os itens em que
a média de motivação é mais baixa são -“as outras pessoas ficariam furiosas comigo
se eu não fizesse” e “as outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não
fizesse” e é mais elevada nos itens “é entusiasmante manter a minha glicémia dentro
dos valores recomendados” e “acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde”
(tabela 7).
Considero importante salientar que os itens de resposta com dispersão mais elevada
são os itens 1, 8 e 9, com valores de dispersão de 1,96; 2,09 e 1,93 respetivamente,
que são respeitantes à motivação extrínseca e que avaliam a indignação das outras
pessoas, caso o participante não controle a diabetes.
85
manter saudável
11 - Sentiria vergonha de mim mesmo se
5,46 1,54 1 7
não o fizesse
12 - É-me mais fácil fazê-lo do que ficar a
5,88 1,29 1 7
pensar nisso
13 - Pensei seriamente no assunto e
6,45 0,72 4 7
acredito que é a melhor coisa a fazer
14 - Quero que os outros vejam que sou
4,35 2,10 1 7
capaz de o fazer
15 - O médico disse-me para o fazer 6,54 1,23 1 7
16 - Sinto que são as melhores coisas que
6,43 0,73 3 7
posso fazer por mim
17 - Sentir-me-ia culpado se não o fizesse 5,93 1,22 1 7
18 - São as melhores escolhas que eu
6,47 0,72 4 7
posso tomar
19 - Se tratar de um desafio aprender a viver
5,92 1,10 1 7
com o a minha diabetes
Motivação para o tratamento total 5,65 1,26 3,21 7
Motivação intrínseca 6,20 0,59 3,85 7
Motivação extrínseca 4,46 1,32 1,17 7
Neste subcapítulo apresento os resultados dos testes estatísticos que realizei, por
forma a dar resposta às questões de investigação. Como referi anteriormente, o nível
de significância utilizado é de 0,05.
86
Da análise da tabela 8 constato que existe uma correlação muito fraca e positiva entre
os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação intrínseca, não sendo esta
correlação estatisticamente significativa (p> 0,05). Por sua vez, existe uma correlação
fraca, negativa e altamente significativa (p< 0,001) entre os conhecimentos sobre a
diabetes e a motivação extrínseca para o tratamento, o que significa que, quanto maior
é a motivação extrínseca para o tratamento, menores são os conhecimentos sobre a
diabetes destes participantes.
Motivação Motivação
intrínseca extrínseca
rs 0,166 - 0,323
Conhecimentos
p 0,063 0,000
87
Tabela 9 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente à
idade e aos conhecimentos sobre a diabetes (n= 127)
Idade
rs -0,216
Conhecimentos
p 0,015
Posto médio Z p
Homens 63,41
- 0,161 0,872
Mulheres 64,46
Posto médio H p
≤ 1º Ciclo 61,65 4,096 0,393
88
2º Ciclo 54,50
3º Ciclo 80,92
Secundário 70,40
Superior 69,28
Motivação Motivação
intrínseca extrínseca
rs 0,038 0,238
Idade
p 0,669 0,007
Por forma a testar se o sexo dos participantes influencia a sua motivação intrínseca e
extrínseca para o tratamento em pessoas com DM2, procedi à realização do teste U
Mann-Whitney (Z). Os resultados (tabela 13) mostram que os postos médios de
89
motivação intrínseca e extrínseca são ligeiramente superiores nas mulheres, no
entanto, em ambos os casos, essas diferenças encontradas entre os grupos não se
revelaram estatisticamente significativas (p> 0,05), o que permite concluir que não
existe relação entre o sexo e a motivação intrínseca ou extrínseca para o tratamento.
Homens Mulheres
Posto médio 62,62 65,09
Motivação intrínseca Z - 0,337
p 0,706
Posto médio 61,06 66,32
Motivação extrínseca Z - 0,800
p 0, 872
A análise da tabela 14, a qual se refere à relação existente entre a escolaridade dos
participantes com a sua motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento permite
constatar que são os participantes com escolaridade ≤ 3º ciclo que apresentam maior
motivação intrínseca e os participantes com escolaridade ≤ 1º ciclo são os que
apresentam maior motivação extrínseca. Contudo, o teste Kruskal-Wallis (H) permite
observar valores de p> 0,05 em ambos os casos, o que permite afirmar que a
escolaridade dos participantes não influencia a motivação intrínseca ou extrínseca
para o tratamento.
90
5. DISCUSSÃO
91
Relativamente à caracterização clínica da amostra, a média de tempo de diagnóstico
da diabetes situa-se nos 15,2 anos (DP= 8,7), sendo que o tempo mínimo de
diagnóstico da diabetes é de 2 anos e o máximo é de 40 anos.
Uma percentagem elevada dos participantes (72%) afirma ter ou já ter tido
complicações. Das complicações agudas sobressai a hipoglicémia (35,4%). Na DM2, a
hipoglicémia pode ocorrer no tratamento com ADO, no entanto, é mais comum quando
o diabético se encontra a ser tratado com insulina ou terapêutica mista (SPEDM,
2011). Esta é também uma das mais temidas complicações pelo facto de poder
originar perda progressiva das funções neurológicas (ADA, 2014), desta forma, torna-
se imperativo educar e ensinar o diabético para a prevenção e tratamento desta
complicação. Devo ainda destacar que 56 participantes (44,1%) mencionam a
presença de hiperglicémia o que, na minha opinião, pode dever-se a uma
subvalorização da importância atribuída pelos diabéticos à hiperglicémia assim como
às suas consequências tardias.
92
episódio de EAM. Este dado é importante pois como aponta SPEDM (2011), a
prevalência da HTA no diabético é superior à da população em geral e afeta 20 a 60%
dos diabéticos e esta contribui para o agravamento de eventos cardiovasculares
(doença coronária, doença cerebrovascular e doença arterial periférica) e aumenta o
risco de desenvolvimento complicações microvasculares, particularmente a nefropatia
e a retinopatia.
93
precocemente e intervir de modo a minimizar o surgimento de complicações tardias e
promover o bem-estar da pessoa.
94
As dimensões “monitorização da glicémia”, “alimentação” e “cuidados com os pés” têm
níveis médios de adesão aceitáveis (oscilaram entre os 4,54 e os 6,35 dias por
semana) à semelhança do estudo de Bastos (2004), Correia (2007), Nascimento do Ó
e Loureiro (2007) e Simões (2012).
95
dias por semana (DP= 2,43) que é semelhante à encontrada nos estudos de Bastos
(2004), Correia (2007) e Nascimento do Ó e Loureiro (2007) e bastante superior à dos
estudos de Michels et al. (2010) e de Simões (2012).
O item relativo ao consumo de “cinco ou mais peças de fruta e/ou doses de vegetais” é
de todos os itens da alimentação aquele que tem a média de adesão mais baixa (1,7
dias por semana), em que apenas 10,2% dos participantes cumprem todos os dias
esta recomendação, 59,1% referem nunca o fazer. Tal como afirma Vieira (2009), o
consumo de legumes deve ser quase liberal e a sopa é uma excelente forma de os
comer. Além desta, os legumes também devem ser parte constituinte do prato em
quantidade generosa (crus ou cozinhados).
96
respetivamente. Estes valores são semelhantes aos encontrados no estudo de Correia
(2007). O uso de alimentos doces ou com adição de açúcar são desaconselhados,
embora seja permitido o consumo de uma sobremesa em dias de festa (Vieira, 2009),
esta é uma forma do diabético não se sentir excluído desse ritual.
97
resultados apontam que cerca de 55% dos participantes não realiza nenhum tipo de
atividade física e julgo que isso merece algumas considerações. Esta amostra de
diabéticos tem uma média de idades de 63,6 anos e a faixa etária predominante situa-
se entre os 66 e os 75 anos. Talvez a idade, juntamente com outras doenças
concomitantes, limitações ou problemas físicos, podem ser fatores condicionantes da
prática de exercício físico. Os profissionais de saúde devem ser capazes de
sensibilizar e motivar o diabético a realizar exercício físico individualizado e adaptado
às capacidades e gostos pessoais de cada indivíduo. O exercício pode ir desde
caminhadas, futebol, natação, passeios de bicicleta, até movimentos simples para
quem tem maiores dificuldades. A ADA (2014) menciona que o diabético adulto deve
realizar pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbia por semana, distribuídos
em pelo menos 3 vezes por semana.
98
e validado para a população portuguesa e contempla conteúdos habitualmente
transmitidos pelos profissionais de saúde.
A questão com maior percentagem de respostas corretas é “os diabéticos devem ter
cuidados especiais, quando cortam as unhas dos dedos dos pés”, em que 97,6% dos
participantes acertaram e aquela cuja proporção de respostas corretas é menor é
“comer muito açúcar e alimentos doces é uma causa da diabetes”, em que apenas
6,3% dos participantes acertaram.
Para 22,8% dos participantes, “a melhor maneira de avaliar a sua diabetes é fazendo
testes à urina”, o que talvez possa ser explicado pelo facto de, sobretudo para os
diabéticos mais idosos, antes de surgirem os testes da glicémia capilar, a
autovigilância era feita com as tiras-teste de glicosúria e cetonúria.
No que diz respeito ao controlo desta patologia, 40,2% dos participantes desconhecem
se “o exercício regular aumenta a necessidade de insulina ou outro medicamento para
a diabetes”. Para 44,1% dos participantes, “uma dieta para diabéticos consiste,
essencialmente, em comidas especiais”, o que denota que ainda existe o falso
conceito que a alimentação do diabético tem de ser especial quando, na verdade, esta
apenas se baseia nos princípios de uma alimentação saudável que a população em
99
geral deveria seguir. Considero importante realçar que 22,6% dos participantes
desconhecem se a medicação é mais importante do que a dieta e o exercício físico no
controlo da diabetes. Estes três itens revelam a existência de algumas lacunas de
conhecimento no que respeita ao controlo da doença.
100
Apesar destes resultados por vezes contraditórios, o diabético deve ter um elevado
nível de conhecimentos acerca desta patologia, pois apenas desta forma será capaz
de adaptar-se e gerir de forma adequada todos os aspetos relacionados com o
autocuidado, com a doença e com o RT. Estes conhecimentos devem ser transmitidos
de forma fracionada, em linguagem compreensível e em tempo oportuno. Este
processo de capacitação deve alargar-se à família, cuidador e/ou pessoas
significativas. Cada diabético tem diferentes estilos de aprendizagem e a educação e
instruções devem estar disponíveis em vários formatos por forma a ajudar na
compreensão da doença e dos autocuidados a ela inerentes (Stiffler, Cullen & Luna,
2014).
Devo destacar que a comprovar o que referi no parágrafo anterior, os 2 itens com
níveis de motivação mais baixos são “as outras pessoas ficariam furiosas comigo se
101
eu não fizesse” e “as outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não o fizesse”,
que são itens que dizem respeito à motivação extrínseca e que avaliam o que os
outros esperam do diabético, caso este não controle a diabetes. Por outro lado, a
motivação foi mais elevada nos itens “é entusiasmante manter a minha glicémia dentro
dos valores recomendados” e “acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde”,
sendo que estes avaliam a motivação intrínseca e evidenciam que os principais fatores
motivadores para estes participantes são ter a perceção que se adotarem os
comportamentos saudáveis recomendados pelos profissionais de saúde, irão melhorar
o seu estado de saúde e, para além disso, parece ser extremamente motivador para
estes participantes quando apresentam glicémias dentro dos valores recomendados,
provavelmente porque se sentem melhor e veem os benefícios do seus esforços
atribuindo assim importância à realização dos autocuidados inerentes à diabetes pois
compreendem a sua eficácia na melhoria do estado de saúde. É-lhes possível “ver”
esse resultado quando realizam a autovigilância.
102
significativa. Isto pode ser explicado pelo facto de os diabéticos que possuem
melhores conhecimentos sobre a sua patologia, conhecem melhor os componentes do
RT e a forma como estes se relacionam, as consequências, como controlar a glicémia
capilar e os cuidados que têm de ter, podem sentir-se mais motivados intrinsecamente
no que respeita à saúde e estão prontos para fazer esforços para melhorar nos
aspetos relacionados com a diabetes. Por sua vez, os resultados mostram uma
relação fraca, negativa e altamente significativa entre os conhecimentos sobre a
diabetes e a motivação extrínseca para o tratamento, sendo que esta associação
permite perceber que são os participantes com mais conhecimentos sobre a diabetes
que se sentem menos motivados extrinsecamente para cumprir o tratamento
combinado com os profissionais de saúde.
103
escolaridade se encontram mais aptos para compreender a sua doença e que o seu
leque de conhecimentos se vai acumulando com o evoluir da sua patologia.
A bibliografia aponta para a importância de dar particular atenção aos diabéticos com
idade mais avançada e com menor escolaridade e que nesses casos o educador deve
envolver a família/pessoas significativas que lhe dão apoio. Diversos estudos mostram
que as intervenções educativas parecem melhorar a adesão ao RT, assim como a
HbA1c (Bastos, 2004; Wint et al., 2006; Sousa & McIntyre, 2008) e, para tal, os
profissionais de saúde devem possibilitar que o diabético, para além de obter
conhecimentos sobre a sua patologia, possa incorporá-los no seu dia-a-dia e
transformar a atitude destes face à doença.
Embora a motivação para o tratamento esteja relacionada com a ART, tal como
apontam os estudos de Rubak et al. (2011), Osborn e Egede (2010), Gavgani,
Poursharifi e Aliasgarzadeh (2010), Reach (2011) e Santos et al. (2012), não foi
possível compreender de forma profunda e estatisticamente significativa de que forma
as características sociodemográficas estudadas se relacionam com a motivação
(intrínseca e extrínseca) para o tratamento.
104
intervenções/estratégias que facilitem a ART e, dessa forma, seja possível otimizar
indicadores biológicos, o efeito do RT e a qualidade de vida do diabético.
A primeira prende-se com o facto de este estudo se limitar apenas a uma área
geográfica, pelo que não é correto generalizar os resultados.
Uma outra limitação consiste no facto de neste estudo a amostragem selecionada ter
sido não probabilística de conveniência, pelo que existe o risco de esta amostra não
ser representativa e, dessa forma, os resultados não podem ser generalizados.
Julgo que seria interessante realizar futuros estudos com o objetivo de estudar o efeito
de intervenções que possam aumentar a ART, os conhecimentos sobre a diabetes
e/ou a motivação para o tratamento. Penso que seria importante estudar esta
população ao longo da trajetória de doença, ainda realizar estudos comparativos entre
diabéticos seguidos em contextos de cuidados diferenciados e primários, dadas as
divergências que encontrei ao nível do RT, as quais podem traduzir um(a) melhor/pior
literacia em saúde por parte dos diabéticos.
105
106
CONCLUSÃO
O presente estudo tem como objetivos medir o autocuidado com a diabetes, avaliar os
conhecimentos sobre a diabetes e avaliar a motivação para o tratamento avaliar a
relação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação (intrínseca e
extrínseca) para o tratamento, avaliar a relação existente entre as características
sociodemográficas idade, sexo, habilitações literárias e os conhecimentos sobre a
diabetes e avaliar a relação existente entre as características sociodemográficas
idade, sexo, habilitações literárias e a motivação para o tratamento em pessoas com
DM2 e, face aos resultados apresentados, considero que os objetivos delineados
foram atingidos.
Os 127 participantes que constituíram esta amostra têm uma média de idade de 63,6
anos, a maioria são do sexo feminino (55,9%), reformados (63,8%), casados (73,2%) e
residem com o respetivo cônjuge (51,2%). Em termos de escolaridade, a maioria
frequentou o 1º ciclo de escolaridade (59,8%).
A maioria dos participantes (72%) refere ter ou já ter tido complicações derivadas da
diabetes. No que respeita às complicações agudas destaco que 35,4% mencionam a
ocorrência de pelo menos um episódio de hipoglicémia. As complicações crónicas
referidas pelos participantes são: HTA (18,9%), retinopatia diabética (29,9%),
nefropatia (3,9%), neuropatia (6,3%), pé diabético (7,1%), 12,6% dos participantes
mencionam já ter tido pelo menos um AVC, 2,4% referem pelo menos um episódio de
EAM e outras situações (3,1%).
107
A ART é um tema bastante atual e o seu debate tem vindo a aumentar
exponencialmente, assim como os estudos desenvolvidos nesta área. Esta assume
um papel fundamental na sociedade pelo “peso” que a não adesão representa para
doentes, famílias e para o próprio sistema de saúde, uma vez que, a incidência e
prevalência de doenças crónicas como a diabetes tem vindo a aumentar. Neste
sentido, considero que seria pertinente formar e treinar os profissionais de saúde nesta
área por forma a serem implementadas estratégias e intervenções para aumentar a
ART.
Cada vez mais se atribui ao diabético um papel ativo no seu autocuidado e plano
terapêutico, o que implica que, para que este seja autónomo e consiga gerir de forma
adequada todos os aspetos relacionados com esta patologia, tem de apreender e
integrar diversas competências que lhe possibilitem lidar com os sintomas e limitações
que estão relacionados com a doença e o respetivo RT. Neste contexto, o enfermeiro
tem um papel preponderante no processo de transmissão de
conhecimento/informação e capacitação do diabético para a gestão adequada da
doença por estar treinado para se adaptar à linguagem que o doente consegue
compreender, por se encontrar próximo deste e por estar presente em todos os
contextos de prestação de cuidados de saúde.
A estatística inferencial realizada neste estudo mostra que existe uma relação muito
fraca e positiva entre os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação intrínseca
para o tratamento, embora essa relação não seja estatisticamente significativa. Em
relação à motivação extrínseca, esta encontra-se relacionada de forma fraca, negativa
e altamente significativa com os conhecimentos sobre a diabetes. No que respeita às
questões de caracterização das variáveis sociodemográficas, verifiquei a existência de
relações estatisticamente significativas entre a idade e os conhecimentos sobre a
diabetes (relação fraca e negativa) e entre a idade e a motivação extrínseca para o
tratamento (relação fraca e positiva).
A realização deste estudo foi, sem dúvida, uma oportunidade única de aprendizagem
tanto no campo pessoal como profissional e uma forte motivação para aplicar na
praxis as competências adquiridas com o objetivo máximo de melhorar a qualidade de
vida do doente com diabetes e sua família, proporcionando os meios para melhorar a
ART.
109
110
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APÊNDICE II
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Exma. Sr.ª Enfermeira Marta Neves
Unidade de Alcobaça
Ao dispor,
Professora Adjunta
UNIESEP
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Pedido de autorização para utilização de Escala de Motivação para o Tratamento
para joaoapostolo
Desta forma, após ter lido o seu artigo, onde apresenta o instrumento “Escala de
Motivação para o Tratamento”, queria pedir-lhe autorização para utilizar a escala
anteriormente referida.
Os meus cumprimentos,
Marta Neves
para mim
João Apóstolo
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APÊNDICE III
Consentimento Informado
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DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
_______________________________________
(Marta Sofia Parrilha Neves)
…………………………………………………………………………………………….
Nome: _______________________________________________________________
Declaro(a) que concorda com o que lhe foi proposto e explicado pela enfermeira que
assina este documento e que consente livre e esclarecidamente em participar no
estudo acima mencionado.
_________________________________________
(Assinatura)
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APÊNDICE IV
Questionário
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QUESTIONÁRIO
Assinale com uma X (cruz) a resposta que for adequada ao seu caso (ou complete-a,
se for caso disso), em relação às seguintes questões:
2. Sexo:
Masculino Feminino
3. Estado civil:
Solteiro (a)
Casado (a) / União de facto
Divorciado (a) / Separado (a)
Viúvo (a)
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Parte 2 - Atividades de Autocuidado com a Diabetes (SDSCA)
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4. CUIDADOS COM OS PÉS
4.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou os seus
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pés?
4.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS inspecionou o
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interior dos seus sapatos?
4.3. Em quantos dos últimos SETE DIAS lavou os seus pés? 0 1 2 3 4 5 6 7
4.4 Em quantos dos últimos SETE DIAS secou os espaços
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entre os dedos do pé, depois de os lavar?
5. MEDICAMENTOS
5.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS, tomou, conforme
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lhe foi indicado, os seus medicamentos da diabetes?
7.2 Se sim, quantos cigarros fuma, habitualmente, num dia? Número de cigarros: ___
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Parte 3- Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24)
Não
Questões Sim Não
Sabe
Comer muito açúcar e alimentos doces é uma causa da
Diabetes.
A causa comum da Diabetes é a falta ou resistência à
insulina no corpo.
A Diabetes é causada pela dificuldade dos rins em manter a
urina sem açúcar.
Os rins produzem insulina.
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Uma pessoa com Diabetes deve limpar uma ferida com
solução iodada e álcool.
A maneira como prepara a sua comida é tão importante como
a comida que come.
A Diabetes pode prejudicar os rins.
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Parte 4 - Escala de Motivação para o Tratamento (EMT)?
As perguntas que se seguem questionam-no acerca da sua motivação para o
tratamento para a diabetes. Para responder faça um círculo no
1 – Discordo fortemente
2 – Discordo em grande parte
3 – Discordo em parte
4 – Não concordo nem discordo
5 – Concordo em parte
6 – Concordo em grande parte
7 – Concordo fortemente
Eu faço o meu tratamento para a diabetes e/ou controlo a minha glicémia porque…
As outras pessoas ficariam furiosas comigo se eu não
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fizesse
Fazê-lo é, para mim, um desafio pessoal 1 2 3 4 5 6 7
Acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia culpado se não fizesse o que o médico me
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disse
Quero que o médico pense que sou um bom doente 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia mal comigo mesmo se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
É entusiasmante manter a minha glicemia dentro dos
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valores recomendados
Não quero que as outras pessoas se decepcionem comigo 1 2 3 4 5 6 7
A razão pela qual sigo a minha diabetes e faço, regularmente, exercício físico, é
porque…
As outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não
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fizesse
Acredito que é importante para me manter saudável 1 2 3 4 5 6 7
Sentiria vergonha de mim mesmo se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
É-me mais fácil fazê-lo do que ficar a pensar nisso 1 2 3 4 5 6 7
Pensei seriamente no assunto e acredito que é a melhor
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coisa a fazer
Quero que os outros vejam que sou capaz de o fazer 1 2 3 4 5 6 7
O médico disse-me para o fazer 1 2 3 4 5 6 7
Sinto que são as melhores coisas que posso fazer por mim 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia culpado se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
São as melhores escolhas que eu posso tomar 1 2 3 4 5 6 7
Se tratar de um desafio aprender a viver com o a minha
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diabetes
Obrigada pela sua colaboração!