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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

MÉDICO-CIRÚRGICA

Adesão ao regime terapêutico em pessoas com


Diabetes Mellitus tipo 2: importância dos
conhecimentos e da motivação

Marta Sofia Parrilha Neves

Coimbra, novembro de 2014


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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

MÉDICO-CIRÚRGICA

Adesão ao regime terapêutico em pessoas com


Diabetes Mellitus tipo 2: importância dos
conhecimentos e da motivação

Marta Sofia Parrilha Neves

Orientadora: Professora Doutora, Isabel Maria Pinheiro Borges Moreira, Professora Adjunta
da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

para obtenção do grau de Mestre em

Enfermagem Médico-Cirúrgica

Coimbra, novembro de 2014

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AGRADECIMENTOS

Para a concretização desta Dissertação de Mestrado, várias pessoas tiveram um


contributo fundamental para a sua finalização nas condições e tempo que dispunha. A
todos eles não podia deixar de expressar a minha gratidão:

À Professora Doutora Isabel Moreira queria agradecer pela forma como acolheu o
tema, pelas suas palavras sábias e oportunas, críticas construtivas, sugestões e pela
disponibilidade demonstrada.

Ao Professor Doutor José Carlos Martins pela disponibilidade e pelo seu contributo.

À Instituição de Saúde, na pessoa dos seus Exmos. Diretores que acolheram este
projeto. A todos os colegas da Consulta Externa, em especial aos da Consulta de
Enfermagem da Diabetes pela forma que me acolheram e pelos seus ensinamentos e
conselhos sábios.

Aos Diabéticos que aceitaram participar no estudo, pois sem a vossa colaboração este
não seria possível.

À minha família pela sua compreensão, apoio, afetos, …

Aos meus pais, Leonel e Maria do Carmo, pelo seu amor incondicional, pela
educação, pelo apoio, compreensão e palavras sábias em todos os momentos em que
delas necessitei.

Ao meu irmão, Nuno, pelo seu apoio e conhecimentos informáticos que foram
fundamentais para a conclusão deste projeto.

Ao meu namorado, amigo e companheiro Vitor, fonte inesgotável de apoio, incentivo e


compreensão. Privei-o inúmeras vezes da minha presença… A conclusão deste
projeto em muito dependeu do seu amor, paciência e capacidade para utilizar as
palavras certas quando mais precisava de as ouvir.

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LISTA DE SIGLAS

ADA - American Diabetes Association

ADO – Antidiabéticos orais

ART – Adesão ao regime terapêutico

AVC – Acidente Vascular Isquémico

DM – Diabetes Mellitus

DM2 – Diabetes Mellitus Tipo 2

DP – Desvio padrão

EAM – Enfarte agudo do miocárdio

HbA1c – Hemoglobina glicada A1c

HTA – Hipertensão arterial

M – Média

Nº - Frequência absoluta

OE – Ordem dos Enfermeiros

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPSS – Observatório Português dos Sistemas de Saúde

PTGO – Prova de tolerância à glicose oral

RT – Regime terapêutico

SPD – Sociedade Portuguesa de Diabetologia

SPEDM – Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo

TAD – Teoria da Autodeterminação

Xmáx – Máximo

Xmin – Mínimo

% - Frequência relativa

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RESUMO

A diabetes é uma doença metabólica crónica caraterizada por um aumento da glicémia


capilar e cuja incidência e prevalência tem aumentado consideravelmente nos últimos
anos.

Os objetivos do estudo são medir o autocuidado com a diabetes, avaliar os


conhecimentos sobre a diabetes e a motivação para o tratamento em pessoas com
diabetes tipo 2.

O estudo realizado é do tipo transversal, não experimental e de natureza descritivo-


correlacional. O instrumento de colheita de dados utilizado foi o questionário. Decorreu
na Consulta Externa do Centro Hospitalar do Oeste – Unidade de Caldas da Rainha
entre Setembro e Dezembro de 2013.

A amostra foi constituída por 127 participantes com uma média de idade de 63,6 anos,
sendo a maioria do sexo feminino (55,9%), reformados (63,8%), casados (73,2%) e
residiam com o cônjuge (51,2%).

Os resultados obtidos revelam que as atividades de autocuidado a que os diabético


tipo 2 aderem mais são a medicação, monitorização da glicémia e alimentação,
enquanto que os cuidados com os pés e exercício físico são aquelas que estes têm
mais dificuldade em integrar na vida diária. Os participantes mostram aceitáveis
conhecimentos sobre a diabetes e níveis elevados de motivação para o tratamento,
sendo que os valores médios da motivação intrínseca foram superiores aos da
motivação extrínseca. Os conhecimentos sobre a diabetes encontram-se relacionados
de forma muito fraca e não estatisticamente significativa com a motivação para o
tratamento.

Estes resultados evidenciam a necessidade de se continuar a estudar estratégias que


abranjam o envolvimento do diabético e pessoas significativas para que se possa
obter ganhos em saúde.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 2, autocuidado, conhecimento, motivação.

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ABSTRACT

Diabetes is a chronic metabolic disease which is characterized by increased capillary


blood glucose. Its incidence and prevalence have been increasing considerably in last
few years.

The main aims of the study are to measure the self-care with diabetes, assess the
knowledge about diabetes and assess the motivation for treatment in people with Type
2 Diabetes Mellitus.

The study is cross-sectional, non-experimental, descriptive and correlacional and the


instrument and data collection used was a questionnaire. This took place in the
Outpatient Center of the Centro Hospitalar do Oeste - Unit of Caldas da Rainha
between September and December 2013.

The sample consisted of 127 participants with a mean age of 63.6 years, the majority
was female (55.9%), retired (63.8%), married (73.2%) and living with the partner
(51.2%).

The results show that the self-care activities that participants adhered more were
medication, blood glucose monitoring and alimentation, while the foot care and
exercise are those that they have more difficulty in integrating them into daily life.
Participants show reasonable knowledge about diabetes and high levels of motivation
for treatment, and the mean values of intrinsic motivation were higher than extrinsic
motivation. Knowledge about diabetes is related in a very weak manner and not
statistically significant with motivation for treatment.

These results highlight the need to continue studying strategies that cover the
involvement of the diabetic and significant others so that they can get health profits.

Key Words: Type 2 Diabetes Mellitus, self-care, knowledge, motivation

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Pág.

Gráfico 1 - Distribuição da amostra segundo o tipo de medicação que faz para


controlar a diabetes…………………………………………………………………………..76

Gráfico 2 - Distribuição da amostra segundo a presença de complicações……………76

Gráfico 3 - Complicações da diabetes…………………………………………………...…77

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1 - Caracterização da amostra segundo a idade…………………………………67

Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica da amostra……………………………..…68

Tabela 3 - Caracterização da amostra segundo o tempo de diagnóstico da diabetes..75

Tabela 4 - Adesão às atividades de autocuidados………………………………………..78

Tabela 5 - Nível de adesão às atividades de autocuidado……………………………….80

Tabela 6 - Resultados da aplicação do Questionário de Conhecimentos sobre a


Diabetes………………………………………………………………………………………..83

Tabela 7 – Resultados da aplicação da Escala de Motivação para o Tratamento……85

Tabela 8 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente aos


conhecimentos sobre a diabetes e motivação (intrínseca e extrínseca) para o
tratamento……………………………………………………………………………………..87

Tabela 9 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente à idade


e aos conhecimentos sobre a diabetes……………………………………………….…...88

Tabela 10 - Resultado da aplicação do teste U Mann-Whitney relativamente ao sexo e


aos conhecimentos sobre a diabetes………………………………………………………88

Tabela 11 - Resultado da aplicação do teste de Kruskal-Wallis relativamente às


habilitações literárias e aos conhecimentos sobre a diabetes………………………..…88

Tabela 12 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente à


idade e à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento…………………………89

Tabela 13 - Resultado da aplicação do teste U Mann-Whitney relativamente ao sexo e


à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento………………………………..…90

Tabela 14 - Resultado da aplicação do teste de Kruskal-Wallis relativamente às


habilitações literárias e à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento………90

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ÍNDICE

Pág.

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………......17

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. DIABETES MELLITUS: UMA DOENÇA CRÓNICA………………….……………….23

1.1. CONCEITO, DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO……………………………….…26

1.2. RESPOSTAS DA PESSOA À DOENÇA….…………………………………………..28

1.3. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO E NÃO FARMACOLÓGICO………….......…31

1.4. A PESSOA COM DIABETES E O AUTOCUIDADO. ……………………………….35

2. ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO………………………………………………..39

2.1. CONCEITO..……………………………………………………………………………..39

2.2. AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO………………………….41

2.3. MODELOS E TEORIAS DA ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO…………….43

2.4. ADESÃO/NÃO ADESÃO……………………………………………………………….47

2.5. FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO……..52

2.5.1. Os conhecimentos e a motivação na adesão ao regime terapêutico………54

PARTE II - ESTUDO EMPÍRICO

3. METODOLOGIA…………………………………………………………………………...65

3.1. OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO…………………………………..65

3.2. TIPO DE ESTUDO………………………………………………………………………66

3.3. HIPÓTESES …………….…………………………………………………………..…..66

3.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA……………………………………………………………67

3.5. INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS…………………..…………………..69

3.6. PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS…………………………………………...71

3.7. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS…………………………………………...72

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4. RESULTADOS……………………………………………………………………….……75

4.1. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA AMOSTRA………………………………………75

4.2. ATIVIDADES DE AUTOCUIDADO COM A DIABETES……………………….……77

4.3. CONHECIMENTOS SOBRE A DIABETES………………………………………..…81

4.4. MOTIVAÇÃO PARA O TRATAMENTO…………………………………………….…84

4.5. ESTATISTICA INFERENCIAL…………………………………………………………86

5. DISCUSSÃO………………………………………………………………….……………91

5.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO……………………………………………….………….105

CONCLUSÃO…………………………………………………………………….…………107

BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………..………111

APÊNDICES

APÊNDICE I – Pedido de autorização para colheita de dados no Centro Hospitalar do


Oeste

APÊNDICE II – Pedido de autorização aos autores das escalas

APÊNDICE III – Consentimento informado

APÊNDICE IV – Questionário

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INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) menciona que o perfil de doenças no mundo


tem vindo a alterar-se a um ritmo notavelmente rápido (OMS, 2005). Ao longo das
últimas décadas, os avanços científicos e a melhoria das condições de vida foram
responsáveis por um aumento significativo da esperança média de vida o que,
juntamente com a não adoção de estilos de vida saudáveis e outros fatores, contribuiu
para um aumento significativo das doenças crónicas.

Atualmente, as doenças crónicas não transmissíveis como as doenças


cardiovasculares, as doenças respiratórias crónicas, a diabetes e o cancro
representam uma ameaça para a saúde e desenvolvimento humano. Estas quatro
doenças causam aproximadamente 35 milhões de mortes todos os anos, o que
corresponde a 60% de todas as mortes no mundo (OMS, 2008).

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crónica que se caracteriza por um
aumento da glicémia capilar. A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD)
menciona que a sua incidência e prevalência tem vindo a aumentar consideravelmente
nos últimos anos, o que constitui um sério problema em termos de saúde pública
mundial pela sua morbilidade e redução da esperança de vida (SPD, 2013).

A sua prevalência aumenta com a idade, em ambos os sexos e os cidadãos europeus


têm um risco estimado de 30 a 40% de desenvolver esta doença (Entidade
Reguladora da Saúde, 2011).

A gestão da DM implica continuidade de cuidados de saúde, sendo para isso essencial


a presença de uma equipa multidisciplinar.

O tratamento visa essencialmente um bom controlo metabólico que é fundamental


para prevenir as complicações (agudas e crónicas) e diminuir a mortalidade (Duning &
Ward, 2008; International Diabetes Federation, 2012). Este é multifacetado e complexo
já que envolve não só a administração de terapêutica farmacológica mas também a
mudança nos hábitos de vida com a finalidade de integrar atividades de autocuidado.
Assim, uma alimentação diversificada e equilibrada, a prática de exercício físico
regular, a autovigilância da glicémia capilar e os cuidados com os pés são apenas
alguns dos exemplos de atividades que são exigidas ao diabético (International
Diabetes Federation, 2012).

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É neste contexto que se torna importante quantificar em que medida as pessoas
cumprem estas atividades de autocuidado, ou seja, a sua adesão ao regime
terapêutico (ART).

A ART corresponde ao grau ou extensão em que os comportamentos dos indivíduos


vão ao encontro do que lhes é recomendado pelos profissionais de saúde. Os doentes
com patologia crónica são aqueles que menos aderem à terapêutica, sendo que nos
países desenvolvidos se estima que apenas metade destes doentes cumprem o
tratamento planeado e combinado com os profissionais de saúde (Dias et al., 2011). A
não ART constitui um problema de saúde pública substancial, representando para
qualquer sistema de saúde enormes encargos financeiros (Bosworth, 201?).

A problemática da baixa ART foi desvalorizada durante bastante tempo, no entanto,


nas últimas décadas, este assunto tem vindo a ser amplamente estudado e a constituir
alvo de atenção de políticos e profissionais de saúde pelo importante impacto que o
fenómeno tem tanto para a pessoa com doença crónica, como para a família e para o
próprio sistema de saúde. A medição da ART, de acordo com a OMS (2003), fornece
informações úteis sobre a magnitude deste problema.

Os conhecimentos que os indivíduos com DM têm acerca da sua patologia assumem


particular importância e é considerada uma estratégia fundamental na ART (Almeida,
2003). O estudo de Pace et al. (2006) menciona a existência de múltiplas fragilidades
no que respeita aos conhecimentos que os diabéticos têm acerca da sua patologia,
nomeadamente no que se refere às causas, complicações e gestão da doença.

A ART implica, por parte do diabético, uma atitude ativa que visa a mudança de
comportamento e que deve contar com a colaboração do profissional de saúde e,
neste âmbito, o estudo sobre o que motiva o doente a adotar determinados tipos de
comportamentos é fundamental para uma melhor compreensão deste fenómeno.

A consciencialização da representação do elevado custo da não adesão, quer para a


pessoa quer para os sistemas de saúde, levou-me a querer compreender melhor este
fenómeno, uma vez que, no decorrer do meu exercício profissional, tenho a perceção
que muitas pessoas com Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) não aderem ao regime
terapêutico (RT). Tendo esta perceção, não tenho um conhecimento da magnitude
deste problema, bem como dos fatores que o influenciam.

Paralelamente a estes motivos de índole mais pessoal, na literatura existem vários


autores que dão relevância à realização de mais estudos nesta área (Apóstolo et al.,
2007; Correia, 2007; Nascimento do Ó e Loureiro, 2007; Vermeire et al., 2007; Osborn
& Egede, 2010; Ribeiro, 2010; Blackburn, Swidrovich & Lemstra, 2013; …), no sentido

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de compreender melhor o fenómeno da adesão, assim como os fatores que a
influenciam, entre os quais se encontram aqueles que este trabalho se irá centrar - os
conhecimentos sobre a patologia e a motivação para o tratamento.

Nesta reflexão construída a partir da prática e da literatura emergiu como ponto de


partida para a realização desta investigação as seguintes questões: Quais as
dimensões do autocuidado a que as pessoas com DM2 aderem? De que modo, os
conhecimentos sobre a diabetes influenciam a motivação para o tratamento em
pessoas com DM2? De que modo a idade, o sexo e as habilitações literárias
influenciam os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação para o tratamento em
pessoas com DM2?

Por forma a responder às questões de investigação, delineei os seguintes objetivos:

Medir o autocuidado com a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar os conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar a motivação para o tratamento em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes e a


motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre a idade, o sexo, as habilitações literárias e os


conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre a idade, o sexo, as habilitações literárias e a


motivação para o tratamento em pessoas com DM2.

O presente trabalho inicia-se com a presente introdução onde faço a contextualização


da temática, apresentado os objetivos e a questão de investigação, assim como a
estrutura do trabalho. Segue-se o corpo do trabalho em que os primeiros dois
capítulos são referentes à fundamentação teórica e os três capítulos seguintes
corespondem à metodologia. Por fim, termino com a conclusão.

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Parte I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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1. DIABETES MELLITUS: UMA DOENÇA CRÓNICA

A DM é uma doença crónica que engloba um conjunto de doenças metabólicas e que


se carateriza por uma hiperglicémia crónica, sendo que esta é responsável por um
conjunto de complicações microvasculares, macrovasculares e neurológicas, em que
um diagnóstico e tratamento precoces são a melhor forma de as prevenir. Esta
patologia tem vindo a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública, não
só pelo aumento da sua incidência e prevalência como também pelos elevados
números de mortalidade e morbilidade que origina.

Neste sentido, esta doença crónica tem vindo a ser alvo de preocupações e ações
oficiais, quer no nosso país, quer a nível internacional, de onde se pode destacar a
Declaração de St. Vicent (da OMS e International Diabetes Federation) e os
programas dela decorrentes, entre os quais posso destacar o Programa Nacional de
Prevenção e Controlo da Diabetes, elaborado pela Direção Geral de Saúde).

O número de indivíduos com doença crónica tem aumentado nos países


industrializados e Portugal não foge a essa realidade. A Ordem dos Enfermeiros (OE)
atribui esse aumento aos avanços da medicina que são responsáveis pelo aumento da
esperança de vida, pelo controlo da evolução de algumas doenças e ainda pelas
mudanças nos estilos de vida (OE, 2010). A urbanização e a comercialização de
produtos nocivos à saúde são também fatores a considerar neste aumento progressivo
das doenças crónicas (Patrão, 2011).

A doença crónica pode ser definida como a “enfermidade de curso prolongado, com
evolução gradual dos sintomas e com aspetos multidimensionais, potencialmente
incapacitante, que afeta as funções psicológicas, fisiológicas ou anatómicas” (Dias et
al., 2011, p. 206).

As doenças crónicas caracterizam-se por não terem cura, serem de longa duração e,
por esse facto, necessitam de uma gestão constante, tanto por parte do doente como
por parte da equipa de saúde. Para além disso, estas doenças podem ou não interferir
na longevidade do doente, têm um prognóstico pouco favorável, os sintomas podem
ser constantes ou ter períodos de ausência variáveis, podem acontecer em todas as
fases da vida e há aquelas que implicam pequenas alterações na vida quotidiana e

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outras que provocam grandes modificações e limitações na vida dos doentes (Kralik,
Paterson & Coates, 2010).

A OMS (2002) refere que as doenças crónicas, em 2000, representavam cerca de


46% de todas as doenças e eram responsáveis por 59% da mortalidade total no
mundo. Mais recentemente, em 2008, as doenças crónicas foram responsáveis por
aproximadamente 36 milhões de óbitos, o que representa 63% de todas as mortes
(OMS, 2013)

As principais doenças crónicas potenciadoras de morbilidade e mortalidade são as


doenças cardiovasculares, as neoplasias, as doenças respiratórias crónicas e a
diabetes (OMS, 2013).

As doenças crónicas compartilham alguns factos em comum e que são considerados


preocupantes: estão a aumentar em todo o mundo e nenhum país está imune ao seu
impacto; representam um sério desafio para a eficiência e eficácia dos sistemas de
saúde e um teste às capacidades organizacionais destes no sentido de ir ao encontro
das necessidades; originam graves consequências económicas e sociais em todo o
mundo e são uma ameaça aos recursos de saúde de cada país e, por fim, estas
podem ser minimizadas, mas só quando os líderes do governo e da saúde adotarem
mudanças e inovações (OE, 2010).

A elevada incidência e prevalência das doenças crónicas, atualmente, representa um


enorme desafio para os sistemas de saúde e, neste contexto, Bastos (2012) aborda a
importância de um diagnóstico e prevenção precoces, assim como a utilização de
modelos de cuidados integrados e a reconfiguração de programas de gestão de
doença. Guerra (2009) menciona que as intervenções cada vez mais eficazes
disponibilizadas pelos sistemas de saúde levam a uma necessidade de continuidade
de cuidados, uma vez que, muitas das pessoas com este tipo de patologias,
sobrevivem cada vez mais tempo.

Os custos associados às doenças crónicas são muito elevados em termos humanos,


familiares, sociais e económicos. A OE afirma que é difícil encontrar métodos
adequados para quantificar esses custos, uma vez que estes incluem o tempo perdido
em casa, no ensino, no laser e no local de trabalho, o que resulta em:

“ (…) qualidade de vida reduzida; níveis aumentados de pobreza para os


indivíduos e as famílias; redução da produtividade e dos resultados económicos
para as empresas e as economias nacionais; custos para o indivíduo ou para o
sistema de saúde em termos de diagnóstico, cuidados e tratamento e o custo das
complicações muitas vezes preveníveis decorrentes da doença crónica” (OE,
2010, p.18).

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Pelo referido anteriormente, compreende-se que as doenças crónicas possuem
particularidades que as distinguem das doenças agudas, pelo que exigem uma
mudança e inovação no paradigma vigente da organização de prestação de cuidados,
sendo que a prevenção e gestão das doenças crónicas é um dos problemas urgentes
no que respeita aos cuidados de saúde (Guerra, 2009; Henriques, 2011). Assim,
através da utilização de estratégias adequadas e com o empenho de todos os grupos
de profissionais de saúde, é possível aumentar a adesão aos planos de cuidados,
proporcionar uma melhoria da qualidade de vida e reduzir a mortalidade e morbilidade
das pessoas com doença crónica (Henriques, 2011).

No espetro das doenças crónicas, a DM é uma das doenças cuja prevalência tem
vindo a aumentar em todo mundo, o que faz dela uma preocupação para os sistemas
de saúde.

Como referido a DM encontra-se em franca expansão no mundo, atinge milhões de


indivíduos e considera-se a existência de uma epidemia global da diabetes. O
Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) refere que é uma das quatro
principais causas de morte a nível mundial (OPSS, 2010). Dados recentes apontam
que o ano de 2012 foi aquele em que se registou o maior número de óbitos por DM
(SPD, 2013).

As estimativas mais recentes da International Diabetes Federation apontam que cerca


de 8,3% dos adultos (382 milhões de pessoas) têm diabetes e este número vai
continuar a aumentar. Mais de 80% destes diabéticos residem em países
desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, o que também pode dever-se ao facto
de nestes países as populações serem cada vez mais idosas, pelo que a prevalência
da diabetes tende a ser mais alta quando comparada com países com populações
significativamente mais jovens (International Diabetes Federationa, 2013).

De todos os tipos de diabetes, a DM2 é a forma mais comum desta patologia e o


aumento da sua incidência e prevalência fica a dever-se ao aumento da idade, fatores
genéticos, hábitos de vida e alimentares errados como o sedentarismo, excessos
alimentares, stresse e fatores ambientais. Este conjunto de fatores ajuda a explicar
muito desta explosão mundial de diabetes (International Diabetes Federationa, 2013).

No que diz respeito a dados em Portugal, a SPD (2012) refere que a prevalência da
DM, em 2010, era de 12,4% da população portuguesa com idades compreendidas
entre os 20 e os 79 anos. A mesma fonte menciona que, em 2012, esse valor já tinha
subido para 12,9% da população na mesma faixa etária. Torna-se importante referir
que desta prevalência total da diabetes, 7,3% corresponde à prevalência da diabetes
diagnosticada e 5,6% à prevalência da diabetes não diagnosticada (SPD, 2013).

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Existe uma diferença significativa na prevalência desta patologia entre homens e
mulheres, sendo que, entre a população diagnosticada, 8,4% são homens e 6,2% são
mulheres. Verifica-se a existência de uma relação direta entre a idade e a sua
prevalência, sendo que no escalão dos 60-79 anos, mais de um quarto da população
portuguesa tem diabetes. Torna-se também importante referir que existe uma relação
entre o índice de massa corporal e a diabetes e que cerca de 90% da população com
esta patologia apresenta excesso de peso ou obesidade (SPD, 2013).

No que respeita às complicações tardias da DM possíveis de monitorizar, estas não


têm sofrido grandes alterações nos últimos anos: o número de amputações dos
membros inferiores tendo como causa primária a DM manteve-se estável nos últimos
3 anos, assim como o número de casos de enfarte agudo do miocárdio (EAM),
acidente vascular cerebral (AVC), retinopatia e nefropatia (OPSS, 2010).

Estes dados permitem-nos compreender a magnitude desta patologia à qual está


associada uma elevada mortalidade e morbilidade devido às complicações a ela
inerentes, sendo importante ter em conta que os custos e sofrimento pessoais
inerentes não só à patologia como às complicações tardias a ela associadas, não têm
preço nem podem ser quantificados (SPEDM, 2011).

Desta forma, é importante continuar a luta contra a expansão desta patologia e, para
isso, é fundamental tomar medidas consistentes e programadas em termos de
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento.

1.1. CONCEITO, DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

A diabetes tem vindo a ser documentada desde a Grécia Antiga e atualmente continua
a ser alvo do interesse da comunidade científica internacional e de diversas
organizações e sistemas de saúde.

A DM refere-se a um grupo de desordens metabólicas comuns que partilham o


fenótipo da hiperglicémia. Existem diversos tipos distintos de diabetes que são
causados por uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais.
Dependendo da etiologia da diabetes, os fatores que contribuem para a hiperglicémia
incluem uma reduzida insulino-secreção, diminuição da utilização de glucose e o
aumento da produção de glucose (Longo et al., 2011).

Com os avanços do conhecimento tem-se assistido a uma atualização regular dos


critérios de diagnóstico e classificação.
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Segundo a American Diabetes Association (ADA), o diagnóstico é feito de acordo com
os seguintes parâmetros e valores no plasma venoso:

Glicémia em jejum ≥ 126 mg/dl;

Sintomas clássicos + glicémia ocasional ≥ 200 mg/dl;

Glicémia ≥ 200 mg/dl às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO)


com 75g de glicose;

Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5% (ADA, 2010).

O diagnóstico desta patologia não deve ter por base um único valor anormal de
glicémia de jejum ou de HbA1c, pelo que este deve ser confirmado noutra análise.

A ADA (2010) tem ainda em conta duas categorias de alteração da homeostase da


glicose, para as quais se sabe existir um risco aumentado para diabetes, sendo elas:
Anomalia da Glicémia de Jejum: glicémia de jejum ≥ 110 e < 126mg/dl e Tolerância
Diminuída à Glicose: glicemia às 2 horas na PTGO ≥ 140 e < 200mg/dl.

A DM caracteriza-se por abranger um conjunto heterogéneo de situações clínicas que


têm como elemento comum a intolerância à glucose mas que variam na sua
predisposição genética e na expressividade clínica.

Existem quatro tipos clínicos de diabetes etiologicamente distintos, sendo eles:


Diabetes tipo 1, Diabetes Tipo 2, Diabetes gestacional e outros tipos específicos de
diabetes (ADA, 2014).

A DM Tipo 1 representa aproximadamente 5 a 10% de todos os casos de diabetes e


caracteriza-se pela destruição das células beta do pâncreas que leva a uma
deficiência absoluta de insulina e pode ter origem autoimune ou idiopática. Este tipo de
diabetes é mais comum nos jovens, no entanto, pode ocorrer em qualquer idade
(Ministério da Saúde, 2011; ADA, 2014).

No que respeita à DM2, a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e


Metabolismo (SPEDM) menciona que é a forma mais frequente de diabetes,
representa cerca de 90 a 95% de todos os casos desta patologia e resulta da
existência de uma deficiência relativa de insulina com maior ou menor grau de
insulinorresistência. Esta surge tipicamente no adulto, é diagnosticada habitualmente
após os 45 anos e a sua incidência é crescente com a idade. No entanto, mais
recentemente, tem-se vindo a verificar um aumento crescente deste tipo de diabetes
entre os jovens obesos (SPEDM, 2011). O risco de sofrer desta patologia está
relacionado com a predisposição genética e aumenta quando associado à obesidade,
sedentarismo, hipertensão arterial (HTA) e dislipidémia. A sua evolução é lenta e,

27
frequentemente, permanece sem sintomas expressivos e sem ser diagnosticada
durante vários anos. Na maioria dos casos é diagnosticada após a realização de
exames de rotina, no decurso de uma hospitalização por outra causa ou aquando do
aparecimento das complicações tardias (Ministério da Saúde, 2011). A prevalência da
DM2 está a aumentar e esse facto fica a dever-se às mudanças sociais e culturais, ao
envelhecimento da população, à crescente urbanização, às alterações alimentares, ao
sedentarismo, a estilos de vida pouco saudáveis e a outros padrões comportamentais
(SPD, 2012).

A diabetes gestacional corresponde a qualquer grau de hiperglicémia e/ou intolerância


à glicose documentada ou reconhecida pela primeira vez durante a gravidez
(Ministério da Saúde, 2011; ADA, 2014).

Existem ainda outros tipos específicos de diabetes e que são: defeitos genéticos da
célula ß, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino,
endocrinopatias, diabetes induzida por químicos ou fármacos, infeções, formas
comuns de diabetes autoimune e outras síndromes genéticas associados à diabetes
(ADA, 2010).

1.2. RESPOSTAS DA PESSOA À DOENÇA

Sendo a DM uma doença crónica para a qual ainda não existe cura, o seu tratamento
visa o controlo da homeostase da glicose que é a única forma de evitar o
aparecimento de complicações.

Estima-se que cerca de 40% dos diabéticos venham a padecer de complicações


inerentes a esta patologia. Estas evoluem de uma forma silenciosa e, por vezes, já
estão instaladas há algum tempo quando são detetadas (Vieira, 2009). A única forma
de diminuir ou retardar o surgimento das resposta da pessoa ao processo de doença e
dos seus danos é através de um controlo rigoroso da glicémia, da tensão arterial e dos
lípidos, assim como uma vigilância periódica dos órgãos mais sensíveis (SPEDM,
2011).

As complicações da diabetes podem ser divididas em complicações agudas e


crónicas.

As complicações agudas englobam essencialmente a hipoglicémia, a hiperglicémia, a


cetoacidose diabética (mais comum na diabetes tipo 1) e o coma hiperosmolar (Vieira,

28
2009; SPEDM, 2011). Todas elas implicam risco de vida, caso o doente não seja
tratado a tempo.

A hipoglicémia é a complicação mais frequente e a mais temida pelo facto de poder


provocar danos cerebrais. Esta designa uma baixa de glicose no sangue (< 60 mg/dl),
quer estejam presentes ou ausentes os sintomas clássicos de hipoglicémia. No que
diz respeito à sintomatologia, é importante referir que nem todos os diabéticos
apresentam os mesmos sintomas. As manifestações de hipoglicémia dividem-se em
duas categorias: os sintomas adrenérgicos ou autonómicos que se devem à
estimulação do sistema nervoso simpático (sensação de fome, tremores, palidez
cutânea, sudação, ansiedade, palpitações e irritabilidade) e os sintomas
neuroglicopénicos que resultam do aporte insuficiente de glicose ao sistema nervoso
central (cefaleias, falta de concentração, confusão mental, obnubilação, alterações da
fala, visuais e auditivas, sonolência, falta de força, perda de consciência, convulsões,
coma e morte se não for tratada). As causas mais comuns da hipoglicémia são a
prática de esforços físicos intensos, omissão ou atraso de refeição, redução da
ingestão de hidratos de carbono, dose excessiva de insulina, ingestão excessiva de
álcool, ingestão de fármacos hipoglicemiantes, insuficiência renal, entre outros
(SPEDM, 2011). É fundamental educar e ensinar o doente e sua família para a
prevenção destas situações pois podem levar a uma perda progressiva das funções
neurológicas.

A hiperglicémia designa um aumento significativo da glicose no sangue, sendo que


esta pode ficar a dever-se a uma quantidade insuficiente de medicação, seja insulina
ou antidiabéticos orais (ADO), alimentação desequilibrada ou em excesso, realização
de pouco ou nenhum exercício físico, presença de um processo infeccioso, alterações
emocionais, alguns medicamentos. Variando de pessoa para pessoa e consoante os
valores de glicémia, podem manifestar-se sintomas como fadiga, poliúria, polidipsia e
anorexia (Vieira, 2009).

O coma hiperosmolar é uma situação clínica grave, observada na DM2, sendo mais
frequente nos idosos tratados com ADO ou insulina mas mal compensados ou em
indivíduos que desconheciam ser diabéticos. O coma hiperosmolar caracteriza-se por
uma hiperglicémia persistente, hiperosmolaridade, desidratação grave, ausência de
acidose, alterações do estado de consciência (que podem ir desde a sonolência ao
coma) e hipotensão. Pode ser originada por infeções, redução de insulina ou ADO,
ingestão de medicamentos (corticosteróides, diuréticos, …) (SPEDM, 2011).

As complicações tardias são causadas essencialmente por lesões nos vasos


sanguíneos e nos nervos devido aos elevados níveis de glicémia durante um grande

29
período de tempo e incluem doença coronária e cerebral, HTA, aterosclerose, AVC,
problemas circulatórios nos membros inferiores, retinopatia, glaucoma, cataratas,
nefropatia, neuropatia, “pé diabético” e disfunção sexual (Vieira, 2009; SPD, 2013).

As doenças dos vasos sanguíneos podem classificar-se em dois grupos: a doença


macrovascular (ou macroangiopatia) e a doença microvascular (ou microangiopatia).

No que diz respeito à doença macrovascular, o sistema cardiovascular é um dos


territórios mais afetados pelas manifestações tardias da diabetes. Um diabético que
não esteja metabolicamente controlado poderá, com o passar dos anos, sofrer
alterações nos médios e grandes vasos sanguíneos, designadamente espessamento,
endurecimento e aterosclerose. Estas alterações traduzem-se numa diminuição do
lúmen das artérias, o que compromete a nutrição dos tecidos, podendo evoluir para
AVC, EAM, problemas circulatórios nos membros inferiores que podem originar lesões
na pele e gangrena. Os diabéticos têm ainda um risco acrescido de desenvolver HTA
(Vieira, 2009).

A doença microvascular caracteriza-se pelo aumento da espessura da membrana


basal capilar e pequenos vasos. Este espessamento ocorre em todos os órgãos mas
as consequências mais graves surgem ao nível dos olhos e rins designando-se,
respetivamente, retinopatia e nefropatia (SPEDM, 2011).

São várias as alterações oculares na pessoa com diabetes: retinopatia diabética,


cataratas, glaucoma, neuropatia (dos nervos oculomotores e nervo ótico) e alterações
transitórias da refração. Destas, irei apenas salientar a retinopatia pelo facto de esta
ser a complicação mais comum nos doentes que padecem desta patologia. A
retinopatia diabética é uma das principais causas de diminuição da acuidade visual e
principal causa de cegueira em adultos. Muitos doentes permanecem assintomáticos
até estadios avançados da retinopatia. A sua progressão pode ser rápida, e o seu
tratamento através da fotocoagulação tem-se mostrado eficaz na melhoria dos
sintomas e na redução da progressão (SPEDM, 2011).

A nefropatia diabética ocorre em cerca de 20 a 40% dos diabéticos e é definida como


o aumento da excreção urinária de albumina, acompanhada pelo aumento da pressão
arterial, o que conduz progressivamente ao declínio da taxa de filtração glomerular. A
nefropatia diabética é a causa mais frequente de insuficiência renal crónica terminal,
sendo responsável por cerca de 40% de todos os novos doentes que necessitam de
terapêutica substitutiva da função renal (Vieira, 2009; Longo et al., 2011).

A neuropatia diabética é definida como a presença de sintomas e/ou sinais de


disfunção dos nervos periféricos em doentes com DM e destes resulta a diminuição ou

30
supressão da sensibilidade sensitiva (térmica, dolorosa e tátil) e motora (motricidade
muscular). Estima-se que cerca de 50% dos diabéticos desenvolvem neuropatia ou
polineuropatia - neuropatia sensitiva e motora (SPEDM, 2011).

O “pé diabético” resulta do conjunto de mutações macrovasculares e microvasculares


e sequente neuropatia que levam ao desenvolvimento de alterações nos membros
inferiores, em que as úlceras do pé são as complicações mais frequentes e
potencialmente graves da DM. Aproximadamente 15% dos indivíduos com DM
sofrerão de patologia do pé e 4% sofrerá uma amputação (Longo et al., 2011).

A disfunção sexual é outra das complicações decorrentes da DM e, apesar de esta ter


um papel importante na qualidade de vida do diabético, nem sempre é devidamente
valorizada, quer pelos profissionais de saúde, quer pelos próprios doentes. Nos
homens pode manifestar-se sob a forma de ejaculação retrógrada ou impotência
sexual e nas mulheres como perda do desejo sexual, incapacidade de atingir o
orgasmo ou diminuição da lubrificação vaginal. A disfunção sexual na DM pode ser
multifatorial, pois pode ter origem nas lesões dos nervos ou vasos sanguíneos,
alterações hormonais e psicológicas, bem como na iatrogenia medicamentosa, o que
faz com que a abordagem da disfunção sexual neste tipo de doentes seja
particularmente complexa (SPEDM, 2011). Existem, atualmente, diversas formas de
tratar muitas destas situações com resultados satisfatórios, no entanto, não identificar
atempadamente este problema pode torná-lo irresolúvel.

O conhecimento da prevalência e magnitude das complicações inerentes a esta


patologia é essencial para adequar as prioridades e estratégias em saúde, por forma a
tentar retardar ou evitar a instalação das complicações agudas ou crónicas. Para
atingir este objetivo devem ser criadas as condições que permitam ao diabético gerir a
sua doença, sendo que para isso é necessário instaurar um plano terapêutico
adequado, em que os conhecimentos acerca de tudo o que é inerente a esta patologia
e a motivação do doente para o cumprir, são “peças” fundamentais.

1.3. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO E NÃO FARMACOLÓGICO

O tratamento da diabetes visa a manutenção dos valores da glicémia o mais


controlados possíveis, por forma a evitar a instalação das complicações tardias desta
patologia sendo, para isso, fundamental um programa de educação centrado no
doente. Este objetivo não é fácil de atingir pelo facto de esta patologia ser uma

31
perturbação metabólica dinâmica e permanente que se encontra sujeita a constantes
variações decorrentes da medicação hipoglicemiante, do exercício físico, da
alimentação, do stresse e de doenças intercorrentes (Correia, 2007).

Os pilares basilares em que assenta o controlo da diabetes são a realização de uma


alimentação saudável e exercício físico regular, sendo que estes se complementam
com a medicação - ADO e/ou insulina (ADA, 2014).

A terapia nutricional é recomendada ao diabético como um componente efetivo no seu


plano de tratamento. A realização de um regime alimentar adequado é fundamental e
todo o diabético deve ser seguido por uma equipa multidisciplinar. No que diz respeito
à orientação alimentar, deve-se ter sempre em conta as recomendações gerais, no
entanto, é necessária a orientação caso a caso, atendendo às especificidades de cada
indivíduo (International Diabetes Federationb, 2013). O diabético deve ser
orientado/educado a fazer uma dieta equilibrada, polifracionada, com baixa ingestão
de hidratos de carbono de absorção rápida, gorduras saturadas e sal, estimulando o
consumo de fibras. Os doentes com excesso de peso devem ser orientados no sentido
da perda de peso, pois está provado que esta perda diminui a insulino-resistência
(ADA, 2014). Os principais objetivos da orientação alimentar são: a manutenção da
glicémia em valores o mais próximo do normal quanto possível, atingir e manter um
perfil lipídico que reduza o risco de doença cardiovascular, reduzir o risco e a
frequência das complicações crónicas e manter a tensão arterial dentro dos
parâmetros normais (SPEDM, 2011).

A prática de exercício físico regular, para além de ser uma das medidas preventivas do
desenvolvimento da DM2, tem também um papel preponderante na própria terapêutica
da diabetes, contribuindo para o melhor controlo metabólico. Esta tem efeitos
benéficos a longo e médio prazo: diminui a glicémia durante e após o exercício, facilita
a perda de peso, melhora a condição física, aumenta a massa muscular, melhora o
perfil lipídico, aumenta a sensibilidade à insulina, diminui os valores de tensão arterial,
tem benefícios psicossociais e melhora a qualidade de vida (International Diabetes
Federationb, 2013).

A realização de uma alimentação saudável e equilibrada e o exercício físico regular,


numa fase inicial, pode ser o suficiente para manter a DM2 controlada, no entanto,
quando não está controlada, torna-se necessário o tratamento com ADO ou, em
alguns casos, com insulina.

Relativamente ao tratamento farmacológico, a insulina está indicada no tratamento dos


diabéticos tipo 1, durante a gravidez, internamentos por doença e no decorrer de uma

32
intervenção cirúrgica. Por sua vez, nos diabéticos tipo 2, estão indicados os ADO
embora, por vezes, também necessitem de insulina (Longo et al., 2011).

No que respeita aos ADO, existem diversos grupos de fármacos com diferentes ações,
nomeadamente as biguinas, as tiazolidinedionas ou glitazonas, os inibidores das alfa-
glucosidases, as sulfonilureias, as meglinidas ou glinidas e as incretinas.

Muitos dos diabéticos tipo 2 podem requerer e beneficiar com a insulinoterapia. Os


profissionais de saúde devem evitar a utilização da insulina como ameaça ou
descrevê-la como punição ou um fracasso e, neste sentido, é importante explicar
regular e objetivamente ao diabético a natureza progressiva da DM2 (ADA, 2014).

O momento em que o diabético deve iniciar insulina é uma das decisões mais
importantes e difíceis de tomar no tratamento destes doentes. Os resultados de alguns
estudos comprovam que, por um lado existe algum grau de resistência por parte dos
médicos em iniciar a terapêutica com insulina e, por outro, o adiamento também se
fica a dever ao facto de existir preocupação pela dificuldade de adesão do doente ao
tratamento (SPEDM, 2011).

A insulina pode melhorar o bem-estar e o controlo metabólico de muitos doentes com


DM2 quando a progressão natural da doença levou à perda desse controlo. O
potencial que a insulina tem para reduzir o desenvolvimento das complicações da
diabetes a longo prazo, tem levado a uma recente explosão no número de doentes a
fazer insulina.

Atualmente existe uma grande variedade de esquemas de insulinoterapia possíveis e


que mostraram ser eficazes nos doentes com DM2, sendo que alguns deles estão
associados aos ADO (SPEDM, 2011).

Após tudo o que foi referido acerca da terapêutica associada a esta patologia, é fácil
compreender que existe uma enorme diversidade de esquemas terapêuticos possíveis
e a sua escolha deve ser sempre individualizada, prestando atenção às necessidades
individuais de cada doente.

1.4. A PESSOA COM DIABETES E O AUTOCUIDADO

As políticas de saúde colocam, cada vez mais, a responsabilização, envolvimento e


perícia nos cidadãos (e famílias) para serem autónomos nas atividades de vida diária
e na busca de comportamentos salutares que vão ao encontro dos esquemas

33
terapêuticos definidos com a colaboração dos profissionais de saúde, a fim de serem
capazes de gerir de forma eficaz os processos de saúde-doença (Petronilho, 2012).

O autocuidado é um fenómeno complexo e multidimensional que pode ser


concetualizado como um sistema contínuo de ações produzidas por ou para pessoas,
desde o nascimento até à morte, através do desempenho de ações de cuidado e
sequências de ações (Taylor e Renpenning, 2011).

Este conceito é definido por Orem (2001) como a prática de atividades que os
indivíduos iniciam e executam, em seu proveito com o intuito da manutenção da vida,
da saúde e bem-estar.

De acordo com Bastos (2012) o autocuidado, na perspetiva dos doentes, engloba uma
série de atividades que visam capacitar a pessoa para lidar com alterações
emocionais, aderir a um RT, lidar com o impacto de uma situação crónica ou
duradoura na sua vida e manter as coisas básicas da vida como a família, trabalho e
atividade social.

A conceptualização do autocuidado foi iniciada em 1956 por Dorothea Orem e, desde


aí, a autora desenvolveu a relação entre a enfermagem e o autocuidado e deu origem
a uma teoria de enfermagem – a teoria geral de enfermagem do défice de
autocuidado, sendo que esta teoria explica porque as pessoas necessitam dos
cuidados de enfermagem, os processos de produção de autocuidado e a estrutura
para o desenvolvimento da ciência do autocuidado (Taylor & Renpenning, 2011).

A teoria geral de enfermagem do défice de autocuidado parte do princípio que todos


os adultos saudáveis têm capacidade para se autocuidar, no entanto, quando por
motivo de doença, falta de recursos ou fatores ambientais a necessidade de
autocuidado é superior à sua capacidade para o realizar, surge a enfermagem, cujo
objetivo é ajudar os indivíduos a compensar o desequilíbrio existente (Cunha, Cardoso
& Oliveira, 2005). Esta teoria integra três teorias que estão relacionadas entre si:
sistemas de enfermagem, autocuidado e cuidados a pessoas dependentes e do défice
de autocuidado e défice de cuidados a pessoas dependentes.

A teoria dos sistemas de enfermagem é a teoria unificadora e sugere que a


enfermagem é a ação humana. Os sistemas de enfermagem surgem com o objetivo
de compensar o défice de autocuidado manifestado pela pessoa e são um conjunto de
ações que visam o cuidado ao indivíduo com diferentes graus de dependência. Assim,
a finalidade da intervenção dos enfermeiros é cuidar da pessoa e promover o
autocuidado naquilo que o indivíduo não tem capacidade para realizar por si só. Esta
teoria também prevê que a família deve ser alvo da intervenção de enfermagem,

34
sempre que necessário, de forma a adquirir capacidades para cuidar do indivíduo
(Orem, 2001; Tomey & Alligood, 2003; Cunha, Cardoso & Oliveira, 2005; Taylor &
Renpenning, 2011).

A teoria do défice de autocuidado constitui a essência da teoria geral e determina a


necessidade de intervenção de enfermagem. Assim, a enfermagem é requerida
quando os adultos são incapazes ou estão limitados na satisfação de autocuidado. O
défice de autocuidado surge quando as necessidades do indivíduo são superiores à
capacidade para se autocuidar. Orem prevê cinco intervenções dirigidas aos
indivíduos, sendo eles: executar ou agir, substituindo a pessoa naquilo que esta não
tem capacidade para fazer; orientar e encaminhar; oferecer apoio (físico e
psicológico); oferecer um ambiente que favoreça o desenvolvimento do indivíduo e
ensinar (Orem, 2001; Cunha, Cardoso & Oliveira, 2005; George, 2011; Taylor &
Renpenning, 2011; Meleis, 2012; Petronilho, 2012).

Por último, na teoria do autocuidado, Orem parte do pressuposto que o indivíduo tem a
capacidade para se autocuidar por possuir habilidades, conhecimentos e vivência
adquirida ao longo do ciclo vital, sendo este denominado de agente de autocuidado
(self-care agent), no entanto, quando este não tem esta capacidade, necessita que o
cuidado seja realizado por outras pessoas, passa a denominar-se de agente
dependente de autocuidados. Um outro conceito importante que Orem desenvolve diz
respeito à capacidade de o ser humano se envolver no autocuidado e denomina-se
agência de autocuidado ou ação de autocuidado (self-care agency). Assim, a prática
de atividades ou ações iniciadas e executadas única e exclusivamente pelos
indivíduos com o objetivo da manutenção da vida, do funcionamento saudável e da
continuação do desenvolvimento pessoal e bem-estar designa-se por comportamentos
de autocuidado (self-care behaviour) (Orem, 2001; Cunha, Cardoso & Oliveira, 2005;
George, 2011; Taylor & Renpenning, 2011; Meleis, 2012).

A componente principal da teoria anterior é o que Orem designou de requisitos de


autocuidado (objetivos que devem de ser alcançados através das ações de
autocuidado realizadas pelo indivíduo) sendo que estes podem ser universais
(essenciais), de desenvolvimento ou de desvio de saúde (Taylor & Renpenning, 2011).
Os requisitos universais de autocuidado são comuns a todos os seres humanos e
estão presentes ao longo de todos os estadios da vida, sendo que estes envolvem as
necessidades humanas básicas e são essenciais para manter um estado de saúde
ótimo e bem-estar (manutenção de ingestão suficiente de ar, de água e de alimento,
provisão de cuidados associados a processos de eliminação e excreção, …). Os
requisitos de autocuidado de desenvolvimento referem-se à provisão de condições

35
que promovem o desenvolvimento, compromisso no autodesenvolvimento e a
capacitação para ultrapassar os efeitos das condições e situações que afetam
adversamente o desenvolvimento. Por fim, os requisitos de autocuidado de desvio de
saúde são requisitos adicionais decorrentes de doença ou lesão, assim como do seu
tratamento (Orem, 2001). No que se refere autocuidado numa doença crónica como a
diabetes, referimo-nos fundamentalmente a esta tipologia de requisitos, embora seja
importante ter em conta que as limitações impostas pela doença podem afetar o
desempenho do indivíduo, o que vai impor limitações aos requisitos universais de
autocuidado (Bastos, 2012).

No momento em que um indivíduo é confrontado com o diagnóstico de uma doença


aguda ou crónica, surge um conjunto de novas exigências e necessidades,
nomeadamente procurar ajuda de um profissional de saúde, realizar medidas de
diagnóstico, tratamento e reabilitação, possíveis efeitos secundários associados ao
tratamento, alteração da autoimagem e autoconceito, consciência das consequências
a que a doença poderá conduzir e integrar essas alterações no seio da vida familiar
(Taylor & Renpenning, 2011). Embora os seres humanos tenham uma grande
capacidade para se adaptar às mudanças internas ou ambientais, existem situações
que ultrapassam essa capacidade, sendo que nesses casos se torna necessário apoio
social, familiar ou profissional (Bastos, 2012). Esta afirmação vai de acordo ao que é
preconizado por Orem que refere que o autocuidado não se encontra limitado
unicamente à pessoa a quem ele é dirigido visto que ele inclui o cuidado que é
prestado por outros em favor dessa pessoa – cuidado dependente (dependent care),
sendo que este pode ser prestado por membros da família ou pessoas desconhecidas
até que a pessoa esteja capacitada para se autocuidar (Meleis, 2012).

O processo de autocuidado tem o seu inicio no momento em que o indivíduo toma


consciência do seu estado de saúde e requere um processo racional que envolve
reflexão, julgamento e, por fim, tomada de decisão. Todo este processo pode ser
influenciado por inúmeros fatores como a idade, género, estado de saúde, relação
com a família, comunidade, cultura e participação em grupos culturais. Orem
considera como condições fundamentais para que a pessoa esteja capacitada para se
autocuidar a motivação, conhecimento técnico, capacidades cognitivas, capacidade
para a tomada de decisão e assimilação e incorporação das ações de autocuidado na
vida pessoal, familiar e social (Orem, 2001; Taylor & Renpenning, 2011).

A perspetiva da ação de enfermagem envolve pelo menos cinco métodos através dos
quais os indivíduos vão compensar ou ultrapassar as limitações relacionadas com a
saúde, sendo eles agir ou fazer pelo outro, orientar, providenciar apoio físico e

36
psicológico, providenciar e manter um ambiente que suporte o desenvolvimento
pessoal e o ensino (Orem, 2001).

A diabetes é uma das patologias mais exigentes com que atualmente nos deparamos
e que envolve alteração dos estilos de vida, múltiplas tomadas de decisão com
escolhas, riscos e consequências, o que constitui um desafio que apenas pode ser
superado com o empenho de doentes e profissionais de saúde (SPEDM, 2011).

No diabético, a prática do autocuidado é essencial no seu tratamento. Este implica que


o indivíduo se encontre capacitado para vigiar e responder de forma ativa aos fatores
ambientais e fisiológicos e que se encontre apto para efetuar os ajustes necessários,
com o objetivo de manter um bom controlo metabólico e evitar o aparecimento de
complicações (OMS, 2003).

São vários os fatores que têm impacto na forma como a pessoa gere a DM. Alguns
dos fatores internos à pessoa que têm impacto no autocuidado são o conhecimento e
a compreensão dos tratamentos prescritos e do plano de autocuidado, prioridades,
autoestima, autoeficácia e habilidades inatas para organizar e planear, resolver
problemas e lidar com o stresse. Fatores externos à pessoa como o suporte social e a
situação laboral e fatores ambientais como o preço da comida, cultura e acesso a
cuidados de saúde, influenciam também a gestão da DM (Weinger & Carver, 2009).

Assim, e tal como refere Correia (2007), realizar a autovigilância da glicémia capilar,
adequar e adaptar a alimentação, ajustar o consumo de medicação e efetuar
corretamente a sua toma, realizar exercício físico regularmente, fazer uma vigilância
regular dos pés, vigiar regularmente a saúde e ainda realizar outros comportamentos
que incluem uma higiene cuidada da pele e dentes, utilização de roupa adequada, são
algumas das atividades de autocuidado solicitadas ao diabético.

A autovigilância, autocontrolo e autogestão eficaz da DM são de extrema importância


para a manutenção da saúde e da qualidade de vida e, para a sua aprendizagem e
treino, em muito contribui o papel dos profissionais de saúde, enquanto educadores,
cujo papel é orientar e educar o diabético a descobrir o plano terapêutico mais
adequado às necessidades específicas de cada indivíduo.

Num estudo com 97 participantes em que se pretendia investigar os fatores


associados aos comportamentos de autocuidado em indivíduos com DM2 na
comunidade, Koo et al. (2011) demonstraram que os comportamentos de autocuidado
foram menores em indivíduos que beberam bebidas alcoólicas e fumaram cigarros nos
últimos seis meses e/ou praticaram crenças religiosas ou espirituais.

37
No sentido de identificar alguns dos fatores que explicam os comportamentos de
autocuidado Bai, Chiou e Chang (2009) analisaram um grupo de 165 indivíduos
tailandes. Os resultados demonstram que fatores como o género, nível de educação,
status económico e crenças religiosas afetam de forma significativa os
comportamentos de autocuidado. A depressão e os comportamentos de autocuidado
tiveram uma correlação negativa. Para além disso, o tempo de duração da DM, a
educação e o apoio social afetaram de forma expressiva os comportamentos de
autocuidado.

Ao estudarem os comportamentos de autocuidado dos indivíduos chineses Zhou et al.


(2013), obtiveram como principais resultados que a maioria dos participantes estava
ciente da importância do autocuidado na gestão da diabetes. Ainda assim somente
43% dos participantes acertou em pelo menos metade das questões relacionadas com
a DM. Apenas 13% dos participantes faziam uma correta autovigilância da glicémia
capilar. Os principais fatores preditores de um défice de conhecimento ou baixo
autocuidado foram um baixo nível de escolaridade ou idade avançada (mais de 53
anos de idade). Défices de conhecimento acerca da DM e práticas de autocuidado
existiam na maioria dos doentes com um controlo glicémico abaixo do recomendado.

Stafford et al. (2005) desenvolveram um estudo que incluiu uma amostra de 1482
participantes norte americanos cujo objetivo era conhecer o tempo que os
participantes despendiam com os comportamentos de autocuidado relacionados com
a diabetes. Como principais resultados realçaram que em média os participantes
despendiam uma média de 58 minutos por dia com comportamentos de autocuidado.
Cerca de 38% dos indivíduos revelaram não prestar os cuidados inerentes aos pés e
37,7% não praticavam exercício físico. Os participantes que não realizavam a
autovigilância da glicémia capilar, eram os que praticavam menos exercício físico,
cuidavam menos dos pés, despendiam menos tempo a comprar/preparar a comida e
eram propensos a gastar menos de 30 minutos a autocuidar-se do que os
participantes que avaliavam frequentemente a glicémia capilar.

Em suma, o plano terapêutico na diabetes é complexo e exige um enorme esforço por


parte do diabético e/ou família, pelo que se preconiza a existência de um trabalho
individualizado entre o indivíduo e os profissionais de saúde, com o objetivo de
conseguir integrar a vivência desta patologia no quotidiano diário de forma a manter
um controlo metabólico adequado, por forma a adiar ou evitar o surgimento de
complicações.

38
2. ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

A ART apresenta uma enorme importância na saúde dos indivíduos, sobretudo


quando se encontra comprometida, pelo que esta tem obtido a atenção da
comunidade científica, especialmente por aqueles que sentem de perto a problemática
da não adesão, como é o caso dos enfermeiros.

A ART tem sido abordada na literatura desde os tempos de Platão, no entanto, até aos
anos 70, foi atribuída pouca importância a esta temática, sendo que foi a partir desta
data que ocorreu uma proliferação de pesquisa na área (Fitzpatrick & Kazer, 2011).

2.1. CONCEITO

Atualmente, a ART, adesão terapêutica ou adesão ao tratamento assumem o mesmo


significado (Machado, 2009). Assim, importa definir este conceito para se atingir uma
melhor compreensão do mesmo.

Kralic, Paterson e Coates (2010) conceptualizam este conceito como sendo a


extensão de comportamentos da pessoa que coincide com as recomendações dadas
pelos profissionais de saúde, em termos de toma de medicação, seguir uma dieta
adequada e mudanças no estilo de vida.

De acordo com a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (2002, p.


58), a ART é “um tipo de gestão do regime terapêutico com as características
específicas: desempenhar atividades para satisfazer as exigências terapêuticas dos
cuidados de saúde; aceitação do decurso de tratamento prescrito como prestador de
cuidado ou apoiante”.

Reiners apud Silva (2010, p. 44) define a ART como “… atitudes e comportamentos do
cliente que condizem com o conjunto de medidas terapêuticas prescritas para o
controle da doença (medidas farmacológicas e não farmacológicas) …”.

Os conceitos anteriormente apresentados têm algumas semelhanças, nomeadamente


a ideia subjacente de que a adesão consiste no cumprimento, por parte do doente, de
determinadas recomendações realizadas pelos profissionais de saúde e, quando estas

39
são cumpridas, podem conduzir a benefícios para a saúde. No entanto, de acordo com
Pereira e Costa (2011), a definição de ART neste sentido apresenta-se como um
conceito unidirecional, na medida em que o profissional de saúde decide o melhor
para o doente. Neste contexto, mais recentemente têm surgido novas definições de
ART como a de King apud Pereira e Costa (2011) que conceptualiza a adesão como o
nível de participação obtido, num regime comportamental, mediante o acordo de
participação. Esta definição, mais ampla, incorpora a importância da cooperação entre
profissional de saúde e utente.

A ART envolve, no contexto da doença crónica, não só a toma da medicação de


forma apropriada, mas também alguns comportamentos como procurar auxílio médico,
comparência nas consultas de seguimento, aquisição da medicação, obter
imunizações e adotar modificações comportamentais ajustadas à(s) patologia(s) de
base, como por exemplo, realização de exercício físico, controlo do peso, realização
de uma alimentação equilibrada (OE, 2010).

O reforço do poder e da responsabilidade do doente em contribuir para a melhoria do


seu estado de saúde, faz-se através da promoção de uma dinâmica contínua de
desenvolvimento que integre a produção e partilha de informação e conhecimento
(literacia em saúde), numa cultura de pró-atividade, compromisso e auto controlo do
cidadão (capacitação e participação ativa), para a máxima responsabilidade e
autonomia (Ministério da Saúde, 2012).

A ART é o reflexo de uma comunicação eficaz e de uma relação que é construída


sobre o respeito, participação ativa, parceria entre o doente e o profissional de saúde e
não pela coerção ou manipulação (Falvo, 2011).

Associados ao termo adesão encontram-se frequentemente na literatura inglesa dois


termos distintos para adesão – compliance e adherence. Apesar de uma grande
discussão acerca da aceitabilidade destes termos e das diferenças entre eles, a
maioria dos investigadores utiliza-os como sinónimos, no entanto, embora possam
parecer semelhantes, estes têm significados distintos (Fitzpatrick & Kazer, 2011).

Para compreender melhor esta diferença, é importante fazer uma breve


contextualização teórica. Os cuidados de saúde, anteriormente, eram prestados
segundo uma perspetiva biomédica (o foco deste modelo centra-se na doença e não
no doente como um todo), no qual as decisões sobre o tratamento eram realizadas
pelos profissionais de saúde com pouca participação da pessoa. Neste modelo,
esperava-se que todos os doentes seguissem ou obedecessem (“comply”) às
recomendações recebidas, pois assumia-se que estes, quando procuravam conselhos
de saúde, acreditavam que as recomendações dadas pelos profissionais de saúde
40
eram para o seu melhor interesse e, consequentemente, estes iriam, logicamente,
segui-las (Falvo, 2011). Assim, o termo compliance indica um diferencial de poder
entre o doente e o profissional de saúde e sugere que o doente segue passivamente
as recomendações, obedece aos profissionais de saúde, em vez de seguir um plano
de tratamento baseado num esforço e colaboração entre este e o profissional de
saúde (Kim, 2010).

Durante as últimas décadas tem sido questionada a eficiência desta abordagem


autoritária devido ao aparecimento de evidência científica que demonstra que, na
maioria das vezes, esta abordagem não tem os melhores resultados. Desta forma, e
pelo facto de o conceito compliance assumir uma conotação de autoridade, foi
substituída por palavras como adesão (adherence), aliança terapêutica, colaboração
ou concordância, no entanto, o termo adesão é mais utilizado para descrever este
fenómeno (Falvo, 2011).

A mudança na terminologia está fortemente associada a uma mudança de visão dos


cuidados de saúde, em que a abordagem se centra no doente, sendo que o foco
passa a ser as necessidades dos doentes e não os objetivos dos profissionais de
saúde (idem). Neste contexto, a adesão surge como um termo que se encontra
fortemente ligado à concordância e a uma aliança terapêutica entre profissional de
saúde e doente, ou seja, este conceito emerge do respeito pela autonomia do doente
e pelo reconhecimento do direito de decidir e optar de forma informada e responsável
(Larsen & Lubkin, 2009).

A principal diferença entre estes conceitos radica no facto de a adesão requerer um


processo de negociação no sentido da concordância da pessoa com as
recomendações. Os doentes devem ter um papel ativo juntamente com os
profissionais de saúde no que diz respeito ao seu autocuidado e a comunicação entre
ambos deve ser efetivada na prática clínica.

2.2. AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

A existência de uma multiplicidade de comportamentos envolvidos na ART faz com


que a sua avaliação seja uma tarefa complexa. Para avaliar/quantificar a adesão a um
RT podem ser utilizadas medidas diretas ou indiretas, sendo que ambas apresentam
vantagens e desvantagens.

41
As medidas diretas têm como objetivo confirmar a realização dos autocuidados
terapêuticos como o cumprimento do regime medicamentoso, os cuidados alimentares
e realização de exercício físico tornando-se, por isso, mais fidedignas, mais
dispendiosas e menos fáceis de aplicar e incluem:

Observação direta – só pode ser utilizada em tratamentos de toma única ou se


a pessoa se encontrar internada. Não é aplicável ao quotidiano pois os
doentes, entre outros fatores, podem descartar ou esconder a terapêutica;

Avaliação das concentrações séricas – doseamento de marcadores


bioquímicos que é realizado através da recolha de amostras de fluidos
corporais. No caso da diabetes é possível utilizar a HbA1c mas é importante
referir que não existem marcadores específicos da adesão para todas as
doenças crónicas (Machado, 2009; Dias et al., 2011).

As medidas indiretas são medidas subjetivas que requerem a colaboração dos


doentes e são utilizadas mais frequentemente por serem mais simples e de fácil
utilização. Estas incluem, por exemplo:

O relatório do doente ou o autorrelato que consiste em questionar o doente se


tomou a medicação prevista e se realizou as atividades de autocuidado que
foram recomendadas. Este método é bastante utilizado por ser fácil de aplicar e
ter baixo custo. A maior dificuldade apontada a esta forma de avaliar a ART
consiste no facto de alguns doentes sobrevalorizarem os autocuidados
realizados, pelo que a sua utilização deve ser feita com as devidas precauções;

A opinião do médico é um método que se baseia na apreciação que o clínico


faz do cumprimento das prescrições prescritas ao doente. Esta é fácil de
utilizar, económico e valoriza a adesão total, no entanto, apresenta validade
questionável;

O diário do doente consiste na descrição do quotidiano do doente. Quando


corretamente preenchido, possibilita tirar ilações acerca do cumprimento dos
autocuidados associados à patologia;

A contagem dos comprimidos permite avaliar a taxa de adesão ao RT mas


pode ser facilmente manipulado pelo doente;

O estado de saúde/resultado terapêutico é um método de fácil aplicação e


pouco dispendioso. Têm de se ponderar a influência de outros fatores para
além da medicação;

A monitorização eletrónica da terapêutica consiste na utilização de frascos que


registam a data e hora em que são abertos e fechados. Permitem apenas obter
42
informação acerca da medicação que foi retirada e não se foi efetivamente
consumida (Almeida, 2003; Machado, 2009; Dias et al., 2011).

A escolha da melhor estratégia para avaliar a ART consiste numa triangulação de


métodos que combinem medidas diretas e indiretas, sendo que é importante ter em
conta a condição da pessoa e a validade e especificidade do instrumento de medida
que se vai utilizar.

2.3. MODELOS E TEORIAS DA ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

A preocupação com a ART, não sendo uma temática recente, promoveu, ao longo dos
anos, o desenvolvimento de vários estudos por técnicos de diferentes áreas e com
diferentes perspetivas. Tendo como referência as distintas variáveis que interagem no
processo de adesão, bem como a dificuldade em explicar as razões que implicam que
um indivíduo opte por determinados comportamentos, são questões exploradas no
desenvolvimento de várias teorias/correntes teóricas ou modelos.

São várias as teorias que têm procurado explicar a ART e que tentam identificar os
fatores que determinam a disposição dos indivíduos para aderirem às recomendações
dos profissionais de saúde. De acordo com Leventhal e Cameron (1987), os estudos
sobre a adesão seguem uma das cinco principais orientações teóricas: biomédica,
comportamental, comunicacional, cognitiva e autorregulação.

A teoria biomédica pressupõe que o doente seja um elemento passivo, executor de


regimes prescritos pelos profissionais de saúde que devem ser aceites e obedecidos
tendo em conta o diagnóstico e a terapêutica prescrita. O doente não participa
ativamente nas decisões que lhe dizem respeito (Machado, 2009). A não ART é visto
como resultado direto da personalidade do doente (Ribeiro, 2010).

A teoria comportamental enfatiza a importância do reforço positivo e negativo, como


mecanismo que influencia o comportamento do doente na ART. É o mais adequado
quando se pretende o treino e a aprendizagem de capacidades para realizar
atividades referentes ao RT, dando ênfase aos estímulos que desencadeiam o
comportamento, às recompensas que o reforçam e à sua automatização após
repetição suficiente (Machado, 2009; Ribeiro, 2010).

A abordagem comunicacional surgiu nos anos setenta e visa incentivar os


profissionais de saúde a melhorar as suas competências de comunicação com os
doentes. É enfatizada a educação dos doentes e o desenvolvimento de relações de
43
igualdade entre estes e os profissionais de saúde (Dias et al., 2011). Estas relações,
por si só, não são suficientes para efetuar mudanças nos comportamentos de ART, no
entanto, Machado (2009) refere que este tipo de abordagem tem conduzido ao
aumento da satisfação dos doentes relativamente aos cuidados de saúde prestados.

Nesta perspetiva inclui-se o Modelo da Hipótese Cognitiva da Adesão de Ley,


desenvolvido em 1981. Neste modelo a adesão pode-se prever através da
“combinação da satisfação do doente em relação à consulta com a compreensão da
causa, extensão e tratamento da sua doença e com a capacidade de recordar a
informação fornecida pelos profissionais de saúde” (Machado, 2009, p. 32). A
satisfação do doente está muito relacionada com a atitude do profissional de saúde,
com a competência percebida pelo doente, as explicações fornecidas e o apoio e
compreensão demonstrados (Bastos, 2004).

Posteriormente, em 1987, Stanton desenvolve o Modelo da Adesão, que afasta o


termo compliance e pretende evidenciar as crenças e o apoio social, salientando
também a importância do locus de controlo (Bastos, 2004). Este modelo sugere que a
comunicação do profissional de saúde aumenta o conhecimento do doente, a sua
satisfação e a ART.

A perspetiva cognitiva envolve diversos modelos que têm sido aplicados aos
comportamentos de adesão: o modelo de crenças de saúde, a teoria da aprendizagem
social de Bandura, a teoria do comportamento planeado e a teoria da motivação
protetora de Rogers (Machado, 2009), sendo que de seguida irei fazer uma breve
abordagem ao Modelo de crenças de saúde.

O Modelo de crenças de saúde (Becker apud Machado, 2009, p. 34) foi o “primeiro
modelo desenvolvido para explicar o comportamento de saúde e doença, e tem sido o
mais utilizado nos programas de intervenção”. Inicialmente foi desenvolvido por
Rosenstock em 1966 e depois por Becker e Maiman, em 1975 (Zani, 2002). O primeiro
propunha que a probabilidade de um indivíduo ter um determinado comportamento
saudável está relacionado com as suas crenças pessoais acerca da ameaça
percebida da doença e da avaliação do risco/benefício para praticar a ação
recomendada. Os segundos introduziram a componente de um estímulo que pode
desencadear determinado comportamento, podendo este ser interno ou externo. Este
modelo baseia-se em três variáveis: a suscetibilidade percebida de uma ameaça à
saúde, a gravidade atribuída à doença ou condição de saúde e os benefícios e
dificuldades do tratamento. Mais tarde, o conceito de autoeficácia foi incluído nas
variáveis chave deste modelo (Machado, 2009). Este modelo torna-se mais eficaz

44
quando é utilizado como modelo para comportamentos preventivos, especificamente
em rastreios.

A perspetiva da autorregulação integra as variáveis ambientais e as repostas


cognitivas dos indivíduos, com ameaças em termos de saúde à luz do modelo de
autorregulação (OMS, 2003).

O Modelo de Autorregulação de Leventhal pretende explicar as variáveis do contexto e


as respostas cognitivas individuais às ameaças à saúde. A autorregulação é um
processo sistemático de tentativas individuais e conscientes de estrutura,
pensamentos, emoções e comportamentos de forma a alcançar os objetivos
pretendidos, num ambiente em mudança. Assim, a adesão requer que o indivíduo
“acredite que é capaz de lidar com a situação e de adotar um comportamento
adequado, além de acreditar que a doença representa uma ameaça suficientemente
forte para exigir a sua atenção e mudança de comportamento” (Machado, 2009, p. 33).
Este modelo centra-se nas crenças individuais sobre saúde/doença e nas respostas às
ameaças de doença, em que o indivíduo é entendido como um agente ativo na
resolução dos seus problemas que “responde à doença de uma forma dinâmica, de
acordo com a interpretação e avaliação que faz dessa patologia” (Sousa, 2003, p.73).
O processo de autorregulação ocorre em três fases: representação cognitiva da
ameaça de saúde e do seu significado, desenvolvimento de um plano de ação para
lidar com a ameaça (estratégias de coping) e avaliação do plano de ação
implementado, o que poderá tornar este processo dinâmico sujeito a modificações e
atualizações das representações cognitivas. A semelhança entre este modelo e os
modelos que têm uma perspetiva cognitiva é que ambos focam a representação
cognitiva da ameaça para o indivíduo como fator chave determinante na variação de
um comportamento e também consideram as crenças como guias fundamentais. O
que os distingue é que este modelo enfatiza os processos de coping/satisfação e o
feedback resultante das cognições, emoção e comportamento (Hagger & Orbell, 2003;
Sousa, 2003).

Os modelos anteriormente descritos apresentam vantagens e desvantagens em


relação ao fenómeno da adesão e, por si só, não o conseguem explicar. Talvez por
isso e de acordo com Bugalho e Carneiro (2004) mantém-se atualmente a dificuldade
em encontrar uma única explicação ou solução perfeita para o aumento dos níveis de
adesão em todos os indivíduos. Para além disso, devido à existência de um grande
número de doenças, em que cada uma delas tem um RT único, nenhum modelo se
consegue adaptar a todas as situações, pelo que se deve de fazer uma abordagem
que envolva diversos modelos.

45
Paralelamente a estes aspetos e com o aumento das doenças crónicas, as questões
relacionadas com a ART continuam a assumir grande destaque, tendo em conta os
avultados gastos que envolve a não adesão, bem como a perda de não obtenção de
ganhos em saúde e qualidade de vida. Por forma a dar resposta a estas problemáticas
foram, mais recentemente, desenvolvidos outros modelos para melhor compreender e
explicar o fenómeno da ART no âmbito das doenças crónicas, nomeadamente:

Modelo Transteórico de mudança de comportamento – este modelo foi desenvolvido


por Prochaska e Diclement, em 1982, e baseia-se em cinco fases: a pré-contemplação
(o indivíduo ainda não tem qualquer intenção de mudar), a contemplação (o indivíduo
começa a considerar a possibilidade de mudar), a preparação (o indivíduo começa a
realizar pequenas mudanças e aproximações ao comportamento desejado), a ação (o
indivíduo adota o novo comportamento) e a manutenção (o indivíduo mantem o novo
comportamento ao longo do tempo). Estas fases não são estáticas, podendo existir
avanços e recuos ao longo das mesmas (OMS, 2003).

Modelo Desenvolvimental de Adesão ao Tratamento – este modelo foi desenvolvido


por Kristeller e Rodin, em 1984, e pressupõe a existência de três estadios a considerar
no processo de participação do indivíduo nos autocuidados ou na adesão ao
tratamento: estadio 1 (concordância) refere-se à extensão em que o indivíduo, na fase
inicial, concorda e cumpre as prescrições médicas; estadio 2 (adesão) refere-se à
medida que o indivíduo continua o tratamento com que concordou, com o acordo de
manter uma vigilância adequada, sendo que este é o período que corresponde com a
transição entre os cuidados prestados pelos diferentes profissionais de saúde e a
autonomia e estadio 3 (manutenção) refere-se à medida que o indivíduo continua a
implementar o comportamento de melhoria da sua saúde, mesmo sem vigilância,
integrado no seu estilo de vida diária. Este possibilita ao indivíduo a aprendizagem da
gestão da sua saúde ou da sua doença até atingir a total autonomia, desenvolvendo o
sentido de auto participação e de autocuidado e permite compreender e intervir para
melhorar a adesão terapêutica no contexto das doenças crónicas (Machado, 2009).

Modelo IBM – este modelo é conhecido por Modelo de Informação, Motivação e


Comportamento de Fisher e Fisher, 1992, e resultou da junção de elementos de outros
modelos anteriormente desenvolvidos. Teve como objetivo criar um modelo simples
que pudesse ser usado para orientar a intervenção dirigida a comportamentos de
saúde complexos. Os conceitos fundamentais, já referidos anteriormente, que
integram este modelo são: a informação (implica o conhecimento sobre a doença,
prognóstico e estratégias a desenvolver), a motivação (inclui a atitude individual face à
adesão, o suporte social e a perceção do indivíduo em relação ao comportamento dos

46
outros perante a mesma situação) e o comportamento (engloba as competências e
habilidades que garantem que o indivíduo é capaz de executar as capacidades
instrumentais inerentes ao comportamento esperado e dispõe de suporte social e de
estratégias pessoais de auto regulação necessárias) (Machado, 2009).

Atualmente, a variedade de doenças e de regimes terapêuticos com diferentes


especificidades não proporciona que um único modelo se adapte a todas as situações,
pelo que, uma abordagem com recurso a vários modelos parece ser a estratégia mais
eficaz (Machado, 2009). Cada vez mais se pretende dar enfâse à autonomia do
indivíduo, sobretudo na presença de uma doença crónica, utilizando estratégias que o
apoiem na mudança do estilo de vida, para que o mesmo se torne responsável pelo
seu projeto de saúde.

Os profissionais de saúde, sendo conhecedores da multiplicidade de aspetos


envolvidos na adesão, devem planear e implementar estratégias adequadas, por
forma a melhorar a ART, contemplando as singularidades de cada doente/situação.

2.4. ADESÃO/NÃO ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

Como referi anteriormente a DM requere tratamentos complexos, mudanças no estilo


de vida e uma grande capacidade de autogestão. É esperado que estes doentes
sejam capazes de seguir um plano de ações e comportamentos complexos para
controlar a diabetes no dia-a-dia.

Essas ações envolvem mudanças no estilo de vida que incluem seguir uma dieta
adequada, realizar exercício físico regular e apropriado às capacidades de cada
doente, tomar medicação (ADO e/ou insulina) quando indicado, monitorizar os valores
de glicémia capilar, responder e tratar adequadamente os sintomas, seguir as
orientações relativamente aos cuidados com os pés e procurar os melhores cuidados
de saúde apropriados à sua doença e a outras comorbilidades que possa possuir
(Weinger & Carver, 2009). Este regime ainda se torna mais complexo pela
necessidade de integrar todos estes comportamentos de autocuidado na rotina diária
do diabético.

Os enfermeiros, enquanto educadores por excelência, têm um papel fundamental na


implementação de medidas e intervenções que aumentem a ART. Lerman (2005)
afirma que educar os diabéticos no sentido destes aumentarem os conhecimentos
acerca dos diversos componentes da patologia (complicações, terapêutica, …),

47
acompanhá-los regularmente de forma a capacitá-los e retirar dúvidas, envolvê-los no
tratamento, colocar lembretes para a toma da medicação e o reforço positivo aquando
do aumento da adesão e da resposta ao tratamento são algumas das medidas que
têm tido efeitos positivos na adesão e nos resultados clínicos.

Ao analisar as variáveis demográficas e clínicas associadas à adesão ao autocuidado


na diabetes em 316 indivíduos, Silva, Ribeiro e Cardoso (2006) identificaram como
principais conclusões que a perceção dos doentes é que aderem muito ao tratamento
que lhes foi recomendado pelos profissionais. No entanto, não parece haver uma
relação estatisticamente significativa entre sexo, idade, escolaridade, estado civil,
atividade profissional/ocupação e a ART. Por sua vez, o número de pessoas com
quem o doente vive demonstrou, de forma modesta, estar relacionado de forma
positiva com a adesão. Não existiu uma relação entre doentes com DM2 e diabéticos
tipo 1, nem entre indivíduos com diferentes níveis de controlo glicémico quanto à
adesão aos autocuidados. Todavia, a duração da doença revelou estar fraca e
positivamente relacionada com a adesão aos autocuidados alimentares.

A informação/conhecimentos acerca da diabetes e motivação pessoal e social está


associada aos comportamentos e estes, por sua vez, são fortes preditores de uma
melhor adesão e controlo glicémico (Osborn & Egede, 2010).

Por forma a avaliar o impacto da complexidade do tratamento medicamentoso na


adesão e subsequentemente no controlo glicémico, Pollack et al. (2010) conduziram
um estudo com pessoas com DM2. Neste estudo, os investigadores concluíram que a
complexidade do tratamento tem um efeito negativo na adesão e no controlo
glicémico.

No estudo de Sousa, Peixoto e Martins (2008) que envolveu 212 participantes


portugueses com DM2 e em que os autores estudaram se a satisfação do diabético
com os cuidados de enfermagem tinha influência na ART, concluiram que realmente a
satisfação com os cuidados de enfermagem têm influência positiva na ART. Para além
disso, nos diferentes componentes da adesão avaliados, é no exercício físico que os
diabéticos apresentam pontuações menores e existe uma correlação negativa entre a
idade e os cuidados com a diabetes relativamente à dieta específica e ao exercício
físico. As mulheres aderiram mais à dieta geral e específica para diabéticos, ao
exercício físico e aos cuidados com os pés do que os homens e estes aderiram mais à
terapêutica farmacológica e à monitorização da glicémia capilar.

Numa investigação desenvolvida por Boas et al. (2011) que se centrava na avaliação
da adesão à dieta e ao exercício físico em 162 participantes com DM2, os autores
chegaram à conclusão que existe uma baixa adesão às recomendações relativas à

48
dieta e ao exercício físico. Para além disso, observaram uma menor adesão nos
participantes com maior escolaridade. Não houve relação estatisticamente significativa
entre adesão ao autocuidado e sexo, idade, estado civil, rendimentos, tempo de
diagnóstico, tipo de tratamento e presença de complicações/comorbilidades.

Já o tipo de apoio parece ser um preditor da adesão. Com o objetivo de determinar se


um acompanhamento de enfermagem feito via telefone podia melhorar o nível de ART
em indivíduos com DM2, Nesari et al. (2010) conduziram um estudo com 61
participantes. Estes concluíram que este tipo de acompanhamento telefónico feito por
um enfermeiro contribui para o aumento da adesão à dieta, exercício físico, cuidados
com os pés, monitorização da glicémia capilar e toma da medicação e,
consequentemente para baixar a HbA1c. No estudo realizado por Zolfaghari et al.
(2012) que contou com a participação de 77 diabéticos e cujo objetivo era avaliar a
eficiência do acompanhamento de enfermagem via telefone e via mensagens curtas
para o telemóvel durante três meses, após a realização de três dias de educação para
a saúde acerca dos autocuidados com a diabetes, obtiveram como principais
resultados que ambos os grupos tiveram uma baixa significativa na HbA1c e a adesão
ao exercício físico, toma de ADO e dieta melhoraram após os três meses de
intervenção.

Tendo como foco avaliar a ART do diabético portador de pé diabético, Melo et al.
(2011) conduziram um estudo com 45 participantes com pé diabético cujos principais
resultados indicaram que 40% dos participantes associaram a doença às suas
complicações, 20% à presença de açúcar no sangue, 11,1% aos sintomas presentes e
2,2% não possuíam nenhum conceito sobre a doença, 26,6% dos participantes
referiram já ter abandonado o tratamento devido a: atividade profissional, dificuldades
de deslocamento para a instituição, descrença no tratamento e dificuldades no
agendamento da consulta, 84% dos participantes seguiam as recomendações dos
profissionais de saúde e 15,6% não seguiam todas as orientações. As dificuldades
referidas para a não adesão foram: dieta, cuidados com os pés, penso, atividade e
ocupação, abandono do álcool e tabagismo, impossibilidade de realizar atividade
física, compreensão acerca da importância da insulinoterapia e ADO.

Faria et al. (2013) procuraram investigar a associação entre a adesão ao tratamento


da DM2 e as variáveis sociodemográficas, clínicas e controle metabólico em 423
participantes. Os investigadores obtiveram como principais resultados que as
principais comorbidades identificadas foram: HTA (81,3%) e dislipidemia (32,4%) e as
complicações crônicas: retinopatia (37,8%) e cardiopatia (20,3%). Os resultados
obtidos evidenciaram que 84,4% dos pacientes apresentaram adesão ao tratamento

49
medicamentoso, 58,6% ao exercício físico e 3,1% ao plano alimentar. Não existiu
associação entre ART e as variáveis género, idade, escolaridade e tempo de
diagnóstico.

Com o objetivo de determinar obstáculos à ART em pessoas com DM2, Vermeire et al.
(2007) realizaram um estudo em sete países europeus que envolveu 246
participantes. Neste sentido, concluíram que os obstáculos à adesão são comuns a
todos os países envolvidos no estudo e parecem estar menos relacionados com o
sistema de saúde e mais com os conhecimentos do doente acerca da diabetes,
crenças e atitudes e a relação que se estabelece com os profissionais de saúde.

Por sua vez, Nascimento do Ó e Loureiro (2007) no seu estudo com 310 diabéticos,
pretenderam conhecer a ART nas diferentes vertentes. Neste estudo verificou-se uma
baixa ART, sendo que os níveis de adesão à medicação prescrita foram os mais
elevados e os níveis de adesão à alimentação foram os mais baixos.

A não adesão é atualmente, reconhecida como a principal causa para o aumento da


morbilidade e mortalidade, redução da qualidade de vida, aumento dos custos
médicos e excesso de utilização dos serviços de saúde (Dias et al., 2011). Está ainda
relacionada com casos de complicações físicas e psicológicas de algumas doenças,
bem como com a redução da qualidade de vida e desperdício de recursos de saúde.

A não ART é um problema que tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos,
sobretudo no que diz respeito à pessoa com doença crónica, acarretando grandes
implicações financeiras e sociais, estimando-se que entre 30 a 50% das pessoas,
independentemente da doença, do tratamento e do prognóstico, não aderem ao RT,
facto que implica custos significativos em termos médicos e sociais (Dias et al., 2011).

Entre os diabéticos, existe também uma baixa ART, o que permite criar uma ideia do
desperdício económico em medicação e tratamento, e também das consequências em
termos de recaídas, retorno aos serviços de saúde, perdas de dias de trabalho e
novas prescrições (Nascimento do Ó e Loureiro, 2007).

A não ART foi reconhecida pela North American Nursing Diagnosis Association como
diagnóstico de enfermagem, em 1973 e está relacionada com fatores relativos ao
profissional de saúde, tratamento, patologia e pessoa. A não ART pode ter diversas
causas e fatores associados e, pode ser classificada em dois grandes grupos: a não
adesão intencional e a não adesão não intencional. A primeira é considerada como um
processo ativo, onde a pessoa escolhe desviar-se do RT prescrito, apesar de o
conhecer, podendo estar associada a uma decisão racional, que pondera os riscos e
benefícios do tratamento com os seus efeitos adversos. A segunda é considerada

50
como um processo passivo em que a pessoa, por esquecimento ou dificuldade em
gerir ou compreender o RT, acaba por não aderir ao mesmo (OMS, 2003).

Os principais tipos de não ART são: falta a consultas, não adesão à medicação, não
adesão à dieta recomendada, não adesão aos estilos de vida recomendados e a não
adesão a medidas de prevenção em saúde. Relativamente à falta a consultas, esta
pode acarretar sérias consequências para a pessoa e para os serviços de saúde,
contribuindo para a ineficiência do sistema. No que se refere à não adesão à
medicação prescrita, esta pode assumir diversas formas, como a sobredosagem da
prescrição, a recusa da medicação e a variação dos horários de toma prescritos,
factos que potenciam diversas consequências (descompensação de doenças crónicas,
promoção da resistência microbiana a antibióticos, aumento da recorrência aos
serviços de saúde). Em relação à não adesão à dieta, aos estilos de vida e medidas
de prevenção em saúde recomendados, estas assumem particular importância,
enquanto medidas que permitem controlar algumas condições (HTA, peso, …) ou
prevenir potenciais situações de doença (Falvo, 2011).

Para além da necessidade em organizar e classificar a não ART, a fim da sua melhor
compreensão, surge também a necessidade de conhecer os fatores que interferem e
potenciam este problema. Neste sentido, a OMS (2003) identificou cinco principais
grupos de fatores que interferem com a ART: fatores individuais relativos à pessoa,
fatores relacionados com os profissionais e serviços de saúde, fatores relacionados
com a condição de saúde da pessoa, fatores relacionados com o tratamento prescrito
e fatores sociais, económicos e culturais.

Os fatores relacionados com a pessoa incluem os problemas físicos (alterações da


visão e da destreza manual), cognitivos, psicológicos e comportamentais, as crenças,
as perceções e atitudes, a diminuição da motivação e da confiança no tratamento e a
idade jovem. Os fatores relacionados com o sistema de saúde compreendem a
reduzida qualidade na relação profissional de saúde-pessoa, a reduzida comunicação,
a sobrecarga dos profissionais de saúde, as dificuldades no acesso e a falta de
serviços de saúde de proximidade. No que se refere aos fatores relacionados com a
condição de saúde da pessoa estes incluem a assintomatologia de algumas doenças
crónicas, a progressão na doença, a disponibilidade de terapêuticas eficazes e as
alterações na saúde mental. Os fatores relacionados com o tratamento prescrito
compreendem a complexidade, a duração, a realização de alterações frequentes no
tratamento, bem como a ausência imediata de melhoria dos sintomas e os efeitos
secundários da medicação. Por fim, os fatores sociais, económicos e culturais incluem
o analfabetismo, o desemprego, os apoios sociais disponíveis, as condições

51
habitacionais, o preço dos transportes e dos medicamentos e a distância dos locais de
tratamento (Ribeiro, 2010).

A não ART é responsável por efeitos dramáticos nos sistemas de saúde. Nos Estados
Unidos da América, as consequências estimadas envolvem cerca de 125000 mortes,
pelo menos 10% das hospitalizações, um aumento substancial da morbilidade e
mortalidade e um custo financeiro entre 100 a 289 biliões de dólares anuais
(Viswanathan et al., 2012).

Pelos motivos anteriormente apresentados, pode-se considerar que as consequências


da não ART ultrapassam largamente a esfera individual, envolvendo questões sociais
e económicas. Estas traduzem-se num ciclo vicioso que, muitas vezes, começa na
transformação das condições ideais para um determinado tratamento em aspetos
crónicos que, por sua vez, poderiam ser controlados mas degeneram em doenças
incapacitantes e, finalmente, estas, que poderiam ser submetidas a algum tipo de
tratamento efetivo, culminam na morte (Falvo, 2011).

2.5. FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO

Identificar os fatores relacionados com a ART tem constituído uma preocupação que
está patente nos estudos apresentados no subcapítulo anterior, uma vez que o seu
conhecimento contribui para uma melhor compreensão das razões que levam o ser
humano a aderir ou não a um determinado RT.

Ao longo dos anos têm sido propostas diversas variáveis pessoais, situacionais e
sociais para explicar os comportamentos de adesão a tratamentos de saúde (Almeida
et al., 2007). Na bibliografia encontram-se fatores relacionados com o ser humano e
com o ambiente, em que a abrangência destes últimos se ramifica em aspetos como o
tipo de tratamento, efeitos secundários, expectativa face aos resultados, tempo de
tratamento, complexidade do tratamento, situações de stresse, …

A OMS (2003) agrupa em cinco dimensões os fatores que podem determinar a


adesão, sendo eles: fatores sociais e económicos, relacionados com os profissionais e
serviços de saúde, com a doença e comorbilidades, com a terapêutica e, por fim,
fatores relacionados com o doente. Como se pode verificar, apenas um determinante
se encontra relacionado com o doente, o que significa que a crença de que os doentes
são os únicos responsáveis pela ART é falsa.

52
No que diz respeito aos fatores sociais e económicos, um status socioeconómico
baixo, a pobreza, os baixos níveis de educação, o desemprego, a falta de redes de
apoio, a distância dos centros de tratamento, as guerras, o elevado custo dos
transportes e da medicação, pertencer a uma família disfuncional e as crenças
culturais sobre a doença e tratamento parecem influenciar de forma negativa os
comportamentos de adesão. As variáveis sociodemográficas como a idade, o sexo, a
ocupação, a religião, a etnia, o estado civil, a escolaridade e a condição de saúde têm
efeitos variáveis na adesão (Machado, 2009; Dias et al., 2011).

Relativamente aos fatores relacionados com os profissionais e os serviços de saúde,


Machado (2009) destaca o grau de desenvolvimento dos sistemas de saúde, fracos
sistemas de distribuição de medicamentos, falta de conhecimentos e treino dos
profissionais de saúde para educar os doentes com doenças crónicas, sistemas ou
seguros de saúde inexistentes ou ineficazes, profissionais de saúde sobrecarregados,
falta de incentivos acerca do desempenho dos doentes e fraca capacidade de
assegurar um acompanhamento adequado como fatores que dificultam a adesão e
necessitam de intervenção efetiva no sentido de a melhorar. Esta acrescenta que uma
boa relação entre profissional de saúde e doente parece melhorar a adesão.

Por sua vez, os fatores relacionados com a doença e comorbilidades representam as


particularidades e exigências da doença que o doente tem de enfrentar. A severidade
dos sintomas, o nível de incapacidade, taxa de progressão, gravidade da doença e
disponibilidade de tratamentos podem afetar a adesão. Para além disso,
comorbilidades como a depressão, o abuso de álcool e o uso de drogas podem
modificar consideravelmente os comportamentos de adesão (Dias et al., 2011).

São vários os fatores relacionados com a terapêutica que diminuem a adesão,


nomeadamente a complexidade do RT, a duração do tratamento, falhas de
tratamentos prévios, alterações frequentes no tratamento, a ausência de efeitos
benéficos imediatos e efeitos secundários (Dias et al., 2011).

Por último, encontram-se os fatores relacionados com o doente, em que se realçam os


conhecimentos/literacia, os recursos psicológicos, atitudes, motivação, crenças,
confiança e autoeficácia na capacidade de gerir os comportamentos relacionados com
a doença e as expectativas relacionadas com os resultados do tratamento (Machado,
2009).

Existem outros autores que abordam esta temática, nomeadamente Almeida et al.
(2007) que mencionam que os fatores que influenciam os comportamentos de adesão
podem ser divididos em fatores externos e internos ao doente, e fatores relacionais.
Os primeiros incluem o acesso aos medicamentos e às características da doença e do

53
RT. Os fatores relacionais incluem o apoio social e a relação entre os profissionais de
saúde e o doente. Por último, os internos dizem respeito às características
sociodemográficas da pessoa (idade, sexo, nível socioeconómico, escolaridade, …) e
fatores psicológicos (problemas psiquiátricos, ansiedade, autoestima, crenças,
atitudes, valores, expetativas, crenças de saúde, …).

Para além destes fatores, Meichenbaum e Turk apud OMS (2003) salientam a
existência de quatro fatores independentes que têm um papel importante nos
comportamentos de adesão e que o défice de qualquer um deles contribui
grandemente para a não adesão e eles são: conhecimentos e capacidades, as
crenças, a motivação e a ação.

Relacionando a tipologia da doença com a ART, Silva (2010) refere que se regista
maior adesão do ser humano em situações de doença aguda sintomática
comparativamente a situações de prevenção e regimes terapêuticos que não exigem
alterações significativas ao nível do comportamento.

As barreiras à ART podem advir de fatores relacionados com o doente (falta de


conhecimentos, habilidades ou autoeficácia), ambiente familiar e com o próprio plano
de ensino (Hunt, 2009), em qua a falta de compreensão do RT é diretamente
responsável por uma percentagem considerável da não adesão (Silva, 2010).

Analisando as diferentes nomenclaturas propostas pelos diferentes autores, podemos


dizer que a ART é um problema de etiologia multifatorial, em que os profissionais de
saúde têm um papel preponderante na sua otimização.

2.5.1. Os conhecimentos e a motivação na adesão ao regime terapêutico

Pelo exposto percebe-se que neste processo de transição a pessoa tem de apreender
e integrar conhecimentos e habilidades que o conduzam à construção de
competências que lhe permita gerir no quotidiano os sintomas e as limitações
inerentes à situação de doença. Muitos são os indivíduos que conseguem integrar a
doença na sua vida ajustando-se aos novos hábitos de saúde. No entanto, para que
se atinja este objetivo é fundamental que detenham conhecimentos acerca da sua
saúde/doença e que estejam capacitados para a tomada de decisão na resolução de
problemas (Sousa, 2003).

Reconhece-se que a DM2 pode ser prevenida, assim como as suas complicações,
mas, mesmo quando as pessoas sabem o que fazer e até o querem fazer, nem
54
sempre o fazem. A solução para esta problemática passa por conseguir que os
diabéticos se envolvam no seu próprio tratamento. Neste sentido, os conhecimentos
que o indivíduo possui acerca desta patologia, o reforço das atitudes adequadas e um
processo contínuo de motivação são fundamentais no processo de mudança de
comportamentos e atitudes. Torna-se, por isso, essencial educar estes indivíduos
capacitando-os e dando-lhes as ferramentas necessárias para que consigam gerir a
sua doença, permitindo-lhes a autonomia (SPEDM, 2011).

A incorporação, no dia-a-dia, de uma série de alterações comportamentais


(autocuidados) como planear refeições, cuidar e vigiar os pés, administrar e adaptar-
se a um regime medicamentoso, praticar exercício físico, vigiar a glicémia capilar,
exige o domínio de um grande volume de informação e competências técnicas
(Weinger & Carver, 2009).

O conhecimento sobre a patologia assume particular importância nos doentes com DM


pelo facto de todos os seus componentes terapêuticos estarem relacionados, sendo
que a variação de um dos parâmetros implica o ajustamento dos restantes, por
exemplo, a glicémia é influenciada pelo exercício físico, pela ingestão de alimentos e
pelos ADO/insulina administrada (Almeida, 2003).

Pelas razões anteriormente referidas, é fácil compreender que o


conhecimento/informação acerca desta patologia assume um papel preponderante e é
considerado uma das estratégias fundamentais para a ART.

O processo de transmissão de informação/conhecimento e capacitação da pessoa


com DM (e sua família e/ou cuidador) é feito através de ações de entre as quais se
destaca a educação para a saúde (Patrão, 2011).

No processo educacional, a forma como a informação/conhecimento são transmitidos


ao doente são decisivos. Os profissionais de saúde devem ter a capacidade de propor
e negociar objetivos alcançáveis, adaptar a linguagem a cada pessoa, motivar os
doentes para as mudanças que necessitam de implementar, apoiar e reforçar as
mudanças positivas, assegurar uma rede de suporte para as emergências e/ou
dúvidas, ouvir com compreensão as expetativas, medos, dúvidas e questões
colocadas pelos doentes, ter em conta as suas crenças e perceções e ajudar a pessoa
com DM a adquirir os conhecimentos necessários para lidar com a sua doença
(SPEDM, 2011).

Por sua vez, por parte do doente, espera-se que este seja capaz de se tornar o mais
independente possível, reduzir o número de internamentos, prevenir situações agudas,

55
evitar complicações tardias e que saiba gerir de forma adequada a sua doença
(Ministério da Saúde, 2007).

O enfermeiro tem um papel essencial no que respeita à educação do diabético, este


tem de estar treinado para adaptar a linguagem ao doente. A proximidade com o
doente coloca-o numa posição privilegiada para implementar estratégias sustentadas
de melhoria da adesão. Apesar da importância reconhecida ao papel do enfermeiro
neste contexto, é fundamental a presença de toda uma equipa multidisciplinar
(médico, dietista, …) no processo de educação da pessoa diabética, pois a
multidisciplinariedade potencia a capacitação (Patrão, 2011).

Num estudo que envolveu 181 participantes australianos cujo objetivo era determinar
os fatores que se encontravam associados aos conhecimentos dos doentes com DM2,
Fenwick et al. (2013) obtiveram como principais resultados que os participantes com
mais habilitações literárias, que foram ao oftalmologista e que falavam inglês em casa,
tinham um conhecimento acerca da DM significativamente melhor do que aqueles com
menos habilitações literárias, que não foram ao oftalmologista e que falavam outra
língua em casa que não o inglês, respetivamente. Os participantes que eram seguidos
na National Diabetes Service Scheme e que tiveram consultas com um educador de
diabetes revelaram melhores conhecimentos acerca da diabetes. Níveis elevados de
HbA1c foram associados a baixos conhecimentos acerca da DM.

Determinar a adesão ao regime medicamentoso e a sua potencial relação com as


crenças e os conhecimentos relacionados com a diabetes em doentes com DM2,
constituiu o foco do estudo desenvolvido por Sweileh et al. (2014) em que participaram
405 palestinos. Os autores obtiveram como principais resultados que 42,7% dos
participantes foram considerados não aderentes, que variáveis como os
conhecimentos acerca da doença, crenças acerca da necessidade de ADO,
preocupações com os efeitos adversos dos ADO e a crença que os medicamentos em
geral são essencialmente prejudiciais estão associados significativamente à não
adesão. Os participantes com níveis mais elevados de conhecimento acerca da DM
eram menos propensos a ser não aderentes.

Com o objetivo de descrever os conhecimentos dos diabéticos sobre a doença, o


tratamento e a sua repercussão na adesão ao RT, Sousa e McIntyre (2008) realizaram
um estudo com 133 participantes e cujos principais resultados foram que os diabéticos
apresentaram bons conhecimentos sobre a sua doença, sendo que a dimensão em
que estes evidenciaram maiores conhecimentos foi a referente ao “tratamento” e no
que respeita às dimensões “identidade” e “causas” estes apresentaram menos
conhecimentos. No que respeita aos autocuidados, os conhecimentos acerca da

56
diabetes foram preditores de vários componentes da adesão. Quanto ao efeito do
género e da idade, verificou-se que as mulheres demonstraram maior
desconhecimento acerca da diabetes e que as pessoas mais velhas aderem mais à
alimentação aconselhada.

Num estudo desenvolvido por Smalls et al. (2012) onde examinaram a relação entre o
coping emocional e os conhecimentos acerca da diabetes, adesão à medicação e
comportamentos de autocuidado em 378 adultos norte americanos com DM2,
concluiram que não existiu relação entre os conhecimentos relacionados com a DM e
a adesão à medicação.

Os dados deste último estudo permitem inferir que existe uma grande distância entre
aquilo que são os conhecimentos do doente acerca desta patologia e o que são
ensinados a fazer e aquilo que realmente fazem, ou seja, o conhecimento sobre a
patologia não é, por si só, um preditor da adesão. O papel da informação é
fundamental para que os diabéticos possam melhorar os seus conhecimentos acerca
da doença e, dessa forma, conseguirem com maior facilidade adaptar-se e gerir a sua
patologia, no entanto, este fator, por si só, não se tem demonstrado suficiente.

Apesar dos sofisticados e modernos métodos na gestão da diabetes, dos avanços na


medicação e tecnologia, muitos diabéticos não alcançam as metas metabólicas
desejadas, as taxas de complicações desta doença estão ainda elevadas e muitas
pessoas têm défices de conhecimentos acerca da patologia (Dunning & Ward, 2008;
SPD, 2013).

Para que os diabéticos sejam capazes de gerir de forma adequada o seu autocuidado,
necessitam de ter conhecimentos sobre os aspetos que estão relacionados com a
doença e respetivo RT, que seja aplicável ao quotidiano do diabético, transmitidos em
linguagem compreensível e deve ser, de preferência, alargado à família, cuidador e
pessoas significativas. A educação e o aconselhamento deve ser um processo
contínuo e vitalício para um autocuidado eficaz e é um aspeto essencial na gestão
desta doença (Dunning & Ward, 2008).

As razões que levam os seres humanos a adotarem determinados comportamentos


estão relacionadas, entre outros fatores, com o tipo de motivação – motivação
intrínseca e motivação extrínseca. A motivação intrínseca diz respeito ao tipo de
motivação espontânea e inata que leva o indivíduo a participar numa atividade pelo
prazer e interesse que esta lhe proporciona e sem esperar que daí advenha qualquer
tipo de recompensa, enquanto que a motivação extrínseca é aquela que leva a pessoa
a realizar uma atividade pela consequência resultante do seu desempenho, ou seja,
visa a obtenção de uma recompensa (Deci & Ryan, 2008 ).

57
Nos últimos anos, têm sido desenvolvidos diversos modelos teóricos que têm sido
utilizados na tentativa de explicar, compreender e prever a participação e os
comportamentos dos indivíduos (Serra, 2010). O mesmo autor menciona a existência
de, pelo menos, trinta e duas teorias distintas sobre a motivação, sendo que apenas
irei abordar a Teoria da Autodeterminação (TAD) pela importância que esta apresenta
no enquadramento deste trabalho.

A TAD (Self-Determination Theory) foi criada em 1985 por Deci e Ryan, sendo uma
das abordagens teóricas da motivação mais contemporânea, é utilizada em diversos
contextos, nomeadamente na saúde, desporto, educação, trabalho, política, … (Serra,
2010). Na área da saúde, esta teoria foi já adaptada a diversas situações no que
respeita à promoção de hábitos de vida saudáveis como por exemplo perda de peso,
prática de exercício físico, cessação de hábitos tabágicos, controlo adequado da
glicémia capilar em pessoas com DM (Apóstolo et al., 2007).

A TAD é uma macroteoria da motivação humana, desenvolvimento e saúde. Esta


teoria foca-se em tipos e não apenas quantidade de motivação, prestando particular
atenção na motivação autónoma, motivação controlada e na amotivação (amotivation)
como preditores da performance e dos resultados relacionais e bem-estar (Deci e
Ryan, 2008). Os autores deste modelo partem do princípio de que todos os
comportamentos humanos são orientados por três necessidades psicológicas básicas
(consideradas a base da automotivação do indivíduo): autonomia (ou
autodeterminação), competência e relacionamento (Deci & Ryan, 2000; Paulino,
2009).

Nesta teoria os seus autores começam por diferenciar tipos de motivação por
considerarem que o tipo ou a qualidade da motivação da pessoa seria mais importante
que o total de motivação para predizer resultados importantes como a saúde
psicológica e bem-estar, desempenho eficaz, resolução de problemas criativos e
aprendizagem profunda ou conceptual (Deci & Ryan, 2008).

Desta forma, a principal distinção nesta teoria é entre a motivação autónoma e a


motivação controlada (Deci & Ryan, 2008). Na motivação autónoma os indivíduos
encontram-se autonomamente motivados, vivenciam vontades (por regerem os
comportamentos por decisão e vontade própria) ou sentimentos de auto-aprovação
das suas ações (Serra, 2010). Por sua vez, na motivação controlada os indivíduos são
controladamente motivados e vivenciam situações de pressão para sentir, pensar ou
comportar-se de uma determinada forma (os seus comportamentos são regidos por
determinações externas). Tanto a motivação autónoma como a controlada originam

58
um comportamento e estão em contraste com a amotivação, termo que se refere à
falta de intenção e motivação para agir (Deci & Ryan, 2008).

A motivação intrínseca é um dos fatores considerados mais importantes para a


manutenção de um comportamento e que os indivíduos que regulam intrinsecamente
a sua motivação, demonstram maior empenho, prazer, persistência e esforço nas
atividades que realizam (Deci & Ryan, 2000; Serra, 2010).

Na DM, a ART implica, por parte do diabético, uma atitude ativa que visa a mudança
de comportamento e que deve contar com a colaboração do profissional de saúde.

Com o objetivo de estudar se uma intervenção com recurso à “entrevista motivacional”


melhoraria a adesão dos participantes ao tratamento intensivo que se baseia nos
parâmetros de risco e adesão à terapêutica prescrita em pessoas com DM2, Rubak et
al. (2011) levaram a cabo um estudo com 628 participantes dinamarqueses que foram
divididos em 2 grupos que tiveram um ano de tratamento intensivo no âmbito desta
patologia: grupo de intervenção (tratamento intensivo com recurso à “entrevista
motivacional”). Os investigadores obtiveram como principais resultados que em ambos
os grupos houve uma melhoria significativa da HbA1c, da tensão arterial e do perfil
lipídico, sendo que não existiram diferenças significativas entre os grupos. No que
respeita à adesão à medicação, esta estava perto dos 100% em ambos os grupos.

No estudo de Osborn e Egede (2010) que contou com 130 participantes norte
americanos e cujo objetivo era compreender as alterações nos comportamentos para
fornecer orientação para desenhar, implementar e avaliar os programas de
autocuidado com a DM em várias populações, os autores obtiveram como principais
resultados que ter mais informação/conhecimentos acerca da DM, motivação pessoal
e social foram preditores independentes e diretos dos comportamentos de autocuidado
e estes comportamentos foram os únicos preditores do controlo glicémico.

Por forma a caracterizar a incerteza na doença e a motivação para o tratamento e


avaliar a relação existente entre estas variáveis em diabéticos tipo 2, Apóstolo et al.
(2007) desenvolveram um estudo com 62 participantes diabéticos e obtiveram como
principais resultados que os valores da motivação intrínseca eram superiores aos da
motivação extrínseca. A maioria dos diabéticos apresentavam nos diferentes aspetos
alto grau de motivação para o tratamento e existiu uma relação negativa entre a
incerteza na doença e a motivação para o tratamento, que se estabelece de forma
evidente entre a dimensão intrínseca da motivação para o tratamento e a incerteza na
doença face ao diagnóstico e tratamento.

59
Com o objetivo de avaliar a eficácia do modelo de informação, motivação e
comportamento na melhoria de comportamentos de autocuidado em doentes com
DM2, Gavgani, Poursharifi e Aliasgarzadeh (2010) realizaram um estudo que contou
com a participação de 30 diabéticos iranianos que foram divididos em dois grupos –
grupo de intervenção e grupo de controlo e obtiveram como principais resultados que
a intervenção melhorou significativamente a adesão aos autocuidados dieta e
exercício físico e não houve melhoria significativa nos autocuidados monitorização da
glicémia capilar e cuidados com os pés.

Com o objetivo de clarificar os mecanismos da adesão ao tratamento, Reach (2011)


realizou um estudo com 670 participantes obesos com DM2 franceses e obteve como
principais resultados que os determinantes da adesão à medicação foram HbA1c <7,
colocar o cinto de segurança no carro, estar motivados no que respeita à saúde, estar
prontos para fazer esforços para melhorar nos aspetos ligados à DM, acreditarem que
é positivo seguir as prescrições médicas e terem conhecimento de pelo menos um
valor da HbA1c.

No estudo de Santos et al. (2012) que teve como objetivo verificar quais os motivos
dos indivíduos com DM2 a frequentarem um programa de exercício físico
supervisionado e que teve 19 participantes, obtiveram como principais resultados que
as motivações intrínsecas apresentaram uma frequência elevada e estavam
maioritariamente relacionados com fatores psicossociais e de saúde e qualidade de
vida. No que respeita aos motivos extrínsecos, os que apresentaram maior frequência
foram fatores interpessoais, o que demonstra a importância do apoio das pessoas que
convivem com os diabéticos na sua adesão ao tratamento. Os autores referem
também que a motivação intrínseca, sobretudo nos aspetos cognitivos e de mudança
de comportamento, são fatores determinantes na ART não farmacológico.

60
Em síntese, daquilo que foi anteriormente referenciado, importa reconhecer a
importância da ART na pessoa com DM2. O aumento da incidência e prevalência de
doenças crónicas como a diabetes tem vindo a levantar desafios a doentes,
profissionais e sistemas de saúde pelo impacto que a patologia e suas complicações
acarretam tanto na vida pessoal e familiar, como nos custos sociais.

A ART era inicialmente conceptualizada como a extensão de comportamentos do


doente que coincidia com as recomendações feitas pelos profissionais de saúde mas,
mais recentemente, têm-se vindo a mudar este paradigma. O doente passa a ter um
papel mais ativo no seu plano terapêutico. Na diabetes, a ART engloba a integração
de diversas atividades de autocuidado, nomeadamente realizar uma alimentação
saudável, prática de exercício físico, administração de terapêutica farmacológica,
vigilância da glicémia capilar, cuidados com os pés, …

São diversos os fatores descritos na literatura que estão relacionados com a ART e no
presente trabalho abordo os conhecimentos dos diabéticos sobre a patologia e a sua
motivação para o tratamento.

Apenas um processo de educação para a saúde individualizado, contínuo e que se


adeque às reais necessidades de cada indivíduo pode capacitar o diabético para o
autocuidado, para a tomada de decisão consciente, assim como habilitá-lo com os
conhecimentos que lhe permitam uma gestão desta patologia da forma mais
independente possível.

A motivação é o que impulsiona a pessoa a ter e manter um comportamento


específico e esta pode ser intrínseca (inata) ou extrínseca (se o indivíduo realiza uma
atividade pela recompensa que daí advém). Na diabetes, compreender as motivações
do diabético para o tratamento, assim como a interação entre a motivação intrínseca e
extrínseca é apontada como uma das condições que influencia a ART, sendo que a
literatura aponta que a necessidade de motivar o diabético deve ser mais centrada nas
necessidades do indivíduo do que nos conhecimentos e crenças dos profissionais de
saúde.

Compreender o nível de conhecimentos dos participantes sobre a diabetes e a sua


motivação para o tratamento pode ser um ponto de partida para encontrar estratégias
facilitadoras da ART e dessa forma otimizar indicadores biológicos, o efeito do RT e a
qualidade de vida da díade.

61
62
PARTE II

ESTUDO EMPÍRICO

63
64
3. METODOLOGIA

Apresentados os pressupostos teóricos em que assentou a investigação segue-se a


contextualização metodológica em que se encontra inserida. Assim, apresento nesta
parte as questões e objetivos da investigação, o tipo de estudo, variáveis, população e
amostra, instrumentos de colheita de dados, procedimentos formais e éticos, assim
como os procedimentos adotados no tratamento dos dados.

A investigação intitulada “adesão ao regime terapêutico em pessoas com diabetes


Mellitus tipo 2: importância dos conhecimentos e da motivação” centra-se na
problemática da ART na diabetes, pois a minha prática clínica é desenvolvida num
serviço em que a incidência de doentes com doença crónica é elevada.

3.1. OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Por forma a dar resposta a esta inquietação, a investigação que neste momento se
apresenta tem como principais objetivos:

Medir o autocuidado com a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar os conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar a motivação para o tratamento em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes e a


motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre a idade, o sexo, as habilitações literárias e os


conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2;

Avaliar a relação existente entre a idade, o sexo, as habilitações literárias e a


motivação para o tratamento em pessoas com DM2.

As questões de investigação constituem o elemento fundamental do início de uma


investigação (Ribeiro, 2008). Assim, de forma a dar resposta à problemática
anteriormente referida, delineei como questões de investigação: Quais as dimensões

65
do autocuidado a que as pessoas com DM2 aderem? De que modo, os conhecimentos
sobre a diabetes influenciam a motivação para o tratamento em pessoas com DM2?
De que modo a idade, o sexo e as habilitações literárias influenciam os conhecimentos
sobre a diabetes e a motivação para o tratamento em pessoas com DM2?

3.2. TIPO DE ESTUDO

Analisando a natureza do problema em estudo, as questões de investigação e os


objetivos propostos posso dizer que o estudo se enquadra numa abordagem de
carácter quantitativo. As pesquisas desta natureza dão importância ao raciocínio
dedutivo, às regras que assentam na lógica, aos atributos mensuráveis da experiência
humana, assentam no paradigma positivista e caracterizam-se “…pela medida de
variáveis e pela obtenção de resultados numéricos suscetíveis de serem
generalizados a outras populações ou contextos” (Fortin, 2009, p. 27).

A problemática desenhada, as questões de investigação e os objetivos estabelecidos


apontam para a realização de um estudo transversal, não experimental e de natureza
descritivo-correlacional.

3.3. HIPÓTESES

A partir das questões de investigação e objetivos delineados anteriormente, elaborei


as seguintes hipóteses de investigação:

H1 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os


conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2 e a motivação
(intrínseca e extrínseca) para o tratamento;

H2 – A idade, o sexo e as habilitações literárias em pessoas com DM2


influenciam os conhecimentos sobre a diabetes;

H3 - A idade, o sexo e as habilitações literárias em pessoas com DM2


influenciam a motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento.

66
3.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA

Este estudo decorreu na Consulta Externa do Centro Hospitalar do Oeste – Unidade


de Caldas da Rainha, entre Setembro e Dezembro de 2013, sendo a população alvo
constituída por indivíduos com DM2. No ano transato, o universo de indivíduos com
diabetes era de 426 (este número inclui diabéticos tipo 1 e 2 e grávidas com diabetes
gestacional), conforme listagem obtida no sistema informático.

A amostra foi selecionada a partir da população de diabéticos que constitui a Consulta


de Enfermagem de Diabetes da Consulta Externa da Unidade hospitalar supracitada
que manifestaram livre vontade de participar no estudo e que obedeceram aos
critérios de inclusão/exclusão.

Assim, para o presente estudo defini como critérios de inclusão: ter diagnóstico de
DM2, pertencer à consulta de diabetes há mais de um ano, ter recorrido a mais do que
uma consulta no último ano, ter instituído terapêutica farmacológica e que aceitasse
participar no estudo. Por sua vez, foram considerados critérios de exclusão: ter
diagnóstico de diabetes gestacional ou tipo 1, ter perturbações do estado de
consciência, não compreender nem falar a língua portuguesa e possuir elevada
dependência funcional que comprometesse os comportamentos de autocuidado.

No presente estudo, a amostragem selecionada foi não probabilística de conveniência.


Neste método, os casos são escolhidos pelo facto de se encontrarem presentes num
determinado local e num preciso momento, ou seja, não dá a todos os elementos da
população a mesma possibilidade de ser escolhido para formar a amostra (Hill e Hill,
2012).

A amostra da presente investigação é constituída por 127 participantes com idades


compreendidas entre os 36 e os 89 anos de idade (M= 63,6; DP= 11,38). A faixa etária
predominante situa-se entre os 66 e os 75 anos (36,2%), tabela 1 e 2.

Tabela 1 - Caracterização da amostra segundo a idade

n Xmin Xmáx M DP
Idade (anos)
127 36 89 63,6 11,38

Os participantes são maioritariamente do sexo feminino (55,9%), casados (73,2%) e


estão reformados (63,8%).

67
A maioria dos participantes é casado ou vive em união de facto (73,2%).
Aproximadamente um quarto dos participantes é, viuvo (12,6%), solteiro (8%) ou
divorciado/separado (6,3%).

Relativamente à coabitação, isto é, com quem vive a pessoa, sensivelmente metade


dos participantes da amostra reside com o cônjuge/companheiro (51,2%) ou com a
família restrita, ou seja, com o cônjuge e filho(s) (28,3%). Somente 0,8% dos inquiridos
reside com a família alargada, 13,4% integram agregados familiares de “pessoas sós”
ou noutras situações (6,3%).

Os indivíduos inquiridos têm uma baixa escolaridade, só 11% têm mais de 10 anos de
escolaridade e a maioria frequentou o enino básico (71,7%).

Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica da amostra (n = 127)

Caracterização sociodemográfica nº %

≤ 55 anos 32 25,2
56 - 65 anos 33 26
Faixa etária
66 - 75 anos 46 36,2
> 75 anos 16 12,6
Masculino 56 44,1
Sexo
Feminino 71 55,9
Solteiro 10 8
Casado/união de facto 93 73,2
Estado Civil
Divorciado/separado 8 6,3
Viúvo 16 12,6
Empregado 27 21,3
Atividade Desempregado 14 11
profissional/ocupação Reformado 81 63,8
Outros 5 3,9
≤ 1º Ciclo 91 71,7
2º Ciclo 9 7,1
Habilitações literárias 3º Ciclo 13 10,2
Secundário 5 3,9
Superior 9 7,1
Cônjuge/companheiro 65 51,2
Família restrita 36 28,3
Com quem vive Família alargada 1 0,8
Sozinho 17 13,4
Outros 8 6,3

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3.5. INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS

Com o presente estudo pretendeu-se medir o autocuidado em indivíduos com DM2,


avaliar os seus conhecimentos sobre a diabetes e a sua motivação para o tratamento,
avaliar a relação existente entre as características sociodemográficas (idade, sexo e
habilitações literárias) e os conhecimentos sobre a diabetes, avaliar a relação
existente entre as características sociodemográficas (idade, sexo e habilitações
literárias) e a motivação para o tratamento, assim como avaliar a relação existente
entre os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação (intrínseca e extrínseca) para
o tratamento. Para tal, o instrumento de colheita de dados utilizado foi o questionário
constituído por quatro partes:

 Parte I – Questionário para caracterização sociodemográfica e clínica;


 Parte II – Escala de Autocuidado com a Diabetes (SDSCA);
 Parte III – Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24);
 Parte IV – Escala de Motivação para o Tratamento (EMT) (Apêndice IV).

O questionário de caraterização sociodemográfico e clínico, é construído por 9


questões que visam caracterizar os participantes relativamente à idade, sexo, estado
civil, atividade profissional/ocupação, escolaridade/habilitações literárias, com quem
vive, há quantos anos é diabético, que tipo de medicação faz para controlar a diabetes
(comprimidos – ADO, insulina ou comprimidos e insulina) e se tem ou já teve alguma
complicação devido à diabetes.

A segunda parte integra a Escala de Atividades de Autocuidado com a Diabetes,


sendo que esta escala foi traduzida e validada para a população portuguesa em 2004
por Bastos da escala “Summary of Diabetes Self-Care Activities - SDSCA” de
Glasgow, Toobert e Hampson. Esta escala foi selecionada por ser amplamente
utilizada para medir o autocuidado com a diabetes em adultos (Bastos, Severo e
Lopes, 2007). Este instrumento mede, de forma indireta a adesão (através dos níveis
de autocuidado), permitindo conhecer os níveis de adesão global e dos principais
componentes do RT e mostrou uma consistência interna aceitável com α = 0,59
(Bastos, 2004). Na amostra deste estudo, o valor da consistência interna da escala
(alpha de Cronbach) é de 0,62, ligeiramente superior à escala original.

A escala é constituída por 24 itens, sendo que estes se encontram agrupados em 7


dimensões: alimentação geral, alimentação específica, atividade física, medicação,
monitorização da glicémia, cuidados com os pés e hábitos tabágicos. A sua avaliação

69
é parametrizada em dias da semana, numa escala de 0 a 7, o que corresponde aos
comportamentos adotados nos últimos sete dias, em que o zero é a situação menos
favorável e sete a mais desejável. Por forma a obter consistência na direção das
respostas, tornou-se necessário recodificar as variáveis que pontuariam pela negativa,
por exemplo, o álcool (assim, 0=7, 1=6, 2=5 ... 7=0). Os hábitos tabágicos foram
considerados separadamente das restantes variáveis por estarem codificados de
forma diferente, sendo considerado para efeitos de análise o número de fumadores e o
número de cigarros consumidos por dia (Bastos, 2004; Bastos, Severo e Lopes, 2007).

O Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (“Diabetes Knowledge


Questionnaire” - DKQ-24) foi inicialmente criado em inglês com 60 itens e,
posteriormente, foi desenvolvido e validado para espanhol e inglês numa versão
reduzida com 24 itens, sendo que foi a partir deste instrumento que foi efetuada a
tradução e validação para a população portuguesa por Bastos (2004). Este
instrumento tem 24 itens e, em termos de conteúdo, aborda os principais aspetos
recomendados em termos de educação do diabético, como por exemplo:
conhecimentos sobre a patologia e aspetos relacionados (causa, RT, produção de
insulina, sintomatologia de hipo e hiperglicémia, duração da doença, falsos conceitos,
complicações, …). No que respeita à análise dos dados, o questionário foi codificado
em respostas certas (1), erradas (0) e não sabe (2), permitindo obter a proporção de
respostas certas, erradas e de desconhecimentos. Por forma a obter a subescala de
conhecimentos e desconhecimentos (conceitos errados e incertos), as respostas
foram recodificadas numa escala dicotómica (0 e 1), em que são transformadas em 1
as respostas que integram a subescala de conhecimentos e em 0 as respostas que
integram a subescala de desconhecimentos. A consistência interna da escala
traduzida e adaptada para português foi de α=0,67 (Bastos, 2004). O valor da
consistência interna da escala (alpha de Cronbach) nesta amostra é de 0,69,
ligeiramente superior à escala original.

Por fim, a Escala de Motivação para o Tratamento - EMT foi criada por Apóstolo et al.
(2007), resultando de uma adaptação do “Treatment Self-Regulation Questionnaire” -
TSRQ para a diabetes, sendo que esta escala foi criada para explicar a Teoria da
Autodeterminação (teoria que é fundada na motivação humana). Esta é uma escala de
likert constituída por um total de 19 itens, sendo que 13 avaliam a motivação intrínseca
(itens 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11, 12, 13, 16, 17, 18 e 19) para o tratamento e 6 avaliam a
motivação extrínseca (itens 1, 5, 8, 9, 14 e 15) para o tratamento. Este instrumento
visa medir as motivações autónomas e controladas no que respeita à adoção de
estilos de vida saudáveis relacionados com o tratamento da diabetes, controlo da

70
glicémia capilar e prática de exercício físico. Nesta escala as possibilidades de
resposta oscilam entre concordo fortemente e discordo fortemente e as respostas são
organizadas de 1 a 7 pontos. No que respeita à análise dos dados obtidos, o score de
cada dimensão é obtido através da soma das respostas aos itens que compõem cada
uma das dimensões (intrínseca e extrínseca) e pelo total. Esta escala tem mostrado
boa consistência interna, com valores de α=0,78; 0,88 e 0,86 respetivamente para a
motivação total, motivação extrínseca e intrínseca (Apóstolo et al., 2007). Na amostra
em estudo os valores de consistência interna foram de α=0,82; 0,83 e 0,80 para a
motivação total, motivação intrínseca e motivação extrínseca, respetivamente.

O preenchimento do instrumento de colheita de dados, que integrou como referi o


questionário sociodemográfico e clínico e as três escalas, situou-se entre os 30 e os
45 minutos.

O questionário anteriormente apresentado foi desenvolvido com o intuito de ser auto-


preenchido, no entanto, nos casos em que os indivíduos não sabiam ler ou escrever
ou não conseguiam ler o instrumento de colheita de dados, foi aplicado sobre a forma
de formulário. Nestas situações tive como preocupação criar um ambiente que não
influenciasse os participantes e que não os levasse a responder de acordo com aquilo
que eles achavam que era esperado. Assim, num ambiente de acesso restrito
pausadamente lia as questões e esperava que a pessoa dissesse ou apontasse onde
se situava. Outra das preocupações por parte do investigador foi não emitir juízos de
valor em relação às respostas.

3.6. PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS

Na realização do trabalho adoptei sempre como princípio orientador da minha conduta


o respeito pelos direitos da pessoa, o que exigiu da minha parte o cumprimento de
todos os procedimentos éticos. Assim, a fim de salvaguardar o direito à
individualidade, liberdade, segurança, bem-estar, respeito e dignidade de cada sujeito
que participou no estudo, a realização deste teve em conta todas as etapas e critérios
éticos inerentes a qualquer investigação rigorosa e fidedigna.

Neste sentido, após ter definido o estudo que pretendia realizar, em Maio de 2013,
enviei, por escrito (Apêndice I), ao presidente do Conselho de Administração do

71
Centro Hospitalar do Oeste, o pedido formal para autorização da realização da
investigação, que foi concedido.

Foi também solicitada autorização aos autores das escalas (por correio eletrónico),
tendo a mesma sido concedida por estes (Apêndice II).

O trabalho de campo teve o início no dia 4 de Setembro de 2013 e terminou no dia 23


de Dezembro do mesmo ano.

A abordagem aos participantes foi feita através de contacto direto na Consulta de


Enfermagem de Diabetes, sendo que a participação destes foi inteiramente
confidencial e voluntária. De forma a garantir a privacidade e confidencialidade dos
respondentes e dos dados, optei por manter a folha do consentimento informado
separado das folhas dos questionários, sendo estes últimos, posteriormente,
codificados apenas numericamente de forma que não houvesse a possibilidade de
identificar os participantes. Todos os respondentes foram informados sobre a natureza
do estudo e da sua participação. Foi realçado o facto de o investigador não pertencer
à equipa multidisciplinar do serviço, não existindo partilha de informação com os
profissionais nem a possibilidade de estes terem acesso aos dados.

Os participantes foram livres para decidir se queriam ou não participar e esclarecidos


que em qualquer momento da participação (mesmo quando o respondente decidia
começar a responder aos questionários), podiam recusar continuar a participar, não
existindo qualquer tipo de consequências para o participante. O preenchimento dos
questionários foi feito num gabinete, por forma a proporcionar um ambiente calmo,
tranquilo e de privacidade, unicamente com a presença do investigador. O seu
preenchimento foi feito apenas após o preenchimento do consentimento informado
(Apêndice III).

Dos diabéticos abordados, 6 recusaram participar e 2 não concluíram o preenchimento


do instrumento devido a indisponibilidade temporal.

3.7. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Após a colheita de dados, estes foram colocados numa base de dados e processados
e tratados através do programa estatístico Statistical Program for Social Sciences
(SPSS) – versão 21.0.

72
Para obter e consistência interna das escalas utilizadas utilizei o coeficiente “alpha de
Cronbach”.

Posteriormente, por forma a sintetizar e realçar a informação, recorri à estatística


descritiva, designadamente:

Frequências – absolutas (nº) e relativas (%);

Medidas de tendência central – média (M);

Medidas de dispersão ou variabilidade – desvio padrão (DP); mínimos (X min) e


máximos (X máx).

Para a decisão dos testes estatísticos (paramétricos ou não paramétricos) a utilizar fiz
a análise da distribuição dos valores das variáveis em estudo através do teste
Kolmogorov-Smirnov com a correção de Liliefors e, como a distribuição não era normal
para todas as variáveis em estudo, optei por utilizar testes não paramétricos.

Desta forma, para a estatística inferencial utilizei o coeficiente de correlação de


Spearman para medir a intensidade da relação entre as variáveis ordinais, o teste U
de Mann-Whitney para testar a diferença nas classificações dos scores em duas
variáveis (variável nominal dicotómica/variável ordinal) num mesmo grupo e o teste
Kruskal-Wallis tara testar a diferença nas classificações dos scores de três ou mais
grupos independentes (variável nominal com 3 ou mais classes/ variável ordinal). A
interpretação dos dados estatísticos foi realizada com base num nível de significância
de 95% (p <0,05).

Os resultados serão apresentados em tabelas e gráficos, sendo sempre feita a sua


descrição por extenso.

73
74
4. RESULTADOS

Neste capítulo descrevo os resultados obtidos através dos procedimentos estatísticos


utilizados e que irão fundamentar as reflexões que irei apresentar nos capítulos
posteriores. Esta descrição irá ser realizada em cinco partes distintas, sendo que na
primeira descrevo as características clínicas da amostra, nas três seguintes descrevo
os resultados obtidos nas escalas utilizadas - Autocuidado com a Diabetes (SDSCA),
Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24) e Escala de Motivação
para o Tratamento (EMT) e, por fim, a estatística inferencial.

4.1. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA AMOSTRA

Relativamente à caracterização clínica da amostra no que respeita ao tempo de


diagnóstico da diabetes, pode-se verificar através da tabela 3 que o tempo mínimo de
diagnóstico da diabetes foi de 2 anos e o máximo foi de 40 anos. A média situou-se
nos 15,2 anos (DP = 8,7).

Tabela 3 - Caracterização da amostra segundo o tempo de diagnóstico da


diabetes

Tempo de n Xmin Xmáx M DP


diagnóstico
da diabetes 127 2 40 15,2 8,7
(anos)

No que diz respeito ao tipo de medicação utilizado para controlar a diabetes, como se
pode observar no gráfico 1, 65 participantes (66,9%) fazem terapêutica mista (ADO +
insulina), 29 participantes (22,8%) utilizam ADO e 13 participantes (10,2%) encontram-
se medicados exclusivamente com insulina.

75
Gráfico 1 - Distribuição da amostra segundo o tipo de medicação que faz para
controlar a diabetes

Quando os participantes foram questionados sobre se têm, ou já tiveram, alguma


complicação devido à diabetes, conforme se pode constatar através do gráfico 2, a
maioria dos inquiridos (72%) responde de forma positiva, enquanto que 28% referem
nunca ter tido complicações.

Gráfico 2 - Distribuição da amostra segundo a presença de complicações da


diabetes

Relativamente às complicações agudas e tardias apontadas pelos participantes, tal


como se observa no gráfico 3, das complicações agudas possíveis, 45 participantes
(35,4%) referem a ocorrência de hipoglicémia, 56 participantes (44,1%) mencionam a
presença de hiperglicémia e 1 participante (0,8%), incluído em “Outras”, refere ter
estado em coma devido a hiperglicémia (não foi possível ao investigador distinguir se
foi coma hiperosmolar ou cetoacidose diabética). No que diz respeito às complicações
tardias, 24 participantes (18,9%) mencionam que são hipertensos, 38 indivíduos
(29,9%) apresentam retinopatia diabética, 5 (3,9%) nefropatia, 8 (6,3%) neuropatia e 9
(7,1%) pé diabético. Dos 91 participantes (71,7%) que referem ter ou já ter tido
76
complicações devido a esta patologia, 16 (12,6%) mencionam já ter tido pelo menos
um AVC e 3 (2,4%) dizem ter tido pelo menos um episódio de EAM. Nas “Outras”
complicações 4 participantes (3,1%) mencionam ter cataratas. No gráfico 3 o
parâmetro “Outras” integra as complicações tardias anteriormente apresentadas assim
como as complicações agudas dada a baixa expressão das mesmas.

Gráfico 3 - Complicações da diabetes: agudas e tardias

4.2. ATIVIDADES DE AUTOCUIDADO COM A DIABETES

Os dados acerca das atividades de autocuidado foram obtidos por autorreferência e


referem-se aos últimos sete dias. Na tabela 4 apresento os dados obtidos nas 5
dimensões desta escala: cuidados com a alimentação, prática de exercício físico,
autovigilância da glicémia capilar, cuidados com os pés, toma de medicação e hábitos
tabágicos, sendo que este último item é considerado separadamente.

Tal como se observa na tabela 4, existem diferenças nas diferentes dimensões do


autocuidado com a diabetes, sendo que as dimensões às quais os participantes
expressam aderir mais são a medicação (M = 6,73 dias por semana; DP = 0,84), a
monitorização da glicémia capilar (M = 6,35 dias por semana; DP = 1,6) e a
alimentação (M = 5,32 dias por semana; DP = 2,43). Por sua vez, as dimensões às
quais os participantes aderem menos são aos cuidados com os pés (M = 4,54 dias por

77
semana; DP = 2,87) e a prática de exercício físico (M = 2,10 dias por semana; DP =
2,68).

Tabela 4 - Adesão às atividades de autocuidado (número de dias por semana)

M DP Xmin Xmáx
Alimentação 5,32 2,43 0 7
Atividade física 2,10 2,68 0 7
Cuidados com os pés 4,54 2,87 0 7
Medicação 6,73 0,84 0 7
Monitorização da glicémia 6,35 1,6 0 7

De seguida explano, em maior pormenor, cada uma das dimensões do autocuidado


anteriormente referidas.

No que respeita à alimentação, quando os participantes foram questionados sobre


quantos dias por semana consideravam seguir uma alimentação saudável, como se
observa na tabela 5, a média de dias observada é de 5,24 dias/semana, sendo que a
adesão total nos sete dias da semana é de 29,9%, já 2,4% referem nunca o fazer. Por
sua vez, quando se verifica a adesão ao plano alimentar recomendado pelos
profissionais de saúde, a média sobe para 5,45 dias por semana, observando-se uma
adesão total ao recomendado de 22,8% e 3,9% referem nunca o fazer.

Quando questionados acerca de alguns dos aspetos mais específicos da alimentação,


tal como se verifica na tabela 5, a média de adesão a 5 ou mais porções de fruta ou
vegetais é bastante reduzida, situou-se nos 1,7 dias por semana, sendo a adesão total
de 10,2%. Sobressai que 59,1% referem nunca o fazer.

Relativamente às questões acerca do consumo de carnes vermelhas, consumo de pão


às refeições, consumo de mais de um hidrato de carbono na mesma refeição,
consumo de bebidas alcoólicas à refeição e fora dela, consumo de alimentos doces e
de açúcar nas bebidas encontram-se invertidas, o que significa que os resultados
apresentados representam os dias por semana em que os participantes aderem ao
que é recomendado e não aos dias em que adotam práticas desaconselhadas.

Desta forma, no que respeita ao consumo de carnes vermelhas, como se observa na


tabela 5, a média de adesão é de 4,61 dias por semana, sendo que 8,7% dos
participantes expressam não terem comido carnes vermelhas nenhum dia da semana,
só uma percentagem mínima dos participantes 1,6% mencionam que comem carnes
vermelhas todos os dias da semana.

78
Quando questionados acerca do consumo de pão a acompanhar as principais
refeições (almoço ou jantar), a média da adesão ao comportamento de não comer pão
às principais refeições situa-se nos 4,98 dias por semana, sendo que 44,9% dos
participantes indicam não comer pão ao almoço e jantar nenhum dia por semana,
enquanto que 14,2% dos participantes mencionam comer todos os dias pão a
acompanhar as principais refeições.

No que respeita à mistura de dois ou mais hidratos de carbono na mesma refeição


(arroz, batatas, massa, feijão, …), em média os participantes referem aderir ao
recomendado 6,04 dias por semana. Esta recomendação é cumprida na íntegra por
57,5% dos participantes.

Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas, a adesão ao não consumo de


bebidas alcoólicas às principais refeições é em média de 6,61 dias por semana. Fora
das refeições é ligeiramente superior com uma média de adesão de 6,72 dias por
semana, sendo este o item relacionado com a alimentação em que se verifica uma
maior adesão, traduzindo-se numa adesão total de 87,4%. No que diz respeito ao
consumo de bebidas alcoólicas às principais refeições, 1,6% dos participantes
mencionam beber mais de um copo de qualquer tipo de bebida alcoólica às refeições
e 0,8% referem beber todos os dias bebidas alcoólicas fora das refeições.

Quando questionados acerca do consumo de alimentos doces (bolos, pasteis,


compotas, mel, marmelada, chocolates, …), a média de adesão à recomendação do
não consumo deste tipo de alimentos é de 5,90 dias por semana, com uma adesão
total de 38,6%, enquanto que 2,4% dos participantes mencionam comer alimentos
doces todos os dias.

No que respeita à utilização de açúcar para adoçar as bebidas, a média de adesão ao


comportamento recomendado é de 5,97 dias por semana, em que 79,5% dos
participantes referem aderir todos os dias a esta recomendação. No entanto, 2,4%
mencionam que todos os dias adoçam as bebidas com açúcar.

Relativamente à prática de exercício físico, tal como já referi, foi o autocuidado com
uma adesão mais baixa. Como se observa na tabela 5, a adesão média a atividades
físicas contínuas durante pelo menos 30 minutos (relacionadas por exemplo com
atividades domésticas, …) é de 2,07 dias por semana, sendo que apenas 15% dos
participantes adere totalmente. Por sua vez, quando questionados acerca da prática
de exercício físico específico (nadar, caminhar, andar de bicicleta, …), a média de
adesão é semelhante à anterior (2,13 dias por semana), o que corresponde a uma
adesão total de 13,4%.

79
No que concerne aos cuidados diários com os pés (tabela 5), mais especificamente se
os participantes costumam examinar os pés, a adesão média a este autocuidado é de
3,66 dias por semana, sendo que 22,8 % dos participantes dizem examinar os pés
diariamente, enquanto que 18,9% referem nunca o fazer. Quanto a inspecionar o
interior dos sapatos antes de os calçar, a adesão média a este autocuidado é de 1,84
dias por semana, verificando-se uma adesão total de apenas 13,4%.
Aproximadamente metade dos participantes (53,5%) mencionam nunca inspecionar o
interior do calçado antes de o calçar. A adesão média aos autocuidados lavar os pés e
secar os espaços interdigitais é de, respetivamente, 6,76 e 5,89 dias por semana, com
uma adesão total para os cuidados de higiene aos pés de 92,9% e de secagem dos
espaços interdigitais de 70,9%.

Como referi anteriormente, a toma da medicação é a dimensão do autocuidado com a


diabetes em que os participantes referem aderir mais (6,73 dias por semana), sendo
que, tal como se observa na tabela 5, 85% dos participantes mencionam tomar a
medicação todos os dias e apenas uma pequeníssima percentagem 0,8% referem
nunca os tomar.

Tabela 5 - Nível de adesão às atividades de autocuidado

% (nº) % (nº)
M (DP) Adesão 7 dias Adesão 0 dias
por semana por semana
Alimentação saudável 5, 24 (2,24) 29,9 (38) 2,4 (3)
Alimentação recomendada 5,45 (1,70) 22,8 (29) 3,9 (5)
Fruta e vegetais 1,70 (2,48) 10,2 (13) 59,1 (75)
Carnes vermelhas 4,61 (1,55) 8,7 (11) 1,6 (2)
Pão às refeições 4,98 (2,51) 44,9 (57) 14,2 (18)
Mistura de hidratos de carbono 6,04 (1,56) 57,5 (73) 2,4 (3)
Bebidas alcoólicas à refeição 6,61 (1,22) 87,4 (111) 1,6 (2)
Bebidas alcoólicas fora da refeição 6,72 (0,89) 85,8 (108) 0,8 (1)
Consumo de alimentos doces 5,90 (1,21) 38,6 (49) 2,4 (3)
Adoçar as bebidas 5,97 (2,28) 79,5 (101) 10,2 (13)
Atividade contínua 2,07 (2,69) 15,0 (19) 55,9 (71)
Exercício físico específico 2,13 (2,70) 13,4 (17) 55,1 (70)
Examinar os pés 3,66 (2,57) 22,8 (29) 18,9 (24)
Interior dos sapatos 1,84 (2,51) 13,4 (17) 53,5 (68)
Lavar os pés 6,76 (0,94) 92,9 (118) 0 (0)

80
Secar espaços interdigitais 5,89 (2,08) 70,9 (90) 6,3 (8)
ADO, insulina ou ambos 6,73 (0,84) 85,0 (108) 0,8 (1)

Para realizar a análise da monitorização da glicémia capilar, tive em conta as


recomendações feitas pelos profissionais de saúde (ajustadas às necessidades de
cada doente), ou seja, aquilo que é proposto ao diabético e aquilo que ele menciona
cumprir. Tendo em conta este pressuposto, 84,25% dos participantes referem cumprir
as recomendações feitas pelos profissionais de saúde e 15,75% não cumprem na
totalidade essas recomendações. Neste último grupo de participantes, 4 mencionam
realizar a glicémia capilar mais dias por semana do que o recomendado, já 3
participantes cuja recomendação é realizar a pesquisa da glicémia capilar todos os
dias da semana, referem nunca o fazer.

Ao analisar os hábitos tabágicos nos últimos sete dias, 7,9% dos participantes diz
fumar todos os dias, sendo que entre estes, o consumo diário de cigarros variou entre
1 e 25 cigarros (M = 10,6 cigarros por dia). Dos restantes 116 participantes que não
fumam atualmente, 79 indicam nunca ter fumado, 35 fumaram o último cigarro há mais
de dois anos atrás, 1 fumou o último cigarro entre quatro a doze meses atrás e dois
participantes fumaram o último cigarro entre um a três meses atrás.

4.3. CONHECIMENTOS SOBRE A DIABETES

Da aplicação do Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24) (tabela


6), é possível verificar que esta amostra de diabéticos revela ter conhecimentos sobre
a diabetes embora ainda tenha algumas lacunas/défices de conhecimento no que se
refere a aspetos relacionados com a identidade da doença, com o seu controlo e com
as suas consequências. Existem duas questões em que a proporção de respostas
corretas é inferior a 50% - “A Diabetes é causada pela dificuldade dos rins em manter a
urina sem açúcar” e “Comer muito açúcar e alimentos doces é uma causa da
diabetes”.

No que respeita à identidade da doença, 92,9% dos participantes acreditam que comer
muito açúcar e alimentos doces é uma causa da diabetes e 73,2% sabem que a causa
comum da diabetes é a falta ou resistência à insulina no corpo. Os principais tipos de
diabetes são reconhecidos por 85,8% dos participantes. Apenas 64,6% sabem que a

81
insulina não é produzida nos rins. A quase totalidade dos inquiridos (93,7%) admitem
que quando a diabetes não é tratada o valor da glicémia, normalmente, sobe. A
maioria dos participantes (91%) reconhece que os seus filhos têm um maior risco de
virem a ser diabéticos, por serem filhos de um diabético. É ainda importante destacar
que cerca de 23% dos participantes consideram que a melhor maneira de avaliar a
diabetes é fazendo testes à urina.

Relativamente aos conhecimentos sobre as consequências agudas e tardias desta


patologia, 83,5% dos participantes acreditam que a diabetes frequentemente provoca
má circulação, 89% revelam saber que após um corte ou uma ferida o processo de
cicatrização é mais lento nos diabéticos e 97,6% mencionam que os diabéticos têm de
ter cuidados especiais quando cortam as unhas dos dedos dos pés. A quase totalidade
(90,6%) sabe que a diabetes pode prejudicar os rins e 92,9% sabe que esta patologia
pode provocar diminuição da sensibilidade das mãos, dedos e pés. Quando
questionados sobre se a utilização de meias-calças elásticas, ou meias apertadas são
prejudiciais para os diabéticos, apenas 55,9% dos participantes responde corretamente
(com uma grande percentagem de respostas incorretas e desconhecimentos – 26,0 e
18,1%, respetivamente). Por sua vez, à questão se os diabéticos devem limpar as
feridas com solução iodada e álcool, apenas 55,1% dos participantes evidenciam
saber. Relativamente às questões relacionadas com hipo/hiperglicémias, 93,7% dos
participantes sabem que uma glicémia capilar de 210mg/dl em jejum é muito elevada.
Realço que 17,3% dos diabéticos inquiridos acreditam que as hipoglicémias são
provocadas por muita comida. No que respeita aos sinais e sintomas de hipo e
hiperglicémia, 63% dos participantes identificam-nos de forma correta. De destacar que
19,7% e 17,3% dos participantes, respetivamente, interpretam a sintomatologia de
hipoglicémia como sendo uma hiperglicémia e vice-versa.

No que diz respeito ao controlo da doença, 87,4% dos participantes conhecem o


carater de cronicidade da doença, no entanto, 8,7% ainda têm o falso conceito que esta
patologia tem “cura”. A medicação é considerada o componente mais importante do RT
por 20,5% dos participantes. Para 95,3% dos participantes, a forma como se prepara a
comida é tão importante como a comida que se come mas para 44,1% dos
participantes existe a falsa crença que uma dieta para diabéticos consiste em comidas
especiais.

82
Tabela 6 - Resultados da aplicação do Questionário de Conhecimentos sobre a
Diabetes (DKQ-24)

Corretos Errados Desconhecem


Questões
% (n) % (n) % (n)

Comer muito açúcar e alimentos doces


6,3 (8) 92,9 (118) 0,8 (1)
é uma causa da Diabetes

A causa comum da Diabetes é a falta


73,2 (93) 10,2 (13) 16,5 (21)
ou resistência à insulina no corpo

A Diabetes é causada pela dificuldade


43,3 (55) 25,2 (32) 31,5 (40)
dos rins em manter a urina sem açúcar

Os rins produzem insulina 64,6 (82) 14,2 (18) 21,3 (27)

Na Diabetes não tratada a quantidade


de açúcar no sangue, normalmente, 93,7 (119) 4,7 (6) 1,6 (2)
sobe

Se é diabético os seus filhos têm maior


91,3 (116) 3,1 (4) 5,5 (7)
risco para serem diabéticos

A Diabetes pode curar-se 87,4 (111) 8,7 (11) 3,9 (5)

O nível de açúcar no sangue de 210,


93,7 (119) 3,9 (5) 2,4 (3)
num teste em jejum, é muito alto

A melhor maneira de avaliar a sua


72,4 (92) 22,8 (29) 4,7 (6)
Diabetes é fazendo testes à urina

O exercício regular aumenta a


necessidade de insulina, ou outro 59,8 (76) 15,0 (19) 25,2 (32)
medicamento para a Diabetes

Há dois tipos principais de Diabetes:


Tipo l ("Insulinodependentes") e Tipo 2 85,8 (109) 3,9 (5) 10,2 (13)
("não insulinodependentes")

Uma hipoglicémia (baixa de açúcar no


71,7 (91) 17,3 (22) 11,0 (14)
sangue) é provocada por muita comida

A medicação é mais importante que a


dieta e o exercício físico para controlar 78,0 (99) 20,5 (26) 1,6 (2)
a Diabetes

A Diabetes frequentemente provoca má


83,5 (106) 6,3 (8) 10,2 (13)
circulação

Cortes e feridas cicatrizam mais


89,0 (113) 9,4 (12) 1,6 (12)
lentamente nos diabéticos

83
Os diabéticos devem ter cuidados
especiais, quando cortam as unhas dos 97,6 (124) 0,8 (1) 1,6 (2)
dedos dos pés

Uma pessoa com Diabetes deve limpar


55,1 (70) 19,7 (25) 25,2 (32)
uma ferida com solução iodada e álcool

A maneira como prepara a sua comida


é tão importante como a comida que 95,3 (121) 3,9 (5) 0,8 (1)
come

A Diabetes pode prejudicar os rins 90,6 (101) 3,9 (5) 5,5 (7)

A Diabetes pode provocar diminuição


92,9 (118) 3,9 (5) 3,1 (4)
da sensibilidade das mãos, dedos e pés

Tremores e suores são sinais de açúcar


63,0 (80) 19,7 (25) 17,3 (22)
alto no sangue

Urinar frequentemente e sede são


63,0 (80) 17,3 (22) 19,7 (25)
sinais de açúcar baixo no sangue

Meias-calças elásticas, ou meias,


apertadas não são prejudiciais para os 55,9 (71) 26,0 (33) 18,1 (23)
diabéticos

Uma dieta para diabéticos consiste,


54,3 (69) 44,1 (56) 1,6 (2)
essencialmente, em comidas especiais

4.4. MOTIVAÇÃO PARA O TRATAMENTO

Os resultados obtidos através da aplicação da Escala de Motivação para o Tratamento


(EMT) indicam que, face aos limites de resposta possíveis (1 a 7), conforme se
observa na tabela 7, em todos os itens registam-se respostas no valor máximo (7) e na
maioria dos itens no valor mínimo (1), à exceção dos itens 6, 7, 10, 13, 16 e 18 em que
o valor mínimo se situou a partir de 2.

Relativamente à motivação para o tratamento no total e suas dimensões (intrínseca e


extrínseca), tal como se observa na tabela 7, considerando os limites de resposta (1 a
7), obtive valores médios elevados, de 5,65 para a motivação total, de 6,20 para a
motivação intrínseca e de 4,46 para a motivação extrínseca. Os valores de dispersão
são respectivamente de, 1,26; 0,59 e 1,32.

84
Embora os participantes apresentem valores elevados de motivação, os itens em que
a média de motivação é mais baixa são -“as outras pessoas ficariam furiosas comigo
se eu não fizesse” e “as outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não
fizesse” e é mais elevada nos itens “é entusiasmante manter a minha glicémia dentro
dos valores recomendados” e “acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde”
(tabela 7).

Nos aspetos relacionados com a manutenção de hábitos de vida salutares, avaliados


pelos itens 3, 13, 16 e 18, os participantes apresentam elevados níveis médios de
motivação.

Considero importante salientar que os itens de resposta com dispersão mais elevada
são os itens 1, 8 e 9, com valores de dispersão de 1,96; 2,09 e 1,93 respetivamente,
que são respeitantes à motivação extrínseca e que avaliam a indignação das outras
pessoas, caso o participante não controle a diabetes.

Tabela 7 – Resultados da Escala de Motivação para o Tratamento (EMT)

Itens da Motivação para o Tratamento M DP Xmin Xmáx


Eu faço o meu tratamento para a diabetes e/ou controlo a minha glicémia porque…
1 - As outras pessoas ficariam furiosas
2,97 1,96 1 7
comigo se eu não fizesse
2 - Fazê-lo é, para mim, um desafio pessoal 5,57 1,30 1 7
3 - Acredito que ao fazê-lo vou melhorar a
6,68 0,85 1 7
minha saúde
4 - Sentir-me-ia culpado se não fizesse o
6,37 1,31 1 7
que o médico me disse
5 - Quero que o médico pense que sou um
5,96 1,81 1 7
bom doente
6 - Sentir-me-ia mal comigo mesmo se não o
6,14 0,87 2 7
fizesse
7 - É entusiasmante manter a minha
6,81 0,55 4 7
glicemia dentro dos valores recomendados
8 - Não quero que as outras pessoas se
3,97 2,09 1 7
decepcionem comigo
A razão pela qual sigo a minha diabetes e faço, regularmente, exercício físico, é
porque…
9 - As outras pessoas ficariam aborrecidas
2,95 1,93 1 7
comigo se eu não fizesse
10 - Acredito que é importante para me 6,55 0,66 5 7

85
manter saudável
11 - Sentiria vergonha de mim mesmo se
5,46 1,54 1 7
não o fizesse
12 - É-me mais fácil fazê-lo do que ficar a
5,88 1,29 1 7
pensar nisso
13 - Pensei seriamente no assunto e
6,45 0,72 4 7
acredito que é a melhor coisa a fazer
14 - Quero que os outros vejam que sou
4,35 2,10 1 7
capaz de o fazer
15 - O médico disse-me para o fazer 6,54 1,23 1 7
16 - Sinto que são as melhores coisas que
6,43 0,73 3 7
posso fazer por mim
17 - Sentir-me-ia culpado se não o fizesse 5,93 1,22 1 7
18 - São as melhores escolhas que eu
6,47 0,72 4 7
posso tomar
19 - Se tratar de um desafio aprender a viver
5,92 1,10 1 7
com o a minha diabetes
Motivação para o tratamento total 5,65 1,26 3,21 7
Motivação intrínseca 6,20 0,59 3,85 7
Motivação extrínseca 4,46 1,32 1,17 7

4.5. ESTATISTICA INFERENCIAL

Neste subcapítulo apresento os resultados dos testes estatísticos que realizei, por
forma a dar resposta às questões de investigação. Como referi anteriormente, o nível
de significância utilizado é de 0,05.

H1 – Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os conhecimentos


sobre a diabetes em pessoas com DM2 e a motivação (intrínseca e extrínseca) para o
tratamento;

Para analisar a correlação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes e a


motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento em pessoas com DM2, procedi
ao cálculo do coeficiente de correlação de Spearman (rs) e respetivo teste de
significância.

86
Da análise da tabela 8 constato que existe uma correlação muito fraca e positiva entre
os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação intrínseca, não sendo esta
correlação estatisticamente significativa (p> 0,05). Por sua vez, existe uma correlação
fraca, negativa e altamente significativa (p< 0,001) entre os conhecimentos sobre a
diabetes e a motivação extrínseca para o tratamento, o que significa que, quanto maior
é a motivação extrínseca para o tratamento, menores são os conhecimentos sobre a
diabetes destes participantes.

Tabela 8 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente


aos conhecimentos sobre a diabetes e motivação (intrínseca e extrínseca) para o
tratamento (n= 127)

Motivação Motivação
intrínseca extrínseca
rs 0,166 - 0,323
Conhecimentos
p 0,063 0,000

H2 – A idade, o sexo e as habilitações literárias em pessoas com DM2 influenciam os


conhecimentos sobre a diabetes;

Com a formulação desta hipótese estatística pretendo conhecer qual a relação


existente entre a idade, o sexo, as habilitações literárias e os conhecimentos dos
participantes sobre a diabetes.

Para analisar a relação existente entre a idade e os conhecimentos sobre a diabetes


em pessoas com DM2, calculei o coeficiente de correlação de Spearman (rs) e
respetivo teste de significância. A análise da tabela 9 permite constatar que existe uma
correlação fraca, negativa e estatisticamente significativa (p< 0,05), o que indica que,
quanto maior é a idade dos participantes, menores são os seus conhecimentos sobre
a diabetes.

87
Tabela 9 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente à
idade e aos conhecimentos sobre a diabetes (n= 127)

Idade
rs -0,216
Conhecimentos
p 0,015

No sentido de testar se o sexo dos participantes influencia os seus conhecimentos


sobre a diabetes em pessoas com DM2, procedi à realização do teste U Mann-
Whitney (Z). Os resultados (tabela 10) mostram que o posto médio de conhecimentos
nos homens é de 63,41 e nas mulheres é de 64,46, o que permite observar que o nível
de conhecimentos é semelhante nos homens e nas mulheres. As diferenças
encontradas entre os grupos não se revelam estatisticamente significativas (p> 0,05).

Tabela 10 - Resultado da aplicação do teste U Mann-Whitney relativamente ao


sexo e aos conhecimentos sobre a diabetes (n= 127)

Posto médio Z p
Homens 63,41
- 0,161 0,872
Mulheres 64,46

Por forma a verificar qual a relação existente entre as habilitações literárias e os


conhecimentos sobre a diabetes em pessoas com DM2, realizei o teste Kruskal-Wallis
(H). Os resultados apresentados na tabela 11 permitem constatar que são os
participantes que frequentaram o 3º ciclo que apresentam melhores conhecimentos
sobre a diabetes, seguindo-se os que frequentaram o ensino secundário e superior,
respetivamente. Os participantes com menores conhecimentos sobre a patologia são
os que frequentaram o 2º ciclo. Contudo, os resultados mostram que não existem
diferenças estatisticamente significativas (p> 0,05) nos conhecimentos dos
participantes sobre a patologia em função das suas habilitações literárias.

Tabela 11 - Resultado da aplicação do teste de Kruskal-Wallis relativamente às


habilitações literárias e aos conhecimentos sobre a diabetes (n= 127)

Posto médio H p
≤ 1º Ciclo 61,65 4,096 0,393

88
2º Ciclo 54,50
3º Ciclo 80,92
Secundário 70,40
Superior 69,28

H3 – A idade, o sexo e habilitações literárias) em pessoas com DM2 influenciam a sua


motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento.

A formulação desta hipótese estatística visa compreender qual a relação existente


entre as características sociodemográficas idade, sexo e habilitações literárias e a
motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento dos participantes.

No sentido de analisar a relação existente entre a idade e a motivação (intrínseca e


extrínseca) para o tratamento em pessoas com DM2, calculei o coeficiente de
correlação de Spearman (rs) e respetivo teste de significância.

Os resultados explanados na tabela 12 mostram que o coeficiente de correlação entre


a idade e a motivação intrínseca para o tratamento destes participantes é próximo de
zero e estatisticamente não significativo (p>0,05). Relativamente à relação entre a
idade e a motivação extrínseca, existe uma relação fraca, positiva e estatisticamente
significativa (p< 0,05), o que significa que quanto maior a idade dos indivíduos, maior a
sua motivação extrínseca para o tratamento.

Tabela 12 - Resultados da aplicação do coeficiente de Spearman relativamente à


idade e à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento (n= 127)

Motivação Motivação
intrínseca extrínseca
rs 0,038 0,238
Idade
p 0,669 0,007

Por forma a testar se o sexo dos participantes influencia a sua motivação intrínseca e
extrínseca para o tratamento em pessoas com DM2, procedi à realização do teste U
Mann-Whitney (Z). Os resultados (tabela 13) mostram que os postos médios de

89
motivação intrínseca e extrínseca são ligeiramente superiores nas mulheres, no
entanto, em ambos os casos, essas diferenças encontradas entre os grupos não se
revelaram estatisticamente significativas (p> 0,05), o que permite concluir que não
existe relação entre o sexo e a motivação intrínseca ou extrínseca para o tratamento.

Tabela 13 - Resultado da aplicação do teste U Mann-Whitney relativamente ao


sexo e à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento (n= 127)

Homens Mulheres
Posto médio 62,62 65,09
Motivação intrínseca Z - 0,337
p 0,706
Posto médio 61,06 66,32
Motivação extrínseca Z - 0,800
p 0, 872

A análise da tabela 14, a qual se refere à relação existente entre a escolaridade dos
participantes com a sua motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento permite
constatar que são os participantes com escolaridade ≤ 3º ciclo que apresentam maior
motivação intrínseca e os participantes com escolaridade ≤ 1º ciclo são os que
apresentam maior motivação extrínseca. Contudo, o teste Kruskal-Wallis (H) permite
observar valores de p> 0,05 em ambos os casos, o que permite afirmar que a
escolaridade dos participantes não influencia a motivação intrínseca ou extrínseca
para o tratamento.

Tabela 14 - Resultado da aplicação do teste de Kruskal-Wallis relativamente às


habilitações literárias e à motivação intrínseca e extrínseca para o tratamento
(n= 127)

Motivação intrínseca Motivação extrínseca


Posto médio H p Posto médio H p
≤ 1º Ciclo 66,38 70,51
2º Ciclo 60,8 40,50
3º Ciclo 67,54 3,371 0,498 42,96 11,607 0,393
Secundário 47,80 50,30
Superior 47,56 59,67

90
5. DISCUSSÃO

Após a apresentação dos resultados, passo à apreciação crítica e discussão dos


mesmos. Por questões de organização inicio a discussão com a caracterização
sociodemográfica e clínica desta amostra de diabéticos, de seguida procedo à análise
crítica dos resultados obtidos nas escalas utilizadas: Autocuidado com a Diabetes
(SDSCA), Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24) e Escala de
Motivação para o Tratamento (EMT) e termino com a discussão das hipóteses.

No que respeita à caracterização sociodemográfica, dos 127 participantes deste


estudo, a maioria tem uma idade inferior ou igual a 65 anos, sendo que a média é de
63,6 anos (DP = 11,38). Estes dados revelam a existência de uma amostra de
indivíduos adultos a entrar no dealbar da velhice. Esta característica da amostra
retrata o mencionado pela SPEDM (2011) quando refere que a incidência e a
prevalência da DM2 aumentam com a idade e com a SPD (2013) que menciona que o
diagnóstico desta patologia é feito geralmente após os 40 anos de idade, embora
ressalte que o surgimento desta pode ocorrer mais cedo, sobretudo quando associada
à obesidade e que são cada vez mais as crianças que desenvolvem este tipo de
diabetes.

A amostra é relativamente homogénea no que se refere ao sexo, embora a


percentagem de participantes do sexo feminino (55,9%) seja ligeiramente superior.
Esta realidade vai no sentido contrário ao indicado pela International Diabetes
Federationa (2013) e SPEDM (2011) que apontam para uma prevalência de diabetes
superior nos homens a nível nacional e internacional.

Relativamente ao estado civil, a maioria dos participantes é casado (73,2%) e reside


com o cônjuge (51,2%). Em relação à atividade profissional/ocupação, a maioria está
reformada (63,8%), o que é expectável face à média de idades da amostra.

No que respeita às habilitações literárias, a maioria dos participantes frequentaram o


1º ciclo de escolaridade (71,7%) e apenas 7,1% frequentaram o ensino superior. Estes
resultados vão ao encontro dos dados do Instituto Nacional de Estatística em que, à
data dos censos 2011, a maioria da população residente em Portugal frequentou o 1º
ciclo e apenas sensivelmente 10% frequentaram o ensino superior.

91
Relativamente à caracterização clínica da amostra, a média de tempo de diagnóstico
da diabetes situa-se nos 15,2 anos (DP= 8,7), sendo que o tempo mínimo de
diagnóstico da diabetes é de 2 anos e o máximo é de 40 anos.

No que concerne ao tipo de tratamento farmacológico instituído para controlar a


diabetes, a maioria dos participantes tem um RT misto com ADO e insulina (66,9%),
22,8% utilizam ADO e os restantes 10,2% são tratados exclusivamente com insulina.
Estes resultados são semelhantes aos do estudo de Gomes (2011) realizado em meio
hospitalar. No entanto, eles são divergentes dos de estudos realizados em cuidados
de saúde primários como o de Bastos (2004), Correia (2007) e Simões (2012), em que
a maioria dos participantes era tratada exclusivamente com ADO. Analisando os
dados do estudo que desenvolvi e os referenciados pelos autores supracitados,
considero que seria importante compreender estas diferenças pois, como refere o
Ministério da Saúde (2011), em Portugal tem-se registado um aumento dos ADO mas
este aumento não é tão significativo relativamente à utilização de insulina que continua
aquém do internacionalmente verificado. Salienta ainda o Ministério da Saúde (2011,
p.6) que as recomendações vão no sentido de que a introdução da insulina deve
acontecer antes do “declínio total da secreção de insulina pela célula beta”. A este
respeito Simões (2012) salienta que à medida que esta patologia vai progredindo e
evoluindo, o tratamento deixa de passar apenas pela dieta e exercício físico e é
inevitável acrescentar os ADO e, mais tarde, se necessário, adicionar a insulinoterapia
com ou sem os ADO.

Uma percentagem elevada dos participantes (72%) afirma ter ou já ter tido
complicações. Das complicações agudas sobressai a hipoglicémia (35,4%). Na DM2, a
hipoglicémia pode ocorrer no tratamento com ADO, no entanto, é mais comum quando
o diabético se encontra a ser tratado com insulina ou terapêutica mista (SPEDM,
2011). Esta é também uma das mais temidas complicações pelo facto de poder
originar perda progressiva das funções neurológicas (ADA, 2014), desta forma, torna-
se imperativo educar e ensinar o diabético para a prevenção e tratamento desta
complicação. Devo ainda destacar que 56 participantes (44,1%) mencionam a
presença de hiperglicémia o que, na minha opinião, pode dever-se a uma
subvalorização da importância atribuída pelos diabéticos à hiperglicémia assim como
às suas consequências tardias.

No que diz respeito às complicações crónicas ou tardias, 24 participantes referem ter


HTA, 38 apresentam retinopatia diabética, 4 mencionam a existência de cataratas, 5
nefropatia, 8 neuropatia e 9 pé diabético. É ainda importante acrescentar que 16
participantes já tiveram pelo menos um AVC e 3 referiram já ter tido pelo menos um

92
episódio de EAM. Este dado é importante pois como aponta SPEDM (2011), a
prevalência da HTA no diabético é superior à da população em geral e afeta 20 a 60%
dos diabéticos e esta contribui para o agravamento de eventos cardiovasculares
(doença coronária, doença cerebrovascular e doença arterial periférica) e aumenta o
risco de desenvolvimento complicações microvasculares, particularmente a nefropatia
e a retinopatia.

A retinopatia diabética é a principal causa de diminuição grave da acuidade visual e


cegueira na população em idade ativa (Gomes, 2011). A sua prevalência está
fortemente relacionada com a duração da diabetes. O glaucoma, cataratas e outros
distúrbios da visão ocorrem mais cedo nos indivíduos com diabetes (ADA, 2014).

A nefropatia diabética ocorre em 20 a 40% dos diabéticos e é a causa mais comum de


insuficiência renal crónica terminal, sendo responsável por cerca de 40% de novos
doentes a necessitar de hemodiálise (Longo et al., 2011).

Cerca de metade dos diabéticos desenvolvem neuropatia e, face à magnitude destes


números, é fácil compreender a importância de um diagnóstico precoce e tratamento
atempado, no entanto, é importante ter em conta que 50% destes doentes são
assintomáticos, pelo que se torna importante realizar um exame físico cuidadoso e
regular (SPEDM, 2011).

No que diz respeito ao pé diabético, as amputações e as úlceras nos pés são


consequência da neuropatia diabética e/ou doença arterial periférica e o seu
reconhecimento precoce e gestão dos fatores de risco podem prevenir ou atrasar
resultados adversos (ADA, 2014). Em Portugal, o número de internamentos por pé
diabético têm-se mantido relativamente estável ao longo dos últimos quatro anos e as
amputações dos membros inferiores (major e minor) devido à diabetes tem registado
uma trajetória de redução, no entanto, em 2012, registou-se um ligeiro aumento de
amputações major, contrariando a tendência registada na última década (SPD, 2013).

Considero importante ressaltar o facto de nenhum dos participantes ter mencionado a


disfunção sexual, enquanto complicação decorrente da diabetes, o que pode ficar a
dever-se ao facto de existir ainda alguma relutância/vergonha por parte do diabético
em abordar abertamente esse assunto com os profissionais de saúde. A SPEDM
(2011) menciona que embora a disfunção sexual seja muito prevalente nos diabéticos,
é provavelmente a complicação mais negligenciada e acrescenta que não se deve
assumir que, apesar de o diabético não mencionar espontaneamente esta
complicação, não quer dizer que ela não exista. Esta resposta à doença tem de
constituir um foco de atenção dos enfermeiros para que se possa diagnosticar

93
precocemente e intervir de modo a minimizar o surgimento de complicações tardias e
promover o bem-estar da pessoa.

Medir a ART é um processo complexo, sobretudo na DM, em que o diabético tem de


incluir no seu dia-a-dia diversos autocuidados, nomeadamente seguir uma dieta
adequada, realizar exercício físico regularmente, tomar a medicação (ADO e/ou
insulina), realizar a autovigilância da glicémia capilar, ter cuidados com os pés, … A
escala utilizada para medir a ART tem a vantagem de estar traduzida e validada para
a população portuguesa e avalia os principais componentes do autocuidado na
diabetes, explicando cerca de 70% do fenómeno da adesão (Bastos, Severo e Lopes,
2007). Esta escala permite medir a adesão total, assim como das diferentes
dimensões do autocuidado (alimentação geral, alimentação específica, atividade física,
medicação, monitorização da glicémia, cuidados aos pés e hábitos tabágicos).

Relativamente à análise das diferentes dimensões do autocuidado que medem a ART,


tendo em conta os valores médios apurados em cada dimensão, os resultados indicam
que a dimensão “medicação” é a que tem melhor nível de adesão com 6,73 dias por
semana (DP= 0,84), seguindo-se a “monitorização da glicémia” que apresenta uma
média de adesão de 6,35 dias por semana (DP= 1,6). Em terceiro lugar, surge a
“alimentação” com uma média de adesão de 5,32 dias por semana (DP= 2,43),
sucedendo-se os “cuidados com os pés” com uma média de adesão de 4,54 dias por
semana (DP= 2,87). A “atividade física” é a dimensão com menor adesão (M= 2,10
dias por semana; DP= 2,68). Estes resultados são semelhantes aos obtidos nos
estudos de Bastos (2004), Correia (2007), Sousa, Peixoto e Martins (2008) e Boas et
al. (2011), o que pode dever-se ao facto de se tratar de um grupo populacional na
terceira idade e da população portuguesa não ter, de um modo global, uma cultura de
prática de atividade física.

No que respeita à dimensão “medicação”, tal como já tinha referido, é a dimensão do


autocuidado com maior adesão o que vai ao encontro dos estudos de Nascimento do
Ó e Loureiro (2007), Sousa, Peixoto e Martins (2008), Faria et al. (2013), Michels et al.
(2010) e Correia (2007). Este facto pode encontrar-se relacionado com a crença, por
parte dos participantes, que a medicação é mais importante do que a alimentação e o
exercício físico para o controlo da diabetes. Para além disso, o diabético pode
considerar mais fácil tomar a medicação prescrita do que integrar no seu dia-a-dia as
mudanças nos estilos de vida que esta patologia exige. Os profissionais de saúde têm
de considerar as crenças, complexidade do tratamento instituído, efeitos secundários,
… como fatores que podem influenciar em maior ou menor grau a adesão à toma de
terapêutica farmacológica (Correia, 2007; Pollack et al., 2010).

94
As dimensões “monitorização da glicémia”, “alimentação” e “cuidados com os pés” têm
níveis médios de adesão aceitáveis (oscilaram entre os 4,54 e os 6,35 dias por
semana) à semelhança do estudo de Bastos (2004), Correia (2007), Nascimento do Ó
e Loureiro (2007) e Simões (2012).

A HbA1c é uma referência importante do controlo metabólico da diabetes nos últimos


3 meses, no entanto, a monitorização da glicémia capilar ou autovigilância da glicémia
capilar adiciona e complementa a informação da HbA1c. Os indivíduos com DM2
devem avaliar a glicémia capilar diariamente, no entanto, este plano tem de ser
determinado individualmente tendo em conta fatores como o tratamento prescrito,
idade, escolaridade, suporte social disponível, capacidade de utilizar a informação
proporcionada pela autovigilância, de modo a poder modificar comportamentos ou
ajustar a medicação (SPEDM, 2011; ADA, 2014). Tendo em conta o que acabei de
referir, nesta investigação, tenho em conta este princípio, ou seja, ao avaliar a adesão
ao autocuidado “monitorização da glicémia”, tenho o cuidado de analisar o que é
proposto ao diabético pelos profissionais de saúde e aquilo que ele menciona cumprir.
Os diabéticos revelam, nesta dimensão do autocuidado, uma adesão média de 6,35
dias por semana, em que 84,25% dos participantes referem cumprir sempre as
recomendações feitas pelos profissionais de saúde. Considero importante destacar
que 4 participantes realizam a autovigilância mais dias por semana do que lhes tinha
sido recomendado e 3 participantes que foram aconselhados a vigiar a glicémia capilar
todos os dias, nunca o fazem. Apesar de estes dados me parecerem bastante
positivos, considero importante fazer uma pequena salvaguarda. A maioria dos
participantes (77,1%) nesta investigação afirma que o tratamento farmacológico que
estão a fazer para controlar a diabetes é a insulina ou terapêutica mista. Nestes
diabéticos, as recomendações feitas pelos profissionais de saúde e que vão ao
encontro do que é aconselhado pela SPEDM (2011) e pela ADA (2014), vão no
sentido de realizar a autovigilância da glicémia capilar mais do que uma vez ao dia.
Saliento que este instrumento não permite avaliar com precisão a adesão ao
autocuidado “monitorização da glicémia” nos diabéticos que foram aconselhados a
fazer essa avaliação mais do que uma vez ao dia. Provavelmente se tivesse sido feita
essa avaliação, a média de adesão revelaria valores mais baixos do que os obtidos.

A alimentação é um componente efetivo no plano de tratamento do diabético


(International Diabetes Federationb, 2013), neste sentido torna-se importante avaliar a
adesão dos participantes tanto na alimentação como um todo, como nos aspectos
específicos que integram o regime alimentar de um diabético e que são contemplados
no instrumento utilizado. A dimensão “alimentação” tem uma média de adesão de 5,32

95
dias por semana (DP= 2,43) que é semelhante à encontrada nos estudos de Bastos
(2004), Correia (2007) e Nascimento do Ó e Loureiro (2007) e bastante superior à dos
estudos de Michels et al. (2010) e de Simões (2012).

Os resultados desta investigação apontam que os participantes aderem 5,45 (DP =


1,70) dias por semana ao plano alimentar recomendado pelos profissionais de saúde e
aderem em média 5,24 (DP= 2,24) dias por semana a uma alimentação saudável.

O item relativo ao consumo de “cinco ou mais peças de fruta e/ou doses de vegetais” é
de todos os itens da alimentação aquele que tem a média de adesão mais baixa (1,7
dias por semana), em que apenas 10,2% dos participantes cumprem todos os dias
esta recomendação, 59,1% referem nunca o fazer. Tal como afirma Vieira (2009), o
consumo de legumes deve ser quase liberal e a sopa é uma excelente forma de os
comer. Além desta, os legumes também devem ser parte constituinte do prato em
quantidade generosa (crus ou cozinhados).

Relativamente ao consumo de carnes vermelhas, os participantes revelam uma


adesão média de 4,61 dias por semana, valor semelhante aos dos estudos de Bastos
(2004) e Correia (2007). É importante salientar que apenas 2 participantes referem
comer carnes vermelhas todos os dias. O consumo de carnes vermelhas deve ser
reduzido uma vez que estes são alimentos ricos em gordura e o consumo elevado
eleva o colesterol, a insulinorresistência e o risco de doença cardiovascular (Vieira,
2009).

No que respeita ao consumo de pão às refeições, a média de adesão ao


comportamento de não comer pão a acompanhar as principais refeições é de 4,98
dias por semana, sendo este resultado superior aos dos estudos de Bastos (2004) e
de Correia (2007). Ainda assim, é importante ter em conta que, sobretudo nas
populações mais rurais, comer pão à refeição é um hábito que se encontra enraizado
na nossa cultura e que mudar este tipo de hábitos por vezes é difícil, mesmo quando o
diabético sabe que esse comportamento não é correto.

Os dois itens que avaliam o autocuidado do não consumo de mais de um copo de


bebida alcoólica às principais refeições e de não consumir bebidas alcoólicas fora das
mesmas tiveram uma média de adesão 6,61 e de 6,72 dias por semana,
respetivamente. Estes valores são semelhantes aos do estudo de Correia (2007), que
salienta o facto de o consumo de bebidas alcoólicas ser culturalmente bem aceite, no
entanto, alerta para os seus efeitos nocivos na pessoa com diabetes.

Os itens que avaliam o consumo de alimentos doces e se os participantes utilizam


açúcar para adoçar as bebidas têm uma adesão de 5,90 e 5,97 dias por semana,

96
respetivamente. Estes valores são semelhantes aos encontrados no estudo de Correia
(2007). O uso de alimentos doces ou com adição de açúcar são desaconselhados,
embora seja permitido o consumo de uma sobremesa em dias de festa (Vieira, 2009),
esta é uma forma do diabético não se sentir excluído desse ritual.

Os cuidados com os pés são um componente muito importante do autocuidado no


diabético por forma a prevenir complicações. Dos 4 itens que avaliam a adesão a este
autocuidado, aqueles em que a adesão é maior são os relacionados com a higiene
dos pés, nomeadamente lavar os pés e secar os espaços interdigitais, com médias de
adesão de 6,76 e 5,89 dias por semana, respetivamente, o que demonstra uma
preocupação dos participantes com a correta higienização dos pés. Quando foram
questionados se costumam observar diariamente os pés, apenas 22,8% dos
participantes mencionam observar os pés todos os dias e 18,9% afirmam nunca ter
esse cuidado. Estes resultados demonstram que não é um hábito observar os pés
todos os dias, no entanto, este cuidado permite detetar atempadamente pequenas
alterações que se poderão tornar problemáticas, nomeadamente prevenir a ulceração
e detetar infeções. Esta observação/inspeção deve ser realizada diariamente de forma
cuidada pelo diabético e/ou cuidador. A díade deve estar particularmente atento à
presença de cortes, deformações, zonas de pressão, edemas, bolhas ou sinais de
algum tipo de traumatismo (Couto e Camarneiro, 2004). O item em que a adesão é
menor (1,84 dias por semana) é o que avalia se os participantes observam o interior
dos sapatos antes de os calçar, sendo de destacar que 53,5% dos participantes
mencionam nunca o fazer. Apesar de esta percentagem ser bastante elevada, ainda
assim é inferior à do estudo de Bastos (2004), em que 82,5% dos participantes não
tinham o cuidado de inspecionar os sapatos antes de os calçar, o que pode indicar
uma evolução positiva no reconhecimento da importância deste cuidado diário com os
pés. Vieira (2009) salienta a importância de o diabético realizar uma inspeção cuidada
do calçado, estando particularmente atento à presença de objetos estranhos, pontas
de pregos, rugas ou outras saliências. Correia (2007) destaca que apesar de os
diabéticos possuírem conhecimentos razoáveis sobre os cuidados a ter com os pés e
quais as medidas preventivas a adotar, na prática, muitas vezes, esses conhecimentos
são descurados.

O exercício físico é o autocuidado ao qual os participantes aderem menos (2,10 dias


por semana), em que a adesão média a atividades físicas contínuas durante pelo
menos 30 minutos (relacionadas por exemplo com atividades domésticas, …) é de
2,07 dias por semana e a adesão média à prática de exercício físico específico (nadar,
caminhar, andar de bicicleta, …) é de 2,13 dias por semana. De salientar que os

97
resultados apontam que cerca de 55% dos participantes não realiza nenhum tipo de
atividade física e julgo que isso merece algumas considerações. Esta amostra de
diabéticos tem uma média de idades de 63,6 anos e a faixa etária predominante situa-
se entre os 66 e os 75 anos. Talvez a idade, juntamente com outras doenças
concomitantes, limitações ou problemas físicos, podem ser fatores condicionantes da
prática de exercício físico. Os profissionais de saúde devem ser capazes de
sensibilizar e motivar o diabético a realizar exercício físico individualizado e adaptado
às capacidades e gostos pessoais de cada indivíduo. O exercício pode ir desde
caminhadas, futebol, natação, passeios de bicicleta, até movimentos simples para
quem tem maiores dificuldades. A ADA (2014) menciona que o diabético adulto deve
realizar pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbia por semana, distribuídos
em pelo menos 3 vezes por semana.

Ao longo da investigação adquiri uma melhor compreensão dos aspectos deficitários


na ART nos diabéticos tipo 2. A baixa adesão é um problema complexo,
especialmente nas pessoas com doença crónica, pelas consequências que acarreta.
Neste sentido, Vermeire et al. (2007) realizaram um estudo em 7 países europeus de
forma a compreender quais são os obstáculos à adesão nos diabéticos tipo 2. Os
resultados mostraram que os obstáculos à ART nesta patologia não parecem estar
relacionados tanto com os sistemas de saúde mas sim com fatores como: a relação
com os profissionais de saúde; o curso da diabetes, ou seja, a progressão desta
doença é difícil de avaliar, especialmente se for assintomática, o que leva a que o
diabético não dê a devida importância ao risco de desenvolvimento de complicações; a
informação, isto é, os diabéticos afirmaram que lhes foi transmitida muita informação,
no entanto, nem toda foi compreendida ou ficou memorizada e, por vezes, foi facultada
em momentos desadequados; a pessoa e o contexto, ou seja, ter de adaptar todos os
aspetos da vida para incluir a diabetes é difícil e nesse sentido os eventos sociais, a
influência da família e o próprio contexto laboral são momentos complexos em o
diabético tem de gerir uma série de emoções e sentimentos; a consciência corporal,
ou seja, à medida que o diabético aprende como é que o seu corpo reage aos
diferentes alimentos, atividades e medicação, começa a desenvolver formas de gerir a
sua patologia.

Ter consciência do nível de (des)conhecimentos que esta amostra de diabéticos


apresenta sobre esta patologia é fundamental pois permitirá traçar estratégias de
intervenção/educação, com enfoque naquilo que são as lacunas existentes em termos
de conhecimento. O instrumento utilizado para avaliar os conhecimentos dos
participantes sobre a diabetes tem, tal como o anterior, a vantagem de estar traduzido

98
e validado para a população portuguesa e contempla conteúdos habitualmente
transmitidos pelos profissionais de saúde.

Neste estudo os participantes obtiveram uma percentagem de 77,0% de questões em


que responderam de forma correta. Estes resultados são bastante positivos em
relação aos obtidos no estudo de Bastos (2004) e ligeiramente inferiores aos do
estudo de Gomes (2011). À semelhança do que Bastos (2004) e Gomes (2011)
fizeram nos seus estudos, considerei as repostas corretas como conhecimentos
adequados sobre a diabetes e as incorretas e incertas como desconhecimentos sobre
a diabetes.

Considero positivo o facto de em metade das questões, a percentagem de respostas


corretas ser superior a 80%, o que evidência que esta amostra possui na globalidade
conhecimentos sobre a diabetes.

A questão com maior percentagem de respostas corretas é “os diabéticos devem ter
cuidados especiais, quando cortam as unhas dos dedos dos pés”, em que 97,6% dos
participantes acertaram e aquela cuja proporção de respostas corretas é menor é
“comer muito açúcar e alimentos doces é uma causa da diabetes”, em que apenas
6,3% dos participantes acertaram.

Para 22,8% dos participantes, “a melhor maneira de avaliar a sua diabetes é fazendo
testes à urina”, o que talvez possa ser explicado pelo facto de, sobretudo para os
diabéticos mais idosos, antes de surgirem os testes da glicémia capilar, a
autovigilância era feita com as tiras-teste de glicosúria e cetonúria.

Nas questões “a causa comum da Diabetes é a falta ou resistência à insulina no


corpo” e “os rins produzem insulina”, os participantes obtiveram, respetivamente,
26,7% e 35,5% de desconhecimentos, o que evidencia a existência de lacunas ao
nível do conhecimento do papel da insulina endógena. As lacunas de conhecimento
reveladas a este nível talvez se possam explicar pelo facto de o mesmo implicar a
mobilização de conhecimentos de anatomia e fisiologia que podem ser complexos e
de difícil apreensão para uma amostra de indivíduos com um baixo nível de
escolaridade.

No que diz respeito ao controlo desta patologia, 40,2% dos participantes desconhecem
se “o exercício regular aumenta a necessidade de insulina ou outro medicamento para
a diabetes”. Para 44,1% dos participantes, “uma dieta para diabéticos consiste,
essencialmente, em comidas especiais”, o que denota que ainda existe o falso
conceito que a alimentação do diabético tem de ser especial quando, na verdade, esta
apenas se baseia nos princípios de uma alimentação saudável que a população em

99
geral deveria seguir. Considero importante realçar que 22,6% dos participantes
desconhecem se a medicação é mais importante do que a dieta e o exercício físico no
controlo da diabetes. Estes três itens revelam a existência de algumas lacunas de
conhecimento no que respeita ao controlo da doença.

Destaco, pela negativa, o facto de 37% dos participantes desconhecerem os sinais e


sintomas da hipoglicémia, algo que considero preocupante tendo em conta que a
maioria dos participantes (77,1%) utiliza insulina diariamente (com ou sem ADO) e que
45 participantes já mencionaram ter tido pelo menos um episódio de hipoglicémia.
Sendo esta uma das complicações mais perigosas e temidas da diabetes por causar
danos neurológicos irreversíveis e levar facilmente ao coma, o diabético deveria ter
conhecimentos que lhe permitissem evitar ou detetar precocemente um episódio de
hipoglicémia, assim como atuar em consonância.

À exceção das questões “meias-elásticas, ou meias apertadas não são prejudiciais


para os diabéticos” e “uma pessoa com diabetes deve limpar uma ferida com solução
iodada e álcool”, cuja percentagem de resposta certas é de 55,9% e 51,9%,
respetivamente, em todos os outros itens referentes às consequências da doença a
percentagem de respostas corretas foi superior a 80%. Esta proporção de respostas
corretas denota que os participantes possuem bons conhecimentos no respeita às
consequências crónicas da diabetes, o que vai ao encontro dos resultados obtidos nos
estudos de Bastos (2004) e Gomes (2011). Perfilho da ideia de Bastos (2004), quando
refere que embora os participantes possuam conhecimentos sobre a gravidade das
consequências, no entanto, são poucos os que fazem a interligação entre as suas
doenças e a diabetes.

Os dados apresentados demonstram a existência de um nível razoável de


conhecimentos dos participantes em relação aos principais aspetos relacionados com
a diabetes. Devo destacar que no estudo de Fenwick et al. (2013), baixos
conhecimentos acerca da DM encontravam-se associados a níveis mais elevados de
HgA1c. Na investigação desenvolvida por Sweileh et al. (2014), os participantes com
níveis mais elevados de conhecimento sobre esta patologia estavam menos
propensos a ser não aderentes, o que está em consonância com os resultados obtidos
por Sousa e McIntyre (2008) em que os conhecimentos foram preditores de vários
componentes da adesão. Por outro lado, no estudo de Smalls et al. (2012), não existiu
relação entre os conhecimentos dos participantes acerca da diabetes e a adesão à
medicação.

100
Apesar destes resultados por vezes contraditórios, o diabético deve ter um elevado
nível de conhecimentos acerca desta patologia, pois apenas desta forma será capaz
de adaptar-se e gerir de forma adequada todos os aspetos relacionados com o
autocuidado, com a doença e com o RT. Estes conhecimentos devem ser transmitidos
de forma fracionada, em linguagem compreensível e em tempo oportuno. Este
processo de capacitação deve alargar-se à família, cuidador e/ou pessoas
significativas. Cada diabético tem diferentes estilos de aprendizagem e a educação e
instruções devem estar disponíveis em vários formatos por forma a ajudar na
compreensão da doença e dos autocuidados a ela inerentes (Stiffler, Cullen & Luna,
2014).

Estudar a motivação no domínio da diabetes, utilizando um instrumento que tem por


base uma teoria considerada como a mais usada e contemporânea abordagem teórica
que tem vindo a ser amplamente utilizada nos últimos anos no domínio da saúde,
permite caracterizar com maior profundidade e detalhe a motivação desta amostra
para o tratamento da diabetes.

De uma forma geral, os participantes apresentam níveis elevados de motivação para o


tratamento – 5,65 (considerando os limites de resposta 1 a 7), sendo este valor
ligeiramente superior ao do estudo de Apóstolo et al. (2007). Isto significa que existe
por parte dos participantes um grau de motivação elevado no que respeita à
manutenção e melhoria do seu estado de saúde, o que pode explicar a adoção de
comportamentos saudáveis relativamente aos diversos autocuidados inerentes à
diabetes.

Os valores médios para a motivação intrínseca são superiores aos da motivação


extrínseca, 6,20 e 4,46, respetivamente, à semelhança dos estudos de Apóstolo et al.
(2007) e de Santos et al. (2012). Elevados níveis de motivação intrínseca são um bom
preditor para a manutenção de comportamentos adequados. Os sujeitos que regulam
intrinsecamente a sua motivação, evidenciam maior esforço, empenho, prazer e
persistência nas atividades que realizam (Deci e Ryan, 2008).

É importante referir que tanto a motivação intrínseca como a extrínseca são


importantes para que o diabético mantenha a sua patologia controlada, todavia, os
resultados evidenciam que os participantes parecem agir mais em conformidade com
o que acreditam ser o melhor que podem fazer pela sua saúde e comportam-se menos
de acordo com aquilo que os outros esperam deles (motivação extrínseca).

Devo destacar que a comprovar o que referi no parágrafo anterior, os 2 itens com
níveis de motivação mais baixos são “as outras pessoas ficariam furiosas comigo se

101
eu não fizesse” e “as outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não o fizesse”,
que são itens que dizem respeito à motivação extrínseca e que avaliam o que os
outros esperam do diabético, caso este não controle a diabetes. Por outro lado, a
motivação foi mais elevada nos itens “é entusiasmante manter a minha glicémia dentro
dos valores recomendados” e “acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde”,
sendo que estes avaliam a motivação intrínseca e evidenciam que os principais fatores
motivadores para estes participantes são ter a perceção que se adotarem os
comportamentos saudáveis recomendados pelos profissionais de saúde, irão melhorar
o seu estado de saúde e, para além disso, parece ser extremamente motivador para
estes participantes quando apresentam glicémias dentro dos valores recomendados,
provavelmente porque se sentem melhor e veem os benefícios do seus esforços
atribuindo assim importância à realização dos autocuidados inerentes à diabetes pois
compreendem a sua eficácia na melhoria do estado de saúde. É-lhes possível “ver”
esse resultado quando realizam a autovigilância.

Atualmente os sistemas de saúde continuam a deparar-se com diversos casos de


abandono ou cumprimento incorreto dos regimes terapêuticos por parte das pessoas
com diabetes ou outras doenças crónicas, provavelmente a ausência de motivação
estará entre as causas da não adesão ao RT e entre as principais causas do
insucesso no controlo desta patologia, que conduz ao aumento da morbilidade,
mortalidade e disfunções nos serviços de saúde (Apóstolo et al., 2007). Tendo por
base este conhecimento, importa levar a cabo intervenções que potenciem a
motivação dos diabéticos e, simultaneamente, a sua ART. Neste sentido, Gavgani,
Poursharifi e Aliasgarzadeh (2010) e Osborn e Egede (2010) levaram a cabo dois
estudos distintos em que os resultados evidenciam que estar motivado aumentava a
adesão a alguns dos seus componentes. No estudo de Ruback et al. (2011), os
participantes tiveram um ano de tratamento intensivo no âmbito da diabetes e
obtiveram como principais resultados uma melhoria significativa da HbA1c, da tensão
arterial, do perfil lipídico e a adesão à medicação encontrava-se nos 100%.

De seguida analiso os resultados obtidos nos testes de hipóteses e a primeira hipótese


prevê analisar a relação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes em
pessoas com DM2 e a sua motivação (intrínseca e extrínseca) para o tratamento. Já
referi anteriormente que tanto os conhecimentos sobre a diabetes como a motivação
para o tratamento parecem influenciar a ART, no entanto, a forma como estas 2
variáveis se relacionam é ainda pouco conhecida. Neste estudo, os conhecimentos
sobre a diabetes relacionam-se de forma muito fraca e positiva com a motivação
intrínseca para o tratamento, embora essa relação não seja estatisticamente

102
significativa. Isto pode ser explicado pelo facto de os diabéticos que possuem
melhores conhecimentos sobre a sua patologia, conhecem melhor os componentes do
RT e a forma como estes se relacionam, as consequências, como controlar a glicémia
capilar e os cuidados que têm de ter, podem sentir-se mais motivados intrinsecamente
no que respeita à saúde e estão prontos para fazer esforços para melhorar nos
aspetos relacionados com a diabetes. Por sua vez, os resultados mostram uma
relação fraca, negativa e altamente significativa entre os conhecimentos sobre a
diabetes e a motivação extrínseca para o tratamento, sendo que esta associação
permite perceber que são os participantes com mais conhecimentos sobre a diabetes
que se sentem menos motivados extrinsecamente para cumprir o tratamento
combinado com os profissionais de saúde.

A segunda hipótese traçada visa conhecer de que forma as características


sociodemográficas idade, sexo e habilitações literárias em pessoas com DM2
influenciam os seus conhecimentos sobre a diabetes.

Os resultados mostram a existência de uma relação, fraca, negativa e estatisticamente


significativa entre a idade e os conhecimentos sobre a diabetes, o que indica que,
quanto maior é a idade, menores são os seus conhecimentos dos participantes sobre
a diabetes. Estes achados são semelhantes aos encontrados no estudo de Bastos
(2004) e este facto talvez possa ser explicado pelo facto das pessoas mais idosas
terem maior dificuldade em assimilar e reter novas informações que lhes são
transmitidas.

Neste estudo o nível de conhecimentos é semelhante em ambos os sexos, apesar de


as diferenças existentes não serem estatisticamente significativas. No entanto, os
achados obtidos no estudo de Sousa e McIntyre (2008) indicam que os homens
possuem maiores conhecimentos sobre a diabetes que as mulheres e autoras
relacionaram que essa erudição poderia advir da maior média de escolarização
apresentada pelos homens.

No que respeita às habilitações literárias, os participantes que frequentaram o 3º ciclo,


ensino secundário e superior mostram possuir mais conhecimentos sobre a diabetes
do que os restantes participantes, ainda que essas diferenças não sejam
estatisticamente significativas. No estudo de Bastos (2004) verificou-se uma relação
estatisticamente significativa entre os conhecimentos sobre a diabetes e a
escolaridade dos participantes e no de Wint et al. (2006) as correlações entre os
conhecimentos e o nível educacional sugerem que os participantes com maior

103
escolaridade se encontram mais aptos para compreender a sua doença e que o seu
leque de conhecimentos se vai acumulando com o evoluir da sua patologia.

A bibliografia aponta para a importância de dar particular atenção aos diabéticos com
idade mais avançada e com menor escolaridade e que nesses casos o educador deve
envolver a família/pessoas significativas que lhe dão apoio. Diversos estudos mostram
que as intervenções educativas parecem melhorar a adesão ao RT, assim como a
HbA1c (Bastos, 2004; Wint et al., 2006; Sousa & McIntyre, 2008) e, para tal, os
profissionais de saúde devem possibilitar que o diabético, para além de obter
conhecimentos sobre a sua patologia, possa incorporá-los no seu dia-a-dia e
transformar a atitude destes face à doença.

A terceira hipótese traçada visa compreender qual a relação existente entre as


características sociodemográficas idade, sexo e habilitações literárias e a motivação
(intrínseca e extrínseca) para o tratamento dos participantes. A única relação
estatisticamente significativa existente entre estas variáveis é uma relação fraca e
positiva entre a idade e a motivação extrínseca, o que significa que quanto maior a
idade dos indivíduos, maior a sua motivação extrínseca para o tratamento. Embora
não tenha suporte bibliográfico que suporte estes resultados, neste estudo os
participantes com mais idade parecem comportar-se mais de acordo com aquilo que
os outros esperam deles, ou seja, de acordo com as suas motivações extrínsecas.

Embora a motivação para o tratamento esteja relacionada com a ART, tal como
apontam os estudos de Rubak et al. (2011), Osborn e Egede (2010), Gavgani,
Poursharifi e Aliasgarzadeh (2010), Reach (2011) e Santos et al. (2012), não foi
possível compreender de forma profunda e estatisticamente significativa de que forma
as características sociodemográficas estudadas se relacionam com a motivação
(intrínseca e extrínseca) para o tratamento.

A diabetes é considerada um grave problema de saúde pública, pelo que se torna


fundamental que todo o diabético e comunidade em geral seja informada, educada e
motivada para adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis. Neste sentido,
os achados anteriormente explorados acerca da ART, dos conhecimentos sobre a
diabetes, da motivação para o tratamento, assim como a relação existente entre as
variáveis estudadas participantes permitem compreender melhor os comportamentos
de adesão aos diversos componentes da ART, assim como os conhecimentos que
esta amostra apresenta sobre a diabetes e a sua motivação para o tratamento, sendo
que este pode um ponto de partida para melhorar e/ou adequar as intervenções
dirigidas a esta população e para estudos futuros em que se apliquem

104
intervenções/estratégias que facilitem a ART e, dessa forma, seja possível otimizar
indicadores biológicos, o efeito do RT e a qualidade de vida do diabético.

5.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A apresentação dos resultados assim como a sua discussão levaram-me a refletir


sobre as limitações do estudo.

A primeira prende-se com o facto de este estudo se limitar apenas a uma área
geográfica, pelo que não é correto generalizar os resultados.

Uma outra limitação consiste no facto de neste estudo a amostragem selecionada ter
sido não probabilística de conveniência, pelo que existe o risco de esta amostra não
ser representativa e, dessa forma, os resultados não podem ser generalizados.

Esta investigação apresenta limitação relativamente a uma questão de autorrelato,


mais especificamente, as respostas às questões relacionadas com as complicações
da diabetes foram obtidas apenas por autorreferência dos participantes sem se ter
confirmado no processo clinico dos mesmos se as mesmas são coincidentes com a
realidade. Esse facto pode ter de alguma forma enviesado os resultados obtidos pois
parece-me que existiu uma subvalorização das complicações o que pode ter ocorrido
por desvalorização ou mesmo desconhecimento. Parece-me interessante, em estudos
futuros fazer esta análise para comparar os resultados obtidos por autorrelato com
aqueles que estão efetivamente diagnosticados e constam no processo clínico do
doente.

Apesar destas limitações, o estudo apresenta, sob o ponto de vista metodológico,


aspetos que considero positivos, nomeadamente o facto de no instrumento de colheita
de dados serem utilizadas três escalas validadas e adaptadas para a população
portuguesa.

Julgo que seria interessante realizar futuros estudos com o objetivo de estudar o efeito
de intervenções que possam aumentar a ART, os conhecimentos sobre a diabetes
e/ou a motivação para o tratamento. Penso que seria importante estudar esta
população ao longo da trajetória de doença, ainda realizar estudos comparativos entre
diabéticos seguidos em contextos de cuidados diferenciados e primários, dadas as
divergências que encontrei ao nível do RT, as quais podem traduzir um(a) melhor/pior
literacia em saúde por parte dos diabéticos.
105
106
CONCLUSÃO

O presente estudo tem como objetivos medir o autocuidado com a diabetes, avaliar os
conhecimentos sobre a diabetes e avaliar a motivação para o tratamento avaliar a
relação existente entre os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação (intrínseca e
extrínseca) para o tratamento, avaliar a relação existente entre as características
sociodemográficas idade, sexo, habilitações literárias e os conhecimentos sobre a
diabetes e avaliar a relação existente entre as características sociodemográficas
idade, sexo, habilitações literárias e a motivação para o tratamento em pessoas com
DM2 e, face aos resultados apresentados, considero que os objetivos delineados
foram atingidos.

Os 127 participantes que constituíram esta amostra têm uma média de idade de 63,6
anos, a maioria são do sexo feminino (55,9%), reformados (63,8%), casados (73,2%) e
residem com o respetivo cônjuge (51,2%). Em termos de escolaridade, a maioria
frequentou o 1º ciclo de escolaridade (59,8%).

A média de tempo de diagnóstico da diabetes situa-se nos 15,2 anos e, no que


respeita ao tratamento farmacológico instituído, 66,9% dos participantes encontram-se
sob terapêutica mista (insulina e ADO), 22,8% utilizam ADO e 10,2% são tratados
exclusivamente com insulina.

A maioria dos participantes (72%) refere ter ou já ter tido complicações derivadas da
diabetes. No que respeita às complicações agudas destaco que 35,4% mencionam a
ocorrência de pelo menos um episódio de hipoglicémia. As complicações crónicas
referidas pelos participantes são: HTA (18,9%), retinopatia diabética (29,9%),
nefropatia (3,9%), neuropatia (6,3%), pé diabético (7,1%), 12,6% dos participantes
mencionam já ter tido pelo menos um AVC, 2,4% referem pelo menos um episódio de
EAM e outras situações (3,1%).

No que respeita à ART, existem diferenças significativas nas diferentes dimensões do


autocuidado, sendo que as dimensões às quais os participantes aderem mais são a
medicação (M= 6,73 dias por semana), a monitorização da glicémia capilar (M= 6,35
dias por semana) e a alimentação (M= 5,32 dias por semana). Por sua vez, as
dimensões às quais os participantes aderem menos são os cuidados com os pés (M=
4,54 dias por semana) e a prática de exercício físico (M= 2,10 dias por semana).

107
A ART é um tema bastante atual e o seu debate tem vindo a aumentar
exponencialmente, assim como os estudos desenvolvidos nesta área. Esta assume
um papel fundamental na sociedade pelo “peso” que a não adesão representa para
doentes, famílias e para o próprio sistema de saúde, uma vez que, a incidência e
prevalência de doenças crónicas como a diabetes tem vindo a aumentar. Neste
sentido, considero que seria pertinente formar e treinar os profissionais de saúde nesta
área por forma a serem implementadas estratégias e intervenções para aumentar a
ART.

Os participantes demonstram resultados aceitáveis no que respeita aos seus


conhecimentos sobre a diabetes, no entanto, estes levam-me a refletir sobre a
existência de lacunas, sobretudo no que respeita ao conhecimento sobre o papel da
insulina endógena. Foi nas questões acerca das consequências crónicas da diabetes
que os participantes revelam melhores níveis de conhecimentos. Considero importante
salientar que uma percentagem considerável dos participantes desconhece os sinais e
sintomas da hipoglicémia, o que ainda é mais grave se tivermos em conta que 77,1%
da amostra utiliza insulina diariamente (associada a ADO ou não).

Cada vez mais se atribui ao diabético um papel ativo no seu autocuidado e plano
terapêutico, o que implica que, para que este seja autónomo e consiga gerir de forma
adequada todos os aspetos relacionados com esta patologia, tem de apreender e
integrar diversas competências que lhe possibilitem lidar com os sintomas e limitações
que estão relacionados com a doença e o respetivo RT. Neste contexto, o enfermeiro
tem um papel preponderante no processo de transmissão de
conhecimento/informação e capacitação do diabético para a gestão adequada da
doença por estar treinado para se adaptar à linguagem que o doente consegue
compreender, por se encontrar próximo deste e por estar presente em todos os
contextos de prestação de cuidados de saúde.

Os resultados obtidos relativamente à motivação para o tratamento demonstram que


os participantes apresentam níveis elevados de motivação para o tratamento, o que
pode explicar a adoção de comportamentos saudáveis para a manutenção e/ou
melhoria do seu estado de saúde. Os valores médios da motivação intrínseca são
superiores aos da motivação extrínseca, o que evidencia que os participantes parecem
agir mais em consonância com o que acreditam ser o melhor para eles e não de
acordo com aquilo que os outros esperam deles. A literatura evidencia a importância
de elevados níveis de motivação intrínseca na manutenção de comportamentos
salutares, pois estes indivíduos apresentam maior prazer, esforço e empenho nas
atividades que realizam.
A motivação diz respeito àquilo que impulsiona a pessoa a ter e a manter um
determinado comportamento e, neste contexto, compreender quais são as motivações
do diabético para realizar os autocuidados relacionados com a diabetes pode ser um
ponto de partida para criar ou desenvolver estratégias que aumentem essa mesma
motivação e que, tal como menciona a bibliografia, aumentem também a ART.

A estatística inferencial realizada neste estudo mostra que existe uma relação muito
fraca e positiva entre os conhecimentos sobre a diabetes e a motivação intrínseca
para o tratamento, embora essa relação não seja estatisticamente significativa. Em
relação à motivação extrínseca, esta encontra-se relacionada de forma fraca, negativa
e altamente significativa com os conhecimentos sobre a diabetes. No que respeita às
questões de caracterização das variáveis sociodemográficas, verifiquei a existência de
relações estatisticamente significativas entre a idade e os conhecimentos sobre a
diabetes (relação fraca e negativa) e entre a idade e a motivação extrínseca para o
tratamento (relação fraca e positiva).

Estes resultados contribuem para a melhoria dos cuidados prestados, no entanto, é


importante destacar a importância de mais estudos nesta área de forma a
compreender melhor este fenómeno que é a ART na diabetes, assim como dos fatores
que a podem influenciar.

A realização deste estudo foi, sem dúvida, uma oportunidade única de aprendizagem
tanto no campo pessoal como profissional e uma forte motivação para aplicar na
praxis as competências adquiridas com o objetivo máximo de melhorar a qualidade de
vida do doente com diabetes e sua família, proporcionando os meios para melhorar a
ART.

109
110
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127
128
APÊNDICES

129
130
APÊNDICE I

Pedido de autorização para colheita de dados no Centro Hospitalar do Oeste

131
132
133
134
APÊNDICE II

Pedido de autorização aos autores das escalas

“Escala de Autocuidado com a Diabetes (SDSCA)”

“Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24)”

“Escala de Motivação para o Tratamento (EMT)”

135
136
Exma. Sr.ª Enfermeira Marta Neves

Enfermeira no Centro Hospitalar do Oeste

Unidade de Alcobaça

Curso de Pós-Especialização e Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica

na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Assunto: Autorização para utilização da Escala de autocuidado com a diabetes


(SDSCA) na sua versão traduzida e adaptada para português de Portugal.

Autorização para utilização do questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes


(tradução para português de “Diabetes Knowledge Questionnaire – DKQ- 24).

Eu, Fernanda dos Santos Bastos, Professora Adjunta na Escola Superior de


Enfermagem do Porto, venho por este meio conceder autorização à Sr.ª Enfermeira
Marta Neves, estudante do Curso de Pós-Especialização e Mestrado em Enfermagem
Médico-Cirúrgica na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, para a utilização
das versões dos instrumentos acima referenciados, traduzidos para Português e
adaptados culturalmente, para o desenvolvimento do seu projeto cuja temática se
relaciona com a Adesão ao Regime Terapêutico em pessoas com Diabetes Mellitus
Tipo 2, disponibilizando-me para qualquer esclarecimento adicional ou eventual
colaboração. Gostaria que me informasse da evolução do projecto e dos resultados
que obtenha.

Ao dispor,

Porto, 26 abril de 2013

Fernanda Santos Bastos

Professora Adjunta

Escola Superior Enfermagem do Porto

UNIESEP

137
Pedido de autorização para utilização de Escala de Motivação para o Tratamento

Marta Parrilha martasparrilha@gmail.com 26/04/13

para joaoapostolo

Caro Professor João Apóstolo,

O meu nome é Marta Neves, sou enfermeira no Centro Hospitalar do Oeste –


Unidade de Alcobaça. Neste momento estou a frequentar o Curso de Pós-
Especialização e Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica na Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra e a minha dissertação é um estudo relacionado com a
Adesão ao Regime Terapêutico em pessoas com Diabetes Mellitus Tipo 2, em que
tenciono avaliar a importância dos conhecimentos e da motivação para o tratamento.

Desta forma, após ter lido o seu artigo, onde apresenta o instrumento “Escala de
Motivação para o Tratamento”, queria pedir-lhe autorização para utilizar a escala
anteriormente referida.

Grata pela atenção dispensada.

Os meus cumprimentos,

Marta Neves

João Apóstolo apostolo@esenfc.pt 26/04/13

para mim

Cara Marta Neves,

Obrigada pelo interesse.

Pode utilizar a referida Escala,

João Apóstolo

De: Marta Parrilha [mailto:martasparrilha@gmail.com]


Enviada: sexta-feira, 26 de Abril de 2013 15:14
Para: joaoapostolo@esenfc.pt
Assunto: Pedido de autorização para utilização de Escala de Motivação para o Tratamento

138
APÊNDICE III

Consentimento Informado

139
140
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Título do estudo: Adesão ao Regime Terapêutico em pessoas com Diabetes Mellitus


Tipo 2: importância dos conhecimentos e da motivação.

Caro (a) Senhor (a):

O meu nome é Marta Neves, estou a tirar o Curso de Mestrado em Enfermagem


Médico-Cirúrgica, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, e encontro-me a
realizar a dissertação de mestrado com o título acima referido.

Desta forma, tenho o prazer de o convidar a participar no estudo supracitado, com o


qual pretendo identificar os conhecimentos das pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2
acerca da patologia, a sua motivação para o tratamento e ainda medir a adesão ao
regime terapêutico em pessoas com diabetes tipo 2.

A sua participação no estudo é inteiramente voluntária, consistindo em aceitar


responder a um questionário sobre os assuntos anteriormente referidos e é-lhe
garantida a confidencialidade da sua identidade.

Agradeço a sua colaboração.

_______________________________________
(Marta Sofia Parrilha Neves)

…………………………………………………………………………………………….

Nome: _______________________________________________________________

Declaro(a) que concorda com o que lhe foi proposto e explicado pela enfermeira que
assina este documento e que consente livre e esclarecidamente em participar no
estudo acima mencionado.

Caldas da Rainha, _____/_____/_____

_________________________________________

(Assinatura)

141
142
APÊNDICE IV

Questionário

143
144
QUESTIONÁRIO

Parte 1 - Questionário Sociodemográfico e Clínico

Assinale com uma X (cruz) a resposta que for adequada ao seu caso (ou complete-a,
se for caso disso), em relação às seguintes questões:

1. Idade: ______ anos

2. Sexo:
Masculino  Feminino 

3. Estado civil:
Solteiro (a) 
Casado (a) / União de facto 
Divorciado (a) / Separado (a) 
Viúvo (a) 

4. Atividade profissional / ocupação


Empregado (a) 
Desempregado (a) 
Reformado (a) 
Estudante 
Outra  Qual ___________________________________

5. Habilitações literárias (anos completos de escolaridade) _______

6. Com quem vive:


Com o cônjuge / companheiro (a) 
Com a família restrita (marido, esposa e filhos) 
Com a família alargada (marido, esposa, filhos, pais, sogros, etc.) 
Sozinho (a) 
Num lar 
Outros  Qual? _________________
7. Há quantos anos é diabético? ________ anos.

8. Que tipo de medicação faz para controlar a diabetes?


Comprimidos (Antidiabéticos orais) 
Insulina 
Insulina + comprimidos 

9. Tem ou já teve alguma complicação devido à diabetes?


Sim  Qual? __________________________________________
Não 

2
Parte 2 - Atividades de Autocuidado com a Diabetes (SDSCA)

As perguntas que se seguem questionam-no acerca dos cuidados com a diabetes


durante os últimos 7 dias. Se esteve doente durante os últimos 7 dias, por favor
lembre-se dos últimos 7 dias em que não estava doente.

1. ALIMENTAÇÃO GERAL Nº de dias


1.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS seguiu uma
0 1 2 3 4 5 6 7
alimentação saudável?
1.2 Em média, durante o último mês, quantos DIAS POR
SEMANA seguiu um plano alimentar recomendado por 0 1 2 3 4 5 6 7
algum profissional de saúde?
2. ALIMENTAÇÃO ESPECÍFICA
2.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu cinco ou
mais peças de fruta e/ou doses de vegetais (incluindo os da 0 1 2 3 4 5 6 7
sopa)?
2.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu Carnes
0 1 2 3 4 5 6 7
vermelhas (vaca, porco, cabrito)?
2.3 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu pão
0 1 2 3 4 5 6 7
acompanhando a refeição do almoço ou jantar?
2.4 Em quantos dos últimos SETE DIAS misturou, no
acompanhamento da refeição, dois ou mais dos seguintes 0 1 2 3 4 5 6 7
alimentos: arroz, batatas, massa, feijão?
2.5 Em quantos dos últimos SETE DIAS consumiu mais que
um copo, de qualquer tipo de bebida alcoólica, às principais 0 1 2 3 4 5 6 7
refeições?
2.6 Em quantos dos últimos SETE DIAS consumiu qualquer
0 1 2 3 4 5 6 7
tipo de bebida alcoólica, fora das refeições?
2.7 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu alimentos
doces como bolos, pasteis, compotas, mel, marmelada ou 0 1 2 3 4 5 6 7
chocolates?
2.8 Em quantos dos últimos SETE DIAS adoçou as suas
0 1 2 3 4 5 6 7
bebidas com açúcar?
3. ACTIVIDADE FÍSICA
3.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS praticou atividade
física durante pelo menos 30 minutos? (Minutos totais de 0 1 2 3 4 5 6 7
atividade contínua, inclusive andar).
3.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS participou numa
sessão de exercício físico específico (como nadar,
caminhar, andar de bicicleta) para além da atividade física 0 1 2 3 4 5 6 7
que faz em casa ou como parte do seu trabalho?

3
4. CUIDADOS COM OS PÉS
4.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou os seus
0 1 2 3 4 5 6 7
pés?
4.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS inspecionou o
0 1 2 3 4 5 6 7
interior dos seus sapatos?
4.3. Em quantos dos últimos SETE DIAS lavou os seus pés? 0 1 2 3 4 5 6 7
4.4 Em quantos dos últimos SETE DIAS secou os espaços
0 1 2 3 4 5 6 7
entre os dedos do pé, depois de os lavar?
5. MEDICAMENTOS
5.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS, tomou, conforme
0 1 2 3 4 5 6 7
lhe foi indicado, os seus medicamentos da diabetes?

OU (se insulina e comprimidos):


5.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou, conforme
0 1 2 3 4 5 6 7
lhe foi indicado, injeções de insulina?
5.3 Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou o número
0 1 2 3 4 5 6 7
indicado de comprimidos da diabetes?
6. MONITORIZAÇÃO DE GLICEMIA
6.1 Quantas vezes por semana lhe recomendaram que
0 1 2 3 4 5 6 7
avaliasse o açúcar no sangue?
6.2 Quantas vezes avaliou o açúcar no sangue na última
0 1 2 3 4 5 6 7
semana?
7. HÁBITOS TABÁGICOS
7.1 Você fumou um cigarro, ainda que só uma passa, durante os últimos SETE DIAS?
Não  Sim 

7.2 Se sim, quantos cigarros fuma, habitualmente, num dia? Número de cigarros: ___

7.3 Quando fumou o seu último cigarro?


 Nunca fumou
 Há mais de dois anos atrás
 Um a dois anos atrás
 Quatro a doze meses atrás
 Um a três meses atrás
 No último mês
 Hoje

4
Parte 3- Questionário de Conhecimentos sobre a Diabetes (DKQ-24)

As perguntas que se seguem questionam-no acerca dos seus conhecimentos sobre a


diabetes.

Não
Questões Sim Não
Sabe
Comer muito açúcar e alimentos doces é uma causa da
Diabetes.
A causa comum da Diabetes é a falta ou resistência à
insulina no corpo.
A Diabetes é causada pela dificuldade dos rins em manter a
urina sem açúcar.
Os rins produzem insulina.

Na Diabetes não tratada a quantidade de açúcar no sangue,


normalmente, sobe.
Se é diabético os seus filhos têm maior risco para serem
diabéticos.
A Diabetes pode curar-se.

O nível de açúcar no sangue de 210, num teste em jejum, é


muito alto.
A melhor maneira de avaliar a sua Diabetes é fazendo testes
à urina.
O exercício regular aumenta a necessidade de insulina, ou
outro medicamento para a Diabetes.
Há dois tipos principais de Diabetes: Tipo l
("Insulinodependentes") e Tipo 2 ("não insulinodependentes")
Uma hipoglicémia (baixa de açúcar no sangue) é provocada
por muita comida.
A medicação é mais importante que a dieta e o exercício
físico para controlar a Diabetes.
A Diabetes frequentemente provoca má circulação.

Cortes e feridas cicatrizam mais lentamente nos diabéticos.

Os diabéticos devem ter cuidados especiais, quando cortam


as unhas dos dedos dos pés.

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Uma pessoa com Diabetes deve limpar uma ferida com
solução iodada e álcool.
A maneira como prepara a sua comida é tão importante como
a comida que come.
A Diabetes pode prejudicar os rins.

A Diabetes pode provocar diminuição da sensibilidade das


mãos, dedos e pés.
Tremores e suores são sinais de açúcar alto no sangue.

Urinar frequentemente e sede são sinais de açúcar baixo no


sangue.
Meias-calças elásticas, ou meias, apertadas não são
prejudiciais para os diabéticos.
Uma dieta para diabéticos consiste, essencialmente, em
comidas especiais.

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Parte 4 - Escala de Motivação para o Tratamento (EMT)?
As perguntas que se seguem questionam-no acerca da sua motivação para o
tratamento para a diabetes. Para responder faça um círculo no
1 – Discordo fortemente
2 – Discordo em grande parte
3 – Discordo em parte
4 – Não concordo nem discordo
5 – Concordo em parte
6 – Concordo em grande parte
7 – Concordo fortemente

Eu faço o meu tratamento para a diabetes e/ou controlo a minha glicémia porque…
As outras pessoas ficariam furiosas comigo se eu não
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fizesse
Fazê-lo é, para mim, um desafio pessoal 1 2 3 4 5 6 7
Acredito que ao fazê-lo vou melhorar a minha saúde 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia culpado se não fizesse o que o médico me
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disse
Quero que o médico pense que sou um bom doente 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia mal comigo mesmo se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
É entusiasmante manter a minha glicemia dentro dos
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valores recomendados
Não quero que as outras pessoas se decepcionem comigo 1 2 3 4 5 6 7
A razão pela qual sigo a minha diabetes e faço, regularmente, exercício físico, é
porque…
As outras pessoas ficariam aborrecidas comigo se eu não
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fizesse
Acredito que é importante para me manter saudável 1 2 3 4 5 6 7
Sentiria vergonha de mim mesmo se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
É-me mais fácil fazê-lo do que ficar a pensar nisso 1 2 3 4 5 6 7
Pensei seriamente no assunto e acredito que é a melhor
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coisa a fazer
Quero que os outros vejam que sou capaz de o fazer 1 2 3 4 5 6 7
O médico disse-me para o fazer 1 2 3 4 5 6 7
Sinto que são as melhores coisas que posso fazer por mim 1 2 3 4 5 6 7
Sentir-me-ia culpado se não o fizesse 1 2 3 4 5 6 7
São as melhores escolhas que eu posso tomar 1 2 3 4 5 6 7
Se tratar de um desafio aprender a viver com o a minha
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diabetes
Obrigada pela sua colaboração!

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