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DE PRÁTICA CLÍNICANA
DE INSULINIZAÇÃO EM DIABETES
PRÁTICA CLÍNICA
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TEMA 1
GUIA DE INSULINIZAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA
Coordenação
Deborah Laredo Jezini – Endocrinologista e Metabologista pela Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo; Título de Especialista em Endocrinologia pela Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Professora Doutora de
Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM); Gerente de Ensino e Pesquisa e Chefe do Serviço de Endocrinologia do
Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas –
HUGV-UFAM/EBSERH; Presidente da SBEM-Regional Amazonas (2023-2024);
Delegada Regional da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD e Coordenadora do
Acampamento da Criança com Diabetes da UFAM.
Autores
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SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO.................................................................................................04
MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA..........................................................................38
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INTRODUÇÃO
Este manual foi desenvolvido por Endocrinologistas com experiência na
prática clínica, na docência e preceptoria de Residência Médica, com o objetivo de
auxiliar o médico no manejo clínico do paciente com Diabetes Mellitus, além de
dar apoio às Oficinas Práticas desenvolvidas pela SBEM-Regional Amazonas em
parceria com o Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas
(HUGV-UFAM/EBSERH).
Aqui serão abordados, de forma simplificada, os principais temas
necessários para o desempenho da prática clínica, e assim prevenir ou minimizar
as complicações agudas e crônicas que comprometem a saúde das pessoas
diabéticas.
Apesar do Diabetes Mellitus afetar a humanidade ao longo dos séculos, é
evidente que o conhecimento e a evolução tecnológica por alavancarem os meios
diagnósticos e terapêuticos, viabilizarem o alcance das metas de controle,
continuamente ajustadas em diretrizes da especialiadade, seguem mudando o
prognóstico dos pacientes.
Os avanços norteiam as atitudes diante de todos os desafios inerentes à
doença, porém exigem que as condutas dos médicos sejam cada vez mais variadas,
como por exemplo, a escolha da insulina de ação basal ou bolus entre as
disponíveis no mercado com variados perfis de ação ou a indicação do uso de
bomba de infusão de insulina, caracterizando a importância da individualização da
terapia insulínica.
Como o Diabetes é uma doença crônica de alta prevalência, o treinamento
contínuo que aborde a prática clínica para médicos não especialistas, mas que
lidam diretamente com a terapia insulínica, deve ser encorajado sempre.
A descoberta e a viabilização da terapia com insulina, que já remonta mais
de 100 anos, foi um marco histórico de grande importancia no tratamento do
Diabetes, pois é considerada um divisor de águas na sobrevida de crianças,
adolescentes e adultos portadores do Diabetes do tipo 1.
No entanto, a terapia insulínica ainda é um dos temas mais complexos do
aprendizado médico, por envolver além da decisão médica, habilidades técnicas e
conhecimento detalhado sobre as insulinas e os diversos meios de aplicação,
entender a aplicabilidade das novas tecnologias que envolvem a terapia e o
monitoramento glicêmico.
No tratamento com insulina, devemos sempre estar atentos ao paciente,
que deve manter o controle glicêmico e ter conhecimento sobre a doença,
enfatizando a importância da educação em Diabetes e do apoio multidisciplinar.
Com essa premissa, a SBEM-Regional Amazonas espera que este manual
sirva de guia para o médico que lida com a insulinoterapia no seu dia a dia,
auxiliando-o na tomada de decisões, sempre com o foco no alcance do bom
controle glicêmico de seus pacientes.
Deborah Laredo Jezini
PRESIDENTE DA SBEM-REGIONAL AMAZONAS
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História do Diabetes
No Papiro de Ebers - a doença que hoje conhecemos como Diabetes Mellitus (DM),
remonta a 1552 a.C., quando citações médicas egípcias já descreviam sinais e
sintomas da doença. Trata-se de descoberta arqueológica por Gerg Ebers em 1872,
o que deu origem ao seu nome.
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História da Insulinoterapia
Ser diagnosticado com DM do tipo 1 antes de 1921, era como receber sentença de
morte, pois ainda não havia tratamento, e a sobrevida não passava de poucos
meses. O grande desafio na época, era produzir algo, que ainda não se conhecia
ao certo, mas que movia a vontade científica, por se tratar de crianças e jovens.
Mais tarde, essa busca, aliada aos avanços tecnológicos que se seguiram até hoje,
fez com que a insulina completasse 100 anos de sucesso desde a sua descoberta.
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Fabricação da Insulina – a partir de 1923, a Farmacêutica Eli Lilly and Company foi
a primeira a produzir insulina em larga escala, sendo chamada de Insulina Regular,
ao qual exigia de 4 a 6 aplicações diárias para controlar a glicemia; na Dinamarca,
o casal August e Marie Krogh, e Hans Christian Hagedorn, obtiveram a licença para
a produção de insulina, nascendo a primeira preparação dinamarquesa
(Farmacêutica Novo).
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Análogos de Insulina de ação lenta – a partir do ano 2003, vários análogos ficaram
disponíveis para o esquema de Basal-bolus, que passou a ser o mais indicado
principalmente para o paciente DM 1. A primeira insulina de ação lenta foi da
Glargina da Sanofi-Aventis, com início de ação mais lenta, sem pico e com duração
de até 24 h; em seguida, as Insulinas Detemir (NovoNordisk), em 2006, Degludeca
(NovoNordisk), em 2015 e Glargina U300 (Sanofi-Aventis).
Referências
Assermann M., Heinen, PR, Zanini,EO. (2020). FAG Journal of Health – ISSN 2674-
550X, 2020, v.2, n.1,
Caroline Cox, Perspectives|The art of medicine. The Lancet vol 377, ISSUE 9773,
abril 2011.
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Dwivedi, Girish & Dwivedi, Shridhar (2007). History of Medicine: Sushruta – the
Clinician – Teacher par Excellence. National Informatics Centre (Government of
India).
Kearns, Susannah C.J. & Nash, June E. (2008). leprosy. Encyclopædia Britannica.
Nafisi, S. Avicenna in Europe. In: Jashn Nameh Ibn Sina., editor. Vol. 2. Tehran:
Council of National Works Press; 1334 A.H. pp. 300–307.
Smith, RD. Avicenna and the Canon of Medicine: A millenial tribute. West J Med.
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Ações da Insulina
Fígado: estimula glicogênese e inibe glicogenólise e gliconeogênese.
Músculo: síntese proteica e de glicogênio e inibe proteólise.
Tecido adiposo: armazena triglicerídeos e inibe lipólise.
Fisiopatologia DM1
DM1A (90 – 95%) e DM1B (5 – 10%)
DM1A: processo autoimune, com destruição progressiva das células Beta.
Quando em torno de 90% de destruição: DM1 instalado.
DM1B: idiopático.
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Fisiopatologia DM2
Principais Mecanismos:
Resistência à Insulina (RI) com progressiva disfunção das células beta.
Em resumo:
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Referencias
Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar ; editores associados Claudio
E. Kater ... [et al.]. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
Defronzo RA. Banting Lecture. From the triumvirate to the ominous octet: a new
paradigm for the treatment of type 2 diabetes mellitus. Diabetes. 2009; 58:77395
Inzucchi SE, Majumdar SK. Current therapies for the medical management of
diabetes. Obstet Gynecol. 2016; 127:78094.
Saltiel AR, Kahn CR. Insulin signalling and the regulation of glucose and lipid
metabolism. Nature, 2001; 414(6865) 799-806.
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Quadro 1. Classificação do DM
Classificação do Diabetes
Diabetes tipo 1
- Imunomediado (1A)
- Idiopático (1B)
Diabetes tipo 2
Diabetes Gestacional
Outros tipos de Diabetes (MODY, relacionado a síndromes genéticas, etc.)
O diagnóstico diferencial entre DM1 e DM2 DEVE SER CONSIDERADO apenas em bases
clínicas.
Exames complementares específicos só devem ser solicitados em casos de apresentações
atípicas (Quadro 2).
Quadro 2. Apresentações atípicas do DM
Apresentações atípicas do DM
1. Apresentação clínica insidiosa em crianças e adolescentes, especialmente com
acantose nigricans, obesidade e disglicemia leve.
2. Apresentação abrupta em adultos, especialmente sem hiperglicemia prévia recente,
sem fator desencadeante para hiperglicemia (como medicamentos hiperglicemiantes
ou infecções), sem obesidade e/ou com história de autoimunidade pessoal ou
familiar.
3. Necessidade de início de insulinoterapia nos primeiros anos após o diagnóstico em
adultos para controle glicêmico adequado.
4. Cetoacidose diabética ao diagnóstico em adultos, evoluindo subsequentemente com
baixas doses de insulina, especialmente em associação com obesidade.
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Pessoas adultas com diabetes e anticorpos positivos, as quais não necessitam de insulina
por pelo menos 6 meses após o diagnóstico são classificadas como tendo diabetes
autoimune latente do adulto (Latent Autoimmune Diabetes in Adults (LADA).
Suspeitar de diabetes monogênico em pacientes com hiperglicemia de início antes dos 25
anos de idade, com história familiar de diabetes surgindo antes de 25 anos em duas ou três
gerações. Os autoanticorpos devem ser negativos e o peptídeo C detectável acima de 0,6
ng/ml após cinco anos do diagnóstico de DM.
Deve-se realizar rastreamento de alterações genéticas associadas a diabetes neonatal para
todas as crianças com hiperglicemia mantida de início antes dos seis meses de idade, sem
causa secundária evidente.
Para pessoas com cetoacidose ao diagnóstico de DM, com evolução subsequente para baixa
ou nenhuma necessidade de insulina, É RECOMENDADO dosagem de peptídeo C e de
autoanticorpos associados ao DM, especialmente na presença de obesidade e sinais clínicos
de resistência à insulina.
Fonte: Diretrizes SBD 2022. *São necessários dois exames alterados para confirmação diagnóstica.
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Rastreamento de Diabetes
Todos os indivíduos com 45 anos ou mais, mesmo sem fatores de risco (Quadro 5);
Indivíduos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco
adicional para DM2.
Endocrinopatias;
doenças pancreáticas;
condições frequentemente associadas a DM, como infecção por HIV, doença periodontal e
esteatose hepática;
uso de medicações com potencial efeito hiperglicemiante, como glicocorticoides ou
antipsicóticos.
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A triagem para risco de DM1 com dosagem de autoanticorpos DEVE SER CONSIDERADA para
familiares de primeiro grau de pessoas acometidas apenas se houver possibilidade de inserir
pessoas de risco em estudos clínicos visando prevenção do DM.
Referências
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Parâmetros de Avaliação
Os parâmetros mais comumente usados são:
Glicemias capilares
Hemoglobina glicada A1c (HbA1c)
Obs: Idealmente, utilizar métodos devidamente certificados pelo National
Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP)
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São aceitas metas de HbA1C mais baixas (<6,5%), especialmente em pacientes com
DM1, nos seguintes contextos:
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Nos casos de diabetes gestacional (DMG) e gestantes com DM2, até o momento,
não há evidências do benefício do uso do CGM, nem dados suficientes para
estabelecer valor de tempo no alvo para esse grupo.
Referências:
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Lizy Urtiga
Classificação da Insulina:
1. Insulina humana – desenvolvida a partir da tecnologia de DNA recombinante.
2. Análogos de insulina humana - preparações de insulina que sofreram modificações
estruturais na cadeia de aminoácidos para variar no tempo de ação.
Apresentação:
Frascos e Canetas Preenchidas ou Refil de Canetas
Canetas Preenchidas ou Refil de Canetas: solução Injetável de 100 U/ml a 300
U/mL, descartáveis (SoloStar®) com 1,5 mL de solução injetável
A insulina Regular era muito utilizada até pouco antes dos anos 2000, quando foi
praticamente excluída do receituário do paciente DM tipo 1, sendo substituída por
análogos ultrarrápidos de insulina, exceto para administração EV.
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Insulinas Inaladas
Com a tecnologia do sistema de administração de medicamentos compostos por
micropartículas de fumarildicetopiperazina (FDCP), aprovada pela FDA em 2014 e
pela Anvisa em 2019, com um inalador pequeno, discreto e fácil de usar, a insulina
tecnosfera Afrezza® (25, 50 e 100 U) tem a capacidade rápida de absorção em
contato com a superfície pulmonar, porém com menor flexibilidade de dosagem,
podendo complementar a insulina por via subcutânea.
Referências
Cavaiola, T. C; Edelman, S. Inhaled insulin: a breath of fresh air? A review of
inhaled insulin. Clinical Therapeutics, v. 36, n. 8, p. 1275-1289, 2014.
https://doi.org/10.1016/j.clinthera.2014.06.025
Faingold, M. C. Pharmacological and clinical characteristics of Insulin Faster Aspart
(Fiasp®). MEDICINA (Buenos Aires) 2022; 82: 752-759.
Heinemann, L. Inhaled Insulin: Dead Horse or Rising Phoenix? Journal of Diabetes
Science and Technology, v. 12, n. 2, p. 239 -242, 2018. https://doi.org/10.1177/
1932296817748231
Hirsh, I. B. Drug therapy insulin analogues. The New England Journal of Medicine,
v.1, n.352, 2005.
Keating, G. M. Insulin degludec and insulin degludec/insulin aspart: a review of
their use in the management of diabetes mellitus. Drugs, v.73, n.6, 2013.
Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas Diabete Melito Tipo 1 - Portaria Conjunta SCTIE/SAES/MS Nº 17 de
12 de novembro de 2019. Brasilia, 2019
https://www.bd.com/pt-br/our-products/diabetes-care/diabetes-learning-
center/insulin-treatment/what-is-insulin-and-insulin-types
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Agulhas mais curtas (4 mm para caneta e 6 mm para seringa) são seguras, eficazes,
menos dolorosas e indicadas a todos os pacientes.
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Lipodistrofia
Alteração no tecido subcutâneo, nos locais utilizados para aplicar insulina.
Principais manifestações: lipoatrofia e lipo-hipertrofia (a mais comum).
Lipo-hipertrofia: acúmulo de gordura em locais de aplicação de insulina, com
formação de nódulos endurecidos sob a pele (muitas vezes percebidas somente
a palpação).
Associada a não realização (ou realização incorreta) de rodízio e reuso de
agulhas.
A absorção de insulina nesses locais é imprevisível, podendo levar a
hiperglicemias, hipoglicemias inexplicáveis e maior variabilidade glicêmica.
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O total deve corresponder à soma das doses das duas insulinas. Se a dose
aspirada for maior, o excesso não deve ser devolvido ao frasco; deve-se
descartar a seringa e reiniciar o processo;
Somente podem ser combinadas na mesma seringa a insulina NPH + insulina
Regular ou insulina NPH + análogo de ação rápida, desde que se utilize seringa
com agulha fixa;
Se insulina NPH + Regular: uso imediato ou posterior (desde que devidamente
acondicionada); se insulina NPH + análogo de ação rápida: uso imediato após
preparo.
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Referências:
Banca R, Marroni M, Oliveira M, Sparapani V, Pascali P, Oliveira S, Cavicchioli M,
Bertoluci M. Técnicas de aplicação de insulina. Diretriz Oficial da Sociedade
Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-4, ISBN: 978-65-5941-
622-6.
Ribeiro A, et al. Dona Betes e os cuidados com a saúde. 2ª ed. Macapá: EdUNIFAP,
2018. ISBN: 2359-3253.
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São Exemplos:
Glicosímetro:
Mesmo alguns modelos mais simples são capazes de gerar dados, como tempo no
alvo, e gráficos sobre o controle glicêmico do paciente através da transferência de
dados para softwares de computador.
Indicações:
1. Necessidade de monitoramento mais frequente.
2. Hipoglicemias recorrentes e assintomáticas.
3. Variabilidade glicêmica elevada.
4. Dificuldades no alcance dos objetivos com a HbA1c.
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Referências:
Klonoff DC, Ahn D, Drincic A. Continuous glucose monitoring: A review of the
technology and clinical use. Diabetes Res Clin Pract. 2017 Nov;133:178 192.
https://doi.org/10.1016/j.diabres.2017.08.005
https://www.diabetesresearchclinicalpractice.com/article/S0168-8227(17)30421-
7/fulltext
Petrie JR, Peters AL, Bergenstal RM, Holl RW, Fleming GA, Heinemann L. Improving
the clinical value and utility of CGM systems: issues and recommendations : A joint
statement of the European Association for the Study of Diabetes and the American
Diabetes Association Diabetes Technology Working Group. Diabetologia. 2017
Dec;60(12):2319-2328. doi: 10.1007/s00125-017-4463-4. Epub 2017 Oct 25. PMID:
29067486.
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Marcela Azevedo
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Exemplo de cálculo de BC: FS: 40, glicemia antes do café da manhã de 281 mg/dl
e glicemia alvo ou OG: 100 mg/dl:
Bolus Refeição
(quantidade de insulina a ser aplicada de acordo com a alimentação )
Alternativamente, a RIC pode ser iniciada como 1 unidade para cada 20-30 g de
carboidrato para crianças, 1 U para cada 10 a 15 g para adolescentes e 1 unidade
para cada 15 g para adultos.
Para pacientes que não realizam contagem de CHO, a quantidade de CHO de cada
uma das refeições do dia deve ser fixa, sem variações de um dia para o outro, e
estabelecida de acordo com as preferências do paciente e suas necessidades
nutricionais. Nesses casos, o bolus de alimentação poderá ser sempre o mesmo,
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para cada uma das refeições (café da manhã, almoço, lanches, jantar, ceia), ou
pode diferir entre essas refeições.
Este bolus para alimentação é individual e pode variar ao longo do dia. Para
conhecer sua relação insulina-carboidrato, é importante medir as glicemias antes
e duas horas após as refeiçõeS (após a primeira garfada)
Exemplo: Alvo glicêmico 100 mg/dL; glicose atual 220 mg/dL. Fator de
sensibilidade 40 mg/dL.
Referências
ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines (2022): Diabetes technologies:
Insulin delivery
Shalitin, S et al. Int J Clin Pract Suppl. (2011) Diabetes technology and treatments
in the paediatric age group
Gary Scheiner et al. (2009) Insulin pump therapy: guidelines for successful
outcomes Diabetes Educ.
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MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA
O controle glicêmico
O controle pode ser feito por dosagem da HbA1C, que prevê a glicemia média dos
ultimos 120 dias, porém incorre no risco de falhas por variáveis populacionais, de
doenças associadas (anemias e hemoglobinopatias; uremia; uso de Ácido Acetil
Salicílico e dislipidemias) ou metodológicas; sendo o método mais aceito e
difundido o de cromatografia líquida de alta performance (HPLC), considerada
padrão.
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Fonte: a autora
A partir das variáveis glicêmicas, encontradas nas análises contínuas da glicemia feitas pelos
novos sensores de glicose intersticial, novas métricas foram estabelecidas, uma vez que se
correlacionavam melhor a riscos de complicações comparados à HbA1c, inclusive de hipo e
hiperglicemias assintomáticas. O relatório gerado pelo CGM é chamdo de AGP (Ambulatory
Glucose Profile) (tabela 2).
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Adaptado de: Battelino T, et al. Diabetes Care. 2019;42(8):1593-603.7 Danne T, et al. Diabetes Care. 2017;40(12):1631-40.8
Tempo no alvo
1. Tempo no alvo (TIR – Time in Range) - o tempo em que se pretende manter a glicemia
dentro de uma faixa-alvo estabelecida – quanto maior o tempo no TIR, melhor o controle.
2. Tempo acima do alvo (TAR- Time Above Range) e Tempo em hipoglicemia (TBR- Time
Below Range) - o tempo em que o paciente se mantém com a glicemia acima ou abaixo da
faixa-alvo estabelecida. Quanto menor o tempo fora dos limites superiores e inferiores,
melhor o controle.
3. Coeficiente de variação (CVG)- é a razão do DP pela média da glicemia. CV menor que 36%
significa pouca variabilidade glicêmica ou bons controles.
4. Glicemia média estimada ou A1c estimada: correlaciona-se à Hb A1c do paciente (< 7%).
Recomendação de Parâmetros
Métrica em adultos (não gravidas) na gravidez
Tempo no Alvo (70-180 mg%) (63 a 140 mg/dL)
(TIR - Time in Range) (em alguns casos, de 70 a 140 mg/dL). >70% do tempo no alvo
>70% do tempo no alvo
Tempo abaixo do Alvo <5% do tempo <70 mg/dL (TBR-1), sendo no (>140 mg/dL)
(TBR-2) máximo 1% <54 mg/dL <25% do tempo no alvo
Tempo Acima do Alvo <25% do tempo >180 mg/dL (TAR-1), sendo (<63 mg/dL) <5% do tempo,
(TAR-2) no máximo 5% >250 mg/dL sendo <1% <54 mg/dL
Adaptado das Diretrizes Brasileiras de Diabetes, posicionamento 01/2021
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Nível 1: glicemia entre 54 e 70 mg/dL (com ou sem sintomas) sinal de alerta para o paciente;
Hiperglicemia: valores de glicemia entre 180 e 250 mg/dL denotam uma monitorização rigorosa
naquele período; valores acima de 250 mg/dL requerem ações imediatas.
No DPG, a VG deve ser inferior a 50 mg/dL ou de, no máximo, 1/3 da média das glicemias.
Observar sempre o tipo de insulina que o paciente está usando (Intermediária, Longa ou
Ultralonga, meia vida da insulina e cuidados de conservação e aplicação).
Referências
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Dalmolin, Cristina & Schott, Mairin & Marquetto, Daiana & Golin, Anieli & Stefenon, Danielly &
Brondani, Juliana & Cassol, Milena & Colpo, Elisângela. (2022). Comportamento da variabilidade
glicêmica em pacientes hospitalizados com Diabetes Mellitus 2. Medicina (Ribeirão Preto). 55.
10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2022.193922.
Gomes MB, Matheus ASM, Calliari LE, Luescher JL, Manna TD, Savoldelli RD, Jezini, DL et al.
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https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-tipo
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Lizy Urtiga
Secreção Basal: é uma secreção baixa e contínua de insulina, que tem a função de
inibir produção hepática de glicose e limitar glicemia interprandial
Para a função Bolus aplica-se uma insulina de ação rápida (Regular) ou analogos
de insulina ultra-rápida(Asparte, Lispro, Glulisina)
Calculando o bolus:
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Referências
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No início dos anos 1960, o doutor Arnold Kadish desenvolveu o primeiro sistema
de infusão contínua de insulina (SICI), popularmente conhecido como bomba de
insulina. Consistia em um dispositivo grande, pesado e desconfortável,
transportado como uma mochila. Apesar do aspecto rudimentar, era efetivo em
aplicar insulina de maneira automática.
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Metas glicêmicas
Fator de sensibilidade
Relação insulina/carboidrato
Quantidade de carboidrato ingerida;
Glicemia no momento do cálculo;
Insulina ativa;
Eventos de saúde (transtorno pré-menstrual, exercícios, doença, estresse).
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Pessoas que não estejam dispostas a medir a glicemia capilar no mínimo três
vezes ao dia;
Pessoas que tenham problemas psiquiátricos ou distúrbios alimentares, como
anorexia nervosa e bulimia.
Tanto a bomba de infusão de insulina quanto a terapêutica com MDI são meios
efetivos e seguros para o tratamento intensivo do diabetes, com o objetivo de
obter níveis glicêmicos o mais próximo possível dos normais e melhora da
qualidade de vida.
Referências
Gary Scheiner et al. Diabetes Educ. (2009) Insulin pump therapy: guidelines
for successful outcomes
S Shalitin et al. Int J Clin Pract Suppl. (2011). Diabetes technology and
treatments in the paediatric age group
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Larissa Figueiredo
Esquemas de Insulinização no DM 2
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R/Ur 3x dia
Referências
Association and the European Association for the Study of Diabetes. Diabetes Care.
2015;38(1):140-9.
Garber AJ, Abrahamson MJ, Barzilay JI, Blonde L, Bloomgarden ZT, Bush MA et al.
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American College of Endocrinology on the comprehensive type 2 diabetes
management algorithm: 2019 executive summary. Endocr Pract. 2019;25 (1):69-
100.
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Inzucchi SE, Bergenstal RM, Buse JB, Diamant M, Ferrannini E, Nauck M et al.
Management of hyperglycemia in type 2 diabetes, 2015: a patient-centered
approach: update to a position statement of the American Diabetes
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Caso precise iniciar (associar) insulina, não utilize isso como ameaça ou como sinal
de falha pessoal ou punição. Educar e envolver o paciente no gerenciamento da
insulina é benéfico!
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À medida que a toxicidade da glicose for resolvida, simplificar o regime e/ou mudar
para agentes não-insulínicos geralmente é possível.
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Caso seja necessário “converter” insulina NPH bedtime para 2 x por semana:
fracionar na dose 2/3 pela manhã e 1/3 bedtime.
Referências:
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HbA1c não é confiável pois sofre viés associados a várias alterações que ocorrem
na IRC:
- Falsa elevação: hemoglobina carbamilada na uremia;
- Falsa redução: anemia e uso de eritropoietina.
Hemodiálise (HD)
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Linagliptina
Referências
Galindo RJ, Beck RW, Scioscia MF, Umpierrez GE, Tuttle KR. Glycemic Monitoring
and Management in Advanced Chronic Kidney Disease. Endocr Rev. 2020 Oct
1;41(5):756–74. doi: 10.1210/endrev/bnaa017. PMID: 32455432; PMCID:
PMC7366347.
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2003. | DOI: 10.1097/01.ASN.0000085590.83005.A0
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Larissa Figueiredo
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de canetas para aplicação também auxilia no tratamento dos pacientes com déficit visual ou
baixo alfabetismo em saúde pela facilidade de aplicação e possibilidade de cálculo da dose de
acordo com o clique emitido pelo dispositivo. A automonitorização é imprescindível e deve ser
estimulada.
É recomendado iniciar com insulina basal em esquema bed time podendo ser a insulina
NPH humana ao deitar-se, ou preferencialmente com análogos de ação prolongada (glargina
U100, glargina U300, detemir ou degludeca), na dose de 10 a 20 unidades. A titulação deverá
ser realizados a cada 3 ou 4 dias, com base nos resultados das glicemias capilares , em especial
de jejum, e/ou da hipoglicemia.
Se a hiperglicemia for mantida, deve-se iniciar uma segunda dose de NPH (antes do café
da manhã) ou, então, introduzir insulinas de ação rápida (regular) ou, preferencialmente, de
ação ultrarrápida (lispro, asparte ou glulisina), caso a hiperglicemia ocorra nos períodos pós-
prandiais.
Referências
CesariM, Calvani R, Marzetti E. Frailty in older persons. Clin Geriatr Med. 2017 Aug; 33 (3): 293-
303. https:// doi.org/10.1016/j.cger.2017.02.002
Munshi MN, Slyne C, Segal AR, Saul N, Lyons C, Weinger K. Simplification of insulin regimen in
older adults and risk of hypoglycemia. JAMA Intern Med. 2016 Jul; 176 (7):1023-5. https://
doi.org/10.1001/jamainternmed.2016.2288
Schwartz AV, Vittinghoff E, Sellmever DE, feingolg KR, Rekeneire N, Strotmeyer ES, et al. Diabetes
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(3): 391-6. https:// doi.org/10.2337/dc07-1152
Souza JG. O papel do alfabetismo em saúde no controle do diabetes em idosos.[tese]. São Paulo
: Universidade de São Paulo; 2017.
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Alvos de glicemia
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Tratamento
Em pacientes que os valores alterados da glicose ocorram em uma hora específica do dia, o
regime de insulina pode ser simplificado. Quando os valores elevados da glicose ocorrem apenas
no período pós-prandial do café da manhã, está indicado uso de insulina prandial
especificamente nessa refeição. Nas gestantes com valores elevados de glicose apenas em
jejum, o uso noturno de insulina de ação intermediária (NPH) é o mais adequado. Em ambos os
casos, as doses iniciais são inferiores, podendo ser entre 0,1 unidade/kg/dia e 0,2
unidades/kg/dia.
Reavaliações frequentes a cada 1-2 semanas para ajuste de doses, com avançar da gestação pode
ser necessário aumento progressivo das doses de insulina.
Após o parto:
DM Gestacional: suspender insulina e repetir TOTG na 4 e 12ª semanas após parto para
reclassificação.
Gestante com DM2: suspender insulina e avaliar retorno das medicações prévias e
compatibilidade com amamentação ou diminuir dose de insulina nas pacientes que já faziam
uso.
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Gestantes com DM1: diminuir dose de insulina, cuidado com hipoglicemia devido aumento da
sensibilidade a insulina e com a amamentação.
Referências:
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A meta glicêmica em ambiente hospitalar é de 140 – 180mg/dL para a maioria dos pacientes
críticos e não-críticos
Todos os pacientes hospitalizados devem realizar um teste de glicemia capilar (GC) à beira
do leito na admissão, independentemente do diagnóstico prévio de DM.
Todos os pacientes com história de DM ou hiperglicemia (> 140 mg/ dL) detectada na
admissão devem realizar imediatamente a dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c) para
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avaliar o controle prévio e orientar o planejamento da alta, desde que o exame não tenha
sido feito nos últimos 2 a 3 meses. Nos pacientes hiperglicêmicos sem DM prévio, níveis de
HbA1c ≥ 6,5% permitem estabelecer o diagnóstico de DM prévio à internação.
Pacientes sem história prévia de DM e GC admissional > 140 mg/ dL devem realizar
monitorização glicêmica por pelo menos 24 a 48 horas. Aqueles que permanecerem com GC
> 140 mg/ dL manterão o monitoramento de GC à beiro do leito e intervenção terapêutica
apropriada.
As metas glicêmicas devem ser mantidas entre 140 – 180mg/dL para a maioria dos
pacientes críticos e não-críticos, além disso, devem ser claramente registradas no
prontuário do paciente.
Alvos de glicemia mais rigorosos, entre 110 e 140 mg/ dL, podem ser considerados em
pacientes bem selecionados se não houver risco de hipoglicemia.
Pacientes com comorbidades graves e em situações em que a monitorização frequente de
glicemias for limitada, níveis mais elevados de glicemia podem ser aceitáveis (GC 180 – 250
mg/dL).
Já em pacientes terminais com pouca expectativa de vida, níveis glicêmicos acima de
250mg/dL podem ser aceitáveis.
Nos casos de hiperglicemia persistente ≥180mg/dL, a insulinoterapia é o tratamento de
primeira linha, obedecendo-se as metas terapêuticas a serem alcançadas.
Caso a glicemia capilar em uso de insulina, apresente valores abaixo de 100mg/dL, torna-
se necessária a reavaliação da terapia antidiabética afim de prevenir hipoglicemias. E,
naqueles casos em que surjam hipoglicemias (glicemia capilar < 70mg/dL), a redução da
dose é indicada.
O julgamento clínico e a avaliação do status clínico do paciente (evolução, estado
nutricional, gravidade da doença) devem ser levados em consideração nas decisões tomadas
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Monitorização Glicêmica
A GC à beira do leito é o método mais adequado para orientar o manejo glicêmico dos
pacientes hospitalizados.
Deve ser obtida através de glicosímetro calibrado e validado para uso hospitalar.
Devem ser seguidas normas de segurança, que definem tiras reagentes individualizadas e o
não compartilhamento de material.
Em quadros de anemia, acidose, hipoperfusão ou edema, torna-se mais confiável o resultado de
amostras provenientes de cateteres venosos ou arteriais, com o cuidado de não se contaminar
a amostra com soluções ricas em glicose infundidas próximo ao sítio de coleta.
Qualquer resultado de glicemia que não tenha correlação com a clínica do paciente deve ser
confirmada através de glicemia plasmática convencional.
As checagens de GC devem corresponder com a dieta e o regime de medicações adotadas.
Pacientes em dieta oral, a CG deve ser realizada antes das refeições e no período noturno (
23h), já aqueles em dieta enteral contínua, dieta parenteral e os que estão em jejum, a
medida da CG deve ser feita a cada 4 – 6 horas, a depender do tipo de insulina prandial
utilizada. Exemplo, a insulina prandial de ação rápida possui meia-vida de 6 horas, insulina
ultrarrápida possui meia-vida de 4 horas ( Tabela 1 ).
Pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), necessitam de controle glicêmico mais
intensivo com glicemias capilares pré e pós-refeições.
Não são recomendadas insulinas pré-mistura para uso intra-hospitalar
esquema basal-bolus pode ser instituído, utilizando-se como insulina basal, as de ação
prologada ( glargina ou detemir ) 1-2x ao dia ou a insulina de ação intermediária (NPH) 2 –
3x/dia. Para a cobertura prandial, temos como opções, a insulina de ação rápida ( regular )
ou ultrarrápida ( Lispro, asparte ou glulisina ) antes das principais refeições
Todos os pacientes não-críticos que já faziam uso de insulinoterapia em domicílio devem ser
tratados com esquema de insulina subcutânea e ter seu esquema ajustado conforme o
quadro clínico.
Terapia Farmacológica
Insulinoterapia
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O uso das tabelas progressivas de insulina conforme a glicemia (sliding scale) deve ser
abolido por agravar a variabilidade glicêmica e elevar a incidência de hipoglicemias.
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Preparo pré-operatório
1. Verificar HbA1c
2. Priorizar pacientes em insulinoterapia para cirurgias pela manhã
3. Suspender a me�ormina no dia da cirurgia e 48h antes de um exame contrastado
4. Suspender qualquer outro an�-diabé�co oral
5. Iniciar insulinoterapia naqueles pacientes que desenvolvem hiperglicemia (≥ 180
mg/dL)
6. O�mizar o controle glicêmico
Glicemia capilar considerada adequada no pré-operatório: 80 – 180 mg/ dL
7. Aplicar metade da dose da insulina NPH ou 60 - 80% da dose de análogo de ação
prolongada ou da dose basal da bomba de insulina na manhã do procedimento
8. Pode-se reduzir em 25% a dose de insulina basal dada na noite anterior da cirurgia em
pacientes com maior risco de hipoglicemia na manhã do procedimento (ex.: em
pacientes idosos, renais)
9. Realizar monitorização glicêmica a cada 4 a 6 horas se em “dieta zero” para correções
de glicemia em caso de insulina de ação ultrarrápida (lispro, asparte, glulisina) ou rápida
(regular), respec�vamente
10. Recomenda-se que todos os pacientes portadores de DM 1 que forem subme�dos a
cirurgias de pequeno e de grande porte recebam bolus de insulina (via subcutânea ou
infusão endovenosa) para se manter em meta glicêmica no período perioperatório.
11. Portadores de DM 1 devem manter a insulina basal, com redução da dose,
mesmo que o fornecimento da dieta seja descon�nuado.
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Nutrição Parenteral
O protocolo de tratamento de hipoglicemia deve ser aplicado de forma rápida e efetiva pela
equipe de enfermagem assim que diagnosticada
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O plano deve ter início já na admissão e ser atualizado conforme a evolução clínica do
paciente, devendo constar pelo menos:
Revisão das medicações utilizadas antes da internação para evitar que medicações de uso
crônico sejam interrompidas e garantir a segurança da nova prescrição
Revisão das novas prescrições e/ou alterações de medicamentos durante a internação com
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Fluxograma 13. Ajuste de terapia na alta hospitalar baseado na hemoglobina glicada (HbA1c)
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Referências
American Diabetes Association. 15. Diabetes Care in the Hospital: Standards of Medical Care
in Diabetes—2022. Diabetes Care, [s.l.], v. 45, n. 1, p.244 - 253, 16 dez. 2021. American
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Umpierrez GE, Isaacs SD, Bazargan N, You X, Thaler LM, Kitabchi AE. Hyperglycemia: An
independent marker of in-hospital mortality in patients with undiagnosed diabetes. J Clin
Endocrinol Metab. 2002;
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Hipoglicemia no Diabetes
Sinais e Sintomas mais frequentes: tonturas, cefaléia, parestesias, confusão mental, alteração
no comportamento, taquicardia, palpitações, sudorese, tremores e fome.
Hipoglicemia grave
Tratamento:
1 colher sopa de açúcar ou mel (mel só pode ser utilizado em pacientes acordados)
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Prevenção:
Automonitorização com glicemia capilar ou Monitorização Contínua da Glicose (CGM)
Consultas regulares para ajuste de doses de insulina e medicações.
Referencias:
American Diabetes Association. Diabetes Care in the Hospital: Standards of Care in Diabetes—
2023. Diabetes Care.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2109- 2020. Hipoglicemia hospitalar. SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES.
Vilar L. Endocrinologia Clínica. Crises hiperglicêmicas e hipoglicemia. Sétima edição, 2020.
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