Você está na página 1de 87

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

DAVI HELDER DE VASCONCELOS JUNIOR

DIABETES MELLITUS: REVISÃO DE LITERATURA E PERFIL


EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS EM UM
AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA DA ZONA NORTE DO
ESTADO DO CEARÁ

Piracicaba
2020
2

DAVI HELDER DE VASCONCELOS JUNIOR

DIABETES MELLITUS: REVISÃO DE LITERATURA E PERFIL


EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS EM UM
AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA DA ZONA NORTE DO
ESTADO DO CEARÁ

Dissertação de Mestrado Profissional


apresentada à Faculdade de Odontologia de
Piracicaba, da Universidade Estadual de
Campinas, como parte dos requisitos exigidos
para obtenção do título de Mestre em Gestão e
Saúde Coletiva.

Orientadora: ELAINE PEREIRA DA SILVA TAGLIAFERRO

ESTE TRABALHO CORRESPONDE


À VERSÃO FINAL DA
DISSERTAÇÃO DEFENDIDA
PELO ALUNO DAVI HELDER DE
VASCONCELOS JUNIOR E
ORIENTADA PELA PROFA. DRA.
ELAINE PEREIRA DA SILVA
TAGLIAFERRO.

Piracicaba
2020
3
4
5

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação inteiramente a todos os pacientes diabéticos que veem em nós,
profissionais de saúde, a esperança de dias melhores, no que diz respeito à sua saúde física e
mental.
6

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, na pessoa do Reitor Prof. Dr.


Marcelo Knobel, e à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, na pessoa do Diretor Prof. Dr.
Francisco Haiter Neto pela oportunidade de realizar o curso.
À coordenação do programa de mestrado profissionalizante, na pessoa de sua
coordenadora Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra.
À minha orientadora Profa. Dra. Elaine Pereira da Silva Tagliaferro, com quem
compartilhei minhas dúvidas e angústias a respeito do tema, mas principalmente pelo
incentivo durante todo o projeto.
Aos meus professores Profa. Dra. Bruna Verna Castro Gondinho, Profa. Dra.
Chrislene Carvalho dos Santos Pereira Cavalcante, Profa. Dra. Cyntia Monteiro Vasconcelos,
Profa. Dra. Denise de Fátima Barros Cavalcante, Prof. Dr. Antônio Carlos Pereira, Profa. Dra.
Luciane Miranda Guerra, Prof. Dr. Marcelo de Castro Meneghim, Prof. Dr. Eduardo César
Almada Santos, Prof. Dr. Manoelito Ferreira Silva Júnior, Profa. Dra. Jaqueline Vilela
Bulgareli e à bibliotecária Ana Cristina Jorge, que participaram direta ou indiretamente para o
sucesso deste trabalho.
À minha família, em especial à minha esposa Jaciara Pereira Vasconcelos e aos meus
filhos Thayssa Mayra Vasconcelos, Emília Mayra Vasconcelos e Davi Helder de Vasconcelos
Neto por compreenderem as várias horas em que estive ausente por causa do desenvolvimento
deste trabalho. Ao meu querido e amado pai Davi Helder de Vasconcelos, que me auxiliou
quase como coorientador dessa jornada.
À Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e aos diretores da Policlínica Bernardo
Félix da Silva, que permitiram a coleta dos dados dos prontuários do Ambulatório de
Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral.
Aos participantes da banca Profa. Dra. Karine Laura Cortellazzi Mendes, Profa. Dra.
Fernanda Lopez Rosell, Profa. Dra. Glaucia Maria Bovi Ambrosano e Profa. Dra. Inara
Pereira da Cunha.
7

RESUMO

O diabetes mellitus faz parte de um grupo de doenças que comprometem grandemente a


qualidade de vida das pessoas em todo o mundo, por causar danos à saúde que podem levar a
complicações graves. Esta dissertação é composta por dois artigos: o primeiro teve como
objetivo revisar a literatura acerca dos temas diabetes mellitus, neuropatia e pé diabético
(Artigo 1); e o segundo descrever o perfil epidemiológico e os fatores associados ao diabetes
mellitus e ao pé diabético entre pacientes diabéticos atendidos em um ambulatório de
endocrinologia de um município do interior cearense (Artigo 2). No primeiro, realizou-se uma
revisão narrativa da literatura através da consulta nos portais das revistas, entre eles: Capes,
BVS, PUBMED, publicados na última década. As palavras-chave utilizadas foram diabetes,
perfil epidemiológico, assistência ao paciente. Os resultados da revisão de literatura indicam
que o Diabetes Mellitus (DM), um problema de saúde pública, é uma doença crônica que
ainda se configura como uma epidemia mundial e um grande desafio para os sistemas de
saúde de todo o mundo. A neuropatia diabética é uma das principais gravidades do DM. As
lesões plantares dos diabéticos costumam ser o resultado de uma diversidade de alterações
metabólicas, vasculares e neuropáticas, que agem de forma sinérgica, acometendo os pés dos
pacientes. O artigo 2 tratou-se de um estudo observacional, do tipo transversal, com a
utilização de dados secundários existentes, coletados em prontuários médicos de pacientes
diabéticos atendidos no ambulatório de endocrinologia de uma macrorregião de saúde do
estado do Ceará, com 24 municípios do Governo do Estado do Ceará em Sobral (CE), no
período 2018-2019. As variáveis de desfecho foram: presença de pé diabético e presença de
diabetes tipo 2, e as variáveis independentes foram sexo, idade, local da residência, estado
civil, nível socioeconômico, peso, altura, situação nutricional, colesterol alto, hipertensão,
hemoglobina glicada, glicemia em jejum, antidiabético oral, insulina, anti-hipertensivo,
hipolipemiante. Os dados foram analisados inicialmente de forma descritiva, com as variáveis
quantitativas expressas em média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo e as
variáveis categóricas expressas em frequências e porcentagens. Foram realizadas análises de
regressão logística simples e múltipla, sendo a presença de pé diabético e a presença de
diabetes tipo 2 consideradas como desfechos. A partir dos modelos de regressão foram
estimados os odds ratios brutos e ajustados com os respectivos intervalos de 95% de
confiança. Foram testadas, nos modelos múltiplos, todas as variáveis com p<0,20 nas análises
simples e permaneceram no modelo final aquelas com p≤0,05 após os ajustes. Os resultados
mostraram que as médias de idade e de peso foram 56,97 anos e 67,0 kg, respectivamente. A
maioria era do sexo feminino (65,0% = 117), 40,0% (72) apresentava sobrepeso e 29,4% (53)
era obesa. Cerca de 4,4% (8) são pré-diabéticos, 4,4% (8) apresentam diabetes tipo 1, 91,1%
(164) diabetes tipo 2 e 13,9% (25) tinham pé diabético. Metade da amostra (50%=90)
apresentou colesterol alto e 59,4% (107) hipertensão. Pé diabético foi observado em 15,2%
(25) dos participantes com diabetes tipo 2 e em nenhum participante com pré-diabetes ou
diabetes tipo 1. Não houve evidência de associação entre a presença do pé diabético e as
variáveis sociodemográficas e clínicas (p>0,05). Para a variável de desfecho diabetes tipo 2,
os voluntários idosos (a partir de 60 anos) ou com hipertensão têm, respectivamente, 5,62
(IC95%: 1,20-26,29) e 5,55 (IC95%: 1,48-20,78) vezes mais chance de apresentar a doença
(p<0,05). Conclui-se, a partir da revisão de literatura, que o DM ainda é um grande desafio
para os sistemas de saúde, que a neuropatia diabética é uma das principais complicações do
DM e que as lesões plantares dos diabéticos resultam de algumas alterações sistêmicas e
sinérgicas. A partir do estudo transversal, pode-se inferir que o diabetes mellitus tipo 2 foi o
mais frequente e esteve significativamente associado à idade maior de 60 anos e à presença de
hipertensão. Pé diabético foi observado na minoria dos pacientes.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Pé diabético. Assistência ao paciente. Prontuário Médico.
8

ABSTRACT

Diabetes mellitus is part of a group of diseases that greatly affect the quality of life of people
worldwide, as it causes health damage that can lead to serious complications. This
dissertation consists of two articles: the first aimed to review the literature on the themes of
diabetes mellitus, neuropathy and diabetic foot (Article 1); and the second describes the
epidemiological profile and factors associated with diabetes mellitus and diabetic foot among
diabetic patients seen at an Endocrinology Clinic in a city in the interior of Ceará (Article 2).
In the first, a narrative review of the literature was carried out by consulting the magazines'
portals, including: Capes, BVS, PUBMED, published in the last decade. The keywords used
were diabetes, epidemiological profile, and patient care. The results of the literature review
indicate that Diabetes Mellitus (DM), a public health problem, is a chronic disease that is still
a global epidemic and a major challenge for health systems worldwide. Diabetic neuropathy
is one of the main severities of DM. The plantar lesions of diabetics are usually the result of a
diversity of metabolic, vascular and neuropathic alterations, which act synergistically,
affecting patients' feet. Article 2 was an observational, cross-sectional study, using existing
secondary data, collected from medical records of diabetic patients treated at the
Endocrinology Outpatient Clinic of a health macro-region in the state of Ceará, with 24
municipalities of the Government of the State of Ceará in Sobral (CE), in the 2018-2019
period. The outcome variables were presence of diabetic foot and presence of type 2 diabetes
and the independent variables were: sex, age, place of residence, marital status,
socioeconomic status, weight, height, nutritional status, high cholesterol, hypertension,
glycated hemoglobin, fasting blood glucose, oral antidiabetic, insulin, anti-hypertensive,
hypolipemic. The data were initially analyzed in a descriptive way, with the quantitative
variables expressed in average, standard deviation, median, minimum and maximum value
and the categorical variables expressed in frequencies and percentages. Simple and multiple
logistic regression analyses were performed, with the presence of diabetic foot and the
presence of type 2 diabetes considered as outcomes. From the regression models, the gross
odds ratios were estimated and adjusted with the respective 95% confidence intervals. All
variables with p <0.20 in simple analyses were tested in the multiple models and those with
p≤0.05 after the adjustments remained in the final model. The results showed that the mean
age and weight were 56.97 years and 67.0 kg, respectively. Most were female (65.0%),
40.0% were overweight and 29.4% were obese. About 4.4% are pre-diabetic, 4.4% have type
1 diabetes, 91.1% type 2 diabetes and 13.9% had diabetic foot. Half of the sample (50%) had
high cholesterol and 59.4% had hypertension. Diabetic foot was observed in 15.2% of
participants with type 2 diabetes and in no participant with pre-diabetes or type 1 diabetes.
There was no evidence of an association between the presence of diabetic foot and
sociodemographic and clinical variables (p> 0, 05). For the type 2 diabetes outcome variable,
elderly volunteers (from 60 years old) or with hypertension have, respectively, 5.62 (95% CI:
1.20-26.29) and 5.55 (95% CI: 1.48-20.78) times more likely to present the disease (p <0.05).
It is concluded, from the literature review, that DM is still a major challenge for health
systems, that diabetic neuropathy is one of the main complications of DM, and that diabetic
plantar lesions result from some systemic and synergistic changes. From the cross-sectional
study, it can be inferred that type 2 diabetes mellitus was the most frequent and was
significantly associated with age over 60 years and the presence of hypertension. Diabetic
foot was observed in the minority of patients.
Keywords: Diabetes Mellitus. Diabetic foot. Patient care. Medical records.
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 ARTIGOS 12

2.1 Artigo: O Diabetes mellitus, a neuropatia diabética e o pé diabético: uma revisão


narrativa 13
2.2 Artigo: Perfil epidemiológico de pacientes com Diabetes mellitus de um ambulatório
de endocrinologia do SUS no Ceará 35

3 DISCUSSÃO 64

4 CONCLUSÃO 66

REFERÊNCIAS 67

Apêndice 1– Solicitação de dispensa de Termo de Consentimento Livre Esclarecido


(TCLE) 69

ANEXOS 70

Anexo 1 – Roteiro da Pesquisa 70

Anexo 2 – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa 72

Anexo 3 – Relatório de Originalidade 82

Anexo 4 – Submissão do artigo intitulado “O Diabetes mellitus, a neuropatia diabética e


o pé diabético: uma revisão narrativa” na revista Texto & Contexto Enfermagem
89
10

1 INTRODUÇÃO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica, de caráter crônico e evolutivo,


caracterizada por hiperglicemia resultante de defeito na ação ou na produção de insulina. O
diagnóstico do DM normalmente é realizado quando o paciente se encontra com a taxa de
glicose no sangue (hiperglicemia) acima do que é tolerado, ou seja, maior ou igual que 110
mg/dL1.

Atualmente, a doença já apresenta características de uma epidemia mundial2. No


Brasil, representa 5,2% das mortes e afeta especialmente as populações vulneráveis, como
idosos e pessoas de baixa renda e escolaridade. A taxa de mortalidade por DM, em 2011, foi
de 33,7 óbitos a cada 100 mil habitantes, e as hospitalizações por DM representaram 9% dos
gastos hospitalares do sistema de saúde brasileiro, neste mesmo ano3. Em termos globais, o
DM foi responsável por 4,9 milhões de mortes e 11% do gasto total mundial com a saúde de
adultos em 2014, revelando um custo estimado em 612 milhões de dólares4.

De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, há cinco tipos


de diabetes5.

O Diabetes tipo 1 é uma doença crônica, hereditária, não transmissível e acomete


entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. Sua causa ainda é desconhecida, sendo
preferível preveni-la com a prática de vida saudável. Seu aparecimento, em geral, é durante a
infância ou adolescência, mas pode ocorrer na fase adulta também. Pessoas com familiares
próximos, que têm ou tiveram a doença, devem realizar os exames constantemente para
acompanhar a glicose no sangue5.

O Diabetes tipo 2 acontece quando o corpo não aproveita corretamente a insulina


produzida. Esse tipo de diabetes está totalmente relacionado ao excesso de peso, hábitos
alimentares inadequados e sedentarismo. Aproximadamente 90% das pessoas diabéticas no
Brasil têm esse tipo. Sua manifestação é mais frequente em adultos, mas também pode ocorrer
em crianças. De acordo com a gravidade, pode ser controlado com planejamento alimentar e
atividade física. Em alguns casos, exige-se o uso de insulina e/ou outros medicamentos para o
controle da glicose. Infelizmente, na maior parte dos casos, o diagnóstico do diabetes mellitus
tipo 2 tem sido realizado tardiamente5-7.
11

O Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA) afeta aproximadamente 2% da


população de adultos e expressa o agravamento do diabetes tipo 2. Identifica-se,
principalmente, no desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que inicia um
ataque das células do pâncreas e ocorre geralmente em adultos5.

O Diabetes gestacional acontece temporariamente durante a gravidez. O açúcar no


sangue encontra-se acima do normal, mas inferior ao valor para ser classificada como diabetes
tipo 2. Todas as gestantes devem realizar o exame de diabetes, periodicamente, ao longo do
pré-natal5.

O Diabetes insipidus central tem várias causas, incluindo tumor cerebral, lesão
cerebral, cirurgia cerebral, tuberculose e algumas formas de outras doenças. Os sintomas
principais são sede excessiva e produção de urina excessiva. O diagnóstico toma por base o
resultado de exames de urina, exames de sangue e do teste de privação hídrica. As pessoas
com diabetes insipidus central normalmente recebem os medicamentos vasopressina ou
desmopressina5.

O principal fator de risco para diabetes tipo 2, o mais comum entre os pacientes
diabéticos, é a obesidade. Outros fatores que podem influenciar o aparecimento e/ou a
duração do DM são gênero, etnia, nível educacional, vida urbana, emprego e estado civil8.

Ao se conhecer o perfil de pacientes com diabetes mellitus em nível ambulatorial,


pode-se contribuir para a identificação dos indivíduos ou de grupos populacionais que tenham
características singulares e que se beneficiariam de políticas públicas para promoção de saúde
e para prevenção do diabetes mellitus tipo 2, uma vez que é o tipo mais prevalente.

Esta dissertação, composta por dois artigos, teve como objetivos: a) revisar a
literatura acerca dos temas diabetes mellitus, neuropatia e pé diabético (Artigo 1); e b)
descrever o perfil epidemiológico e os fatores associados ao diabetes mellitus e ao pé
diabético entre usuários atendidos em um ambulatório de endocrinologia de um município do
interior cearense (Artigo 2).
12

2 ARTIGOS

Esta dissertação está baseada na Resolução CCPG/002/06/UNICAMP, que


regulamenta o formato alternativo de impressão das Dissertações de Mestrado, permitindo a
inserção de artigos científicos de autoria do candidato. Por se tratar de estudo envolvendo
seres humanos, o projeto de pesquisa deste trabalho foi submetido à apreciação do Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo sido aprovado sob protocolo CAAE nº:
05221918.0.0000.5418 e Parecer 3.140.226 (Anexo 2). Os artigos serão submetidos às
Revistas Texto e Contexto Enfermagem e Cogitare Enfermagem.
13

2.1 Artigo

Título do Artigo: O Diabetes mellitus, a neuropatia diabética e o pé diabético: uma revisão


narrativa

Davi Helder de Vasconcelos Junior


Médico, aluno do Curso de Mestrado de Gestão e Saúde Coletiva, na Área de Gestão e Saúde
Coletiva da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas.

Elaine Pereira da Silva Tagliaferro


Professor Doutor. Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Odontologia,
Araraquara, SP, Brasil.
14

O DIABETES MELLITUS, A NEUROPATIA DIABÉTICA E O PÉ DIABÉTICO: UMA


REVISÃO NARRATIVA1

RESUMO

OBJETIVO: Revisar a literatura acerca das complicações do diabetes mellitus (DM)


advindas da neuropatia diabética (ND) e do pé diabético. MÉTODO: A pesquisa
bibliográfica sobre os temas da revisão narrativa da literatura foi realizada em artigos
publicados nas bases de dados dos portais das revistas, entre eles: Capes, BVS,
PUBMED, que tratam da temática, e documentos oficiais referentes ao DM.
RESULTADOS: Os resultados da revisão de literatura indicam o DM como um problema
de saúde pública. É uma doença crônica que ainda se configura como uma epidemia
mundial e um grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. A ND é uma
das principais gravidades do DM. As lesões plantares dos diabéticos costumam ser o
resultado de uma diversidade de alterações metabólicas, vasculares e neuropáticas, que
agem de forma sinérgica, acometendo os pés dos pacientes. CONCLUSÃO: Esta revisão
de literatura, ao trazer uma síntese do conhecimento e das pesquisas produzidas na
última década, mostrou que o DM ainda é um grande desafio para os sistemas de saúde,
que a neuropatia diabética é uma das principais complicações do DM e que as lesões
plantares dos diabéticos resultam de algumas alterações sistêmicas e sinérgicas.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes mellitus. Diabetes Mellitus Tipo 2. Complicações do


Diabetes. Pé diabético. Assistência ao Paciente.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To review the literature on the complications of diabetes mellitus (DM)


resulting from diabetic neuropathy (DN) and diabetic foot. METHOD: The bibliographic
research on the subjects of the narrative review of the literature was carried out in articles
published in the databases of the magazines' portals, including: Capes, BVS, PUBMED,
which deal with the theme, and official documents related to the DM. RESULTS: The
results of the literature review indicate DM as a public health problem. It is a chronic
disease that is still a global epidemic and a major challenge for health systems around the
world. DN is one of the main severities of DM. The plantar lesions of diabetics are usually
the result of a diversity of metabolic, vascular and neuropathic alterations, which act
synergistically, affecting patients' feet. CONCLUSION: This literature review, by bringing a
synthesis on the knowledge and research produced in the last decade, showed that DM is
still a major challenge for health systems, that diabetic neuropathy is one of the main
complications of DM, and that plantar injuries of diabetics result from some systemic and
synergistic changes.
KEYWORDS: Diabetes mellitus. Type 2 Diabetes Mellitus. Complications of Diabetes.
Diabetic foot. Patient Assistance.

1 Este artigo segue as normas da Revista Texto e Contexto – Enfermagem.


15

O DIABETES MELLITUS, A NEUROPATIA DIABÉTICA E O PÉ DIABÉTICO: UMA


REVISÃO NARRATIVA

INTRODUÇÃO
O Diabetes mellitus (DM) apresenta alta morbimortalidade e diminui
significativamente a qualidade de vida dos indivíduos 1, gerando consequências de cunho
econômico, social e psicológico2. É uma das causas principais de insuficiência renal, de
amputação de membros inferiores, cegueira e doenças cardiovasculares3. Por sua vez,
mudanças de hábitos de vida, incluindo a ingestão de dieta balanceada, a prática de
atividade física e o uso de terapêutica medicamentosa ajudam a manutenção de um bom
controle metabólico entre os portadores de DM1.
A doença está entre as dez principais causas de morte em todo o mundo e tem
sido considerada uma das principais epidemias globais do século XXI 4. É uma
enfermidade crônica muito comum, revelando-se um problema crescente de saúde
pública5.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), estima-se que, em todo o
mundo, o diabetes afeta 382 milhões de pessoas, e a previsão é que, até 2035, este
número cresça para 592 milhões de pessoas. Tal crescimento acontece devido a uma
variedade de fatores, em especial ao aumento e ao envelhecimento da população, ao
ritmo acelerado da urbanização, como também aos índices maiores de obesidade e de
sedentarismo. Tem sido relatado que cerca de 80% das pessoas com DM vivem em
países em desenvolvimento6.
No Brasil, é estimado que cerca de 5% da população adulta possui DM, sendo 7%
da população entre 30 e 69 anos e 18% acima de 65 anos 7. Em 2030, estima-se que o
Brasil apresentará uma população de, aproximadamente, 11,3 milhões de diabéticos, e
esse aumento acontecerá, especialmente, nas pessoas com faixas etárias mais
avançadas. Metade da população afetada não terá conhecimento do diagnóstico 8.
Ressalta-se que as principais complicações do DM são a neuropatia e o pé diabético.
Assim, este estudo tem como objetivo revisar a literatura acerca das complicações
do diabetes mellitus (DM) advindas da neuropatia diabética (ND) e do pé diabético.

MÉTODO
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura. A pesquisa bibliográfica sobre os
temas da revisão da literatura foi realizada em artigos publicados nas bases de dados da
16

Capes, BVS, PUBMED, que tratam da temática, e documentos oficiais nacionais do


Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Diabetes referentes ao protocolo e à
assistência direcionados ao DM, além de documentos da Organização Mundial da Saúde
(OMS). Foram incluídos artigos publicados na última década, em português e inglês.
Foram excluídas as publicações que apresentavam apenas o resumo ou que não
possibilitavam o acesso para leitura completa e que não atendiam aos fatores de inclusão.
Para esta revisão, foram usadas as seguintes palavras-chave: diabetes, complicações,
assistência ao paciente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram utilizadas publicações em língua portuguesa e inglesa, além de documentos
oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, da Organização Mundial da Saúde e da
Sociedade Brasileira de Diabetes. Foram excluídos as publicações e os documentos
oficiais que não condiziam com o objetivo desta produção.

Diabetes Mellitus
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que ainda se configura como um
flagelo mundial e um grande problema mundial para os sistemas de saúde, sendo os
países desenvolvidos ou não. A estimativa é de que, no mundo, são mais de 180 milhões
de pessoas que possuem DM, e este total será, possivelmente, maior que o dobro no ano
de 2030, de acordo com as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) 9. No
Brasil, estima-se que cerca de 5% da população adulta brasileira possui DM, e essa
porcentagem é de cerca de 7,6% entre indivíduos de 30 e 69 anos 12 e de 18% entre os
que têm mais de 65 anos8. O Brasil terá uma população, possivelmente, de 11,3 milhões
de diabéticos até 2030, e tal crescimento acontecerá, especialmente, nas faixas etárias
mais adiantadas. Adicionalmente, metade da população afetada não conhece o
diagnóstico10.
Os fatores responsáveis pela incidência e pela prevalência do DM em todo o
mundo incluem: o aumento e o envelhecimento da população, o ritmo acelerado da
urbanização, como também os índices maiores de obesidade e de sedentarismo e os
hábitos de vida pouco saudáveis com a alimentação 9. Por sua vez, mudanças de hábitos
de vida, tais como o consumo de dieta balanceada, a prática de atividade física e o uso da
terapêutica medicamentosa ajudam a manutenção de um bom controle metabólico 1.
17

O DM apresenta alta morbimortalidade e diminui de maneira significativa a


qualidade de vida dos indivíduos, uma vez que interfere em todas as suas dimensões da
vida3. Constitui umas das principais causas de insuficiência renal a amputação de
membros inferiores, como também de cegueira e doenças cardiovasculares 1. No Brasil, o
DM representa 5,2% das causas de mortes e afeta especialmente as populações
vulneráveis, como idosos e pessoas de baixa renda e escolaridade 11. Em 2010, o índice
de mortalidade por complicações agudas foi de 2,45 óbitos por 100 mil habitantes, sendo
de 0,29 por 100 mil habitantes entre os menores de 40 anos de idade12.
Assim, pelo fato de o DM ser considerado uma das doenças crônicas que trazem
maiores consequências para o sistema de saúde pública, devido ao seu alto grau de
morbimortalidade decorrente de suas complicações crônicas macrovasculares, incluindo o
infarto do miocárdio, o acidente vascular encefálico e a gangrena periférica, o DM passou
a ser uma prioridade para a saúde pública no que diz respeito à sua prevenção e às suas
complicações. Controlar tais complicações faz com que o DM se torne uma doença muito
dispendiosa não somente para as pessoas afetadas e seus pares, como para o sistema
de saúde3-13.
De fato, o DM foi responsável por 11% do gasto total mundial com a saúde de
adultos, revelando um custo estimado em 612 milhões de dólares e provocando ainda 4,9
milhões de mortes no mundo em 20148. Os gastos das hospitalizações que são atribuídas
ao DM representam 9% do sistema de saúde brasileiro.
Dentre os tipos de diabetes existentes, como o Diabetes tipo 1, Diabetes Latente
Autoimune do Adulto, Diabetes gestacional, Diabetes insipidus central, o Diabetes tipo 2 é
o mais prevalente, ocorrendo em aproximadamente 90% das pessoas diabéticas no
Brasil14. Quando o indivíduo tem a patologia do Diabetes mellitus tipo 2 (DMT2), o
pâncreas produz a insulina, mas é incapaz de utilizar toda a insulina secretada, fazendo
com que os níveis de açúcares continuem altos no sangue, chamado de natureza
hiperglicêmica crônica, mas também conhecido como resistência à insulina, e
apresentem-se com variações no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas13.
A resistência à insulina provoca a disfunção endotelial e está associada à
maximização de proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK), a qual permeia a
capacidade migratória das células endoteliais pró-trombóticas, que é o fator de risco para
alojamento de placas ateromatosas15.
Estas placas implicam a liberação de substâncias necessárias para o ajuste da
árvore sanguínea que, por sua vez, ajustam o tônus vascular, a agregação plaquetária, a
18

coagulação e a fibrinólise, que são provocados pela perda da biodisponibilidade do óxido


nítrico (NO), que é um significativo vasodilatador. Todo este processo culmina para que o
indivíduo tenha uma pressão arterial maximizada. E, quando todos estes fatores estão
associados à resistência à insulina e aos ácidos graxos livres, tornam-se
potencializadores da lipólise, reduzindo a sinalização para insulina e aumentando a
produção hepática de glicose15.
Todo o processo acima descrito é de doenças crônicas, ou seja, hipertensão e
diabetes que maximizam as doenças cardiovasculares. O crescente aumento destas
patologias fez com que o Ministério da Saúde criasse, em 2002, o Plano de
Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (HIPERDIA), para
que houvesse um acompanhamento constante dos usuários portadores dessas patologias
através de estratégias e ações16, por meio da Atenção Primária à Saúde desenvolvendo
ações de autocuidado direcionadas para essa população. O HIPERDIA representa uma
ferramenta importante para melhorar a prática de atendimento aos usuários hipertensos e
diabéticos, possibilitando o conhecimento da situação e o mapeamento dos riscos para
potencializar a atenção a estas pessoas e diminuir os fatores condicionantes de
complicações das doenças através de toda a equipe multiprofissional que compõe a
Estratégia Saúde da Família.
Sabe-se que tanto a hipertensão quanto o DM são Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT) e, segundo a Organização Mundial de Saúde17, são atualmente a
maior causa de mortalidade do mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde com base
no Sistema de Informação de Mortalidade revelam que as DCNT foram responsáveis, em
2015, por 51,6% do total de óbitos na população de 30 a 69 anos no Brasil 18.
Por isso, a importância do acompanhamento do diabético pela Estratégia Saúde da
Família (ESF) através do HIPERDIA, pois é o momento em que os usuários são
convidados a participarem de uma reunião, na Unidade de Saúde, e ouvirem palestras de
educação em saúde sobre DNCT, como também são incentivados a praticarem exercícios
físicos e a realizarem uma alimentação saudável. É nesta reunião entre os profissionais
da ESF que os usuários realizam a aferição de pressão e do índice de glicose, como
também é disponibilizada a dispensação dos medicamentos.

Neuropatia diabética
A Neuropatia diabética (ND) é uma das complicações crônicas do Diabetes Mellitus
(DM). Ela integra um grupo de diversas manifestações clínicas ou subclínicas, que afetam
19

o sistema nervoso periférico (SNP). Pode se apresentar de diversas formas clínicas,


mecanismos fisiopatológicos, instalação e evolução. A ND é determinada através da
presença de sinais ou sintomas de disfunção neurológica depois da exclusão de outras
causas19.
Dessa maneira, é necessário que sejam realizadas ações de avaliação precoce e
de autocuidado, tais como realizar uma alimentação balanceada sob supervisão de uma
equipe multiprofissional, ter cuidado com os pés, dentre outras, podendo assim
diagnosticar antecipadamente as complicações e interferir de maneira a preservar a
funcionalidade do paciente com DM15. O surgimento da insulina como tratamento do DM,
na década de 1930, trouxe progresso para a minimização da prevalência da ND uma vez
que os pacientes com diabetes vieram a ter uma maior expectativa de vida 19.
Entre os diversos estudos realizados, o de Fagerberg, em 1959, foi um dos que
comprovaram a existência relacionada da ND com outras complicações microvasculares,
como a nefropatia e a retinopatia diabéticas. Diante de um imensurável número de
pessoas com DM, a predominância de ND vem seguindo este aumento e já aparece como
a principal causa de neuropatia periférica em países desenvolvidos. O seu destaque
acontece por ser a complicação microvascular mais predominante, sendo estimado que
ao menos 50% dos pacientes diabéticos estejam propensos a desenvolver esta
neuropatia em algum momento de sua evolução clínica 20.
A polineuropatia simétrica distal é a forma clínica mais comum de ND e que
normalmente não apresenta sintomas. Cerca de 50% dos pacientes revelam algum tipo
de sintoma neuropático, mostrando-se na maior parte sintomas sensitivos. Cerca de 20%
dos pacientes com ND apresentam dor neuropática, acarretando bastante diminuição da
qualidade de vida e capacidade funcional. A ND é um dos fatores de risco considerável
para úlceras, deformidades, amputações de membros inferiores e para o progresso de
outras complicações microvasculares. Além disso, maximiza os índices de internações
hospitalares e o índice de mortes por problemas cardiovasculares em pessoas diabéticas
em consequência do acometimento autonômico. Em 2013, foi estimado que, nos Estados
Unidos da América, houve um gasto anual referente à ND e às suas complicações de
cerca U$10,9 bilhões, e esse gasto foi maior para os pacientes que apresentavam a forma
dolorosa19.
Desde quando Leyden, em 1893, sugeriu a primeira classificação para ND,
diversas outras formas de classificação vieram sendo sugeridas, e as mais acolhidas nos
dias atuais são: a classificação que tem como base as apresentações clínicas publicadas
20

por Thomas (1997) e a classificação segundo o seu mecanismo fisiopatológico que foi
sugerido por Dyck e Giannini (1996). Vale destacar que, embora se subdividam
didaticamente em formas clínicas diferenciadas, essas apresentações podem encontrar-
se concomitantemente em um mesmo paciente durante sua evolução15.
Existem diferentes padrões clínicos da ND, tais como: A) Polineuropatia simétrica
distal, B) Radiculoplexopatias, C) Neuropatias focais compressivas, D) Neuropatia
autonômica21.
Embora sejam subdivididas em formas clínicas distintas, é mister destacar que
essas apresentações podem coexistir, durante sua evolução, em um mesmo paciente 22.
❖ Formas Assimétricas ou Focal e Multifocal
• Mononeuropatias agudas: De acordo com pesquisa realizada por Vinik e
Mehrabyan em 2004, esta lesão já se inicia na forma aguda podendo ser em um ou mais
nervos, e estes sinais se apresentam concomitantemente aos sintomas sensitivos – tais
como dor e parestesias – e aos sintomas motores no percurso do nervo. Os pacientes
mais idosos apresentam maior prevalência, sendo a causa principal a obstrução vascular,
por conseguinte, isquemia das fibras nervosas. Normalmente, apresenta-se com curso
autolimitado, mas, clinicamente, com boa evolução, tendo uma recuperação aprazada em
seis a oito semanas. De forma mais usual, os nervos mais afetados são os cranianos
como o oculomotor, troclear e facial, mas também os nervos periféricos, tais como os
ulnares e fibulares19.
• Mononeuropatias compressivas crônicas: Inicialmente, os sintomas não são bem
definidos, contudo revela sintomas sensitivos, e, em suas formas mais graves, acomete
a parte motora, em locais específicos de compressão como, por exemplo, o nervo
mediano no punho, ulnar no cotovelo, fibular comum na cabeça da fíbula e nos nervos
plantares lateral e medial na síndrome do túnel do tarso. A predominância em que ela se
apresenta é até três vezes maior que na maioria da população. Sua patogênese advém
de micro traumas, concomitantemente ao edema perineural, secundário às alterações
metabólicas do Diabetes Mellitus, que acabam com a compressão do nervo. O seu curso
normal é progressivo, mas pode evidenciar formas graves motoras, que podem
necessitar de intervenções cirúrgicas19.
• Radiculoplexoneuropatias (RPNP): Estas são apresentadas de forma sensitivo-
motoras assimétricas. As Radiculoplexoneuropatias iniciam de forma aguda, envolvendo
segmentos proximais e distais. Sua evolução normalmente apresenta intensos sintomas
21

dolorosos e incapacitantes, mas pode se apresentar com sintomas autonômicos em até


50% dos casos. As Radiculoplexoneuropatias podem acometer, tanto isoladamente como
em conjunto, os segmentos cervicobraquiais, torácicos, abdominais ou lombossacral 24.
Sua fisiopatologia possa estar intimamente relacionada a mecanismos
imunopáticos, uma vez que já foram demonstrados, em 2004 na pesquisa de Said, sinais
de microvasculite e, por conseguinte, lesão isquêmica em biópsias de nervos periféricos
dos membros inferiores19.
Apesar de o acometimento das fibras nervosas se apresentar com gravidade, o
prognóstico normalmente é bom, sem necessidade de realização de terapêutica. Contudo,
não está claro na literatura se o tratamento pode ser efetivo com imunomoduladores como
corticosteroides, imunoglobulina humana por via venosa (IgIV) ou plasmaférese24.

❖ 3.2.2 Formas Simétricas ou Difusas


• Neurite insulínica: A descrição inicial de Neurite insulínica foi feita por Carvati, em
1933, depois de observados os pacientes com sintomas sensitivos distais em membros
inferiores depois de iniciar a terapia insulínica. Porém, é desconhecido o seu mecanismo
fisiopatológico, mas seu curso normalmente é benigno19.
• Neuropatia hipoglicêmica: A neuropatia hipoglicêmica é uma condição rara, que
se encontra relacionada a estados hipoglicêmicos prolongados e de repetição,
normalmente secundários a insulinomas (tumor pancreático produtor de insulina). Tem
sua apresentação com o padrão sensitivo-motor, com predominância nos membros
superiores, estando presente a atrofia, mas tem possibilidade de ser reversível depois do
tratamento da condição hipoglicêmica19.
• Polineuropatia pós-cetoacidose: A polineuropatia pós-cetoacidose é largamente
reconhecida devido às manifestações do sistema nervoso central, secundárias ao estado
de cetoacidose, que é uma complicação aguda devido à descompensação glicêmica, que
acontece normalmente em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. No entanto, por ser
raro, ainda não existe uma compreensão do acometimento do sistema nervoso periférico.
Os estudos dessas condições revelam padrão de polineuropatia principalmente motora,
apresentando rápida e espontânea reabilitação depois da reversão desta condição
básica24.
• Neuropatia sensitiva dolorosa aguda: Esta neuropatia é designada também como
neuropatia da caquexia do diabetes. É assim chamada por normalmente ter seu
22

desenvolvimento depois de perda ponderal importante, secundária ao descontrole


glicêmico do diabetes mellitus. A evolução é monofásica iniciando com sintomas agudos
nos membros inferiores, bastante dolorosos, de forma intensa e incapacitante. Existe uma
especulação do desenvolvimento desta neuropatia ser devido ao descontrole glicêmico, e
haver a participação de mudanças metabólicas em sua fisiopatologia, no entanto esses
mecanismos ainda não foram completamente esclarecidos. A terapêutica tem como base
o controle glicêmico, uma vez que tem se apresentado com bom prognóstico, tendo
evolução da melhoria da dor e do ganho de peso depois da recuperação do estado
euglicêmico19.
• Neuropatia associada à intolerância à glicose: Este tipo de neuropatia teve
questionamentos durante longo período até que Lu e colaboradores, em 2013, revelaram,
através de um grande estudo com um número grande de pessoas, que a intolerância à
glicose é um fator de risco independente para o desenvolvimento de neuropatia periférica.
Sua manifestação é realizada através de sintomas prevalentemente sensitivos e
autonômicos, sendo as fibras finas as mais acometidas. É associada aos mesmos
mecanismos fisiopatológicos da polineuropatia simétrica distal, propondo que esta seja a
forma prematura desta apresentação clínica com o diabetes mellitus já estabelecido 19.
• Neuropatia autonômica (NA): Trata-se de uma neuropatia que afeta o sistema
nervoso autonômico, através do envolvimento das fibras finas amielínicas (fibras C) do
sistema nervoso periférico, decorrente de modificações metabólicas da hiperglicemia
crônica19.
Em 2004, pesquisas realizadas por Low e colaboradores afirmam que são raras as
ocasiões em que a neuropatia autonômica do diabetes mellitus e do pré-diabetes tem sua
apresentação de maneira isolada. Quase sempre seu desenvolvimento acontece
concomitantemente com outras apresentações da ND, mais regularmente com a
polineuropatia simétrica distal, presumindo-se fazer parte de um mesmo espectro do
acometimento crônico do diabetes mellitus. Tem sua apresentação normalmente
assintomática e subdiagnosticada. Considera-se que possivelmente a metade dos
indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 e 70% dos com diabetes mellitus tipo 2 revelem
algum envolvimento autonômico, ainda que somente 14% mostrem formas menos graves
da doença19.
A neuropatia autonômica pode acometer os sistemas cardiovascular,
gastrointestinal, urogenital, a função sudomotora e a motilidade pupilar 19. A disfunção
23

autonômica cardiovascular já foi largamente reconhecida como fator de risco


independente para mortalidade secundária à doença cardiovascular, maximizando o risco
de complicações e mortalidade pós-cirúrgicas, tendo como indicativos fundamentais a
hipotensão ortostática, arritmias, isquemia miocárdica silenciosa, labilidade pressórica e
intolerância ao exercício25.
Podem ser acometidas, na neuropatia autonômica diabética, as funções sensitivas,
motoras e secretórias do sistema gastrointestinal, possibilitando a produção de sintomas,
tais como náusea, saciedade precoce, vômitos, alternância entre diarreia e constipação e,
tendo a hipotensão e síncope pós-prandial em casos mais graves26.
A disfunção erétil possivelmente seja a exteriorização inicial da doença dentre as
alterações autonômicas da ND, apesar de existirem outros mecanismos patogênicos que
podem estar associados, como aterosclerose da artéria pudenda interna. Diante do
exposto, pode gerar grande impacto psicossocial, implicando a diminuição da qualidade
de vida27.
A cistopatia diabética declina com as complicações urinárias, devido às
modificações na musculatura lisa do detrusor e disfunção urotelial, secundárias ao
acometimento autonômico do sistema urogenital. Dentre os sintomas prevalentes, estão a
disúria, a polaciúria, a noctúria, a urgência urinária e o esvaziamento vesical incompleto.
A soma destes fatores à imunossupressão, relacionada ao diabetes mellitus, maximiza a
predominância de infecção urinária repetidamente, colaborando para o progresso da
insuficiência renal nesses pacientes28.
A disfunção sudomotora da neuropatia autonômica diabética tem como efeitos
mudanças tróficas das extremidades, associando-se inclusive à artropatia de Charcot,
úlceras e amputações de membros inferiores. Tendo como sintomatologia, normalmente,
modificações da cor e temperatura distal dos membros inferiores, adicionadas à queda de
pelos, intolerância ao calor, ressecamento da pele, diminuição da sudorese e mal
perfurante plantar29.
• Polineuropatia simétrica distal (PSD): A polineuropatia simétrica distal é a forma
clínica mais habitual da ND com predomínio na metade dos pacientes diabéticos tipo 1 e
2. Sua presença já é encontrada em 20% dos doentes desde a confirmação diagnóstica
de diabetes mellitus. Na maior parte dos casos, ela permanece subclínica, pois só se
torna sintomática em menos de 50% dos doentes com polineuropatia simétrica distal 19.
24

É preciso ressaltar que o seu desenvolvimento lento, progressivo e simétrico,


revela inicialmente sintomas sensitivos e autonômicos com envolvimento especialmente
nas fibras finas, bem como avança com acometimento de fibras largas sensitivas e em
seus estágios mais graves, nas fibras motoras. Sua forma clássica tem distribuição distal
nos membros inferiores com progressão comprimento-dependente, avançando para os
membros superiores, região central do abdômen e vértice. Este padrão tornou-se
conhecido como “meias, luvas e avental”19.
A polineuropatia simétrica distal tem a possibilidade de vincular-se a outras formas
de neuropatias diabéticas, especialmente as mononeuropatias crônicas compressivas
como a síndrome do Túnel do Carpo, contudo pode associar-se, em alguns casos, a
neuropatias inflamatórias, como a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória
crônica. Embora ainda não exista uma relação clara de casualidade entre ambas as
condições, o acometimento crônico do nervo periférico pelo diabetes mellitus possibilita a
ser um fator de risco para seu desenvolvimento19.
Sobre a patogênese da polineuropatia simétrica distal, ela se associa a diversos
fatores através das vias metabólicas, vasculares, inflamatórias e neurodegenerativas. A
hiperglicemia crônica exerce papel importante e é caracterizada como o principal fator que
desencadeia as vias patogênicas da polineuropatia simétrica distal19.
A penetração da glicose, em altos níveis nos nervos periféricos, faz com que sejam
geradas diversas condutas metabólicas patológicas. Através da via do poliol, a glicose se
converte em sorbitol, através da ação da enzima aldose redutase. Ao acumular o sorbitol
e a frutose intracelular, é provocada uma redução do transporte ativo de diversos
metabólitos, entre eles o mio-inositol. Ao realizar este procedimento, acontece uma
alteração dos mecanismos regulatórios intracelulares, diminuindo a atividade da bomba
de sódio e potássio (Na/K), por conseguinte acontece o acúmulo de sódio intracelular.
Devido a este processo, acontece o aumento da osmolaridade intracelular, provocando as
variações do potencial de repouso da membrana, gerando estresse oxidativo. Esses
desequilíbrios minimizam a aceleração de condução nervosa e geram as modificações
preliminares e reversíveis modificações estruturais nos nodos de Ranvier19.
Um outro mecanismo metabólico patológico, devido à hiperglicemia crônica, resulta
na formação de produtos finais de glicosilação avançada, que são conquistados pela
reação não enzimática de grupos de aminoácidos e de produtos da diminuição da glicose.
Os produtos finais de glicosilação avançada agem modificando a função intracelular de
diversas proteínas, transformando componentes extracelulares como laminina e
25

fibronectina, que são imprescindíveis para a regeneração axonal e, por fim, promovem a
ligação imutável em receptores de macrófagos e das células endoteliais. Estas
modificações transformam-se em estresse oxidativo, secreção de citocinas e
decomposição da matriz extracelular, resultando em apoptose celular19.
Outrossim, os altos índices de glicose provocam ativação da proteína C quinase
em demasia, viabilizando a produção de óxido nítrico, possibilitando a lesão isquêmica do
nervo periférico25. Devido ao alto índice de associação de diabetes mellitus e dislipidemia,
foi observada a participação da grande quantidade de lipídeos como cofator na
patogênese da ND, tendo sido comprovada in vitro a lesão direta de ácidos graxos livres
na célula de Schwann. Ademais, os efeitos sistêmicos da dislipidemia oportunizam a
maximização de substâncias pró-inflamatórias e do estresse oxidativo. Somado a todas
essas vias metabólicas, é adicionada a ativação da via da hexosamina, que, motivada
pela hiperglicemia, tem como consequências as modificações na expressão de alguns
genes e no funcionamento de proteínas intracelular31.
O estresse oxidativo provoca a maximização da formação de radicais livres, tanto
pela via do poliol, quanto pelos produtos finais de glicosilação avançada e da proteína C
quinase. Este processo ocasiona disfunção mitocondrial, que, quando criticamente
afetada, acentua a cascata de apoptose celular25.
No que diz respeito à via vascular, refere-se que tem sido proposta, como
mecanismo patogênico, a disfunção microvascular generalizada do nervo, como base na
demonstração de diminuição do fluxo sanguíneo, acréscimo da resistência vascular e
redução da tensão de oxigênio. Têm sido observadas diversas anormalidades
microvasculares endoneurais, incluindo o espessamento e duplicação da membrana
basal, edema e proliferação endotelial e muscular lisa intimal, bem como a presença de
trombo plaquetário oclusivo32.
É possível mencionar um mecanismo que provavelmente esteja envolvido na
fisiopatologia da ND, que é a perda do neurotrofismo celular. No diabetes mellitus, a
queda quanti e qualitativa da insulina provoca similar diminuição parcial da atividade do
fator de crescimento insulina-like I e do fator de crescimento neuronal, resultando na
redução da produção de proteínas imprescindíveis para a formação dos neurofilamentos e
manutenção do transporte axonal, essenciais para seu crescimento e sua regeneração.
Assim, é permitido que aconteça a degeneração axonal e apoptose do corpo neuronal,
possibilitando gradual instalação da neuropatia32.
26

Existem grandes evidências que indicam um mecanismo imunopático no progresso


da ND. Foi comprovado o aparecimento de agentes pró-inflamatórios em pessoas
diabéticas que evidenciavam neuropatia, possibilitando o recrutamento de células
inflamatórias, produção de citocinas e diminuição do fluxo sanguíneo 25. Esses
mecanismos maximizam a hipóxia e isquemia do nervo periférico, tornando mais difícil a
sua regeneração32.
Ao ser analisada através da microscopia eletrônica, na região subaxolemal,
neurofilamentos mal orientados refletiram a lentificação do transporte axonal. Em seguida,
esses neurofilamentos são sequestrados pelas células de Schwann, que, adicionadas à
redução da capacidade de produção de proteínas do citoesqueleto, diminuem o volume
axonoplasmático, culminando de forma incisiva na atrofia axonal, cujo resultado é
degeneração walleriana. Dessa maneira, o paradigma de acometimento é análogo com a
degeneração axonal distal retrógrada (dying-back), que atinge especialmente as fibras
mais longas. Este fato determina o padrão clínico comprimento-dependente19.
Todos esses fatores provocam modificação histopatológica mais marcante da ND
que é a perda de fibras nervosas de forma multifocal, somada à degeneração axonal em
atividade e dependendo do nível de sua cronicidade, grau de regeneração, pode ser
caracterizada pela presença de “sproutings” (brotamentos de fibras nervosas). Outrossim,
são observados vasos sanguíneos obliterados, com concentração basal endotelial e
neoangiogênese, identificando a participação do componente isquêmico. É possível
também observar desmielinização segmentar e remielinização, revelando o padrão de
agressão neurofisiológico misto (axonal e desmielinizante) desta condição25
Diversos são os aspectos que podem ser classificados como de risco associados
ao desenvolvimento e à progressão da polineuropatia simétrica distal, dentre eles são
evidenciados: idade avançada, gênero masculino, negros não hispânicos, maior duração
do diabetes mellitus, hemoglobina glicosilada maior que 7%, insulinoterapia e história de
hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e albuminúria32.

Pé diabético
Sabe-se que o paciente diabético se expõe ao risco de desenvolver várias
complicações em diversos sistemas. As lesões plantares dos diabéticos costumam ser o
resultado de uma diversidade de alterações metabólicas, vasculares e neuropáticas, que
agem de forma sinérgica, acometendo os pés dos pacientes33.
27

O progresso de complicações por lesões crônicas nos vasos sanguíneos está


relacionado ao diabetes mellitus. Elas podem ser macroangiopáticas e/ou
microangiopáticas e lesionar em especial os rins, retina, artérias, cérebro e nervos
periféricos. As complicações, quando chegam ao estágio de cronicidade, são diretamente
condicionadas à duração do diabetes, à presença de hipertensão arterial, ao mau controle
glicêmico, ao tabagismo, entre outros fatores34.
Concomitantemente, o DM pode instalar-se num quadro de insuficiência vascular
periférica, comprometendo a irrigação especialmente de membros inferiores, tendo como
consequências as neuropatias em graus progressivos que, se não forem tratadas
precocemente, possivelmente resultam em úlceras plantares que são passíveis, por sua
vez, de complicações graves, tais como amputação do membro, redução da capacidade
funcional e até evolução de quadro séptico35.
As alterações contribuem para uma sequência de eventos, que compreendem uma
maior propensão a desenvolver lesões de pele, e a dificuldade da cicatrização destas
lesões expõe o paciente ao risco de infecções, por vezes, graves e extensas. Os esforços
precisam ser direcionados para que o diagnóstico precoce da infecção da úlcera diabética
seja realizado, uma vez que a infecção determina uma maximização de até 56 vezes o
risco de hospitalização e em até 155 vezes o risco de amputação. Para o sistema de
saúde, o tratamento hospitalar do pé diabético costuma ser de alto custo, além dos
prejuízos para os pacientes, que, mesmo depois de receber alta hospitalar, necessitam de
cuidados cotidianos e de outras internações para tratar o mesmo problema 36.
Sobre o pé diabético, é a forma usada para designar as várias modificações e
complicações que acontecem nos pés e nos membros inferiores dos portadores de
diabetes mellitus. No entanto, este conceito tem como característica o aparecimento de
uma das seguintes modificações: neurológicas, ortopédicas, vasculares e infecciosas, que
podem acontecer no pé do paciente diabético. É considerada uma das mais devastadoras
complicações, pois é diretamente responsável por 50% a 70% das amputações não
traumáticas, bem como representa 50% das internações hospitalares. O termo “síndrome
do pé diabético” envolve uma variedade de condições patológicas, incluindo a neuropatia,
doença arterial periférica, neuroartropatia de Charcot, ulceração do pé, osteomielite e a
amputação37.
Um dos mais graves problemas de saúde, quando se fala em paciente diabético no
âmbito de assistência à saúde, é o desenvolvimento de úlceras na extremidade inferior,
que normalmente são precursoras da amputação de membros, uma vez que, em
28

pacientes diabéticos, o índice de ocorrer é 40 vezes maior38. De acordo com uma


pesquisa realizada em 2015 pelo International Working Group on the Diabetic Foot, a
cada minuto, em todo o mundo, ocorrem duas amputações devido ao diabetes mellitus.
Este fato mostra o aspecto mutilador como um problema de saúde importante pelo
impacto socioeconômico global.
Ao abordar o membro inferior do paciente diabético, é necessário que medidas de
precauções sejam tomadas focando em cuidados gerais básicos, tais como:
monitoramento da glicemia, hipertensão, obesidade, dislipidemia, tabagismo, atividade
física, alimentação. Estes fatores são imprescindíveis para que o indivíduo tenha uma
melhor qualidade de vida e um aumento da sua sobrevida. Consoante a estes fatores,
também devem ser observadas a idade do paciente, o tipo e tempo de diagnóstico, o
controle inadequado da glicemia, o tabagismo, o alcoolismo, a obesidade, a hipertensão e
a omissão de bons hábitos higiênicos no cuidado com os pés, pois estes se tornam
importantes fatores de risco para o agravo das patologias nos membros inferiores 39.
Duas teorias podem esclarecer o desencadeamento da neuropatia no diabético. A
teoria vascular considera que a microangiopatia da vasa nervorum leva à isquemia que,
por sua vez, leva à lesão do nervo. Outra teoria é a que compreende a bioquímica, desde
que o crescimento de substâncias tóxicas, como sorbitol e a frutose, e a depleção do
mionisitol provocassem lesão no nervo (células de Schwann). As implicações dessas
modificações vasculares e bioquímicas para os pés do paciente diabéticos revelam as
características nos tipos de neuropatia: neuropatia sensitivo-motora e a neuropatia
autonômica33.
As modificações neuropáticas, em geral, inicialmente afetam os pés e, em seguida,
evoluem em direção à perna. O componente sensitivo acometido provoca prejuízo gradual
da sensibilidade à dor, como também da percepção da pressão plantar, temperatura e
propriocepção. No que diz respeito ao comprometimento motor, é fator contributivo para
atrofia e fraqueza dos pequenos músculos dorsais, propiciando desequilíbrio nos tendões
flexores e extensores, mas também deformidades e modificações no modo de caminhar37.
Sobre o acometimento do componente autonômico, ele é minimizado ou eliminado
através do suor nos pés, que os deixa secos e predispostos a rachaduras e fissuras 33.
É durante a anamnese e no exame físico que o profissional de saúde tem a
possibilidade de observar como o paciente portador do pé diabético vive e estes sinais e
sintomas podem ser divididos em três aspectos: sensoriais, motores e autonômicos. Os
sintomas sensoriais incluem a queimação, as pontadas, as agulhadas, os formigamentos,
29

a dormência, a dor que se modifica de leve a forte intensidade (quase sempre à noite), a
sensação de frio e as cãibras. Durante um longo tempo, estes sintomas podem passar
despercebidos. Assim, os profissionais da saúde precisam atentar-se sobre a
possibilidade de o paciente negar a dor, pois este fato pode simbolizar a perda gradual da
sensibilidade dolorosa40.
Os sinais de comprometimento motor incluem a degeneração da musculatura
específica do pé e deformidades como os dedos em martelo, dedos em garra, hálux
valgo, pé cavo, proeminências ósseas, calosidades (em áreas de pressões anômalas) e
úlcera plantar (mal perfurante plantar)37.
É imprescindível que seja realizada a avaliação da limitação da mobilidade
articular, pois ela se constitui no maior fator de alta pressão plantar e possibilita o
desencadeamento de ulceração em pés predispostos à neuropatia, e quando a
insensibilidade periférica e a microangiopatia estiverem associadas, tornam-se fatores
predisponentes à ulceração33.
Os sintomas autonômicos incluem o ressecamento da pele e fissuras, hiperemia,
hipertermia, edema (vasodilatação com maximização da abertura de comunicações
arteriovenosas) e alterações ungueais (minimização de crescimento, onicólise e
onicogrifose)37.
Dentre os problemas que o diabético enfrenta, há o desabamento do arco plantar,
como também edema e hiperemia. Chamado de “Pé de Charcot” (neuro-osteoartropatia),
é uma patologia clínica direcionada à polineuropatia periférica do diabético que tem como
consequência uma provável combinação de fatores mecânicos e vasculares secundários
à ND39.
Esta patologia clínica é subdividida em duas formas: aguda e crônica. O pé de
Charcot Agudo tem como características o aparecimento dos sinais cardinais da
inflamação (edema, hiperemia, hipertermia e dor) sem infecção, no entanto é
imprescindível que seja realizado esse diagnóstico diferencial, uma vez que o paciente
pode não sentir dor se houver concomitantemente à minimização da sensibilidade devido
à neuropatia sensitiva. O Pé de Charcot Crônico revela a etapa desenvolvida do
problema, que mostra deformidades osteoarticulares, especialmente na região medial do
pé, com desenvolvimento de calos e úlceras plantares33.
30

CONCLUSÃO
Esta revisão de literatura, ao trazer uma síntese do conhecimento e das pesquisas
produzidas no que diz respeito ao do Diabetes Mellitus (DM), à neuropatia e ao pé
diabético, mostrou que a doença ainda se configura como uma epidemia mundial e um
grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. A Neuropatia Diabética é
uma das principais complicações do DM, sendo determinada através da presença de
sinais ou sintomas de disfunção neurológica depois da exclusão de outras causas. As
lesões plantares dos diabéticos costumam ser o resultado de uma diversidade de
alterações metabólicas, vasculares e neuropáticas, que agem de forma sinérgica,
acometendo os pés dos pacientes.

REFERÊNCIAS

1 Rodrigues FFL, Santos MA, Teixeira CRS, Gonela JT, Zanetti ML. Relação entre
conhecimento, atitude, escolaridade e tempo de doença em indivíduos com diabetes
mellitus. Acta paul. enferm. 2012; 25(2): 284-290, 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002012000200020&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000200020.

2 Barros MFA, Mendes JC, Nascimento JA, Carvalho AGC. impacto de intervenção
fisioterapêutica na prevenção do pé diabético. Fisioter. mov. 2012; 25(4): 747-757.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
51502012000400007&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0103-51502012000400007.

3 Pereira DA, Costa NMS, Sousa ALL, Jardim PCB, Zanini CO. Efeito de intervenção
educativa sobre o conhecimento da doença em pacientes com diabetes mellitus. Rev. lat.-
am. enferm. 2012; 20(3):478-85. Disponível em:
http://www.journals.usp.br/rlae/article/view/48569. https://doi.org/10.1590/S0104-
11692012000300008

4 Carvalho DS, Almeida AA, Borges AF, Campos DV. Treatments for diabetes mellitus
type ii: new perspectives regarding the possible role of calcium and camp interaction.
European journal of pharmacology. 2012; 5(830): 9-16, 2018. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29679542/. doi:10.1016/j.ejphar.2018.04.002

5 Padilha AP, Rosa LM, Schoeller SD, Junkes C, Mendez CB, Martins MMFPS. Manual
de cuidados às pessoas com diabetes e pé diabético: construção por scoping study. Texto
contexto - enferm. 2017; 26(4): e2190017. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
07072017000400322&lng=en. Epub Jan 08, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/0104-
07072017002190017.

6 Atala, YB. Estudo de neuropatia autonômica cardíaca e risco cardiovascular em


pacientes com diabetes mellitus tipo 2. 2017. 1 recurso online (107 p.). Dissertação
31

(mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas,


Campinas, SP. Disponível em:
<http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/330697>. Acesso em: 2 set. 2018

7 Araujo-Filho A, Almeida P, Araujo A, Sales I, Araújo T, Rocha S. PERFIL Epidemiológico


do diabetes mellitus em um estado do nordeste brasileiro. Revista de Pesquisa: Cuidado é
Fundamental Online. 2017; 9(3): 641-647. Disponível em:
http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/5531 sem doi

8 Santos FAL, Lima WP, Santos AL, Teston EF, Marcon SS. Hospitalizações por diabetes
em adultos e idosos no Ceará, 2001-2012. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet].
2014; 23(4): 655-663. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-
96222014000400655&lng=en. https://doi.org/10.5123/S1679-49742014000400007.

9 Palmeira CS, Pinto SR. Perfil epidemiológico de pacientes com diabetes mellitus em
Salvador, Bahia, Brasil (2002-2012). Revista Baiana de Enfermagem. 2015 Dec; 29(3):
240-249. Disponível em:
https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/13158.
http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13158.

10 Costa, JB. Dia mundial do diabetes. 2019. Disponível em:


http://www.codeagro.agricultura.sp.gov.br/cesans/artigo/202/Dia%20Mundial%20do%20Di
abetes.

11 Iser BPM, Stopa SR, Chueiri PS, Szwarcwald CL, Malta DC, Monteiro HOC et al.
Prevalência de diabetes autorreferido no brasil: resultados da pesquisa nacional de saúde
2013. Epidemiol. Serv. Saúde. 2015; 24(2): 305-314. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-
96222015000200305&lng=en. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200013.

12 Artilheiro MMVSA, Franco SC, Schulz VC, Coelho CC. Quem são e como são tratados
os pacientes que internam por diabetes mellitus no SUS?. Saúde debate. 2014; 38(101):
210-224. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
11042014000200210&lng=en. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140019.

13 Cubas MR, Santos OM, Retzlaff EMA, Telma HLC, Andrade IPS, Moser ADL et al. Pé
diabético: orientações e conhecimento sobre cuidados preventivos. Fisioter.
mov. 2013; 26(3): 647-655. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
51502013000300019&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000300019.

14 Oliveira EJP, Rocha VFB, Nogueira DA, Pereira AA. Qualidade de vida e condições de
saúde bucal de hipertensos e diabéticos em um município do sudeste brasileiro. Ciênc.
saúde coletiva . 2018; 23( 3 ): 763-772. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232018000300763&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018233.00752016.

15. Alencar LL, Torres MV, Santos AMB, Santos MB, Santiago AKC, Barbosa APB. Perfil
epidemiológico de idosos com diabetes mellitus tipo 2 cadastrados na estratégia saúde da
32

família. Rev. G&S. 2014; 5(5): p. 2972-2989. Disponível em:


https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/1798.

16 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. DIABETES MELLITUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.64 p. il. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos) [citado 18 jun 2020]; ISBN
85-334-1183-91. Disponível em: http://www.professores.uff.br/jorge/wp-
content/uploads/sites/141/2017/10/7dm.16.pdf.

17 OMS. Organização Mundial da Saúde. Global status report on noncommunicable


diseases 2010. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2011. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44579/9789240686458_eng.pdf;jsessionid
=42FD47403C1BC3EEA2C8F5637D42F26D?sequence=1.

18 Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade. Vigilância de


Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Disponível em:
https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-de-doencas-cronicas-nao-
transmissiveis-dcnt.

19 Nascimento OJM, Pupe CCB, Cavalcanti EBU. Neuropatia diabética. Rev. dor.
2016; 17(Suppl 1): 46-51. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
00132016000500046&lng=en. https://doi.org/10.5935/1806-0013.20160047.

20 Carvalho VF, Ferreira MC, Vieira SAT, Ueda T. Limiar de sensibilidade cutânea dos
pés em pacientes diabéticos através do pressure specified sensory device: uma avaliação
da neuropatia. Rev. Assoc. Med. Bras. 2019; 55(1): 29-34. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302009000100011&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0104-42302009000100011.

24 Dyck PJB, Windebank AJ. Diabetic and nondiabetic lumbosacral radiculoplexus


neuropathies: new insights into pathophysiology and treatment. Muscle Nerve. 2002; 25
(4): 477-91, 2002. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11932965/. doi:
10.1002/mus.10080.

25 Suarez GA, Clark VM, Norell JE, Kottke TE, Callahan MJ, O’Brien Peter, et al. Sudden
cardiac death in diabetes mellitus: risk factors in the rochester diabetic neuropathy study. J
Neurol Neurosurg Psychiatry. 2005; 76(2):240-5. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15654040/#affiliation-1. doi: 10.1136/jnnp.2004.039339.

26 Rayner CK, Horowitz M. Gastrointestinal motility and glycemic control in diabetes: the
chicken and the egg revisited? J Clin Invest. 2006; 116(2): 299–302. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1359065/. doi: 10.1172/JCI27758.

27 Malavige LS, Levy JC. Erectile dysfunction in diabetes mellitus. J Sex Med. 2009;
6(5):1232-47. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19210706/. doi:
10.1111/j.1743-6109.2008.01168.x.
33

28 Hill SR, Fayyad AM, Jones GR. Diabetes mellitus and female lower urinary tract
symptoms: a review. Neurourol Urodyn. 2008; 27(5):362-7. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18041770/. doi: 10.1002/nau.20533.

29 Tentolouris N, Marinou K, Kokotis P, Karanti A, Diakoumopoulou E, Katsilambros N.


Sudomotor dysfunction is associated with foot ulceration in diabetes. Diabet Med. 2008;
26(3):302-5. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19317826/. doi:
10.1111/j.1464-5491.2009.02677.x

30 Padilla A, Descorbeth M, Almeyda AL, Payne K, De Leon M. Hyperglycemia magnifies


schwann cell dysfunction and cell death triggered by pa-induced lipotoxicity. Brain Res.
2011; 25;1370:64-79, 2011. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21108938/.
doi: 10.1016/j.brainres.2011.11.013.

31 Clemens A, Siegel E, Gallwitz B. Global risk management in type 2 diabetes: blood


glucose, blood pressure, and lipids-update on the background of the current guidelines.
Experimental and Clinical Endocrinology & Diabetes. 2004;112(9):493-503, 2004.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/8210974_Global_Risk_Management_in_Type_2
_Diabetes_Blood_Glucose_Blood_Pressure_and_Lipids_-
_Update_on_the_Background_of_the_Current_Guidelines. doi: 10.1055/s-2004-821306

32 Zochodne DW. Diabetes mellitus and the peripheral nervous system: manifestations
and mechanisms. Muscle Nerve. 2007;36(2):144-66, 2007. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17469109/. doi: 10.1002/mus.20785.

33 Caiafa JS, Castro AA, Fidelis C, Santos VP, Silva ES, Sitrângulo Jr. Cid J. Atenção
integral ao portador de pé diabético. J. Vasc. Bras. 2011; 10(4Suppl 2 ): 1-32. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
54492011000600001&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1677-54492011000600001.

34 SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes:


2014-2015. São Paulo: AC Farmacêutica; 2015. Disponível em:
https://www.diabetes.org.br/publico/images/2015/area-restrita/diretrizes-sbd-2015.pdf.

35 Gomides DS, Villas-Boas LCG, Coelho ACM, Pace AE. Autocuidado das pessoas com
diabetes mellitus que possuem complicações em membros inferiores. Acta paul.
enferm. 2013; 26(3): 289-293. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002013000300014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002013000300014.

36 Richard JL, Sotto A, Lavigne JP. New insights in diabetic foot infection. World J
Diabetes. 2013; 15;2(2):24-32, 2011. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21537457/. doi: 10.4239/wjd.v2.i2.24.

37 Nascimento RTL, Lopes CB, Cotta DS, Alencar NLOR, Valadão AF, Motta PG.
Neuropatia diabética dolorosa – aspectos clínicos, diagnóstico e tratamento: uma revisão
de literatura. Revista UNINGÁ, 2015;43.1: sem paginação. Disponível em:
http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/1215. ISSN 2318-0579.
34

38 Bakker K, Apelqvist J, Lipsky BA, Van Netten JJ, Schapper NC. International working
group on the diabetic foot. the 2015 iwgdf guidance documents on prevention and
management of foot problems in diabetes: development of an evidence-based global
consensus. Heemstede: IWGDF; 2016 Disponível em:
http://www.iwgdf.org/files/2015/website_development.pdf. do: 10.1002/dmrr.2694.

39 Silva MBG, Skare TL. Manifestações musculoesqueléticas em diabetes mellitus. Rev.


Bras. Reumatol. 2012; 52( 4 ): 601-609. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-
50042012000400010&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0482-50042012000400010.

40 Bansal D, Badhan Y, Gudala K, Schifano F. Ruboxistaurin for the treatment of diabetic


peripheral neuropaty: a systematic review of randomized clinical trials. Diabetes
Metabolism Journal. 2013; 37(5): 375–384. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3816139/. doi: 10.4093/dmj.2013.37.5.375.
35

2.2 Artigo

Título do Artigo: Perfil epidemiológico de pacientes com Diabetes mellitus atendidos de um


ambulatório de endocrinologia do SUS no Ceará.

Davi Helder de Vasconcelos Junior


Médico, aluno do Curso de Mestrado de Gestão e Saúde Coletiva, na Área de Gestão e Saúde
Coletiva da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas.

Elaine Pereira da Silva Tagliaferro


Professor Doutor. Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Odontologia,
Araraquara, SP, Brasil.
36

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS DE UM


AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA DO SUS NO CEARÁ2

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS


FROM AN ENDOCRINOLOGY AMBULATORY IN SUS IN CEARÁ

RESUMO

Objetivo: descrever o perfil epidemiológico e os fatores associados ao diabetes mellitus (DM)

entre usuários atendidos em um ambulatório de endocrinologia de um município do interior

cearense. Método: estudo observacional, do tipo transversal, com a utilização de dados

secundários existentes, coletados em prontuários médicos de pacientes diabéticos (n=180),

atendidos no período 2018-2019. Os dados foram analisados de forma descritiva com as

variáveis quantitativas expressas em média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo,

e as variáveis categóricas expressas em frequências e porcentagens. Foram realizadas análises

de regressão logística simples e múltipla, sendo a presença de pé diabético e a presença de

diabetes tipo 2 consideradas como desfechos. A partir dos modelos de regressão, foram

estimados os odds ratios brutos e ajustados com os respectivos intervalos de 95% de

confiança. Resultados: Os resultados mostraram que 91,1% (n=164) tinham DM tipo 2 e

13,9% (n=25) tinham pé diabético. Não houve evidência de associação entre a presença do pé

diabético e as variáveis sociodemográficas e clínicas (p>0,05). Para a variável de desfecho

DM tipo 2, os voluntários mais velhos (a partir de 60 anos) ou com hipertensão têm,

respectivamente, 5,62 (IC95%: 1,20-26,29) e 5,55 (IC95%: 1,48-20,78) vezes mais chance de

apresentar a doença (p<0,05). Conclusão: o DM tipo 2 esteve significativamente associado à

idade maior de 60 anos e à presença de hipertensão. Pé diabético foi observado na minoria

dos pacientes.

DESCRITORES: Diabetes; Perfil epidemiológico; Diabetes tipo 2; Complicações Diabéticas


Vasculares; Assistência ao paciente.

2
Este artigo segue as normas da Revista Cogitare – Enfermagem.
37

ABSTRACT

Objective: to describe the epidemiological profile and factors associated with diabetes

mellitus (DM) among users seen at an Endocrinology Clinic in a city in the interior of Ceará.

Method: observational, cross-sectional study, using existing secondary data, collected from

medical records of diabetic patients (n = 180), attended in the period 2018-2019. The data

were by descriptive analyzes with quantitative variables expressed as mean, standard

deviation, median, minimum and maximum values, and categorical variables expressed as

frequencies and percentages. Simple and multiple logistic regression analyzes were

performed, with the presence of diabetic foot and the presence of type 2 diabetes considered

as outcomes. From the regression models, the gross odds ratios were estimated and adjusted

with the respective 95% confidence intervals. Results: The results showed that 91.1% had

type 2 DM and 13.9% had diabetic foot. There was no evidence of an association between the

presence of diabetic foot and sociodemographic and clinical variables (p> 0.05). For the type

2 DM outcome variable, older volunteers (from 60 years old) or with hypertension have,

respectively, 5.62 (95% CI: 1.20-26.29) and 5.55 (95% CI: 1.48-20.78) times more likely to

present the disease (p <0.05). Conclusion: type 2 DM was significantly associated with age

over 60 years and the presence of hypertension. Diabetic foot was observed in the minority of

patients.

DESCRIPTORS: Diabetes; Epidemiological profile; Type 2 diabetes; Diabetic Vascular


Complications; Patient care.

INTRODUÇÃO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica, de caráter crônico e evolutivo,

caracterizada por hiperglicemia resultante de defeito na ação ou na produção de insulina. O

diagnóstico do DM normalmente é realizado quando o paciente se encontra com a taxa de


38

glicose no sangue (hiperglicemia) acima do que é tolerado, ou seja, maior ou igual que 110

mg/dL1.

A probabilidade de uma pessoa diabética submeter-se a uma amputação do membro

inferior é entre 15 e 40 vezes maior do que uma pessoa sem esta patologia. Contudo, em

pacientes com lesões infectadas e isquêmicas, a probabilidade pode chegar a ser 90 vezes

mais se comparado ao apresentado pelos pacientes sem isquemia ou infecção. Dados do

Vigitel2 mostraram que no Brasil, entre 2006 e 2012, foram realizadas 102.056 cirurgias de

amputação apenas pelo Sistema Único de Saúde, 70% destas em pessoas com diabetes

mellitus, e a maioria (94%) foi amputação do membro inferior.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)3 registra que as úlceras de pés diabéticos

(UPD) precedem 85% das amputações; anualmente, 1 milhão de indivíduos com DM sofre

uma amputação em todo o mundo, traduzindo-se em três por minuto. O padrão atual brasileiro

é que 80% das amputações acontecem em pacientes diabéticos e ocorreram no nível

transtibial, e tais pacientes são mais propensos à reamputação. Em relação ao sexo, dados

coletados, em Santa Catarina, revelaram que, durante seis anos (2008-2013), os homens

diabéticos (66,2%) sofreram mais amputações quando comparados às mulheres diabéticas

(33,8%). Além disso, a idade média das mulheres foi 66 anos, e os homens apresentaram

idade média de 61 anos. Para ambos os sexos, o maior percentual de amputações foi atribuído

ao diabetes mellitus tipo 1, e o nível da amputação mais comum foi a dos dedos4.

Um estudo mostrou que pacientes diabéticos com tempo da doença inferior a 60 meses

realizam práticas preventivas no que se refere ao autocuidado para com os pés, o que pode

contribuir para a diminuição dos avanços da doença para o pé diabético. Assim, ações em

saúde devem ter como objetivo a profilaxia e o rastreamento das complicações crônicas do

diabetes mellitus5.
39

Acredita-se que, para melhorar o conhecimento sobre esta doença, é preciso que as

informações sobre a doença sejam multiplicadas. A prevenção do DM e de suas complicações

deve ser prioridade, uma vez que a doença é responsável pela geração de grandes gastos, não

somente para as pessoas já acometidas e seus familiares, mas também para o sistema de

saúde6.

Assim sendo, esta pesquisa vai descrever o perfil epidemiológico e os fatores

associados ao diabetes mellitus entre usuários atendidos em um ambulatório de

endocrinologia de um município do interior cearense.

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo observacional transversal analítico, com a utilização de dados

secundários existentes, coletados em 180 prontuários médicos de pacientes diabéticos

atendidos no Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral (CE)

que continham todas as variáveis estudadas, no período 2018-2019, devido aos dados serem

mais recentes. As seguintes variáveis foram coletadas: sexo, idade, local da residência, estado

civil, nível socioeconômico, peso, altura, situação nutricional, colesterol alto, hipertensão,

tipo de diabetes, fez exame ou tem hemoglobina glicada de hemoglobina glicada, fez exame

ou tem glicemia de jejum de glicemia em jejum, antidiabético oral, insulina, anti-hipertensivo,

anti-hiperlipemiante, tipo de diabetes e presença de pé diabético.

A coleta dos dados foi realizada pelo pesquisador em janeiro de 2020, de acordo com a

disponibilização dos prontuários pelo Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado

do Ceará em Sobral. Os dados foram registrados diretamente em planilhas no programa

Microsoft Office Excel 2007. Foram incluídos todos os prontuários eletrônicos dos anos de

2018 e 2019. Foram excluídos os prontuários repetidos e que se apresentavam incompletos.

Os dados foram analisados com recursos do programa R Core Team7. Inicialmente


40

foram realizadas análises descritivas de todos os dados. As variáveis quantitativas foram

expressas em média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo, já as variáveis

categóricas foram expressas em frequências e porcentagens. Foram realizadas análises de

regressão logística simples e múltipla, sendo a presença de pé diabético e a presença de

diabetes tipo 2 consideradas como desfechos. A partir dos modelos de regressão, foram

estimados os odds ratios brutos e ajustados com os respectivos intervalos de 95% de

confiança. Foram testadas, nos modelos múltiplos, todas as variáveis com p<0,20 nas análises

simples e permaneceram no modelo final aquelas com p≤0,05 após os ajustes. O ajuste do

modelo de regressão múltipla foi avaliado pelo Critério de Informação de Akaike (AIC) e -2

Log L (log likelihood).

Nas análises de regressão, procurou-se responder se há associação entre a presença de

pé diabético e diabetes tipo 2 com as variáveis sociodemográficas e clínicas. Assim, as

variáveis de desfecho foram: presença de pé diabético e presença de diabetes tipo 2.

Este estudo foi realizado conforme as recomendações éticas da Resolução nº 466, de

12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba,

FOP/UNICAMP, tendo sido aprovado através do protocolo CAAE nº: 05221918.0.0000.5418

e Parecer 3.140.226 (Anexo 2).

RESULTADOS

As características sociodemográficas e clínicas dos participantes da amostra são

apresentadas na Tabela 1. A idade média da amostra é de 56,97 anos com mínimo de 16 a

máximo de 89 anos. A maioria é do sexo feminino (65,0% n=117), com peso médio de 67,0

kg, variando de 44,0 a 130,0 kg. Nota-se também que 50,6% (n=91) da amostra são de Sobral.

Quanto ao estado civil, 43,9% (n=79) são casados, 13,9% (n=25) solteiros, 11,7% (n=21)
41

viúvos e 5,6% (n=14) divorciados. Ainda, 40,0% (n=72) têm sobrepeso e 29,4% (n=53)

obesidade. Em relação à hipertensão e ao tipo de diabetes, 59,4% (n=107) são hipertensos, e

91,1% (n=164) apresentam diabetes tipo 2. Quanto aos cuidados, 97,8% (n=176) fizeram

exame de hemoglobina glicada, 98,3% (n=178) fizeram exame de glicemia em jejum, 90,6%

(n=163) tomam antidiabético oral, 48,3% (n=87) insulina, 57,8% (n=104) anti-hipertensivo e

48,3% (n=57) hipolipemiante. Observaram-se ainda 13,9% (n=25) da amostra com pé

diabético.

Todos os casos de pessoas com pé diabético apresentavam diabetes tipo 2, então não

foi possível calcular o p-valor para essa variável (Tabela 2). Nota-se que 15,2% (n=25) dos

que apresentavam diabetes tipo 2 tinham pé diabético, e essa condição não foi observada em

pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 1. Não houve associação significativa da presença

de pé diabético com as demais variáveis analisadas (p>0,05). Local de residência, nível

socioeconômico, peso e hipertensão apresentaram p<0,20 nas análises brutas e foram testadas

no modelo múltiplo, mas nenhuma variável apresentou p≤0,05 após os ajustes.

Nas análises brutas das associações das variáveis com o tipo de diabetes (Tabela 3),

observa-se associação significativa (p<0,05) com a idade (tipo 2 mais frequente em mais

velhos), estado civil (tipo 2 mais frequente em casados do que em não casados), presença de

colesterol alto (tipo 2 mais frequente nas pessoas com colesterol alto) e hipertensão (tipo 2

mais frequente nas pessoas com hipertensão). Após o ajuste entre as variáveis, permaneceram,

no modelo, final a idade e a presença de hipertensão (p<0,05), sendo percebido que os

participantes mais velhos (a partir de 60 anos) e com hipertensão têm, respectivamente, 5,62

(IC95%: 1,20-26,29) e 5,55 (IC95%: 1,48-20,78) vezes mais chance de apresentar diabetes

tipo 2 (Figuras 1 e 2).


42

Tabela 1. Análise descritiva das variáveis avaliadas. Sobral, CE, Brasil, 2018-2019
Variável Categoria Média (desvio Mediana (valor

padrão) mínimo e máximo)

Idade (anos) 56,97 (13,65) 59,00 (16,00; 89,00)

Peso (kg) 71,22 (16,69) 67,00 (44,00; 130,00)

Altura (cm) 157,92 (10,36) 155,00 (136,00;

186,00)

Frequência Porcentagem

Masculino 63 35,0%
Sexo
Feminino 117 65,0%

Sobral 91 50,6%

Região Norte do Ceará 68 37,8%

Local de residência Região de Ibiapaba 18 10,0%

Outras regiões do 3 1,7%

Ceará

Solteiro 25 13,9%

Casado 79 43,9%

Estado civil Divorciado 10 5,6%

Viúvo 21 11,7%

Sem informações 45 25,0%

Aposentado 40 22,2%
Nível
Outro 106 58,9%
socioeconômico
Sem informações 34 18,9%

Situação nutricional Abaixo do peso 3 1,7%


43

Variável Categoria Média (desvio Mediana (valor

padrão) mínimo e máximo)

Peso normal 31 17,2%

Sobrepeso 72 40,0%

Obesidade 53 29,4%

Sem informações 21 11,7%

Não 90 50,0%
Colesterol alto
Sim 90 50,0%

Não 73 40,6%
Hipertensão
Sim 107 59,4%

Pré-diabético 8 4,4%

Tipo de diabetes Diabetes tipo 1 8 4,4%

Diabetes tipo 2 164 91,1%

Não 3 1,7%
Fez exame de
Sim 176 97,8%
hemoglobina glicada
Sem informações 1 0,6%

Não 2 1,1%
Fez exame de
Sim 177 98,3%
glicemia em jejum
Sem informações 1 0,6%

Não 15 8,3%
Toma antidiabético
Sim 163 90,6%
oral
Sem informações 2 1,1%

Não 93 51,7%
Toma insulina
Sim 87 48,3%
44

Variável Categoria Média (desvio Mediana (valor

padrão) mínimo e máximo)

Não 76 42,2%
Toma hipertensivo
Sim 104 57,8%

Toma anti- Não 93 51,7%

hiperlipemiante Sim 57 48,3%

Pé diabético Não 155 86,1%

Sim 25 13,9%
45

Tabela 2. Análises das associações entre a presença de pé diabético e as demais variáveis analisadas. Sobral, CE, Brasil, 2018-2019
Pé diabético
$
OR bruto
*
Variável Categoria n(%) Ausência Presença p-valor
(#IC95%)
n (%) n (%)

Idade ≤59& 91 (50,6%) 79 (86,8%) 12 (13,2%) Ref

(anos) >59 89 (49,4%) 76 (85,4%) 13 (14,6%) 1,13 (0,48-2,62) 0,7831

Masculino 63 (35,0%) 52 (82,5%) 11 (17,5%) 1,56 (0,66-3,67) 0,3116


Sexo
Feminino 117 (65,0%) 103 (88,0%) 14 (12,0%) Ref

Local de Sobral 91 (50,6%) 75 (82,4%) 16 (17,6%) 1,90 (0,79-4,55) 0,1519

Residência Outros 89 (49,4%) 80 (89,9%) 9 (10,1%) Ref

Casado 79 (43,9% 70 (88,6%) 9 (11,4%) Ref

Não casado 56 (31,1%) 49 (87,5%) 7 (12,5%) 1,11 (0,39-3,18) 0,8445

Estado civil
Sem
45 (25,0%) 36 (80,0%) 9 (20,0%) -
informações

Aposentado 40 (22,2%) 31 (77,5%) 9 (22,5%) 2,51 (0,95-6,61) 0,0632


46

Pé diabético
$
OR bruto
*
Variável Categoria n(%) Ausência Presença p-valor
#
( IC95%)
n (%) n (%)

Nível Outro 106 (58,9%) 95 (89,6%) 11 (10,4%) Ref

Socioeconômico Sem
34 (18,9%) 29 (85,3%) 5 (14,7%) -
informações

≤67& 85 (47,2%) 77 (90.6%) 8 (9,4%) Ref

Peso >67 82 (45.6%) 68 (82,9%) 14 (17,1%) 1,98 (0,78-5,01) 0,1486

(Kg) Sem
13 (7,2%) 10 (76,9%) 3 (23,1%) -
informações

Altura ≤155& 82 (45,6%) 71 (86,6%) 11 (13,4%) Ref

(cm) >155 77 (42,8%) 67 (87,0%) 10 (13,0%) 0,96 (0,38-2,42) 0,9366

Sem

informações 21 (11,7%) 17 (81,0%) 4 (19,0%) -


47

Pé diabético
$
OR bruto
*
Variável Categoria n(%) Ausência Presença p-valor
#
( IC95%)
n (%) n (%)

Abaixo ou
34 (18,9%) 30 (88,2%) 4 (11,8%) Ref
normal

Sobrepeso
125 (69,4%) 108 (86,4%) 17 (13,6%) 1,18 (0,37-3,77) 0,7795
Situação ou obesidade

Nutricional Sem
21 (11,7%) 17 (81,0%) 4 (19,0%) -
informações

Colesterol Não 90 (50,0%) 79 (87,8%) 11 (12,2%) Ref

Alto Sim 90 (50,0%) 76 (84,4%) 14 (15,6%) 1,32 (0,56-3,10) 0,5188

Não 73 (40,6%) 66 (90,4%) 7 (9,6%) Ref

Hipertensão
Sim 107 (59,4%) 89 (83,2%) 18 (16,8%) 1,91 (0,75-4,83) 0,1734

Tipo de Tipo 2 164 (91,1%) 139 (84,8%) 25 (15,2%) -


48

Pé diabético
$
OR bruto
*
Variável Categoria n(%) Ausência Presença p-valor
#
( IC95%)
n (%) n (%)

Diabetes Pré ou tipo 1 16 (8,9%) 16 (100,0%) 0 (0,0%)


*
Categoria de referência para a variável de desfecho. $Odds ratio. #Intervalo de confiança. &Mediana da amostra.
49

Tabela 3. Análises (brutas e ajustadas) das associações entre o tipo de diabetes e as variáveis analisadas. Sobral, CE, Brasil, 2018-2019
Tipo de diabetes
$ $
OR bruto OR p-
Variável Categoria n(%) Outros *Tipo 2 p-valor
(#IC95%) ajustado(#IC95%) valor
n (%) n (%)

Idade ≤59& 91 (50,6%) 14 (15,4%) 77 (84,6%) Ref Ref

(anos) >59 89 (49,4%) 2 (2,2%) 87 (97,8%) 7,91 (1,74-5,91) 0,0074 5,62 (1,20-26,29) 0,0283

Sexo Masculino 63 (35,0%) 7 (11,1%) 56 (88,9%) Ref

Feminino 117(65,0%) 9 (7,7%) 108(92,3%) 1,50 (0,53-4,24) 0,4441

Local de Sobral 91 (50,6%) 9 (9,9%) 82 (90,1%) Ref

Residência Outros 89 (49,4%) 7 (7,9%) 82 (92,1%) 1,29 (0,46-3,62) 0,6338

Estado civil Casado 79 (43,9% 4 (5,1%) 75 (94,9%) 4,08 (1,21-3,76) 0,0235

Não casado 56 (31,1%) 10 (17,9%) 46 (82.1%) Ref

Sem informações 45 (25,0%) 2 (4,4%) 43 (95,6%) 4,67 (0,97-2,56) 0,0548

Nível Aposentado 40 (22,2%) 1(2,5%) 39 (97,5%) 6,43 (0,82-0,37) 0,0765

socioeconômico

Outro 106 (58,9%) 15 (14,2%) 91 (85,8%) Ref


50

Tipo de diabetes
$ $
OR bruto OR p-
Variável Categoria n(%) Outros *Tipo 2 p-valor
(#IC95%) ajustado(#IC95%) valor
n (%) n (%)

Sem informações 34 (18,9%) 0 (0,0%) 34 (100,0%) -

Peso ≤67& 85 (47,2%) 10 (11,8%) 75 (88,2%) Ref

(Kg) >67 82 (45.6%) 6 (7,3%) 76 (92,7%) 1,69 (0,58-4,88) 0,3331

Sem informações 13 (7,2%) 0 (0,0%) 13 (100,0%) -

Altura ≤155& 82 (45,6%) 8 (9,8%) 74 (90,2%) 1,07 (0,38-3,01) 0,8944

(cm) >155 77 (42,8%) 8 (10,4%) 69 (89,6%) Ref

Sem informações 21 (11,7%) 0 (0,0%) 21 (100,0%) -

Situação Abaixo ou 5 (14,7%) 29 (85,3%) Ref


34 (18,9%)
normal

Nutricional Sobre ou 11 (8,8%) 114(91,2%) 1,79(0,58-5,55) 0,3153


125(69,4%)
obesidade

Sem informações 21 (11,7%) 0 (0,0%) 21 (100,0%) -


51

Tipo de diabetes
$ $
OR bruto OR p-
Variável Categoria n(%) Outros *Tipo 2 p-valor
(#IC95%) ajustado(#IC95%) valor
n (%) n (%)

Colesterol Não 90 (50,0%) 13 (14,4%) 77 (85,6%) Ref

Alto Sim 3 (3,3%) 87 (96,7%) 4,90 (1,34- 0,0160


90 (50,0%)
17,83)

Hipertensão Não 73 (40,6%) 13 (17,8%) 60 (82,2%) Ref Ref

Sim 7,51 (2,06- 0,0023 5,55 (1,48-20,78) 0,0110


107 (59,4%) 3 (2,8%) 104 (97,2%)
27,42)
*
Categoria de referência para a variável de desfecho. $Odds ratio. #Intervalo de confiança. &Mediana da amostra. AIC (modelo vazio)=09,98; AIC
(modelo final)=95,20; -2 Log L (modelo vazio)=107,98; -2 Log L (modelo final)=89,20.
52

Figura 1. Distribuição do tipo de diabetes em função da faixa de idade. Outros=tipo 1 e pré-


diabético. Sobral, CE, Brasil, 2018-2019

Figura 2. Distribuição do tipo de diabetes em função da presença de hipertensão. Outros=tipo


1 e pré-diabético. Sobral, CE, Brasil, 2018-2019

DISCUSSÃO

Neste estudo, a amostra de usuários de um Ambulatório de Endocrinologia do


53

Governo do Estado do Ceará, que apresentam algum tipo de diabetes, foi composta

predominantemente por mulheres (65% n=117), corroborando outros achados pesquisados em

locais pontuais do Brasil8-10. Acredita-se que o fato de as mulheres procurarem com mais

frequência os serviços de saúde pode ser um fator contributivo para a predominância feminina

de pessoas com DM.

A idade média da amostra foi de 56,97 anos, achado que coaduna com outra pesquisa11

que encontrou maior índice nos pacientes com a faixa etária de 40-59 anos de idade. Dados,

também obtidos na pesquisa realizada com 49 pacientes acompanhados por uma Unidade de

Estratégia de Saúde da Família de Salvador (BA), mostraram o índice de 44,90% de DM para

a faixa etária de 40 a 59 anos12.

Neste estudo, a maioria dos pacientes é residente no município de Sobral (50,6%

n=91); 37,8% (n=68) são residentes de outros municípios da região norte do Estado do Ceará,

10% (n=18) têm residência na Região de Ibiapaba e 1,7% (n=3) em outras regiões do Ceará.

A presença de pacientes de outras regiões se deve ao sistema de Consórcio de Saúde ser

formado pelos municípios referidos pelos pesquisados, e que o ambulatório de endocrinologia

na Policlínica, que é em Sobral, faz parte. Desta maneira, vale ressaltar que, através de

encaminhamentos da central de regulação de consultas, é a forma viável para o atendimento a

todos os municípios circunvizinhos a Sobral.

Quase a totalidade dos participantes tinha o Diabetes mellitus 2 (DM2) (91,1%

n=164), seguido pelo Diabetes mellitus 1 (DM1) (4,4% n=8) e pela pré-diabetes (4,4% n=8).

A Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC)13, destacando os dados registrados pela

Organização Mundial da Saúde, enfoca que uma em cada 11 pessoas no mundo tem diabetes.

Dados do Ministério da Saúde registram que no Brasil, entre 2006 e 2016, o aumento desta

patologia no país foi de 60%. O número de pessoas com diabetes mellitus, em 2015, colocou

o Brasil no ranking mundial em número de pessoas com a doença, na 4ª posição, atrás


54

somente da China, Índia e Estados Unidos. E esta posição irá se manter até 2040, totalizando

23,3 milhões de brasileiros com DM14.

Dados do Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos,

em 2018, no Nordeste brasileiro15 demonstram predominância da forma diabética tipo 2 nesta

população, equivalente a 72,90% casos. No entanto, as notificações quanto à presença de

diabetes mellitus do tipo 1 foi de 2.521 casos. O Ceará apresentou 900 (72,4%) casos para o

tipo 2 e 343 (27,6%) para o tipo 1, totalizando em 2018 o número de 1243 casos. O estado da

Bahia foi quem apresentou a maior quantidade de casos tanto para a forma diabética tipo 1 de

745 (25%) como para a tipo 2 com 2188 (75%) totalizando 2.933 casos, e o menor número de

casos que foram registrados para as duas formas patológicas ocorreram no estado de Sergipe

equivalente a 61 (23%) para o tipo 1, e 201 (77%) para o tipo 2, totalizando 262 casos.

Cerca de 4,4% (n=8) dos participantes eram pré-diabéticos. Apesar de ser uma

porcentagem pequena, o pré-diabetes pode evoluir para o DM2, a depender de vários fatores

como o ganho de peso, idades mais jovens, elevação da glicemia de jejum, maximização dos

níveis plasmáticos de insulina, minimização da resposta insulínica à glicose, dislipidemia e

hipertensão arterial, dentre outros16. Assim, os pacientes diabéticos devem ser motivados a

mudarem seu estilo de vida, como ter uma alimentação saudável e praticar exercício físico.

“As mudanças no estilo de vida contribuem para uma longevidade mais saudável dos

diabéticos. Assim, é preciso implantar e promover ações que favoreçam a longevidade com

melhor qualidade, autoestima e sensação de bem-estar” (p: 334)17.

Os dados revelaram que, dos pacientes pesquisados que tinham diabetes tipo 2, ou

seja, 91,1% (164) do universo pesquisado, 59,4% (107) também eram hipertensos,

concomitantemente. Estes dados coadunam com uma pesquisa realizada com 67 indivíduos

com diabetes tipo 2 foi verificada a presença de hipertensão arterial em 67,5%18.

Corroborando também os resultados obtidos em outra pesquisa com pacientes diabéticos tipo
55

2, que dos 76 pesquisados, 61,8% eram mulheres, com a média de idade de 60,7 anos e 80,2%

com hipertensão arterial sistêmica e 6,5% dos pacientes eram amputados19.

Sobre o pé diabético, foi verificado neste estudo que 13,9% (25) da amostra tinham pé

diabético. Esta uma das complicações mais sérias do diabetes e chega atingir cerca de 15%

dos pacientes diabéticos. O pé diabético caracteriza-se por infecção, ulceração e/ou destruição

de tecidos moles concomitantes a alterações neurológicas e à doença arterial periférica. O

indivíduo com pé diabético tem o membro comprometido, e esta complicação do diabetes tem

sido causa da maximização de hospitalizações e amputações incapacitantes18. O pé diabético

foi uma das complicações encontradas mais predominante, em 15,2% (n=25) dos pacientes

com DM2 na pesquisa transversal realizada para este estudo, coadunando com outras

realizadas20-21.

Algumas orientações para prevenir as complicações como o pé diabético são: lavar os

pés todos os dias e enxugar com carinho entre os dedos, olhar os pés todos os dias, entre os

dedos, nas laterais e em embaixo na região plantar, para observar a presença de frieira entre os

dedos, calos ou ferimentos. Usar diariamente creme nos pés para amaciar a pele, evitando

passar creme entre os dedos, evitando assim a frieira. Cortar as unhas em linha reta. Evitar

machucar os cantos dos dedos. Evitar usar sapatos apertados, de bico fino ou sapatos largos.

Evitar também sandálias de plástico abertas e com tiras entre os dedos. Evitar usar bolsa de

água quente nas pernas ou pés. Evitar cortar calos ou usar medicamentos para acabar com

eles. Evitar andar descalço, mesmo dentro de casa. Abandonar tabagismo, pois a nicotina

prejudica a circulação. E principalmente controlar a hiperglicemia³.

Os resultados desse estudo transversal mostraram que a média de peso dos indivíduos

pesquisados foi de 67,0 kg, sendo que 40,0% (n=72) apresentando sobrepeso e 29,4% (n=53)

obesidade. Variáveis comuns com a pesquisa realizada com amostra de 76 pacientes de um


56

hospital de Minas Gerais, que após avaliados, 64,4% apresentavam sobrepeso/obesidade

(IMC 28,6 ± 6,26 kg/m2)19.

Ressalta-se também que, neste estudo transversal, a metade da amostra (50%=90)

apresentou colesterol alto e 59,4% (n=107) hipertensão. Um estudo realizado em 2019, em

Belém, também mostrou que 56% dos diabéticos apresentaram colesterol total e LDL-c não

desejáveis22.

Um estudo prévio demonstrou que a população mais acometida pelo diabetes são os

idosos, do sexo feminino, mas também ela acontece em qualquer faixa etária, independente do

gênero23. Estas variáveis coadunam com as encontradas para este estudo transversal que teve

prevalência para o diabetes tipo 2. E destoa na variável gênero com uma pesquisa realizada

com 35 participantes selecionados por amostra de conveniência que teve predominância do

masculino (62,9%)24.

Outro fato que se destaca é a concomitância dos pacientes diabéticos serem também

hipertensos que neste estudo transversal totalizou 59,4% (n=107). Estes dados assemelham-se

com a pesquisa realizada25 com 67 indivíduos com diabetes tipo 2, na qual foi verificada a

presença de hipertensão arterial em 67,5% e com pesquisa realizada com 76 pacientes em um

hospital universitário de agosto/2015 a agosto/2016 na qual a comorbidade mais prevalente

foi hipertensão arterial sistêmica, em 80,2%26.

O diabetes mellitus e a hipertensão arterial sistêmica se revelam com alguns aspectos

em comum, tais como a origem e os fatores de risco (como a obesidade), tratamentos não

medicamentosos (mudanças de hábitos, alimentação saudável e prática de atividades físicas),

complicações e, inclusive, a ausência quase completa de sintomas3. Considerando os achados

desta pesquisa e os já reportados na literatura4-6, sugere-se que pacientes diabéticos também

evitem o sal, e pacientes hipertensos controlem a ingestão de açúcar.


57

Como limitações, apontam-se: a) a natureza transversal do estudo, impossibilitando

estabelecer uma relação causal entre as variáveis, b) o reduzido tamanho amostral que fez

com que, em alguns casos, a amplitude do intervalo de confiança para odds ratio tenha sido

grande e consequentemente o p-valor não foi significativo e c) o preenchimento incompleto

de alguns prontuários.

Com os resultados deste estudo, foi possível identificar os pacientes com

singularidades em comum, através do perfil epidemiológico do mesmo, podendo realizar

políticas públicas objetivando a prevenção e controle dessa doença, para não evoluir para

complicações de membros inferiores, impactando positivamente na diminuição de casos de

amputações de membros inferiores devido vasculopatia causadas pelo descontrole da

Diabetes, diminuindo os custos em saúde pública na Região da Zona Norte do Estado do

Ceará. Ainda, nossos achados sugerem uma relação entre hipertensos e diabéticos,

principalmente nos idosos, estimulando o desenvolvimento de políticas públicas para

prevenção de diabetes mellitus nos paciente idosos com hipertensão arterial.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o Diabete Mellitus tipo 2 esteve significativamente associado à idade

maior de 60 anos e à presença de hipertensão. Pé diabético foi observado na minoria dos

pacientes.

REFERÊNCIAS

1 Oliveira EJP, Rocha VFB, Nogueira DA, Pereira AA. Qualidade de vida e condições de

saúde bucal de hipertensos e diabéticos em um município do Sudeste Brasileiro. Ciênc. saúde

coletiva. 2018; 23(3): 763-772. Disponível em:


58

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232018000300763&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018233.00752016.

2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise

em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de

fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre

frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças

crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso

eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de

Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da

Saúde, 2020.137. : il.Modo de acesso: World Wide Web:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2019_vigilancia_fatores_risco.pdf

ISBN 978-85-334-2765-51.

3 SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes:

2019-2020. São Paulo: Editora Clannad, 2020. Disponível em:

https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/banners/Diretrizes_SBD_2020_04FEV20.p

df. ISBN 978-85-93746-13-0

4 Santos KPB, Luz SCT, Mochizuki L, d'Orsi E. Carga da doença para as amputações de

membros inferiores atribuíveis ao diabetes mellitus no Estado de Santa Catarina, Brasil, 2008-

2013. Cad. Saúde Pública. 2018; 34(1): e00013116. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2018000105006&lng=en. Epub Feb 05, 2018. https://doi.org/10.1590/0102-

311x00013116.
59

5 Silva Júnior D, Costa KS, Arantes MG, Moreira AA, Costa Júnior AF, Schneid JL.

Conhecimentos, atitudes e práticas de medidas preventivas do pé diabético nos participantes

de programa de controle do diabetes no município de Gurupi, Tocantins. Revista Cerus.

2018; 8(3):118-135. Disponível em:

http://ojs.unirg.edu.br/index.php/1/article/view/1058/474. doi: 10.18605/2175-7275.

6 Pereira DA, Costa NMSC, Sousa ALL, Jardim PCBV, Zanini CRO. Efeito de intervenção

educativa sobre o conhecimento da doença em pacientes com diabetes mellitus. Rev. Latino-

Am. Enfermagem. 2012; 20(3): 478-485. Disponível em:

http://www.journals.usp.br/rlae/article/view/48569. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-

11692012000300008.

7 R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for

Statistical Computing, Vienna, Austria, 2020.

8 Amaral L.F, Mansano L, Bernardes, LG, Morais LQ, Pequito DCT. Perfil sociodemográfico

e farmacológico de pacientes portadores de diabetes mellitus. II Jornada Acadêmica de

Medicina, UFMS/CPTL. 8,9,10 e 11 de novembro de 2017. 2017; v7i0.3915. UFMS-Campus

de Três Lagoas. Três Lagoas-MS, Brasil. Disponível em:

http://www.archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/view/4114/pdf,

http://dx.doi.org/10.21270/archi.v7i0.3915

9 Lima Neto JCG, Oliveira JFSF, Souza MA, Araújo MFM, Damasceno MMC, Freitas

RWJF. Prevalencia del síndrome metabólico y sus componentes en personas con diabetes

mellitus tipo 2. Texto Contexto Enferm. 2018; 27( 3 ): e3900016. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
60

07072018000300310&lng=en. Epub Aug 06, 2018. https://doi.org/10.1590/0104-

070720180003900016.

10 Anjos TS, Souza KOC, Santos AD, Otero, LM. Avaliação do perfil sociodemográfico de

pacientes com diabetes mellitus tipo 2. In: II CIE - Congresso Internacional de

Enfermagem, 2019, Aracaju. Anais 2019, v. 1. 2019; Disponível em:

https://eventos.set.edu.br/index.php/cie/article/view/11460/4451

11 Macedo JL, Oliveira, ASSS, Pereira IC, Reis, ER, Assunção MJSM. Perfil epidemiológico

do diabetes mellitus na região nordeste do Brasil. Res., Soc. Dev. 2019; 8(3) 1-12. Disponível

em: .

https://www.researchgate.net/publication/330919197_Perfil_epidemiologico_do_diabetes_me

llitus_na_regiao_nordeste_do_Brasil. DOI: 10.33448/rsd-v8i3.826.

12 Trindade, F. T., Antunes, H. S., Souza, N. dos S. de, Menezes, T. M. de O., Cruz, C. M. S.

Perfil clínico, social e motivos de faltas em consultas de hipertensos e/ou diabéticos. Revista

Eletrônica De Enfermagem. 2019; 15(2):496-505. Disponível em:

https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/16909. https://doi.org/10.5216/ree.v15i2.16909

13 SBAC. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Qual a situação da diabetes no Brasil?

Disponível em: http://www.sbac.org.br/blog/2018/11/26/qual-a-situacao-da-diabetes-no-

brasil/. Acesso em: 27 jun 2020.

14 Souza KOC, Mendonça SCB, Otero LM; Souza MFC, Ribeiro SO. Autocuidado de

pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Revista Semina: Ciências Biológicas e da Saúde,

Londrina. 2019;40(1):75-88, jan./jun. Disponível em:


61

http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/34370. DOI: 10.5433/1679-

0367.2019 v40n1p75

15 Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de

Hipertensos e Diabéticos. 2018. Disponível em:

http://www2.datasus.gov.br/DATASUS//index.php?area=060304. Acesso em 12.12.2018.

16 Martins AVV et al. Progressão de pré-diabetes para diabetes mellitus: um estudo de vida

real. Rev. Ciênc. Ext. 2019;15(1):50-58 Disponível em:

https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1449.

17 Freitas AJS, Araújo MFG, Oliveira BEG, Félix DM, Rêgo CVL, Guedes IA, Moura AS,

Queiroz MSR. Identificação de portadores de diabetes mellitus tipo 2 e incentivo as mudanças

no estilo de vida. Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management.

2019;16(3):334-345. Disponível em:

http://revista.uepb.edu.br/index.php/biofarm/article/view/5598/3317.

18 Figueiredo EOC, Barros FO, Santos TSP, Góis CFL, Otero LM. Avaliação do grau de

risco para pé diabético em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2. Rev enferm UFPE. 2017;

11(Supl. 11):4692-9. Disponível em:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/231211/25218. DOI:

10.5205/reuol.11138-99362-1-SM.1111sup201720.

19 Soares RL, Ribeiro SM de O, Fachin L de B, Lima ACT de S, Ramos L de O, Ferreira LV.

Avaliação de rotina do pé diabético em pacientes internados – prevalência de neuropatia e

vasculopatia. Hu Rev. 2018;43(3):205-210. Disponível em:


62

https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2746. doi:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2017.v43.2746

20 Pereira DA, Costa NMS, Sousa ALL, Jardim PCB, Zanini CO. Efeito de intervenção

educativa sobre o conhecimento da doença em pacientes com diabetes mellitus. Rev. lat.-am.

enferm. 2020;20(3):478-85. Disponível em:

http://www.journals.usp.br/rlae/article/view/48569. https://doi.org/10.1590/S0104-

11692012000300008

21 Cubas MR, Santos OM, Retzlaff EMA, Telma HLC, Andrade IPS, MAD. et al . Pé

diabético: orientações e conhecimento sobre cuidados preventivos. Fisioter.

mov. 2013; 26(3): 647-655. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

51502013000300019&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000300019.

22 Figueiredo TS, Damasceno TCRL, Vasconcelos FC. Risco cardiovascular em pacientes

portadores de diabetes mellitus tipo 2 atendidos em um ambulatório de nutrição na cidade de

Belém–PA. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2020;12(7) e3227. Disponível em:

https://www.acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/3227/2063. doi:

https://doi.org/10.25248/reas.e3227.2020

23 Nascimento OJM, Pupe CCB, Cavalcanti EBU. NEUROPATIA DIABÉTICA. Rev.

dor. 2016;17( Suppl 1): 46-51. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-

00132016000500046&lng=en. https://doi.org/10.5935/1806-0013.20160047.
63

24 Gomides DS, Villas-Boas LCG, Coelho ACM, Pace AE. Autocuidado das pessoas com

diabetes mellitus que possuem complicações em membros inferiores. Acta paul.

enferm. 2013; 26(3): 289-293. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

21002013000300014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002013000300014.

25 Figueiredo EOC, Barros FO, Santos TSP, Góis CFL, Otero LM. Avaliação do grau de

risco para pé diabético em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2. Rev enferm UFPE. 2017;

11(Supl. 11):4692-9. Disponível em:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/231211/25218. DOI:

10.5205/reuol.11138-99362-1-SM.1111sup201720.

26 Soares RL, Ribeiro SM de O, Fachin L de B, Lima ACT de S, Ramos L de O, Ferreira LV.

Avaliação de rotina do pé diabético em pacientes internados – prevalência de neuropatia e

vasculopatia. Hu Rev. 2018;43(3):205-210. Disponível em:

https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2746. doi:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2017.v43.2746
64

3 DISCUSSÃO

O Diabetes Mellitus (DM) se caracteriza por distúrbios metabólicos que resultam


em hiperglicemia. Trata-se de uma das Doenças Crônicas Não Transmissíveis que vêm
aumentando grandiosamente seu índice em todo o mundo9.

A Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC)10, destacando os dados


registrados pela Organização Mundial da Saúde, enfoca que uma em cada 11 pessoas no
mundo tem diabetes. Dados do Ministério da Saúde registram que no Brasil, entre 2006 e
2016, o aumento desta patologia no país foi de 60%. O número de pessoas com diabetes
mellitus, em 2015, colocou o Brasil no ranking mundial em número de pessoas com a doença,
na 4ª posição, atrás somente da China, Índia e Estados Unidos. E esta posição irá se manter
até 2040, totalizando 23,3 milhões de brasileiros com DM11.

Diante disso, pesquisas realizadas afirmam que a população mais acometida pelo
diabetes são os idosos, do sexo feminino, mas também ela acontece em qualquer faixa etária,
independente do gênero4,12. Estas variáveis coadunam com as encontradas para este estudo
transversal que teve prevalência para o diabetes tipo 2. E destoa na variável gênero com uma
pesquisa realizada com 35 participantes selecionados por amostra de conveniência que teve
predominância do masculino (62,9%)13.

A maior prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) nos idosos relaciona-se à


disfunção da célula beta, com menor produção da insulina e da resistência a esta, também
frequente no idoso em função das mudanças corporais que ocorrem com o envelhecimento1.

Além da doença renal, ou nefropatia diabética, a hipertensão arterial no diabetes


mellitus é causada por reabsorção de água e sódio juntamente à glicose filtrada nos rins e por
aumento da rigidez dos vasos sanguíneos, as artérias, tanto por efeito do excesso de glicose
por mecanismo conhecido como glicação, quanto por aterosclerose, isto é, entupimento dos
vasos.

O pé diabético foi uma das complicações encontradas mais predominante, em


15,2% (25) dos pacientes com DM2 na pesquisa transversal realizada para este estudo,
coadunando com outras realizadas3-14-15. Outro fato que se destaca é a concomitância dos
65

pacientes diabéticos serem também hipertensos que neste estudo transversal totalizou 59,4%
(107). Estes dados assemelham-se com a pesquisa realizada16 com 67 indivíduos com diabetes
tipo 2, na qual foi verificada a presença de hipertensão arterial em 67,5% e com pesquisa
realizada com 76 pacientes em um hospital universitário de agosto/2015 a agosto/2016 na
qual a comorbidade mais prevalente foi hipertensão arterial sistêmica, em 80,2%17.

Ressalta-se, também, que a finalização desta dissertação está acontecendo


concomitantemente à pandemia da covid-19 (coronavírus). Dessa maneira, finaliza-se com
algumas das diversas orientações da Sociedade Brasileira de Diabetes1 em relação a esta
patologia e à covid-19, a saber:

As pessoas com diabetes não têm maior risco de infecção, mas sim de maior
gravidade da covid-19. Estas, ao apresentarem sintomas leves de resfriado ou com “síndrome
gripal”, precisam realizar o isolamento domiciliar por 14 dias; contudo, ao apresentarem
sintoma respiratório, como tosse, febre ou desconforto para respirar por mais de um dia ou se
estiverem sem febre precisam ser avaliadas pelo médico por suspeita da covid-191.

Se a pessoa que tem diabetes estiver com suspeita de ter o coronavírus, além de
seguir todo o protocolo de isolamento dentro da sua própria residência durante os 14 dias, é
imprescindível monitorar as glicemias capilares mais frequentemente. Devido à covid-19
normalmente apresentar-se com febre, este fato maximiza as glicemias, o que possibilita o
descompensamento do diabetes provocando a maior necessidade de tomar líquidos (água)
para que não aconteça a desidratação também. Se os sintomas piorarem, ou se o diabético
apresentar falta de ar, é preciso procurar um hospital para o tratamento do coronavírus1.

Ressalta ainda a Sociedade Brasileira de Diabetes1 que o risco de complicações


tem maior prevalência para os indivíduos com 60 anos ou mais, que já tenham complicações
do diabetes, e comorbidades, como a hipertensão e que estão com altos níveis de açúcar no
sangue, independentemente do tipo de diabetes.
66

4 CONCLUSÃO

Conclui-se, a partir da revisão de literatura, que o DM ainda é um grande desafio para


os sistemas de saúde, que a neuropatia diabética é uma das principais complicações do DM e
que as lesões plantares dos diabéticos resultam de algumas alterações sistêmicas e sinérgicas.
A partir do estudo transversal, pode-se inferir que o diabetes mellitus tipo 2 foi o mais
frequente e esteve significativamente associado à idade maior de 60 anos e à presença de
hipertensão. Pé diabético foi observado na minoria dos pacientes.
67

REFERÊNCIAS3

1 SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes:


2019-2020. São Paulo: Editora Clannad, 2020. Disponível em:
https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/banners/Diretrizes_SBD_2020_04FEV20.p
df. ISBN 978-85-93746-13-0.

2 Sarturi Tres, G. Efeitos da diacereína nos parâmetros inflamatórios e controle metabólico


em pacientes diabéticos tipo 2 em uso de anti-hiperglicemiantes. 61p. Rio de Janeiro: UFRJ,
2015. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências
Cardiovasculares, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul [Tese]. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/142556.

3 Artilheiro MMVSA, Franco SC, Schulz VC, Coelho CC. Quem são e como são tratados os
pacientes que internam por diabetes mellitus no SUS?. Saúde debate. 2014;38(101): 210-224.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
11042014000200210&lng=en. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140019.

4 Iser BPM, Stopa S R, Chueiri PS, Szwarcwald CL, Malta DC, Monteiro HOC et al.
Prevalência de diabetes autorreferido no brasil: resultados da pesquisa nacional de saúde
2013. Epidemiol. Serv. Saúde. 2015; 24(2): 305-314. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-
96222015000200305&lng=en. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200013.

5 Oliveira EJP, Rocha VFB, Nogueira DA, Pereira AA. Qualidade de vida e condições de
saúde bucal de hipertensos e diabéticos em um município do sudeste brasileiro. Ciênc. saúde
coletiva. 2018;23(3): 763-772. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232018000300763&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018233.00752016.

6 Aparcana HLT, Gutiérrez C, Ramírez JP, Álvarez RP, Huamán HA. Características
clínicas y epidemiológicas de los pacientes hospitalizados por pie diabético en el hospital
nacional dos de mayo entre 2006 y 2008, Lima-Perú. Revista Peruana de Epidemiologia.
2012;16(3):1-6. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=203125431008.

7 Domínguez GV, Cabrera HM, Aguirre RWT. Evaluación de la concordancia entre los
valores del índice tobillobrazo y presiones segmentarias con amputacion del pie diabético.
Revista da Sociedade Peruana de Medicina Interna. 2013;26(4) 184-92. Disponível em:
http://www.medicinainterna.org.pe/pdf/2013/vol26num4/trabajo%20original6.pdf.

8 Pinchevsky Y, Butkow N, Raal FJ, Chirwa T, Rothberg A. Demographic and clinical


factors associated with development of type 2 diabetes: a review of the literature. Int J Gen
Med. 2020;13:121‐129. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7127847/. doi: 10.2147/IJGM.S226010

3
De acordo com as normas da UNICAMP/FOP, baseadas na padronização do International Committee of
Medical Journal Editors - Vancouver Group. Abreviatura dos periódicos em conformidade com o PubMed.
68

9 Reis P dos, Marcon SS, Nass EMA, Arruda GO de, Back IR, Lino IGT, et al. Desempenho
de pessoas com diabetes mellitus na insulinoterapia. Cogitare enferm. 2020; 25. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.66006.

10 SBAC. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Qual a situação da diabetes no Brasil?


Disponível em: http://www.sbac.org.br/blog/2018/11/26/qual-a-situacao-da-diabetes-no-
brasil/. Acesso em: 27 jun 2020.

11 Souza KOC, Mendonça SCB, Otero LM; Souza MFC, Ribeiro SO. Autocuidado de
pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Revista Semina: Ciências Biológicas e da Saúde,
Londrina. 2019;40(1):75-88, jan./jun. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/34370. DOI: 10.5433/1679-
0367.2019 v40n1p75

12 Nascimento OJM, Pupe CCB, Cavalcanti EBU. NEUROPATIA DIABÉTICA. Rev.


dor. 2016;17( Suppl 1): 46-51. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
00132016000500046&lng=en. https://doi.org/10.5935/1806-0013.20160047.

13 Gomides DS, Villas-Boas LCG, Coelho ACM, Pace AE. Autocuidado das pessoas com
diabetes mellitus que possuem complicações em membros inferiores. Acta paul.
enferm. 2013; 26(3): 289-293. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002013000300014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002013000300014.

14 Pereira DA, Costa NMS, Sousa ALL, Jardim PCB, Zanini CO. Efeito de intervenção
educativa sobre o conhecimento da doença em pacientes com diabetes mellitus. Rev. lat.-am.
enferm. 2020;20(3):478-85. Disponível em:
http://www.journals.usp.br/rlae/article/view/48569. https://doi.org/10.1590/S0104-
11692012000300008

15 Cubas MR, Santos OM, Retzlaff EMA, Telma HLC, Andrade IPS, MAD. et al . Pé
diabético: orientações e conhecimento sobre cuidados preventivos. Fisioter.
mov. 2013; 26(3): 647-655. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
51502013000300019&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000300019.

16 Figueiredo EOC, Barros FO, Santos TSP, Góis CFL, Otero LM. Avaliação do grau de
risco para pé diabético em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2. Rev enferm UFPE. 2017;
11(Supl. 11):4692-9. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/231211/25218. DOI:
10.5205/reuol.11138-99362-1-SM.1111sup201720.

17 Soares RL, Ribeiro SM de O, Fachin L de B, Lima ACT de S, Ramos L de O, Ferreira LV.


Avaliação de rotina do pé diabético em pacientes internados – prevalência de neuropatia e
vasculopatia. Hu Rev. 2018;43(3):205-210. Disponível em:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2746. doi:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2017.v43.2746
69

Apêndice 1 – Solicitação de dispensa de Termo de Consentimento Livre Esclarecido


(TCLE)

Ao Comitê de Ética em Pesquisa da FOP/UNICAMP

Venho, através deste, solicitar a dispensa do Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido (TCLE), devido à pesquisa intitulada “Perfil epidemiológico de pacientes com
diabetes mellitus tipo 2 atendidos em um ambulatório de endocrinologia” ser através de
acesso aos arquivos eletrônico de pacientes já atendidos e que não estarão em
acompanhamento durante a pesquisa, além do que a maioria dos pacientes correspondentes
aos arquivos serem pacientes o interior da Zona Norte do Estado do Ceará e não há como
entrar em contato com eles, ou seja, por dificuldade de acesso, devido se tratar de Zona Rural.
Sendo assim, solicitamos dispensa.

De acordo e ciente.
Sobral, 01 de novembro de 2018.

Pesquisador responsável – Davi Helder de Vasconcelos Junior


CPF: 785.306.283-49
70

ANEXOS

Anexo 1 – Roteiro da Pesquisa


71
72

Anexo 2 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2


ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA
Pesquisador: DAVI HELDER DE VASCONCELOS JUNIOR
Área Temática:
Versão: 3
CAAE: 05221918.0.0000.5418
Instituição Proponente: Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Unicamp
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 3.182.446

Apresentação do Projeto:
Transcrição editada do conteúdo do registro do protocolo e dos arquivos anexados à Plataforma Brasil

Delineamento da pesquisa: Trata-se de estudo clínico observacional transversal, com a utilização de dados
secundários coletados em prontuários médicos de pacientes diabéticos (n=1344) atendidos no Ambulatório de
Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral (CE), no período de 2015 a 2017. As seguintes
variáveis serão coletadas nos prontuários: identificação (idade, estado civil, município de origem e profissão),
queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa, história patológica familiar, história
fisiológica social: alimentação, atividade física, estilo de vida, medicações em uso, exame físico geral: sinais
vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, pulso), dados antropométricos (altura,
peso, índice de massa corpórea), glicemia capilar, aparelho cardiopulmonar, aparelho abdominal, membros
superiores e inferiores (presença de lesões ou não), tipo de diabetes, ano de diagnóstico, presença de pé
diabético), avaliação geral (hábitos e estilo de vida) hipótese diagnóstica e conduta do médico. Os dados serão
registrados diretamente em planilhas no programa Microsoft Office Excel 2007, pelo pesquisador principal. Os
dados serão analisados por estatística descritiva, por meio de frequências e proporções. As associações de
interesse serão estudadas por meio do teste de Qui-quadrado e de análises de regressão, adotando-se nível
de significância de 5%.

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 01 de 10
73

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

Critérios de inclusão: Prontuários de pacientes diabéticos mellitus tipo 2 que foram atendidos pelo médico
endocrinologista no Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral (CE).
Critérios de exclusão: Prontuários de pacientes não diabéticos.
Desenho de Estudo: Trata-se de um estudo observacional transversal, com a utilização de dados secundários
existentes, coletados em prontuários médicos de pacientes diabéticos atendidos no Ambulatório de
Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral (CE), no período 2015-2017.
Aspectos Éticos: Este estudo será realizado conforme as recomendações éticas da Resolução nº 466, de 12
de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. O projeto será submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa e o contato com os prontuários dos pacientes só será iniciado após a devida aprovação.
População do Estudo: A pesquisa será realizada pela consulta aos prontuários de pacientes diabéticos
atendidos pelo médico endocrinologista no Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará
em Sobral (CE). Em média, 14 pacientes diabéticos tipo 2 são atendidos por semana, estimando-se 672
pacientes por ano, e 1344 no período 2015-2017, em média.
Local da Pesquisa e Fonte de Dados: O estudo será realizado no Ambulatório de Endocrinologia do Governo
do Estado do Ceará no município de Sobral (CE) que foi inaugurado no dia 04 de julho de 2012, com
funcionamento das 07 às 18h. Tem como foco o atendimento em média complexidade destinada a dar suporte
às Unidades Básicas de Saúde dos 24 municípios da Região de Saúde de Sobral, com população estimada
de 614 mil habitantes. Estes municípios são: Alcântara, Cariré, Catunda, Coreaú, Forquilha, Frecheirinha,
Graça, Groaíras, Hidrolândia, Ipu, Irauçuba, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira,
Reriutaba, Santa Quitéria, Santana do Acaraú, Senador Sá, Sobral, Uruoca e Varjota.
O Ambulatório de Endocrinologia da Policlínica Bernardo Félix da Silva do Governo do Estado do Ceará
oferece 13 especialidades médicas e exames complexos como tomografia computadorizada,
eletroencefalograma e endoscopia digestiva.
A Unidade de Saúde tem 12 consultórios, oito desses estão reunidos na ilha de Atendimento
Multiprofissional, destinados às especialidades de Clínica Médica, Cardiologia, Ginecologia, Obstetrícia para
Pré-Natal de Risco, Mastologia, Cirurgia Geral, Gastroenterologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia,
Urologia, Traumato-ortopedia, Neurologia, Endocrinologia e Cirurgia Vascular/Angiologia, equipados com os
móveis e materiais médicos necessários, como computador e prontuário eletrônico, com todas as
informações necessárias para uma devida

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 02 de 10
74

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

atenção. A ilha multiprofissional está estrategicamente localizada no centro da Unidade, interligando todos os
consultórios do ambulatório, equipada com computadores e mesa para reunião, servindo de espaço de
discussão interdisciplinar, multiprofissional e educação permanente da equipe. Outros quatro consultórios são
setorizados e destinam-se aos atendimentos em Fisioterapia/Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia
(equipado com cabine audiométrica), Assistência Farmacêutica e Consultório do Pé Diabético. Além disso,
uma Recepção Unificada dá acesso ao Auditório destinado à Educação em Saúde com capacidade para 42
pessoas sentadas.
Variáveis Coletadas: As seguintes variáveis serão coletadas nos prontuários (Anexo 1): Identificação (idade,
estado civil, município de origem e profissão), queixa principal, história da doença atual, história patológica
pregressa, história patológica familiar, história fisiológica social: alimentação, atividade física, estilo de vida,
medicações em uso, exame físico geral: sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência
respiratória, pulso), dados antropométricos (altura, peso, índice de massa corpórea), glicemia capilar, aparelho
cardiopulmonar, aparelho abdominal, membros superiores e inferiores (presença de lesões ou não), tipo de
diabetes, ano de diagnóstico, presença de pé diabético), avaliação geral (hábitos e estilo de vida) hipótese
diagnóstica e conduta do médico.
Coleta de Dados: A coleta dos dados será realizada de acordo com a disponibilização dos prontuários pelo
Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará em Sobral. Os dados serão registrados
diretamente em planilhas no programa Microsoft Office Excel 2007, pelo pesquisador principal.
Análise dos dados: Os dados serão analisados por estatística descritiva, por meio de frequências e
proporções. As associações de interesse serão estudadas por meio do teste de Qui-quadrado e de análises
de regressão, adotando-se nível de significância de 5%.
RESULTADOS ESPERADOS: Espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir para a formulação
de ações de promoção de saúde e prevenção de doenças no público alvo, bem como, para contribuir com a
construção de conhecimento na área da pesquisa.
A pesquisa será realizada no Ambulatório de Endocrinologia da Policlínica Bernardo Félix da Silva do
Governo do Estado do Ceará (coleta de dados) e no Departamento de Odontologia Social da FOP-
UNICAMP (demais etapas).
A lista de pesquisadores citada na capa do projeto de pesquisa inclui Davi Helder de Vasconcelos Júnior
(Médico, Mestrando no PPG Mestrado profissionalizante Gestão e Saúde Coletiva da FOP/UNICAMP,
Pesquisador responsável, orientando), Elaine Pereira da Silva Tagliaferro (Cirurgiã

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 03 de 10
75

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

Dentista, Docente do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia de Araraquara


FOAr/UNESP, Pesquisadora participante), Jaqueline Vilela Bulgareli (Cirurgiã Dentista, Pós Doutoranda no
Departamento de Odontologia Social da FOP/UNICAMP, Pesquisadora participante), Brunna Verna Castro
Gondinho (Cirurgiã Dentista, Doutoranda no PPG em Odontologia, área de Saúde Coletiva, da
FOP/UNICAMP, Pesquisadora participante) e Cyntia Monteiro Vasconcelos (Fisioterapeuta, Docente do
Centro Universitário INTA-UNINTA, Pesquisadora participante), o que é confirmado na declaração dos
pesquisadores e na PB.
Pendência 1 (atendida em 10/02/19)- Quanto à caracterização dos participantes, os pesquisadores
informaram que “A pesquisa será realizada pela consulta aos prontuários de pacientes diabéticos atendidos
pelo médico endocrinologista no Ambulatório de Endocrinologia do Governo do Estado do Ceará, em Sobral
(CE). Em média, 14 pacientes diabéticos tipo 2 são atendidos por semana, estimando-se 672 pacientes por
ano, e 1344 no período 2015-2017, em média. Os prontuários dos escolhidos serão os dos pacientes maiores
de 18 anos, de ambos os gêneros. Contudo, a demanda é maior de mulheres”.
Pendência 2 (atendida em 01/03/19) -O cronograma proposto para a pesquisa no projeto informa o início em
novembro de 2018, a coleta de dados em março de 2019 e o término em dezembro de 2019, em cerca de 14
meses para conclusão do estudo. O cronograma descrito na PB indica que a pesquisa será iniciada em
24/11/2018 (etapas preliminares), em 04/03/2019 (coleta de dados) e será concluída em 31/10/2019, em cerca
de 12 meses. Nota-se que, na tentativa de ajuste, os pesquisadores reduziram a data de finalização da análise
de dados e desajustaram a data de finalização do estudo. Considerando que aparentemente há alguma
confusão quanto à forma de lidar com o registro do protocolo na PB, será considerada como data de
finalização do estudo dezembro de 2019 e não outubro de 2019.
O arquivo ajustado do projeto de pesquisa, com as áreas modificadas marcadas em amarelo foi apresentado.

Objetivo da Pesquisa:
HIPÓTESE: Os resultados deste estudo poderá contribuir para a formulação de ações de promoção de saúde
e prevenção de doenças no público alvo, bem como, para contribuir com a construção de conhecimento na
área da pesquisa.
OBJETIVO PRIMÁRIO: Avaliar o perfil epidemiológico de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 atendidos em
um ambulatório de endocrinologia.
OBJETIVOS SECUNDÁRIOS: Conhecer o perfil socioeconômico e social de pacientes com diabetes mellitus
tipo 2 atendidos em um Ambulatório de Endocrinologia da Policlínica Bernardo Félix da

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 04 de 10
76

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

Silva do Governo do Estado do Ceará. Analisar os antecedentes pessoais de pacientes com diabetes mellitus
tipo 2 atendidos em um Ambulatório de Endocrinologia da Policlínica Bernardo Félix da Silva do Governo do
Estado do Ceará. Analisar a prevalência de pacientes com pé diabético e as variáveis associadas a esta
condição.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Quanto aos riscos e desconfortos previstos para os participantes, os pesquisadores informaram que “Não há
previsão de risco ou desconforto, mas se espera que a pesquisa obtenha resultados que venham contrapor
aos desconfortos e riscos se forem encontrados no decorrer da pesquisa com os benefícios que os
resultados irão trazer para o público-alvo e comunidade acadêmica”.
Pendência 3 (atendida em 01/03/19)- Quanto aos benefícios diretos previstos para os participantes, os
pesquisadores que “Os benefícios diretos aos participantes será a criação de estratégias para a formulação
de ações de promoção de saúde e prevenção de doenças no público alvo, bem como, para contribuir com a
construção de conhecimento na área da pesquisa. Além dos benefícios comunitários, sociais ou clínicos
futuros, não haverá benefícios direto aos participantes desta pesquisa, uma vez que eles não estarão
fisicamente presentes durante o período da pesquisa, pois serão trabalhados os prontuários e não haverá
assim, o contato direto com os pesquisados”.
O arquivo com os comentários éticos ajustados, com as áreas modificadas marcadas em amarelo foi
apresentado.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:


Quanto ao modo de abordagem dos participantes da pesquisa para a obtenção do TCLE os pesquisadores
informaram em “comentários” que “O material que será utilizado serão os prontuários dos pacientes que foram
atendidos no consultório de endocrinologia da Policlínica Bernardo Félix da Silva do Governo do Estado do
Ceará. A não utilização do TCLE se dá devido não se tratar diretamente com os pacientes e para o uso dos
prontuários foi solicitada a permissão através de uma carta de anuência a direção da referida policlínica”. No
registro do protocolo na PB informaram que “Propõe dispensa do TCLE? Sim”. Justificativa: “Venho através
deste, solicitar a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), devido a pesquisa
intitulada: “Perfil epidemiológico de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 atendidos em um ambulatório de
endocrinologia”, ser realizada através de acesso aos arquivos eletrônicos de pacientes já atendidos e que não
estarão em acompanhamento durante a pesquisa, além do que, a maioria dos pacientes correspondentes aos
arquivos, serem pacientes do interior da Zona Norte do Estado do Ceará, o que dificulta o contato com os
mesmos, ou seja, por dificuldade de acesso, devido se tratar de

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 05 de 10
77

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

Zona Rural. Sendo assim, solicitamos dispensa do mesmo. De acordo e ciente. Sobral, 01 de novembro de
2018. Pesquisador responsável – Davi Helder de Vasconcelos Júnior CPF: 785.306.283-49”. Ainda que o
texto de “comentários” seja insuficiente como justificativa para não aplicação do Termo, o texto inserido na PB
justifica corretamente a não aplicação do Termo. O mesmo texto é apresentado em lugar do modelo de TCLE.
Quanto às medidas para proteção ou minimização dos desconfortos e riscos previsíveis os pesquisadores
informaram que “Não há previsão de medidas de proteção, pois não há risco ou desconforto previsível”.
Quanto à previsão de ressarcimento de gastos os pesquisadores informaram que “Não haverá incidência de
gastos para os participantes, uma vez que os dados serão coletados dos prontuários”.
Quanto à previsão de indenização e/ou reparação de danos os pesquisadores informaram que “Não haverá
previsão de indenização e/ou reparação de danos para os participantes, uma vez que os dados serão
coletados dos prontuários”.
Quanto aos critérios para suspender ou encerrar a pesquisa os pesquisadores informaram que “Não há
previsão de suspensão da pesquisa e a mesma será encerrada quando as informações desejadas forem
obtidas”.
Pendência 4 (atendida em 08/02/19)- Quanto à justificativa para participação de grupos vulneráveis os
pesquisadores informaram originalmente que “Não haverá participação direta dos participantes. Contudo, a
vulnerabilidade do grupo está nos problemas que o diabetes acomete, uma vez que é a principal causa de
cegueira, doença renal terminal e amputação de membros”. Na carta resposta, os pesquisadores informaram
que “Como a pesquisa não será realizada diretamente com os pesquisados, não haverão riscos para os
pacientes, uma vez que eles já foram atendidos e não estão mais sendo acompanhados. Durante o período
de atendimento eles foram avaliados, foi solicitado os exames, e depois de examinados os exames foi prescrita
a conduta e, em seguida, foram liberados”. Apesar da resposta não ter relação com a pendência, a resposta
da pendência 1, caracterização dos participantes, informou que os participantes serão maiores de idade e,
desta forma, não haverá participação de grupo vulnerável na pesquisa.
Pendência 5 (atendida em 01/03/19)- Quanto às medidas de proteção à confidencialidade os pesquisadores
informaram que “Como medida para proteção à confidencialidade será realizada a coleta nos prontuários sem
registro da identificação do paciente. A identificação dos pacientes, se necessária no desenvolvimento da
dissertação, será feita pela letra P seguida de numerais cardinais (P1, P2, P3...)”.

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 06 de 10
78

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

O arquivo com os comentários éticos ajustados, com as áreas modificadas marcadas em amarelo foi
apresentado.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
A FR foi apresentada preenchida (1344 participantes, sem patrocinador principal) e assinada pelo pesquisador
responsável (Dr Davi Helder de Vasconcelos Júnior) e pelo Diretor Associado da FOP- UNICAMP (Dr. Flávio
Henrique Baggio Aguiar).
A capa do projeto cita os dados solicitados pelo CEP-FOP.
A declaração dos pesquisadores foi apresentada adequadamente preenchida e assinada.
A declaração da instituição foi apresentada adequadamente preenchida e assinada.
O arquivo do projeto de pesquisa trouxe o “Anexo 1 - Roteiro da Pesquisa (Formulário da Policlínica)”, na
verdade os dados que serão coletados na pesquisa e o “Anexo 2 – Roteiro da Pesquisa (Formulário da
Policlínica)”, o modelo de formulário da Policlínica).
Foi apresentada a autorização de acesso e uso da Policlínica Bernardo Felix da Silva de Sobral – CE, assinada
pela Dra Andréia Silveira de Assis Linhares, Diretora Administrativa da Unidade, assim como a declaração de
que a unidade conta com a infraestrutura necessária para a pesquisa.
Foi apresentada a justificativa para não aplicação do TCLE (vide acima).
Necessidade de registro de Biorrepositório: A descrição da metodologia indica que não serão coletadas
amostras biológicas para a realização da pesquisa, não havendo necessidade de registro de biorrepositório.
O orçamento descrito na PB informa que a pesquisa terá custo de R$ 560,00, para aquisição de materiais e
serviços que será bancado pelos pesquisadores.
A pesquisa foi classificada na Grande Área 4 (Ciências da Saúde) e tem como título público “PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 ATENDIDOS EM UM
AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA“. A pesquisa não foi classificada nas áreas temáticas especiais. A
Instituição proponente da pesquisa é a Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Unicamp e não foi listada
Instituição Coparticipante.

Recomendações:
As recomendações a seguir não são pendências e podem ou não ser aplicáveis ao protocolo em tela. Não há
necessidade de resposta às mesmas. RECOMENDAÇÃO 1- É obrigação do pesquisador desenvolver o
projeto de pesquisa em completa conformidade com a proposta apresentada ao CEP. Mudanças que
venham a ser necessárias após a aprovação pelo CEP devem ser comunicadas na forma de emendas ao
protocolo por meio da PB. RECOMENDAÇÃO 2- Após a aprovação do protocolo de pesquisa os
pesquisadores devem atentar para a necessidade de envio de relatórios

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 07 de 10
79

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

parciais de atividade (no mínimo um a cada 12 meses) e do relatório final de atividade (ao término da
pesquisa). Os pesquisadores devem informar e justificar ao CEP a eventual necessidade de interrupção ou
interrupção total ou parcial da pesquisa. RECOMENDAÇÃO 3- Reforça-se a necessidade do registro de
Biorrepositórios para as amostras biológicas coletadas e que não sejam de uso imediato. A intenção deve ser
registrada no projeto, no Regulamento do Biorrepositório e no TCLE que será assinado pelo participante.
RECOMENDAÇÃO 4- Os pesquisadores devem atentar para a necessidade de aplicação de TCLE para
coleta de amostras a serem estocadas em Biobancos e Biorrepositórios e para a necessidade de aplicação de
novo TCLE quando da realização de novas pesquisas com o material estocado. RECOMENDAÇÃO 5-
Pesquisas com dentes doados por profissionais de saúde ainda são toleradas em hipótese pelo CEP-FOP,
mas os pesquisadores devem estar cientes de que esta solução dista do ideal ético de consulta direta ao
participante por meio de TCLE específico da pesquisa ou da obtenção dos dentes a partir de um Biobanco de
dentes e que estas últimas situações deveriam ser escolhidas em substituição à primeira.
RECOMENDAÇÃO 6- Os pesquisadores devem manter os arquivos de fichas, termos, dados e amostras sob
sua guarda por pelo menos 5 anos após o término da pesquisa. RECOMENDAÇÃO 7- Destaca-se que o
parecer consubstanciado é o documento oficial de aprovação do sistema CEP/CONEP e os certificados
emitidos pela secretaria do CEP-FOP, a pedido, após a aprovação final do protocolo, só têm valor simbólico e
devem ser evitados. RECOMENDAÇÃO 8- Intercorrências e eventos adversos devem ser relatados ao CEP-
FOP por meio da PB. RECOMENDAÇÃO 9- Os pesquisadores devem encaminhar os resultados da pesquisa
para publicação e divulgação, com devido crédito a todos que tenham colaborado com a realização da
pesquisa. RECOMENDAÇÃO 10- O parecer do CEP-FOP é fortemente baseado nos textos do protocolo
encaminhado pelos pesquisadores e pode conter inclusive trechos transcritos literalmente do projeto ou de
outras partes do protocolo. Trata-se, ainda assim, de uma interpretação do protocolo. Caso algum trecho do
parecer não corresponda ao que efetivamente foi proposto no protocolo, os pesquisadores devem se
manifestar sobre esta discrepância. A não manifestação dos pesquisadores será interpretada como
concordância com a fidedignidade do texto do parecer no tocante à proposta do protocolo.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:


Não há mais pendências por resolver (vide texto acima).
Considerações Finais a critério do CEP:
Parecer de aprovação de Protocolo emitido "ad referendum" conforme autorização do Colegiado na reunião
de 13/02/2019. Será submetido para homologação na reunião de 20/03/2019.

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 08 de 10
80

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:


Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação
Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 01/03/2019 Aceito
do Projeto ROJETO_1263775.pdf 12:18:56
Outros 3comentarios.pdf 01/03/2019 DAVI HELDER DE Aceito
12:18:03 VASCONCELOS
JUNIOR
Outros Respostaparecer.pdf 25/02/2019 DAVI HELDER DE Aceito
20:57:58 VASCONCELOS
JUNIOR
Projeto Detalhado / 2projeto.pdf 25/02/2019 DAVI HELDER DE Aceito
Brochura 20:57:19 VASCONCELOS
Investigador JUNIOR
Outros CEPCompleto.pdf 02/01/2019 jacks jorge junior Aceito
10:08:03
Outros 54AltInfra.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
16:49:57 VASCONCELOS
JUNIOR
Declaração de 52DeclaraInstituicao.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
Instituição e 16:48:57 VASCONCELOS
Infraestrutura JUNIOR
TCLE / Termos de 4TCLE.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
Assentimento / 16:41:08 VASCONCELOS
Justificativa de JUNIOR
Ausência
Declaração de 51DeclaraPesquisadores.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
Pesquisadores 16:40:25 VASCONCELOS
JUNIOR
Outros 55Autarq.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
16:39:22 VASCONCELOS
JUNIOR
Folha de Rosto 1Folhaderosto.pdf 28/12/2018 DAVI HELDER DE Aceito
16:35:23 VASCONCELOS
JUNIOR

Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 09 de 10
81

UNICAMP - FACULDADE DE
ODONTOLOGIA DE
PIRACICABA DA
Continuação do Parecer: 3.182.446

PIRACICABA, 05 de Março de 2019

Assinado por:
jacks jorge junior
(Coordenador(a))

Endereço: Av.Limeira 901 Caixa Postal 52


Bairro: Areião CEP: 13.414-903
UF: SP Município: PIRACICABA
Telefone: (19)2106-5349 Fax: (19)2106-5349 E-mail: cep@fop.unicamp.br

Página 10 de 10
82

Anexo 3 – Relatório de Originalidade


83
84
85
86
87

Anexo 4 – Submissão do artigo intitulado “O Diabetes mellitus, a neuropatia diabética e


o pé diabético: uma revisão narrativa” na revista Texto & Contexto Enfermagem

Você também pode gostar