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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – BARCARENA

LAURINEIDE FERREIRA BARBOSA

DIABETES MELLITUS

BARCARENA – PA

2023
LAURINEIDE FERREIRA BARBOSA

DIABETES MELLITUS

Trabalho Avaliativo apresentado ao


Curso de Enfermagem para o Centro
Universitário do Distrito Federal –
UNIPLAN, sob a coordenação e
supervisão da Prof.ª Enf.ª Rafaela
Tavares de Souza André.

BARCARENA – PA

2023
INTRODUÇÃO

O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por


hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários
órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos
sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina
envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das
células beta do pâncreas, resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção
da insulina, entre outros (BRASIL, 2006).
Caracterizada por hiperglicemia e o desenvolvimento tardio de
complicações neuropáticas e vasculares, o diabetes mellitus é uma doença
crônica, que independentemente de sua causa, está associada a um defeito
hormonal comum, a deficiência de insulina (WILD et al., 2004). A Federação
internacional do Diabetes (FID) estimou que 1 em cada 11 adultos com idade
entre 20-79 anos (415 milhões de adultos) tinham diabetes mellitus em 2015
(ZHENG et al., 2018). Sabemos que a elevação dos casos de diabetes mellitus
e suas complicações representa uma grande ameaça à saúde global.
O diabetes tipo I ou insulinodependente é responsável por 5% a 10%
dos casos, e é caracterizada por deficiência na produção de insulina, a causa
deste tipo de diabetes ainda é desconhecida, mas pode ser em decorrência de
um processo autoimune, que certamente é ativado por um vírus, além de ter
grande influência genética. Já o diabetes tipo II, é responsável por
aproximadamente 90% dos casos, são caracterizados por defeito na
maquinaria de liberação ou captação da insulina, ou por resistência ao
hormônio (COIADO, 2018). A obesidade é um fator de risco em pacientes com
diabetes, os homens são os que mais apresentam pré-disposições e fatores de
risco para o desenvolvimento da diabetes (DURRUTY et al., 2019).
Polidpsia, polifagia e poliúria são sintomas característicos desta
condição. Coma hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico e cetoacidose
diabética são algumas possibilidades de evolução para pacientes em casos
extremos (COIADO, 2018). Indivíduos com DM2 possuem alto risco de
desenvolverem uma série de complicações debilitantes. Tais como doenças
cardiovasculares, doenças vasculares periféricas, nefropatias, alterações na
retina e cegueira que podem levar a deficiência e morte prematura do indivíduo
(ASIF, 2014).
O diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alterações
da glicose plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral.
A medida da glico hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada
e não deve ser utilizada para o diagnóstico de diabetes. (GROSS et al, 2002).
Desta forma, o presente estudo, tem como objetivos estabelecer um
plano de cuidados para um paciente portador de diabetes mellitus, através do
exame físico e de todo processo de enfermagem, para prevenir complicações
decorrentes da patologia e estabelecer medidas de enfrentamento da doença
para melhora do padrão de vida.
ESTUDO DE CASO

O referido estudo de caso, refere-se paciente Diabética, com taxa


glicêmica elevada, realizado na UBS da Imobiliária, situada na Rua José
Joaquim, Entre Raimundo Dias e Gabriel Furtado, n° 1264 e 1378, Bairro
da Imobiliária, na cidade de Barcarena-PA. A avaliação ocorreu com a
supervisão da Enfermeira Rafaela Tavares de Souza André.

1 Identificação

A.D.S.S, residente na Av. Crônge da Silveira n°32, Bairro: imobiliária, 44


anos, casada, ensino médio completo, trabalha, função: serviços gerais.

2 Queixa Principal/Anamnese

Paciente compareceu para dar início no tratamento de diabetes, já


participava do controle (endócrino) em Belém.
Paciente diabética, compareceu na UBS, no dia 24/08/2018, no período
da manhã, participante do controle endócrino em Belém, deambulando,
consciente, orientada em tempo espaço, eupneica em ar ambiente, afebril,
hipocorada, acompanhada por sua filha, com as seguintes queixas: astenia,
perca de peso e visão turva, SSVV: PA 120 x 80, glicemia 354mg/dl, Est. 153,
comp. 90cm., peso; 64,800kg.
A mesma foi encaminhada para a consulta de enfermagem, onde foi
realizado o exame físico, solicitação de exames laboratoriais: Hemograma,
EAS, EPF, VDRL, Hemoglobina glicada, colesterol, triglicerídeo, T3, T4 e FSH.
No dia 21/11/2018 paciente compareceu na unidade, para consulta
médica agendada, com os resultados de exames laboratoriais. Médico da
unidade receitou para uso contínuo Metformina 500mg, 2comp./dia, uso
contínuo, Paciente foi matriculada no controle de hiperdia.

3 Medicação Em Uso
Faz uso de Metformina 500mg, 2comp. Dia/ Uso contínuo.

4 Histórico Social

A.D.S.S, mora com marido e 3 filhos em casa de alvenaria, com 8


compartimentos, na AV. Crônge da Silveira nº 32, bairro Imobiliária, com água
particular e luz de rede pública, trabalha e ganha um salário mínimo, seu
esposo trabalha como autônomo.

5 Antecedentes Familiares

Pai e irmã são diabéticos, fazem controle no Hiperdia da UBS de seu


bairro, em 1997 avó paterna teve AVC e veio a óbito, em 1998 irmão fez
tratamento de Hanseníase.

6 Antecedentes Pessoais

Nega doenças infecciosas, nunca foi operada, na infância teve catapora,


alérgica a Dipirona.

7 Antecedentes Ginecológicos

Menarca aos 14 anos, coitarca aos 15 anos, Fez PCCU em 1998,


resultado de inflamação, nunca fez uso de contraceptivo hormonal, nega ISTs

8 Exame físico

 Peso: 64 kg; Altura: 153 cm; Índice de Massa Corporal: 18,37 kg/m²
(percentil 50); Temperatura axilar: 36,5°C.

 Pressão arterial: 120×80 mmHg; Frequência cardíaca: 85 bpm;


Frequência respiratória: 22 irpm.

 Glicemia 354mg/dl
Ao exame geral, paciente se apresentava em regular estado geral, lúcido
e orientado em tempo e espaço, anictérico, acianótico, com mucosa conjuntival
hipocorada, mucosa oral e língua levemente ressecadas. Enchimento capilar
de membros superiores e inferiores normal.

 Sistema tegumentar: sem nenhum tipo de lesão que chame a atenção,


sinal da prega desaparece um pouco mais lentamente do que o normal.

 Cabeça e pescoço: sem adenomegalias e tireoide palpável, com


tamanho normal e sem nódulos à palpação.

 Aparelho respiratório: paciente taquipneico. Ausculta pulmonar,


percussão, expansibilidade e frêmito tóraco-vocal sem alterações.

 Aparelho cardiovascular: ausculta cardíaca com bulhas cardíacas


normofonéticas e regulares em dois tempos, sem sopros.

 Aparelho gastrointestinal: inspeção, palpação e percussão sem


alterações. À ausculta, ruídos hidroaéreos normais.

 Aparelho locomotor: membros superiores e inferiores sem dor à


palpação e com os movimentos normais e indolores também.

 Sistema neurológico: marcha e reflexos superficiais e profundos sem


alterações.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Diabetes mellitus é um grande problema de saúde mundial (COWIE et


al., 2006). A prevalência de diabetes diagnosticada aumentou
substancialmente na última década (COWIE et al., 2006), em paralelo com o
aumento dos níveis de adiposidade (FLEGAL, 2002), níveis decrescentes de
atividade física (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION
(CDC), 2005), e envelhecimento da população. Taxas de diabetes são
esperadas para continuar uma trajetória ascendente na população mundial nos
próximos anos (YACH et al., 2006)
O diabetes há muito é reconhecido como um fator que aumenta o risco
de vários tipos de câncer (O’MARA et al., 1985). Em contraste, uma crescente
literatura epidemiológica sugere que o diabetes protege contra o
desenvolvimento do câncer de próstata (BONOVAS et al., 2004). A maioria
mecanismos biológicos salientes estão relacionados a níveis diminuídos de
insulina (GIOVANNUCCI, 2003) e testosterona entre homens com diabetes
(PITTELOUD et al., 2005).
De acordo com Coiado (2018), a diabetes mellitus tipo II é uma doença:
[...] crônica com alta incidência na população,
estimativas crescentes do número de portadores, alta
morbidade e comorbidade com prejuízo da qualidade de
vida, bem como alto custo previdenciário. É consequência
de um distúrbio no metabolismo de carboidratos
resultante da deficiência ou da resistência à insulina
disponível, sendo caracterizada pela hiperglicemia. A
educação em saúde visando a um melhor controle
metabólico pode prevenir as complicações dessa
patologia.
O diagnóstico correto e precoce é de suma importância para o melhor
prognóstico possível da doença, o diagnóstico é realizado com base nos
métodos de dosagem de glicose, glicemia de jejum ≥100 mg/dl; teste oral de
tolerância à glicose (TOTG) acima de 140 mg/dl em duas horas; hemoglobina
glicada ≥ 6,5%, (com valor de referência de normalidade entre 4,5% a 5,6%)
(COIADO, 2018).

Sinais e sintomas

Diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 costuma desenvolver-se subitamente e pode


apresentar sintomas como:

 Sede anormal e boca seca;


 Urinar frequentemente;
 Urinar na cama;
 Perda de energia e fadiga extrema;
 Fome constante;
 Perda de peso repentina;
 Visão desfocada.
A diabetes tipo 1 é diagnosticada quando estes sintomas estão
presentes num resultado de teste com níveis elevados de glicose no sangue.

Diabetes tipo 2

Os sintomas da diabetes tipo 2 incluem:


 Urinar excessivamente;
 Sede excessiva;
 Fome extrema;
 Visão desfocada;
 Perda de energia e fadiga extrema;
 Dormência e formigueiro nas mãos e pés;
 Cicatrização lenta de feridas e infeções recorrentes.

Muitas pessoas com diabetes tipo 2 permanecem desinformadas quanto


à sua condição durante muito tempo, porque os sintomas não são tão
evidentes quanto os da diabetes tipo 1, podendo levar anos até ao diagnóstico.

Fatores de Risco

Os fatores de risco para pré-diabetes e diabetes, além de sobrepeso e


obesidade e idade superior a 45 anos são:
 Sedentarismo;
 Pais ou irmão com diabetes;
 Parto de bebê com peso superior a 4 kg ou ter recebido o diagnóstico de
diabetes gestacional;
 Pressão arterial igual ou superior a 140/90 mmHg ou ter sido tratado
para pressão alta;
 HDL, o “bom” colesterol, abaixo de 35 mg/dL ou triglicérides acima de
250 mg/dL;
 Síndrome do ovário policístico;
 Resultados de exame de glicemia de jejum ou de tolerância de glicose
alterados;
 Outras condições associadas com resistência à insulina, como
obesidade grave ou acantose nigricans, doença de pele caracterizada
pela presença de região escura e com aspecto aveludado,
especialmente nas dobras do corpo, como axila e pescoço;
 Histórico de doença cardiovascular.
Diagnóstico

Ansiedade relacionada ao problema de saúde. Estresse relacionado aos


padrões de interação social. Déficit do autocuidado relacionado a falta de
mobilidade. Incapacidade músculo esquelética relacionada a amputação.
Déficit na realização das AVDIs (Atividades de vida diária). Deambulação
alterada devido à força muscular insuficiente. Risco de dor relacionada a
alterações na pressão sanguínea. Interação social prejudicada relacionada ao
isolamento no domicílio. Risco de glicemia instável relacionada ao diabetes
mellitus. Falta de adesão ao controle da diabetes relacionada a alimentação e
ao regime terapêutico. Sentimento de impotência relacionado a dependência
física. Irritabilidade relacionado a incapacidade da realização das AVDIs. Risco
de infecção relacionado a doença crônica. Isolamento social relacionado a
dificuldade de locomoção. Risco de lesão relacionado a falta de movimentação.
Risco de distúrbio da circulação sanguínea secundária a trombose venosa
profunda. Tensão do papel do cuidador devido à sobrecarga de cuidados
prestados. Recuperação cirúrgica retardada relacionada a infecção. Restrição
de movimentos relacionado a sequelas do AVE (Acidente vascular encefálico).
Diminuição da acuidade visual relacionada a complicações do diabetes
mellitus. Dor pré-cordial relacionada a ansiedade. Sensibilidade de força
motora diminuídas relacionadas as sequelas do AVE. Presença de dor em
membros inferiores relacionado a distúrbios da circulação. (BERNARDES et al,
1993).

Tratamento
O tratamento da diabetes normalmente passa por fazer alterações no
estilo de vida, principalmente na alimentação (dieta com controle de doces,
massas e álcool) e na prática de exercícios físicos. Também existem alimentos
que ajudam a controlar melhor a diabetes, como os grãos integrais, os legumes
ou as oleaginosas. Em certos casos, ainda podem ser necessários
medicamentos, como antidiabéticos orais (Metformina, vildagliptina,
pioglitazona, sulfonilureia, Glibenclamida) ou insulina injetável. Os pacientes
diabéticos também devem fazer exames frequentes nos pés.
REFERÊNCIAS

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