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VÍDEO DE INTRODUÇÃO
Síndrome Metabólica 2
Diabetes e Obesidade
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Supondo a confirmação diagnóstica para Angélica, defina um
esquema terapêutico para esta paciente:
Caso 2
Mary Montanha é uma lutadora de sumô em treinamento
para o Campeonato Mundial a ser disputado no
Japão. Nessa preparação, ela dorme 14 horas,
chega a fazer oito horas diárias de medi-
tação e, no restante do dia, dedica-se a
uma alimentação à base de 5.000 kcal/
dia. Antes de embarcar, foi obrigada a
realizar alguns exames laboratoriais de
rotina. Hoje ela traz esses exames para
você, sendo que a única alteração é uma
glicemia de jejum de 180 mg/dl. Mary
tem IMC de 34 kg/m2 e circunferência
abdominal de 92 cm.
A respeito deste caso, pergunta-se:
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Caso fosse confirmado o diagnóstico, qual seria a primeira
medida terapêutica para o caso de Mary Montanha?
Caso 3
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Como essas licenças poderiam ser prevenidas?
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Jovem de 22 anos, sexo feminino, sabidamente por ta-
Prescrição dora de diabetes mellitus tipo 1 há 8 anos, dá entrada no
pronto-socorro com quadro de febre, disúria, poliúria, dor
abdominal e confusão mental. Familiares referem que, após
brigar com o namorado, a paciente passou a transgredir sua dieta com mais frequência e a abandonar
o esquema terapêutico baseado em 4 aplicações diárias de insulina. Ao exame físico, apresentava-se
emagrecida, bastante desidratada, taquipneica, PA 100 x 60 mmHg, FC 120 bpm, ritmo cardíaco
regular, bulhas hiperfonéticas, sem sopros, MVUA sem ruídos adventícios. Sinal de Giordano positivo.
Realizados exames iniciais que mostravam Hb 11g/dl; Ht 34%; leucócitos 12.000/mm3 com 8% de
bastões; glicemia de 500 mg/dl; pH = 7,2; bicarbonato 15 mEq/; pCO2 29 mmHg; BE = - 3.
Com base no quadro, qual seria sua prescrição para esta paciente?
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Mulher de 28 anos é internada para
investigação de anemia e dor abdominal sob os
cuidados do eminente Dr. Charla Town. Não relata morbidades
prévias e não faz uso de qualquer medicação regular. Hábito intestinal preservado,
negando a presença de fezes gordurosas ou sanguinolentas, bem como peso corporal mantido nos
últimos meses.
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Que outras alterações poderiam ser esperadas?
Figura 1
Achado:
Doença:
Estágio:
Figura 2
Achado:
Doença:
Estágio:
Figura 3
Achado:
Doença:
Estágio:
10
Figura 4
Achado:
Doença:
Estágio:
Figura 5
Achado:
Doença:
Estágio:
Caso Extra
Nhonho é dono de uma famosa
lanchonete da região. Cozinheiro
de mão cheia, não percebeu que
seu peso vinha aumentando
nos últimos anos e que
isso lhe trouxera
consequências. Mostra-
-se cansado, indisposto
e acordando com muito
sono. Assim, procurou
atendimento médico. Em
suas anotações, este registrou
peso de 120 kg, altura de
1,70 m e circunferência
abdominal de 110 cm. Descreveu,
em seguida, a presença de uma
cicatriz de bordas elevadas na
região subcostal direita. Detectou
ainda, no exame do aparelho
cardiorrespiratório, redução da
expansibilidade torácica, ritmo cardíaco
irregular, FC de 110 bpm e PA de 160 x 100 mmHg. Ao avaliar o
aparelho locomotor, notou crepitações nos dois joelhos. Na tentativa de completar o
exame físico, Nhonho não concordou em se submeter ao toque retal. Apesar
de explicar a necessidade do exame, o paciente, ainda assustado com a
presteza do atendimento, deixou-o para a próxima ocasião.
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Como classificar este paciente de acordo com o IMC?
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Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 13
Diabetes Mellitus
13
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 14
conceitos gerais
Quanto à definição clássica dos livros para o Os hormônios contrainsulínicos são todos hi-
diabetes, quem é que nunca viu??? Diabetes perglicemiantes. Eles provocam a hiperglicemia
é um distúrbio do metabolismo intermediário, ao estimular a produção hepática de glicose,
caracterizado pelas complicações agudas ou através de uma reação bioquímica – a glico-
crônicas da hiperglicemia... Percebam que não neogênese!! A gliconeogênese hepática é
se pode entender diabetes, sem que alguns um processo que transforma os produtos não
aspectos do nosso metabolismo sejam recor- glicídicos do catabolismo (glicerol, aminoáci-
dados... Então vamos iniciar por ele! dos) em glicose que, por sua vez, é liberada
na corrente sanguínea. No jejum prolongado,
a gliconeogênese é essencial, sendo a res-
Fisiopatologia ponsável por manter os níveis glicêmicos após
se esgotarem as reservas de glicogênio (após
Inicialmente, devemos lembrar que a home- 12-48h). Embora no estado de jejum, os ácidos
ostase do nosso organismo depende de um graxos, provenientes do catabolismo lipídico
conjunto de reações responsáveis pela síntese (lipólise), possam ser utilizados na maio-
(anabolismo) e degradação (catabolismo) de ria das células como substrato energético, os
proteínas, carboidratos e lipídios a que chama- neurônios precisam da glicose para manter a
mos de Metabolismo Intermediário. E para sua função...
regular essas reações de anabolismo e catabo-
lismo, nosso organismo desenvolveu dois gru- Por conta disso, dizemos que estes hormônios
pos hormonais principais que se “revezam” em também deflagram o catabolismo, ou seja, a
suas funções de acordo com as necessidades: “quebra” das macromoléculas, liberando subs-
a insulina e os hormônios contrainsulínicos. tratos, como glicose, glicerol, ácidos graxos
e aminoácidos, necessários ao organismo
(1) Insulina: promove a entrada de glicose durante o jejum prolongado e o estado de
nas células, além de estimular a sua utilização estresse, clínico ou cirúrgico. O efeito desses
como principal substrato energético para a cé- hormônios só é percebido quando há defici-
lula. A insulina também deflagra o anabolismo, ência na ação insulínica.
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Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 16
Assim, haverá “quebra” das macromoléculas: nológicos), deflagra-se uma resposta necroin-
glicogenólise, lipólise e proteólise. Os ácidos flamatória nas ilhotas pancreáticas, levando à
graxos livres liberados pela lipólise serão uti- destruição progressiva de praticamente todas
lizados pelo músculo e outros tecidos como as células betapancreáticas. Os achados da
substrato energético, no lugar da glicose. O doença não se tornam evidentes até que se
glicerol e alguns aminoácidos oriundos do destrua pelo menos 70-80% delas. Isto é,
catabolismo serão usados no fígado para a quando o paciente abre o quadro clínico, o
gliconeogênese, principal reação bio- faz de forma abrupta, pois o seu pâncreas
química que garante os níveis glicêmicos no não secreta mais insulina!!! O marcador la-
jejum prolongado. Portanto, não pestaneje: boratorial da destruição completa das ilhotas
Resposta E. pancreáticas é o peptídeo C indetectável ou
em níveis abaixo de 0,1 ng/dl. Podemos dizer,
portanto, que o problema é a falta de produ-
Classificação ção de insulina! Infelizmente, a destruição das
ilhotas pancreáticas é irreversível... (figura
Sabemos que existem basicamente dois tipos 3A). Sem nenhuma insulina circulante, no
de diabetes mellitus: DM tipo 1 (5-10%) e DM DM tipo 1 as reações catabólicas chegam
tipo 2 (90-95%). Ambos os tipos têm em co- ao extremo e a lipólise segue sem nenhuma
mum a deficiência (absoluta ou relativa) na pro- restrição, lançando na circulação uma quan-
dução de insulina pelo pâncreas, mas só o tipo tidade enorme de ácidos graxos, que serão
2 apresenta um importante componente de au- convertidos em corpos cetônicos no fígado.
mento da resistência periférica insulínica. Va- Tal estado descontrolado de cetogênese ex-
mos entender bem estas diferentes condições. plica a constante tendência a desenvolver a
cetoacidose diabética, uma síndrome letal na
ausência da reposição da insulina exógena. O
1– Diabetes Mellitus Tipo 1 estado catabólico acentuado justifica o preo-
cupante emagrecimento destes pacientes, e
É uma doença autoimune!!! Por uma intera- a hiperglicemia explica a poliúria osmótica,
ção de fatores (genéticos, ambientais e imu- acompanhada de polidipsia.
Figura 3A Figura 3B
Observação 1: O que é mesmo o peptídeo C? A insulina sintetizada pelas células beta do pân-
creas é armazenada como pró-insulina e composta de duas cadeias (A e B) unidas pelo peptídeo
C. Durante a secreção de insulina, o peptídeo C é clivado por uma protease e liberado conjun-
tamente com o hormônio.Resumindo, trata-se de um peptídeo produzido e liberado em conjunto
com a insulina pelas células beta das ilhotas pancreáticas. Quando as células estão destruídas
(DM tipo 1), os seus níveis séricos geralmente são indetectáveis. Quando viáveis (DM tipo 2), os
seus níveis encontram-se acima de 0,1 ng/dl.
Observação 2: A susceptibilidade genética para o DM tipo 1 está localizada principalmente no
cromossomo 6, na região do sistema antígeno leucocitário humano (HLA DR3/DR4). Polimorfis-
mos nos genes da insulina, CTL-4, receptor de IL-2A e PTPN22 também estão relacionados. A
concordância entre gêmeos monozigóticos se situa entre 40-50%. Embora o risco de desenvolver
DM tipo 1 seja 10x maior em parentes de pacientes com este tipo de diabetes, o risco em si é
baixo (3-4% se os pais são diabéticos) e a maioria dos portadores de DM tipo 1 não tem parentes
de primeiro grau com a doença.
Observação 3: Outro dado importante: por ser autoimune, autoanticorpos geralmente estão pre-
sentes na circulação, voltados contra estruturas antigênicas das ilhotas pancreáticas (anti-ICAs
– anticorpos Anti Células da Ilhota). Eles podem aparecer meses ou anos antes do diagnóstico
clínico e em até 90% dos indivíduous quando se detecta a hiperglicemia. Os principais são anti-
-insulina (primeiros a aparecer), anti-GAD (antidescarboxilase do ácido glutâmico), anti-IA-2/
ICA 512 (antiproteína 2 associada ao insulinoma ou seu fragmento de clivagem ICA 512 ou sim-
plesmente antitirosina fosfatases), anti-ZnT8 (antitransportador de Zinco). O DM tipo 1 pode se
associar a outras endocrinopatias autoimunes, configurando a síndrome de Schmidt, ou sín-
drome poliglandular autoimune tipo II: doença de Addison + tireoidite de Hashimoto + DM tipo 1.
Anemia perniciosa e vitiligo também podem participar da síndrome.
Observação 4: O diabetes tipo 1 pode ser ainda subclassificado em 1A e 1B. O tipo 1A seria o
que acabamos de discutir, de origem autoimune, predominante em caucasianos. Mas existe tam-
bém o tipo 1B, idiopático, mais comum em negros e asiáticos, em que não se encontram autoan-
ticorpos. É importante destacar também que existe uma forma lentamente progressiva em adultos
conhecida como LADA (Late-onset Autoimmune Diabetes of Adulthood). São indivíduos com DM
autoimune, mas cuja destruição das ilhotas pancreáticas evolui de forma mais lenta e tardia. No
início do quadro, alguns até respondem aos diabéticos orais, por meio das células beta que ainda
não foram destruídas. Porém, ao longo dos próximos meses, a regra é a dependência de insulina.
Embora não haja recomendações para a po- Atualmente, os marcadores que definem o
pulação em geral, a última diretriz da ADA re- diagnóstico de diabetes são: glicemia de je-
força que parentes de pacientes com DM tipo jum, glicemia obtida após duas horas do Teste
1 podem ser encaminhados para a pesquisa Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), hemo-
de anticorpos num centro de pesquisa clínica globina glicosilada (HbA1C) e glicemia alea-
e que eles devem ser informados desta pos- tória. Os valores foram estipulados de acordo
sibilidade. Devido a maior frequência de do- com modelos fisiológicos e estudos populacio-
enças autoimunes, portadores de DM tipo 1 nais que demonstraram que níveis persisten-
devem ainda fazer rastreamento para disfun- temente iguais ou superiores a esses limites
ção tireoideana, deficiência de B12 e doença estão relacionados ao distúrbio funcional ou
celíaca, especialmente na presença de sinto- estrutural das células betapancreáticas e ao
mas (em assintomáticos ainda é questioná- aumento de complicações. Veja no quadro a
vel, embora muitos também o indiquem). seguir os critérios vigentes:
Critérios Diagnósticos
Saiba Mais!
para Diabetes
Recentemente, um estudo entre jovens com
DM tipo 1 recém-diagnosticado, especialmente 1- Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl. O jejum é
entre 8 e 14 anos, mostrou que a imunoterapia definido pela ausência de ingestão calórica
com anticorpos anti-CD3 (teplizumabe) atenu- por oito horas*.
aria o declínio da função das células beta, OU
mesmo 12 meses após o diagnóstico. O trata- 2- Glicemia duas horas pós-TOTG ≥ 200
mento teria o potencial de prolongar o “período mg/dl. TOTG é o teste oral de tolerância
de lua de mel”, em que os pacientes continuam à glicose com 75 g de glicose anidra
produzindo um pouco de insulina endógena. dissolvida em água*.
Tais resultados podem mudar a história do ras-
OU
treamento do DM tipo 1 num futuro próximo,
indicando-o de uma forma mais ampla. 3- Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%.*+
OU
4- Glicemia aleatória (realizada a qualquer
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 hora do dia, independente do horário das
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA refeições) ≥ 200 mg/dl em um paciente
UNIVERSIDADE ESTADUAL com sintomas clássicos de hiperglicemia
DE LONDRINA – PR (poliúria, polidipsia e perda de peso) ou
O Diabetes Mellitus (DM) tipo 1 é uma doen- crise hiperglicêmica.
ça autoimune caracterizada por uma destrui- * Na ausência de hiperglicemia inequívoca,
ção das células betapancreáticas produtoras estes testes devem ser repetidos para confir-
de insulina. Nos pacientes portadores de DM mação do resultado em um dia diferente.
tipo 1, há uma susceptibilidade genética au-
+ Em situações de turnover anormal das hemá-
mentada para outras doenças autoimunes.
cias, como na gestação, transfusão ou perda
Assinale a alternativa que contém as duas
sanguínea recentes e algumas anemias, ape-
doenças autoimunes mais frequentes nos nas a glicemia deve ser utilizada como critério.
pacientes diabéticos:
a) Doença de Addison e doença celíaca.
b) Tireoidite de Hashimoto e doença de Addison. E o que é a hemoglobina glicada mesmo???
c) Tireoidite de Hashimoto e hepatite autoimune.
d) Hepatite autoimune e doença celíaca. Conhecida como HbGli ou HbA1c, trata-se de
e) Tireoidite de Hashimoto e doença celíaca. uma fração da hemoglobina que se liga à glico-
se de forma irreversível. Ela se eleva progres-
Existe uma associação entre DM1 e certas sivamente de acordo com o valor da glicemia,
doenças autoimunes. A tireoidite de Hashi- sendo proporcional à média das glicemias nos
moto, por exemplo, é frequentemente asso- últimos três meses (o nível glicêmico no mês
ciada ao DM1 em crianças, com uma preva- precedente contribui com cerca de 50% para
lência 2-20 vezes maior que nas populações o valor). Este período equivale aproximada-
de controle. Em toda criança diabética está mente ao tempo de vida da hemoglobina das
indicada a palpação periódica da tireoide e, hemácias (cerca de 120 dias). Contudo, não é
com base no exame, avaliação dos hormô- um marcador perfeito, pois está sujeita a fato-
nios tireoideanos. A doença celíaca também res que alterem a sobrevivência das hemácias:
ocorre com significante frequência em crian- valores falsamente elevados estão presentes
ças DM1 e, nas crianças acometidas, é co- quando o turnover é baixo (ex.: anemias caren-
mum observarmos sintomas gastrointesti- ciais) e falsamente reduzidos quando o turno-
nais, deficiência do crescimento e reações ver está aumentado (ex.: hemólise, anemias
hipoglicêmicas. Vale lembrar que no adulto, carenciais em tratamento e uso de eritropoeti-
também existe associação entre DM1, vitiligo na). Observe a seguir os principais fatores que
e anemia perniciosa. poderiam interferir com o resultado da HbA1c e
Resposta: E. a correlação com os níveis glicêmicos:
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 23
ples glicemia de jejum. Dessa forma, após uma pelo menos duas vezes por ano ou a cada três
glicemia de jejum alterada, a realização do meses naqueles que não atingirem o alvo tera-
TOTG 75 estaria indicada para avaliar a possi- pêutico ou que tenham alterado seu esquema
bilidade de diagnóstico de diabetes mellitus. terapêutico. Atualmente, recomenda-se como
Resposta: A. alvo da terapia manter a HbGli < 7%. ou < 7,5%
em crianças e adolescentes. Nos pacientes
com diabetes diagnosticado há pouco tempo,
Saiba Mais! elevada expectativa de vida e sem doença
Existe alguma diferença entre glicemia de cardiovascular significativa, níveis mais baixos
jejum alterada e intolerância à glicose? podem ser considerados (HbGli < 6,5%). Por
A resposta é sim. Embora ambas representem outro lado, em alguns grupos devemos ter mais
uma ideia semelhante – relacionada à presen- cautela (HbA1c < 8% ou mais, dependendo do
ça de resistência insulínica – o Teste Oral de caso), entre os quais se incluem aqueles com
Tolerância à Glicose (TOTG) é o mais com- diabetes de longa duração, história conhecida
pleto e mais sensível. Aproximadamente 30% de hipoglicemia grave, complicações micro e
dos pacientes com diabetes diagnosticado macrovasculares avançadas e idade elevada.
pelo TOTG teriam glicemia de jejum normal. Técnicas recentes (POC, Point-Of-Care) po-
Isso porque, segundo estudos fisiológicos, deriam ainda permitir a avaliação da HbA1C
uma glicemia de jejum alterada se correlacio- na hora da consulta, auxiliando na tomada de
na apenas com a redução da resposta aguda decisão. Além disso, podemos transformar
da secreção de insulina. Já pacientes com seus valores na forma de Glicemia Média Es-
intolerância à glicose apresentam redução das timada (GME = 28,7 x HbA1C - 46,7). Para que
secreções aguda e crônica de insulina, con- se tenha um exemplo, um valor de HbA1c de
seguindo captar mais pacientes. Além disso, 7% corresponde a uma GEM de 154 mg/dl.
o tipo de resistência é diferente: glicemia de
jejum alterada envolve predominantemente
a hepática; intolerância à glicose, predomi- Diabético bem HbGli < 7%
controlado =
nantemente a periférica. Por último, a maioria
dos benefícios de trabalhos com intervenção
primária (antes do diagnóstico de diabetes) se Outro método é a testagem da glicemia
dão para pacientes com intolerância à glicose,
capilar (automonitorização glicêmica ou, do
e não com glicemia alterada.
inglês, Self-Monitoring of Blood Glucose –
SBMG) em aparelhos portáteis. Quanto à
Abordados estes conceitos, dê uma pausa, frequência das medidas, não há um padrão
respire fundo! Entraremos agora numa parte fixo a ser utilizado. Os que mais se beneficiam
bastante cobrada: o tratamento do diabetes! de medidas regulares são os pacientes DM
A partir de agora, atenção redobrada... tipo 1, em uso de múltiplas doses de insulina:
pelo menos a cada seis horas, em razão da fim de 90 dias e maior incidência de hipoglice-
precipitação e perda de efetividade da insu- mia grave no grupo que recebeu terapia insu-
lina. Embora cada unidade de atendimento línica intensiva. Como o NICE-SUGAR foi um
desenvolva protocolos próprios, uma forma trabalho de qualidade técnica muito superior
de calcular o ritmo de infusão inicial seria ao de Van den Berghe, a orientação vigente
pela fórmula: Ritmo (ml/h) = (Glicemia Atu- atualmente é a de não se proceder com o con-
al – Glicemia Mínima) x Fator de Correção trole glicêmico agressivo em pacientes cirúrgi-
(FC). A glicemia mínima depende de cada cos críticos. O alvo glicêmico atual não é mui-
caso, podendo ser estabelecida em 100 mg/ to bem determinado, porém há uma tendência
dl. O FC depende da resistência insulínica em se manter a glicemia desses pacientes na
estimada do paciente, sendo comum iniciar faixa entre 140-180 mg/dl. Resposta: letra C.
com FC = 0,02, elevando-se este fator em
0,03-0,05 para casos mais resistentes ou
reduzindo-se para 0,01 nos pacientes mais Controle de Outros Fatores
sensíveis a insulina. Alguns autores utilizam
de Risco Cardiovasculares
aplicação inicial de bolus de insulina IV antes
de iniciar a infusão contínua, para reduzir o
Devemos sempre lembrar que o objetivo pri-
efeito da glicotoxicidade nas hiperglicemias
mordial do tratamento do diabetes mellitus
acima de 300 mg/dl.
é prevenir as complicações. Para isso, não
basta apenas controlar a glicemia, mas tam-
bém agir sobre os demais fatores envolvidos
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 nestas complicações, sobretudo a hipertensão
HOSPITAL EVANGÉLICO DE CACHOEIRO arterial, a obesidade e a dislipidemia.
DE ITAPEMIRIM – ES
Sob o controle glicêmico pós-operatório, mar-
que a alternativa CORRETA:
A) Hipertensão Arterial
a) Conforme demonstrado no estudo de Van
den Berghe em 2001, o controle glicêmico ri- A hipertensão arterial é muito comum em dia-
goroso (90-110), portanto, deve ser a meta te- béticos, especialmente do tipo 2, quando é
rapêutica para todos os serviços de excelên- encontrada em 40-60% dos casos, geralmente
cia em pós-operatório de grandes cirurgias. fazendo parte da síndrome metabólica. Nestes
b) O risco de hipoglicemia quando se usa o con- casos, a hipertensão costuma ser do tipo primá-
trole rigoroso da glicemia só é maior que o gru- ria, embora o risco de hipertensão renovascular
po tradicional (144-180) se protocolos de ma- aterosclerótica seja maior que na população
nejo glicêmico não tiverem sido empregados. não diabética. Já no DM tipo 1, a hipertensão
c) O estudo prospectivo, multicêntrico e ran- é menos comum e, quando presente, em geral
domizado NICE-SUGAR de 2009 não conse- é decorrente da nefropatia diabética.
guiu reproduzir os achados de Van den Ber-
ghe em 2001, demonstrando ao contrário, Qual é o alvo da PA nos diabéticos?
taxas até maiores de mortalidade em 90 dias
no grupo de controle glicêmico rigoroso. A combinação diabetes mellitus + hipertensão
d) Apesar de ainda não estar bem definido, traz um risco bastante elevado de complica-
após o NICE-SUGAR a meta glicêmica de ções cardiovasculares e microvasculares,
180 mg/dl é considerada a ideal no momento. comparável ao risco de um hipertenso com
e) Vários estudos prospectivos e randomi- lesão de órgão alvo.
zados posteriores ao de Van den Berghe de
2001 demonstraram resultados semelhantes, Esses alvos terapêuticos entraram em discus-
mas como foram feitos em países em desen- são nos últimos anos, especialmente após
volvimento e não foram publicados em gran- dados obtidos com o estudo ACCORD, que não
des revistas, não foram aceitos pela comuni- mostraram benefícios sobre doença coronaria-
dade científica. na e mortalidade com uma redução mais rigo-
rosa da PA para abaixo de 120 mmHg. Outros
Sabemos que a Medicina está sempre mu- estudos como o ADVANCE e o INVEST tam-
dando e que determinadas situações que são bém mostraram resultados semelhantes. Sen-
consideradas verdades absolutas, acabam por do assim, as sociedades médicas propuseram
cair em pouco tempo. O controle glicêmico de mudança nesses valores e atualmente, de
pacientes críticos é algo que mudou muito nos acordo com a ADA e o VIII Joint, preconiza-se
últimos anos. Em 2001, o trabalho de Van den o alvo < 140 x 90 mmHg. Valores mais baixos
Berghe chamado Intensive Insulin Therapy in poderiam ser aplicados para pacientes mais
Critically Ill Patients, mostrou que a terapia in- jovens, com albuminúria ou com outros fatores
sulínica intensiva em pacientes cirúrgicos críti- de risco cardiovascular além da hipertensão.
cos, buscando uma glicemia alvo entre 80-110 Por outro lado, em idosos, deve-se evitar redu-
mg/dl, foi associada à redução da morbidade ções da PA abaixo de 130 x 70 mmHg.
e mortalidade de uma maneira geral. Porém,
em 2009, um estudo multicêntrico, randomiza-
do chamado Normoglycemia in Intensive Care Alvo da
Evaluation Survival Using Glucose Algorithm PA em = < 140 x 90 mmHg
Regulation (NICE-SUGAR), não só não mos-
Diabéticos
trou benefício no controle glicêmico estrito,
como evidenciou aumento da mortalidade ao
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 28
Como vimos, os pacientes com DM tipo 1 1ª fase – pico pós-prandial: a opção é pelas
têm um pâncreas incapaz de secretar insuli- insulinas de ação rápida, aplicadas sempre
na, pela destruição completa ou quase com- antes de uma refeição.
pleta de suas ilhotas. Portanto só há um jeito
de tratar: insulinoterapia! É claro que medi- 2ª fase – secreção basal: a opção é pelas
das não farmacológicas baseadas na tera- insulinas de ação lenta, aplicadas uma ou duas
pia nutricional e na atividade física são fun- vezes ao dia.
damentais (comentaremos mais sobre elas
no tratamento do DM tipo 2). Mas, para as
provas, devemos focar mesmo é no uso da
insulina. E a premissa é a de que devemos
sempre tentar simular o que ocorre natural-
mente no organismo. Vamos ver exatamen-
te como fazer isso:
Figura 4
A) TIPOS DE INSULINA
Perceba então que se torna fundamental co-
No nosso organismo, a secreção endógena nhecer os tipos de insulina disponíveis – veja
de insulina se dá em duas fases: na tabela a seguir:
glargina não tem pico de ação, mantendo ní- avanços significativos nos últimos anos. Ob-
veis aproximadamente constantes de insulina serve no quadro alguns pontos principais que
e simulando a secreção basal do hormônio. devem ser destacados.
Desta forma, não há risco aumentado de hi-
poglicemia. Resposta B.
Vantagens: Melhora da qualidade de vida
Obs.: Só para não confundir, fenômeno de (dieta mais flexível, glicemia mais estável e in-
Dawn é o mesmo que o fenômeno do alvorecer. terrupção da insulinoterapia e das medidas di-
árias da glicemia capilar). O benefício é maior
para aqueles pacientes que apresentavam
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2007 difícil controle glicêmico antes do transplante.
HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – HSL Ainda não existem dados suficientes em rela-
ção à prevenção de complicações crônicas.
Desvantagens: Necessidade de imunossu-
pressão contínua, o que pode acarretar inú-
meros efeitos adversos. É a velha história: se
não for bem indicado, é só trocar um proble-
ma por outro!
Portanto, vamos às indicações para o
transplante de pâncreas:
As figuras que representam a Insulina do tipo • Pâncreas e rim simultaneamente: DM tipo
Regular e a Insulina NPH, respectivamente, 1 ou insulinodependentes com insuficiência
são: renal em diálise ou prestes a iniciar trata-
a) 1 e 2. mento dialítico. É o tipo de transplante com
b) 1 e 3. d) 2 e 3. os melhores resultados tanto em termos de
c) 1 e 4. e) 2 e 4. sobrevida do enxerto como do paciente.
• Pâncreas após rim: DM1 ou insulinodepen-
Questão muito interessante para exercitar- dentes submetidos a transplante renal com
mos nosso raciocínio insulínico! O gráfico 1 é sucesso com clearance de creatinina supe-
da insulina lispro/aspart que tem início de efeito rior a 55 a 60 ml/minuto e que apresentem
imediato. Pico em 1-2h e duração = 3-4h. O difícil controle glicêmico ou hipoglicemias as-
gráfico 2 é o da insulina regular, pois ela tem um sintomáticas. Pode ocorrer perda da função
início de ação em meia hora, um pico de ação renal após o transplante em cerca de 25%
em 2-3h e uma duração do efeito em 4-8h. O dos pacientes. Não existem dados suficien-
gráfico 3 é a insulina NPH com início entre 2-4h, tes sobre melhora de complicações crônicas,
pico em 6-12 e duração de 16-24h. O gráfico 4 da sobrevida e da qualidade de vida.
é a insulina glargina, pois não tem pico de ação,
mantendo níveis aproximadamente constantes • Pâncreas isolado: DM1 ou insulinodepen-
de insulina ao longo do dia. Resposta D. dentes com crises frequentes de descom-
pensações (hipoglicemias e/ou hiperglice-
mias). Outra indicação seria para aqueles
c) OUTRAS TERAPIAS com problemas clínicos e emocionais ad-
vindos da insulinoterapia e que os tornem
1 – Análogo da Amilina incapacitados para atividades cotidianas.
• Transplante de ilhotas: modalidade ainda ex-
A amilina é um peptídeo armazenado nas perimental. Está indicada a pessoas com DM1
células beta do pâncreas e secretado junto com níveis glicêmicos bastante variáveis ou
com a insulina no período pós-prandial. Ele com quadros de hipoglicemia assintomática.
atua no metabolismo glicídico, inibindo a se- Apesar de ser menos invasivo do que o trans-
creção de glucagon, retardando o esvazia- plante de órgão total, a demanda por alta tec-
mento gástrico e levando à sensação de sa- nologia na purificação das ilhotas eleva bas-
ciedade. Ou seja, um efeito final semelhante tante a dificuldade do procedimento.
ao da insulina!
Para o controle da glicemia no DM tipo 2, assim Como o paciente com DM tipo 2 mantém se-
como no DM tipo 1, utilizaremos tanto medi- creção de insulina durante algum tempo da
das não farmacológicas como farmacológicas. sua doença, estas drogas assumem papel
Dentre as não farmacológicas, além de itens de maior relevância e é a elas que nos dedi-
como a cessação do tabagismo, usar sapatos caremos agora. Para facilitar nosso entendi-
especiais, cuidar da higiene etc. destacam-se mento, vamos classificá-las em cinco grupos
as ações voltadas para a terapia nutricional e principais de acordo com seus mecanismos
a prática de atividade física. Recentemente, de ação:
a ADA publicou novas recomendações sobre
este item que resumimos no quadro a seguir. (1) drogas que reduzem a resistência insulínica;
c) Organizando o
5 – Ação no Túbulo renal
tratamento
(Glicosúria)
Bom, agora que estudamos as drogas dispo-
INIBIDORES DE SGLT2 níveis, vamos organizar um pouco o assun-
Mecanismo de ação: agem inibindo o to, trazendo-o para o nosso dia-a-dia. Já foi
cotransportador sódio-glicose tipo 2 (SGLT o tempo em que o paciente portador de DM
2), expresso no túbulo renal proximal e que tipo 2 era submetido à dieta e exercício físi-
participa da reabsorção de 90% da glicose co e, só daí a alguns meses, caso nenhum
filtrada pelo rim. efeito fosse obtido, pensaríamos em usar
Efeito esperado: redução na HbA1c de algum medicamento... Pior ainda, quando
0,5-1,0%. queríamos tratar, não tínhamos muito o que
Efeitos adversos: candidíase vulvovagi- pensar, pois só estavam disponíveis uma ou
nal, infecções urinárias, depleção volêmica duas drogas. Muita coisa mudou! Desde uma
(glicosúria). Não deve ser indicada na insu- conduta inicial mais agressiva até a inclusão
ficiência renal moderada a grave. de novas drogas no arsenal terapêutico. A
Comentários: estas drogas promovem a evolução é tamanha e a passos tão rápidos
excreção renal de glicose, com modesta que mesmo drogas mais novas e liberadas
redução da glicemia. Outros benefícios há pouco já estão sendo questionadas por
seriam a redução da pressão arterial e do seus efeitos deletérios e por vezes retiradas
peso, com baixa incidência de hipoglicemia de mercado.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 40
Aí você pensa: ainda bem que existem as leves ou ausentes (sem a presença de outras
diretrizes para me recomendar o que fazer... doenças agudas concomitantes), estão indi-
Mas do outro lado, vem a pérola: não vamos cados os medicamentos que não promovam
mais orientar nenhuma estratégia específica, aumento na secreção de insulina, principal-
mas uma avaliação centrada no paciente, em mente se o paciente for obeso. A associação
que diversos fatores devem ser pesados!!! entre hiperglicemia (geralmente acima de 200
Acreditem, é assim mesmo que aparece nas mg//dl) e perda de peso sinaliza a deficiência
principais diretrizes de diabetes! Como fazer de insulina, e os secretagogos costumam ser
então? Bom, nessa plêiade de opções tera- os mais indicados. Repare que as diretrizes
pêuticas e de artigos que inundam nosso dia da ADA colocam as sulfonilureias como repre-
a dia e caixa de e-mails, tentaremos organizar sentante dos secretagogos, não citando as
a seguir da forma mais coerente possível o glinidas, que são mais caras e não oferecem
conhecimento vigente. Para isso, ao encon- nenhuma vantagem terapêutica significativa.
trarmos um paciente com DM tipo 2 no nosso Elas seriam uma boa opção em caso de aler-
ambulatório, podemos organizar nossa con- gia às sulfonilureias ou intolerância a estas
duta por etapas. drogas em renais crônicos (a repaglinida tem
metabolização hepática). Da mesma forma,
não citam a acarbose, por conta da sua menor
1 – No Momento do eficácia, menor tolerância e custo elevado.
Diagnóstico – Monoterapia
Mais três meses são dados. Se o objetivo não
Ao fazermos o diagnóstico de DM tipo 2, en- for alcançado, seguimos para o PASSO 3.
contram-se indicados imediatamente:
• Modificação no Estilo de Vida (MEV).
• Metformina. 3 – Alvo Glicêmico AINDA
Não Atingido – Combinação
Apesar de inúmeras discussões sobre qual a de três drogas
melhor droga para utilizar no diabético, para
a primeira medicação não há dúvidas, é a Neste momento, para o paciente que já esta-
metformina! E por que iniciar logo uma droga? va em uso de duas drogas, acrescentaremos
Será que as intervenções não farmacológicas uma terceira. Por exemplo, se ele já usava
não poderiam ser suficientes? Até poderiam. metformina e sulfonilureia, deve receber uma
Para cada uma dessas intervenções (MEV ou glitazona, inibidor de DPP-4, agonista do
metformina) espera-se um decréscimo de GLP-1, inibidor SGLT2 ou insulina basal. Mais
1-2% na HbA1c. O grande problema é que a três meses são dados. Se o objetivo não for
perda ponderal não se mantém efetiva a longo alcançado, seguimos...
prazo para a maioria dos pacientes... Na prá-
tica, eles voltam a ganhar os quilos perdidos!
4 – Terapia combinada Injetável
Assim, desde o início já começamos o trata-
mento com o metformina. Devido aos seus Neste momento, manteremos a metformina e
frequentes efeitos adversos gastrointesti- nosso paciente deve receber drogas injetá-
nais, deve ser iniciado em baixas doses com veis: agonista do GLP-1, insulina basal e in-
aumentos graduais. Naqueles com níveis sulina pré-prandial. Atualmente, temos dispo-
de base de HbA1C mais elevados (> 9%), a nível ainda a pramlintida (descrita no tratamen-
monoterapia provavelmente não dará conta, to DM tipo 1) – um análogo sintético da amili-
sendo recomendado que já se combine uma na que pode ser utilizado de forma comple-
segunda droga ou que se utilize a insulina. mentar à insulina. Observe a seguir o fluxo-
Esta fica ainda mais indicada quando o pacien- grama apresentado pela ADA em sua diretriz
te apresenta achados francos de hiperglice- mais recente (FIGURA 8).
mia ou níveis ainda mais elevados de HbA1C
(>10-12%). Se após três meses de iniciada a
monoterapia não obtivermos resposta (HbA1c 5 – Insulinoterapia No
≥ 7%), devemos seguir para a próxima etapa. Diabetes Tipo 2
da, associada à dieta e exercício físico. Numa do jantar e de dormir). De acordo com a neces-
fase avançada da doença, alguns pacientes sidade em cada período, adicionamos uma
se tornam hipercatabólicos, semelhantes ao segunda aplicação, começando por 4 U e ajus-
DM tipo 1, evoluindo com emagrecimento e tando 2 U a cada três dias. Se ainda assim a
intensa poliúria e polidipsia. Esse quadro pode HbA1c permanecer elevada, checar a glicemia
ser antecipado por um estresse adrenérgico, pósprandial, inserindo ou modificando dose da
numa infecção aguda ou durante uma cirurgia insulina rápida pré-prandial.
de grande porte. Alguns pacientes chegam a
desenvolver cetose!! Outros evoluem com Caso durante o reajuste de doses ocorra hipo-
hiperglicemia acentuada, acima de 500 mg/dl, glicemia ou glicemia < 70 mg/dl nesse período,
e podem complicar com a síndrome hiperos- reduzir a dose em 4 U ou 10% (o que for maior).
molar diabética não cetótica (ver adiante). Insulinas padronizadas (pré-misturadas) não
Ainda existe o chamado efeito glicotóxico: devem ser usadas para o ajuste de dose, mas
níveis glicêmicos acima de 300 mg/dl por tem- apenas após estabilização da mesma.
po prolongado possuem um efeito inibitório
sobre as células betapancreáticas, agravando Com o início da insulina basal, pode-se sus-
a sua disfunção. Muitas vezes, tal efeito só pender o antidiabético oral ou mantê-lo. Nor-
pode ser revertido com a insulinoterapia. malmente, a última opção é escolhida, uma vez
que reduzirá as doses necessárias de insulina.
Você decidiu iniciar insulina para o paciente.
Como fazer? Veja a seguir as principais indicações de insu-
linoterapia no DM tipo 2:
Devemos iniciar com a insulina NPH antes
de dormir (bedtime insulin), visando reduzir a Nas situações especiais, como nas gestantes
gliconeogênese hepática noturna, estimulada e nos estados de grande estresse clínico, o pa-
por hormônios contrainsulínicos (como o GH). ciente deve ter monitorização mais rigorosa da
Outra opção mais onerosa seria utilizar insulina dieta e controle mais rígido da glicemia capilar
de ação prolongada (glargina) de manhã ou (4/4h), podendo ser deixados sob esquemas
antes de dormir. A dose é de 10 U ou 0,2 U/kg. “SOS” de insulinoterapia ou mesmo serem insuli-
nizados plenamente de acordo com as glicemias
Realizar a dosagem da glicemia capilar apresentadas. Nos pacientes em pré-operatório,
1x/dia e de acordo com o resultado, aumentar além da suspensão da droga na véspera da
2 U a cada três dias. O objetivo, você se lembra! cirurgia (48h se em uso de clorpropamida), a
Manter a glicemia pré-prandial entre 80-130 cirurgia deve ser realizada preferencialmente
mg/dl. Se a glicemia permanecer > 180 mg/dl, pela manhã, com administração de metade ou
podemos aumentar a dose a passos mais rá- 1/3 da dose usual de insulina, caso já venha
pidos 4 U a cada três dias. Após 2-3 meses em uso da mesma. Esses pacientes usuários
(antes não adianta, nós já sabemos), dosamos de insulina, da mesma forma que aqueles que
a HbA1c. Se estiver abaixo de 7%, mantemos estejam mal controlados, ou sejam submetidos
o esquema. Se estiver acima de 7%, investiga- a procedimentos maiores, precisarão também
remos os demais períodos (antes do almoço, de infusão venosa durante a cirurgia.
Figura 8
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 42
Figura 9
Vamos ver como isso cai em prova: - Análogos do GLP-1 (atuam sobre o receptor
do GLP-1, apresentando o mesmo efeito do
hormônio endógeno, com maior meia-vida) e
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 tem como principais representantes a liraglu-
UNIVERSIDADE FEDERAL tida, dulaglutida e exenatide.
DE SERGIPE – SE
Quais das seguintes classes de drogas são Alternativa C correta.
ambas baseadas em incretina?
a) Biguanida e secretagogo.
b) Biguanida e agonista do receptor de GLP-1. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012
c) Inibidor de DPP-4 e agonista do receptor UNIVERSIDADE DO ESTADO
de GLP-1. DO RIO DE JANEIRO – UERJ
d) Inibidor de DPP-4 e inibidor de SGLT-2. Uma senhora (68 anos), IMC = 34, domés-
tica, está em acompanhamento de Diabetes
As incretinas são hormônios secretados por em uma unidade de saúde, refere pareste-
células endócrinas (células K e L) do intesti- sia em bota e apresenta lesão ulcerada em
no delgado. Entre os principais representan- região plantar. Está em uso de Metformim
tes dessa classe de hormônios está GLP-1, o (2.550 mg/dia) e Glibenclamida 20 mg/dia
qual promove estímulo à síntese e secreção com boa adesão aos medicamentos. Os
de insulina dependente da glicemia, inibição exames recentes evidenciam Glicemia de
da secreção de glucagon e retardo no esva- jejum = 180, HbA1c = 9 em função do qua-
ziamento gástrico. As classes de drogas que dro clínico atual, a conduta a ser tomada é:
possuem ação incretinomimética são: a) Manter os hipoglicemiantes e iniciar insu-
lina de ação intermediária à noite.
- Inibidores da dipeptidilpeptidase IV (enzima b) Suspender os hipoglicemiantes e iniciar in-
que inativa o GLP-1), cujos principais repre- sulina de ação intermediária à noite.
sentantes são a sitagliptina, linagliptina, vida- c) Manter os hipoglicemiantes e iniciar insu-
gliptina e saxagliptina. linização plena com insulina de ação rápida.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 43
estilo de vida e a importância de realizar ati- proibida em alguns países da Europa e circu-
vidades físicas. la com grande limitação nos demais países,
em virtude de seus possíveis efeitos cardio-
Estamos frente a um paciente com diabetes vasculares deletérios, embora faltem ainda
tipo 2, diagnosticado há 12 anos (na verdade, dados conclusivos a respeito dessa relação.
deve ter muito mais tempo de doença) mal Resposta: letra C.
controlado e que apresenta lesões crônicas
(dificuldade de ereção), além de estar sintomá-
tico (emagrecimento). O que fazer? Além de RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011
mudanças no estilo de vida e avaliar a hemo- HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO
globina glicada e a dose do hipoglicemiante, Paciente do sexo feminino, 52 anos, com
devemos iniciar insulinoterapia. Observem diagnóstico de diabetes mellitus há três
que o paciente já está apresentando sinais de anos. Está em uso de glimepirida (6 mg/dia)
“fadiga” pancreática, não havendo motivo para e metformina (850 mg, duas vezes/dia). Re-
adiar a introdução da insulina. Resposta: B. fere perda gradual de peso nos últimos seis
meses, apesar de alimentar-se corretamen-
te e manter sua atividade física regular. Sua
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 monitorização glicêmica domiciliar mostra
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO glicemias elevadas, tanto em jejum (mínimo
PRESIDENTE DUTRA – MA de 200 mg/dia) quanto pós-prandial (até
Das drogas antidiabéticas orais, qual das 300 mg/dl) e HbA1c sistematicamente em
abaixo, pelo seu mecanismo de ação, não é torno de 9,5% (VR: 4,0-6,0%). Ao exame
hipoglicemiante: físico: IMC = 23,8 kg/m2, cintura abdominal
a) Metformina. d) Glipizida. = 81 cm, PA = 120 x 80 mmHg. O restante
b) Repaglinida. e) Glicazida. do exame físico está sem alterações. A me-
c) Nateglinida. lhor conduta inicial para se obter um bom
controle metabólico, nessa paciente, é:
Questão conceitual sobre o mecanismo de a) Associar uma glitazona.
ação dos antidiabéticos orais. Vamos a eles: b) Associar uma glinida antes das refeições.
METFORMINA: É o gabarito da questão, uma c) Associar insulina glargina ao deitar.
vez que age reduzindo a resistência periféri- d) Aumentar a dose de metformina.
ca à ação da insulina (aumentando o efeito
do hormônio nos hepatócitos e bloqueando O cenário é de um paciente diabético tipo
a glicogenólise e a gliconeogênese), mas II, que apesar do uso de dois antidiabéticos
não estimula a sua secreção. REPAGLINIDA orais (uma biguanida e uma sulfonilureia) e
e NATEGLINIDA: São tipos de glinidas (me- da aderência às medidas comportamentais,
tilglinidas), que constituem secretagogos de se mantém sintomático (perda de peso) e com
insulina com meiavida rápida e que agem au- descontrole glicêmico importante, qual deve
mentando o pico rápido de insulina pós-pran- ser o próximo passo em relação às interven-
dial. Por aumentarem a secreção de insulina, ções terapêuticas? Nesta situação em que o
podem induzir hipoglicemia iatrogênica caso paciente se mantém distante de seus alvos
os pacientes permaneçam em jejum. - GLI- mesmo com uso de dois ou três antidiabéticos
PIZIDA e GLICAZIDA: São sulfonilureias de orais, o ideal é iniciar a insulinoterapia. Uma
2ª geração (como a glibenclamida), ou seja, única dose de insulina NPH ou análogo de
são secretagogos de insulina, mas que agem ação prolongada (glargina ou detemir) ao
aumentando a secreção basal de insulina. deitar, é considerada a estratégia preferencial
Mais uma vez, por aumentarem a secreção para início de insulinoterapia no DM2 em uso
de insulina, há o risco de hipoglicemia. Resu- de hipoglicemiantes orais. Uma opção que
mindo: para ter hipoglicemia, tem que existir poderíamos pensar seria aumentar a dose de
aumento dos níveis de insulina. E quais são metformina para a dose máxima de 850 mg
as drogas que atuam aumentando a secre- 3x/dia, mas o efeito seria pequeno nessa
ção do hormônio? São as sulfonilureias e as paciente magra. Resposta: letra C.
glinidas. Resposta: letra A.
complicações agudas
do diabetes
46
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 47
1) cRISES HIPERGLICÊMICAS
tabela - resumo
Estado Hiperglicê-
Cetoacidose Diabética (CAD) mico Hiperosmo-
lar (EHH)
Parâmetro Leve Moderada Grave
Glicemia > 250 mg/dl > 600 mg/dl
pH arterial 7,25-7,30 7,00-7,24 < 7,00 > 7,30
Bicarbonato sérico
15-18 10-14 < 10 > 18
(mEq/L)
Cetonúria Positiva Positiva Positiva Discreta
Cetonemia Positiva Positiva Positiva Discreta
Osmolaridade sérica
Variável Variável Variável > 320 mOsm/kg
efetiva
Ânion-gap > 10 > 12 > 12 Variável
Alerta/sono-
Nível de consciência Alerta Estupor/coma Estupor/coma
lento
Qual é a semelhança entre a CAD e EHH?
São crises hiperglicêmicas associadas à glicosúria e diurese osmótica, que podem vir relacionadas
a perdas corporais de sódio, potássio, fosfato e magnésio.
No que se caracterizam principalmente?
Pela desidratação e osmolaridade mais acentuada (EHH) e pela acidose metabólica com ânion-
-gap aumentado (CAD).
Qual é o principal fator desencadeante dessas condições?
Infecção.
Qual é a base do tratamento de ambas as complicações?
Hidratação vigorosa, insulinoterapia e reposição de potássio.
A - cetoacidose diabética
Apenas uma minoria de diabéticos tipo 1 abre Visualize um paciente com cetoacidose dia-
a doença de forma tão abrupta que tem como bética... Pense numa criança ou num adoles-
primeira manifestação do diabetes a Cetoaci- cente entrando pelo pronto-socorro, queixan-
dose (a CAD é o primeiro sintoma da doença do-se de intensa dor abdominal e vomitando.
em 17% dos adultos). Em crianças e adoles- Muitos plantonistas achariam que se trata de
centes, ela já assume uma importância maior, um “abdome agudo”, pensando, por exemplo,
abrindo o quadro em até 30% dos casos. numa apendicite aguda ou mesmo numa pan-
creatite aguda... cuidado!!! Todo paciente
Na história clínica, é importante reconhecer- jovem que chega ao hospital com suposto
mos que a CAD costuma ter um fator desen- “abdome agudo” deve sempre ser avaliado
cadeante (apenas em 2-10% dos casos a em relação à possibilidade de cetoacidose
causa da descompensação é desconhecida). diabética. Quer ver?
Geralmente ela é desencadeada por:
Este parâmetro representa a soma de todos d) Glicemia > 500 mg/dl; pH arterial < 7,35
os ânions plasmáticos diferentes do cloro e e/ou bicarbonato < 12 mmol/L e cetonúria
do bicarbonato. (...) Diante de uma acidose positiva.
metabólica é sempre válido calcular o AG,
usando a fórmula: AG = Na - Cl - HCO3. O
valor médio do AG é de 10 mEq/L. Logo, na Tratamento
cetoacidose temos AG > 12 mEq/L. Como
diagnóstico diferencial, temos que pensar na “Todo médico que se preze e que vai trabalhar
acidose lática, na síndrome urêmica e nas em unidades de emergência tem obrigação de
intoxicações exógenas por salicilato, metanol reconhecer e tratar corretamente uma cetoaci-
ou etilenoglicol. dose diabética!”. Se a terapia for realizada de
forma adequada, a equipe de saúde do hospital
Mas por que o AG está elevado na cetoaci- salvará literalmente a vida do paciente!! Sem o
dose? Por causa dos cetoânions!! São eles o tratamento, a letalidade da cetoacidose diabé-
acetoacetato e o beta-hidroxibutirato, deriva- tica é de 100%!!!! Com o tratamento correto,
dos da dissociação dos ácidos acetoacético e a letalidade cai para menos de 5%!!!
beta-hidroxibutírico, respectivamente. Ou seja,
a medida do AG é uma forma indireta de se A terapia da cetoacidose diabética também
medir a cetonemia... funciona como um “tripé” (de forma análoga
ao diagnóstico):
CUIDADO COM AS “ARMADILHAS”
DA CETOACIDOSE DIABÉTICA Reposição volêmica
Insulinoterapia
1) Existe um caso no qual o paciente com Reposição de potássio
cetoacidose diabética se apresenta sem
acidose metabólica na gasometria... Esta
“armadilha” pode ocorrer quando o paciente
teve múltiplos episódios de vômitos. Ora, os Primeira Medida: Reposição
vômitos causam alcalose metabólica que, Volêmica Rápida
combinada à cetoacidose, pode deixar a ga-
sometria totalmente normal!!! O diagnóstico, Embora todos os componentes da terapia devam
neste caso, é feito por dados da história clíni- ser iniciados o mais rapidamente possível, existe
ca, níveis glicêmicos, cetonúria francamente uma ordem cronológica que deve ser respeitada.
positiva e um Ânion-Gap bastante elevado!! O primeiro passo é infundir 1-1,5L de soro fi-
2) Existe também uma situação em que a siológico 0,9% 1ª hora (15-20 ml/kg/h), para
cetoacidose cursa com acidose metabóli- iniciar a correção da hipovolemia. Esta medi-
ca hiperclorêmica, com AG normal. Isto é da deve ser realizada obrigatoriamente antes
comum logo após o início da insulinoterapia. da insulina, para prevenir um possível efeito
Qual é o motivo? Veja: A liberação de cetoá- expoliante da insulina sobre a volemia – a
cidos na circulação, na verdade, origina dois insulina promove a entrada de glicose nas
elementos: os cetoânions (responsáveis pelo células que, por efeito osmótico, é acompa-
AG elevado) e os íons H+ (responsáveis pela nhada por água, que sai do vaso e interstício
acidose metabólica). A insulinoterapia depura e entra nas células. Em seguida, o esquema
rapidamente os cetoânions do plasma, antes de reposição volêmica dependerá dos níveis
que os rins consigam eliminar o excesso de séricos corrigidos do sódio.
H+. Neste momento, surge um período em
que o paciente ainda está em acidose, mas • Sódio normal ou elevado (> 135 mEq/L) = uti-
o seu AG normalizou-se – automaticamente lizar salina 0,45% (misturar SF 0,9% + água
ocorre retenção de cloro para compensar o destilada; meio a meio). A salina hipotônica
HCO3 baixo no equilíbrio eletroquímico (aci- também tem o intuito de repor o deficit de
dose hiperclorêmica). água livre que costuma estar presente.
de imediato por 0,1 U/kg/h em infusão venosa mia hemolítica. É extremamente importante
contínua (bomba infusora). Uma solução muito acompanhar a dosagem sérica de potássio
usada é a de 100 U de insulina regular em 100 a cada 2h, pelo menos nas primeiras 12h de
ml de SF 0,9%, no qual 1 ml = 1 U. Uma pessoa reposição. Veja abaixo o protocolo de repo-
de 60 kg deve receber então uma infusão inicial sição de potássio na cetoacidose baseados
de 6 U/h = 6 ml/h. Existe uma tendência hoje na aferição da calemia a cada 2h!! Esse
de não se fazer mais bolus de insulina, a partir protocolo varia um pouco de acordo com
da publicação de diversos estudos prospecti- cada referência.
vos. Nesse caso, para que a dose de insulina
seja suficiente, ela deve ser um pouco maior
(0,14 U/kg/h). No entanto, todas as principais Se K > 5,2 mEq/L: Aguardar a pró-
referências de prova mantêm essa dose de xima dosagem
ataque antes da infusão contínua. Na ausência
de uma bomba infusora, é permitida a adminis- Se K 3,3-5,2 mEq/L: Repor 20-30
tração subcutânea de análogos de insulina de mEq em cada litro da solução de
ação mais rápida (lispro/aspart) a cada 1-2 ho- reposição IV
ras. Na falta de acesso venoso ou nos quadros
leves de cetoacidose a injeção intramuscular Se K < 3,3 mEq/L: Não adminis-
também seria uma alternativa. Uma das suges- trar provisoriamente a insulina.
tões seria o bolus IM de 0,3 U/kg seguida de Repor 20-30 mEq/h Até que K >
manutenção com 0,1 U/kg/h por via IM ou SC. 3,3 mEq/L
teremos que “aceitar” essa conduta por conta O achado de poliúria e polidipsia em um
da referência de prova. pré-escolar de 5 anos sugere fortemente o
diagnóstico de diabetes mellitus. Somado a
Mais alguns detalhes: isto, a presença de taquipneia e desidratação
nos faz pensar em um diabetes complicando
- EM CRIANÇAS NÃO SE RECOMENDA O com cetoacidose diabética (CAD), uma forma
“BOLUS OU ATAQUE” DE INSULINA, prefe- frequente de abertura do quadro de DM em
rindo-se a infusão regular. crianças. A CAD é o evento bioquímico final
da deficiência de insulina no organismo. A
- O pediatra deve ter sempre à “mão” o manitol reduzida utilização da glicose pelos tecidos
(1 g/kg EV) para o tratamento de um possível periféricos provoca hiperglicemia, a qual deter-
edema cerebral, complicação possível duran- mina diurese osmótica com perda de água e
te esta etapa de expansão rápida. eletrólitos, e consequentemente desidratação;
esta, por sua vez, leva à ativação do sistema
- O bicarbonato deve ter seu uso restrito pelo renina-angiotensina-aldosterona, com perda de
risco de potencializar o edema cerebral e de mais potássio pela urina (hipopotassemia). O
induzir hipocalemia. Alguns autores sugerem processo catabólico faz com que a célula per-
a possibilidade de administração apenas nas ca sódio, potássio e fosfato. O tecido adiposo
acidoses metabólicas graves, com pH inferior libera ácidos graxos para serem convertidos
a 7,15 na dose de 1 mEq/kg/EV. a cetoácidos no fígado, os quais funcionarão
como substrato energético para os tecidos,
impossibilitados de usar a glicose como fonte
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 de ATP. Com isso, desenvolve-se a acidose
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB metabólica. Resposta correta: Letra E.
Uma paciente de 5 anos de idade deu entrada
ao pronto-socorro. A mãe referiu que a filha
apresenta emagrecimento nos últimos dois
meses, poliúria, polidipsia e polifagia. Hoje, O aluno pergunta...
teve queda do estado geral, com sonolência Paciente sem queixas, exames de
excessiva. No exame físico, a paciente en- rotina, com presença de corpos ce-
contrava-se magra, desidratada ++/4 e com tônicos no EAS, glicemia de jejum normal,
respiração acidótica (Kussmaul). Os exames merece algum outro tipo de investigação?
laboratoriais apresentam glicemia de 512 mg/ A primeira coisa que devemos recordar é que
dl, acidose metabólica (pH 7,2 e bicarbonato - toda vez que houver estímulo exacerbado à li-
12 mEq/L) cetonúria positiva (+++) e potássio pólise e formação de ácidos graxos, há libera-
de 4,5 mEq/L. A principal suspeita diagnóstica ção de corpos cetônicos que serão detectados
foi de diabetes mellitus, e os quadros clínico e na urina. Isso é bem característico do diabetes
laboratorial foram compatíveis com cetoacidose tipo 1, em que a ausência de insulina para con-
diabética. Nessa situação, a terapêutica mais trabalancear a ação do glucagon leva a essa tal
indicada é hidratação rápida, insulinoterapia “lipólise exacerbada”. No entanto, apesar de ser
em doses baixas e oferta precoce de potássio. a causa mais característica, não é a única! Va-
a) Certo. b) Errado. mos dividir, então, a cetonúria em dois grupos:
Para entender a gênese do EHH, observe a Além dos sinais e sintomas da doença de base
seguinte sequência de eventos: (1) Quando a desencadeante, o restante do quadro clínico é
glicemia se eleva acima de 200 mg/dl, o pa- nada mais do que uma síndrome hiperosmolar,
ciente apresenta poliúria por diurese osmótica, tal como na hipernatremia grave... O paciente
que, por sua vez, desidrata o paciente, concen- se apresenta com rebaixamento do nível de
trando mais a glicose plasmática, aumentando consciência, começando com desorientação e
a osmolaridade do plasma. (2) O aumento da evoluindo com letargia, torpor e até mesmo o
osmolaridade provoca sede no paciente, que estado de coma. A espoliação hidroeletrolítica
então bebe bastante água (polidipsia), evitan- costuma ser ainda maior que na cetoacidose
do maior aumento da osmolaridade plasmáti- diabética, pela maior intensidade da poliúria.
ca. (3) Acontece que os pacientes que fazem No entanto, a maioria dos pacientes, quando
a SHNC quase sempre apresentam um fator fazem os sintomas, já perderam tanto líquido
desencadeante que os torna debilitados e in- que se encontram oligúricos. Uma diferença
capazes de ingerir uma quantidade adequada marcante para a cetoacidose é a ausência dos
de líquidos. (4) O resultado é a criação de um sintomas gastrointestinais e da taquidispneia
ciclo vicioso: a ingestão insuficiente de fluidos (respiração de Kussmaul). Eles também não
permite que a osmolaridade se eleve a pon- apresentam hálito cetônico...
to de provocar desorientação (rebaixamento
do sensório), que, por sua vez, dificulta mais
ainda a procura do paciente por água, agra- O aluno pergunta...
vando mais e mais a hiperosmolaridade, até Tenho uma dúvida na apostila de
que os níveis glicêmicos ultrapassam 600-800 síndrome metabólica 2: se a irri-
mg/dl e o paciente entra no estado de coma tação peritoneal presente na ceto-
hiperosmolar. Em outras palavras: o EHH não acidose diabética ocorre devido
ocorreria se o paciente estivesse apto a beber ao atrito entre os folhetos peritoneais,
água no início da elevação glicêmica. que se encontram desidratados, por que
no EHH, onde a perda volêmica costuma
ser maior que na cetoacidose, não temos
Quais são as consequências deletérias dor abdominal e irritação peritoneal?
do EHH? Ótima pergunta. Mas, infelizmente, dessa vez
não teremos uma resposta definitiva para lhe
1- Hiperosmolaridade: esses pacientes dar... Outra justificativa seria a de que a dor
chegam a apresentar glicemias que sur- abdominal nessas situações apresenta origem
preendem até os médicos experientes. A multifatorial, correlacionando-se com o grau
glicemia, via de regra, está acima de 600 de acidose metabólica e possivelmente o
mg/dl, mas pode ultrapassar a faixa de desenvolvimento de íleo metabólico e retardo
1.000 mg/dl!! no esvaziamento gástrico.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 58
2) HIPoGLICeMIA
Diagnóstico
complicações Crônicas
do diabetes
62
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 63
Complicações Microvasculares
Figura 1: Aparelho para fotografia de retina. As fotos podem ser lidas por pro-
fissionais treinados (ex.: optimetristas) e guardadas para comparação com exames
posteriores.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 65
Neovascularização
Retinopatia Não proliferativa
Retinopatia proliferativa
Leve Moderada Grave
Questão difícil... Mas você já pode acer- de ser detectada pelos exames de urina
tar, só de olhar para a opção B: a retinopatia convencionais, como o EAS (Urina tipo I,
diabética da paciente é do tipo RDNP fase EQU, Sumário de Urina, Parcial de Urina).
precoce. Tais lesões são decorrentes de dano Neste caso, o exame a ser solicitado é a
endotelial, levando ao extravasamento de lí- relação albumina/creatinina (mg/g) numa
quido, lipídios e proteínas para a retina. Nesta amostra urinária aleatória (geralmente ma-
fase inicial de retinopatia, o controle glicêmico tinal) e considera-se aumentado quando a
rígido frequentemente previne a evolução para partir de 30 mg/g. Como existem situações
as fases mais avançadas de doença retiniana, comuns que provocam albuminúria transitó-
por reverter o dano endotelial. Resposta B. ria (exercício, infecção, febre, ICC, hipergli-
cemia ou HAS acentuadas), o teste exige a
confirmação em duas de três amostras de
urina, colhidas num período de 3-6 meses.
2 – Nefropatia Diabética
periodicidade: deve ser realizado em
Denominada atualmente como “Doença Re- todo diabético tipo 1 cinco anos após o diag-
nal Diabética”, é uma complicação menos nóstico e em todo diabético tipo 2 no mo-
comum que a retinopatia, mas nem por isso mento do diagnóstico. Enquanto se mostrar
menos importante! Nos EUA, a nefropatia negativo, o rastreamento deve ser repetido
diabética é a causa mais comum de rins anualmente. A medida da creatinina sérica
terminais (≥ 1/3 dos casos). No Brasil, ela também deve ser realizada anualmente
perde apenas para a nefropatia hipertensiva. para estimar a taxa de filtração glomerular
Trabalhos mais recentes têm mostrado que (TFG), independente do grau de excreção
o risco de nefropatia é equivalente entre os urinária de albumina.
dois tipos de diabetes, variando entre 20-40%,
diferente do que se acreditava anteriormente. * Para uma questão capciosa: a excreção uri-
No entanto, cuidado para não ser confundido nária de albumina aumentada também pode
com um dado epidemiológico. A proporção de ser diagnosticada em outra unidade, a partir
pacientes com DM tipo 2 é muito maior que a de 20 mcg/kg/min!
daqueles com DM tipo 1; assim, há muito mais
pacientes (em número absoluto) com lesão
renal e DM tipo 2. Formas de Lesão
sintomas urêmicos, que geralmente surgem cado em questão, assumindo metas menos
mais precocemente do que em nefropa- agressivas (PA < 140 x 90 em geral, conside-
tas não diabéticos. O transplante renal e rando < 130 x 80 naqueles com albuminúria).
transplante rim-pâncreas são excelentes Esta medida, embora não previna, pode retar-
alternativas para esses pacientes. dar a evolução para insuficiência renal crônica.
As principais drogas continuam sendo IECA e
Mas o que ocorre exatamente com os ARAII, mas quase sempre é necessária a te-
glomérulos? rapia anti-hipertensiva combinada para manter
o rígido controle pressórico, especialmente os
Além dos componentes genético e hiper-
diuréticos tiazídicos (ClCr > 30 ml/min/1,73 m2)
tensivo da lesão glomerular, temos que
ou de alça (ClCr < 30 ml/min/1,73 m2). Antago-
ressaltar o papel fundamental da hipergli-
nistas de cálcio e betabloqueadores também
cemia, através da formação dos AGE e da
podem ser utilizados.
hiperfiltração glomerular, com o clearance
de creatinina acima de 120 ml/mim. Não se
conhece bem o mecanismo, mas a hiperfil-
Controle Glicêmico
tração está presente em pelo menos metade
dos diabéticos, pouco tempo após a insta-
O controle intensivo da glicemia mostrou ser
lação da hiperglicemia... Ela conduz à hi-
capaz de atrasar o aparecimento de albuminú-
pertrofia glomerular e tubular, com aumento
ria e a progressão da doença renal no DM tipo
do tamanho dos rins – isto explica porque a
I e II, constando, portanto, entre as recomen-
nefropatia diabética é uma das causas clás-
dações. Na escolha do agente oral anti-hiper-
sicas de insuficiência renal crônica com rins
glicêmico deve sempre ser considerado o grau
de tamanho aumentado!!! A hiperfiltração
de disfunção renal (ver tratamento do diabetes).
também está associada ao espessamento
da membrana basal glomerular, encontrado
em um grande percentual de diabéticos. Em-
Outras medidas:
bora apenas a minoria dos diabéticos com
hiperfiltração glomerular evolua para nefro-
• Dieta com restrição proteica: não está mais
patia, sabe-se que quanto maior o clearance
recomendada segundo a mais recente diretriz
de creatinina nos primeiros anos do diabetes
da ADA, pois não altera medidas glicêmicas,
(revelando acentuado hiperfluxo!), maior a
do risco cardiovascular ou a taxa de declínio
chance do paciente se tornar um nefropata
da filtração glomerular.
no futuro...
• Interrupção do tabagismo, controle da dislip-
demia.
Tratamento Quadro 1 - Recomendações da abordagem
da doença renal crônica em diabéticos
segundo o KDOQI.
Controle da albuminúria e da TFG (ml/min/ Recomendação
pressão arterial 1,73 m2)
Todos Medidas anuais da creatinina,
excreção urinária de albumina
Excreção urinária de albumina e potássio.
moderadamente aumentada (antiga
45-60 Encaminhar ao nefrologista
microalbuminúria):
se risco de doença renal não
diabética (DM tipo 1 há me-
Momento ideal para tratar a nefropatia diabé- nos de dez anos; proteinúria
tica, pois tem a possibilidade de interromper acentuada; achados anormais
a progressão da doença ou até mesmo sua na USG renal; hipertensão re-
remissão! Drogas de escolha: Inibidores da sistente; queda acelerada da
ECA (IECA) ou antagonistas dos receptores TFG; sedimento urinário ativo).
da angio II (ARA II). Os IECA e os ARA II agem Considerar ajuste de dose das
reduzindo a hiperfiltração e a hipertensão intra- medicações.
glomerular, já que dilatam preferencialmente a Monitorar TFG a cada seis
arteríola eferente. O resultado é a diminuição meses.
direta da filtração de albumina no glomérulo Monitorar eletrólitos, bicarbona-
e a prevenção da glomeruloesclerose. É im- to, hemoglobina, cálcio, fósforo,
PTH (pelo menos anualmente).
portante frisar que, embora o benefício seja
maior na presença de hipertensão arterial, Assegurar suficiência de vita-
mina D.
recomenda-se que IECA ou ARA II também
Avaliar densidade mineral
sejam utilizados em pacientes com albuminú-
óssea.
ria aumentada e normotensos.
30-44 Monitorar TFG a cada três
meses.
Excreção urinária de albumina muito Monitorar eletrólitos, bicar-
bonato, hemoglobina, cálcio,
aumentada (antiga macroalbuminúria):
fósforo, PTH, albumina e peso
(a cada 3-6 meses).
A medida mais importante é o controle da PA!
< 30 Encaminhar ao nefrologista.
Recentemente, o alvo ideal vem sendo colo-
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 69
controle glicêmico adequado. Como nas ou- ser constituída de aspectos básicos do exa-
tras complicações microvasculares, ela pode me físico.
ser detectada desde o diagnóstico no DM tipo
2 e cinco anos ou mais após o diagnóstico
no tipo 1. Formas de Lesão
livros de referência da prova. Qual será o calosidade e úlcera de pressão nesta área.
diagnóstico? Trata-se da epilepsia parcial con- Além do distúrbio sensitivomotor, a neuropatia
tínua, caracterizada pela persistência de movi- autonômica prejudica a microcirculação dos
mentos clônicos em um dos membros, sem a pés e provoca anidrose (secura), facilitando
perda da consciência e bastante refratária aos o surgimento de fissuras cutâneas. Após abrir
anticonvulsivantes. Existem diversas causas uma porta de entrada (úlcera, ferida, fissura), o
para a síndrome, geralmente lesões estrutu- próximo passo é a infecção bacteriana!! Tais
rais nos gânglios da base. Contudo também infecções possuem uma elevada tendência de
há causas metabólicas, e a hiperglicemia é se disseminar para o subcutâneo, músculos
uma delas. Níveis glicêmicos > 300 mg/dl já e ossos, causando gangrena e osteomielite.
são suficientes para causar a síndrome que,
neste caso, melhora prontamente com o rápido Outro fator que não pode ser esquecido é a
controle da glicemia. Resposta E. doença arterial aterosclerótica das artérias
tibiais e fibulares, especialmente comuns nos
diabéticos tabagistas. A isquemia crônica da
4 – “Pé Diabético” extremidade distal é um fator a mais dificul-
tando a cicatrização de feridas e predispondo
Acabamos de estudar a neuropatia diabética a gangrena e a infecção, somada aos distúr-
e, nesse momento, sabemos perfeitamente bios intrínsecos da cicatrização (função do
que a mais representativa de todas as formas colágeno e metaloproteinases) e imunológicos
é a polineuropatia distal simétrica. No entan- (deficiência na defesa por polimorfonucleares).
to, além de reconhecer os sintomas que ve-
nham a incomodar o paciente (dor neuropá-
tica, disestesias etc.), é importante entender
as consequências que podem ser originadas.
Entre elas, a mais preocupante é o pé diabé-
tico. Mas como a polineuropatia não é o úni-
co fator participante, esta condição é estuda-
da como um item à parte, conforme veremos
a partir de agora. Figura 3: Lesões ulceradas característi-
cas do pé diabético.
Definição
Avaliação do Pé
Talvez não seja de conhecimento comum,
mas existe um Consenso Internacional sobre Todo paciente diabético deve ter anualmen-
Pé Diabético. Segundo ele, define-se pé te uma avaliação completa do pé. O primei-
diabético como infecção, ulceração e/ou ro passo se dá pela anamnese à procura de
destruição de tecidos moles associadas a possíveis fatores de risco.
alterações neurológicas e vários graus de
doença arterial periférica nos membros in- Confira os principais a seguir.
feriores. Em outras palavras, seriam as fa-
mosas úlceras de difícil cicatrização no pé, Fatores de risco para pé diabético:
estejam elas infectadas ou não.
• Amputação prévia
O DM é a principal causa de úlceras de mem- • História prévia de úlcera no membro inferior
bro inferior que não cicatrizam e de amputação • Neuropatia periférica
não traumática. As úlceras também são as
complicações mais comuns dos diabéticos – o • Deformidade nos pés
risco ao longo da vida de se desenvolverem • Doença vascular periférica
chega a 25% – infectando em 50% dos casos
e precedendo 85% das amputações. • Distúrbio visual
• Nefropatia diabética (principalmente na
fase dialítica)
Etiologia
• Baixo controle glicêmico
• Tabagismo
São vários, mas o principal é a neuropatia
diabética!! Nesse caso, o paciente perde, sem O exame físico se inicia por uma inspeção ge-
perceber, a sensibilidade dolorosa, térmica, ral, com a remoção dos sapatos e das meias
tátil, proprioceptiva e vibratória nos pés (ou (isso parece sem importância? Pois saiba que
seja, todas as sensibilidades!!), começando já foi tema de avaliação numa prova prática
pela região plantar. A perda da sensibilidade da USP...). Aqui devem ser avaliadas: (1) al-
impede que o paciente perceba pequenas terações dermatológicas (aspectos da pele,
feridas no pé e continue pisando firme, tornan- sudorese, avaliação intertriginosa, calos, ul-
do-as mais graves e profundas. Além disso, cerações) e (2) alterações musculoesquelé-
a perda da propriocepção modifica a mecâ- ticas (deformidades, atrofias).
nica muscular do pé, distribuindo mal o peso,
causando deformidades e sobrecarregando a Em seguida, inicia-se a avaliação neurológica.
base do hálux. Isto predispõe a formação de A ênfase não é exatamente na identificação
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 75
precoce da neuropatia diabética, mas da perda Diapasão de 128Hz: também avalia fibras
de sensibilidade protetora (PSP ou LOPS, do grossas sensitivas, permitindo a avaliação
inglês loss of protective sensation). Para esta da sensibilidade vibratória. O teste é posi-
etapa, recomenda-se a seguinte avaliação: tivo quando o paciente deixa de sentir a
vibração, embora o examinador a continue
Estesiômetro ou monofilamento de nái- sentindo.
lon (Semmes-Weinstein) de 10 g (cor laran-
ja – kit SORRI) + 1 dos 4 testes abaixo:
• diapasão 128Hz
• martelo
• pino ou palito (pinprick sensation)
• batiestesiômetro (de custo elevado, mais
utilizado nos EUA)
Figura 5: Aplicação do
teste do monofilamento de
nylon - 10 g (estesiômetro
Semmes-Weinstein). A força
aplicada deve ser o sufi-
ciente para curvar o estesi-
ômetro, conforme indicado
na figura e o paciente deve
estar de olhos fechados.
Ao paciente, deve ser de-
monstrada inicialmente no
membro superior a sensa-
ção pressórica que deve
detectar. Áreas calejadas
devem ser evitadas na ava-
liação. Embora o teste com-
pleto utilize mais pontos,
o Consenso Internacional
recomenda quatro locais
para uma avaliação inicial:
hálux, primeiro, terceiro e
quinto metatarsos.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 76
Figura 8: Bioestesiômetro.
Tratamento
Cabe lembrar que, além da avaliação sensiti- As feridas e úlceras não infectadas ou calos
va, o exame da motilidade também é obriga- devem receber tratamento local, com cura-
tório. Após a avaliação neurológica, realiza- tivos em compressas úmidas ou tratamento
-se o exame vascular, inicialmente, a partir da cuidadoso do calo. Antissépticos locais são
palpação dos pulsos tibial posterior e pedioso, desaconselhados, pelo risco de hipersensibi-
em ambos os pés. Pacientes que apresentem lidade cutânea.
sintomas ou sinais de vasculopatia (redução
da temperatura, palidez, enchimento capilar O “pé diabético” infectado é reconhecido pelo
lentificado, distrofia ungueal, perda de pelos exame clínico. Cultura do raspado da úlcera
ou úlceras arteriais indolores, secas), bem não é confiável (bactérias contaminantes).
como aqueles com mais de 50 anos devem Casos brandos de infecção superficial (ex.:
realizar o índice tornozelo-braquial (ITB). Nes- discreta celulite em volta da úlcera ou ferida)
te índice, com a ajuda de um Doppler de 8 a podem ser tratados com antibiótico oral, mas
10 MHz, faz-se a divisão da maior pressão sis- os casos de infecção profunda ou sinais de
tólica do tornozelo (pediosa ou tibial posterior) gangrena indicam internação imediata para
pelo maior valor das pressões das artérias antibioticoterapia venosa e debridamento de
braquiais. Este índice é feito tanto para o tor- todos os tecidos desvitalizados!!
nozelo direito quanto o esquerdo. Considera- Os antibióticos devem ter amplo espectro,
-se como normal ITB > 0,9. Valores abaixo de voltados contra cocos Gram-positivos
0,9 estão associados com claudicação e abai- (estafilococo e estreptococo), Gram-nega-
xo de 0,4 com isquemia de repouso e necro- tivos entéricos e anaeróbios. Opções de
se. ITB acima de 1,3 sugerem rigidez arterial e primeira linha são amoxicilina-clavulanato,
são menos fidedignos. ampicilina-sulbactam, clindamicina + fluoro-
quinolona ou cefalosporina de segunda ou
Após esta avaliação, o paciente deve rece- terceira geração.
ber uma estratificação de risco para defini-
ção do melhor seguimento para o caso. Veja Toda úlcera infectada profunda deve esti-
na tabela 2 a seguir. mular o médico a pesquisar osteomielite,
Recomendação
Risco Definição Seguimento
de tratamento
0 Sem PSP Educação Anual
(clínico ou
Sem DAP Calçados
especialista)
apropriados
Sem deformidades
1 PSP ± Prescrição Cada três a
deformidades de calçados seis meses
Cirurgia profilática
2 PSP ± DAP Prescrição Cada dois a três
de calçados meses (especialista)
Consulta com
vascular
3 Histórico + Como em 1, seguimento Cada um a dois
úlcera combinado com vascular meses (especialista)
Amputação
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 77
Complicações Macrovasculares
Resumindo...
A ideia que fica é que a glicemia atua de forma incisiva nas complicações microvasculares e
antes do desenvolvimento das complicações macrovasculares. Uma vez que as últimas es-
tejam bem estabelecidas, o controle glicêmico parece ter menor valor. A grande pergunta no
momento é: submeter um paciente ao controle glicêmico estrito é capaz de reduzir complica-
ções como o IAM? Ou ainda, há chance desta prática ser prejudicial ao paciente? Não se tem
a resposta definitiva! Todavia, apesar da polêmica, até o momento o alvo recomendado pela
AHA (American Heart Association) permanece HbA1c < 7%.
O aluno pergunta...
Professores, ouvi dizer em uma palestra que diabetes pode causar câncer.
Esta afirmação é verdadeira?
Aproveitando a pergunta, vamos nos aprofundar mais um pouco... Este é um questionamento
que vem intrigando pesquisadores há algum tempo. Recentemente tivemos um posicionamento
de especialistas da American Diabetes Association e da American Cancer Society. O que se
pode dizer é que:
•O risco realmente existe e é maior para neoplasia hepática, pancreática e endometrial (2x
maior) e menor para colorretal, mama e bexiga (1,2-1,5x).
•Entre os mecanismos que poderiam explicar esta associação citam-se hiperinsulinemia,
hiperglicemia e inflamação aliados também à obesidade, envelhecimento e hábitos de vida.
•Alguns estudos sugerem que a metformina esteja associada a menor risco de câncer enquanto
a insulina, um risco maior. Talvez a glargina tenha um risco mais elevado que as demais, porém
essa informação ainda precisa ser confirmada.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 80
obesidade
80
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 81
gesta alimentar, o efeito central deste hormô- c) D, localizadas no corpo e antro gástricos, se-
nio é a inibição do neuropetídeo Y, atuando cretam gastrina que estimula a secreção ácida.
assim como anorexígena, a exemplo da lepti- d) G, localizadas no antro gástrico, secretam
na. Desse modo, as duas seriam agonistas e somatostatina que inibe a secreção ácida.
não antagonistas. Quanto ao neuropetídeo Y, e) Parietais, localizadas no corpo gástrico,
de ação orexígena, ele é inibido, e não esti- secretam fator intrínseco que facilita absorção
mulado pela leptina. de ferro.
Sobra apenas a opção E, pois a leptina inibe as Questão conceitual. A grelina é um hormô-
orexinas, um outro tipo de modelador central nio de ação orexígena, produzido por células
que, como o nome já sugere, é um orexígeno gástricas e que atua na modulação periférica
(abre apetite!). do apetite. Resposta: B.
E a adiponectina? Etiologia
Este é um hormônio também liberado pelo te- A obesidade tem origem multifatorial e pode ser
cido adiposo, mas cuja função não é interferir classificada em primária ou secundária. Nos
diretamente no centro do apetite hipotalâmico. quadros primários, já foi demonstrada clara-
A principal função da adiponectina é aumentar mente a predisposição familiar, relacionada a
a ação da insulina. Ou seja, na deficiência genes como o FTO e MC4R. Apesar da crença
da adiponectina, teremos um estado de re- equivocada de muitos, apenas 1% dos casos
sistência insulínica. Ah, então na síndrome de obesidade é secundário a outras doenças,
metabólica e algumas doenças cardiovas- entre as quais se incluem principalmente as
culares associadas eu posso ter redução da endocrinopatias. Observe a seguir as principais
adiponectina? Isso mesmo! Experimente fazer causas de obesidade secundária:
uma busca na internet com esses termos e
você irá se assustar com a quantidade de • Endocrinopatias (síndrome de Cushing, hi-
trabalhos publicados nessa área. potireoidismo, deficiência de GH, hipogona-
dismo).
Para tentar resumir esses fatores, veja o
quadro 1 a seguir. • Insulinoma.
Figura 2
Consiste na tríade aplicável a todas as va- A sibutramina vem sendo cada vez mais ques-
riáveis associadas à doença cardiovascular e tionada por conta de seus efeitos cardiovascu-
amplamente discutidas ao longo desta apostila: lares deletérios, tendo a sua comercialização
dieta, exercício e modificação comportamental. já proibida em alguns países. Os anorexígenos
No caso da obesidade, esses fatores são ainda catecolaminérgicos também são normalmen-
mais importantes, já que o tratamento farma- te desencorajados pelos seus efeitos adver-
cológico não é tão eficaz (como no diabetes ou sos (irritabilidade, insônia, ansiedade, euforia,
na hipertensão) e a cirurgia está associada a boca seca, turvação visual, arritmias, hiperten-
alguns efeitos adversos (ver adiante). Um ob- são arterial e pulmonar, constipação). Nos dia-
jetivo realista seria a meta de perda ponderal béticos, outras opções seriam a metformina e
de 10% dentro de seis meses. os agonistas de GLP-1.
Figura 3
dicação, a cirurgia deve ser contraindicada ou, segundo recomendações mais atuais do
apenas quando a comorbidade estiver tão SUS, 16 anos (D correta).
avançada que os benefícios do procedimen-
to não serão aproveitados pelo paciente (ex.:
insuficiência cardíaca grave). Aqueles que RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012
em virtude do peso excessivo não possibili- ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR
tem a investigação complementar por méto- Qual das afirmativas é a errada?
dos de imagem ou mesmo a monitorização a) A indicação de cirurgia bariátrica é feita ba-
perioperatória também devem ser excluídos seada em I.M.C. acima de 40 kg/m2.
(nesse caso, sugere-se uma perda mínima b) Pode-se operar pacientes com I.M.C. en-
de peso antes do procedimento). O critério tre 35 e 40 kg/m2 desde que tenham comorbi-
idade normalmente relaciona pacientes de 18 dades tais como diabetes tipo 2, dislipidemia,
a 65 anos, no entanto, essa decisão pode ser hipertensão arterial, etc.
individualizada. Segundo recomendações re- c) Não se deve operar pacientes alcoolistas
centes do Ministério da Saúde, a idade para em pleno uso da bebida.
realização de cirurgia bariátrica passou a ser d) Transtornos psiquiátricos desde que con-
de 16 anos. Um comentário apenas! Apesar trolados clinicamente não contraindicam o
de colocada como uma contraindicação ab- tratamento cirúrgico da obesidade mórbida.
soluta nos livros de Cirurgia, pacientes com a e) Pacientes com I.M.C. abaixo de 30 kg/m2
síndrome de Prader-Willy poderiam ser sub- e portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 são
metidos à cirurgia segundo algumas referên- excelentes candidatos a tratamento cirúrgico
cias pediátricas, revisões mais atuais sobre pelo bypass gástrico.
o tema e até mesmo o livro de clínica cirúr-
gica da USP. Por isso, MUITA ATENÇÃO no Como acabamos de ver, todos os itens
momento da prova! Trata-se de uma doença apresentados são verdadeiros com exceção
genética descrita na década de 50, com uma do item E, já que para haver indicação cirúr-
incidência de 1:15.000 nascidos vivos. O gica dois critérios básicos devem ser respei-
quadro clínico é caracterizado por deficiência tados: (1) IMC ≥ 40 kg/m2 ou (2) IMC ≥ 35
mental, hipotonia muscular, excesso de ape- kg/m² na presença de comorbidades clínicas
tite, obesidade progressiva, baixa estatura e importantes.
hipogonadismo. Após o quarto ano de vida,
inicia-se o quadro de hiperfagia e compulsão
alimentar, com isso, a obesidade e suas com- RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011
plicações como intolerância à glicose, doen- HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO
ças vasculares e respiratórias, reduzindo a JOSÉ DOS CAMPOS – HSJC
expectativa de vida. Sendo assim, o aspecto A cirurgia da Obesidade está indicada nos
mais importante do tratamento é o controle doentes com:
no ganho de peso com dietas hipocalóricas e a) Índice de massa corpórea (IMC) acima de 30.
medicamentos anoréticos. b) Uso de álcool ou drogas como forma de
emagrecimento.
c) Comorbidades como artropatia de joelhos,
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 diabetes e apneia do sono com IMC (Índice
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO de Massa Corpórea) acima de 35.
RIO GRANDE DO SUL – RS d) Peso acima de 110 kg.
São indicações de realização de Cirurgia Ba- e) Distúrbios psiquiátricos como depressão.
riátrica, EXCETO:
a) Índice de massa corporal superior a 40. Essa é a questão que mais se repete nas
b) Falha de um tratamento prévio para obe- provas sobre o tema... Indicação de cirurgia
sidade com reeducação alimentar e medica- na obesidade. Como acabamos de ver, a
mentos em paciente com índice de massa presença de IMC ≥ 35 kg/m² associada à co-
corporal de 37. morbidades clínicas importantes seria uma
c) Índice de massa corporal de 36 e hiperten- delas. Resposta: C.
são arterial sistêmica.
d) Paciente de 18 anos portador de obesida-
de grau III. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009
e) Paciente com índice de massa corporal de HOSPITAL DE URGÊNCIA
43, portador de artrose de joelho. DE GOIÂNIA – HUGO
Com relação aos critérios abaixo, qual é con-
Baseado nos critérios acima, podemos di- traindicação para cirurgia bariátrica:
zer que: IMC > 40 consiste em uma indicação a) Índice de Massa Corporal igual ou maior
clássica (A e E corretas); o paciente com IMC que 40 kg/m2.
entre 35 e 40 deve possuir comorbidades clí- b) Obesidade mórbida associada à diabetes
nicas o que não é informado na assertiva (B mellitus de difícil manejo.
INCORRETA); IMC entre 35 e 40 + comorbi- c) Obesidade de causa endócrina.
dade clínica é uma indicação – a hipertensão d) Índice de massa corporal maior ou igual
é resolvida em 65% dos casos (C correta); a 35 kg/m2 com comorbidades associadas à
paciente com 18 anos e obesidade grau III, obesidade.
ou seja, IMC > 40 apresenta indicação - a
cirurgia tradicionalmente não é recomenda- As opções A, B e D nada mais são do que
da para pacientes com menos de 18 anos clássicas indicações de cirurgia bariátrica. No
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 89
MECANISMO DE AÇÃO
OBS. 1: Perceba que, na verdade, pratica-
O tratamento cirúrgico pode atuar de duas mente nenhuma cirurgia é puramente restritiva
formas principais: ou disabsortiva. Neste caso, ao criar uma bol-
sa gástrica de capacidade reduzida, estamos
RESTRITIVO: Reduzindo a ingestão oral realizando também uma modalidade restritiva,
por mudanças físicas (bolsa de pequeno porém de intensidade muito menor... O próprio
volume) e sobre o eixo SNC-tubo digestivo CFM, em uma de suas resoluções, classifica
(saciedade precoce e redução do apetite). este tipo de procedimento como misto.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 90
Figura 5
Figura 6
Cirurgias restritivas
Figura 7A
Balão Intragástrico
Banda gástrica ajustável
Não se trata propriamente de uma cirurgia,
mas de um método endoscópico. O conceito Descrição: Um anel ou banda (figura
é simples: uma prótese balonada é insuflada 7B/7C) de silicone é colocado por via lapa-
dentro do estômago para provocar saciedade roscópica de forma a envolver o estômago em
precoce, agindo como um método restritivo sua porção proximal, 1 cm abaixo da junção
(figura 7A). Embora pareça pouco invasivo, esofagogástrica. Com isso, é criada acima
o balão intragástrico é relacionado a compli- do anel uma bolsa gástrica com capacidade
cações graves como ulcerações, hemorragias de apenas 30 ml a 50 ml. Este anel tem um
e migração inapropriada. Inicialmente, o balão reservatório inflável que pode ser ajustado
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 92
Resultado: Perda ponderal de 34,8 a 39,7 kg. Resultados: tem perda de peso esperada de
A maior parte é obtida dentro dos primeiros 60% dentro de dois anos.
três anos após o procedimento.
Complicações:
Complicações:
A complicação mais temida é a fístula, que
Gerais: Inerentes a qualquer cirurgia intra-ab- geralmente ocorre no terço superior do es-
dominal (ex.: tromboembolismo pulmonar). tômago, junto à linha de grampo. No Sleeve,
elas tendem a ser mais complexas e de pior
Específicas: Mortalidade 0,02-0,1%. Distúr- manejo quando comparadas àquelas decor-
bios metabólicos são raros porque a técnica rentes do By-pass.
não é disabsortiva. A principal complicação é
o deslocamento do anel da posição original,
Figura 8
levando à estenose funcional, dilatação eso-
fagiana e desenvolvimento súbito de refluxo
gástrico, saciedade e intolerância aos alimen-
tos. Pode ser detectada pela posição do anel
na radiografia de tórax. Outras complicações
importantes incluem erosões e problemas na
porta de acesso do anel (reservatório).
Técnica Comentários
Restritiva
Banda gástrica ajustável Perda de peso moderada. Baixa taxa de complicações
Vem ganhando grande aceitação nos últimos anos.
Gastrectomia em manga Ótima opção quando outros procedimentos estão con-
traindicados.
Predominantemente Disabsortiva, Discretamente Restritiva
Maior perda ponderal e maior taxa de desnutrição pro-
Derivação biliopancreática (Scopinaro)
teica. O “Switch” duodenal reduz a incidência de úlceras
Switch Duodenal
da anastomose.
Predominantemente Restritiva, Discretamente Disabsortiva
É ainda a cirurgia mais realizada em diversas unida-
By-pass Gástrico com Y de Roux
des, devido à experiência acumulada e menor grau de
(Capella e Wittgrove)
disabsorção.
*Procedimentos cirúrgicos que não estão descritos neste quadro são ainda considerados experimentais
pelo CFM.
Vejamos como esse tema tem caído. bariátricas laparoscópicas estão associadas a
MENOS complicações trombóticas, respirató-
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2013 rias e relacionadas à ferida operatória (ex.: hér-
HOSPITAL GERAL DE GOIÂNIA – GO nias incisionais). No entanto, são estas as cirur-
Em relação à hérnia de PETERSEN, podemos gias mais associadas à obstrução intestinal e
afirmar que: hérnias internas. Resposta: letra B.
a) Ocorre após cirurgia gastrojejunal em loca-
lização retroanastomótica.
b) Ocorre através do mesocólon transverso. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012
c) Ocorre no forame de Winslow. HOSPITAL TARQUINIO LOPES FILHO – MA
d) É considerada uma hérnia omental. O procedimento bariátrico conhecido como
e) Ocorre na fossa paraduodenal de LAND- gastrectomia longitudinal em manga (slee-
ZART. ve gastrectomy), apresenta a seguinte ca-
racterística:
Vamos aprender com a questão! A hérnia a) Remove a parte gástrica secretora de Grelina.
de Petersen é uma hérnia interna que pode b) É considerado um procedimento bariátrico
surgir no pós-operatório das cirurgias bariátri- misto (restritivo e disabsortivo).
cas, principalmente nas cirurgias de by-pass c) Associa-se à vagotomia troncular ao pro-
gástrico em Y de Roux (cirurgia de Fobi-Ca- cedimento.
pella). Ela ocorre quando uma alça de delga- d) Impede a conversão para derivação bilio-
do se insinua no espaço posterior à anasto- pancreática.
mose gastrojejunal, geralmente entre a alça e) Produz má absorção de ferro, cálcio e áci-
do Y de Roux e o mesocólon transverso. Al- do fólico.
ternativa A correta.
A gastrectomia em manga (sleeve gas-
trectomy) consiste em procedimento restriti-
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 vo, na qual se retira a grande curvatura do
CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS – SP fundo gástrico, confeccionando-se um tubo
A técnica cirúrgica mais utilizada atualmen- vertical, não sendo realizada vagotomia tron-
te para o tratamento da obesidade mórbida cular. Por preservar o duodeno e não promo-
consiste em: ver o surgimento de uma síndrome disabsor-
a) Banda gástrica. tiva, é a técnica recomendada para pacientes
b) Balão intragástrico. com anemia ferropriva ou deficiências vita-
c) Gastroplastia em “luva” (“sleeve gastrec- mínicas. Além disso, apresenta como outras
tomy”). vantagens: preservação do piloro, redução
d) Gastroplastia à Mason. metabólica dos níveis de grelina (produzida
e) Gastroplastia vertical em Y de Roux (Fobi- no fundo gástrico), redução da incidência de
Capella). hérnias internas e possibilidade de se modi-
ficar a técnica posteriormente para uma gas-
A cirurgia bariátrica mais realizada é ainda troenteroanastomose em Y de Roux. Den-
o by-pass gástrico em Y de Roux, populariza- tre as desvantagens, podemos citar a maior
da por Fobi e Capella, sendo considerada por ocorrência de fístulas e o fato de os resulta-
muitos o padrão-ouro entre os procedimentos dos a longo prazo não serem tão bem carac-
bariátricos. A tendência atual é a realização terizados como no caso de outras técnicas
do procedimento pela via videolaparoscópi- cirúrgicas. Resposta: A.
ca, que passou a ser executado em 1990 e
apresenta diversas vantagens sobre a téc-
nica aberta, como menor perda de sangue, RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012
redução da incidência de hérnia incisional e FACULDADE DE MEDICINA
infecção de ferida, rápida recuperação e me- DE PETRÓPOLIS – RJ
nor permanência hospitalar. Resposta: E. Paciente do sexo feminino, 55 anos, com IMC
de 40 kg/m², procura seu consultório para se
informar acerca da cirurgia de banda gástrica
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 ajustável para perda ponderal. Em relação a
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SP esta técnica cirúrgica, podemos afirmar que:
Complicação mais frequente na cirurgia ba- a) O risco de complicações é maior que nas
riátrica de derivação gástrica (gastric bypass) outras técnicas de cirurgia bariátrica.
com reconstrução em Y de Roux laparoscó- b) Tem boa eficácia nos pacientes superobe-
pica, quando comparada com a mesma de- sos (IMC “maior que” 50 kg/m²).
rivação feita por técnica convencional, por c) Pacientes com cirurgias gástricas prévias
laparotomia: não são bons candidatos para esta técnica.
a) Formação de aderências intracavitárias. d) É a técnica de cirurgia bariátrica com maior
b) Hérnias internas. número de anastomoses.
c) Complicações respiratórias.
d) Perda de peso no curto prazo. A banda ajustável é um método restritivo
e) Fístulas anastomóticas. puro que apresenta como principal vantagem
o fato de o índice de complicação cirúrgica
Vamos aproveitar essa questão para abordar ser muito baixo, já que se trata de um pro-
um conceito pouco falado, mas que está pre- cedimento laparoscópico simples. Não há
sente na última edição do Sabiston. As cirurgias necessidade, por exemplo, de divisão do es-
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 95
tômago, de confecção de anastomoses, nem Como vimos, o sleeve gástrico é uma téc-
de ressecção de nenhum segmento intestinal, nica utilizada na cirurgia bariátrica, onde se
podendo ser revertido com facilidade. Em faz a secção em luva do estômago, reduzin-
contrapartida, apresenta como desvantagem do assim o tamanho do órgão e conferindo ao
um percentual de perda ponderal menor que o paciente uma sensação de saciedade preco-
das outras técnicas, visto que o paciente pode ce. É uma técnica muito usada para compor,
voltar a engordar pela ingesta de líquidos por exemplo, a técnica de Switch duodenal.
de alto teor calórico. No que diz respeito às Resposta: letra C.
contraindicações ao procedimento, podemos
citar a presença de hipertensão portal, de
alguma doença do tecido conjuntivo em que RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011
haja dismotilidade do esôfago e o uso crônico ALIANÇA SAÚDE – PR
de esteroides (contraindicação relativa). Por Um paciente submete-se à cirurgia bariátrica
mais que não seja um fator impeditivo para e apresenta, no pós-operatório, vômitos in-
a colocação da banda gástrica, a história de coercíveis, confusão mental, amnésia ante-
cirurgia gástrica prévia traz dificuldades para rógrada, nistagmo e ataxia. Qual das afirma-
o procedimento, o que torna estes pacientes tivas abaixo corresponde ao diagnóstico que
não candidatos a este tipo de intervenção. deve ter tratamento de emergência?
Assim, a melhor opção é a letra C. a) Síndrome de Wernicke-Korsakoff.
b) Polineuropatia sensoriomotora.
c) Síndrome do neurônio motor superior.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 d) Síndrome de Guillain-Barré.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE e) Síndrome miastênica.
PORTO ALEGRE – HCPA
Em relação ao tratamento cirúrgico da obesi- O diagnóstico da questão tinha que ser
dade após insucesso do tratamento clínico, dado pela avaliação do quadro clínico. A
assinale a assertiva incorreta. deficiência de tiamina (vitamina B1), embo-
a) Está indicado para indivíduos com índice de ra possa ser encontrada em pacientes com
massa corporal IMC igual ou superior a 35 kg/m2 nutrição inadequada (ex.: alcoólatras), tam-
com comorbidades há pelo menos 2 anos. bém pode ocorrer em pacientes submetidos
b) Está indicado para indivíduos com IMC igual a cirurgias bariátricas, especialmente as di-
ou superior a 40 kg/m2, independentemente sabsortivas! Isso porque grande parte dessa
de comorbidades associadas. vitamina é absorvida no jejuno e no íleo. A
c) Reduz a mortalidade geral destes pacientes. deficiência tem como principal manifestação
d) Dependência química de álcool é uma con- neurológica a síndrome de Wernicke-Korsa-
traindicação para a cirurgia. koff, um termo que, na verdade, refere-se
e) Em relação à perda de peso, os proce- aos dois estágios da doença. A deficiência
dimentos restritivos são superiores aos que aguda gera a encefalopatia de Wernicke,
provocam má absorção. que é marcada por uma ataxia de marcha,
disfunção motora ocular – nistagmo, oftalmo-
Analisando a questão podemos perceber plegia – e confusão mental. Já a síndrome
que as opções A e B estão corretas, ade- de Korsakoff seria o estágio de deficiência
quando-se exatamente às indicações do tra- crônica de tiamina, caracterizado por amné-
tamento cirúrgico na obesidade. A opção C sia anterógrada e retrógrada, desorientação
também está correta por mostrar o benefício temporoespacial e confabulação. No caso
da modalidade nestes casos. Por outro lado, clínico, o paciente combina manifestações
o paciente não deve ser usuário de álcool e a de ambas e o tratamento é a reposição de
opção D também é verdadeira. Ficamos com tiamina (50-100 mg IV ou IM por 5 a 7 dias).
a opção E, já que a perda de peso é mais Espera-se que as manifestações mais agu-
acentuada nos procedimentos disabsortivos das sofram reversão e que as relacionadas
e não nos restritivos. Resposta: E. à síndrome de Korsakoff sejam irreversíveis.
Resposta: letra A.
restrição gástrica e desvio alimentar da porção Wittgrove, como vimos, é uma variação do
inicial de intestino delgado. by-pass gástrico, em que, por via laparoscópi-
Quais estão corretas? ca, se utiliza a sutura na anastomose gastroje-
a) Apenas I. junal ao invés da colocação de um anel como
b) Apenas II. se faz na técnica de Capella. Outro conceito é
c) Apenas III. a de que as cirurgias restritivas não se aplicam
d) Apenas I e II. aos pacientes com ingestão calórica elevada e
e) Apenas II e III. vômitos de repetição pelo aumento do resíduo
gástrico (opção D correta). Por último, ficamos
Vamos relembrar como é feita esta técnica definitivamente com a opção E como resposta
cirúrgica: (1) secção do estômago proximal, por trazer uma complicação esperada da deri-
formando uma pequena bolsa com a cárdia, vação biliopancreática, daí o desenvolvimento
com capacidade de 10-20 ml (intenção cirúrgi- do switch duodenal para contorná-la.
ca restritiva); (2) ressecção intestinal 30-40 cm
distante do ligamento de Treitz, pegando uma
parte do jejuno proximal; (3) Anastomose da RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
pequena bolsa gástrica com o restante do je- UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRAN-
juno e trato alimentar (desvio gastrojejunal); (4) DE DO NORTE – UFRN
O restante do trato intestinal (duodeno e jejuno Exames de rotina, em um paciente de 52 anos,
proximal) fica excluído do trânsito para formar revelam a existência de cálculo urinário. Como
o Y de Roux, não permitindo contato do alimen- antecedente, há dez anos, ele foi submetido
to com grande parte da superfície absortiva a um procedimento cirúrgico de by-pass jeju-
(intenção cirúrgica disabsortiva). Perceba que noileal para obesidade mórbida. Em relação
é um procedimento MISTO (restritivo e disab- a esse caso, considera-se uma complicação
sortivo). Assim, apenas a afirmativa III está do by-pass.
completamente correta. Resposta: C. a) Hiperuricosúria.
b) Pseudo-hiperparatireoidismo.
c) Hiperoxalúria.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 d) Hipercistinúria.
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO PARANÁ – UFPR Como qualquer doença disabsortiva, o
Com relação ao tratamento cirúrgico da obe- excesso de ácido graxo que se liga ao cálcio
sidade, assinale a alternativa INCORRETA. na luz intestinal, deixa mais oxalato livre para
a) As cirurgias disabsortivas puras caíram em ser absorvido... Resposta: C.
desuso, porém podem ser usadas em casos ex-
cepcionais como método temporário em supero-
besos androides com abdômen de difícil acesso. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
b) A técnica de Wittgrove e Clark fundamenta- SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE
-se na estenose da anastomose gastrojejunal SANTA CATARINA – SES
para oferecer maior fator de restrição. Uma paciente submetida à cirurgia bariátrica,
c) Na técnica de Capella e Fobi coloca-se uma moradora de zona rural e sem acompanha-
prótese em forma de anel poucos centímetros mento ambulatorial nos últimos 12 meses e
antes da anastomose gastrojejunal para ofe- que nega uso de medicamentos dá entrada no
recer maior restrição. pronto-socorro com história de cefaleia, irrita-
d) As cirurgias restritivas se prestam a pacien- bilidade e fadiga. Ao exame físico se observa
tes que não sejam alcoolistas ou comedores nistagmo, marcha atáxica e oftalmoplegia. O
de doces compulsivos. que está ocorrendo com a paciente?
e) Na derivação biliopancreática com desvio a) Tumor cerebral.
duodenal (duodenal switch), a retenção do b) AVC isquêmico.
estômago distal comprovadamente produz um c) Meningoencefalite.
modelo ulcerogênico que limita sua utilização. d) Deficiência de vitamina B1.
e) Intoxicação por organofosforado.
De fato, devido aos níveis elevados de des-
nutrição, as cirurgias puramente disabortivas A clínica é característica de um quadro de
foram sendo substituídas pelos procedimentos encefalopatia de Wernicke (deficiência de vi-
mistos e hoje restam poucas indicações para tamina B1 – Tiamina) que, como acabamos de
elas, como em superobesos para facilitar o ver, é uma característica esperada de algumas
procedimento (opção A correta). A técnica de cirurgias bariátricas. Resposta: D.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 97
Boletim Operatório 1
Essa foi a justificativa que os clínicos utilizaram por décadas para evitar
o transplante pancreático. No entanto, ao observarmos a evolução
dos diabéticos insulinodependentes, foi percebido que a despeito do
controle glicêmico, havia ainda taxas razoáveis de complicações micro
e macrovasculares. Com o avanço da terapia imunossupressora, o
transplante de pâncreas passou a ser uma grande arma na luta contra o
diabetes do tipo 1.
Anestesia: geral
97
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 98
Tempos Cirúrgicos
Figura 1
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 99
Transplante de alça?
Mas não era de pâncreas?
cedimento já que a artéria mesentérica supe- realizada com um grampeador, uma sutura de
rior, veia mesentérica superior, seus ramos e reforço será executada (figura 5).
tributárias passam por dentro do mesentério.
Assim, esses vasos devem ser adequadamente
ligados em sua base. Para facilitar o processo, O implante
pode ser utilizado um grampeador com a “boca”
larga, capaz de seccionar o mesentério e ligar (1) Incisão e acesso
os vasos ao mesmo tempo. Para o implante do órgão, 2 tipos de incisão
podem ser feitos no abdome. Uma mediana
O próximo passo é a retirada completa do ou uma lateral (nos flancos e fossa ilíaca).
órgão. Aqui, a equipe cirúrgica precisa decidir Quando é realizado o transplante pâncreas-
se a remoção do pâncreas e do fígado será -rim as duas também podem ser realizadas,
feita em conjunto (em bloco) ou separadamen- sendo que incisão lateral facilita que o rim seja
te. Não há muita diferença se desacoplação colocado em uma posição retroperitoneal.
dos órgãos é realizada “in situ” ou “ex vivo”. O pâncreas, independentemente da incisão
Para realização desse processo, basta ligar e realizada, será colocado intraperitoneal. No
seccionar as artérias esplênica e mesentérica transplante duplo, o pâncreas é geralmente o
superior, separando-as da aorta e do tronco primeiro órgão a ser colocado para evitar sua
celíaco respectivamente. isquemia prolongada. Se houver 2 equipes
disponíveis para o transplante, a ordem pode
(8) Coleta de “patch” arterial ser invertida, sendo o pâncreas preparado en-
Ao término da remoção, o segmento arterial quanto o rim é implantado. Essa abordagem
da artéria ilíaca comum nas ilíacas interna e teria o benefício teórico de diminuir o edema
externa é retirado com a finalidade de recons- de perfusão pancreático, já que a filtração
truir o fluxo arterial no pâncreas (ver adiante). glomerular teria retornado.
Figura 5
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 101
(3) Confecção das anastomoses vasculares Perceba que para mudar a drenagem do pân-
A etapa seguinte é a confecção das anastomo- creas seria necessária a modificação de toda a
ses vasculares. O enxerto de artéria ilíaca aco- cirurgia. Existe uma técnica alternativa de trans-
plado ao pâncreas do doador é anastomosado plante que permite que a anastomose venosa
com artéria ilíaca comum e a veia porta com seja realizada diretamente com a com a veia
a veia ilíaca comum. Ambas as anastomoses cava inferior. Note que a cabeça do pâncreas
são feitas de forma término-lateral, com fios ficaria voltada para cima (figura 7)! Assim a
de polipropileno agulhados nas duas extre- drenagem seria efetuada através de anasto-
midades. Para a realização desse tempo da mose do duodeno lateralmente com uma alça
cirurgia, convém que o paciente esteja hepa- de delgado ou com uma alça em “y” de Roux.
rinizado, embora alguns autores afirmem que
tal precaução é desnecessária em pacientes
com insuficiência renal. Repare que com essa
anastomose, a cabeça do pâncreas ficará
voltada para baixo e a cauda para cima (fi-
gura 6). Com o retorno da vascularização,
o pâncreas reaquecido já está apto a secretar
insulina na corrente sanguínea.
Figura 6
Figura 7
(5) Fechamento
Terminada a drenagem, poderá ser efetuado
o fechamento por primeira intenção de todos
os planos. Não é necessário nenhum tipo de
drenagem.
Complicações
Lembre-se de que o pâncreas é órgão que Assim como todo transplante de órgão, a cirur-
possui funções endócrinas e exócrinas. Mes- gia de transplante de pâncreas está sujeita a
mo que para o transplante somente seja ne- rejeição pelo organismo do receptor. Um dado
cessária a primeira, o órgão não cessará sua curioso é que a cirurgia conjunta de transplan-
produção de enzimas digestivas... O que fazer? te pâncreas e rim está menos sujeita a rejeição
do que a cirurgia do pâncreas isoladamente
(4) Drenagem do pâncreas exógeno (o mesmo não é válido para cirurgia de rim
O último tempo da cirurgia é dedicado à dre- isolada). Geralmente, quando há rejeição os
nagem do sulco pancreático. Como a cabeça dois órgãos são afetados conjuntamente.
do órgão está voltada para baixo a via de es-
colha para escoamento da secreção pancre-
ática será a bexiga. Isso mesmo, a bexiga!!! E como se manifesta a rejeição?
O restante de duodeno presente na peça
cirúrgica é suturado junto na região póstero- Inicialmente não há um quadro “florido”. Altera-
-superior da mesma e uma incisão paralela é ções laboratoriais como aumentos na amilase
efetuada em ambos. Com um fio inabsorvível e lipase são os principais marcadores, como se
uma sutura contínua é confeccionada para fosse um episódio de pancreatite assintomá-
ligar as bordas da incisão, anastomosando os tica. Note que órgão transplantado está des-
órgãos. Posteriormente uma sutura de reforço nervado, sendo a dor um sintoma incomum...
é confeccionada. Posso esperar hiperglicemia então? Está aí
um erro grave nos cuidados ao paciente que
recebeu um transplante pancreático. Assim
Como a bexiga será capaz de cicatrizar como na pancreatite crônica, a hiperglicemia é
com a passagem suco pancreático e uri- uma das últimas manifestações e ocorre quan-
na pela anastomose? do a maior parte das ilhotas pancreáticas foi
destruída. Marcadores mais precoces devem
Para facilitar o processo cicatricial é recomen- ser buscados. Um bom exemplo é o rastreio de
dada a passagem de um cateter vesical por disfunção renal nos transplantes combinados.
um período de 5 a 7 dias. Na dúvida, a realização de biópsia (padrão-
-ouro) fará o diagnóstico definitivo.
O tratamento da rejeição se baseia na corti- o implante na fossa ilíaca direita. O uso de an-
coterapia com altas doses e nos anticorpos ticoagulantes no pós-operatório é controverso.
contra células T, além da manutenção do tra-
tamento imunossupressor.
Pancreatite
Saiba Mais!
Outra complicação que ocorre precocemen-
Recorrência autoimune te no pós-operatório. Pode ser causada por
• Alguns casos de perda do transplante po- problemas circulatórios (isquemia, lesão de
dem ser secundários a recorrência da do- perfusão, lesão de reperfusão) ou traumáti-
ença autoimune que provocou a destruição cos secundários a cirurgia. O quadro clínico
do pâncreas original. Como assim? Doença pode ser difícil de diferenciar da rejeição do
autoimune com pâncreas de outra pessoa? implante, mas, quando mais intensa, provoca
Exatamente! O quadro é semelhante a um dor abdominal difusa, inflamação local e sis-
episódio de rejeição. Quanto mais próximo têmica, leucocitose e hiperamilasemia. A TC
for o complexo de histocompatibilidade pode revelar um edema peripancreático difuso.
(HLA) entre doador e receptor, menor é
a probabilidade de rejeição. Entretanto, a O tratamento é clínico de suporte, com uso do
chance de recorrência autoimune é maior.
cateter de Foley nos pacientes com derivação
Ficamos entre cruz e a espada, não? Se pu-
pancreático-vesical. O uso de octreotide é re-
déssemos escolher, quanto maior parecido
comendado por alguns autores.
o HLA, melhor seria, já que as recorrências
autoimunes são eventos mais raros e de
evolução mais insidiosa. Outras complicações
Boletim Operatório 2
103
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 104
Tempos Cirúrgicos
(4) Passagem da alça para anastomose procedimento algumas vezes para separar o
Pronto, com a perna do y confeccionada, basta estômago e confeccionar a pequena bolsa que
levá-la até o estômago. ficará responsável por receber o alimento do
esôfago (figura 7).
Figura 9
Ufa! Acabou!
A) Ao criar uma passagem pelo mesocólon, Qual é o grande problema desses espaços?
um “buraco” maior do que alça foi aberto.
Alças intestinais podem herniar através deles,
B) Lembra-se de que para realizar secção do promovendo obstrução intestinal (hérnias in-
jejuno o mesentério foi seccionado? Quando ternas adquiridas). Dessa forma, todos eles
a perna do y de Roux foi levada em direção precisam ser ocluídos com uma sutura contí-
ao estômago, foi criado um espaço posterior- nua com fio inabsorvível.
mente à alça, mais conhecido como espaço
de Petersen. Somente após o fechamento desses defeitos
os trocartes são retirados sob visualização
C) Ao confeccionar a primeira anastomose laparoscópica e o pneumoperitônio é desfeito.
(entero-enterostomia) surgiu um espaço ante- Os sítios de incisão são suturados em cama-
riormente inexistente, posterior a essas alças. das com pontos simples.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 108
MED R3
CLÍNICA MÉDICA
SEÇÃO 1 – Diabetes
SEÇÃO 2 – obesidade
Esse tópico cai muito mais para o R3 de Cirurgia, focando nas modalidades de
cirurgia bariátrica! Em todo caso, algumas questões também aparecem para o
R3 de Clínica; portanto, sugerimos que você dê atenção especial a este tema,
sobretudo em relação à indicação e vantagens de cada técnica.
108
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 109
109
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 110
cipa da reabsorção de 90% da glicose filtra- caso em tela), só vamos iniciar a insulina
da pelo rim. Portanto, sua inibição promove a após reposição prévia de K+, pois a insuli-
excreção renal de glicose, com modesta re- na faz o K+ entrar nas células, o que pode
dução da glicemia. O GLP-1 (peptídeo 1 se- agravar agudamente a hipocalemia e de-
melhante ao glucagon) promove estímulo da sencadear uma arritmia ventricular fatal. Por
síntese e secreção de insulina dependente outro lado, se o K+ estiver na faixa normal
da glicemia, inibição da secreção de gluca- a insulina poderá ser iniciada de imediato,
gon e retardamento do esvaziamento gástri- devendo-se, contudo, repor K+ no soro con-
co. As gliptinas são inibidores da DPP-IV (di- comitantemente. A explicação é que como o
peptidil peptidase IV), droga que degrada o doente com CAD apresenta - por definição
GLP-1, que então fica mais disponível para - redução do pool corporal de K+ (espoliado
aumentar a secreção de insulina. Os recep- pela diurese osmótica secundária à glicosú-
tores nucleares PPAR gama são os alvos de ria, após saída do K+ de dentro das células
ação das glitazonas (tiazolidinedionas), que por efeito da acidose), mesmo tendo um K+
aumentam o efeito insulínico na captação e sérico inicialmente dentro da faixa de nor-
utilização energética da glicose, principal- malidade (o que não reflete a real magnitude
mente no músculo esquelético. Os inibidores do K+ corporal total) é esperada uma queda
da alfa glicosidase (acarbose) inibem a ab- do K+ sérico por efeito da insulina, devido a
sorção gastrintestinal de glicose. Já a enzima translocação de K+ do extra para o intrace-
transglutaminase é uma enzima de múltiplas lular. Se o K+ sérico inicial estiver elevado,
funções (apoptose, diferenciação celular, ci- começamos a insulina sem reposição de K+
toesqueleto...), mas não é um alvo terapêu- no soro, devendo iniciar tal reposição a par-
tico possível no diabetes mellitus. Resposta: tir do momento em que o K+ sérico atingir a
letra E. faixa de normalidade. Assim, para o nosso
paciente vamos fazer SF 0,9% + potássio. A
insulina fica para depois. Resposta: letra C.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 –
R3 – CLÍNICA MÉDICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 –
PAULISTA – SP R3 – CLÍNICA MÉDICA
Mulher de 16 anos apresenta poliúria, polifa- SANTA CASA DE MISERICÓRDIA
gia e dor abdominal há 2 dias. FC: 110 bpm; DE SÃO PAULO – SP
PA 80 x 50 mmHg. Exames complementa- Em relação à Cetoacidose Diabética (CAD) e
res: cetonúria ++++; creatinina 1,8 mg/dL; o Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH)
ureia 219 mg/dL; glicemia 580 mg/dL; K + assinale a alternativa INCORRETA:
3,0 mEq/L; Na+167 mEq/L; HCO3-2,0 mEq/L; a) A CAD pode ocorrer no diabetes tipo 2 em
pH 7,0. A conduta inicial é: casos de grande estresse, como trauma e
a) S0,45% + potássio + noradrenalina. infecção.
b) S0,45% + insulina EV + diálise. b) São considerados diagnósticos diferen-
c) SF0,9% + potássio. cias de CAD: intoxicações alcoólicas e ou-
d) SF0,9% + bicarbonato de sódio+ insulina EV. tras substâncias, além de erros congênitos
metabólicos.
A ressuscitação emergencial de um qua- c) O quadro clínico da CAD e do EHH são se-
dro de Cetoacidose Diabética (CAD) depen- melhantes, com evolução insidiosa, dor ab-
de de três condutas básicas: (1) expansão dominal, náuseas e vômitos.
volêmica com SF 0,9%, (2) insulina regular d) A hidratação é ponto fundamental no trata-
intravenosa (bolus + infusão contínua) e (3) mento da CAD e do EHH.
reposição de K+. No entanto, nem sempre e) As complicações mais frequentes do trata-
essas três medidas poderão ser tomadas ao mento da CAD são a hipoglicemia e a hipo-
mesmo tempo. A expansão volêmica é a úni- calemia.
ca que SEMPRE poderá ser realizada ime-
diatamente, pois, em geral, portadores de Vamos analisar as alternativas separada-
CAD encontram-se bastante hipovolêmicos mente:
e desidratados. Vale lembrar, inclusive, que a) Apesar de ser uma complicação aguda
se a hipovolemia for grave (ex.: taquicardia, clássica do diabetes tipo I, a cetoacidose dia-
hipotensão arterial, sinais de má-perfusão bética pode ocorrer no diabetes tipo II de es-
periférica, oligúria), a expansão volêmica tresse extremo (infecções graves, trauma e
deverá preceder a administração de insuli- emergências cardiovasculares). (CORRETA)
na. A insulina faz a glicose entrar na célula,
levando consigo a água. Se dermos insuli- b) Outras causas de acidose e cetose aca-
na para o doente hiperglicêmico na vigência bam sendo diagnósticos diferencias da ce-
de hipovolemia esta será AGRAVADA, pois toacidose diabética, tais como cetoacidose
a glicose vai entrar nas células junto com a alcóolica, de jejum e erros inatos do metabo-
água intravascular, reduzindo ainda mais (e lismo. (CORRETA)
de forma súbita) o volume circulante efetivo. c) O estado hiperosmolar hiperglicêmico cos-
O resultado pode ser o choque circulatório. tuma evoluir de forma mais insidiosa, se ma-
Com o doente “volemicamente” reposto, an- nifestando inicialmente através de sintomas
tes de começar a insulina temos que olhar típicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia e
para o K+. Se este estiver baixo (como no perda ponderal), sendo seguido por manifes-
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 111
tações neurológicas que podem culminar com tar presente no quadro clínico desses pacien-
coma. Enquanto isso, a cetoacidose diabéti- tes (correta).
ca costuma ter apresentação mais abrupta, Resposta: letra B.
com dor abdominal e vômitos. (INCORRETA)
d) A hidratação é o carro-chefe do tratamento
de ambas as complicações. (CORRETA) RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 –
R3 – CLÍNICA MÉDICA
e) Como uma parte importante do tratamento HOSPITAL DAS CLÍNICAS
da CAD é a administração parenteral de insu- DO PARANÁ – PR
lina, a hipoglicemia e a hipocalemia (uma vez Considere os seguintes dados: pH = 7,2;
que a insulina coloca a glicose para dentro da bicarbonato = 17 mEq/l; PCO = 33 mmHg;
célula e esta carreia consigo o potássio) são ânion-gap = 19. É compatível com acidose
complicações invariavelmente observadas. metabólica com ânion-gap aumentado:
(CORRETA) a) Hiperaldosteronismo primário.
Resposta: letra C. b) Síndrome de Liddle.
c) Diarreia.
d) Cetoacidose diabética.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 – e) Adenoma viloso do cólon.
R3 – CLÍNICA MÉDICA
HOSPITAL DAS CLÍNICAS A questão quer saber qual distúrbio justi-
DO PARANÁ – PR fica uma gasometria com acidose metabóli-
Você recebe um paciente com suspeita de ca com Ânion-Gap (AG) aumentado (normo-
crises de hipoglicemia. Com relação ao diag- clorêmica). Lembre-se que o AG aumenta
nóstico diferencial desses casos, assinale a sempre que ocorre um aumento de algum
alternativa INCORRETA. novo ânion no plasma que não seja o cloro
a) A base clínica para o diagnóstico é a docu- nem o bicarbonato. As principais causas são:
mentação da tríade de Whipple, preferencial- acidose lática (choque, PCR, sepse, convul-
mente confirmada por médico ou profissional sões, isquemia mesentérica), cetoacidose
de saúde. (diabética, alcoólica, jejum), síndrome urêmi-
b) A demonstração de glicemia de jejum normal ca e intoxicação exógena (salicilatos, meta-
exclui o diagnóstico de insulinoma. nol, etilenoglicol). Diarreia e perdas digestivas
c) Hiperinsulinemia absoluta ou relativa com do piloro para baixo são causas de acidoses
níveis altos de peptídeo C ocorre nos casos com AG normal (hiperclorêmicas) – LETRA C
de insulinoma e uso de sulfonilureias. incorreta. A diarreia do tumor viloso do cólon-
d) O tratamento intensivo de diabetes não -reto é a única exceção à regra, sendo causa
reduz complicações macrovasculares e au- de alcalose metabólica, ao invés de acidose
menta o risco de episódios hipoglicêmicos metabólica – LETRA E incorreta. Hiperaldos-
mais graves. teronismo primário e síndrome de Liddle não
e) Hipoglicemia precipitada pela ingestão são causas de acidose metabólica (letras A e
de álcool ou por jejum prolongado pode ser B incorretas). Resposta: LETRA D.
a manifestação inicial de hipopituitarismo na
vida adulta.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 –
Vamos analisar as alternativas separada- R3 – ENDOCRINOLOGIA
mente: ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO
A) A tríade de Whipple, a qual é formada pela RIO GRANDE DO SUL – RS
ocorrência de sintomas compatíveis com hi- Em relação à Cetoacidose Diabética (CAD),
poglicemia, na presença de níveis baixos de considere as seguintes assertivas:
glicose (medidos por um método confiável) e I. Falhas na aplicação de insulina, omissão
com posterior alívio dos sintomas após infu- ou redução nas doses e infecções são os
são de glicose, é, sem dúvida, a base clínica principais desencadeantes de CAD.
para o diagnóstico de hipoglicemia (correta). II. É a manifestação inicial do Diabetes Melito
tipo 1, independentemente da idade do pa-
B) Aproximadamente 10% dos pacientes com ciente.
insulinoma cursam apenas com hipoglicemia III. Se não receberem manejo apropriado, os
pós-prandial (incorreta). pacientes com CAD podem evoluir para ede-
C) Como tanto no insulinoma quanto no uso ma cerebral ou até mesmo óbito.
de sulfonilureias nós temos um aumento da IV. A cetoacidose alcoólica deve ser consi-
secreção de insulina, os níveis de peptídeo-C derada um diagnóstico diferencial, especial-
estarão aumentados (correta). mente em adolescentes e adultos jovens.
V. A leucocitose não faz parte dos achados
D) O tratamento intensivo do diabetes está laboratoriais comuns na CAD e prontamen-
associado a redução das complicações mi- te deve indicar o início de antibioticoterapia
crovasculares, e não das macrovasculares, empírica, enquanto se aguardam as culturas.
e pelo fato de buscar um controle glicêmico Quais estão corretas?
mais rigoroso, pode vir a predispor episódios a) Apenas I e III.
de hipoglicemia (correta). b) Apenas III e IV.
E) A hipoglicemia no hipopituitarismo ocor- c) Apenas I, II e III.
re pela redução da secreção de GH e ACTH d) Apenas I, III e IV.
(hormônios hiperglicemiantes), podendo es- e) Apenas II, III e V.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 112
A Cetoacidose Diabética (CAD) é uma da terapia manter a HbA1c < 7%. Nos pa-
complicação aguda clássica do DM tipo 1, cientes com diabetes diagnosticado há pou-
propiciada pela ausência completa ou qua- co tempo, elevada expectativa de vida e sem
se completa de insulina. Vamos analisar as doença cardiovascular significativa, valores
alternativas. mais baixos podem ser considerados (HbA1c
< 6,5%). Por outro lado, podemos ser mais
I – CORRETA – Em 90% dos casos de CAD é tolerantes com certos grupos em que não se
possível reconhecer um fator desencadean- provou benefício de um controle mais estri-
te, que costuma estar relacionado com uma to da glicemia, especialmente aqueles com
condição de estresse metabólico agudo (in- baixa expectativa de vida, com complicações
fecção, cirurgia etc), ou suspensão inadver- micro e macrovasculares avançadas e histó-
tida da insulinoterapia por um paciente com ria de hipoglicemia. Resposta: LETRA D.
DM tipo 1.
Para respondermos esta questão, vamos recordar os principais tipos de insulina disponíveis:
Assim, podemos dizer que a insulina regular tem pico mais precoce que a NPH (A errada);
que a Lispro tem início de ação mais rápido que a regular (C errada) e menos prologada que
a NPH (D errada). Resposta: letra B.
Como existe excreção urinária aumentada de a) Para pacientes com microalbuminúria de-
albumina e o controle da pressão arterial está tectável, deve-se acrescentar Inibidores da
inadequado, há indicação de adicionar uma ECA ou bloqueadores do receptor de angio-
droga com ação sobre o sistema renina-an- tensina II para reduzir proteinúria e progressão
giotensina – um bloqueador do receptor da de doença renal.
angiotensina II ou um inibidor da sua enzima b) O controle estrito de glicemia para pacien-
conversora. A substituição do tiazídico, que tes com diabetes de longa duração e lesões
pode piorar a glicemia, por essas drogas órgãos-alvo avançadas não tem mostrado
também seria uma possibilidade. Medidas reduzir complicações microvasculares ou ma-
adicionais incluem bom controle da glicemia crovasculares em médio e longo prazo.
e dislipidemia. c) O controle estrito da glicemia no início da
doença tem se mostrado mais efetivo para
redução de complicações macrovasculares do
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 – que microvasculares em médio e longo prazo.
R3 – CLÍNICA MÉDICA d) O uso de terapêuticas adjuvantes, como
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – RJ estatinas e aspirina, em pacientes com DM de
O Diabetes Mellitus tipo II é uma doença crô- longa duração, é fortemente indicado para
nica em que níveis glicêmicos persistentemen- prevenção de dano tecidual adicional e disfun-
te elevados acarretam em glicosilação não ção orgânica.
enzimática dos vasos sanguíneos, com conse-
quente isquemia, aterosclerose e lesão teci- Ora, a questão anterior da mesma prova
dual, levando a várias complicações e morbi- responde essa questão. Nesse caso, a letra
mortalidade aumentada. O controle da glicemia C vai de encontro ao conhecimento vigente já
é fundamental para redução das complicações que o benefício é maior para as complicações
do diabetes. Assinale, dentre as alternativas MICROvasculares. Resposta: C.
abaixo, aquela em que o controle estrito de
glicemia está FORTEMENTE INDICADO:
a) Paciente com diabetes de dois anos de RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 –
evolução, apresentando polineuropatia perifé- R3 – CLÍNICA MÉDICA
rica em luvas e botas. ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR
b) Paciente com creatinina de 2,9 mg/dl e pro- Os testes de triagem para diabetes devem ser
teinúria nefrótica para prevenção de doença considerados em indivíduos assintomáticos
renal crônica dialítica. acima de 45 anos e repetidos a cada 3 anos.
c) Paciente com diabetes e coronariopatia, Em qual das seguintes situações abaixo esta-
com placa obstruindo 80% na DA e 70% na riam indicados em pacientes mais jovens ou
CD para prevenção de IAM. com maior frequência?
d) Paciente de 86 anos apresentando retino- a) Pacientes com parentes de segundo grau
patia diabética não proliferativa e osteoporose. com diabetes.
b) Presença de hipertensão sistêmica.
Boa questão da prática para pensarmos c) Níveis de triglicerídeos acima de 200 mg/dl.
juntos. É claro que em todo paciente diabético d) Membros de uma população de risco, como
teremos como objetivo o controle glicêmico, os caucasianos.
sendo o alvo atual uma Hb glicosilada < 7%. e) Obesos com mais de 110% do peso corpo-
Contudo, sabemos também que o controle ral desejável.
estrito se mostrou mais importante para as
complicações microvasculares que as macro- Idade ≥ a 45 anos é fator de risco bem es-
vasculares, podendo ser até deletérias para tabelecido para diabetes mellitus, por isso a
estas últimas, segundo alguns trabalhos re- recomendação de se rastrear indivíduos as-
centes. Assim, esse controle mais rigoroso não sintomáticos após a entrada nesta faixa etária.
estaria indicado para o paciente da letra C, por Todavia, devemos lembrar que existem outros
exemplo. No caso da letra B, a principal me- fatores que podem igualmente indicar o scree-
dida seria o controle pressórico e da proteinú- ning ou modificar a idade de sua realização
ria com o uso de IECA ou antagonistas da como o sobrepeso acompanhado de: história
angiotensina II. E quanto às opções A e B que familiar em parente de PRIMEIRO grau; se-
representam importantes complicações micro- dentarismo; grupos étnicos de alto risco (mas
vasculares em que o controle mais apurado NÃO os caucasianos); história de parto ma-
da glicemia está indicado? Bom, cuidado... Na crossômico (pesquisar DM na mãe); hiperten-
opção D já temos um paciente com 86 anos!!! são arterial; dislipidemia (HDL ≤ a 35 mg/dl e
E sabemos que, quanto mais idosos e adoe- TG ≥ a 250 mg/dl); síndrome dos ovários
cidos, menor o benefício de um controle mais policísticos etc. Obesidade por si dó não indi-
rigoroso. Resta-nos então a opção A, já que a caria. Assim, dentre as opções, ficaremos com
neuropatia diabética requer como principal a letra B.
medida justamente o ajuste da glicemia.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 Uma questão que resume três grandes cau-
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO sas de neuropatia periférica: a primeira, por
PEDRO – RJ – R3 – CIRURGIA GERAL diabetes, caracterizada por uma polineuropatia
A insuficiência respiratória na obesidade mór- distal simétrica, de cunho axonal, pegando
bida está associada tanto à síndrome de obe- precocemente fibras grossas; a segunda, as-
sidade/hipoventilação, quanto à síndrome de sociada à poliarterite nodosa na forma de vas-
apneia obstrutiva do sono, ou a uma combi- culite, levando classicamente ao padrão de
nação das duas, o que é comumente chama- mononeurite múltipla; e, por último, a síndrome
da de: de Guillain-Barré, cuja marca é o processo
a) Apneia de Wernick. desmielinizante do sistema nervoso periférico,
b) Síndrome de Pickwick. levando a um quadro essencialmente motor,
c) Síndrome de compressão brônquica. simétrico e ascendente. Resposta: C.
d) Síndrome de “windflow”.
e) Apneia de Hoffler.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
A síndrome de Pickwick é um dos nomes HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO
classicamente utilizados para a designação da PEDRO – UFF – R3 – CIRURGIA
síndrome obesidade-hipoventilação, caracteri- A colecistite aguda enfisematosa é mais co-
zada por obesidade (IMC > 30) e hipoventilação mumente encontrada em pacientes:
com o paciente acordado (PaCO2 > 45 mmHg), a) Jovens do sexo feminino com história fami-
não podendo ser atribuída a outros distúrbios liar de colelitíase.
como doença pulmonar, restrição óssea, fra- b) Do sexo masculino e em portadores de
queza neuromuscular, hipotireoidismo ou pleu- diabetes mellitus.
ropatia. Muitos desses pacientes apresentam c) Do sexo masculino com história de alcoolismo.
também a Síndrome da Apneia/Hipopneia d) Idosos e portadores de hiperparatireoidismo.
Obstrutiva do Sono (SHAOS), condição carac- e) Do sexo feminino, multíparas e portadoras
terizada por sonolência diurna associada a de hipoparatireoidismo pós-operatório.
episódios frequentes de hipopneia e/ou apneia
durante o sono, também frequentemente asso- A colecistite enfisematosa (colecistite com
ciada à obesidade. Veja que houve um peque- gás na parede e no interior da vesícula biliar)
no erro conceitual na questão, já que a síndro- é uma forma incomum de colecistite aguda,
me de Pickwick corresponde à síndrome obe- porém de instalação mais rápida e curso clí-
sidade-hipoventilação, e não à combinação nico mais grave que a colecistite aguda con-
desta com a SHAOS. vencional. Seu tratamento deve sempre ser
cirúrgico, e realizado precocemente. Acomete
O nome desta síndrome remete ao persona- preferencialmente os pacientes do sexo mas-
gem Joe, da obra “As aventuras de Pickwick” culino, idosos (> 60 anos) e, especialmente,
do escritor inglês Charles Dickens, de 1830. diabéticos. Resposta: B.
Apenas um lembrete:
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
Qual é o outro “Pick” que você deve saber para INSTITUTO DO CÂNCER DO CEARÁ – ICC
as provas??? É a doença de Pick, também – R3 – CLÍNICA MÉDICA
conhecida como demência frontotemporal, Paciente masculino, 53 anos, em campanha
marcada por alterações primariamente do de prevenção no posto de saúde apresenta
comportamento, geralmente com algum grau glicemia sérica de 240 mg/dl tendo almoçado
de desinibição sexual. há três horas. Relata que tem sentido muita
sede e reporta fraqueza e tontura recorrentes.
Neste momento, qual é a conduta adequada?
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 a) Encaminhá-lo para tratamento de diabetes
HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUC – mellitus.
RS – R3 – CLÍNICA MÉDICA b) Realizar o teste em jejum, uma vez que o
Em relação às neuropatias periféricas, as for- fato de ter almoçado impossibilita a avaliação
mas clínico-eletromiográficas típicas para do teste.
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 118
c) Realizar o teste de tolerância à glicose oral. Agora sim, vejamos o que foi encontrado na
d) Repetir o teste em um ano uma vez que a análise desse estudo... Após 10 anos de acom-
glicemia pós-prandial está normal. panhamento, os principais resultados foram:
e) Encaminhá-lo ao pronto-socorro para insu-
linoterapia. • O controle glicêmico do grupo intensivo com
manutenção de uma hemoglobina glicada em
A presença de sintomas de hiperglicemia 7%, em comparação com 7,9% do grupo de
e descompensação metabólica aguda (ou tratamento conservador, reduziu significati-
sintomas óbvios de diabetes) associados a vamente a instalação de complicações mi-
uma glicemia ao acaso (não há necessidade crovasculares, como retinopatia, nefropatia
de ser de jejum) ≥ 200 mg/dl já estabelecem e neuropatia. Para cada redução de 1% da
o diagnóstico de diabetes mellitus. Sendo as- hemoglobina glicada se observou uma redu-
sim, o paciente já deve iniciar o tratamento! ção de 35% de complicações microvascula-
Resposta: A. res (A CORRETA).
Mas... E a glicosúria??? A glicosúria pode ocor- glicêmico em diferentes horários do dia; e (2)
rer quando o rim não é capaz de reabsorver Estabelecer a quantidade necessária de in-
a glicose filtrada no túbulo proximal, apesar sulina antes das refeições para obtenção de
dos níveis plasmáticos normais (é a chamada uma meta glicêmica.
glicosúria renal) ou quando a quantidade de
glicose filtrada supera a capacidade de reab- Resposta: D.
sorção do rim (geralmente quando a glicemia
plasmática é superior a 180 mg/dl). A glicosú-
ria renal pode ocorrer como defeito isolado ou RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
estar associado a outras disfunções do túbulo HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – R3
proximal, como hipofosfatemia (hiperfosfatú- – CLÍNICA MÉDICA
ria), hipouricemia (hiperuricosúria), acidose Os critérios diagnósticos de estado hiperos-
tubular renal e aminoacidúria. Estas altera- molar hiperglicêmico, segundo a American
ções, em conjunto, caracterizam a síndrome Diabetes Association, são:
de Fanconi, cujas causas incluem doença de a) Glicemia capilar > 250 mg/dl; cetonemia; e
Wilson, mieloma múltiplo, amiloidose e intoxi- pH < 7,3.
cação por metais pesados (chumbo, mercúrio b) Glicemia > 400 mg/dl; osmolalidade > 320
etc.). Resposta: A. mosm/kg de água; e pH > 7,3.
c) Glicemia > 600 mg/dl; sódio > 150 mEq/L
e pH < 7,3.
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 d) Glicemia > 600 mg/dl; osmolalidade > 320
Hospital Universitário mosm/kg de água; e pH > 7,3.
Onofre Lopes – e) Glicemia > 600 mg/dl; osmolalidade > 320
UFRN - HUOL – R3 – PEDIATRIA mosm/kg de água; e pH < 7,3.
Acerca do tratamento de pacientes diabéti-
cos de tipo 1, é correto afirmar que: Questão direta! Resposta: D. Aproveite
a) O rodízio de locais de aplicação de insuli- para rever os critérios:
na não é necessário em crianças pequenas.
b) Os análogos de insulina (rápidos e basais) Hiperglicemia extrema
devem ser usados desde o início da doença. (Glicemia > 600 mg/dl)
c) O uso de carboidratos de absorção rápida Hiperosmolaridade acentuada
não pode ser restringido em crianças diabéticas. (Osm efetiva pl > 320 mOsm/L)
d) A adoção de rotina de automonitorização Ausência de acidose e cetose im-
frequente é indispensável para um bom con- portante
trole da doença. (pH > 7,30, HCO3 > 18 mEq/L, ce-
tonúria < +2)
Vamos analisar as alternativas:
B ERRADA: O mecanismo de ação das sul- sulina (fases avançadas), resistência à insuli-
fonilureias é através da estimulação direta da na, produção hepática excessiva de glicose e
secreção basal de insulina pelas células be- metabolismo lipídico alterado. Os genes que
tapancreáticas. o predispõem ainda não foram completamen-
te identificados, porém polimorfismos nos ge-
C ERRADA: As glitazonas intensificam o ar- nes da calpaina 10, PPAR-gama, KCNJ11 e
mazenamento dos ácidos graxos e reduzem TCF7L2 podem estar envolvidos.
a resistência periférica à insulina através do
estímulo à expressão dos receptores mus- C ERRADA: A resistência insulínica no fíga-
culares GLUT4. Também podem, em menor do se reflete na incapacidade da hiperinsuli-
grau, inibir a gliconeogênese hepática, mas nemia suprimir a gliconeogênese, resultando
não têm efeito conhecido sobre a glicosúria. em aumento da produção hepática de glicose
durante o jejum (principalmente à noite).
D ERRADA: inibidores da alfaglicosidase (acar-
bose) inibem a absorção gastrointestinal de gli- D correta: O aumento dos ácidos graxos não
cose, porém não reduzem a secreção de incre- esterificados, citoquinas inflamatórias (TNF-
tinas. -alfa), adipoquinas e disfunção mitocondrial
concorrem para o desenvolvimento da resis-
E CORRETA: A metformina inibe a gliconeo- tência à ação da insulina.
gênese hepática através do aumento da sen-
sibilidade hepática à insulina e ainda reduz E correta: a resistência insulínica se carac-
a resistência periférica à insulina (de forma teriza pela incapacidade da insulina exer-
menos intensa que as glitazonas). cer seus efeitos nos tecidos alvos, sendo
um defeito proeminente do diabetes do tipo
Resposta: E. 2. Esta resistência resulta da combinação
de fatores genéticos e obesidade. A resis-
tência insulínica isoladamente pode não ser
RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 capaz de desenvolver o diabetes tipo 2 em
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO todos pacientes, já que indivíduos normais
– UNIFESP – R3 – CLÍNICA MÉDICA também podem ter uma baixa sensibilidade
Com relação ao diabetes mellitus do tipo 2, à insulina.
qual das afirmações não está correta?
a) Glicotoxicidade, lipotoxicidade e formação Resposta: C.
amiloide concorrem para a disfunção da cé-
lula beta.
b) Polimorfismos nos genes para calpaina RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010
10, PPAR-gama, KCNJ11 e TCF7L2 podem ALIANÇA SAÚDE – PUC – PR –
estar envolvidos na predisposição genética R3 – CLÍNICA MÉDICA
da doença. Com relação à polineuropatia em pacientes
c) A produção hepática de glicose no dia- com diabetes mellitus, é CORRETO afirmar:
betes mellitus do tipo 2 está diminuída e é I. O processo de glicosilação não enzimáti-
responsável pela tendência à hipoglicemia ca avançada não acarreta dano às proteínas
noturna é hiperglicemia de jejum. nervosas.
d) Aumento dos ácidos graxos não esterifi- II. O controle sanguíneo da glicemia não con-
cados, citoquinas inflamatórias, adipoquinas segue reduzir a gravidade dos acometimen-
e disfunção mitocondrial concorrem para o tos neuropáticos.
desenvolvimento da resistência à ação da III. A polineuropatia simétrica é a forma de neu-
insulina. ropatia mais frequente nesta doença.
e) Aproximadamente 25% dos indivíduos nor-
mais podem ter sensibilidade à insulina tão a) Todas estão corretas.
baixa como as encontradas nos indivíduos b) Apenas a I está correta.
com diabetes mellitus do tipo 2. c) Apenas a I e III estão corretas.
d) Todas estão incorretas.
Vamos analisar as alternativas: e) Apenas a III está correta.
MED R3
CIRURGIA GERAL
SEÇÃO 2 – obesidade
(CIRURGIA BARIÁTRICA)
123
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 124
124
Medgrupo - Ciclo 2: M.E.D Clínica Médica - Volume 4 125
Contudo, o diagnóstico de diabetes mellitus poderá ser a) Hipotensão, desidratação, hálito frutado.
firmado se houver: </p> b) Hiperglicemia, cetose, acidose metabólica.
a) Glicemia pós-prandial de duas horas de 160 mg/dl. c) Poliúria, polidipsia, fadiga.
b) Glicemia de jejum repetida de 120 mg/dl. d) Glicemia de 600 mg/dl, diante das altas concentrações
c) Glicemia randômica de 180 mg/dl. de insulina.
d) Hemoglobina glicada de 7%. e) Níveis altos de HCO3 e glicose.
tico. Nega comorbidades. História familiar de hipertensão idade, com história de vômitos, dor abdominal e cansaço
arterial. Ao exame apresenta PA 124 x 78 mmHg, peso há um dia. Mãe relata perda de peso da criança no último
62 kg, estatura 1,70 m, exame segmentar normal. Traz mês, associado à poliúria e polidipsia. Ao exame físico,
exames: glicemia em jejum 100 mg/dl; HbA1C 6%; coles- observa-se criança desidratada, respiração de Kussmaul
terol total 182 mg/dl; HDL colesterol 55 mg/dl; triglicerídeos e apresenta glicemia capilar de 400 mg/dl. A esse respei-
110 mg/dl. A melhor estratégia preventiva e a conduta re- to, assinale a alternativa que melhor define o quadro de
comendada são, respectivamente: </p> cetoacidose diabética: </p>
a) Metformina, seguimento em 3 meses. a) Glicemia plasmática > 200 mg/dl e pH de sangue ar-
b) Metformina, seguimento em 6 meses. terial < 7,3.
c) Modificação intensiva do estilo de vida, seguimento anual. b) Glicemia plasmática > 200 mg/dl, pH de sangue arterial
d) Modificação intensiva do estilo de vida e seguimento < 7,2 cetonúria = 1+ e HCO3 < 20 mEq/L.
em 3 meses. c) Glicemia plasmática > 200 mg/dl, pH de sangue arterial
e) Modificação intensiva do estilo de vida, metformina e < 7,3, cetonúria = 2+ e HCO3 < 15 mEq/L.
seguimento em 3 meses. d) Glicemia plasmática > 200 mg/dl e sinais clínicos de
diabetes (poliúria, polidipsia e perda de peso).
e) Glicemia plasmática > 200 mg/dl, teste de tolerância
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 oral à glicose com glicemia = 200 mg/dl na coleta após
(ACESSO DIRETO 1) 120 minutos do teste e glicosúria.
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UEL – PR
11 – Paciente, 62 anos de idade, sexo feminino, portadora
<p> </p> <p>
a) A ausência de parestesias ou de dor neuropática é su- com dispneia, mal-estar e grande agitação. Sua respira-
ficiente para excluir o diagnóstico de neuropatia diabética. ção era ruidosa, com alta frequência e com hiperventila-
b) O diagnóstico de neuropatia diabética só pode ser con- ção. Em seus exames, foi encontrada acidose metabólica
firmado com certeza com uma eletroneuromiografia. bem como glicemia de 620 mg/dl. Sendo, então, aborda-
c) O diagnóstico mais provável é de mononeuropatia dia- da como cetoacidose metabólica decorrente de primeira
bética focal acometendo nervos tibiais bilateralmente. manifestação clínica, assim hidratada e iniciada insulina.
d) O uso de anticonvulsivantes ou antidepressivos tricíclicos Após melhora inicial, começou novo quadro, agora de re-
está indicado, pois se associa à recuperação da sensibilidade. baixamento de consciência e nova dificuldade respira-
e) Outras causas de perda de sensibilidade devem ser afasta- tória. Sendo suspeitada complicação cerebral. Aponte a
das, pois a neuropatia diabética é um diagnóstico de exclusão. alternativa contendo o POSSÍVEL diagnóstico para esse
quadro clínico: </p>
cebeu diagnóstico recente de diabetes mellitus. Seus exa- RESIDÊNCIA MÉDICA 2016
mes na consulta inicial revelaram uma glicemia de jejum de (ACESSO DIRETO 1)
126 mg/dl, hemoglobina glicada de 8,0%, triglicerídeos de HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
250 mg/dl e HDL-colesterol de 30 mg/dl. Retornou para con- JÚLIO MÜLLER – MT
sulta de reavaliação referindo intolerância gastrointestinal à 15 – Em pacientes com diabetes mellitus tipo 1, a avalia-
<p> </p> <p>
metformina. Além das medidas não farmacológicas, a conduta ção da massa residual de células beta, quando indicada,
medicamentosa mais adequada nesse momento é prescrever: </p> deve ser realizada por: </p>
e) Estímulo à liberação de insulina pelas células beta- caso clínico a seguir: Homem de 40 anos de idade, com
pancreáticas. diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina glargina 40 UI
por dia + metformina 850 mg 3x/dia. Exames: Hb glicada
= 7,8%; peptídeo C normal. Traz os seguintes controles
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 glicêmicos: Jejum 110 mg/dl; antes do almoço 94 mg/dl;
(ACESSO DIRETO 1) após almoço 215 mg/dl; antes do jantar 96 mg/dl; após
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE jantar 140 mg/dl. </p>
DO ESTADO DE PERNAMBUCO – PE
17 – Danilo, 12 anos, diabético desde os 4 anos tem qua-
Questão discursiva
<p> </p> <p>
imediata em dose suficiente para reduzir a glicemia para anos em uso de metformina 2.000 mg e glibenclamida
150 mg/dl; administração de potássio e bicarbonato. 20 mg/dia. Há 3 semanas passou a apresentar cãibras
b) Hidratação venosa com soro fisiológico 0,9%, 20 ml/kg na noturnas e dor em queimação nas pernas. Qual é o diag-
primeira hora e reposição lenta nas 24/48 horas seguintes; nóstico mais provável? </p>
bicarbonato de sódio na primeira hora. beirão Preto, comparece para atendimento de rotina na
Unidade de Atenção Primária à Saúde. Nega problemas
de saúde, a não ser uma discreta baixa de acuidade visual
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 em olho esquerdo há 3 anos. Refere que há mais de 20
(ACESSO DIRETO 1) anos não é submetido a consultas médicas de rotina e não
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO usa medicações. Ao exame físico, apresenta bom estado
ONOFRE LOPES UFRN – RN geral, sobrepeso (índice de massa corporal de 27 kg/m²),
18 – Mulher de 74 anos, com história de diabetes mellitus
<p> </p> <p> ausência de alterações na ausculta cardíaca e pulmonar
tipo 2 e hipertensão arterial, há cerca de 20 anos, em uso e exame de abdome sem alterações. Ao exame de fundo
de metformina 500 mg 2 vezes ao dia e repaglinida 1 mg de olho, apresenta disco óptico com contorno e coloração
antes das refeições, além de losartana 50 mg/dia, vem sem alterações, arteríolas e vênulas com calibres normais,
com queixas de mal-estar, sudorese fria, palpitações e presença de micro-hemorragias e microaneurismas reti-
episódios de desorientação, usualmente no meio da ma- nianos em ambos os olhos, com perda de brilho macular
nhã, principalmente nos dias em que não faz lanche nesse em olho esquerdo. Baseado no quadro acima, qual é a
período, mas, esses sintomas também surgem, algumas principal hipótese diagnóstica? </p>
vezes, antes de dormir. Refere, ainda, que tais episódios a) Hipertensão arterial sistêmica.
melhoram quando toma um copo de leite com açúcar ou b) Hipercolesterolemia.
ingere qualquer outro alimento. A paciente nega episó- c) Diabetes mellitus.
dios semelhantes aos esforços. No exame físico, desta- d) Gota.
cam-se: IMC = 24,8 kg/m²; PA = 130 x 80, alteração do
134 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - QUESTÕES DE CONCURSOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
c) Hidratação e dosagem de potássio. polifagia e perda ponderal de 4 kg. Há 2 dias refere náu-
d) Dosagem de amilase e lipase. seas, vômitos e fraqueza. Exame físico: desidratação leve,
respiração rápida e profunda, FR: 25 irpm; hálito cetônico e
irritabilidade. Exames laboratoriais: glicemia 437 mg/dl; Na+
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 143 mEq/L; K+ 3,2 mEq/L; pH 7,12; HCO3 – 12 mg/dl. Após
(ACESSO DIRETO 1) a hidratação, a próxima conduta é a reposição de: </p>
buminúria, desenvolveu quadro de náuseas, saciedade a) Cetoacidose diabética, hiperventilação por mecanismo
precoce, distensão abdominal e hipoglicemias pós-pran- compensatório da acidose metabólica que ocorre por au-
diais tardias nas últimas quatro semanas. O diagnóstico mento da produção de cargas ácidas (cetoácidos), com
mais provável é: </p> normocloremia e ânion-gap aumentado.
a) Insuficiência suprarrenal. b) Cetoacidose diabética, causa da acidose metabólica nor-
b) Isquemia enteromesentérica. moclorêmica com ânion-gap aumentado, e uma pneumonia,
c) Gastroparesia diabética. responsável pela hiperventilação e alcalose respiratória.
d) Doença celíaca. c) Cetoacidose diabética, e hiperventilação por mecanis-
mo compensatório da acidose metabólica, que ocorre por
perda de bases, com hipercloremia e ânion-gap normal.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 d) Cetoacidose diabética, e hiperventilação por mecanis-
(ACESSO DIRETO 1) mo compensatório da acidose metabólica pelo aumento
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP da produção de cargas ácidas (cetoácidos), com hiperclo-
25 – Menina de 8 anos de idade, admitida no pronto
<p> </p> <p> remia e ânion-gap aumentado.
atendimento, há duas semanas com perda progressiva
de peso, dor abdominal e vômitos, sem febre. Ao exame
de admissão: REG, sonolenta, gravemente desidratada, RESIDÊNCIA MÉDICA 2015
frequência cardíaca = 128 batimentos/minuto, pressão (ACESSO DIRETO 2)
arterial = 92 x 50 mmHg, pulso fino, perfusão periférica FUNDAÇÃO JOÃO GOULART
= 6 segundos, frequência respiratória = 40 incursões/mi- HOSPITAIS MUNICIPAIS – RJ
nuto com tiragem de fúrcula, ausculta pulmonar e cardía- 28 – Sobre o manejo do diabetes tipo 2, sabe-se que:
<p> </p> <p> </p>
ca normais. Diurese clara. Recebeu expansão com so- a) A metformina é o fármaco de escolha para pessoas com
ro fisiológico 0,9% 20 ml/kg. Exames laboratoriais: Na = sobrepeso, apresentando melhores resultados quanto aos
130 mEq/L, K = 5,0 mEq/L; Ureia = 30 mg/dl, creatinina desfechos (mortes e complicações cardiovasculares).
= 0,5 mg/dl; Gasometria venosa: pH = 7,1; Bicarbonato = b) Após iniciar tratamento com metformina, deve-se monito-
8,0 mmol/L; Glicemia = 320 mg/dl; Hemograma: Hb = rar a glicemia capilar com cautela, para evitar hipoglicemia.
13,3 g/dl; HT 40%; leucócitos = 16.000/mm³ (60% seg- c) No início do tratamento deve-se solicitar hemoglobina
mentados, 30% linfócitos), Plaquetas = 360.000/ml; Urina: glicosilada mensalmente, até atingir controle satisfatório.
densidade = 1005. Glicose = 2+ Cetonas 3+; Leucócitos d) A meta de hemoglobina glicosilada é 6%.
12.000/mm³. As próximas etapas do tratamento devem ser: </p>
135 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - QUESTÕES DE CONCURSOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
mellitus, assinale a alternativa ERRADA: </p> quadril, relata 5 dias de polidipsia, evoluindo com mal-
a) Microangiopatia que acomete o coração pode explicar a -estar geral, dor abdominal difusa e náuseas. História de
etiologia da cardiomiopatia congestiva em pacientes sem hipertensão e diabetes, em uso de hidroclorotiazida, met-
doença coronariana aparente. formina e sitagliptina. Ao exame apresenta-se com PA =
b) Mononeuropatia múltipla acomete mais comumente 110/64 mmHg; FR = 28 irpm; FC = 112 bpm; temperatura
nervos cranianos e tibiais, gerando anormalidades pre- axilar = 38,2ºC; abdome com dor à palpação profunda di-
dominantemente sensitivas. fusamente; sem sinais de peritonite. Ferida operatória sem
c) Nefropatia manifesta-se, inicialmente, por proteinúria; alterações. Hemograma com 24.000 leucócitos e 24% de
subsequentemente, a função renal diminui e há aumento bastonetes; gasometria venosa com pH = 7,1; bicarbonato
da ureia e creatinina séricas. = 7,2; PaCO2 = 24; glicemia = 412 mg/dl; fita urinária com
d) Retinopatia proliferativa resulta na oclusão de pequenos glicose ++ e cetona ++. Levando em consideração o caso,
vasos e está associada à formação de novos capilares e é CORRETO afirmar que: </p>
ticado durante exame admissional), sem internações, e de de emergência em cetoacidose diabética por má aderên-
início do uso de insulina há 10 anos. Foi diagnosticado com cia à insulina. Foi prescrito jejum oral, hidratação venosa
hipertensão arterial por volta dos 35 anos, fazendo uso de vigorosa, bomba de insulina e reposição de potássio.
enalapril desde então. O pai e dois tios maternos faleceram Após 24 horas de tratamento, evoluiu com melhora. Cite
por problemas cardíacos, tios paternos e avó materna apre- um parâmetro laboratorial que indica que a cetoacidose
sentavam DM. Exceto pela obesidade (IMC de 31 kg/m²), o está resolvida. </p>
as complicações crônicas e os resultados dos exames 15 anos em uso de metformina 500 mg (0-1-1) e gliben-
apresentados. clamida 5 mg (1-1-0). Exames laboratoriais: creatinina =
c) Trata-se de MODY (Maturity Onset Diabetes of the 2,2 mg/dl; Hb glicada = 8,5%; controle de glicemia capi-
Young), considerando o quadro clinicolaboratorial. lar feito na unidade básica de saúde, com valores entre
d) Trata-se de DM2, considerando a história familiar, o 150-180 mg/dl. A conduta é: </p>
nefropatia diabética pode ser feito utilizando-se diferen- RESIDÊNCIA MÉDICA 2014
tes tipos de coleta de urina, mas deve-se iniciar preferen- (ACESSO DIRETO 1)
cialmente pela medida de albumina em amostra de urina, UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP
devido à acurácia diagnóstica e a facilidade desse tipo de 38 – Mulher de 64 anos, obesa, apresenta-se com poliúria
<p> </p> <p>
coleta”. Um paciente diabético, há mais de 10 anos, com e polifagia. Hb glicada 11%, e glicemia de jejum 310 mg/dl.
os seguintes resultados de exame em amostra de urina: De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, além
albumina = 10,0 mg/dl e creatinina = 50 mg/dl, indica: </p> de orientar mudanças no estilo de vida, a conduta é: </p>
II, com perda de peso acentuada, deve ser tratado inicial- entrada no setor de emergência apresentando quadro de
mente com: </p> agitação e sudorese intensa após médio esforço físico
a) Insulina. de uma caminhada. Como refere ser diabética em uso
b) Metformina. de Glibenclamida, realizamos exame de glicemia capilar,
c) Rosiglitazona. sendo, então, encontrado o valor de 62 mg/%. A respeito
d) Glibenclamida. desse quadro clínico, podemos afirmar que: </p>
cróticas, que se estendem ao palato duro. Após parecer do tamento regular com dieta e medicamentos (gliclazida
especialista, deve ser iniciado tratamento direcionado para: </p> 120 mg/dia, metformina 1.700 mg/dia). Nos últimos meses,
a) Herpes-zóster oftálmico. refere perda acentuada do peso, mesmo com a alimen-
b) Granuloma de linha média. tação habitual. Tem exame físico normal e com exames
c) Mucormicose rino-orbitocerebral. complementares: glicemia: 327 mg/dl; hemoglobina glica-
d) Sinusite pneumocócica complicada com abscesso cerebral. da: 10,6%; peptídeo C: 0,3 ng/dl; pesquisa negativa dos
anticorpos anti-GAD. Assinale a alternativa que contém o
diagnóstico provável e a melhor orientação terapêutica. </p>
RESIDÊNCIA MÉDICA 2014 escurecida com cheiro forte há 3 dias. Exame físico: sono-
(ACESSO DIRETO 1) lenta; prostrada; desidratada 2+/4+; PA = 110 x 56 mmHg;
SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA FC = 98 bpm; FR = 33 irpm; T = 37,5°C. Glicemia capilar =
MÉDICA DO ESTADO DO CEARÁ – CE 320 mg/dl. APÓS A COLOCAÇÃO DE CATETER DE O2, A
48 – Homem de 60 anos comparece para avaliação de
<p> </p> <p> GASOMETRIA ARTERIAL ESPERADA É: </p>
diabetes. Ele recebeu o diagnóstico há cerca de oito anos, a) pH 7,2; PaO2 95 mmHg; PaCO2 22 mmHg e HCO3 9,7
quando iniciou uso de metformina, 2000 mg/dia, mas des- mEq/L, ânion-gap = 8.
de então não tem seguimento médico. Seu índice de mas- b) pH 7,1; PaO2 92 mmHg; PaCO2 47 mmHg e HCO3 25
sa corporal é 38 kg/m². Seus exames mostram glicemia mEq/L, ânion-gap = 8.
de jejum 312 mg/dl; Hemoglobina glicosilada (HbA1c) c) pH 7,2; PaO2 98 mmHg; PaCO2 21 mmHg e HCO3 8,2
12%; sumário de urina normal e microalbuminúria de mEq/L, ânion-gap = 16.
100 mg/24h (ref.: < 30 mg/24h). Qual seria a ação farma- d) pH 7,1; PaO2 93 mmHg; PaCO2 38 mmHg e HCO3 21
cológica mais desejável ao acrescentar um medicamento mEq/L, ânion-gap = 16.
adicional, nesse caso, dentre as opções atuais? </p>
d) Estimular a produção de insulina pelas células beta e assintomático, em uso de metformina 2 g ao dia, com
do pâncreas. hemoglobina glicada de 8,1%. Para controle glicêmico
deste paciente, o mais adequado é associar: </p>
doses crescentes de metformina e glibenclamida, atual- medicamentos do arsenal terapêutico usado no diabetes
mente com 1.700 mg/dia e 10 mg/dia, respectivamente. mellitus tipo 2:
As auscultas cardíaca e pulmonar são normais. Refere I. secretagogo de insulina de longa duração;
persistência dos sintomas e os exames complementares II. secretagogo de insulina de curta duração;
colhidos hoje revelaram: glicemia de jejum = 296 mg/dl; III. sensibilizador de ação periférica de insulina.
glicemia 2h após o café da manhã = 412 mg/dl; hemo- Metformina, repaglinida e gliclazida correspondem, res-
globina glicada 10,1% (valor de referência = 3,8%-6,4%). pectivamente, a: </p>
c) Suspender glibenclamida e metformina, adicionar insu- me físico: IMC: 36 kg/m². Exames laboratoriais: glicemia de
lina NPH antes do café da manhã e antes de dormir, bem jejum: 118 mg/dl; GTT de 2 horas: 188 mg/dl; HbA1c: 6,2%.
como insulina regular antes das refeições. O diagnóstico e a conduta são, correta e respectivamente: </p>
d) Suspender glibenclamida, manter metformina, adicionar a) Pré-diabetes; orientar dieta para perda de peso, ativi-
insulina NPH antes do café da manhã e antes do jantar, dade física e considerar uso de metformina.
bem como insulina regular antes do café da manhã. b) Diabetes mellitus; iniciar metformina e modificações no
estilo de vida.
c) Pré-diabetes; orientar dieta para perda de peso e iniciar
RESIDÊNCIA MÉDICA 2013 tiazolidinedionas.
(ACESSO DIRETO 1) d) Hiperglicemia pós-prandial; orientar mudanças no estilo
FACULDADE DE CIÊNCIAS de vida e iniciar orlistat.
MÉDICAS DA UNICAMP – SP e) Diabetes mellitus; orientar mudança no estilo de vida,
50 – Mulher, 19 anos, com gestação única de 31 semanas,
<p> </p> <p> iniciar qualquer classe de droga, desde que haja o con-
diabética há 4 anos, em uso de insulina NPH, apresenta trole da glicemia.
queixa de dor abdominal; náuseas e mal-estar; além de urina
139 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - QUESTÕES DE CONCURSOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
RESIDÊNCIA MÉDICA 2013 dosagem sérica utilizada com mais frequência para o diag-
(ACESSO DIRETO 1) nóstico diferencial entre diabetes do tipo I e II? </p>
-diabetes”. Esta impressão é corroborada pela dosagem tudo isso terá que ser acompanhado bem de perto: com
de HbA1c, que reflete o comportamento de sua glicemia o seguimento verificaremos se o paciente aderiu às re-
média nos últimos 3 meses (valores entre 5.7% e 6.4% comendações propostas, bem como poderemos flagrar
também possuem o mesmo significado diagnóstico). precocemente o eventual surgimento de um quadro de <em>-
Ora, a melhor conduta para pacientes “pré-diabéticos” diabetes mellitus declarado! Resposta certa: C. </p>
142 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
menina são típicos da cetoacidose diabética: perda de são contínua em bomba infusora (0,1 U/kg/h) e ajustada
peso, dor abdominal, vômitos, rebaixamento do nível de conforme glicemias. A terceira medida é a reposição de
consciência e taquipneia. A avaliação complementar evi- potássio, pois a insulinoterapia precipitará hipocalemia. O
denciando hiperglicemia, acidose metabólica e cetonúria eletrólito precisa ser reposto sempre que a calemia estiver
selam o diagnóstico. Vamos ao tratamento! A primeira entre 3,3-5,2 mEq/L, devendo atrasar provisoriamente a
medida, antes mesmo da administração de insulina, é a insulina quando menor que 3,3 mEq/L. Devemos ainda
reposição volêmica. Soro fisiológico 0,9% deve ser infun- nos atentar na reposição de fósforo e na possibilidade de
dido na taxa de 15-20 ml/kg/h na primeira hora. Após a correção do bicarbonato. A última só está indicada quando
soroterapia inicial, a hidratação venosa precisa ser man- o pH sanguíneo se encontra menor que 6,9 de acordo
tida, pois estes pacientes são extremamente hipovolêmi- com a ADA ou menor que 7, segundo alguns livros-textos.
cos. A segunda medida é a insulinoterapia, a qual deve Somente a letra B mostra tratamento adequado. </p>
144 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
composta de duas cadeias (A e B) unidas pelo peptídeo O peptídeo C pode ser utilizado para avaliar a viabilidade
C. Durante a secreção de insulina, o peptídeo C é cliva- das células betapancreáticas (níveis indetectáveis no
do por uma protease e liberado junto com o hormônio. DM tipo 1 e acima de 0,1 ng/ml no DM tipo 2), além de
Clinicamente, o peptídeo C é um marcador independente auxiliar na diferenciação entre a hipoglicemia por causas
da secreção endógena de insulina, apresentando algu- endógenas (valores elevados no insulinoma) ou exóge-
mas vantagens em relação à determinação da dosagem nas (valores suprimidos no uso inadvertido de insulina).
da insulina plasmática, como a meia-vida mais longa Resposta: B. </p>
145 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
32 questão
<p> <p><em>
GABARITO OFICIAL: Normalização do ânion-gap, OU ânion-gap < 12 OU bicarbonato acima de 18 mEq/L OU norma-
lização do bicarbonato. </p></em></p><p>
ção-insulina-potássio), devemos observar se o paciente já Isto provavelmente porque o pH pode estar bom, mas com
preenche os critérios de resolução: pH > 7,3; bicarbonato acidose não resolvida plenamente. Além disso, sabe-se
> 18 mEq/L (algumas referências trazem > 15 mEq/L); que glicose normal também não é garantia de que esteja
glicemia < 200-250 mg/dl e ânion-gap < 12. Quando isto
<em> </em> resolvida a acidose. </p>
151 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
água em direção ao plasma, diluindo a natremia, deter- fosfatemia também é comum nesse contexto. Resposta
minando pseudo-hiponatremia. Como há aumento da certa: letra D.
</p>
164 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
idealmente este indivíduo também deveria seguir as insulin”) e (5) exenatide. Então, por que marcar a letra C?
<em>
recomendações para mudança terapêutica no estilo de Muito simples. A letra A está errada porque a insulinização
vida: dieta + atividades físicas). As metas glicêmicas no plena é indicada somente quando o paciente DM2 falha
tratamento do DM tipo 2 são: (1) hemoglobina glicada com a terapia combinada (falência do controle glicêmico
< 7%; (2) glicemia de jejum entre 70-130 mg/dl; adequado após a combinação de 2 ou 3 agentes hipogli-
(3) glicemia pós-prandial < 180 mg/dl. O que fazer nes- cemiantes orais com mecanismos de ação diferentes). A
ta situação? Na ausência de franca descompensação letra B está errada porque as sulfonilureias são SECRE-
glicêmica aguda ou outra intercorrência clínica grave - TAGOGOS, isto é, drogas que aumentam a secreção de
situações que demandam o uso imediato (e provavel- insulina pelas células beta das ilhotas pancreáticas, sem
mente transitório) de insulina - a conduta preconizada interferir na sensibilidade dos tecidos periféricos a este
é a associação de um segundo agente hipoglicemiante hormônio. E a letra D está errada porque a acarbose é
oral! Mas que agente utilizar? A escolha por uma droga um inibidor da alfaglicosidase, enzima presente na “borda
específica pode se basear no nível de HbA1c que o pa- em escova” dos enterócitos importante para os processos
ciente apresenta. Para indivíduos que continuam com a de digestão e absorção intestinal dos carboidratos. Logo,
hemoglobina glicada entre 8-10% com uma dose alta de a única alternativa viável é a letra C!</p>
165 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
sulfonilureias (principais representantes da classe dos “se- de sal e água e, consequentemente, podem agravar os
cretagogos”), acarretam risco de hipoglicemia e ganho de quadros de insuficiência cardíaca congestiva, piorando sin-
peso (A errada). As glinidas também são secretagogos, tomas já estabelecidos ou desencadeando os sintomas em
aumentando a secreção de insulina pelas células beta do pacientes com IVE subclínica. Como se tratam de drogas
pâncreas (B errada). A dipeptidil peptidase-4 é uma enzi- que “sensibilizam” tecidos periféricos aos efeitos da insulina,
ma que degrada o GLP-1. Logo, seus inibidores (como a elas têm o potencial de desacelerar a perda de células
sitagliptina) aumentam o tempo de ação do GLP-1 natural betapancreáticas, pois a hiperinsulinemia decorrente da
(D errada). A metformina tem um BOM potencial de redu- resistência periférica à insulina (que hiperestimula as refe-
ção da glicemia (queda na hemoglobina glicosilada entre ridas células, aumentando a deposição local de substância
1,5-2%), porém, sabemos que seu efeito sobre o peso cor- amiloide destrutiva) pode ser reduzida. Resposta certa: C. </p>
169 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
corporal), usa-se um volume de perdas de 50 ml/kg; hipoglicemia e hipocalemia pela queda abrupta da gli-
nas desidratações moderadas (perda de 7% do peso cose plasmática. A insulina deve apenas ser iniciada 1 a
corporal) usa-se um volume de perdas de 70 ml/kg; e 2 horas após a reposição volêmica, pois se feita antes,
nas desidratações graves (10% do peso corporal) usa- ainda na fase de expansão volumétrica poderá acarretar
-se um volume de 100 ml/kg. O volume de manutenção edema cerebral. Portanto, gabarito: letra B. </p>
174 ÁREA DE TREINAMENTO M.E.D - COMENTÁRIOS M.E.D - CLÍNICA - VOLUME 4/2017
a insulina pelas células beta das ilhotas pancreáticas. por curiosidade, o HOMA-R é um índice calculado por
Quando as células beta são destruídas por mecanismos uma fórmula matemática a partir dos valores de insuli-
autoimunes (DM tipo 1), os seus níveis séricos geral- na e glicemia em jejum e reflete o grau de resistência
mente são indetectáveis. Quando viáveis (DM tipo 2), os insulínica do paciente (D incorreta). A cintilografia do
seus níveis encontram-se acima de 0,1 ng/dl. Portanto, pâncreas geralmente é reservada para pesquisa de tu-
o peptídeo C é utilizado clinicamente como forma de mores primários ou metastáticos do órgão (C incorreta).
avaliar a reserva funcional de células beta do pâncreas Resposta: A! </p>
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20 questão
<p> <p><em>
Pois bem, é possível um paciente portador de DM2 (pro- dio sérico exercida pelo aumento da glicose (que “puxa”
vável tipo de DM neste caso, já que o paciente fazia a água para o intravascular), espera-se HIPOnatremia.
uso apenas de hipoglicemiantes orais, sem insulina) D certa : uma das mais temíveis complicações do trata-
<em> </em>
desenvolver um quadro de CAD? Sim, é possível, prin- mento da CAD é o edema cerebral, cuja fisiopatologia
cipalmente se houver algum fator desencadeante como ainda é pouco compreendida. Sabemos que ele tende
uma infecção. Lembre-se de que em uma situação de es- a acontecer em crianças e, principalmente, nos pacien-
tresse fisiológico como uma infecção grave, pode haver tes que recebem bicarbonato de sódio no tratamento
um desequilíbrio tão intenso entre hormônios “contrain- da CAD. E errada: a leucocitose com desvio à esquerda
<em>
sulínicos” e a produção endógena de insulina que surge pode ocorrer somente pela CAD em si, mas pode tam-
um “hipoinsulinismo relativo profundo”, fazendo a balan- bém significar a coexistência de um processo infeccioso.
ça pender para o lado da cetogênese hepática. Então, O diagnóstico de infecção da FO é feito visualmente,
considerando este diagnóstico, vamos às alternativas. pela inspeção da ferida (eritema, edema e secreção). A
A errada : a CAD é uma acidose metabólica com ânion-
<em> </em> <em> </em> <em>- mera presença de leucocitose não garante infecção da
gap aumentado à custa do acúmulo de corpos cetônicos. <strong> FO: a infecção, na realidade, pode estar em outros locais
B errada: o grau de hiperglicemia nem sempre tem rela-
</em> (ex.: urina, pulmão, pele, ossos etc). Resposta certa: D. </p>
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associam ao tempo de doença e do controle inadequa- dades alteram os pontos de pressão na região plantar
do. Uma vez instalada a neuropatia, pode ocasionar levando à sobrecarga e reação da pele com hiperce-
ressecamento da pele, dores musculares nas pernas, ratose local (calo), que com a contínua deambulação
cãibras e frequentemente formigamentos, diminuição evolui para ulceração (mau perfurante plantar). Gabarito
da sensibilidade até anestesia dos pés, o que faz com letra D.
</p>
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parece estar fazendo hipoglicemias frequentes. Con- como glimepirida? Claro que não. Vamos preferir um
siderando que o risco de hipoglicemia com a MTFM é moderno incretinomimético, drogas que produzem bom
desprezível, o culpado só pode ser a repaglinida, uma controle glicêmico com risco também desprezível de hi-
secretagogo oral de ação ultrarrápida que na prática poglicemia. A vildagliptina (Galvus ) é um bom exemplo.
</em>
funciona como a insulina regular (pico de insulina cerca Os incretinomiméticos aumentam a secreção pancreática
de 30min após a tomada). O risco de hipoglicemia com de insulina somente em resposta à glicose absorvida
essas drogas é baixo, mas sem dúvida superior ao da pelo tubo digestivo, logo, são bastante seguros e efica-
MTFM. Assim, vamos ter que suspender o medicamento. zes. Resposta certa: D.</p>
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ou oligossintomáticos, podendo ser obesos ou magros, uma mais provável é que se trate de um caso de DM2 clássico
vez que não são observados os fatores de risco clássicos com instalação mais precoce que a habitual, já que história
para DM2. O MODY é uma doença genética, com herança familiar, tratamento atual e evolução da doença são com-
autossômica dominante, na qual um gene defeituoso pro- patíveis com esta hipótese. Resposta: opção D. </p>
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antes da reposição volêmica inicial pode agravar a hipo- de imediato por 0,1 U/kg/h em infusão venosa contínua).
volemia e precipitar o choque hipovolêmico, pois a insulina Uma outra etapa importante do tratamento é a reposição
promove a captação celular de glicose, que provoca a de potássio e fósforo, que terão seus níveis séricos redu-
entrada de água nas células, espoliando o intravascular zidos após início da insulinoterapia. A antibioticoterapia
(D incorreta). Após a primeira hora de hidratação, o ideal é não é utilizada no tratamento específico da CAD, mas sim
a dosagem do sódio sérico, que deve ser corrigido pela hi- caso haja suspeita de infecção como fator precipitante
perglicemia. Se o sódio corrigido estiver normal ou elevado (B incorreta). A ingestão de etilenoglicol é uma outra
(> 135 mEq/L), a reposição deve continuar com salina a causa de acidose metabólica com ânion-gap aumentado <em> </em>
0,45% (misturar SF 0,9% + água destilada; meio a meio). (C incorreta). Portanto, resposta: A. </p>
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responde por 50-80% dos óbitos em crianças com CAD, confusão mental) deve-se reduzir a taxa de hidratação
apresentando mortalidade de 20-25% a cada episódio e iniciar manitol IV (devendo-se intubar o paciente caso
(10-15% dos sobreviventes desenvolvem sequelas neu- chegue a ocorrer importante redução do sensório). Res-
rológicas permanentes). O diagnóstico é clínico, e não posta certa: A. </p>
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paciente desenvolveu aos 15 anos de idade certamente é cortisol, adrenalina - hormônios que vão contra a tendên-
o DM tipo 1. Podemos fazer esta afirmativa porque: (1) A cia da insulina de inibir a cetogênese hepática), o que faz
doença se iniciou na infância/adolescência, o que é mais o equilíbrio pender para o lado da cetogênese. Este fator,
sugestivo do tipo 1, apesar de o tipo 2 ser cada vez mais diga-se de passagem, geralmente é uma infecção e no
frequente em crianças obesas; (2) A paciente é “insuli- caso em tela temos sinais sugestivos de infecção urinária
nodependente” desde o início do quadro, o que reflete (gravidez é fator de risco, e a paciente refere urina escura
a existência de insulinopenia absoluta precoce (no DM2 e fétida há alguns dias). Ora, após esta rápida avaliação, a
inicialmente há resistência à insulina e hiperinsulinemia, principal suspeita clínica passa a ser de CAD associada a
surgindo insulinopenia absoluta somente após décadas de uma infecção urinária, uma verdadeira emergência médica
doença). Pois bem, o que temos OBRIGATORIAMENTE que pode custar não só a vida da paciente como também
que pensar, SEMPRE, em um paciente DM1 que abre um a de seu feto. Assim, é mandatório agir rápido, coletando
quadro de dor abdominal, náuseas e vômitos? A hipótese uma série de exames cruciais para definição diagnóstica e
que deve ser imediatamente pesquisada é a Cetoacido- <em> estratificação de gravidade (ex.: hemocultura, urinocultura,
se Diabética (CAD), através de exame clínico cuidadoso,
</em> hemograma, bioquímica etc) sem se esquecer de incluir
pesquisa de cetonúria no EAS, glicemia e, idealmente, a GASOMETRIA ARTERIAL. O que esperar na “gaso”
uma gasometria arterial (para avaliação do status aci-
<em> </em> <em> de um paciente em CAD? (1) Em primeiro lugar, espera-
dobásico). A CAD é consequência do deficit de insulina <em> </em> mos a existência de acidose (pH < 7.35); (2) Esta acidose
cuja vigência aumenta a cetogênese hepática (produção tem que ser primariamente “metabólica” (HCO3 baixo);
de corpos cetônicos pelo fígado como o ácido beta-hi- <em> (3) Estando a pCO2 reduzida, em função da taquipneia
droxibutírico e o ácido acetoacético, isto é, ÁCIDOS que
</em> <em> </em> compensatória (pCO2 “esperada para o grau de acidose”
se acumulam no sangue). O deficit de insulina pode ser <em> </em> = (1,5 x HCO3) + 8); (4) Ânion-gap (hiato aniônico) aumen-
<em> </em>
absoluto e isolado, como acontece quando o paciente tado, devido ao acúmulo de corpos cetônicos no sangue
deixa de aplicar a insulina, ou pode ser “relativo”, quando (AG > 12). Qual é a única alternativa que se encaixa neste
existe algum fator que aumenta a secreção de hormônios padrão? Resposta certa: letra C. </p>
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pacientes que não realizam rastreamento adequado? Qual diagnóstica. Resposta, portanto, opção C. </p>
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19 questão
<p> </p <p><em>
capilar pós-prandial < 140 mg/dl). As glicemias de jejum e repaglinida), que possuem rápido início de ação. A
e pré-prandiais estão boas (entre 80-130 mg/dl). Ora, a acarbose também é uma opção, por reduzir a absorção
fim de tentar melhorar o controle glicêmico, devemos, intestinal de glicose, amenizando o pico hiperglicêmico
por conseguinte, atuar nas excursões glicêmicas pós- pós-prandial.</p>
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